prevalência de oclusão normal e má-oclusão em

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0 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA - SAÚDE DA FAMÍLIA MELIZZA SPRICIGO PERESSONI CASTRO PREVALÊNCIA DE OCLUSÃO NORMAL E MÁ-OCLUSÃO EM ESCOLARES ENTRE 7 E 11 ANOS NA REGIÃO DA GRANDE SANTA LUZIA, CRICIÚMA - SC CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2008.

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    UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE UNESC

    DIRETORIA DE PS-GRADUAO

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM SADE COLETIVA - SADE DA FAMLIA

    MELIZZA SPRICIGO PERESSONI CASTRO

    PREVALNCIA DE OCLUSO NORMAL E M-OCLUSO EM ESCOLARES ENTRE 7 E 11 ANOS NA REGIO DA GRANDE SANTA

    LUZIA, CRICIMA - SC

    CRICIMA, DEZEMBRO DE 2008.

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    MELIZZA SPRICIGO PERESSONI CASTRO

    PREVALNCIA DE OCLUSO NORMAL E M-OCLUSO EM ESCOLARES ENTRE 7 E 11 ANOS NA REGIO DA GRANDE SANTA

    LUZIA, CRICIMA SC.

    Monografia apresentada ao curso de ps-graduao, especializao em sade coletiva Sade da Famlia como requisito para obteno do grau de especialista em sade coletiva Sade da Famlia, da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC.

    Orientador: Prof. MSc. Renan Ceretta

    CRICIMA, DEZEMBRO DE 2008.

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    BANCA DE AVALIAO

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    DEDICATRIA

    com muita alegria e satisfao que dedico este trabalho s minhas colegas de ps-graduao, s minhas queridas enfermeiras. Aprendi muito com elas, em todos os sentidos. O curso de especializao foi produtivo e agradvel graas a companhia destas adorveis pessoas.

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    AGRADECIMENTO

    Tenho muito a agradecer aos meus pais. A pessoa que sou hoje devo educao, aos exemplos e as oportunidades que eles me proporcionam ao longo da minha vida. Alm do amor e carinho que recebo ainda tenho a certeza de que a minha famlia o meu porto seguro.

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    RESUMO

    Este projeto tem como objetivo de estudo a ocluso em escolares de 7 a 11 anos na regio da grande Santa Luzia em Cricima SC. Busca conhecer a situao dessa populao, por meio de levantamento epidemiolgico que indispensvel para o conhecimento da realidade de uma determinada populao. Com a posse dos dados sobre a condio de sade bucal, programas podem ser elaborados especificamente para a populao em questo. Atravs deste levantamento saberemos qual a porcentagem de ocluso normal (apresentada pela populao alvo) e quais os tipos de m ocluso. Essas crianas sero examinadas por um nico profissional especializado e na prpria escola em horrio de aula. Busca-se com este estudo conhecer a situao de sade, em termos de ocluso dos escolares destes bairros e a partir da obter dados que nos permitam elaborar programas de preveno e interceptao de m-ocluso que se adaptem a infra-estrutura que j oferecida nos consultrios dentrios nos postos de sade municipais.

    Palavras-chave: Malocluso; Epidemiologia; Prevalncia; Otodontia.

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    ABSTRACT

    The aim of this work was to know the occlusion of schoolchildrem from 7 to 11 years old of Santa Luzia in Cricima SC. Through a epidemiologic study we determineal occlusion conditions in childem enrolled in public schools. The 429 schoolchildrem from 7 to 11 years old had been examined by a dentist specialized in orthodontic. Amongst the childrem, 209 were of the boys, 220 of girls. According to the recording of maloclusious had been found the following values: Class I (44%), Cl II (49%) and Cl III (7%). The normal occlusions presented 20% of the childrem. Moreover, the clinical morphologic with bigger occurrence in this population had been the deepbite. The occlusal indices in this epidemiological malocclusion research indicates the treatment need of this population and the government must support this service.

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    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - PROPORO ENTRE OCLUSO NORMAL E M OCLUSO, CRICIMA 2008. ...............................................................................................22

    FIGURA 2 - CONDIO DOS 86 ESCOLARES QUE APRESENTAM OCLUSO NORMAL............................................................................................................23

    FIGURA 3 - DISTRIBUIO DA M OCLUSO APRESENTADO POR 343 ESCOLARES. ....................................................................................................23

    FIGURA 4 - DISTRIBUIO DOS HBITOS DELETRIOS DENTRE OS 63 ESCOLARES QUE OS APRESENTARAM........................................................24

    FIGURA 5 PORCENTAGENS DO COMPROMETIMENTO DO PERFIL MOLE....25

    FIGURA 6 DISTRIBUIO DOS DESVIOS MORFOLGICOS REGISTRADOS. 25 FIGURA 7 - APINHAMENTO ....................................................................................27

  • 8

    SUMRIO

    1 INTRODUO .........................................................................................................9 2 REFERENCIAL TERICO.....................................................................................12 3 METODOLOGIA.....................................................................................................20

    3.1 Abordagem Metodolgica ..............................................................................20 3.2 Tipos de Pesquisa .........................................................................................20 3.3 Local do Estudo .............................................................................................20 3.4 Sujeitos do Estudo .........................................................................................20 3.5 Coleta de Dados ............................................................................................20 3.6 Anlise dos Dados .........................................................................................21 3.7 Aspectos ticos .............................................................................................21

    4 RESULTADOS E DISCUSSO..............................................................................22 5 CONCLUSO.........................................................................................................28 REFERNCIAS.........................................................................................................29 ANEXOS ...................................................................................................................32

  • 9

    1 INTRODUO

    O homem saudvel aquele que possui qualidade de vida, ou seja, ele tem moradia digna (gua encanada, eletricidade e servio de esgoto), trabalho remunerado, educao, lazer, boa alimentao e assistncia sade.

    Num passado ainda recente a doena era freqentemente definida como ausncia de sade, sendo a sade definida como ausncia de doena definies que no eram esclarecedoras. Algumas autoridades encararam a doena e a sade como estados de desconforto fsico ou de bem-estar. Infelizmente, perspectivas redutoras como estas levaram os investigadores e os profissionais de sade a descurar os componentes emocionais e sociais da sade e da doena (BOLANDER,1998).

    Atualmente, o tratamento de sade do ser humano, para ser eficaz, no permite que o dissocie do seu corpo, esprito, estado emocional e social. O mesmo processo ocorre com a sade bucal, ela no pode ser vista como uma rea em separado do corpo humano. A cavidade bucal representa a primeira poro do sistema digestrio (KUCHINSKI F.B.,1998). Representa e expressa afetividade e relaes interpessoais (SILVA A.C., 2004). A cavidade bucal de suma importncia para a sade humana; onde comea todo o processo de manuteno da vida fsica, por meio da alimentao e da vida mental atravs da fala e expresses faciais.

    A face o primeiro contato visual de reconhecimento entre as pessoas, muito importante na empatia do primeiro olhar. Uma face harmnica, como um belo sorriso, fator de aproximao nas relaes interpessoais e a ocluso normal a responsvel por este belo sorriso. Dentes hgidos, bem posicionados e gengivas sadias exigem cuidados dirios de higiene com a escovao dental e uso do fio dental, assim como a restrio de sacarose.

    Mas, para se obter esse belo sorriso necessrio muito conhecimento, trabalho, cooperao e dedicao tanto do cirurgio dentista quanto do paciente.

    A Odontologia em seus diversos ramos tem caminhado progressivamente para o campo da preveno. Preveno em ortodontia (especialidade da m ocluso) antecipar, evitando que a malocluso se instale; e tambm interferir,

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    mesmo aps a malocluso aparecer, impedindo que a situao se agrave, trazendo conseqncias irreversveis (SIMES, 1978).

    A maior parte da populao apresenta algum desvio morfolgico e (ou) funcional da sua ocluso. Apenas uma porcentagem nfima apresenta o que denominamos de ocluso ideal (OLIVEIRA JNIOR, 1988).

    Os trabalhos de levantamento epidemiolgico da ocluso normal e m ocluso, segundo Silvia Filho Et al (1998), mostram porcentagens altas de ms ocluses, levando a Organizao Mundial de Sade a considerar a m ocluso como o terceiro problema odontolgico de sade pblica. O primeiro a crie dental, o segundo a doena periodontal. Ambas contribuem para o desenvolvimento da m ocluso, o que justifica estudos epidemiolgicos que objetivam analisar a prevalncia das ms ocluses nas diversas populaes.

    Este trabalho tem como objetivo conhecer a prevalncia de m-ocluso que os escolares de 7 a 11 anos, na regio da grande Santa Luzia, apresentam no ano de 2008. As escolas visitadas fazem parte da rede pblica municipal de ensino. Sendo a populao estudada, na grande maioria, de baixa renda. Devido a isso, espera-se que as cries e perdas precoces de dentes decduos influenciem na formao ou agravo das ms ocluses. A prevalncia de ocluso normal dever ficar em torno de 15%.

    A m ocluso interfere no somente na esttica do indivduo, mas tambm nas funes musculares do sistema estomatogntico como a fonao, mastigao e respirao. uma doena que nos permite fazer preveno em vrios nveis e idades, tambm permite interceptao da doena para que o restante do seu desenvolvimento seja normal, e por ltimo, importante ressaltar que passvel de correo (SILVA FILHO, 1990).

    necessrio conhecer de perto os problemas apresentados pela populao, porque a incidncia prevista alta (OLIVEIRA JUNIOR, 1988). Mas ainda, as particularidades da nossa regio precisam ser investigadas, para a partir da, ver o que possvel ser feito nvel de sade pblica com os recursos disponveis para melhorar as condies bucais da populao em questo.

    Segundo Oliveira Junior (1988) a grande maioria destes problemas de ocluso poderiam ter sido solucionados precocemente com o uso de aparelhos simples, na idade de crescimento. Estes procedimentos preventivos e interceptores,

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    empregados durante o desenvolvimento da ocluso, atingem timos resultados e podem ser estendidos a uma faixa mais ampla da populao.

    O levantamento epidemiolgico de ocluso normal e m ocluso ainda no foi feito em Cricima-SC. Sem este estudo no teremos os dados necessrios para conhecer nossa populao e, por conseguinte, ajud-la.

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    2 REFERENCIAL TERICO

    O Sistema Mastigatrio uma unidade funcional composta pelos dentes, suas estruturas circundantes e de suporte; articulaes temporomandibulares; msculos inseridos na mandbula, lbios e msculos linguais; e sistemas vascular e nervoso desses tecidos. Os msculos, guiados pelos impulsos nervosos, realizam a atividade funcional desse sistema. A harmonia entre esses componentes da maior importncia na manuteno da sade e capacidade funcional do sistema mastigatrio (RAMFJORD/ASH, 1984).

    Durante o desenvolvimento da ocluso, perodo compreendido entre o nascimento e a maturidade esqueltica, o homem atravessa trs estgios distintos: dentadura decdua, mista e permanente. As condies morfolgicas da ocluso nestes diferentes perodos so determinadas, inicialmente, pela gentica, mas influenciados subseqentemente, pelos fatores ambientais. Ento os mecanismos de deteriorao da ocluso esto vinculados gentica e, ou, aos inmeros fatores extragenticos e desvios morfolgicos, resultantes da m ocluso podem aparecer desde a dentadura decdua (SILVA FILHO,1989).

    Angle (1899) definiu a ocluso como as relaes normais dos planos inclinados oclusais dos dentes, quando as maxilas so fechadas.

    Na Odontologia moderna a palavra ocluso tem uma conotao esttica e morfolgica do contato dentrio. A ocluso tem, tambm, uma implicao funcional que envolve os dentes e outras partes do sistema mastigatrio, nas situaes de vrios movimentos (RAMFJORD/ASH, 1984).

    A ocluso dentria varia entre indivduos de acordo com o tamanho e forma dos dentes, posio dentria, poca e seqncia de erupo de crescimento crnio-faciais, alm de influncias do meio ambiente, modificaes funcionais e patolgicas (GRABER, 1962).

    Um componente muito importante nas questes relacionadas m ocluso descrito por Peres (2002) Apred Show, 1975 com propriedade: O aspecto esttico exerce papel importante na interao social dos indivduos, sendo que as deformidades faciais causam mais impacto do que outras incapacidades fsicas.

    A ocluso pode ser influenciada pelos hbitos deletrios, pelo desenvolvimento sociodemogrfico, pela urbanizao, pela nutrio, pelo tamanho

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    da famlia, pela profisso dos pais e tambm pelo tipo de escola, mesmo em baixos nveis (FRAZO, 2002).

    Os hbitos orais deletrios so capazes de provocar desequilbrios na musculatura facial, pois produzem foras persistentes e excntricas no perodo de crescimento, perturbando o desenvolvimento normal da ocluso dentria, comprometendo a morfologia e funo do sistema estomatogntico (SILVA FILHO, 1986).

    Quando a m ocluso instala-se, perde-se a harmonia dos componentes do sistema mastigatrio. Adaptaes a desgastes e rompimento funcionais (erupo compensadora de dentes, deslocamento mesial, alterao no modelo oclusal) significam o esforo incessante para manter o equilbrio fsico adequado do sistema durante a vida de cada um (RAMFJORD/ASH, 1984).

    A respirao bucal, tambm, apresenta-se como um importante fator etimolgico de malocluso, podendo desencadear: mordida cruzada, tonsilas e adenides hipertrofiadas, mordida aberta anterior e atresia maxilar (RICKETS, 1968).

    A mordida cruzada posterior pode ser verificada como uma das possveis conseqncias destes hbitos, sendo definida por uma relao vestbulo lingual anormal dos dentes, apresentando-se tanto unilateral, quanto bilateral (MOYERS, 1979).

    Jnior (2007) em seu estudo definiu Mordida Cruzada Posterior como uma discrepncia transversal entre os arcos superior e inferior, onde as cspides palatais de um ou mais dentes posteriores superiores no ocluem com as fossas centrais dos dentes inferiores antagnicos. O autor concluiu em seu trabalho que a alta prevalncia de mordida cruzada posterior pode estar associada ao hbito de suco de chupeta das crianas ter persistido at os 2 anos de idade ou mais. E a importncia dos pais estarem cientes do problema para prevenir o desenvolvimento de malocluses transversais em seus filhos.

    Silva (2005) apud Serva Negra (1997) concorda que h grande probabilidade de crianas com hbito de suco digital e de chupeta apresentarem e desenvolverem malocluso como mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior.

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    Veja (2003) tambm considera o papel dos pais fundamental na vigilncia de seus filhos para mudanas de conduta e assim evitar hbitos bucais deletrios, crie dental, padres nutricionais inadequados, entre outros.

    Estudos feitos por Frazo Et al (2002) e Stahl Et al (2004) tem demonstrado uma associao positiva entre prevalncia de crie dentria e severidade das malocluses, estudos estes que tentam alicerar mais profundamente a teoria no campo da relao crie dentria/ flor/ malocluses.

    H cerca de quarenta e cinco anos, a Organizao Mundial de Sade (OMS) constatou que a porcentagem da populao acometida por desvios morfolgicos era to elevada, que a considerava como o terceiro problema odontolgico de sade pblica (FRANA, 2002).

    As crianas brasileiras apresentavam elevados ndices de extraes dentrias prematuras, sem manuteno do espao perdido (leses de crie extensas no tratadas) fator agravante na determinao das oclusopatias. Estudos evidenciam ampla prevalncia de oclusopatias, entre a populao brasileira, de forma que as mais comuns so condies funcionais adquiridas atribudas dietas pastosas, problemas respiratrios e hbitos bucais deletrios ( TOMITA. 1998).

    O ltimo levantamento epidemiolgico, Brasil (2004), em sade bucal realizado pelo Ministrio da Sade em 2003 revelou, atravs do Dental Aesthetic ndex (DA), que 58.14% dos escolares na idade de 12 anos apresentavam algum tipo de malocluso, dados estes, que mostram uma alta prevalncia de problemas oclusais. Em se tratando de severidade das malocluses o mesmo estudo constatou que 36,55% desses escolares estavam nas categorias de malocluses severa, muito severa ou incapacitante demonstrando a necessidade real de tratamento ortodntico.

    O resultado da pesquisa de Frazo et al demonstrou que a prevalncia de problemas oclusais quando observada na dentadura decdua (49%) menor que a examinada na dentadura permanente (71,3%).

    Dentre as classificaes mais utilizadas para o diagnstico das alteraes oclusais, tm-se a de Angle, dividida em quatro categorias; o registro individual de desvios morfolgicos, como as mordidas cruzadas posteriores e anteriores, a mordida aberta anterior, o apinhamento dentrio, entre outros (LOPES, 2005).

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    A classificao das ms ocluses preconizada por Angle brilhante no seu objetivo que a definio das mesmas com base na relao sagital dos molares (CAPELOZZA, 2004).

    Ortodontistas inteligentes e experientes descobriram que as relaes espaciais e dimensionais dos ossos basais, maxila e mandbula, deveriam ser consideradas na descrio das ms ocluses e passaram a adicionar o termo esqueltico, como por exemplo, classe II esqueltica(CAPELOZZA, 2004).

    Segundo Calheiros (2002), quando analisarmos a sobremordida ou mordida aberta devemos registrar o maior grau em qualquer um dos quatro incisivos. O componente sobremordida deve ser registrado levando-se em conta o grau de trespasse vertical dos incisivos superiores com relao aos inferiores, ou grau de mordida aberta. Os valores para mordida aberta vo de 0 (sem mordida aberta) at 4 (mordida aberta maior ou igual a 4mm), enquanto que para sobremordida essa pontuao vai de 0 (at 1/3 dos incisivos inferiores) a 3 ( sobremordida total).

    A classificao de Angle, embora no tenha sido desenvolvida como um indicador epidemiolgico, tem sido muito utilizada em estudos internacionais e nacionais, provavelmente por ser de fcil aplicao, abranger quase todos os tipos de oclusopatias e ser de grande conhecimento dos profissionais da odontologia (LOPES, 2005).

    O que encontramos na literatura uma alta prevalncia de m-ocluso na populao em geral.

    O estudo epidemiolgico realizado por Massler e Frankel (1951) constatou que 79% das crianas examinadas mostraram uma forma de m ocluso de classe I. A m ocluso de classe II diviso 1 foi encontrada em 21,5% de toda a amostra. A m ocluso de classe II diviso 2 em 3,4%. A m ocluso de classe III foi encontrada em uma porcentagem mais alta do que em crianas examinadas por outros autores, 11,9% de toda a amostra.

    Examinando 2.774 crianas de 14 a 17 anos de idade, Savara (1955) encontrou apenas 2,9% de ocluso ideal, 77,2% das crianas sofreram de um significativo grau de m ocluso que requereu tratamento ortodntico e 20,2% das crianas examinadas apresentaram um leve deslocamento de somente um dente sendo ainda sua ocluso considerada normal.

    A prevalncia da ocluso normal encontrada por Ast et all (1965) numa pesquisa onde foram examinados 1.413 jovens de 15 a 18 anos foi de 4,8%.

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    Resultados mostraram uma prevalncia de 69,8% para m ocluso classe I e ainda que para 44 dos casos de classe I, foram vistos 15 casos classe II e I classe III.

    Sabemos pelos inmeros trabalhos levantados na literatura que nenhuma comunidade revela-se imune m ocluso e que no privilgio exclusivo da dentadura permanente (SILVA FILHO, 1990).

    Utilizando 82 mestios, 764 leucodernos e 546 xantodermos de origem japonesa, Takahashi (1975) realizou uma pesquisa de prevalncia de m ocluso. Os dados dos mestios mostraram: 66,67% classe I, 17,65% classe II 1 diviso, 1,96% classe II 2 diviso e 3,92% classe III. Nos leucodermos a ocluso normal foi vista em 9,68% dos casos e os 90,31% restante de m ocluso distriburam-se em 61,12% classe I, 25,26% classe II 1 diviso, 2,88% classe II 2 diviso e 1,05% classe III. O autor verificou que a ocluso normal nos mestios leucodermos e xantodermos de 10 a 19 anos apresentava uma porcentagem muito baixa. A m ocluso nos trs grupos raciais foi de alta prevalncia sem diferenas significativas no total. Os leucodermos assinalaram a classe II diviso 1 prevalente em relao xantodermos que, por sua vez, demonstraram maior nmero de classe III de forma significativa. A classe II diviso 2 foi muito pouco freqente. O mestio demonstrou ser intermedirio entre leucodermos e xantodermos em termos de ocluso dentria. As propores de ocluso normal, m ocluso classe I e classe II diviso 2 foram praticamente as mesmas para leucodermos, xantodermos e mestios.

    Mascarenhas (1977) utilizou a amostra de 414 crianas escolares de 11 a 12 anos de ambos os sexos na cidade de Palhoa SC e obteve 46,13% de casos de m ocluso dentro do qual 34,5% se referiram a classe I.

    Silva e Arajo (1983) examinaram 600 crianas com idades de 5 e 7 anos da rede escolar municipal da ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Encontraram uma porcentagem de ocluso normal de 30,8% sendo que das ms ocluses a classe I foi a mais prevalente, seguida da classe II diviso 1 e da classe III que ocorreu raramente.

    Gardiner (1982) examinou 479 crianas e encontrou uma prevalncia de 3% de ocluso normal, 74% de casos de classe I, 16% de classe II e 2% de classe III.

    Isikme (1983) observou 617 crianas entre 10 e 19 anos de idade em Lagos, Nigria, e encontrou uma prevalncia de m ocluso de classe I de 76,8%, seguido de m ocluso de classe II com 14,7% e classe III 8,4%.

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    Silva Filho et all (1988) avaliou 2.416 crianas na cidade de Bauru, de ambos os sexos, no estgio de dentadura mista, na faixa etria entre 7 e 11 anos provenientes de 18 escolas pblicas e particulares. Obtiveram um baixo percentual de ocluso normal perfazendo apenas 11,47% da populao estudada. Das ms ocluses a classe I foi a mais prevalente com 55%, seguida da classe II com 42% e finalmente pela m ocluso de classe III com 3%.

    Um programa preventivo quando bem aplicado e orientado, mesmo executado com solues ortodnticas muito simples, pode reduzir consideravelmente o percentual das ms ocluses, o que o torna bastante acessvel populao (HEBLING, 2007).

    As medidas preventivas constituem-se em quaisquer procedimentos utilizados para impedir que uma oclusopatia seja instalada durante o desenvolvimento normal da dentio do indivduo. Tais procedimentos compreendem, desde a educao em Sade Bucal da populao; remoo do biofilme dentrio atravs da correta higienizao, visando o controle do agente etiolgico local das cries e doenas periodontais; uso do flor nas suas mais diversas formas; a realizao de odontologia conservadora na dentio decdua, com a correta restaurao mesodistal dos dentes e da sua dimenso vertical; eliminao de hbitos deletrios incipientes; at a manuteno de espao correspondente s extraes ou perdas precoces de dentes decduos, ou seja, todos os procedimentos realizados pelo profissional com o objetivo de manter a integridade das arcadas dentrias, a fim de permitir o bom desenvolvimento da ocluso (ARAJO, 1988).

    As aes de preveno das oclusopatias situam-se num contexto multidisciplinar, em que a manuteno da sade bucal, desde a primeira infncia, um dos aspectos fundamentais para um desenvolvimento adequado dos arcos dentrios. Nesse perodo, enquadram-se diversos e novos processos para a vida da criana, que se bem conduzidos, possibilitam um estabelecimento correto da ocluso. Dentre eles, destacam-se os cuidados durante a amamentao, uma mastigao adequada, o impedimento da instalao de hbitos deletrios, bem como o cuidado com a prpria preservao da sade bucal (JNIOR, 2007).

    Hebling (2007) concorda com este ponto de vista quando fala que na atual Odontologia para a execuo de um programa ortodntico preventivo a atitude preventiva deve estar presente em todas as atividades. Muitas vezes, pequenas

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    intervenes podem minimizar o desenvolvimento de problemas oclusais que, no decorrer do tempo, se transformariam em grandes desvios, acarretando srias dificuldades de tratamento, sobretudo sob o ponto de vista tcnico ou social.

    No que se refere s medidas interceptativas, que objetivam impedir a progresso de uma oclusopatia j instalada, compreende certas atividades que visem diminuir a severidade do problema, tais como a eliminao de hbitos deletrios que j originaram problemas oclusais, descruzamento de dentes anteriores e posteriores, recuperao de espaos, eliminao de sobremordidas incipientes, frenectomia (quando corretamente indicada), estabelecimento de um programa de extraes seriadas e a utilizao de aparelhos ortodnticos para corrigir desarmonias dentoesquelticas na fase de dentio mista dos indivduos (LIMA, 2000).

    Na grande maioria das vezes os problemas ortodnticos manifestam-se precocemente at mesmo desde a dentadura decdua. Se nenhuma conduta teraputica interceptiva for adotada eles perpetuaro na dentadura permanente, visto que a auto correo constitui exceo (SILVA FILHO, 1990).

    O cirurgio-dentista em sua clnica rotineira necessita estabelecer um programa pr-ortodntico a seus pacientes, que seria um conjunto de atitudes e atividades necessrias para manter um bom desenvolvimento da ocluso; ou minimizar o desenvolvimento, num perodo precoce, dos diversos tipos de desvios da normalidade (ARAJO, 1986).

    Carvalho (1978) afirma que uma boa maneira de capacitar o cirurgio dentista para acompanhar, de um modo mais eficaz, o desenvolvimento dentrio da criana alm de possibilit-lo a intervir de maneira efetiva na preveno de possveis m ocluses seria no sentido do dentista, clnico geral adquirir um maior conhecimento do crescimento e desenvolvimento da face e dos arcos dentrios.

    O conceito ampliado de sade, definido no artigo 196 da Constituio Federal, norteia a mudana progressiva dos servios, evoluindo de um modelo assistencial centrado na doena para um modelo de ateno integral sade, onde haja a incorporao progressiva de aes de promoo e de proteo, em conjunto com as propriamente ditas de recuperao (HEBLING, 2007).

    A Constituio de 1988 estabelece o direito sade como um dever do Estado aplicado de forma a permitir o acesso universal para todos e equnime (com

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    justa igualdade) a servios e aes de promoo, proteo e recuperao da sade (atendimento integral), reduzindo os riscos e agravos sade (HEBLING, 2007).

    Os recursos destinados aos programas odontolgicos provavelmente nunca sero suficientes para atender as ilimitadas demandas por procedimentos ortodnticos. A literatura nos apresenta uma srie de sugestes, na qual idias dos mais variados autores e filosofias de tratamento so confrontadas. Com todas as discusses em pauta, parece estar sendo unnime a viabilidade da aplicao do tratamento ortodntico preventivo e interceptor diminuindo a severidade das ms ocluses futuras, antes que os problemas instalados na dentio mista sejam perpetuados para a dentio permanente, onde a soluo seria mais complexa ao sistema, exigindo maiores recursos e qualificao profissional dos envolvidos para a sua resoluo (HEBLING, 2007).

  • 20

    3 METODOLOGIA

    3.1 Abordagem Metodolgica

    O presente estudo possui uma abordagem metodolgica de cunho quantitativo que ser desenvolvido por meio do diagnstico da ocluso nos escolares com o intuito de identificar a prevalncia de m ocluso.

    3.2 Tipos de Pesquisa

    a) Quanto natureza: Pesquisa aplicada; b) Quanto aos objetos: Descritiva; c) Quanto s tcnicas de coleta de dados: Levantamento.

    3.3 Local do Estudo

    O estudo foi desenvolvido nas escolas municipais na regio da Santa Luzia, em Cricima-SC. As escolas visitadas foram as seguintes: Marclio Dias San Thiago, PE; Ludovico Coccolo; Caetano Ronchi; Jos Contim Portella; Amaro Joo Batista; PROF Lili Coelho; Fiorento Meller, PE; Carlos Wecki e Gicomo Brigo.

    A coleta dos dados foi feita nos meses de outubro e novembro de 2008.

    3.4 Sujeitos do Estudo

    Foram examinados 429 (quatrocentos e vinte e nove) alunos na faixa etria entre 7 e 11 anos de idade de ambos os sexos.

    3.5 Coleta de Dados

    Os dados foram coletados por meio de diagnstico de ocluso normal e m ocluso, segundo classificao de Angle (1899), em fichas especialmente desenvolvidas.

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    Os alunos foram examinados por uma cirurgi-dentista especialista em ortodontia, nos respectivos colgios, com auxilio de abaixadores de lngua de madeira descartveis, em ambientes com lmpadas fluorescentes. As anotaes nas fichas de pesquisa foram feitas por uma auxiliar odontolgica concomitante o momento do exame.

    3.6 Anlise dos Dados

    Os resultados obtidos pelo levantamento da ocluso dos escolares sero analisados estaticamente.

    3.7 Aspectos ticos

    A pesquisa ser fundamentada na resoluo 196/96 do Conselho Nacional de Pesquisa.

  • 22

    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    Foram examinados 429 escolares de 7 a 11 anos de idade da regio da grande Santa Luzia em Cricima - SC. Todos pertencentes escolas pblicas municipais e de ambos os sexos. A grande maioria estava com dentadura mista e apenas 9% com dentadura permanente. A amostra apresentou 20% de ocluso normal e 80% de m ocluso. Conforme pode ser visto na figura 1.

    M ocluso / Ocluso Normal

    20%

    80%

    m oclusoocluso normal

    Figura 1- Proporo entre ocluso normal e m ocluso, Cricima 2008. Fonte: Dados da pesquisa 2008.

    ,

    Dos escolares que apresentaram ocluso normal, 12% deles haviam perdido dentes decduos precocemente. O que significa que estes escolares se no mantiverem os espaos perdidos com aparelhos eles tem chances de desenvolverem uma m ocluso. A figura 2 mostra este percentual.

  • 23

    Ocluso

    88%

    12%

    Ocluso normal

    ocluso normal comperda precoce dedentes decduos

    Figura 2- Condio dos 86 escolares que apresentam Ocluso normal. Fonte: Dados da pesquisa 2008.

    A presena de m ocluso foi diagnosticada em 80% dos escolares, sendo que 44% eram classe I, 49% eram classe II e 7% eram classe III. Como mostra a figura 3 na distribuio das m ocluses de acordo com a relao sagital. Cricima, 2008.

    M ocluso

    44%

    49%

    7%

    classe Iclasse IIclasse III

    Figura 3 - Distribuio da M ocluso apresentado por 343 escolares. Fonte: Dados da pesquisa 2008.

    Com relao m ocluso com perda precoce de dentes decduos 66 escolares haviam perdido o dente por processo carioso. A perda precoce dos dentes permanentes aconteceu em 10 casos.

    Estes casos exemplificam o tratamento preventivo que pode ser executado nas perdas de elementos dentrios. Nos dentes decduos mantenedores

  • 24

    de espao esse mesmo processo pode ser usado para evitar a perda de espao para a erupo do dente permanente sucessor.

    No caso da perda de um dente permanente num escolar que se encontra na dentadura mista o ortodontista deve avaliar cada caso. Pode necessitar manter o espao para uma futura prtese ou implante; ou deixar que este espao deixado pelo dente decduo perdido seja ocupado pelo dente permanente adjacente.

    Os hbitos bucais deletrios apareceram em 14% dos alunos, sendo o pressionamento lingual o mais prevalente, seguido da suco do dedo e depois da suco da chupeta. A figura 4 apresenta a distribuio em proporo dentre os hbitos deletrios.

    Hbitos bucais delticos

    14%

    25%61%

    suco chupetasuco dedopressionamento lingual

    Figura 4 - Distribuio dos hbitos deletrios dentre os 63 escolares que os apresentaram. Fonte: Dados da pesquisa

    Estes hbitos podem causar mordida aberta anterior, atresia maxilar, mordida cruzada posterior, no permisso do selamento labial, esttica desfavorvel, dificultar a fonao, mastigao entre outros prejuzos ao paciente. A gravidade do desvio morfolgico depender da freqncia, intensidade e durao do hbito bucal deletrio, alm da predisposio gentica escolar.

    Outro problema relacionado aos hbitos bucais deletrios o comprometimento do perfil mole, como mostra a figura 5.

  • 25

    Comprometimento perfil mole

    46%

    43%

    11%

    lbios entreabertoshipertonia mentonianorespirao bucal

    Figura 5 Porcentagens do Comprometimento do perfil mole Fonte: Dados da pesquisa 2008.

    Os desvios morfolgicos tiveram as seguintes expresses: Sobremordida profunda, 36%; mordida cruzada posterior, 29%; mordida aberta anterior, 18%; mordida cruzada anterior, 16% e mordida aberta posterior 1%. Como mostra a figura 6.

    Mordida

    18%

    1%

    36%16%

    29%

    mordida aberta anterior

    mordida abertaposteriorsobremordida profunda

    mordida cruzadaanteriormordida cruzadaposterior

    Figura 6 Distribuio dos desvios morfolgicos registrados. Fonte: Dados da pesquisa 2008.

    A mordida aberta anterior caracteriza-se pela falta de contato dos arcos superior e inferior na regio anterior da boca quando os dentes esto em ocluso cntrica. Na mordida aberta posterior a falta de contato entre os arcos acontece na regio posterior. A sobremordida profunda pode ser definida pela sobreposio

  • 26

    exagerada dos incisivos superiores nos incisivos inferiores. O trepasse vertical normal vai at o sobrepasse de dos incisivos inferiores. Os desvios morfolgicos da ocluso comprometem a integridade dos dentes, ocluso, musculatura peribucal e articulao temporo-mandibular.

    Apenas 19 crianas apresentavam dentes em infra-ocluso. O comprometimento do perfil mole apareceu em quase um tero dos casos, mas a respirao bucal registrou apenas 6%. As amgdalas hiperplasiadas completaram 26%.

    A presena de alinhamento dentrio foi observado em 22% das crianas, o diastema inter-incisivo com insero baixa do freio labial ocorreu em 7% dos casos e a impaco do 1 molar permanente em apenas 1%.

    Observou-se uma predominncia, neste estudo, de crianas com necessidade de tratamento ortodntico. Esses resultados se assemelham aos encontrados por Massler e Frankel (1951), Savara (1955), Silva Filho (1988), Takahashi (1975), Silva e Arajo (1983), Gardiner (1982), nos quais o percentual de ocluso normal foi menor que os percentuais de m ocluso.

    A influncia deletria dos hbitos bucais sobre a ocorrncia de ms ocluses tem sido relatada em estudos epidemiolgicos. Os achados do presente estudo apontam na mesma direo. A maioria das mordidas abertas anteriores e as mordidas cruzadas posteriores tinham relao com hbitos bucais deletrios.

    Os hbitos bucais, sob o ponto de vista ortodntico, devem merecer a ateno do profissional sempre que perdurem ou se manifestem em crianas com idade acima de trs anos, porque, segundo o que a literatura deixa transparecer, os efeitos dos hbitos, porventura existentes antes dessa idade, sofrem um processo de correo espontnea na maioria dos casos (MOURA, 2007).

    O autor citado acima, em sua anlise, no faz correlao entre a crie dentria e a severidade das ms ocluses. Ao contrrio de Frazo et al (2002) que afirmara que os problemas oclusais mais severos so, aproximadamente, de 1,5 vezes maiores na populao com ataque de crie acima das metas da OMS para o ano de 2000. No presente trabalho as perdas precoces de dentes decduos por crie estavam em 18% dos casos de m ocluso, uma porcentagem considervel, visto que a crie pode ser evitada.

  • 27

    Ainda so poucos os estudos que associam esses dois problemas de sade pblica e que merecem a ateno de outras pesquisas para elucidar a teoria no campo da relao crie/dentria-flor-oclusopatias acreditando que uma histria pregressa de alta prevalncia de crie dentria possa contribuir como fator predisponente ao desenvolvimento das malocluses.

    De acordo com Ricketts (1968) a respirao bucal apresenta-se como um importante fator etiolgico de malocluso, podendo desencadear: mordida cruzada, touxilas hipertrofiadas, etc. Nesta pesquisa encontrou-se 26% de casos com amgdalas hiperplaxiadas e 11% de respiradores bucais.

    Silva Filho, (1990) relata que na grande maioria das vezes os problemas ortodnticos aparecem precocemente at mesmo na dentadura decdua e se nenhum tratamento foi realizado, estes problemas iro at a dentadura permanente. Um desses problemas que ocorrem precocemente o apinhamento dentrio, o qual se constatou, na populao estudada, a presena em 35% dos casos de m ocluso. A figura 7 mostra o percentual de apinhamento que foi encontrado no presente estudo.

    Apinhamento

    22%

    78%

    apinhamentototal

    Figura 7 - Apinhamento Fonte: Dados da pesquisa 2008.

    O apinhamento como desvio morfolgico da ocluso causa um desequilbrio nas foras aplicadas sobre os dentes na mastigao, trazendo prejuzos ao periodonto pela fora mecnica da mastigao e pela dificuldade de higienizao da regio apinhada, alm da esttica que fica bastante prejudicada.

  • 28

    5 CONCLUSO

    A prevalncia de malocluses (80%) mostrou-se bastante elevada em relao ocluso normal (20%). As perdas precoces de dentes decduos contriburam para este nmero de oclusopatias.

    Os resultados obtidos na presente pesquisa epidemiolgica de ocluso normal e m ocluso tiveram porcentagens prximas s hipteses iniciais.

    Diante da elevada prevalncia de malocluso observada, e de suas variadas conseqncias, considera-se urgente a implementao de aes preventivas e interceptivas na rede pblica de sade.

    Com a definio das necessidades dos escolares o planejamento das polticas pblicas de sade torna-se mais objetivo. Os desvios morfolgicos da ocluso apresentados pelos estudantes da grande Santa Luzia, de certo modo, facilitam o planejamento por parte do governo municipal, porque na sua grande maioria os alunos necessitam de tratamentos preventivos e interceptivos que so servios mais baratos e menos complicados para implantao pelo gestor pblico.

  • 29

    REFERNCIAS

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  • 31

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  • 32

    ANEXOS

  • 33

    Anexo 1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    Voc est sendo convidado (a) para participar, como voluntrio, de uma pesquisa. Aps ser esclarecido (a) sobre as informaes a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que est em duas vias. Uma delas sua, e a outra do pesquisador responsvel. Em caso de recusa voc no ser penalizado (a) de forma alguma.

    a) INFORMAES SOBRE A PESQUISA:

    Ttulo do Projeto:______________________________________________________ ___________________________________________________________________

    Pesquisador Responsvel: ______________________________________________ Telefone para Contato: _________________________________________________ Pesquisadores Participantes: ____________________________________________ Telefones para Contatos: _______________________________________________

    A elaborao dos tpicos abaixo dever ser redigida de forma clara e linguagem acessvel aos sujeitos da pesquisa.

    Descrio da pesquisa, objetivos, detalhamento dos procedimentos, forma de acompanhamento (informar a possibilidade de incluso em grupo, controle ou placebo, se for o caso);

    Especificao dos riscos, prejuzos, desconforto, leses que podem ser provocadas pela pesquisa, formas de indenizao, ressarcimento de despesas;

    Descrever os benefcios de correntes da participao na pesquisa; Proceder o retorno dos resultados da pesquisa aos sujeitos e instituies

    envolvidas; Explicar procedimentos, intervenes tratamentos, mtodos alternativos; Esclarecimento do perodo de participao, trmino, garantia de sigilo, direito

    de retirar o consentimento a qualquer tempo. Em caso de pesquisa onde o sujeito est sob qualquer forma de tratamento, assistncia, cuidado, ou acompanhamento, apresentar a garantia expressa de liberdade de retirar o consentimento, sem qualquer prejuzo da continuidade do acompanhamento/tratamento usual;

    Nome do pesquisador:____________________________________________ Assinatura do Pesquisador:________________________________________

    b) CONSENTIMENTO DE PARTICIPAO DO SUJEITO

    Eu, _________________________________, RG________________, CPF__________________ abaixo assinado, concordo em participa do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidas, assim como os possveis riscos e benefcios decorrentes de minha participao. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade ou interrupo de meu acompanhamento/assistncia/tratamento. Local e data:_________________________________________________________ Nome:______________________________________________________________ Assinatura do sujeito ou responsvel:______________________________________ Telefone para contato:_________________________________________________

  • 34

    Anexo 2 Ficha de Pesquisa

    Escola:______________________________________________________________ Aluno:________________________________________ Srie:_________________ Sexo:____________________________ Idade:_____________________________ Me:_______________________________________________________________ Pai:________________________________________________________________

    Decdua ( ) Dentadura Mista ( ) Permanente ( )

    Ocluso Normal ( ) Ocluso Normal com perda precoce de dentes decduos ( )

    M ocluso perda precoce dentes decduos crie ( ) traumatismo ( )

    perda precoce dentes permanentes ( )

    hbitos bucais deletrios ( ) suco chupeta ( ) suco dedo ( ) pressionamento lingual ( )

    mordida aberta anterior ( ) mordida aberta posterior ( ) sobremordida profunda ( ) mordida cruzada anterior ( ) mordida cruzada posterior ( )

    Classe II ( ) esquelticos Classe III ( )

    dentes em infra-ocluso ( ) dentes:______________

    comprometimento perfil mole lbios entreabertos ( ) hipertonia mentoniano ( ) respirao bucal ( ) amgdalas presentes ( ) hiperplasiadas ( )

    apinhamento ( ) diastema inter-inciso com insero baixa do freio labial ( ) impao do 1 molar permanente ( )

  • 35