primeira guerra mundial

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Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Entender a 1ª Guerra Mundial não é como já se fez muito, procurar um “culpado” pela guerra. Interpretações da 1ª Guerra: 1.O Tratado de Versalhes culpou a Alemanha, afirmativa que foi muito repetida. 2.Historiadores de tendência marxista, procuraram isolar a questão da culpa, preferindo reduzir o problema à condição de inevitável conflito produzido pelo imperialismo. 3. Para outros a guerra foi o resultado da deterioração das relações internacionais, devido aos conflitos imperialistas, aos nacionalismos exacerbados, aos problemas de fronteira e sobretudo à corrida armamentista que estreitou a associação entre industrias bélicas e governos. 4.Outros autores consideram que a eclosão da guerra deve-se à crise do sistema capitalista, tendo aberto o caminho para que numa das áreas periféricas ocorresse a primeira alternativa concreta de superação do capitalismo, quando o império russo teve suas contradições aumentadas devido ao envolvimento no conflito e quando em 1917, acontece a revolução russa. Primeira Guerra Mundial – Discussão Historiográfica Wolfgang Shieder O autor fala de três tendências de interpretação histórica das causas que levaram à 1ª GM: 1. Tendência liberal: marcada pela responsabilidade

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• Entender a 1ª Guerra Mundial não é como já se fez muito, procurar um “culpado” pela guerra. • Interpretações da 1ª Guerra:

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Page 1: Primeira Guerra Mundial

Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

Entender a 1ª Guerra Mundial não é como já se fez muito, procurar um “culpado” pela guerra.

Interpretações da 1ª Guerra:

1. O Tratado de Versalhes culpou a Alemanha, afirmativa que foi muito repetida.

2. Historiadores de tendência marxista, procuraram isolar a questão da culpa, preferindo reduzir o problema à condição de inevitável conflito produzido pelo imperialismo.

3. Para outros a guerra foi o resultado da deterioração das relações internacionais, devido aos conflitos imperialistas, aos nacionalismos exacerbados, aos problemas de fronteira e sobretudo à corrida armamentista que estreitou a associação entre industrias bélicas e governos.

4. Outros autores consideram que a eclosão da guerra deve-se à crise do sistema capitalista, tendo aberto o caminho para que numa das áreas periféricas ocorresse a primeira alternativa concreta de superação do capitalismo, quando o império russo teve suas contradições aumentadas devido ao envolvimento no conflito e quando em 1917, acontece a revolução russa.

Primeira Guerra Mundial – Discussão HistoriográficaWolfgang Shieder

O autor fala de três tendências de interpretação histórica das causas que levaram à 1ª GM:

1. Tendência liberal: marcada pela responsabilidade inquestionável, única e exclusiva da Alemanha, inclusive sob o aspecto moral.

Por afetar os interesses políticos, o tema da 1ª Guerra Mundial foi largamente discutido, principalmente pelo artigo 231, do Tratado de Versalhes: “Os governos aliados declaram que a Alemanha reconhece que a Alemanha e os que lutaram a seu lado são responsáveis, como autores de todas as perdas e danos que os governos aliados e seus associados sofreram, assim como seus habitantes, em consequência da guerra que lhes foi imposta pela agressão da Alemanha e dos que lutaram ao seu lado.”

Page 2: Primeira Guerra Mundial

2. Tendência revisionista: reconstrói a historiografia sobre o século XIX e XX.

A declaração conjunta de historiadores franceses e alemães sobre o período em outubro de 1951, dizia: “em 1914, a política alemã não tinha como objetivo desencadear uma guerra europeia; estava condicionada, primariamente, pelos deveres que lhes impunham sua alinaça com Austria-Hungria. Para impedir a dissolução do Estado Austro-húngaro, considerada perigosa, a Alemanha deu ao governo de Viena garantias que lhe equivaliam a outorgar-lhe carta branca...”

3. Tendência marxista: voltada para o entendimento de que capitalismo monopolista, imperialismo e guerras são interdependentes.

Baseada na obra de Lenin, O imperialismo: Etapa Superior do Capitalismo, de 1916, escrito durante a 1ª GM e onde sustenta as três teses que garantiram valor dogmático para a ciência comunista:

1ª: A Primeira Guerra Mundial foi indubitavelmente, uma guerra imperialista. Foi “uma guerra de conquistas, uma guerra de latrocínios e espoliações e uma guerra pela divisão do mundo, pela distribuição e redistribuição das colônias, e das áreas de influência do capitalismo financeiro.”;

2ª Por se tratar de uma guerra imperialista, era uma guerra inevitável. Afirmação que converteu-se num dogma dentro da ciência marxista-leninista;

3ª A guerra imperialista tornaria possível derrubar o sistema capitalista pelo mundo revolucionário. Depois que o capitalismo transformou-se em imperialismo, desembocaria no socialismo tão logo o proletariado, com consciência de classe, aproveitasse sua oportunidade revolucionária.

42. A primeira Guerra Mundial e a força da tradiçãoArno J. Mayer

Trecho extraído do livro A Força da Tradição – A persistência do Antigo Regime(1848-1914).

Mayer desenvolve uma tese original de que a 1ª G.M. Teria sido uma derradeira e catastrófica demonstração de força das retarguardas da antimodernidade, antes de serem afinal desalojadas do teatro europeu.

A guerra não teria portanto, um caráter burguês-imperialista, mas seria o resultado da persistência de forças características do Antigo Regime, que não acabaram com a queda da Bastilha ou com a Revolução Industrial.

1ª Premissa: A 2ª G.M. foi continuidade da 1ª.

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2ª Premissa: A Grande Guerra foi uma consequ~encia da remobilização contemporânea dos anciens régimes da Europa. Foi a expressão e queda da antiga ordem, lutando para prolongar sua vida.

Assim como no século XVVIII, em que as nobiliarquias laicas e clericais resistiram a qualquer perda do controle sobre a política que eram um escudo para seu status priviliagiado, as antigas elites passaram a reafirmar e reforçar sua influência política para defender seu predomínio material, social e cultural.

O resultado desse processo foi a intensificação das tensões nacionais e internacionais que produziram a 1ª G.M.

43. Da paz à guerraEric H. Hobsbawn

Segundo o autor, ente 1871 e 1914, o continente não assistiu a nenhum conflito expressivo: “A paz era o quadro normal e esperado das vidas europeias”.

“sua deflagração não era realmente esperada”.

São contradições que Hobsbawn procura captar e que servem como pano de fundo da irrupção do conflito de 1914.

Outro ponto que o autor abarca é a incompetência tanto dos governos, quanto dos militares, em perceber realmente, o caráter catastrófico de uma possível guerra.

Por fim, trabalha a questão da corrida armamentista e à crescente dependência dos diversos governos europeus em relação aos complexos industriais-militares que vão se estruturando no período anterior a 1914.

A possibilidade da guerra fora prevista por governos, administrações e por um amplo público, mas não o caráter catastrófico que ela produziria.

Friedriech Engels e Nietzsche, desde 1880, já previam guerras em caratér mundial.

A preocupação com a guerra fez surgir em 1890, o Congresso Mundial para a Paz - o 21ª Congresso seria em setembro de 1914, em Viena -, O Prêmio Nobel da Paz, em 1897 e a primeira das Conferências de Paz de Haia, em 1899.

Era um compromisso teórico com o ideal de paz.

Page 4: Primeira Guerra Mundial

Em contraposição, há o avanço da tecnologia da morte (militar e civil), que incrementou-se a partir de 1880: revolução na rapidez e poder de fogo das artilharias, navios de guerra, por meio de motores-turbina com blindagens especiais; e, a cadeira elétrica, em 1890.