prestação de contas 2004 -  · conscientes de que pela participação o ... pelo fim de uma era...

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Pré-Diagnóstico Social do Concelho de Mortágua

Rede Social

ÍNDICE

pág.

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO .................................................................................................... 3

CAPÍTULO II - METODOLOGIA................................................................................................. 5

CAPÍTULO III - CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA DO CONCELHO ............................ 7

1. TOPONÍMIA E HISTÓRIA.................................................................................................... 8 2. GEOGRAFIA...................................................................................................................... 12 3. DEMOGRAFIA/POPULAÇÃO ............................................................................................... 17 4. ACTIVIDADES ECONÓMICAS ............................................................................................. 31 5. EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL ............................................................................ 47 6 EDUCAÇÃO....................................................................................................................... 56 7. ACÇÃO SOCIAL................................................................................................................. 78 8. SAÚDE ........................................................................................................................... 112 9. HABITAÇÃO.................................................................................................................... 122 7. ASSOCIATIVISMO/CULTURA E TEMPOS LIVRES ............................................................... 129

CAPÍTULO IV – ANÁLISE SWOT ........................................................................................... 140

CAPÍTULO V – ANÁLISE E ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES .................................... 155

CAPÍTULO VI –CONCLUSÃO ............................................................................................. 159

Capítulo I - Introdução

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 4

Integrado no âmbito do Programa REDE SOCIAL, o Pré-Diagnóstico Social pretende ser mais

um passo de uma longa caminhada que todos nós queremos partilhar em prol do

Desenvolvimento Social do Concelho de Mortágua.

Assentando num principio de Política Social Activa, em que o trabalho efectivo de parceria é

impulsionador do exercício da cidadania, o Programa Rede Social prevê uma metodologia

participativa, “de união em rede” para a planificação estratégica da intervenção social local.

Baseados nessa metodologia, construímos o documento que agora apresentamos procurando

fazer um primeiro retrato e dar uma visão transversal deste Concelho.

Tendo em conta as áreas definidas pelo Grupo Executivo, este pré-diagnóstico assenta na

análise e reflexão acerca da informação disponibilizada pelos diferentes parceiros.

Conscientes de que pela participação o diagnóstico local se transformará numa auto - análise

colectiva e que, deste modo, será mais fácil planear o desenvolvimento, iniciámos a construção

do presente pré-diagnóstico contando que este seja um processo dinâmico, em permanente

construção e ao qual todos nós poderemos dar um contributo.

Seguindo esta linha de pensamento, o esboço que traçamos deste pré-diagnóstico obedecerá à

seguinte estrutura:

- Em primeiro lugar, será efectuada uma caracterização do Concelho de Mortágua.

Este primeiro momento incide, fundamentalmente, na apresentação de alguma

informação sobre o Concelho (História, Geografia, Caracterização Climática e

Geologia). Seguidamente, e sempre que possível incidindo ao nível da freguesia,

procede-se à análise da evolução demográfica, das actividades económicas, do

emprego e formação profissional, da educação, acção social, saúde, habitação,

associativismo/cultura e tempos livres

- Em segundo lugar, será apresentada a análise SWOT, onde serão recenseados e

analisados os pontos fortes e fracos, oportunidades e constrangimentos do

Concelho. Para a caracterização do concelho e para esta primeira análise SWOT, foi

fundamental a recolha de informação e de opiniões de alguns dos intervenientes no

desenvolvimento local.

Esta análise servirá apenas de ponto de partida para um trabalho de reflexão

conjunta e, consequentemente, para a definição dos problemas prioritários a

aprofundar na fase de diagnóstico.

II - Metodologia

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Para a Construção do Pré-Diagnóstico Concelhio seguimos uma metodologia de

investigação/acção. Centrámo-nos, em primeiro lugar, na análise da documentação produzida

pelos diversos parceiros no âmbito das diferentes áreas de intervenção e projectos em curso.

Em segundo lugar, recorremos à análise da informação estatística disponível até ao momento.

Procurámos também reforçar a introdução de metodologias participativas, aplicando aos

diversos parceiros e outras entidades locais, os questionários construídos pelo Grupo Executivo.

Efectuámos, também, reuniões e contactos informais. Deste modo, foi possível recensear as

respostas institucionais existentes a nível Concelhio, conhecer o âmbito das suas intervenções,

os equipamentos, os recursos, as valências, a sua capacidade, assim como, os Programas e

Projectos em curso ou planeados. Através da análise destes questionários foi também possível

elencar alguns dos pontos fortes e fracos existentes a nível Concelhio.

Procurando aprofundar e melhorar a metodologia de trabalho, a próxima etapa de construção

do Diagnóstico Social Concelhio deverá apostar, sobretudo, na aplicação de métodos e técnicas

participativas.

III - Caracterização Sócio-Económica do Concelho

III - Caracterização Sócio-Económica do Concelho 1 – Toponímia e História

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1.1 - Mortágua e a sua toponímia

Reza a lenda...

”Há muito tempo atrás, todo o centro do actual concelho de Mortágua estava

ocupado por um vasto lago, de mais de 5kms quadrados de superfície,

habitado desde o início do mundo por peixes de água doce.

Um dia, chegaram os Mouros (ou os Romanos?) que resolveram drenar as

águas do lago, abrindo por isso uma brecha nas rochas de Alçaperna.

Conseguiram assim secar a zona, que foi logo habitada e cultivada, passando

a chamar-se Mortágua, ou seja, o sítio da Água Morta.”

In ADICES, literatura oral da nossa região – Lendas, Vol. I, 1995

A origem do nome Mortágua poderá relacionar-se com esta lenda. Contudo, este nome, por ser

único em todo o mundo, não é dos problemas mais fáceis da toponímia portuguesa.

Para uns, Mortágua provém do antigo topónimo Mortalago, progenitor do moderno Mortágua.

Este topónimo é encontrado em documentos do século X e XI, entre eles os “Diplomas e Cartas

da Colecção Portugaliae Monumenta Histórica”, onde se encontra escrita “SANCTA CHRISTINA

DE MORTALAGO”, documento este encontrado no rol das herdades que o Convento da Vacariça

possuía em 1064.

Por outro lado, no primeiro foral da Vila aparece bruscamente a grafia Mortáagua.

Terras das Lagoas; Águas Dormentes; Lameiros. Todas essas denominações pré-históricas,

evocam a humilde estagnante destas extensas planuras, mas acentuam o pormenor da

pluralidade, de dispersão em toalhas de água separadas. Um grande lago que tivesse outrora

submersos na sua totalidade, os terrenos chãos e baixos em redor de Mortágua, deixaria vincos

indeléveis na toponímia; a qual só recorda as lagunas disseminadas que ao todo nem uma

centésima parte das várzeas cobririam as minúsculas lagunas que os luso-celtas chamaram

MOR, Lagos; os gauleses SAPERNE, Águas Dormentes; os latinos LAMA, Lameiros. Assim se

conclui porém, que nem a origem latina Mortale-aqua (água mortal, que mata), nem o Mortus

Lacus que lhe foi oposto, podem servir para explicar o antigo topónimo, pelo que constitui

ainda um enigma a aguardar decifração aceitável. (Cf. Assis e Santos, José, Mortalacum, Vol. I, Alves e

Mourão, Coimbra, 1950: pp. 239)

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1.2 - Mortágua e a sua história1

Habitado desde épocas mais remotas, o Concelho de Mortágua teve o seu primeiro Foral em

1192. Este diploma foi atribuído pela Rainha D. Dulce, esposa de D. Sancho I e marca a data de

fundação do Município

A nossa Vila constituiu, desde então, um verdadeiro Município de Direito português com

magistratura privativa (judex), com funcionários locais e delegado do rei dominus terrae,

investido de poder civil e militar.

Seguiram-se-lhe dois outros Forais, o 2º atribuído por Gonçalo Anes Sousa, em 1403 e o 3 º,

pelo Rei D. Manuel I, em 1514.

Figura 1- 1ª Página do Terceiro Foral

Com a atribuição dos forais iniciou-se o período de posse pela coroa e pelos donatários,

implicando a perda de autonomia, a liberdade e a responsabilidade dos habitantes. Este

1 Cf.Gonçalves, Zília in Contributos para a Monografia do Concelho de Mortágua, 2000

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Concelho contou com 17 donatários, o último dos quais foi o Duque de Cadaval que terminou

um período de duzentos anos de posse de Mortágua por esta família.

Desde a Idade Média até 1833, a área Concelhia esteve na posse de quatro entidades

administrativamente independentes: as terras do rei, reguengos; as entidades eclesiásticas,

coutos; as entidades nobres, honras e a terra livre, o concelho. As pessoas pertenciam às

ordens sociais designadas de Clero, Nobreza e Povo. As duas primeiras eram privilegiadas, quer

dizer, não pagavam impostos e recebiam-nos da população.

Mas quem trabalhava a terra não era seu dono. Só os Senhorios (rei, fidalgos e igreja) é que

eram de facto donos das terras. Os moradores eram unicamente arrendatárias vitalícios que

podiam ser expulsos das suas casas e terras caso não cumprissem os contratos. Os donatários

do nosso Concelho foram pois elementos ausentes, pertencentes às classes privilegiadas a

quem o povo entregou, durante séculos, as rendas devidas pelo amanho das terras.

A partir da primeira metade do século XIX, o povo de Mortágua passa a dispôr de

património individual que transmitirá aos seus filhos através da herança em consequência da

extinção das ordens religiosas regulares e da instauração das leis que aboliram os bens da

coroa, os reguengos e os forais. O apego à terra perpetua-se até aos nossos dias e tem como

consequência a divisão da propriedade que hoje conhecemos.

Em 1810, o Concelho ficou também marcado pela passagem das tropas Napoleónicas. O

Moinho de Moura e de Sula atestam até hoje a importância estratégica deste Concelho na

Batalha do Bussaco.

Na segunda metade do século XIX, o Concelho ficou marcado pela política de desenvolvimento

de transportes e comunicações que se traduziu na construção da estrada macadamizada de

Viseu à Mealhada (1853/54) e pela posterior construção da via férrea ou linha da Beira Alta.

Foram estas duas infra-estruturas importantíssimas para o desenvolvimento do Concelho de

Mortágua.

O Concelho iniciou no final do século XIX e início do Século XX, um importante processo de

desenvolvimento económico e cultural que vem até aos nossos dias. Apesar dos entraves e

obstáculos trazidos pela emigração e pelo fim de uma era em que os modelos de sobrevivência

assentavam na agricultura e indústria tradicionais, o Concelho de Mortágua tem sabido

ultrapassar os constrangimentos reorientando estratégias e preparando o futuro. Mortágua é

hoje um concelho moderno onde apraz viver!

III - Caracterização Sócio-Económica do Concelho 2 – Geografia

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2 1 – Localização Geográfica

Situado em plena Região Centro, o Concelho de Mortágua pertence ao distrito de Viseu e

insere-se na União Territorial Dão - Lafões.

As fronteiras do Concelho com os concelhos vizinhos são naturais. A Nascente é o rio Criz que

serve de divisa entre Mortágua e os Concelhos de Santa Comba Dão e Tondela. A Sul o

Mondego separa os Concelhos de Mortágua e Penacova. A Norte/ Noroeste o Concelho de

Mortágua está separado do concelho de Águeda pela serra do Caramulo. A Oeste o Concelho

está separado de Anadia pela serra da Chavelha. Finalmente a Sudoeste é separado da

Mealhada pela serra do Buçaco e seus contrafortes.

Figura 2 – Mapa do Concelho de Mortágua

Com um total de dez freguesias (Almaça, Cercosa, Cortegaça, Espinho, Marmeleira, Mortágua,

Pala, Sobral, Trezoi e Vale de Remígio) e 92 aglomerados populacionais, o Concelho ocupa uma

área de 250,4 Km2.

O Concelho é servido por boa rede viária interna e externa. Possui hoje uma excelente

acessibilidade interna em consequência dos investimentos que tem vindo a ser efectuados.

É também servido através de uma rede de ligações extra-municipais asseguradas pelo IP3, EN

234, EN 334-1, EN 228. Possui óptimas ligações à auto-estrada A1 e linha ferroviária da Beira

Alta, o que lhe concede também uma excelente acessibilidade externa. No entanto, a futura

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construção do IC-12 irá colocar o Concelho numa situação privilegiada. Esta rede viária

permitir-nos-á chegar rapidamente a alguns dos principais centros urbanos (Coimbra, Aveiro,

Viseu e Porto), portos de mar (Aveiro, Figueira da Foz e Leixões) e à fronteira de Vilar Formoso.

2.2 - Caracterização Climática

O clima caracteriza-se pela influência tripartida, continente, atlântico, mediterrâneo, com a

estação quente bem marcada e seca sofrendo influência atlântica vinda pela depressão do Vale

do Mondego atenuada pela existência das Serras da Atalhada e Bidueiro, criando-se uma

amenidade nas áreas superiores do planalto do Dão, Mondego, dotando-lhe uma aptidão agro-

florestal.

A temperatura média anual do ar é de 15º C, ocorrendo em média 90 dias com temperatura

máxima do ar igual ou superior a 25ºC e 60 dias com temperatura média do ar igual ou

superior a 5ºC.

A temperatura média do ar em Janeiro é de 7,5º C e no mês de Agosto de 20º C.

A precipitação atinge um total anual de 1.500mm, com a ocorrência de 70 dias com

precipitação superior ou igual a 1mm e 50 dias com precipitação superior a 10mm.

O número de horas de insolação média anual é de 2.600 horas e o número médio anual de dias

com nevoeiro é de 30. Ocorrem anualmente entre 20 a 30 dias de geada, e o vento sopra mais

frequentemente do quadrante Noroeste.

2.3 - A Vegetação1 A vegetação arbórea endógena da região conta essencialmente com espécies como o carvalho

negral de característica sub-Atlântica, o carvalho alvarinho e o pinheiro bravo.

O castanheiro, que em tempos foi a espécie dominante, apresenta hoje uma distribuição muito

dispersa causada pela doença da “tinta” , dando lugar às espécies de crescimento rápido, como

o pinheiro e o eucalipto. Em virtude, do seu rápido crescimento, as diferentes espécies de

eucalipto, acabaram por preencher as terras de cultivo, onde as culturas do trigo, milho, vinha

e oliveiras foram abandonadas para no seu lugar serem introduzidas matas de eucaliptos. A

indústria de extracção de madeira para papel, tem hoje no Concelho de Mortágua um papel

muito importante tanto ao nível social quanto económico.

1 Cf: Neto Celso in Contributos para a Monografia do Concelho de Mortágua, 2001, pp. 155,156

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É inegável que o plantio de extensos povoamentos monoespecíficos, primeiro dos pinhais e

depois dos eucaliptos, descaracterizou por completo a paisagem natural do Concelho. Mas

apesar de em menor escala, ainda são vistos um pouco por todo o Concelho o cipreste, o

loureiro, o rosmaninho, a oliveira, os choupos, o medronheiro, freixos, azinheiras e arvores de

fruto plantadas pelos homens ao longo dos séculos.

Em termos de vegetação espontânea, o Concelho é rico em alecrim, rosmaninho, alfazema,

urze, tojo, giesta e o zambujeiro.

2.4 - Geologia

Incluída no Maciço Antigo Ibérico, a plataforma do Mondego cobre a totalidade da superfície de

Mortágua na qual encontramos rochas pertencentes ao designado Complexo Xisto Grauváquico

ante- Ordoviciano onde predominam os xistos argilosos cinzentos, e os xistos cloríticos

esverdeados, pouco micáceos. Rochas estas que correspondentes à face xisto verde de

metamorfismo regional de baixo grau.

Junto à Barragem da Aguieira afloram xistos grauvacóides com grau elevado de grafite; filádios

grafitosos, uma rocha menos dura e mais plástica e consequentemente menos resistente à

erosão; e finalmente grauvaques mais dura, coerente e de fraca plasticidade. Na bacia de

Mortágua encontramos ainda xistos gressosos de coloração amarelo- acastanhados,

avermelhados ou acastanhados e depósitos de Grés do Buçaco e é formado por camadas de

argila fina, arenosa, com alternância de calhaus mal rolados de quartzo, quartzito e xistos.

Em traços gerais podemos concluir dizendo que a totalidade dos terrenos da área do concelho

de Mortágua são de origem câmbrica. Derivam quase exclusivamente da desagregação dos

xistos, que constituem as rochas dominantes daquela formação. (Cf. Neto Celso in Contributos para a

Monografia do Concelho de Mortágua, 2001, pp. 155 (adaptado)).

2.5 - Hidrografia A água é um dos principais recursos naturais do Concelho. A Bacia hidrográfica do rio Mondego,

banha por inteiro o Concelho, sendo que mais a sul o Mondego recebe importantes caudais dos

rios Criz e Dão, que se juntam nas proximidades de Falgaroso de Maio antes de desaguarem no

Mondego, já muito próximo da Barragem da Aguieira.

Por todo o Concelho, encontramos outras ribeiras que ao longo do ano fazem da região uma

das mais bem servidas em água da Região Centro.

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A ribeira de Mortágua, localizada no centro do Concelho, tem inúmeros afluentes que vão

despejando enormes caudais desde o norte até ao sul, antes de desaguar definitivamente no

rio Mondego.

Entre as várias ribeiras que encontramos espalhadas pelo Concelho, temos a ribeira de

Palheiros, que corta o centro- norte deste território. Esta linha de água cujas nascentes

principais se localizam nas proximidades de Linhar de Pala e no Alto da Branca, encontra a

ribeira de Mortágua a Norte da aldeia de Monte de Lobos. A Oeste e Centro- Norte

encontramos, finalmente, outras três ribeiras que contribuem para alimentar o caudal da ribeira

principal.

A ribeira de Vila Boa/ Aguedão, a de Santa Cristina e a de Espinho, que integram nas suas

margens a maioria dos moinhos de rodízio encontrados no Concelho.

III - Caracterização Socio-Económica do Concelho 3 – Demografia/População

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3.1 – Evolução da População Residente

Os comportamentos demográficos não são estáticos, são fruto de uma complexidade de

factores societais que influenciam e definem esses comportamentos. Assim, para percebermos

os fenómenos demográficos que hoje nos afectam temos forçosamente que recuar no tempo e

conhecer as diferentes dinâmicas demográficas vividas no Concelho no último século.

Gráfico 1- Evolução da população Residente

8834 92109498

1026811202

1261613024

11625 1129110662 10379

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

Núm

ero

de H

abita

ntes

1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001

Anos de Recenseamento

Fonte: INE, Recenseamento Geral da População

A figura 1, permite-nos visualizar o percurso evolutivo da população no Concelho de Mortágua

desde o início do Século XX até aos nossos dias. Denotam-se, desde logo, diferentes

tendências. Assim, verificou-se um período de crescimento na primeira metade do século que

atingiu o seu auge na década de 60. A década 70 ficou marcada por um acentuado decréscimo

populacional e definiu a inversão das dinâmicas demográficas no Concelho de Mortágua que se

reflectem até aos nossos dias. Mas porquê o decréscimo populacional a partir dos anos 70?

Os anos 60 e 70 marcaram um período de grandes transformações sociais e demográficas em

Portugal. As taxas de crescimento natural diminuíram em sequência da queda da natalidade e

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Câmara Municipal de Mortágua 19

dos movimentos migratórios. Os fluxos migratórios de saída em direcção ao litoral urbanizado e

aos países europeus mais desenvolvidos (na sua grande maioria França e Luxembourg) tiveram

grande incidência no concelho de Mortágua. Apesar de, no mesmo período, terem existido

fluxos migratórios de retorno dos emigrantes das ex-colónias, o saldo não foi anulado. A

tendência para o decréscimo populacional persiste desde a década de 70 até aos nossos dias.

Se compararmos a evolução da população residente entre o início do século XX e o início do

século XXI, verificamos que a variação é positiva (17,5%). Em termos absolutos o concelho de

Mortágua ganhou 1545 habitantes entre 1900 e 2001. A explicação para esta variação positiva,

que de resto seguiu a tendência nacional, reside essencialmente na própria modernização e

desenvolvimento do país ao longo do Séc. XX. Portugal acompanhou, deste modo, as

características demográficas dos países desenvolvidos, ou seja, a existência de indicadores

como sejam a redução da natalidade, da mortalidade infantil e o aumento da esperança de

vida.

Contudo, as estatísticas oficiais dos recenseamentos gerais da população efectuados nas

últimas décadas mostram que o Concelho continua a perder população residente. Segundo os

resultados provisórios dos Censos 2001, residiam no Concelho de Mortágua 10379 indivíduos.

Quadro 1 - Variações Percentuais da População Residente 1991/2001

Pop. Residente1991

(Nº habitantes)

Pop. Residente 2001

(Nº habitantes)

Taxa de Variação

(%)

Portugal 9 867 147 10 355 824 4,95 %

Região Centro 1 721 650 1 782 254 3,5 %

Nut- Dão Lafões 282 462 286 315 1,36 %

Mortágua 10 662 10 379 - 2,65 %

Fonte: Censos 2001- Resultados Provisórios , INE, 2001

Como se pode observar no quadro anterior, a variação da população entre 1991 (10662 hab.) e

2001 (10379 hab.) foi negativa e correspondeu a uma taxa de –2,5%.

A taxa negativa de variação percentual da população, reflexo da perda de 283 residentes no

Concelho ao longo da última década, contraria as tendências positivas da NUT III (Dão-Lafões),

da Região Centro e do País. Contudo, quando comparada com os três concelhos vizinhos que

fazem parte da Região de Intervenção da ADICES, verificamos a existência maioritária de taxas

de variação negativas. Assim, e apesar do Concelho de Santa Comba Dão constituir uma

excepção e apresentar uma variação positiva de 2,1%, os Concelhos de Carregal do Sal e

Tondela apresentam uma variação percentual negativa, (-2,8%) e (-5,6%), respectivamente.

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Câmara Municipal de Mortágua 20

A tendência para o decréscimo populacional de Mortágua e destes concelhos, fica a dever-se

aos surtos migratórios que afectam a região e ao envelhecimento demográfico que também

aqui se faz sentir, continuando a realçar os desequilíbrios e as assimetrias existentes entre o

interior rural e o litoral urbanizado do nosso país.

Vejamos agora qual a evolução da população residente no concelho, por freguesia e ao longo

da última década.

Quadro 2 - Taxa de variação da população residente por freguesia – 1991/2001 Anos/ N.º de Habitantes Freguesias

1991 2001 Taxa de variação

(%) Almaça 118 95 - 19, 49 Cercosa 352 361 2, 55

Cortegaça 444 463 4, 27 Espinho 1547 1409 - 8, 92

Marmeleira 588 534 - 9, 18 Mortágua 2694 2799 3, 89

Pala 1307 1028 - 21, 34 Sobral 2223 2411 8, 45 Trezoi 550 497 - 9, 63

Vale de Remígio 839 748 - 10, 84 Fonte: INE, Censos 1991, Resultados Definitivos, 1991 INE, Censos 2001, Resultados Provisórios, 2001

O quadro 2, mostra-nos quais as freguesias que no período de 1991/2001 ganharam ou

perderam população residente. Da sua análise será possível inferir que das dez freguesias

existentes, seis apresentaram crescimento demográfico negativo, salientando-se Pala, Almaça e

Vale de Remígio. As restantes quatro freguesias registaram um aumento da população

residente, destacando-se pela positiva a freguesia de Sobral, Cortegaça e Mortágua, ou seja, as

freguesias mais próximas de Mortágua.

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Câmara Municipal de Mortágua 21

3.2 – Densidade Populacional

Com uma área de 250,4 Km2 e uma população de 10379 indivíduos, o Concelho de Mortágua

apresenta uma densidade populacional de 41, 4 habitantes por km2. Se tivermos em conta que

a Densidade Populacional da Região Centro é de 75,1 hab/ Km2 e a do País que é de 112,4

hab/ Km2, podemos concluir que o Concelho de Mortágua tem uma baixa densidade

populacional.

O quadro seguinte permite-nos verificar que também a este nível existem grandes diferenças

entre as dez freguesias do concelho.

Quadro3 - Área, População Residente e Densidade Populacional do Concelho, por Freguesia

O Concelho é caracterizado por um sistema de povoamento de reduzida urbanização e grande

dispersão. Todos os lugares do concelho têm menos de 2000 habitantes, o que lhe concede

características de grande ruralidade. Em termos populacionais, as freguesias com maior número

de habitantes são: Mortágua, Sobral e Espinho. Contudo, as dez freguesias têm distintas áreas

geográficas compreendidas entre os 6,7 Km2 de Vale-de-Remígio e os 64,2 Km2 do Sobral. A

diversidade em termos de área confere-lhes também realidades distintas em termos de

densidade populacional. As freguesias de Vale-de-Remígio e de Mortágua destacam-se

Freguesias Área (Km2)

População (Nº de habitantes)

Densidade (Nº de hab./km2)

Almaça

6,8 95 14,0

Cortegaça

11,6 468 40,3

Cercosa

8,7 357 41,0

Espinho

41,3 1412 34,2

Marmeleira

18,5 533 28,8

Mortágua

27 2797 103,6

Pala

48,9 1042 21,3

Sobral

64,2 2430 37,9

Trezói

16,7 495 29,6

Vale de Remígio 6,7 750 111,9

Total do concelho 250,4 10.379 41,4

Fonte:, INE, Retratos Territoriais, Infoline, 2001

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Câmara Municipal de Mortágua 22

relativamente às restantes, em termos de valores máximos de densidade populacional. Pelo

contrário, Almaça e Pala distinguem-se pelos valores mínimos.

De um modo geral, podemos identificar no Concelho duas tendências distintas em termos de

densidade populacional:

1. acentuada tendência para a concentração populacional nas freguesias mais

“urbanas”.

2. acentuado decréscimo populacional nas freguesias mais periféricas do concelho

– “mais rurais”. Algumas das aldeias mais pequenas e isoladas do concelho

poderão mesmo correr risco de desertificação humana.

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Câmara Municipal de Mortágua 23

49%

51%

HomensMulheres

3 3 - Distribuição da População Residente Segundo a Estrutura Etária e Sexo

Ao analisarmos a população residente no Concelho segundo a variável sexo, verificamos que o

segmento populacional feminino é maioritário. Com efeito, segundo os Censos 2001, a

população feminina continua a representar 51% da população total.

Gráfico 2 – Distribuição da população residente, por sexo

Fonte: INE, Censos 2001, Resultados Provisórios

Contudo, esta repartição por sexos não é linear em todos os grupos etários. O Concelho

acompanha as tendências gerais da população que se traduzem num maior número de

indivíduos do sexo masculino à nascença (por cada 100 raparigas nascem, em geral, 105

rapazes). Justifica-se assim a maior relação de masculinidade (relação entre o número de

homens e o número de mulheres, expressa em percentagem) nas idades mais jovens.

Gráfico 3 - Distribuição da População Residente, por Grupo Etário e Sexo

667 584

826

694

2604 2798

9761230

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0-14 15-24 25-64 65 e +

Homens Mulheres

Fonte: INE, Censos 2001 - Resultados Provisórios

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Contudo, ao analisarmos a figura anterior verificamos que tal não acontece no topo da

pirâmide, ou seja, nas idades mais avançadas. De facto, no topo da pirâmide o número de

efectivos femininos ultrapassa o número de efectivos masculinos. Daqui decorre a existência de

um maior número de mulheres idosas viúvas. A explicação para esta “assimetria natural” reside

em fenómenos de ordem biológica e social.

O conhecimento da estrutura etária da população oferece um conjunto de dados úteis à análise

de numerosos problemas económicos, sociais e políticos e revela-se fundamental para um bom

diagnóstico concelhio. Partindo desta análise será possível identificar e analisar alguns dos

problemas económicos, sociais e políticos do concelho. Analisando a população jovem e em

idade escolar, a população em idade activa e em idade fértil e a população idosa, será possível

identificar alguns dos problemas de hoje e de amanhã e procurar o ajuste de soluções.

A análise da estrutura etária da população residente no Concelho de Mortágua permite-nos

salientar o peso da população adulta em idade activa e da população com mais de 65 anos.

Contrariamente, verificamos a perca de peso da população mais jovem em relação à população

total. Este tipo de comportamento demográfico evidencia uma forte tendência para o

envelhecimento da população causado não só pela diminuição da natalidade, mas também da

mortalidade e do aumento da esperança de vida. A análise comparativa da estrutura etária da população do concelho em 1991 e 2001 evidencia

uma diminuição acentuada dos grupos etários mais jovens (19,6% e 12%, respectivamente) e

um aumento significativo da população com mais de 65 anos (16,6% e 21,2%,

respectivamente). Em 2001, a população dos 25 aos 64 anos representa 52% da população.

Quadro 4 - Distribuição da População Residente por Grupo Etário e Sexo, 2001

Se tentarmos fazer o exercício de construir uma pirâmide de idades para o ano 2001,2

obteremos uma pirâmide em forma de “urna”, onde será visível a tendência para o

envelhecimento da população do concelho.

A diminuição das taxas de natalidade, em consequência da alteração das estruturas familiares e

da introdução do conceito de planeamento familiar, os movimentos migratórios que afectaram o

2 Aguardamos a publicação dos dados dos Censos 2001/ INE para construir a pirâmide de idades

HM H M HM H M HM H M HM H M

Portugal 1659561 849162 810399 1476670 749730 726940 5517473 2685999 2831474 1702120 715073 987047

Centro 266915 136311 130311 245904 124897 121007 919305 446443 472862 350130 149009 201121

Dão-Lafões 45091 23110 21981 42080 21523 20557 142609 68755 73854 56535 24274 32261

Mortágua 1251 667 584 1520 826 694 5402 2604 2798 2206 976 1230Fonte: Censoos 2001, Resultados provisórios, INE

0-14 15-24 25-64 65 e +anos

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concelho e também o aumento da esperança de vida, são algumas das possíveis causas que

poderemos apontar para esse fenómeno demográfico.

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3.4 – Indicadores Demográficos

O quadro seguinte mostra-nos a evolução dos índices de dependência e envelhecimento do

concelho na última década. Verifica-se uma diminuição progressiva do índice de dependência

dos jovens e o fenómeno inverso no que diz respeito ao índice de dependência de idosos.

Teoricamente, isto quer dizer que os jovens representam cada vez menos encargos face ao

grupo dos adultos e que o contrário acontece no que diz respeito aos idosos. No total, os

encargos face ao grupo dos adultos têm vindo a diminuir em consequência da perda de

representatividade dos jovens.

Quadro 5 - Evolução dos Índices de Dependência e Envelhecimento do Concelho, 1991/2001 Anos Índices de...

1991 2001 Envelhecimento 84, 35 176, 33

Dependência de Idosos 26, 03 31,87

Dependência de Jovens 30, 85 18, 07

Dependência Total 56, 88 49, 94

Fonte: INE, Censos 1991/2001

A análise dos indicadores aqui apresentados confirma o gradual envelhecimento da população

deste Concelho.

Quadro 5 a) - Evolução dos Índices* de Dependência e Envelhecimento 2001, por freguesia

Freguesias Índice de Juventude

Índice de Envelhecimento

Índice de Dependência

de Jovens

Índice de Dependência

de Idosos

Índice de Dependência

Total Almaça 36 277,77 14,75 40,98 55,73

Cercosa 51,28 195. 16,73 32,63 49,36

Cortegaça 56,56 176,78 17,89 31,62 49,51

Espinho 51,63 193,67 19,31 37,40 56,71

Marmeleira 48,83 218,18 15,36 33,51 48,87

Mortágua 58,80 170,05 18,41 31,31 49,72

Pala 69,03 144,85 19,18 27,78 46,96

Sobral 66,73 149,84 18,99 28,45 47,44

Trezoi 44,26 225,92 16,92 38,24 55,16

V. Remígio 40,22 248,57 13,83 34,38 48,21 Fonte: INE, Retratos Territoriais, Infoline, 2001.

O quadro anterior permite-nos aferir o grau de incidência deste fenómeno por freguesia e

concluir que os índices não são uniformes nas dez freguesias.

*Índice de Juventude: número de jovens (0 aos 14 anos) por cada 100 idosos (65 e mais anos de idade) Índice de Envelhecimento: número de idosos por cada 100 jovens Índice de Dependência de Jovens: Peso dos jovens sobre a população em idade activa Índice de Dependência de Idosos: Peso dos idosos sobre a população em idade activa Índice de Dependência Total: Peso dos jovens e idosos sobre a população em idade activa

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As freguesias com maiores índices de envelhecimento são: Almaça, Vale-de-Remígio, Trezói,

Marmeleira. Contrariamente, as freguesias de Pala, Sobral, Mortágua, Cortegaça são as que

apresentam maiores índices de juventude e menores índices de envelhecimento.

De um modo geral, confirma-se a tendência para o envelhecimento demográfico em todo o

Concelho.

Em síntese, poderemos dizer que este fenómeno, comum à generalidade do interior do país,

resulta da conjuntura de três factores:

1. aumento da esperança média de vida (traduzido no acréscimo do número de

idosos, particularmente, do sexo feminino);

2. redução da fecundidade/natalidade (visível através da diminuição do número de

crianças);

3. migração dos jovens e jovens adultos, preferencialmente, para as grandes cidades do

litoral urbanizado ou para países estrangeiros.

Contudo, esta tem sido de resto a característica marcante da evolução demográfica dos países

desenvolvidos da Europa e também do país. Efectivamente, a nível nacional tem vindo a

verificar-se o aumento contínuo dos indivíduos com mais de 65 anos e a diminuição do número

de indivíduos com menos de 15 anos. Esta situação acarreta consigo algumas consequências,

nomeadamente o aumento do número de indivíduos em condições de passar à reforma. Para

além disso, o aumento da esperança de vida permite que os idosos vivam mais tempo e que

usufruam mais anos das suas reformas.

Em contrapartida, a fatia dos activos que alimentam o sistema (baseando-nos no nosso

sistema de repartição, em que são as quotizações resultantes do trabalho da população activa

que garantem o pagamento das reformas) tende a diminuir. Posto isto, Portugal enfrenta um

desafio importante, o do financiamento dos sistemas de Segurança Social

Ao compararmos alguns indicadores demográficos para o Concelho, NUT III, Região Centro e

País, verificamos que, de um modo geral, o índice de envelhecimento se assume claramente

superior ao de juventude. Quadro 6 - Indicadores Demográficos, 2001

Índice Envelhec.

Índice Juventude

Índice D.

Idosos

Índice D.Jovens

Índice D.

Total

Taxa Natalidade

Taxa Mortalidade

Saldo Natural

Portugal 102,5 97,4 24,3 23,7 23,94 48,03 10,65 112702

Região Centro 131,1 76,2 30,0 22,9 52,9 10,08 12,09 17159

Nut- Dão Lafões 125,3 79,7 30,5 24,4 54,9 10,21 11,62 2869

Mortágua 176,3 56,7 31,87 18,07 49,94 7,14 12,45 73

Fonte: INE, Censos 2001- Resultados Provisórios

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Contudo, os indicadores para o Concelho de Mortágua suscitam-nos alguma preocupação. Ao

estabelecermos a comparação com o panorama nacional, verificamos que o nosso Concelho

detém mais elevado índice de envelhecimento e mais baixo índice de juventude. O Concelho

tem sofrido ao longo do tempo um aumento significativo do índice de envelhecimento que se

revela preocupante quando este se traduz num acentuado decréscimo do índice de

dependência de jovens e num aumento do índice de dependência de idosos. Comparativamente

ao País, à Região Centro e à Nut Dão-Lafões, o índice de idosos para o concelho é também

mais elevado, situando-se na ordem dos 31.87%. Este, quando associado ao índice de

dependência dos jovens 18,07, soma um índice de dependência total de 49.94%, sensivelmente

o dobro do índice nacional. Está em causa, também, a capacidade de renovação da população

potencialmente activa no concelho.

A situação agrava-se se tivermos em conta que o concelho de Mortágua se situa também muito

aquém do número médio de nascimentos do País, da Região Centro e da Nut Dão Lafões. O

concelho apresenta a mais baixa taxa de natalidade e consequentemente um baixo saldo

natural.

Relativamente à mortalidade, o Concelho de Mortágua é o detentor da taxa mais elevada,

12,45%. Se tivermos em conta que este concelho beneficia de estratégias de redução de

mortalidade precoce, nomeadamente a infantil, concluímos que este indicador parece ser

reflexo do peso dos idosos face à população total.

Esta tendência é, de facto, espelho de um concelho cada vez mais envelhecido, pelo que é

necessário agir no imediato procurando dar resposta às necessidade que se prevêem,

nomeadamente em termos de serviços de saúde (gerontologia), de equipamentos e serviços de

apoio à terceira idade, inclusive em termos de equipamentos de lazer.

O Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social 2000-2006 alerta: “Não podemos

ignorar que o aumento gradual da população mais idosa, forte consumidora de serviços de

saúde e vulnerável a situações de invalidez e grande dependência, torna mais urgente do que

nunca a luta contra as doenças crónicas com expressão etária mais difusa, que também

acabam por envolver invalidez e consumos intensivos de cuidados de saúde, quando já

plenamente desenvolvidas”.

Pensando no futuro, torna-se também fundamental implementar medidas capazes de contrariar

estas tendências demográficas, de modo a potenciar o desenvolvimento económico, social e

cultural e fixar população jovem e qualificada no concelho.

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3.5 - Tipologia Familiar

De acordo com os resultados provisórios dos Censos de 2001, residem no Concelho de

Mortágua 3 736 famílias clássicas e 2 famílias institucionais, ou seja, mais 336 famílias do que

em 1991. Este dado suscita-nos reflexão!

Quadro 7 - População Residente, Famílias, Alojamentos

Famílias Residentes Alojamentos Familiares População Residente

Clássicas Institucionais Total clássicos outros Alojamentos Colectivos

10379

3736 2 5030 5012 18 5

Fonte: INE, Censos 2001 - Resultados Provisórios

De facto, a perda de população residente no Concelho não é acompanhada pela redução do

número de famílias. Este fenómeno poderá significar o retorno de alguns dos nossos

emigrantes. Para além disso, poderá também querer dizer que o Concelho começa agora a

exercer maior capacidade de fixação junto dos jovens, nomeadamente, de casais jovens.

Quadro 8 - Famílias Clássicas Residentes, Segundo a sua Dimensão, 1991/2001

Famílias Clássicas segundo a Dimensão

Ano Total

Com 1

elemento

Com 2

elementos

Com 3

elementos

Com 4

elementos

Com 5 ou mais

elementos

1991 3400 417 951 726 752

554

2001 3736 581 1195 920 733 307

Fonte: INE, Censos 2001- Resultados Provisórios/ INE, Censos 1991 – Resultados definitivos

Contudo, o aumento verificado no número de agregados familiares não se repercute também

na sua dimensão já que, em média, cada família não chega a ter três elementos. No Concelho,

as famílias clássicas são maioritariamente constituídas por 2 e 3 elementos. Seguem-se as

famílias com 4 e 1 elementos. Contrariamente, são poucas as famílias com 5 ou + elementos.

Comparativamente a 1991, aumentaram as famílias com apenas 1,2 e 3 elementos ao passo

que diminuíram aquelas cujo agregado era composto por 4,5 ou mais elementos, ou seja, as

famílias mais numerosas.

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A diminuição do número de elementos por agregado familiar resulta do modelo de fecundidade

controlado, a que não são alheias as circunstâncias económicas e sociais que afectam a vida

familiar dos nossos dias. É também consequência inevitável de uma população em idade fértil,

cada vez mais reduzida. Por outro lado, o aumento do número de famílias com apenas 1

elemento relaciona-se sobretudo com o envelhecimento e o aumento da esperança de vida.

III - Caracterização Socio-Económica do Concelho 4 – Actividades Económicas

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4.1 – População Activa por Sector de Actividade A agricultura foi, ao longo dos séculos, a actividade económica predominante do concelho.

Contudo, o espírito empreendedor de alguns Mortaguenses do século passado permitiu também

que o concelho rentabilizasse os seus recursos naturais (a floresta e o barro) e fosse um

importante pólo de desenvolvimento industrial da região. Iniciou-se assim a actividade industrial

no Concelho e surgiu a figura do “operário/agricultor” que persiste até aos nossos dias.

Nas últimas décadas também o comércio e os serviços foram ganhando relevo no Concelho,

reflexo do próprio processo de terciarização da economia do país inerente ao seu processo de

desenvolvimento.

Segundo os Censos 1991, últimos dados oficiais disponíveis até ao momento sobre o assunto, o

Concelho tinha uma população activa com um total de 4151 pessoas empregadas nos três

sectores de actividade.

Com um total de 4403 indivíduos com actividade económica, o Concelho tinha 4151 indivíduos

empregados no total dos três sectores de actividade.

Gráfico 4 – População Empregada por Sector de Actividade, em 1991

30% 35%

35%

Primário Secundário Terciário

Fonte: INE, Censos 1991

O sector primário ocupava o primeiro lugar, com 1450 pessoas, o que representava 34,9% do

total da população empregada. O Sector Secundário, em segundo lugar, com 1438

representava 34,6% e o sector terciário, em terceiro lugar, com 1263 representava 30,4%.

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4.2 - SECTOR PRIMÁRIO

4.2.1 - Agricultura

A agricultura desempenhou através dos tempos importância crucial para o Concelho. Contudo,

esta é hoje uma actividade em declíneo. A crescente perda de importância da actividade

agrícola não poderá deixar de ser referenciada como o elemento mais marcante das

transformações do espaço rural nos nossos tempos.

À semelhança do que aconteceu por todo o país, o número de explorações agrícolas, sofreu um

acentuado decréscimo e simultaneamente também a população agrícola diminuiu. Durante

séculos o trabalho agrícola foi efectuado pelos braços de toda a família. A terra tinha assim o

importante papel de fixar e manter as pessoas. Com a redução do número de explorações, a

modernização da agricultura, a redução da importância económica e social deste tipo de

actividade, deu-se também o decréscimo do número total de famílias agrícolas. Conhecemos,

actualmente, as consequências sociais, demográficas e até culturais deste fenómeno. A própria

identidade agrícola está em “crise”. As representações sociais ligadas ao trabalho agrícola

tornaram-se progressivamente negativas, sobretudo, junto das gerações mais novas. Torna-se

assim urgente trabalhar estas representações sociais “reinventando” e “reconstruindo” uma

nova identidade Rural. Tanto mais que assistimos também hoje a um novo olhar para o mundo

rural – visto muitas vezes pelas novas gerações urbanas! Há um movimento lento, mas

crescente que olha o mundo rural realçando a qualidade de vida que oferece e reconhecendo

nele oportunidades que vão além da agricultura procurando responder a outros segmentos de

mercado ligados ao ambiente, cultura e turismo.

A ligação afectiva dos Mortaguenses à terra é grande. O sentimento de posse é também muito

forte e explica a divisão da propriedade tal como hoje a conhecemos.

Quadro 9 - Superfície Agrícola Utilizada (SAU) Concelho Conta própria

(ha)

Arrendamento

(ha)

Outras formas

(ha)

Mortágua

1099

18

165

Fonte: INE, Recenseamento Geral Agrícola, 1999

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Reforçando essa ideia, o quadro anterior mostra-nos que a esmagadora maioria da

superfície agrícola é utilizada por conta própria. Consequência da sucessiva divisão da

propriedade através das gerações, o concelho tem hoje propriedades agrícolas com exígua

dimensão média que não permitem ir além da agricultura de subsistência.

Quadro 10 - Número de Explorações, Superfície Agrícola Utilizada, População Agrícola

Concelho N.º explorações Área Total

(ha)

Superfície Agrícola

Utilizada (SAU)

(ha)

Blocos c/ SAU por

Exploração

(n.º/exploração)

População

Agrícola

(indivíduos)

Mortágua

865 7593 1282 10,46 2854

Fonte: INE, Recenseamento Geral da Agricultura, 1999

A leitura do quadro anterior permite-nos verificar a existência de 865 explorações

agrícolas e uma população agrícola total de 2854 indivíduos. Mostra-nos também que em média

cada exploração agrícola tem 10,46 blocos com superfície agrícola cultivada.

As explorações são na maioria de tipo familiar, pouco rentáveis e geridas numa

perspectiva de auto-consumo. Assim, os sistemas agrícolas praticados são policulturais de

orientação diversificada. Entre as principais produções agrícolas do concelho destacam-se a

batata, o milho, o trigo e o feijão. A vinha e o olival são as principais culturas permanentes da

região.

Mas a leitura dos dados apresentados permite-nos, também, alertar para o facto de que dos

7593 ha da área total, apenas 1 282 ha são superfície agrícola utilizada. Ou seja, apenas

16.88% da área deste concelho é utilizada para fins agrícolas. Este elemento assume extrema

importância, na medida em que a diminuição da actividade agrícola pode significar o abandono

dos campos cultivados, a deterioração da paisagem das nossas aldeias, o desequilíbrio dos

ecossistemas...

Refira-se, contudo, que a grande fatia dos nossos solos está coberta pela floresta (6220 ha) e

que, por norma, o fim da actividade agrícola não significa o abandono total dos campos, mas

sim a sua florestação.

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Quadro 11 - Distribuição dos Produtores Agrícolas Singulares, por Sexo, Grupo Etário, Nível de

Instrução e Tempo Ocupado na Produção. Portugal % Região

Centro % Nut- Dão Lafões % Concelho

Mortágua %

Produtor Agrícola Singular/ n.º indivíduos 409 308 100 127 205 100 24 351 100 854 100

Sexo: Homens 314 254 76.7 97 115 76.3 16 857 69.2 664 77.7 Sexo: Mulheres 95 054 23.2 30 090 23.6 7 494 30.7 190 22.2

Idade: <25 1543 0.3 232 0.1 41 0.1 3 0.3 Idade: 25 a<40 347 66 8.4 8 472 6.6 1 783 7.3 43 5.0 Idade: 40 a <55 107 299 26.2 33 498 26.3 7 338 30.1 179 20.9 Idade: 55 a <65 111 102 27.1 36 069 28.3 7 229 29.6 289 33.8 Idade: >= 65 154 598 37.7 48 934 38.4 7 960 32.6 240 28.1

Nível Instrução: Nenhum 140 706 34.3 42 743 33.6 7 989 32.8 199 23.3

Nível Instrução: Básico 249 281 60.9 79 991 62.8 15 658 64.3 639 74.8 N. Instrução: Secundário 8 929 2.1 2 052 1.6 296 1.2 9 1.0

N. Instrução: Superior 10 392 2.5 2 419 1.9 408 1.6 7 0.8 Tempo Trabalho

Agrícola, >0 a <50 % 205 867 50.2 60 373 47.4 8 304 34.1 297 34.7

Tempo Trabalho Agrícola, >=50% a

<100 % 136 397 33.3 49 409 38.8 12 719 52.2 451 52.8

Tempo Trabalho Agrícola, tempo

completo 67 044 16. 3 17 423 13. 6 3 328 13.6 106 12.4

Actividade exterior remunerada- Principal 115 890 28.3 37 465 29.4 5 990 24.5 267 31.2

Actividade exterior remunerada- Secundária

7 825 1. 9 1 785 1.4 454 1.8 6 0.7

Fonte: INE, Recenseamento Geral da Agricultura,1999

Segundo o Recenseamento Geral Agrícola 1999, existiam no Concelho de Mortágua 854

produtores agrícolas singulares. A grande maioria destes produtores é do sexo masculino e

pertence ao grupo dos indivíduos dos 55 aos 64 anos e 65 e mais anos, o que denota o forte

envelhecimento dos produtores agrícolas. Apesar de tudo, o Concelho de Mortágua distingue-se

da Nut III, da Região Centro e do País na medida em que os produtores agrícolas se situam

ainda abaixo dos 65 anos.

À semelhança do que acontece na generalidade do país, a maior parte dos produtores agrícolas

do concelho tem um baixo nível de instrução. Refira-se também a quase inexistência de

produtores agrícolas com níveis superiores de instrução, apenas 7.

Analisando o tempo ocupado na produção agrícola, verificamos que apesar dos produtores

agrícolas do concelho ocuparem mais tempo nas actividades agrícolas do que os da Região

Centro e do País, a grande maioria não o faz a 100%. Apenas 12,4% destes produtores o

fazem a tempo completo.

Como vimos anteriormente, longe da lógica empresarial, a terra e a agricultura assumem

muitas vezes uma função de complementaridade de outras actividades e uma lógica de

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pluriactividade. De facto, 31,2% dos produtores agrícolas do concelho têm uma actividade

exterior remunerada que se assume como actividade principal. Sabemos que grande parte da

população concelhia tem a sua “horta” para consumo familiar. De facto, “a terra e a agricultura

assumem uma função claramente económica, contribuindo directa e indirectamente para a

economia familiar, mas reveste também uma função de previdência, na medida em que ela

constitui também um recurso ”seguro” contra a aleatoriedade dos ciclos profissionais, cada vez

mais precários e incertos. Por outro lado, aludindo ao conteúdo simbólico desta relação com a

propriedade fundiária, não poderão deixar de ser referidas a importância da propriedade dentro

do sistema de relações sociais locais e a transmissão intergeracional da terra” (Jornal Pessoas e

Lugares, nº 23, Outubro 2001,10º Caderno Temático: pág.5)

À semelhança do que acontece com as actividades agrícolas, a produção pecuária assume

também uma perspectiva maioritariamente de autoconsumo. A matança do porco para

consumo familiar faz ainda parte do modo de vida das nossas gentes. A matança do “gado” em

ocasião de festa, base para a confecção da nossa tradicional xanfana, é ainda uma realidade.

Assim, estamos perante um concelho onde a produção animal tem grande expressão ao nível

das espécies de suínos e ovinos.

No que diz respeito à produção pecuária industrial, têm expressão no concelho as actividades

ligadas à cunicultura e à criação de aves.

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4.2.2 - Floresta

A floresta é o principal recurso natural existente no Concelho. O sector florestal assumiu no

passado e assume também no presente, extrema importância para o Concelho.

Gráfico 5 – Uso do solo no Concelho de Mortágua

84%

11% 2% 3%

Área Florestal Área Agrícola

Incultos Outras áreas

Fonte: CCRC,1999b;DGF,1999 in Lusitânia, “A floresta, Práticas e perspectivas... raízes

para o desenvolvimento da floresta!”, Viseu, 2000, pág.2.11

A figura anterior permite-nos salientar que a área florestal representa 84% da área do

concelho. Ou seja, permite-nos visualizar a extensa mancha florestal que pinta de verde a

paisagem das dez freguesias do Concelho.

Quadro 12 - Usos do solo no Concelho de Mortágua e Região Dão-Lafões Concelho Superficie

(ha) Área

Florestal Taxa

Florestal(%)

Área agrícola

Taxa Agrícola

(%)

Área de incultos

Taxa de inculto

(%)

Outras Áreas

Taxa de outras áreas (%)

Mortágua

24859 20860 84 2730 11 499 2 770 3

Dão-Lafões

368308 162820 45 96250 26 86338 23 22900 6

Fonte: CCRC,1999b;DGF,1999 in Lusitânia, “A floresta, Práticas e perspectivas... raízes para o desenvolvimento da

floresta!”, Viseu, 2000, pág.2.11

Ao compararmos o uso do solo no Concelho com concelhos limítrofes ou mesmo com a região

Dão-Lafões, a taxa florestal do concelho duplica, destacando, ainda mais, o seu grau de

importância.

Actualmente a mancha florestal é maioritariamente constituída pelo eucalipto. Contudo, o

pinheiro bravo foi, no passado, a espécie predominante no Concelho.

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O grande desenvolvimento industrial do Concelho iniciado nos anos 20 do Século passado tinha

como matéria prima esta espécie florestal. Enquanto que o eucalipto se resume à matéria-prima

para o fabrico da pasta de papel, contribuindo significativamente para o rendimento das

famílias, o pinheiro bravo é, em grande parte canalizado para as pequenas serrações de

madeira que ainda existem na região, para a transformação de material de construção civil e

paletes e também para mobiliário ou aglomerados de madeira.

O eucalipto substituiu o pinheiro bravo e, à medida que as terras agrícolas foram deixando de

ser cultivadas, “substituiu” também as culturas agrícolas. Em síntese, a massificação da floresta

de eucalipto que contribuiu significativamente para o aumento do rendimento das famílias,

contribuiu simultaneamente para o fim do ciclo das serrações de madeira no concelho e para o

abandono das terras agrícolas.

À extensa mancha florestal do concelho associamos também imagens horrendas dos incêndios

que marcaram o nosso passado e a enorme luta travada para que estas não assombrem o

presente e o futuro do Concelho. Actuando preventivamente, foram desenvolvidos esforços no

sentido de criar pontos de água de fácil acesso e estradas florestais um pouco por todas as

freguesias. Também a limpeza e asseio desses caminhos e da própria floresta tem merecido a

atenção das entidades locais. Neste sentido, deve também aqui referir-se a instalação em

Mortágua de uma Central Termoeléctrica de queima de resíduos, que contribui não só para um

melhor escoamento dos resíduos florestais, mas também para uma melhor limpeza da floresta e

consequentemente para a diminuição da probabilidade de ocorrência de incêndios.

ASSOCIATIVISMO

Ao nível do sector primário existem no Concelho três Cooperativas Agrícolas e uma Associação

de Produtores Florestais.

Entidades associativas/Cooperativas existentes no concelho

CALME – Cooperativa agrícola “A lavoura de Mortágua”

CAMOR – Cooperativa Agrícola de Mortágua

APFM – Associação de Produtores Florestais de Mortágua

CABA - Cooperativa Agrícola Beira Aguieira

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4.3 - SECTOR SECUNDÁRIO

4.3.1 - Indústria

Como anteriormente referimos, o grande dinamismo industrial do concelho vivido no século

passado esteve intimamente relacionado com as serrações de madeira e as cerâmicas do barro

vermelho. Contudo, o contexto de retracção económica nacional que levou à perda de

dinamismo da actividade industrial, um pouco por todo o país, na década de 80/90, reflectiu-se

também a nível concelhio e teve como consequência a redução gradual de importância destas

indústrias tradicionais assentes nos recursos locais.

Terminado este ciclo, foi, contudo, iniciado uma nova era de produção industrial a que não

esteve alheia a criação do Parque Industrial do Concelho. Surgiram assim novas unidades

industriais/serviços de pequena e média dimensão e assistiu-se à modernização tecnológica de

algumas existentes, o que levou a uma maior diversidade das actividades industriais e ao

alargamento das actividades terciárias, assistindo-se a uma mudança perfil sócio-económico do

concelho.

Em Dezembro de 1999, segundo o Anuário Estatístico da Região Centro, existiam no Concelho

de Mortágua 111 empresas de indústria transformadora.

Quadro 13 – Empresas com Sede no Concelho e NUT Dão-Lafões segundo o CAE*- VER.2 em 31.12.99 Indústria Transformadora

Total DA DB DC DD DE DF+DG DH DI DJ DK DL DM DN Concelhos Nº

Dão-Lafões

2442 495 361 15 383 95 29 27 156 569 48 22 11 231

Mortágua

111 23 10 - 24 2 2 - 7 24 3 - - 16

Fonte: INE, Anuário Estatístico da Região Centro, 19993

* LEGENDA _________________________________________________________ CAE DA Indústrias Alimentares, das Bebidas e do Tabaco DB Indústria Têxtil DC Indústria do Couro e dos Produtos do Couro DD – Indústrias da Madeira e da Cortiça e suas Obras DE – Indústrias de Pasta, de Papel e Cartão e seus artigos; edição e Impressão DF – Fabricação de Coque, produtos petrolíferos refinados e combustível nuclear DG – Fabricação de Produtos Químicos e de Fibras Sintéticas ou artificiais DH – Fabricação de artigos de Borracha e de matérias plásticas DI – Fabricação de outros minerais não metálicos DJ – Indústrias Metalúrgicas de base e de produtos metálicos DK – Fabricação de máquinas e de equipamentos, N.E. DL – Fabricação de equipamento eléctrico e de óptica DM – Fabricação de material de transporte DN – Indústrias transformadoras, N.E.

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Em termos de importância numérica, continuam a destacar-se as indústrias da madeira e suas

obras (serrações e carpintarias) e para além destas, as indústrias metalúrgicas de base e de

produtos metálicos, alimentares e outras indústrias transformadoras não especificadas.

Quadro14 - Pessoal ao serviço nas sociedades com sede no Concelho segundo a CAE* – VER.2 em 31.12.98 – Indústria Transformadora

Total DA DB DC DD DE DF+DG DH DI DJ DK DL DM DN Concelhos Nº

Dão-Lafões

14882 1853 3855 45 1495 441 315 551 1431 2070 512 40 1245 1029

Mortágua

675 45 - - 126 - - - 298 39 - - - 90

Fonte: INE, Anuário Estatístico da Região Centro, 1999 No que diz respeito ao número de trabalhadores ao serviço nos diferentes tipos de indústria

transformadora, verifica-se que as sociedades que empregam maior número de pessoas se

referem à fabricação de outros produtos minerais não metálicos, em segundo lugar, a indústria

de madeira e suas obras e, em terceiro lugar, às indústrias transformadoras não especificadas.

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4.3.2 – Construção Civil

Se analisarmos as empresas existentes segundo a Classificação das Actividades Económicas

verificamos que este concelho se caracteriza por uma vasta diversidade empresarial.

Quadro15 - Empresas com Sede no Concelho segundo a CAE Total N.I. A+B C D E F G H I J K L a Q Mortágua

1 524 41 333 - 111 - 521 316 74 13 23 52 40

Fonte: INE, Anuário Estatístico para a Região Centro, 1999

As empresas de construção civil ocupavam o primeiro lugar do total de empresas existentes no

Concelho. As empresas relacionadas com a agricultura, produção animal, caça e silvicultura e a

pesca ocupavam o segundo lugar, o comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos

automóveis e de bens de uso pessoal e doméstico; ocupavam o terceiro lugar e as indústrias

transformadoras; das quais se destacam as indústrias da madeira e suas obras, ocupavam o

quatro lugar.

A construção civil e o sector imobiliário tem representado um importante papel na economia do

Concelho, não só em termos de emprego como também de capital.

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4.4 - SECTOR TERCIÁRIO

4.4.1 - Comércio e Serviços

O número de empresas do sector terciário apresentado no quadro anterior permite-nos afirmar

a importância deste sector para o Concelho. A tendência para a terciarização da economia tem

vindo a acentuar-se nas últimas décadas. Actualmente, o concelho conta com 220

estabelecimentos comerciais.

Quadro 16 - Sociedades com Sede no Concelho de Mortágua e Pessoal ao Serviço das Mesmas. Total N.I. A+B C D E F G H I J K L a Q

N.º Sociedades 185 - 25 - 38 - 14 59 10 5 2 21 11

Pessoal ao Serviço 1378 - 209 - 675 - 98 270 - 20 - 34 15

Volume Vendas/

1 000 000 16 025 - 3456 - 4 432 - 601 6 253 - 168 - 174 52

Fonte: Anuário Estatístico para a Região Centro, 1999

______________________________________________________________________ Classificação das Actividades Económicas:

N.I- Não Identificada- Actividades mal Definidas I- Transportes, Armazenagem e Comunicações

A- Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura J- Actividades Financeiras

B- Pesca K- Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços Prestados às Empresas

C- Industrias Extractivas L- Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória

D- Indústrias Transformadoras M- Educação

E- Produção e Distribuição de Electricidade, de Gás e de Água N- Saúde e Acção Social F-Construção O- Outras actividades de Serviços Colectivos, Sociais e

Pessoais

G- Comércio por Grosso e a Retalho, Rep. de Veículos Automóveis, P- Famílias com Empregados Domésticos

Motociclos e de Bens de Uso Pessoal e Doméstico Q- Organismos Internacionais e Outras Instituições Extra- Territoriai

H - Alojamentos e resaturação

I- Tsportes, Armazenagem e Comunicações

J- Actividades financeiras

K – Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços prestados às empresas

L – Administração Pública, defesa e Segurança Social Obrigatória

M – Educação

N – Saúde e acção social

O – Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoaois

P – Famílias com empregados domésticos

Q – Organismos internacionais e outras instituições extra-territoriais

__________________________________________________________________________

Ao analisarmos o número de sociedades com sede no Concelho e o pessoal ao serviço das

mesmas, verificamos que a área do comércio por grosso e retalho se evidencia.

O grande volume de vendas do comércio por grosso e a retalho, da reparação de veículos

automóveis e de bens de uso pessoal e doméstico, traduz a dinâmica vivida por este sector no

concelho.

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Deve também salientar-se o relevo que os serviços de proximidade tem vindo a assumir nos

últimos anos, nomeadamente, ao nível da absorção de mão-de-obra feminina.

Importa ainda referir que, para além dos estabelecimentos comerciais, existem ainda outros

serviços ao dispôr da população Mortaguense e seus visitantes. Destacam-se:

• 2 agências imobiliárias

• 1 agência de viagens

• 3 escolas de condução

• 4 escritórios de advocacia

• 6 gabinetes de contabilidade

• 6 gabinetes de projectos e construção civil

Existem ainda os seguintes serviços públicos:

• 1 repartição de finanças

• 1 cartório notarial

•1 Conservatória de registo civil

•1 conservatória de registo predial

•1 serviço local de segurança social

•1 posto GNR

•1 corporação de Bombeiros

•1 CTT

•1 agência “águas do planalto”

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4.4.2 – Turismo Apesar das inúmeras potencialidades locais para o desenvolvimento do sector turístico, este é

ainda um sector com um significado relativo para o concelho.

A albufeira da Aguieira, a manutenção do património rural e o enquadramento paisagístico do

Concelho criam condições óptimas para o desenvolvimento de actividades turísticas de

qualidade, nomeadamente do turismo de aldeia e do turismo em espaço rural. Apesar da

construção do Empreendimento Turístico do Vale da Aguieira significar um primeiro passo no

sentido do desenvolvimento turístico do Concelho, muitas são as áreas ainda a desbravar. Por

exemplo, em termos de infraestruturas de alojamento, o Concelho tem apenas licenciada pela

Direcção Geral do Turismo a pensão “Juíz de Fora” com 12 quartos e capacidade para 24

pessoas.

Quadro 17 - Estabelecimentos, Quartos e Capacidade de Alojamento no Concelho de Mortágua. Total Hotéis Pensões

Estabele-cimentos Quartos Capacidade Estabele-

cimentos Quartos Capacidade Estabele- cimentos Quartos Capacidade

Mortágua

1 12 24 - - - 1 12 24

Fonte: INE, Anuário Estatístico para a Região Centro, 1999

Segundo o Anuário Estatístico da Região Centro 1999, esta pensão albergou durante o ano de

1998, 161 hóspedes dos quais apenas 2 não tinham nacionalidade portuguesa.

Para além desta, encontram-se ainda no Concelho duas outras estruturas de alojamento, a

residencial “Pôr do Sol” e “Lagoa Azul”.

O turismo e as actividades que lhe são complementares (alojamento, restauração, animação

cultural, etc.) são, pois, áreas de investimento onde é ainda necessário apostar.

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4.4.3 – Rendimento e Consumo À semelhança do que acontece na maioria dos concelhos rurais e pouco populosos do interior e

segundo o Estudo Sobre o Poder de Compra Concelhio/2000 do INE, o Concelho de Mortágua

tem um poder de compra per capita (IpC 57,53) inferior ao registado na Região Centro (IpC

77,53) e bastante abaixo dos registados pelos grandes municípios urbanos (por exemplo, IpC

Lisboa 305,19). O Indicador per Capita (IpC) é um número índice que compara o poder de

compra regularmente manifestado nos diferentes concelhos e regiões , em termos de per

capita, com o poder de compra médio do País a que foi atribuído o valor 100.

A Percentagem do Poder de Compra (PPC) é um indicador, indeferido do Indicador per capita

do poder de compra, que se propõe medir o peso do poder de compra de cada concelho (e

região) no total do país que soma o total de 100. Se tivermos em conta este indicador, a Região

Centro representa 13,29% do poder de compra em Portugal, a Região Dão Lafões 1,83% e o

Concelho de Mortágua 0,0596%.

Este indicador evidencia ainda mais as assimetrias nacionais. Através dele, constata-se, por

exemplo, que a Região de Lisboa e Vale do Tejo representa sozinha, mais de 45% do poder de

compra do país.

Vejamos agora quais os estabelecimentos bancários existentes no concelho.

Caixa Geral de Depósitos

+ Caixa Multibanco

Banco Nacional Ultramarino

+ Caixa multibanco

Atlântico

+ Caixa Multibanco

BANIF

+ Caixa Multibanco

Caixa de Crédito Agrícola Mútuo

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Com grande tradição de poupança, vejamos como se configura actualmente o movimento

bancário no Concelho.

Quadro 18 - Movimento Bancário e Caixas Multibanco em 1998.

Depósitos/ 1 000 000 Esc. Crédito Concedido/ 1 000 000 Esc. Caixas Multibanco

Levantamentos Outras Operações

Total Ordem Prazo

Juros de

Depósitos 1 000 000

Esc. Total Habitação

Juros e Proveitos

Equiparados/1 000 000

Esc.

Total Caixas

Milhares 1 000 000 Esc.

Milhares

24 035

5 670 11 447 822 21 337 963 1 223 4 78 834 56

Fonte: Anuário Estatístico para a Região Centro, 1999

Segundo o quadro anterior, verifica-se que os depósitos a prazo continuam a ser significativos

no concelho. Contudo, a relação entre o total de depósitos e o total de crédito concedido

suscita algumas questões. O volume de crédito concedido, do qual o crédito para a habitação

representa apenas 4,5%, atinge valores muito próximos do total de depósitos. Resta saber a

que se refere este tipo de crédito, se ao investimento ou ao consumo. Efectuando uma análise

superficial e meramente especulativa, poderemos avançar como hipótese mais provável o

aumento do consumo.

III - Caracterização Sócio-Económica do Concelho

5 – Emprego e Formação Profissional

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5.1 – Emprego

O mercado de trabalho tem vindo a sofrer nas últimas décadas profundas alterações em

consequência das transformações que têm ocorrido nas relações entre as estruturas familiares

e o mercado de trabalho. A generalização da presença no mercado de trabalho dos dois

elementos adultos do casal, frequentemente em regimes diferenciados de trabalho, tem como

consequência a existência de altas taxas de actividade, inclusivamente entre as mulheres.

Essas alterações conjunturais reflectem-se também na esfera local. Enquanto “actores sociais”,

todos nós nos apercebemos dessas mutações. Aguardamos assim, com expectativa, a

divulgação dos dados estatísticos dos Censos 2001 que nos permitirão estabelecer análises

comparativas com os Censos 1991 e auferir objectivamente a dimensão dessas alterações.

Segundo os Censos de 19914, o Concelho de Mortágua apresentava uma taxa de actividade de

41,3%, ou seja, uma taxa situada acima dos nossos Concelhos vizinhos, ao nível Região Centro

e ligeiramente abaixo da verificada para o País. Quadro 19 - Estrutura da População Activa

Concelho Taxa de Actividade

(%)

1991

População Activa Empregada por

Sector

(1991)

Taxa de Desemprego (%)

1991

HM H M Primário Secundário Terciário HM H M

Mortágua 41,3 52,3 30,8 1450 1438 1263 5,7 3 10,1

Região

Centro

41,4 51,6 32 115515 262869 299118 5 3,2 7,6

Portugal 50,5 57,3 44,2 n.d n.d n.d. 4,4 3,8 5,1

Fonte: INE, Censos 91, XIII Recenseamento Geral da População, 1991

Ao analisarmos a taxa de actividade segundo a variável sexo, verificamos que é maior a taxa de

actividade masculina, o que continua a reflectir um peso maior dos homens na vida activa. Essa

diferença de representação dos sexos no mercado de trabalho acentua-se ainda mais quando

estabelecemos a comparação entre o Concelho e o País. Saliente-se que a taxa de actividade

feminina em 1991 no Concelho de Mortágua era de 30,8% e a do país era de 44,2%.

Contudo, ao longo da última década esta tendência parece ter vindo a alterar-se. As mulheres

têm vindo cada vez mais a alargar o seu leque de responsabilidades e a integrar o mercado de

trabalho, abarcando e aliando assim as responsabilidades da esfera pública e privada. Contudo,

4 Socorremo-nos dos dados estatísticos do Recenseamento geral de 1991, uma vez que o INE ainda não disponibilizou os dados relativos a 2001

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Câmara Municipal de Mortágua 49

as desigualdades de oportunidades entre os sexos, continuam a sentir-se e isso reflecte-se na

dificuldade que sentem na obtenção de um primeiro/novo emprego, ou seja, na integração no

mercado formal de emprego.

Segundo o Plano Nacional de Emprego (DR – I Série B, nº 194 – 6-5- 1998, pág.203), “o

comportamento global do sistema de emprego português é ainda marcado por importantes

assimetrias no que respeita à situação relativa das mulheres. Apesar de possuírem uma elevada

presença no mercado de trabalho, as mulheres detêm taxas de emprego mais baixas e com

uma expressiva concentração em algumas actividades tradicionais de baixos salários, taxas de

desemprego mais elevadas, baixos salários, taxas de desemprego mais elevadas,

particularmente nos grupos dos jovens e dos DLD (desempregados de Longa Duração) e um

significativo diferencial salarial em relação aos homens. Embora possuam, em média e

especialmente entre os jovens, níveis habilitacionais mais elevados, as mulheres estão sub-

representadas nos níveis mais elevados de qualificações”

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5.2 - Desemprego

Segundo os Censos de 1991, o Concelho de Mortágua apresentava uma taxa de desemprego de

5,7%. Esta taxa situava-se acima da média do país (4,4%), sobretudo em consequência da

elevada taxa de desemprego feminina (10,1%). Confirmando a ideia acima citada, são também

as mulheres que engrossam as fileiras do desemprego a nível nacional e também a nível local.

Apesar de não podermos ainda estabelecer comparações com os Censos 2001, podemos

contudo analisar a evolução do desemprego através dos dados fornecidos pelo Centro de

Emprego de Tondela.

Quadro 20 – Rácios corrigidos do desemprego registado no 4º trimestre de 2001

Concelhos Média do 4º trimestre

Carregal do Sal 2,9%

Mortágua 2,2%

Santa Comba Dão 2,8%

Tondela 2,6%

Fonte: IEFP – PL – ES – Estatísticas do Desemprego Registado e Rácios Corrigidos

De facto, a taxa média de desemprego de 2,2% situa-se abaixo dos rácios verificados nos

nossos concelhos vizinhos, na Região Centro (2,7) e no Continente (4,2). A análise deste dados

permite-nos afirmar que o desemprego não é um problema social no Concelho de Mortágua.

Vejamos agora qual o comportamento do desemprego no Concelho nos últimos anos.

Quadro 21 - Distribuição do número de Desempregados por Ano/ Sexo. Número de Desempregados

Sexo Ano

Masculino Feminino

Total

1995 134 189 323

1996 128 182 310

1997 99 152 251

1998 88 113 201

1999 101 141 242

2000 95 127 222

2001 80 124 204

2002(*) _ _ 240

Fonte: Centro de Emprego de Tondela/2001. Nota: (*os dados de 2002 referem-se ao 1º trimestre e não foram

fornecidos segundo o sexo)

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O quadro 21 demonstra, uma vez mais, a desproporção do desemprego entre os sexos.

Efectivamente, o número de desempregados do Concelho inscritos no Centro de Emprego de

Tondela é maioritariamente feminino.

Apesar do significativo aumento do número de desempregados no início do corrente ano*, em

traços gerais, e para ambos os sexos, o desemprego apresenta nos últimos cinco anos, uma

tendência decrescente. Salienta-se, contudo, a acentuada diminuição do número de

desempregados do sexo feminino, o que poderá encontrar explicação no aumento dos postos

de trabalho criados pelos serviços de proximidade que nos últimos anos se têm desenvolvido no

concelho.

Repare-se que passamos de 189 mulheres inscritas em 1995 para 124 em 2001. Para este facto

contribuiu a criação e dinamização do Parque Industrial, o aparecimento de novas empresas e

de novos empregos.

O Concelho tem vindo a alargar o seu tecido empresarial fundamentalmente com base na

multiplicação das empresas de pequena e média dimensão (até 20 trabalhadores), onde o

recrutamento é efectuado prioritariamente com recurso a pessoal pouco qualificado e as

oportunidades de formação são reduzidas. O sector terciário tem vindo a assumir uma

preponderância crescente. A área social foi também importante na absorção da mão-de-obra,

sobretudo da mão-de-obra feminina.

*Em consequência do encerramento de uma unidade fabril do concelho

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A grande maioria dos desempregados do Concelho de Mortágua permanece inscrita no Centro

de Emprego de Tondela menos de um ano. Contudo, os desempregados de longa duração, ou

seja, desempregados inscritos um ano ou mais, tem vindo a aumentar. Este dado deve prender

a nossa atenção, uma vez que os desempregados de longa duração têm normalmente grandes

dificuldades de inserção profissional. Sendo assim, é natural que as dificuldades sejam maiores

para quem procura um novo emprego, assumindo nos últimos cinco anos, valores superiores

àqueles que procuram o primeiro emprego. Ou seja, é mais difícil mudar de emprego ou

arranjar novo emprego do que fazê-lo pela primeira vez.

Quadro 22 - Desempregados Inscritos no Centro de Emprego, por Categoria. Ano 1.º Emprego Novo Emprego Total

1995 37 286 323

1996 41 269 310

1997 30 221 251

1998 36 165 201

1999 48 194 242

2000 24 198 222

2001 18 186 204

Fonte: Centro de Emprego de Tondela/ 2001.

Um outro factor de peso na procura de emprego, está relacionado com as habilitações

literárias. Sabemos também que as dificuldades na obtenção de um emprego são acrescidas

pelo baixo nível de habilitações que caracterizam os nosso desempregados. A análise da

distribuição da população desempregada por níveis de escolaridade revela-nos que esta se

caracteriza por possuir uma escolaridade muito reduzida. Mais de 50% do total dos

desempregados do Concelho possuem habilitações literárias que se situam ao nível do 1º ciclo.

Contrariamente, e apesar de ter vindo a aumentar nos últimos anos, a expressão da população

desempregada que possui um nível médio ou superior de instrução é insignificante.

Quadro 23 – Número de Desempregados inscritos, segundo as Habilitações Literárias e o sexo.

Ano «1º ciclo 2.º e 3º

Ciclos

Ensino

SecundárioBacharelato

Lic./

Mestr. Total

1997 140 106 2 3 251

1998 101 95 1 4 201

1999 120 69 41 4 8 242

2000 131 52 29 2 8 222

2001 112 51 30 4 7 204

Fonte: Centro de Emprego de Tondela/2001

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Da leitura deste quadro podemos também aferir que o desemprego no Concelho,

nomeadamente o feminino, está intimamente relacionado com o baixo nível de instrução da

população. Esse é um dos grandes problemas do mercado de trabalho local, que tem sido

ultrapassado na medida em que a grande maioria das empresas existentes no concelho

procuram mão-de-obra indiferenciada.

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5.3 - Formação Profissional

Sabemos que a nova e moderna estrutura empresarial cria novas exigências em termos de

qualificação de mão-de-obra, pelo que o grande desafio que se coloca ao concelho prende-se

com a formação profissional dos activos empregados e desempregados, de modo a minorar a

desarticulação existente entre a oferta de mão-de-obra e as exigências de mercado.

Alguns esforços nesse sentido foram já desenvolvidos. Programas como as “Escolas Oficinas”,

desenvolvidos em parceria pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional/Centro de

Emprego de Tondela e a ADICES, contribuíram para a formação (sobretudo de mulheres) e, em

alguns casos, para a sua inserção sócio – profissional. Actualmente, encontra-se também a

decorrer um curso no âmbito do programa formação especial, organizado pelo IEBA em

parceria com o IEFP/CET com o objectivo de formar 12 “Amas”. As oportunidades de financiamento de actividades formativas financiadas pelos Quadros

Comunitários de Apoio foram também captadas pelas entidades do Concelho e da região. A

ADICES – Associação de Desenvolvimento de Iniciativas Culturais Económicas e Sociais, o IEBA

– Iniciativas empresariais Beira Aguieira e a Santa Casa da Misericórdia de Mortágua

desenvolveram, e em alguns casos desenvolvem, formação financiada pelos Quadros

Comunitários de Apoio. As mulheres desempregadas com espírito empreendedor foram, por

exemplo, beneficiárias de Programas como o NOW (New Opportunities for Woman). Apesar dos

constrangimentos, conhecem-se alguns resultados positivos destes projectos. Pelo menos três

destas formandas criaram o seu próprio emprego no concelho.

Também as mulheres desempregadas de longa duração, com baixa escolaridade e, em alguns

casos, beneficiárias de Rendimento Mínimo Garantido, tiveram oportunidade de frequentar os

cursos de Gestão Doméstica e de Apoio Social a Idosos desenvolvidos pela Santa Casa da

Misericórdia, financiados pelo Programa INTEGRAR e que tinham por objectivo a aquisição de

competências pessoais e profissionais no âmbito dos serviços de proximidade.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 55

5.4 – Programas Ocupacionais

Os Programas Ocupacionais tem também sido outra das estratégias utilizadas pelo Centro de

Emprego em parceria com outras entidades, para promoção da inserção sócio-profissional dos

desempregados subsidiados e para desempregados em comprovada carência económica. Quadro 24 - Número de Beneficiários de Programas Ocupacionais

Sexo Ano

M F Total Integrados após o Final do Programa

1999 15 13 28 3 2000 11 13 24 5 2001 14 17 31 4

Centro de Emprego de Tondela/Inquérito do Programa Rede Social 2001

III - Caracterização Sócio-Económica do Concelho 6 - Educação

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 57

6.1 – Estabelecimentos de Ensino O Concelho de Mortágua possui, na sua área de abrangência, diversos estabelecimentos de

ensino da rede pública, entre Jardins de Infância, Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, 2º e 3º

Ciclos, bem como, do Ensino Secundário, como se pode observar no Quadro seguinte.

Relativamente aos Jardins de Infância é importante sublinhar que existe, também, um de

carácter privado.

Quadro 25 - Estabelecimentos de Ensino da Rede Pública do Concelho, 2001

Jardins de

Infância

Itinerante E. B. 1.º

Ciclo

E. B. 2.º e 3.º

Ciclos

Ensino mediatizado Escolas

Secundária Escola Profissional

Cercosa 1 Espinho 1 1

Sta. Cristina 1 Sobrosa 1 1 Vila Boa 1 Barracão 1 1

Marmeleira 1 1 Mortágua 2* 1 1 1 1 Almacinha 1

Freixo 1 1 Vale de Açores 1 1

Pala nº 1 1 1 Pala nº2 1 Palheiros 1 Sardoal 1 Sobral

Felgueira 1 1 Mortazel 1

Riomilheiro 1 Vale de Paredes 1 1

Vila Meã 1 1 Vila Moinhos 1 1

Vila Nova 1 1 Trezoi 1 1

Vale de Remígio 1 1

Gândara 1 Total 12 4 25 1 1 1 1

Fonte: Agrupamento de jardins e Escolas do Concelho de Mortágua (* 1 é o Jardim Escola João de Deus)

O quadro 25, mostra-nos que no presente ano lectivo se encontram em funcionamento no

Concelho 12 estabelecimentos de ensino pré-escolar fixos e 4 a funcionar em regime de

itinerância; 25 escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, 1 Escola de Ensino Mediatizado (Tele-

Escola), uma Escola Básica do 2º e 3º Ciclos, 1 Escola Secundária e 1 Escola Profissional.

A rede de ensino pré-escolar e de 1º ciclo abarca estabelecimentos de ensino espalhados pelas

diversas freguesias.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 58

Contrariamente, os estabelecimentos de ensino do 2º e 3º ciclos, bem como do ensino

secundário e profissional, encontram-se localizados na vila de Mortágua

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 59

6.2 - O Ensino Pré-Escolar

Quadro 26 – Evolução da frequência do ensino pré-escolar, na última década

1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03

Almaça Não existem estabelecimentos de ensino pré-escolar

Cercosa (EPEI) _ _ _ _ _ _ _ 8 4 2 _ _

Cortegaça 11 11 12 12 5 8 6 3 3 _ _ _

Espinho 20 18 14 10 12 24 22 25 24 22 17 12

Barracão (EPEI) _ _ _ _ _ 11 9 10 10 10

6

8

Marmeleira 11 10 12 14 13 12 12 8 8 9 8 5

Mortágua 15 11 22 19 14 26 32 37 35 32 35 33 Mortágua J. I. João de Deus 28 32 37 29 28 28 25 28 30 41

47 50

Vale Açores 36 30 32 24 27 26 26 26 19 15 15 17 Freixo (EPEI) _ _ _ _ _ 5 4 3 3 2 2 2

Pala nº 1 16 13 11 10 11 5 15 16 15 22 18 20

Pala nº 2 (Vale-de-Carneiro) __ __

12 10 8 9 9 __ __ __

12 11

Sardoal (EPEI) 8 5 5

Sobral

Felgueira 13 12 10 12 9 11 9 8 10 7 8 8

V. Meã 15 14 14 15 11 12 12 15 11 8 10 10 V. Moinhos 14 11 11 11 10 15 15 16 13 13 12 12

V. Nova 10 10 8 12 12 13 12 11 13 11 13 11

Vale de Paredes (EPEI) __ __ __ __ __ __ __

3 2 2 2 1

Trezói (EPEI) _ _ _ _ _ 6 4 2 3 3 2 3 V. Remígio 16 11 13 12 12 7 10 8 11 12 12 11

Gândara 10 12 13 11 7 7 10 12 10 _ _ _

Total 223 200 226 201 179 225 232 239 224 211

219

214 Fonte: : Agrupamento de Jardins e Escolas do Concelho de Mortágua e Jardim Escola João de Deus : Jardim Escola João de Deus

Segundo o Decreto-Lei nº 147/97 de 11 de Junho, que define o regime jurídico do

desenvolvimento da educação pré-escolar, este tipo de educação “constitui a primeira etapa da

educação básica, destina-se a crianças com idades compreendidas entre os 3 anos e a idade de

ingresso no ensino básico. (...) constitui para o nosso tempo um factor decisivo de

modernização e desenvolvimento, desde que orientada por objectivos de qualidade e pelo

princípio de igualdade de oportunidades (...) e tem vindo a adquirir, progressivamente, uma

relevância significativa no âmbito das políticas educativa, social e económica, dos países da

União Europeia”.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 60

A cobertura do ensino pré-escolar no concelho é assegurada pela rede pública e também pela

Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) Jardim Escola João de Deus. Mercê das

políticas governamentais, foi possível alargar a taxa de cobertura do ensino pré-escolar nas

últimas décadas.

O quadro apresentado confirma esta ideia, salientando o aumento geral da frequência deste

tipo de ensino ao longo da última década, isto apesar da diminuição da natalidade e do número

total de crianças. Contudo, na última década deixou de funcionar o ensino pré-escolar nas

localidades de Cortegaça, Cercosa e Gândara.

No corrente ano lectivo de 2001/2002, frequentam o ensino pré-escolar 219 crianças. Os

estabelecimentos de ensino com maior número de crianças encontram-se na freguesia de

Mortágua, o que confirma a tendência para a concentração populacional, nomeadamente da

população mais jovem, em Mortágua. Acresce ainda o factor mobilidade das crianças das

restantes freguesias para Mortágua em virtude de aí também se localizar o emprego dos pais.

Gráfico 6- Evolução da frequência do ensino pré-escolar ao longo da última década

223200

226 201 179225

232239

224211 219

0

50

100

150

200

250

1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

Fonte: Agrupamento de Jardins e Escola do Concelho de Mortágua, Jardim Escola João de Deus

Inquérito Rede Social 2001

O gráfico evidencia que, apesar de existirem ligeiras oscilações, o número médio de crianças a

frequentar o ensino pré-escolar ao longo da última década tem vindo a situar-se nas 216,2

crianças.

No ano lectivo de 1996/97, o ensino pré-escolar itinerante passou também a existir no concelho

de Mortágua, abrangendo as localidades de Cercosa, Barracão, Trezói, Freixo e Vale-de-

Paredes. Apesar das condicionantes, este tipo de ensino justifica-se em função do reduzido

número de crianças nestas localidades. Ainda segundo o Decreto-Lei acima citado, “os Ministérios da Educação e da Solidariedade e

Segurança social devem assegurar a articulação institucional necessária à expansão e

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Câmara Municipal de Mortágua 61

desenvolvimento da rede nacional de educação pré-escolar, de acordo com os objectivos

enunciados na Lei quadro da Educação Pré-escolar, nomeadamente no que respeita:

a) À educação da criança e à promoção da qualidade pedagógica dos serviços educativos

a prestar;

b) Ao apoio às famílias, designadamente, no desenvolvimento de actividades de animação

sócio-educativa, de acordo com as suas necessidades:

c) Ao apoio financeiro a conceder aos estabelecimentos de educação pré-escolar.”

Assim, no âmbito dos serviços de apoio à família, os estabelecimentos de ensino pré-escolar de

Pala; Espinho; Mortágua e Marmeleira, possuem o serviço de refeição e prolongamento de

horário. O estabelecimento de ensino de Vale-de-Açores possui apenas o serviço de

prolongamento de horário.

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6.3 - Primeiro Ciclo do Ensino Básico

No corrente ano lectivo encontram-se em funcionamento 25 escolas do 1º CEB distribuídas

pelas dez freguesias do concelho de Mortágua e têm uma frequência total de 316 alunos.

Gráfico 7 - Evolução da frequência do 1º CEB, na última década.

726

630

556

510461

430 418

360 360325 326

0

100

200

300

400

500

600

700

800

19991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

Fonte: Agrupamento de Jardins e Escola do Concelho de Mortágua/Inquérito Rede Social 2001

A figura 7 evidencia a curva descendente na frequência das escolas do 1º CEB do Concelho de

Mortágua. Se compararmos os 726 alunos no ano lectivo de 1991/92, com os actuais 326

alunos, obtemos uma diminuição de efectivos na ordem dos 55%. A queda do número de

alunos acentua-se a partir do ano lectivo de 1998/99 e essa tendência persiste. A compreensão

deste decréscimo não pode ser dissociada da evolução demográfica do concelho de Mortágua.

No corrente ano lectivo, as escolas de Mortágua, Vale-de-Açores e Vila Moinhos (localidades

com maior densidade populacional) são também as que apresentam maior frequência de

alunos.

Actualmente, as escolas primárias de Espinho, Pala, Sardoal Nº 1, Vila Boa e Vale de Carneiro

possuem também serviço de refeição. As escolas de Espinho e Mortágua, têm disponível o

serviço de ATL.

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Quadro 27 –Evolução da frequência do 1º CEB ao longo da última década, por freguesia

1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03

Almaça 7 5 6 2 3 4 4 3 2 _ _ _

Cercosa 23 17 13 13 9 12 12 11 14 8 10 8

Cortegaça 11 11 13 12 14 15 11 8 3 - - _

Espinho 15 10 9 11 10 14 20 16 14 9 7 8 Barracão 21 22 22 21 19 17 14 14 14 14 15 13 Sta. Cristina 11 8 7 9 6 5 5 2 1 3 2 2 Sobrosa 25 21 21 23 23 25 19 15 17 16 18 20 V. Carneiro 42 41 30 25 24 21 21 11 11 10 8 8 V. Boa 21 22 12 7 6 6 7 7 5 6 7 5

Marmeleira 31 31 27 23 14 9 13 14 15 12 12 14 Caparrosinha 16 8 7 6 2 4 4 6 5 3 - -

Mortágua nº1 98 82 65 66 57 53 56 50 69 84 93 86 Mortágua nº2 (Gândara) 33 25 23 22 22 19 14 10 5 4

4 5

Almacinha 9 9 10 9 8 8 6 5 3 2 3 3 Freixo 12 8 13 14 13 13 15 12 8 8 6 5 Vale Açores 62 50 51 45 47 44 39 33 33 24 24 25

Pala 46 42 35 27 24 19 17 12 10 7 10 11 Eirigo 11 11 9 8 5 4 3 2 - - - - Sardoal n.º1 9 12 9 9 9 9 9 10 9 6 3 4 Sardoal n.º2 9 11 8 6 10 9 8 7 8 7 6 7

Sobral Felgueira 29 26 21 16 13 14 11 13 17 18 16 11 Mortazel 30 28 25 21 18 13 10 7 7 6 5 7 Riomilheiro 15 15 14 10 8 5 7 6 5 3 4 1 V. Paredes 5 3 2 2 3 3 5 7 6 4 4 4 V. Meã 31 25 21 21 22 24 21 19 19 15 17 17 V. Moinhos 41 32 25 27 22 21 21 19 25 23 22 23 V. Nova 28 21 24 23 21 15 20 19 16 14 14 12

Trezoi 6 6 7 4 4 3 4 6 6 5 6 4 Cerdeira 7 6 6 6 3 3 3 _ _ _ _ _

V. Remígio 22 22 21 22 22 19 19 16 13 14 10 11

Total 726 630 556 510 461 430 418 360 360 325 326 314

Fonte: Agrupamento de Jardins e Escolas do Concelho de Mortágua / Inquérito da Rede Social, 2002

O quadro 27 permite-nos salientar a diminuição do número de alunos que se vem verificando

ao longo da última década e que conduziu já ao encerramento de 5 escolas. Evidencia-se

também a existência de 14 escolas com menos de 10 alunos, cuja tendência será também para

encerrar. São elas: a escola de Cercosa (8 alunos), Espinho (8), Santa Cristina (2), Vale-de-

Carneiro (8), Vila Boa (5), Almacinha (3), Freixo (5), Sardoal nº 1 (4), Sardoal nº 2 (7),

Mortazel (7), Riomilheiro (1), Vale de Paredes (4), Trezói (4), Mortágua nº 2 (Gândara) (5).

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Câmara Municipal de Mortágua 64

O encerramento do número de lugares para professores e mesmo de algumas escolas reflecte a

rarefacção de alunos.

Gráfico 8 - Evolução do número de escolas e lugares ao longo da última década no Concelho.

escolaslugares

60

302925

0

10

20

30

40

50

60

1991 2001

Fonte: Agrupamento de Jardins e Escolas do Concelho de Mortágua/Inquérito Rede Social de Mortágua, 2001

Na última década foram encerradas 5 escolas e o número de lugares para professores passou

de 60 para 29, ou seja, desapareceram 30 lugares de professores. Contudo, a diminuição de

alunos e consequentemente de professores verifica-se sobretudo nas zonas mais rurais e

periféricas do concelho de Mortágua. As escolas encerradas na última década foram as

seguintes: Almaça, Caparrosinha, Cerdeira, Cortegaça, e Eirigo.

Um aspecto que devemos destacar é que, contrariamente ao que acontece nas zonas rurais em

que há cada vez menos alunos, nas zonas urbanas parece haver uma concentração dos

mesmos, fenómeno que resulta da elevada densidade populacional destas zonas. Podemos

confirmar esta ideia pela distribuição do número de professores colocados nas zonas mais

urbanas. A título de exemplo, verifica-se que a escola de Mortágua tem colocados 4

professores, seguida da escola de Vale- de- Açores. Todas as restantes escolas em

funcionamento no concelho possuem apenas lugar para um professor.

Enuncia-se, então, um duplo problema:

1. nas freguesias mais urbanas, a crescente e urgente necessidade de encontrar

capacidade de resposta nas infraestruturas e equipamentos existentes,

2. nas freguesias mais rurais pensar numa solução para as escolas que se confrontam

com o reduzido número de alunos, factor que suscita algumas falhas de socialização e

de estímulo entre os alunos e diminuição da motivação dos próprios professores.

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Retenção Escolar

Na última década, registou-se um decréscimo acentuado das retenções no 1º Ciclo do Ensino

Básico. De facto, se no ano lectivo de 1991/92 se registaram casos de retenção na ordem dos

11.3%, no ano lectivo de 2000/01 esta taxa situa-se já na ordem dos 5.9%.

Quadro 28 – Retenção Escolar no 1º Ciclo do Ensino Básico

Total de alunos Retenção Escolar

Anos (Nº) (Nº ) % 1991/92 707 80 11,3 1992/93 617 80 13,0 1993/94 550 57 10,4 1994/95 503 48 9,5 1995/96 454 34 7,5 1996/97 427 36 8,4 1997/98 415 22 5,3 1998/99 355 26 7,3 1999/00 360 18 5,0 2000/01 324 19 5,9

2001/02 316 _ _ Fonte: Agrupamento de Jardins e Escolas de Mortágua/Inquérito Rede Social, 2001

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Câmara Municipal de Mortágua 66

6.4 - Ensino Recorrente e Educação Extra - Escolar

O combate ao analfabetismo e aos baixos níveis de escolaridade que afectam essencialmente a

população concelhia adulta, tem vindo a ser efectuado essencialmente através da realização de

algumas acções de Educação de Adultos (EA). Para os adultos pouco escolarizados, o Ministério

da Educação oferece dois tipos de respostas institucionais de formação: o Ensino Recorrente

(ER) e a Educação Extra- Escolar (EEE). Relembre-se que, segundo os Censos de 1991, a taxa de analfabetismo do Concelho era de

13,2%.

Ensino Recorrente – Alfabetização/1.º Ciclo

Este tipo de ensino oferece como resposta educativa a criação de cursos de alfabetização

destinados à população com mais de 15 anos com necessidades educativas ao nível da

aquisição de competências minímas de escrita, da leitura e do cálculo. Permite a

certificação/obtenção da escolaridade mínima de 4 anos.

Ao longo da década foram efectuados cursos de alfabetização do 1º ciclo em várias localidades

do Concelho (Vila Meã, Vale de Remígio, Marmeleira, Pala, Gândara, Espinho, Póvoa, Barril,

Felgueira e Mortágua). Contudo, verifica-se uma tendência geral decrescente.

Gráfico 9 - Número de formandos que se inscreveram e concluíram o 1.º ciclo do E. R.

Fonte: Ensino Recorrente/Inquérito Rede Social de Mortágua,2001

Verifica-se também que o número de formandos certificados é muito inferior ao número inicial

de formandos, o que poderá ser sinónimo de alguma desmotivação e desistência .

Se no início da década a adesão a esta iniciativa foi maioritariamente masculina, nos últimos

sete anos são sobretudo as mulheres quem mais recorre a este tipo de ensino. A justificação

40

1210

5

25

4

14

3

21

5

138

14

3

18

7

11

6

23

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2001/02

N.º Inicial Formandos N.º Formandos certificados

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 67

para este facto reside sobretudo na existência de maior analfabetismo junto das mulheres. De

facto, a mulher foi durante séculos educada para ser a “fada do lar”, ou seja, para satisfazer as

necessidades de higiene e conforto do lar. Actualmente, a mulher do mundo rural, que não teve

oportunidade de estudar, passou também a beneficiar do longo processo de emancipação do

sexo feminino e a relacionar-se mais com o mundo exterior, com o mercado de trabalho e com

outro tipo de actividades. Sendo assim, justifica-se que usufrua agora das oportunidades que

anteriormente lhe haviam sido negadas, como é o caso do acesso à educação/ensino.

Gráfico 10 - Formandos no 1.º ciclo do Ensino Recorrente, por sexo.

25

15

8

2

13 12

10

4

10 11

67

3

11

4

14

3

8

6

17

0

5

10

15

20

25

1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2001/02

Masculino Feminino

Fonte: Ensino Recorrente/Inquérito Rede Social de Mortágua, 2001

Este tipo de ensino apresenta ainda a vantagem de os indivíduos se poderem auto - propor a

realizar a escolaridade de que carecem. Na última década, contudo apenas se auto-

propuseram a frequentar o 1º ciclo, 3 homens e 3 mulheres.

Ensino Recorrente –Alfabetização/2.º Ciclo

Os cursos de alfabetização/2º ciclo destinam-se à população com mais de 15 anos à data de

início do curso e visam a certificação/obtenção da escolaridade mínima de 6 anos. Neste tipo de

ensino, e caso estejam alcançados os objectivos propostos para os alunos, é possível concluir

dois anos num só.

Ao longo da última década funcionaram cursos de 2º ciclo nas localidades de Mortágua,

Cercosa, Pala/Macieira, Espinho, Vale de Remígio, Mortágua e Marmeleira e a tendência é

também decrescente.

À semelhança do que acontece com os cursos de 1º ciclo, também neste nível de ensino o

número de formandos certificados é baixo em relação ao número inicial.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 68

Gráfico 11 - Evolução do número inicial de formandos e de formandos certificados, 2º ciclo E.R.

30

19

38

1412

8

1914

30

6

19

7

15

1

17

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1991/92 1992/93 1993/94 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2001/02

N.º Inicial Formandos N.º Formandos certificados

Fonte: Ensino Recorrente/Inquérito Rede Social de Mortágua, 2001

Este tipo de Ensino apresenta o mais baixo número de indivíduos certificados, reflexo do grau

de exigência e de alguma desmotivação.

Gráfico 12 - Evolução do número de formandos do 2.º Ciclo, por sexo.

Fonte: Ensino Recorrente/Inquérito Rede Social de Mortágua, 2001 Neste nível de Ensino, na década em geral, são os homens a deter o maior número de

inscrições. Contudo, nos últimos anos as mulheres têm vindo a manifestar maior adesão a este

tipo de cursos. Saliente-se, que o curso de 2º ciclo que se encontra a decorrer actualmente na

localidade da Marmeleira tem 15 mulheres e apenas 2 homens.

Educação Extra-escolar

1614

28

10

6 6

118

15 15

11

810

52

15

0

5

10

15

20

25

30

1991/92 1992/93 1993/94 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2001/02

Homens M ulheres

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 69

A educação extra-escolar oferece como resposta educativa a criação de cursos sócio-educativos

e sócio-profissionais; actividades de animação sócio-cultural, dinamização de bibliotecas de

pequena comunidade e animação da leitura, destina-se à população com mais de 15 anos e

procura oferecer formação cultural; formação para a cidadania e formação para o trabalho.

Ao longo da década foram desenvolvidos variados cursos dispersos por todo o concelho.

Gráfico 13 - Número de formandos que se inscreveram e concluíram cursos em Educação Extra-

Escolar na última década.

Fonte: Ensino Recorrente/Inquérito Rede Social de Mortágua

Salienta- se, contudo, a adesão a cursos de arraiolos, bordados, corte e costura, sinónimos de

uma frequência maioritariamente feminina.

Gráfico 14 - Distribuição dos alunos em Educação Extra- Escolar, por sexo.

69

5 5

911

14

6 5

10 11

3032

0

5

10

15

20

25

30

35

1991/92 1992/93 1994/95 1995/96 1996/97 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

Masculino Feminino

Fonte: Ensino Recorrente/Inquérito Rede Social de Mortágua O corrente ano lectivo confirma essa tendência! De facto, os cursos que decorrem actualmente

(arraiolos, canto coral e biblioteca) são totalmente frequentados por formandos do sexo

feminino.

15

10

2020

14 1411 11 10 10

11 11

3030

32

0

5

10

15

20

25

30

35

1991/92 1992/93 1994/95 1995/96 1996/97 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

N.º inicial Formandos N.º formandos Certificados

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 70

6.5 – Segundo e Terceiro Ciclos do Ensino Básico

Actualmente, no concelho, o 2º Ciclo do Ensino Básico é ministrado pela Escola Básica 2,3 de

Mortágua – Dr. José Lopes de Oliveira e pela EBM (Telescola) da Sobrosa.

O 3º Ciclo do Ensino Básico é leccionado em simultâneo pela EB 2,3 de Mortágua e pela Escola

Secundária.

No presente ano lectivo a Escola Básica 2,3 de Mortágua tem um total de 394 alunos e a Escola

Secundária tem 102 alunos em ensino obrigatório (7º, 8º e 9º ano).

Gráfico 15 - Evolução do número de alunos em Ensino Obrigatório na última década.

760815 788 795 762 754

684612

576 554496

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

De um modo geral, e tal como podemos visualizar no gráfico 15, o número total de alunos que

frequentaram o ensino obrigatório tem também vindo a decrescer. Entre 1991 e 2001 verifica-

se um decréscimo de efectivos na ordem dos 34,7%.

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Câmara Municipal de Mortágua 71

Retenção e Abandono Escolar no 2º e 3º CEB

A Retenção Escolar verificada no 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico apresenta algumas oscilações

entre os vários anos lectivos da última década. Contudo, as taxas de retenção seguem uma

tendência decrescente.

Quadro 29 - Evolução da Retenção e abandono Escolar no 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico

Total de alunos 1.1.1 Retenção Escolar 1.1.2 Abandono Escolar

1.1.3 Anos (Nº) Nº % Nº %

1991/92 760 115 15,3 16 2,1

1992/93 815 34 4,17 46 5,6

1993/94 788 78 9,9 24 3,0

1994/95 795 73 9,1 34 4,5

1995/96 762 78 10,2 19 2,5

1996/97 754 74 9,8 22 2,9

1997/98 684 85 12,4 31 4,5

1998/99 612 54 8,8 12 2,0

1999/00 550 66 12 24 4,3

2000/01 554 42 7,6 13 2,3

2001/02 496 ____ 6 Fonte: Escola Básica 2,3 Dr. José Lopes de Oliveira/Escola Secundária Dr. João Lopes de Morais, Inquérito Rede Social,

2001

No que diz respeito ao abandono escolar, as taxas da última década confirmam alguma

estabilidade a este nível. Fazendo parte do Ensino Obrigatório, este nível de ensino deverá

apresentar baixos níveis de abandono escolar. Legalmente este não deverá existir.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 72

6.6 - Ensino Mediatizado

No presente ano lectivo, o Ensino Básico Mediatizado (Tele-Escola) encontra-se em

funcionamento na localidade de Sobrosa com apenas 6 alunos (3 do 5º ano e 3 do 6º ano).

Este tipo de ensino funcionou também na localidade de Palheiros/Ortigosa (encerrou no ano

lectivo de 1996/97) e Riomilheiro (encerrou no ano lectivo de 1994/95). Na última década este

tipo de ensino tem também vindo a perder alunos, passou de 22 alunos em 1991 para 6 alunos

em 2001. Este tipo de ensino, apesar de assentar na combinação de duas vertentes - a humana

e a multimédia - que em última instância se traduzem num relacionamento muito próximo e

interactivo entre professor e aluno, tem vindo a perder relevo nos últimos anos.

Ao longo da última década, o número de alunos em ensino obrigatório tem também vindo a

decrescer. No ano lectivo de 2001/2002 registou-se um decréscimo de efectivos na ordem dos

72,7% relativamente ao ano lectivo de 1991/92.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

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6.7 - Ensino Secundário

A Escola Secundária Dr. João Lopes de Morais é o único estabelecimento de ensino secundário

existente no Concelho. No corrente ano lectivo esta escola é frequentada por um total de 375

alunos. Como referimos anteriormente, 102 desses alunos pertencem a turmas do 3º ciclo do

ensino básico obrigatório. Os restantes 273 alunos perfazem a totalidade de alunos a frequentar

o ensino secundário.

Apesar dos atrasos acumulados durante gerações, que concedem a Portugal enormes

fragilidades ao nível da situação educativa da população portuguesa, temos vindo a assistir à

massificação do ensino a partir da década de 70. Reflexo dessa conjunctura nacional, e apesar

da diminuição do número de crianças e jovens existentes no concelho, verifica-se também um

aumento da população que frequenta o ensino secundário. O gráfico 16 mostra-nos que entre o

ano lectivo de 1993/94 e o corrente ano lectivo, o número de jovens a frequentar o ensino

secundário aumentou de 100 para 273 alunos, ou seja, quase triplicou.

Gráfico 16 - Evolução da frequência do Ensino Secundário ao longo da última década.

100

156

259

296

244

300

360340

273

0

50

100

150

200

250

300

350

400

1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

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A crescente presença das mulheres no ensino reflecte-se no facto do número de alunas do sexo

feminino (135) se situar actualmente muito próxima do número de alunos do sexo masculino

(138). Essa é também uma alteração que merece destaque.

Gráfico 17 - Evolução da frequência do Ensino Secundário ao longo da última década, por sexo

0

50

100

150

200

250

1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

Masculino Feminino

Fonte: Escola Secundária de Mortágua/Inquérito da Rede Social 2001

A emancipação feminina permite hoje o acesso das mulheres ao ensino e ao mundo do

trabalho. Elas marcam presença crescente nos níveis superiores de ensino.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

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Retenção e Abandono Escolar

No que diz respeito ao Ensino Secundário, o insucesso escolar não segue uma tendência

constante. De facto, as taxas de retenção são de um modo geral baixas. No entanto, verificam-

se em alguns anos taxas relativamente elevadas, como é o caso do ano lectivo de 1997/98.

Quadro 30 – Evolução da Retenção e Abandono Escolar no Ensino Secundário

Total de alunos Retenção Escolar Abandono Escolar Anos (Nº) Nº % Nº % 1991/92 1992/93 1993/94 100 0 1 1994/95 156 3 1,9 1 0,6 1995/96 259 14 5,4 7 2,7 1996/97 296 21 7,1 4 1,4 1997/98 244 32 13,1 4 1,6 1998/99 300 22 ______ _____ _ 1999/00 360 8 2,2 2 0,6 2000/01 340 9 2,6 17 5,0 2001/02 273 0,0 5 0 Fonte: Escola Secundária Dr. João Lopes de Morais/Inquérito Rede Social 2001

No que respeita ao abandono escolar, também não é possível desenhar uma tendência linear.

Efectuando uma primeira leitura, algo superficial, parece detectar-se um aumento do abandono

escolar no Ensino Secundário. Não podemos, contudo, afirmar que estes alunos abandonam o

Sistema de Ensino.

De um modo geral, podemos afirmar que no início da década se verificava maior retenção e

menor abandono. Contudo, esta situação tem vindo a sofrer alterações nos últimos anos. Uma

possível explicação poderá residir no facto de muitas vezes os alunos optarem por anular as

suas matrículas, para poderem efectuar efectuar as disciplinas por exame.

Por outro lado, não podemos esquecer que este nível de ensino não é obrigatório, o que explica

também que a frequência e abandono estejam também intimamente relacionados com a

motivação e as expectativas pessoais dos alunos.

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6.7 - Ensino Profissional

O concelho possui apenas uma escola de ensino profissional, a EBA – Escola Beira Aguieira.

Esta escola tem a sua Sede na Vila de Mortágua e durante o ano lectivo 1994/95 criou e

colocou em funcionamento um pólo na Vila de Penacova.

No presente ano lectivo são ministrados em Mortágua os cursos profissionais de Técnico de

Gestão do Ambiente, Técnico de Cartografia/Desenhada, Técnico de Cinofilia e Técnico de

Sistemas de Informação. No pólo de Penacova são ministrados cursos de Técnico de Cozinha,

Técnico de Sistemas de Informação, Técnico de Hotelaria e Bar e Técnico de Turismo.

Apesar da evolução do número de alunos na fase de arranque da EBA, a frequência do ensino

profissional tem vindo a estabilizar ao longo da última década. Verificaram-se, contudo,

algumas oscilações negativas verificadas nos anos de 97/98 e 99/00.

Gráfico 18 - Distribuição dos alunos em Ensino Profissional por Sexo ao longo da última década.

40

9

72

24

66

32

63

40

51

37

61

33

45

36

4536

57

45

62

44

65

32

0

20

40

60

80

1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

Masculino Feminino

A figura anterior permite-nos salientar a maior presença de indivíduos do sexo masculino no

ensino profissional.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 77

Há ainda outro dado que merece destaque relativamente à Escola Profissional Beira Aguieira e

que nos suscita algumas interrogações. Esse dado prende-se com o facto da grande maioria

dos alunos que frequentam a EBA serem provenientes de outros concelhos. Registou-se apenas

uma excepção no ano lectivo de 1993/94 em que os alunos com residência no concelho

superaram os de outros concelhos.

Gráfico 19 – Proveniência dos alunos na última década

0

20

40

60

80

100

1991/92 1993/94 1995/96 1997/98 1999/00 2001/02

Alunosdo concelho.Alunos de outros concelhos

No que diz respeito à escolha dos cursos, verificaram-se diferentes tendências ao longo da

última década.

Gráfico 20 - Distribuição dos alunos em Ensino Profissional, por Curso

0

10

20

30

40

50

1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

Ambiente Mecânica Sist. Informação Cinófilia

Fonte: EBA/Inquéritos Rede Social, 2001

Efectivamente, se durante os primeiros sete anos a escolha recaía essencialmente em cursos

ligados ao ambiente, actualmente a escolha recai sobre cursos ligados aos sistemas de

informação, o que se pode compreender tendo em conta o acréscimo de importância das novas

tecnologias da informação na sociedade em que vivemos.

III - Caracterização Sócio-Económica do Concelho 7 – Acção Social

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 79

7.1 - Instituições Particulares de Solidariedade Social Iniciamos a análise da Acção Social fazendo uma breve caracterização das Instituições

Particulares de Solidariedade Social (IPSS’S) existentes no concelho e dos serviços que prestam

à comunidade. Passamos, então, a apresentá-las.

7.1.1 - ABAADV – Associação Beira Aguieira de Apoio aos Deficientes Visuais

Esta Instituição Particular de Solidariedade Social é a mais recente IPSS do Concelho, foi

legalmente constituída em Janeiro de 2000 e surgiu com o objectivo principal de proporcionar

uma nova Ajuda Técnica aos Cidadãos Portadores de Deficiência Visual - O Cão Guia. Desde

então “...muitas duplas Cego/Cão Guia se consumaram e muitas outras estão em vias de

concretização. A aceitação por parte da Comunidade Deficiente Visual tem sido expressiva e

bem patente nas dezenas de candidatos que, pacientemente, continuam à espera”. (in Editorial

O Arnês, nº 1/Ano 2001, pág. 1).

Foram já entregues 20 cães guias a 22 utilizadores e continuam em lista de espera entre 60 a

65 pessoas. Esta IPSS’s tem na sua Escola de Cães Guia, pioneira em Portugal, os dois únicos

formadores existentes nesta área em todo o país. Tendo em conta a necessidade sentida a este

nível, encontra-se em formação, em França, um terceiro elemento.

Em termos de recursos humanos, conta actualmente com 5 funcionários contratados (2

mulheres e 3 homens) e 1 avençado.

ABAADV - Associação Beira Aguieira de Apoio aos Deficientes Visuais

Cáritas Diocesana de Coimbra

Centro BALMAR

Jardim Escola João de Deus

Santa Casa da Misericórdia

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

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7.1.2 - CÁRITAS DIOCESANA DE COIMBRA

Esta instituição iniciou a sua actividade no Concelho em 1987, por iniciativa do Grupo Paroquial

de Mortágua. Iniciou com a valência de ATL, na localidade de Vale-de-Açores. Em 1990, em

parceria com a Escola Básica 2,3 de Mortágua, criou também a actividade do Centro de

Ocupação Jovem (COJ) nesta Escola.

Valência ATL – Actividades de Tempos Livres

A valência ATL da Cáritas Diocesana de Coimbra funciona, a tempo parcial, na localidade de

Vale-de-Açores.

Ao longo da década a frequência desta valência tem vindo a diminuir como podemos verificar

no gráfico seguinte.

Gráfico 21 - Número de Utentes, Acordos de Cooperação ATL da Cáritas

1991

/92

1992

/93

1993

/94

1994

/95

1995

/96

1996

/97

1997

/98

1998

/99

1999

/00

2000

/01

2001

/02

Acordos Cooperação

Utentes60 60 30

25 25 25 25 25

20 20 20

20 20 20

Fonte: Caritas Diocesana/ Inquérito da Rede Social de Mortágua- 2002.

De facto, esta valência iniciou a sua actividade com uma frequência média de 60

utentes inscritos e conta actualmente com apenas 20. Esta tendência fica a dever-se à

diversificação da oferta disponível no Concelho a este nível. Este decréscimo de

frequência ou utilização deste ATL está também relacionado com a diminuição do

número de alunos a frequentar o Primeiro Ciclo, nomeadamente, na localidade de Vale

de Açores.

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Valência COJ – Centro de Ocupação Jovem

O Cento de Ocupação Jovem (COJ) funciona no próprio recinto da Escola Básica 2,3

em Mortágua

Gráfico 22 - Número de Utentes, Acordos de Cooperação do COJ, Cáritas Diocesana

1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

Acordos Cooperação

Utentes

140 140130

145 140 140130 120

103 103103

103 103 103

Fonte: Cáritas Diocesana/ Inquérito da Rede Social de Mortágua- 2002.

O facto de estar localizado no recinto da Escola Básica ,permite ao Centro desenvolver,

em parceria com a própria Escola, actividades propostas anualmente no Plano de Actividades

Escolar.

Recursos Humanos Em termos de recursos humanos, a Cáritas Diocesana de Coimbra dispõe actualmente

de apenas 3 funcionários, encontrando-se apenas um a tempo inteiro. Esta equipa é constituída

por duas Educadoras Sociais e uma Ajudante Técnica de ATL. Esta equipa é a mesma para as

duas valências.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

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7.1.3 - Centro Balmar

O Centro BALMAR foi legalmente constituído em 1997 e tem, prioritariamente, por área

geográfica de intervenção as freguesias de Marmeleira e Cercosa. Esta IPSS iniciou a sua

actividade com a valência ATL no corrente ano lectivo (2001/2002). Actualmente, sente que

existe a necessidade de criação da valência LAR e está a desenvolver esforços nesse sentido.

ATL – Centro BALMAR

O Centro BALMAR iniciou a valência ATL com 14 utentes, sendo 5 destas crianças da pré-escola

e 9 do 1º ciclo. Todas estas crianças utilizam os serviços de apoio à família, ou seja alimentação

e prolongamento de horário. Esta valência tem capacidade para 20 utentes, o que significa que

o número de utilizadores poderá crescer nos próximos anos.

O Centro BALMAR tem um protocolo com a Câmara Municipal para 9 crianças. Considera,

contudo, necessitar de firmar Acordos de Cooperação para a valência ATL com a Segurança

Social a fim de obter apoio financeiro e melhorar a sua capacidade de intervenção.

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7.1.4 - Jardim Escola João de Deus

O Jardim Escola João de Deus surgiu no Concelho pela mão do benemérito Dr. Aníbal Dias. Foi

a primeira instituição de apoio à infância existente no Concelho. Iniciou a sua actividade com as

valências de Jardim de Infância e de Creche. Para além destas valências, esta instituição conta

actualmente, também, com a valência de ATL.

A partir de 1996/97 a Instituição passou a estabelecer acordos de Cooperação com a Segurança

social em todas as valências, o que criou condições para o alargamento da frequência em todas

as valências. Contudo, o Jardim Escola João de Deus tem actualmente uma frequência de 116

crianças distribuídos pelas três valências e enfrenta dificuldades ao nível da capacidade de

resposta, devido ao elevado número de crianças não abrangidas por acordos de cooperação e

ao nível do limite da capacidade.

Gráfico 23 - Evolução do número de utentes por tipo de valência

26

28

4

17

32

7

20

37

7

18

29

12

22

28

12

22

28

14

22

25

22

40

28

24

30

30

26

32

41

31

38

47

31

0

20

40

60

80

100

120

1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

Creche Jardim de Infância ATL

Fonte: Jardim de Infância João de Deus/Inquéritos da Rede Social de Mortágua, 2001

O gráfico permite-nos verificar que a partir de 1998/99 se verificou um aumento generalizado

da frequência de todas as valências desta instituição, este facto fica a dever-se à abertura da

instituição à comunidade. A população local começou então a perceber que esta não era uma

instituição apenas dirigida às classes altas, mas que era também extensiva a todas as classes

sociais e à comunidade em geral.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

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Creche

A IPSS Jardim Escola João de Deus oferece a única resposta existente no Concelho em termos

de creche.

Gráfico 24 - Evolução do número de crianças na valência creche ao longo da última década

26

1720

1822 22 22

40

16

30

20

32

20

38

20

0

10

20

30

40

1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

Total- Crianças Lista de Espera

A figura anterior permite-nos verificar que, apesar da diminuição da taxa de natalidade, o

número de crianças a frequentar esta valência tem vindo a aumentar de tal modo que o

número de crianças em lista de espera (20) justifica a necessidade de alargamento da valência.

O aumento da procura desta valência prende-se sobretudo com a integração da mulher no

mercado de trabalho. A este nível a instituição considera que enfrenta dificuldades

essencialmente ao nível da capacidade de resposta e do elevado número de crianças não

abrangidas por acordos de cooperação (18).

ATL – Jardim Escola João de Deus

A valência ATL do Jardim Escola João de Deus é frequentada actualmente por 31 crianças,

encontrando-se 5 em lista de espera. O gráfico coloca em evidência a crescente frequência

desta valência.

Gráfico 25 - Evolução da frequência da valência ATL

4 7 7

12 12 14

2224

15

26

5

31

5

31

50

10

20

30

40

1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

Total- Crianças Lista de Espera

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 85

O aumento do número de crianças abrangidas por Acordos de Cooperação em 1997/98 (passou

de 5 para 20) o que possibilitou o alargamento desta valência. Actualmente, a Instituição tem

25 crianças abrangidas por Acordos de Cooperação e considera ser necessário proceder a um

novo alargamento desta valência.

Recursos Humanos Em termos de recursos humanos, esta instituição tinha, no final de 2001, um total de 11

funcionários efectivos, maioritariamente do sexo feminino (10 mulheres e 1 homem). Para além

destes tem também uma mulher colocada em POC (Programa Ocupacional)

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Câmara Municipal de Mortágua 86

7.1.5 - Santa Casa da Misericórdia de Mortágua Esta Instituição foi legalmente constituída em 14/08/1948. Tendo iniciado a sua actividade no

Concelho com a Construção do Hospital da Santa Casa da Misericórdia, esta Instituição iniciou

em 1992 o funcionamento do Lar de Idosos e do Centro de Dia. Com a implementação do

projecto “Ao Encontro de...”, arrancou também, em 1995, com a valência apoio domiciliário e

em 1996 com a valência ATL. O gráfico seguinte permite-nos visualizar a evolução do número

de utentes desta instituição segundo as respectivas valências ao longo da última década.

Gráfico 26 - Número de utentes nas respectivas valências ao longo da última década.

28

1

28

1

34

1

40

18

44

21

34

41

29

43

46

12

36

38

46

20

37

44

46

20

59

41

46

25

66

47

0

50

100

150

200

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Lar Idosos Centro Dia Apoio Domiciliário ATL

Fonte: Santa Casa da Misericórdia/Inquérito Rede Social, 2001

A figura permite-nos verificar que o número de utentes a usufruir da prestação de serviços

desta instituição apresenta uma tendência crescente em todas as valências. Partindo de 28

utentes em 1992, conta actualmente com um total de 137 utentes, distribuídos pelos diversos

serviços que presta. O crescimento e diversificação da intervenção da Santa Casa da

Misericórdia acentua-se essencialmente a partir do ano de 1995, por influência do Projecto “Ao

Encontro de...”, do qual foi Entidade de Suporte Jurídico.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 87

Valência ATL

No que diz respeito à infância, a Santa Casa da Misericórdia tem actualmente em

funcionamento a valência ATL nas localidades de Mortágua e Espinho.

Gráfico 27 - Evolução do número de crianças em ATL,ao longo da última década

1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02

Espinho

Mortágua

2024 24

30 31 38

1419

14 1410 9

Fonte: Santa Casa da Misericórdia/Inquérito da Rede Social, 2001

A figura anterior mostra-nos a crescente procura do ATL de Mortágua, amplamente justificada

pela densidade populacional que caracteriza esta freguesia sede do Concelho. Contrariamente,

verifica-se uma ligeira diminuição do número de crianças a frequentar o ATL em Espinho.

No que se refere à sua intervenção junto da infância, a Santa Casa da Misericórdia tem ainda

um protocolo com a Câmara Municipal no sentido de prestar os serviços de apoio à família

(prolongamento de horário e alimentação) nos estabelecimentos pré-escolares de Espinho, Pala

nº1 e Pala nº2.

No que diz respeito ao público alvo idosos, esta Instituição tem actualmente em funcionamento

as valências Lar de Idosos, Centro de Dia e Apoio Domiciliário.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 88

Valência Lar de Idosos

A Santa Casa da Misericórdia iniciou a valência Lar de Idosos em 1992 e em 1998 atingiu os 46

utentes, completando assim a sua capacidade. Os utentes da valência lar são na sua grande

maioria parcialmente dependentes; dependentes e grandes dependentes/acamados.

Gráfico 28 - Evolução da valência LAR ao longo da última década

000040

2920

30

40

2820

30

40

34

26

30

40

40

34

40

46

44

36

40

46

41

45

45

46

46

44

45

46

46

46

45

46

46

45

45

46

46

86

46

0

50

100

150

200

250

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

N.º utentes abrang. p/Acordos Coop.

N.º Utentes ListaEspera

N.ºUtentes

Capacidade Valência

Actualmente encontram-se 28 indivíduos Parcialmente Dependentes dos quais 16

são mulheres e 12 são homens; 10 indivíduos Dependentes dos quais 7 são mulheres e 3 são

homens e 8 Grandes Dependentes/ Acamados dos quais 6 são mulheres e 2 são homens.

Actualmente, esta valência conta com 46 utentes (2 casais; 15 indivíduos do sexo

masculino e 27 do sexo feminino)

Tendo atingido o limite de capacidade em 1998, o número de utentes em lista de

espera tem também continuado a aumentar.

Na valência Lar todos os utentes estão abrangidos por Acordos de Cooperação com a

Segurança social.

Valência Centro de Dia:

A valência Centro de Dia procura prestar um conjunto de serviços de apoio ao idoso,

procurando que este permaneça no seu meio sócio-familiar. A Santa Casa da Misericórdia

iniciou esta valência juntamente com a valência lar em 1992. Apesar de se terem verificado

algumas reticências na sua aceitação inicial, este tipo de valência completou a sua capacidade

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 89

em 2001 e tem actualmente 3 indivíduos em lista de espera, sendo 1 do sexo masculino e 2 do

sexo feminino.

Gráfico 29 - Evolução da Valência Centro de Dia.

151

15

151

15

15

115

15 15 20

20

20

12

20

20

20

20

25

16

20

25

25

3

25

0

20

40

60

80

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Capacidade Valência N.ºUtentes N.º Utentes Lista Espera N.º utentes abrang. p/ Acordos Coop.

Fonte: Santa Casa da Misericórdia de Mortágua/Inquérito da Rede Social, 2001

À semelhança do que acontece com a valência lar, também aqui todos os utentes estão

abrangidos por Acordos de Cooperação.

A área geográfica de intervenção desta valência tem também vindo a aumentar, intervindo

actualmente em 15 das 92 localidades do Concelho.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 90

Área Geográfica de Intervenção da Valência – Centro de Dia

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

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Valência Apoio Domiciliário

Esta Valência é desempenhada no próprio domicílio dos utentes e visa prestar cuidados

individualizados e personalizados no domicílio a indivíduos e famílias quando não possam

assegurar temporária e permanentemente a satisfação das suas necessidades. Inicialmente

com apenas 9 localidades do Concelho, actualmente esta valência cobre 30 das 92 localidades

do Concelho.

Esta valência iniciou em 1995 com 18 utentes e conta actualmente com 66 (33 homens e 33

mulheres) inseridos na categoria Parcialmente Dependentes.

Esta é a valência com maior número de utentes e a procura deste tipo de serviços continua a

aumentar.

Gráfico 30 - Evolução da Valência Apoio Domiciliário

301813

302126

25

45

292325

45

36

25

40

45

37

28

40

70

59

6

45

70

66

55

0

50

100

150

200

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Capacidade Valência N.ºUtentes N.º Utentes Lista Espera N.º Utentes abrangidos p/ Acordos Coop.

Fonte: Santa Casa da Misericórdia de Mortágua/Inquérito da Rede Social, 2001

A valência Apoio Domiciliário iniciou a sua actividade em 1995 e apesar de possuir uma

capacidade para 30 indivíduos, contou com apenas 1 casal (2 indivíduos), 6 indivíduos do sexo

masculino e 10 do sexo masculino perfazendo um total de 18 indivíduos. Actualmente, esta

valência possui já uma capacidade para 70 utentes. Capacidade esta ocupada actualmente por

7 casais, 26 indivíduos do sexo masculino e 26 do sexo feminino, totalizando 66 indivíduos a

usufruírem de serviços de Apoio Domiciliário. Estes indivíduos contudo, não estão todos

cobertos por Acordos de Cooperação, facto que em última instância traduz um acréscimo de

custos tanto para os utentes como para a Instituição. Neste caso, em particular o Estado parece

não conseguir responder às necessidades sociais diagnosticadas. Por seu lado a Instituição não

possui listas de espera na prestação deste serviço, dados que traduzem a superação de

quaisquer dificuldades por parte da Instituição com vista à satisfação das necessidades dos

idosos do Concelho.

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Área Geográfica de Intervenção da Valência – Apoio Domiciliário

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Projecto CAD – Centro de Apoio a Dependentes5

Com a inauguração do novo Centro de Saúde de Mortágua, a unidade de internamento

que funcionava nas velhas instalações do antigo hospital da Misericórdia encerrou também.

Tornou-se urgente desenvolver articular esforços de modo a minorar as dificuldades criadas

com o encerramento do Internamento. Assim, foi possível através do esforço conjunto de

parceria criar o CAD.

A entidade promotora do CAD é a Santa Casa da Misericórdia de Mortágua. A Câmara Municipal

de Mortágua, o Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social de Viseu, a Sub Região de

Saúde de Viseu/Centro de Saúde de Mortágua e os Bombeiros Voluntários de Mortágua são

também entidades parceiras .

O Centro de Apoio a dependentes (CAD), entrou em funcionamento em Novembro de 2000 com

o intuito de promover a capacidade individual das pessoas idosas, ao nível da prevenção,

reabilitação e reinserção, assegurando apoios e cuidados diversificados na perspectiva da

promoção da maior autonomia possível e da continuação de um projecto de vida. Trata-se de

um centro de recursos locais aberto à comunidade, para apoio temporário a pessoas com

dependência, desenvolvido a partir de estruturas já existentes. Tem disponíveis 10 camas para

internamento e durante o ano 2001 foram efectuados 94 internamentos (47 homens e 47

mulheres). Os serviços que tem vindo a prestar assumem a forma de cuidados de saúde

(reabilitação, enfermagem e visitas médicas), apoio psicossocial, acções de informação e

formação. No entanto, também assumiram importância a aprendizagem das actividades da vida

diária (AVD’S).

Verificou-se que o motivo mais frequente de recurso ao CAD, durante o 1º semestre de 2001,

foram os cuidados continuados de saúde (51,1%), seguido do apoio social (48,9%). De

salientar que a maior parte das pessoas chegam ao CAD por solicitação da família e pela saúde.

Sendo a própria equipa coordenadora que assume a resolução dos pedidos dando

conhecimento formal ao médico de família da entrada de determinado utente. A continuidade

no seguimento destes, é essencialmente assegurada pelas funcionárias auxiliares

supervisionadas pela equipa de saúde do CAD. A proveniência dos utentes e a necessidade de

apoio é por vezes múltipla, ou seja, uma alta hospitalar pode corresponder também a um apoio

à família, permitindo a reorganização do domicílio. O apoio social à família por parte da equipa

do CAD tem assumido assim uma importância extrema, permite às famílias algum descanso

5 Conforme Gonçalves, Ana Cristina ; Ramos, Rita CAD – Mortágua “Inovar Rumo à Autonomia”, Relatório de Avaliação - 1º semestre 2001

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 94

para ganhar coragem neste duro processo de acompanhar dependentes, algumas famílias mais

dedicadas chegam a fases de exaustão por perturbações constantes dos seus ritmos diários

De um modo geral, esta resposta integrada às situações de dependência no concelho de

Mortágua fez-se sentir em vários campos:

-Resposta global a necessidades da população em situação de dependência e

respectivas famílias;

-Uma efectiva articulação interinstitucional entre os profissionais de saúde (médica e

enfermeira da equipa) e sociais (assistentes sociais da equipa), permitindo a programação

atempada e dirigida do tipo de apoio a desencadear.

Neste contexto, e sem se perderem os resultados, altamente, positivo obtidos com a parceria

efectuado e que permitiu a criação do CAD , há necessidade de estimular a implementação de

outras parcerias, alargando assim o leque de respostas disponíveis no apoio aos doentes

dependentes que delas careçam. Pensa-se contribuir deste modo para a melhoria da sua

qualidade de vida.

Estimula-se e reforça-se as capacidades e competências das famílias e de outros prestadores

informais para lidar com essas situações, e como lógica de intervenção, privilegiando a

prestação de cuidados no domicílio, sem prejuízo da possibilidade do recurso ao internamento

em unidades residenciais, sempre que este se mostre necessário ao processo de reabilitação.

Promovem-se ainda as condições de autonomia, que habilitem as pessoas a regressar ao seu

domicílio.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 95

Recursos Humanos

A abertura à comunidade e a dinamização de novas valências foi também acompanhada pelo

crescimento (em número e em qualificação) dos Recursos Humanos da Instituição.

Assim, ao longo da década a Santa Casa da Misericórdia apostou na constituição de uma equipa

crescente visando uma prestação de serviços cada vez mais especializada. Para a qualificação

desta equipa apostou também na formação profissional.

Gráfico 31 - Comparação da Distribuição dos Funcionários em 1992/2001

1 1 2 1

8

2

5

2

6

2 2

7

5

2

13

10

2

4

6

8

10

12

14

1992 2001

DirectoraAdministrativaCozinheirasLavadeirasAux.Serv. GeraisTec.S.SocialAjudanteCozinhaAjud. FamiliaresAux. A. EducativaMotoristaAjud. LarFisioterapeuta

Fonte: Santa Casa da Misericórdia de Mortágua/Inquérito da Rede Social, 2001

O gráfico seguinte mostra-nos também o aumento da estabilidade dos quadros desta IPSS’s,

traduzido na evolução do número de funcionários efectivos.

Gráfico 32 - Evolução da Situação Contratual dos Funcionários ao longo da última década.

1

12

1

129

6

13

7

15

10

23

5

29

1

29

3

34

10

34

10

05

101520253035

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Efectivos Contrato/ Termo Progr.Ocup.

Fonte: Santa Casa da Misericórdia de Mortágua/Inquérito da Rede Social, 2001

Relativamente à distribuição dos funcionários tendo em conta o sexo, mantém- se a tradicional

predominância de elementos do sexo feminino no desempenho de tarefas de higienização e

conforto.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 96

Gráfico 33 - Evolução dos Funcionários, por Sexo.

0

10

20

30

40

50

1993 1995 1997 1999 2001

MasculinoFeminino

Fonte: Santa Casa da Misericórdia de Mortágua/Inquérito da Rede Social, 2001

De facto, é neste tipo de actividades que as taxas de feminização atingem o seu nível mais

elevado.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 97

7.2 - Outras Instituições e Equipamentos de Apoio Social

7.2.1 - Centro de Animação Infantil6

A partir da segunda metade da década de 90, como resultado conjugado da dinâmica social e

cultural então criada, verificou-se o aparecimento de um número assinalável de iniciativas de

índole social, educativa e cultural, concretizadas num volume significativo de investimento.

Tendo a autarquia reconhecido, já há muito tempo o seu papel primordial e também o das

organizações e associações não governamentais na promoção, desenvolvimento e gestão dos

equipamentos e actividades culturais e sociais, o seu desenvolvimento potenciou-se, quer pela

capacidade de mobilização de meios (nomeadamente públicos e privados), quer pela motivação

das instituições numa base sustentada.

O centro de actividades de Tempos Livres/ Centro de Animação e Educação Infantil é uma

resposta que se destina a proporcionar actividades do âmbito da animação sócio-cultural a

crianças, tendencialmente a partir dos 6 anos e a jovens, de ambos os sexos, nos períodos

disponíveis das responsabilidades escolares e de trabalho.

Objectivos que extiveram na base da sua criação:

a) permitir a cada criança ou jovem, através da participação na vida em grupo, a

oportunidade da sua inserção na sociedade;

b) contribuir para que cada grupo encontre os seus objectivos, de acordo com as

necessidades, aspirações e situações próprias de cada elemento e do seu grupo

social, favorecendo a adesão aos fins livremente escolhidos,

c) criar um ambiente propício ao desenvolvimento pessoal de cada criança ou jovem,

por forma a ser capaz de se situar e expressar num clima de compreensão, respeito

e aceitação de cada um,

d) favorecer a inter-relação família/escola/comunidade estabelecimento, em ordem a

uma valorização, aproveitamento e rentabilização de todos os recursos do meio.

6 Conforme “Análise das condições Materiais e os Meios humanos empregues nas actividades sociais de apoio aos tempos livres dos jovens e crianças em idade escolar no Concelho de Mortágua

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 98

7.2.2 - Lar da Cruz

O Lar da Cruz é uma Instituição Privada com fins lucrativos existentes no Concelho de

Mortágua. Iniciou a sua actividade em 1998 com um total de 12 utentes e desde então o seu

número tem vindo a aumentar.

Durante a fase inicial de actividade, esta instituição acolhia temporariamente pessoas em

situação de dependência, o que justifica o elevado número de utentes registados no Gráfico.

Esta situação foi modificando à medida que o número de utentes permanentes foi aumentando.

Gráfico 34 - Evolução do Número de Utentes, por sexo

1998 1999 2000 2001 2002

Masculino

FemininoTotal

12

39 39

34

28

9

2726

2420

3

12 1310

805

10

15

20

25

30

35

40

Masculino Feminino Total

Fonte: Lar da Cruz/Inquérito da Rede Social 2001

A grande maioria dos utentes é do sexo feminino. No que diz respeito à sua proveniência,

verifica-se que inicialmente estes eram sobretudo originários do Concelho e que actualmente o

leque geográfico de intervenção do lar tem vindo a abranger outros concelhos do distrito e não

só.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 99

7.3 - Parcerias e Projectos de Âmbito Social Consciente de que o desenvolvimento e a coesão social passam sobretudo pela valorização e

participação das pessoas, a Autarquia em parceria com outras entidades locais vem, desde há

longos anos, promovendo políticas e programas de inclusão social.

A título de exemplo poderá referir-se que a autarquia de Mortágua foi uma das primeiras do

distrito de Viseu a integrar nos seus quadros uma Técnica de Serviço Social e a disponibilizar os

seus serviços à população em geral.

Nos últimos anos foram desenvolvidos em prol do Concelho projectos no âmbito do Programa

Nacional de Luta Contra a Pobreza (“Projecto ao Encontro de”...); Integrar, Programa Nacional

do Rendimento Mínimo Garantido (RMG), Programa de Apoio Integrado a Idosos (PAII),

Comissão de Protecção de Crianças e Jovens e, actualmente, Programa Rede Social.

7.3.1 - Comissão de Protecção de Crianças e Jovens – CPCJ Mortágua7

A Comissão de Protecção de Menores de Mortágua foi criada pela Portaria n.º163/98 de 16 de

Março e foi reorganizada em Comissão de Protecção de Crianças e Jovens pela Portaria n.º

1226-EB/ 2000 de 30 de Dezembro.

A Comissão tem o seu quadro legal definido na Lei n.º 147/99, de 1 de Setembro e visa

“promover os direitos da criança e do jovem, prevenir ou pôr termo a situações

susceptíveis de afectar a sua segurança, saúde formação educação ou

desenvolvimento integral” competindo-lhe decidir sobre a aplicação de medidas de

promoção e protecção de crianças e dos jovens com menos de 18 anos ou menos de 21, no

caso que o jovem solicite a continuação da intervenção iniciada antes de ter atingido os 18

anos. As medidas de promoção e protecção podem ser executadas no meio natural de vida

(apoio junto dos pais, apoio junto de outro familiar, educação parental, apoio à família,

confiança a pessoa idónea, colocação sob a guarda de pessoa idónea seleccionada para

adopção, apoio para a autonomia de vida) ou em regime de colocação (acolhimento familiar e

em instituição).

A intervenção da Comissão tem lugar quando os pais, o representante legal ou quem tenha a

guarda de facto, ponham em perigo a sua segurança, saúde, formação, educação ou

desenvolvimento ou quando esse perigo resulte de acção ou omissão de terceiros ou da própria

criança ou do jovem e quando não seja possível às entidades com competência em matéria de

7 Fonte: CPCJ Mortágua

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 100

infância e juventude actuar de forma adequada e suficiente, a remover o perigo em que se

encontra. A sua intervenção depende ainda do consentimento expresso dos pais, do

representante legal ou da pessoa que tenha guarda de facto.

A Comissão de protecção funciona em modalidade alargada ou restrita.

A Comissão alargada é composta por:

a) um representante do município;

b) um representante da Segurança Social

c) um representante dos serviços do Ministério da Educação;

d) um médico em representação dos serviços de saúde

e) um representante das Instituições Particulares de Segurança Social;

f) um representante da Associação de Pais

g) um representante das associações que desenvolvem actividades desportivas,

culturais ou recreativas destinadas a crianças e jovens;

h) um representante da associação de estudantes;

i) um representante das forças de segurança (GNR)

j) quatro pessoas designadas pela Assembleia Municipal

k) 2 técnicos cooptados pela Comissão com formação nas áreas de Serviço Social e

Direito

Compete a esta Comissão desenvolver acções de promoção dos direitos e de prevenção das

situações de perigo para a criança e jovem.

A Comissão restrita é composta sempre por um número ímpar, nunca inferior a cinco dos

membros que integram a Comissão alargada:

a) por inerência, o presidente da comissão de protecção e 1 representante do município

e 1 representante da segurança social.

b) designados pela comissão alargada, 1 representante das IPSS’s, 1 representante do

ministério da educação, 1 representante das forças de segurança, 1 médico em representação

dos serviços de saúde, 1 cidadão eleitor designado pela Assembleia Municipal que desempenha

as funções de secretário e 2 técnicos cooptados com formação em serviço social e em direito,

respectivamente.

À comissão restrita compete intervir nas situações em que uma criança ou jovem está em

perigo.

A Comissão funciona em permanência e na sua modalidade restrita reúne quinzenalmente no

edifício da Câmara Municipal de Mortágua.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 101

Desde o início do seu funcionamento e até à data de dezembro de 2001, a Comissão tinha

instaurando um total de 9 processos, perfazendo um total de 13 crianças/jovens abrangidas,

todas elas naturais do concelho. Destas, 8 crianças pertenciam ao sexo masculino e 5 ao sexo

feminino e as suas idades estavam compreendidas entre os 0 e os 15 anos. Estas

crianças/jovens, são na sua maioria provenientes de agregados familiares de baixos níveis de

escolaridade e de baixos rendimentos.

A participação da situação partiu dos estabelecimentos de ensino (3), em igual número dos

estabelecimentos de saúde, tribunal (2) e uma vez por sinalização da própria comissão.

As razões da intervenção prenderam-se sobretudo com negligência (8 casos); absentismo

escolar (3 casos) e abandono escolar (2 casos).

As medidas aplicadas foram maioritariamente de acompanhamento educativo, social e em seis

casos de colocação em equipamentos tais como, ATL, Jardim de infância, creche e ama.

Em três casos, a Comissão suspendeu a intervenção, uma vez que a situação se encontrava

estabilizada. Em igual número a Comissão procedeu ao arquivamento liminar, uma vez que a

situação estabilizou sem necessidade de intervenção da Comissão. Finalmente, num dos casos o

processo foi finalizado, uma vez que a situação foi estabilizada após intervenção da Comissão.

Podemos, portanto, concluir que a CPCJ de Mortágua se tem mantido atenta e alerta,

conseguindo cumprir as suas funções de promoção dos direitos das crianças e jovens e de

prevenção de situações de risco, seguindo uma lógica de actuação que privilegia o

acompanhamento educativo e social em detrimento da colocação institucional.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 102

7.3.2 - Rendimento Mínimo Garantido8 A implementação do Rendimento Mínimo Garantido como medida de Política Social que visa dar

resposta a problemas de grupos de cidadãos afastados do exercício pleno de cidadania, veio

consolidar um trabalho de parceria que há muito se vinha desenvolvendo neste concelho.

Apesar da consciência das dificuldades que a implementação de uma medida com esta

complexidade inevitavelmente defrontaria, não abalou nem um momento, pelo contrário,

estimulou a confiança na capacidade de resposta de todas as entidades e instituições (Câmara

Municipal, Santa Casa da Misericórdia, Centro de Saúde, Centro de Emprego, Coordenação do

Ensino Recorrente e Centro Regional de Segurança Social do Centro – Serviço Sub-Regional de

Viseu) de assumir em pleno a condução da responsabilidade colectiva deste novo caminho de

solidariedade.

O RMG veio permitir para além da construção de novas respostas muito mais correctas, porque

resultam de um melhor conhecimento do terreno e uma maior certeza de atingir efectivamente

as pessoas que devem ser atingidas, uma melhor utilização dos recursos existentes e a criação

de mais meios para a promoção alargada de programas de inserção negociados. Permite de

facto evitar gastos supérfluos, através da melhor coordenação da acção de instituições

enraizadas no terreno e também potenciar e rentabilizar os recursos existentes pela mobilização

de energias endógenas, que se combinam com os apoios complementares do RMG e que se

traduzem em passos assinaláveis no sentido de uma maior coesão social.

Deste modo todo o trabalho desenvolvido 6.1 – Estabelecimentos de Ensino em Rede Social

Integrada vem confirmar as expectativas que depositamos desde o início da Medida.

Conhecemos hoje melhor a realidade da pobreza e exclusão social no Concelho, associaram-se

novos e melhores instrumentos de trabalho, reforçou-se uma prática profissional baseada na

cooperação e parceria alargadas, onde fica patente a vitalidade das respostas solidárias de

todas as instituições, que mesmo não fazendo parte da Comissão Local de Acompanhamento

(CLA), com ela trabalham e colabora na inserção das famílias beneficiárias (Comissão de

Protecção de Menores e Jardim Escola João de Deus).

8 Fonte: Ana Cristina Gonçalves, Análise Sócio-económica do Concelho de Mortágua, C. M. de Mortágua, Junho de 2000

Ana C. Gonçalves, Ana Rita Ramos, Traços de Aplicação do RMG no Concelho de Mortágua, CLA de Mortágua, Maio de 2001 IDS, Execução da medida e caracterização dos beneficiários RMG, Relatório anual Dezembro 2000

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 103

a) Caracterização dos Processos de RMG

A fim de podermos efectuar uma caracterização rigorosa da medida RMG no Concelho de

Mortágua, será necessário efectuar uma análise comparativa da evolução dos processos desde

1997 até ao momento actual. Foram desenvolvidos vários esforços no sentido de apurar de

forma rigorosa essa informação. Contudo, deparámo-nos com algumas dificuldades.

Quadro 31 – Processos entrados, avaliados, deferidos, indeferidos e cessados PROCESSOS ANALISADOS

DEFERIDOS DEFERIDOS NÃO CANCELADOS INDEFERIDOS CANCELADOS Anos PROCESSOS

ENTRADOS FAMÍLIAS

Nº TOTAL

Nº FAMÍLIAS

Nº PESSOAS

Nº FAMÍLIAS

Nº PESSOAS

Nº FAMÍLIAS

Nº PESSOAS

Nº TAXA

% FAMÍLIAS

Nº PESSOAS

Nº 1998

117 103 86 192 82 182 17 58 16,5 4 10

1999

162 145 127 289 109 240 18 54 12,4 18 49

2000

241 218 182 420 107 227 36 105 16,5 75 193

2001

305 253 204 474 104 226 49 133 19,4 100 248

Fonte: IDS, Gabinete de Sistemas de Informação

A informação disponibilizada pelo Instituto para o desenvolvimento Social (IDS) permite-nos

salientar o aumento do número de processos entrados, mas também o aumento do número de

processos indeferidos e cessados. Torna-se assim evidente, por um lado, uma maior procura e

encaminhamento para a Medida RMG e, por outro lado, um acompanhamento técnico efectivo a

nível local que permite também o aumento do número de processos cessados e indeferidos.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 104

b) Distribuição dos Beneficiários por Sexo/Grupo Etário/Freguesia*

Em Maio de 2001, eram 233 os beneficiários de RMG do Concelho de Mortágua, sendo 111 do

sexo masculino e 122 do sexo feminino.

Quadro 32 –Caracterização dos beneficiários do RMG por grupo etário, sexo e freguesia

1.1.4 TOTAL

0-5 6-16 17 24 35-44 45-54 55-64 >=65

Grupo Etário

Freguesias Sexo F F F M F MF M F F F M F

Mortágua 3 4 6 2 10 2 4 4 1 6 3 5 5 5 1 3 33 31

V Remígio 1 - - - 1 - 2 1 - - - 1 3 3 4 3 11 8

Pala - 1 4 3 - 3 1 1 2 3 1 2 2 5 1 2 11 20

Espinho 1 1 6 4 3 - 1 1 3 2 1 4 2 3 2 2 19 17

Cercosa - - 1 1 - 1 - - 1 1 3 1 1 1 - 1 6 6

Cortegaça - - 1 - - - 1 - - 1 - 2 - - 1 - 3 3

Sobral 1 - 2 4 1 3 1 1 3 3 4 5 4 7 5 5 21 28

Trezoi - - 1 1 - 1 1 - - 1 - - - - - - 2 3

Marmeleira - - 2 - - - 1 - - 2 2 1 - 3 - - 5 6

Almaça - - - - - - - - - - - - - - - - - -

TOTAL 6 6 23 15 15 10 12 8 10 19 14 21 17 27 14 16 111 122

Depreende-se da análise do quadro anterior que as freguesias com maior número de

beneficiários são: Mortágua, Sobral, Espinho e Pala.

Conclui-se também que o maior número de beneficiários se situa no intervalo 55-64 anos.

c) Caracterização dos titulares

Relativamente ao sexo dos titulares (109), continuam a ser as mulheres que mais se mobilizam

para requer o RMG. De facto, 63,3% dos titulares da prestação são do sexo feminino, contra

36,7% do sexo masculino. De acordo com o mesmo quadro os titulares da prestação de RMG

situam-se predominantemente entre os 25-44 (34%), seguidos daqueles com idades

compreendidas entre os 55-64 (27,5%) e dos 45-54 (22%). Este tipo de perfil etário do

requerente de RMG poderá explicar-se por fenómenos que ultrapassam a Reprodução da

*Dada a dificuldade na obtenção de dados rigorosos sobre a Medida RMG, a caracterização efectuada da medida baseia-se apenas nos processos acompanhados localmente pelas Técnicas de Serviço Social em Maio de 2001.

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Câmara Municipal de Mortágua 105

pobreza intergeracional e que no fundo podem resultar da emergência de situações de

desemprego, sobretudo de desemprego de longa duração, ainda em plena fase de idade activa.

Mas também em situações de trabalho precário ou mal remunerado, resultantes das baixas

qualificações profissionais e escolares dos indivíduos aqui caracterizados. Os escalões etários

mais residuais dos indivíduos que recorrem a esta medida são os mais idosos (12,8% - a partir

dos 65 anos) e os mais novos (3,7% - até aos 24 anos). Relativamente ao primeiro grupo estão

incluídos indivíduos cuja idade lhes permite aceder a outro tipo de prestações subsidiárias,

nomeadamente a pensão social. O Grupo dos titulares mais jovens, embora sem grande peso

deve merecer alguma atenção por poderem estar aqui indivíduos à procura do primeiro

emprego e cuja inserção profissional se encontra dificultada.

d) Caracterização da Estrutura Familiar

O tipo de família mais representado na população do RMG (233 indivíduos) corresponde à

família nuclear com filhos (22,9%), seguida da nuclear sem filhos (21%).

As mulheres a viverem com filhos ou sozinhas representam 36,6%. Esta predominância do

elemento feminino no tipo de famílias pode representar a maior vulnerabilidade das mulheres a

situação de carência, ao mesmo tempo que tende a traduzir uma maior iniciativa feminina na

procura de apoio social, factor que se explica que do total de titulares de RMG 63,3% sejam do

sexo feminino, como vimos anteriormente. As famílias alargadas têm pouca expressividade na

tipologia de Famílias RMG (4,5% - respectivamente).

e) Escolaridade

As informações sobre a escolaridade dos beneficiários revelam uma população caracterizada por

uma baixa escolaridade. Assim, dos 221 beneficiários, 23% não possui qualquer grau de ensino

e 19% completaram apenas o primeiro ciclo do ensino básico. A população menos escolarizada

é aquela que se situa no grupo etário dos 45 anos e seguintes.

f) Situação face ao trabalho

Em relação à situação dos beneficiários face ao trabalho é de referir que o grupo das

domésticas, reformados e estudantes representa 57% da população total, funcionando o RMG

como um complemento dos parcos recursos dos agregados, o facto de haver um a

percentagem ainda considerável de activos empregados (18,5%), não é em si garantia de uma

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Câmara Municipal de Mortágua 106

efectiva inserção profissional, já que na maioria dos casos corresponde a situações de emprego

precário, sem vínculo contratual.

g) Caracterização dos principais meios de vida

A maioria dos agregados familiares de RMG usufruem de um rendimento relativamente fixo.

Assim, os agregados familiares de RMG tem como principais meios de vida rendimentos obtidos

pelo trabalho (24%) e por pensões (35%). Os restantes distribuem-se por ordem decrescente

pelas seguintes categorias: rendimentos provenientes da ajuda de familiares 823%),

rendimentos da actividade agrícola ou de ajudas prestadas (17%), subsídios de desemprego e

doença (1%).

h) Os programas de inserção

Este é, sem dúvida um dos aspectos mais interessantes do RMG devido ao seu aspecto

inovador e às consequências que dele se espera. Os beneficiários a cumprir acções de inserção

distribuem-se por ordem decrescente pelas seguintes áreas: 128 – acção social; 104 –

Habitação; 63 – saúde; 28 – emprego; 20 – educação e 8- formação profissional.

Algo que chama de imediato a atenção é a predominância da Acção social seguida da habitação

e saúde. Um outro facto evidente é a baixa frequência dos acordos de inserção na área do

emprego e formação profissional. Sabendo-se que a população a quem a medida se dirige é,

em princípio, das mais carentes neste domínio, é notável que esta área não acompanhe ou

mesmo ultrapasse a do emprego.

Esta situação não está alheia ao facto dos percursos de inserção serem na generalidade dos

casos processos prolongados, sinuosos e progressivos. Assim, a estratégia tem consistido em

começar por “atacar” os problemas ligados às competências pessoais e relacionais, para ir de

seguida às capacidades de desempenho social, e só, depois, profissional. Daí o grande número

de beneficiários a frequentar acções na área social. Também o facto de existir, para as famílias

abrangidas, uma fonte previsível e regular de receitas provoca por si só efeitos – por exemplo

na capacidade de projectar o futuro – que não podem ser menosprezados. Assim, a

efectividade dos programas de inserção também tem dependido largamente da capacidade das

estruturas responderem de forma adequada às necessidades de uma população com

características específicas. Aliás, um dos efeitos esperados desta medida, e que está a ser

concretizado de forma efectiva e visível no concelho de Mortágua, é a criação de nova

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Câmara Municipal de Mortágua 107

respostas ou redefinição e focalização das já existentes. Aproveitando e rentabilizando os

recursos locais, regionais e nacional.

i) Pessoas Isentas de Programas de Inserção profissional, segundo os motivos de isenção

Se atentarmos nas razões apontadas para isentar os beneficiários de programas de inserção,

verificamos que dos 133 isentos, 33 já estavam integrados numa actividade, 33 apresentam

problemas de saúde, 31 tem idade superior a 65 anos, 21 são estudantes e 15 apoiam

familiares. Resta saber se esta integração em mercado de trabalho é efectiva e duradoura. Pois

como já foi referido, o facto de haver uma percentagem ainda considerável de activos

empregados (18,5%), não é em si garantia de uma efectiva inserção profissional, já que na

maioria dos casos corresponde a situações de emprego precário, sem vínculo contratual. A

saúde é outra das razões também referidas. Dentro desta área não podemos descurar a

importância dos indivíduos em consultas e tratamento alcoólico.

j) Efeitos da medida

No âmbito da Medida RMG, é de destacar o número de beneficiários integrados em valências

como Centro de Dia, Apoio Domiciliário e em acompanhamento psico-social e educação sócio-

familiar.

A intervenção ao nível da reabilitação, construção, ampliação habitacional e realojamento foi

também um dos problemas identificados e também resolvidos ou em vias de resolução.

Destacam-se ainda as acções de consultas, tratamentos, desintoxicação alcoólica e prevenção

primária.

É de realçar também o número de crianças integradas em valências (creche, Jardim de infância

e ATL) e também no sistema de ensino.

Estamos perante um grupo com características muito específicas, onde a integração profissional

e em mercado formal de emprego é perspectivada como o culminar de um processo contínuo,

progressivo e faseado que tem que começar por actuar nas dimensões mais básicas, como a

melhoria da auto imagem, o aumento da autonomia pessoal ou a melhoria das condições de

saúde.

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Câmara Municipal de Mortágua 108

7.4 - Conclusão

Concluímos o estudo da área social, fazendo uma síntese dos serviços de apoio existentes no

concelho para os diferentes públicos-alvo.

Serviços de Apoio aos Idosos Segundo o Anuário Estatístico da Região Centro, existiam em Dezembro de 1998, 3124

pensionistas no concelho, dos quais 416 por invalidez, 1834, por velhice e 718 recebem uma

pensão de sobrevivência. Como vimos, no Concelho existem apenas duas instituições com

serviços de apoio à população idosa.

Cruzando a análise demográfica atrás efectuada com os serviços de apoio existentes e a

existência de listas de espera, facilmente percebemos que os equipamentos de apoio à terceira

idade são manifestamente insuficientes. A comprovar esta insuficiência, está o facto dos

Presidentes de Junta de Freguesia do Concelho considerarem urgente a necessidade de alargar

o Apoio Domiciliário, criar lares, centros de Dia e de colocar as Associações Culturais ao serviço

da população idosa, contribuindo para minorar o seu isolamento.

Serviços de Apoio à Infância e Juventude Para além das instituições de ensino existentes no concelho e que analisámos na área da

educação, existem também no Concelho os seguintes serviços sociais de apoio à infância e

juventude

Santa Casa da Misericórdia (IPSS)

Lar / Apoio Domiciliário / Centro de Dia / CAD

Lar da Cruz (Instituição Privada com Fins Lucrativos)

Lar

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Câmara Municipal de Mortágua 109

No Concelho encontram-se em funcionamento quatro instituições com a valência ATL

abrangendo um total de 112 crianças. Com excepção do ATL da Cáritas Diocesana de Coimbra,

todos os restantes incluem a componente de refeição. Este factor de apoio à família justifica a

crescente procura deste tipo de valência nos últimos anos.

As carências sentidas a este nível prendem-se sobretudo com a necessidade de alargamento de

valências, nomeadamente, da creche.

As crianças e jovens têm ainda ao seu dispor no concelho outra instituição não judiciária que

intervém com o intuito de preservar os seus direitos ou de pôr termo a situações susceptíveis

de afectar a sua segurança, saúde, formação educação ou desenvolvimento integral.

Serviços de Apoio à População Portadora de Deficiência

De acordo com os Resultados Provisórios dos Censos de 2001, existem no Concelho 959

indivíduos portadores de deficiência (528 homens e 431 mulheres), o que representa 9,2% da

população total. Contudo, no caso da deficiência visual regista-se maior número de casos junto

da população feminina.

Câmara Municipal de Mortágua

Centro de Animação e EducaçãoInfantil

Cáritas Diocesana de Coimbra

ATL/COJ

Centro BALMAR

ATL

Jardim Escola João de Deus

CRECHE/JARDIM DE INFÂNCIA/ATL

Santa Casa da Misericórdia

ATL

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Câmara Municipal de Mortágua 110

Gráfico 35 - População Residente segundo o tipo de Deficiência e o Sexo.

97

258287

10016

201

46

149

112

496

69

51109

175

5110

132

0

100

200

300

Auditiva Visual Motora Mental Paralisia Outras Def.

HomensMulheres

TotalHomens

Mulheres

Total

Fonte: INE, Infoline- Resultados provisórios Censos 2001

Segundo os dados do INE, existem no Concelho 287 indivíduos deficientes motores, 258

deficientes visuais, 201 casos de outros tipos de deficiência e 97 portadores de deficiência

auditiva.

Ao analisarmos a deficiência por grupo etário e sexo, verificamos que esta, em ambos os sexos,

se encontra intimamente relacionada com a terceira idade. De facto, “os resultados dos Censos

2001 permitem observar que a taxa de incidência da deficiência se agrava com a idade, pois,

no grupo de população mais jovem (menos de 16 anos) aquela era cerca de 1/3 mais baixa que

os 6,1% de pessoas com deficiência encontrados para o conjunto da população, enquanto no

grupo dos idosos a taxa era mais do dobro da nacional (12,5%). Entre a população com

deficiência o índice de envelhecimento é cerca de 5,5 vezes superior ao da população total (por

cada jovem com deficiência existem 5,5 idosos nas mesmas condições). A população idosa

regista as taxas de incidência da deficiência mais elevadas em qualquer dos tipos, com

excepção da deficiência mental cuja taxa é semelhante em todos os grupos de idade. A relação

de masculinidade da população com deficiência é superior a 100 (homens por cada 100

mulheres) em quase todas as idades, excepto nono grupo dos 65 e mais anos, reflectindo a

superioridade numérica das mulheres mais acentuada em idades avançadas, à semelhança do

que se verifica entre a população total. Ainda assim, comparando a estrutura da população

feminina idosa total e da idosa com deficiência, verifica-se que o número de homens com

deficiência é proporcionalmente mais elevado que o das mulheres. (INE, O envelhecimento em

Portugal, 2002, pág. 14)

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 111

Gráfico 36 - População residente segundo o tipo de deficiência, o grupo etário e o sexo.

01020304050607080

Auditiva Visual Motora Mental Paralisia Outras Def.

Menos 16 anos 16-24 25-54 55-64 mais de 64

Fonte: INE, Censos 2001 – Resultados provisórios.

Os gráficos permitem-nos afirmar que esta é uma realidade para ambos os sexos

Gráfico 37 - População residente segundo o tipo de deficiência, o grupo etário

01020304050607080

Auditiva Visual Motora Mental Paralisia Outras Def.

Menos 16 anos

16-24

25-54

55-64

mais de 64

Fonte: INE, Censos 2001 – Resultados provisórios.

A informação que acabámos de analisar coloca em evidência a necessidade do concelho se

debruçar sobre este público-alvo no sentido de encontrar respostas às suas necessidades.

Efectivamente, os dados estatísticos que analisámos levantam a questão da deficiência também

associada à terceira e “quarta idade”. A nível concelhio, a única resposta existente até ao

momento para este público- alvo, prende-se com a Escola de Cães - Guias da ABAADV –

específica para o apoio a invisuais.

III - Caracterização Sócio-Económica do Concelho 8 - Saúde

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 113

8.1 - Infra-estruturas de Saúde Ao analisarmos a área da saúde no concelho de Mortágua devemos distinguir, desde logo, as

respostas existentes de índole pública e privada.

Quadro 33 - Infra- Estruturas de Saúde no Concelho de Mortágua, 2002.

Centros

de Saúde

N.º de Extensões

do Centro de Saúde

N.º Centros Médicos

(privados)

Nº Extensões de

Laboratórios de

Análises Clínicas

N.º de farmácias

1 2 2 2

3+1 (Posto de

medicamentos

Espinho)

Assim, em termos de infra-estruturas públicas de saúde, o concelho de Mortágua conta

actualmente com um moderno Centro de Saúde localizado na Vila de Mortágua e duas

extensões, uma localizada na Marmeleira e outra em Espinho. Estas extensões procuram dar

resposta à população residente nestas freguesias ganhando maior proximidade com as pessoas

e maior humanização nos serviços.

Ao nível dos serviços de saúde privados existentes no concelho de Mortágua, podemos

inumerar a existência de 2 Centros Médicos privados que abrangem especialidades como por

exemplo, estomatologia e medicina dentária, ginecologia, ortopedia, dermatologia. Para além

destes existem ainda no Concelho outros consultórios de medicina privada.

No Concelho não existe nenhum laboratório de análises clínicas, pelo que este tipo de serviço é

prestado por laboratórios de concelhos vizinhos que aqui efectuam as recolhas.

Encontram-se também em funcionamento três farmácias (duas situadas na sede do concelho,

uma na localidade da Marmeleira) e um posto de medicamentos em Espinho.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 114

8.2 – Indicadores de Saúde

Depois de identificados os serviços existentes na área da saúde, passemos agora a efectuar

uma análise deste sector segundo os indicadores de saúde normalmente utilizados pelo INE

(Instituto Nacional de Estatística).

Quadro 34 - Indicadores de Saúde, em 1998

Taxa de

Mortalidade

Infantil

Médicos por

1000

habitantes

Consultas por

habitantes

Farmácias por

10000

habitantes

Camas

1994/98 Por 1000

habitantes

Taxa de

ocupação

% 1998

PORTUGAL 6,9 3,1 3,7 2,5 4,0 74,0

REGIÃO CENTRO 5,7 1,8 3,8 2,9 4,5 76,5

DÃO-LAFÕES 5,6 1,8 3,2 2,5 2,6 75,5

MORTÁGUA 7,9 1,7 4,0 2,9 0,9 87,3

Fonte: INE, Anuário Estatístico da Região Centro, 1999

O quadro anterior mostra-nos que a taxa média de mortalidade Infantil para o Concelho em

1994/98, superava para a mesma altura, o país num ponto percentual; a Região Centro em 2,1

pontos percentuais e a Nut Dão Lafões em 2,3 pontos percentuais. Este dado é preocupante! É

- o tanto mais quanto sabemos que a taxa de mortalidade infantil é um importante indicador de

qualidade de vida.

Verifica-se também que o número de médicos por mil habitantes é inferior à média da região

Centro e do País e que o número de consultas é superior. A leitura destes dados estatísticos

faz-nos crer que o nosso concelho é deficitário ao nível da oferta de pessoal médico.

Apenas no que diz respeito à existência de farmácias, os indicadores mostram que a situação

concelhia está acima da nacional.

8.3 – Serviço Público de Saúde – Centro de Saúde de Mortágua

A localização geográfica do Concelho coloca-nos numa posição de equidistância em relação às

cidades de Viseu e Coimbra. Esta situação conduz-nos a uma situação dual no que diz respeito

à área da saúde. Administrativamente estamos inseridos na sub-Região de Viseu, mas

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Câmara Municipal de Mortágua 115

articulamos com os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), uma vez que estamos

também inseridos na Região de Saúde de Coimbra Norte. Esta dualidade de critérios nem

sempre é fácil.

Actualmente, o Centro de Saúde de Mortágua é a principal infra-estrutura de saúde existente

no Concelho de Mortágua. É um edifício de construção recente, inaugurado no dia 4 de

Fevereiro de 2001 e que conta com instalações modernas e funcionais.

Conta com 2 módulos de Clinica Geral e Familiar, um módulo de Saúde Pública, Serviço

de Medicina Dentária – Médica contratada 16 horas semana - Serviço de Atendimento

Permanente equipado com electrocardiografo - Serviço de Telemedicina, - Equipamento de

R.X., Sala destinada a Fisioterapia, mas não equipada, e sala destinada ao Laboratório, também

não equipada.

Além da sede propriamente dita, tem ainda duas extensões - Marmeleira e Espinho.

O Centro de saúde serve a população concelhia prestando cuidados de saúde nas suas duas

vertentes:

1. Promoção da Saúde e Prevenção de Doença,

2. Tratamento procurando também Reabilitar e Integrar

8.3.1 – Recursos Humanos

Para o desempenho destas funções, o Centro de Saúde contava em 2001 com oito médicos/as;

treze enfermeiros/as; nove administrativos/as; seis auxiliares de acção médica, um auxiliar de

apoio e vigilância e um oficial lavandaria. Merece destaque o facto da grande maioria destes

funcionários ser natural e residir no concelho.

No seu conjunto, os oito médicos existentes no Centro de Saúde, possuem nos seus

ficheiros um total de 11 226 utentes, dos quais 5 440 pertencem ao sexo masculino e 5 786 ao

sexo feminino- reflexo do também maior número de efectivos femininos face ao total da

população. Evidencia-se o facto do número de utentes do Centro de Saúde ser superior à

população total residente no Concelho. Este dado suscita-nos reflexão! A justificação poderá

residir no facto de se encontrarem inscritos no Centro de Saúde inúmeros indivíduos naturais do

concelho, mas que aí não residem e também indivíduos naturais de concelhos limítrofes, como

é o caso de algumas localidades de Penacova e de Tondela.

Face a estes valores facilmente percebemos que, em média, cada médico possui 1 403 utentes,

ou dito de outro modo, o Concelho possui 1,3 médicos para cada mil habitantes. Saliente-se

que este valor médio se situa bastante abaixo da média nacional que era segundo o INE, em

1999 de 3,7 médicos por mil habitantes.

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Quanto aos recursos humanos existentes na área da saúde, e em relação a 1991, contamos

actualmente com menos um médico, menos três auxiliares de acção médica e menos uma

auxiliar de apoio e vigilância. Contamos, no entanto, com mais dois enfermeiros/as e um

administrativo.

Quadro 35 - Recursos Humanos existentes no Centro de Saúde, 2001.

N.º de Médicos N.º Enfermeiros Administrativos Auxiliares de

Acção Médica

Aux. Apoio e

vigilância/ Of.

Lavandaria Ano

M F M F M F M F M F

1991/92 7 2 4 7 7 1 - 9 - 3

1992/93 7 2 4 7 7 1 - 9 - 3

1993/94 7 2 4 7 6 2 - 9 - 3

1994/95 7 2 3 6 6 2 - 7 - 3

1995/96 6 2 3 10 6 3 - 7 - 3

1996/97 6 2 3 10 6 3 - 7 - 3

1997/98 6 2 1 11 4 2 - 7 - 3

1998/99 6 2 1 11 4 3 - 6 - 2

1999/00 6 2 1 12 4 4 - 6 - 2

2000/01 6 3 1 12 4 2 - 6 - 3

2001/02 5 3 2 11 4 5 - 6 - 2

Fonte: Centro de Saúde de Mortágua/Inquérito da Rede Social 2001.

Estas alterações prendem-se sobretudo com o encerramento dos serviços de

internamento que assim justificam uma menor necessidade de auxiliares de apoio e vigilância.

Por outro lado, os ganhos em termos de administrativos/as e enfermeiros/as, justificam-se pelo

número de utentes do Centro de Saúde e pela criação dos serviços continuados de saúde no

domicílio.

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8.3.2 – Número de Utentes

Quadro nº 36 - Número de Utentes do Centro de Saúde/Sexo/ Médico, 2001

N.º de Utentes N.º de

Médicos

existentes no

Concelho

M F Total

1 885 951 1836

2 971 937 1908

3 475 490 965

4 366 405 771

5 736 808 1544

6 456 548 1004

7 662 701 1363

8 889 946 1835

Total 5440 5786 11226

Fonte: Centro de Saúde de Mortágua/Inquérito da Rede Social 2001

O número de consultas efectuadas no ano anterior reflecte igualmente a elevada afluência aos

serviços do Centro de Saúde.

Quadro 37 - Número de consultas por Tipo realizadas no Centro de saúde/ 2001.

Ano Planeamento

Familiar Diabetes

Saúde

Infantil

Saúde

materna Hipertensão

Clínica

Geral Total

2001 653 1 604 2 982 449 4 867 27 786 38 341

Fonte: Centro de Saúde de Mortágua/ 2001.

O quadro acima apresentado permite-nos verificar o maior número de consultas realizado no

âmbito da Clínica Geral, da Hipertensão e da Saúde Infantil.

Como as doenças hipertensivas:

- Tem uma elevada incidência;

- São um factor causal da diminuição directa ou indirecta da esperança e/ou

qualidade de vida dos doentes;

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Câmara Municipal de Mortágua 118

- Identificam-se como patologias que provocam inúmeras vezes repercussões

noutros órgãos

- Tem elevado custo com os meios assistênciais e de tratamento destas

doenças, bem como o número de horas de trabalho e anos de vida

perdidos;

- E somente um número reduzido de Hipertensos está controlado.... A intervenção do Centro de Saúde prevista em Plano de Actividades para 2002, para além do

diagnóstico, classificação, controle e tratamento da população hipertensa, continuará a incidir

na promoção de Acções de Educação para a Saúde procurando atingir os seguintes objectivos:

- aumentar o número de hipertensos diagnosticados >15 anos

- aumentar o número de hipertensos controlados

- aumentar o número de hipertensos classificados;

Para além dos serviços de consulta, o Centro de Saúde de Mortágua presta ainda Cuidados de

Saúde no Domicílio.

8.3.3 - Cuidados de Saúde Continuados e Integrados ao Doente Dependente

Este programa surge com os seguintes objectivos:

Melhorar a qualidade de vida do doente dependente e apoiar a sua inserção sócio -

familiar e comunitária;

Melhorar a qualidade de cuidados de saúde ao doente dependente garantindo

preferencialmente a sua permanência no domicilio;

Potenciar o estabelecimento de parcerias com outras instituições e/ou serviços locais de

modo a rentabilizar os recursos existentes e a resposta às necessidades de cuidados a

prestar ao doente dependente.

Conta com uma pequena equipa constituída por um(a) médico(a), um(a) enfermeiro(a) e um(a)

auxiliar. Ao longo do ano 2001, este tipo de prestação de cuidados de saúde no domicílio

apoiou 112 pessoas com as mais variadas patologias.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 119

Quadro 38 - Cuidados Continuados de Saúde no Domicílio prestados pelo Centro de Saúde,

2001

Patologias Número de Utentes Apoiados

A. V. C. ( Acidente Vascular Cerebral 32

Doença Oncológica 9

Fractura do Colo do Fémur 9

Diabéticos 8

Outras Situações 54

Total 112

Fonte: Centro de Saúde de Mortágua/ 2001.

Do quadro acima apresentado, destacam-se os cuidados continuados de saúde prestados no

domicílio relativos à categoria a outras situações, cujos cuidados se prendem por exemplo com

tratamento de feridas e mudança de pensos, aspiração de secreções (nos casos de doença

pulmonar crónica obstrutiva), insuficiência cardio- respiratória, politraumatizados (indivíduos

que sofreram acidentes graves e não se podem deslocar), artroses ou doenças do foro

reumatológico, etc. Esta categoria refere-se a todas aquelas situações que exigem tratamento

ou vigilância e cujos indivíduos não podem deslocar-se ao Centro de Saúde.

Em segundo lugar destaca-se a categoria referente aos Acidentes Vasculares Cerebrais,

cujos cuidados se prendem com a prevenção e apoio à família, nomeadamente, no ensino das

técnicas de correcto posicionamento dos doentes e de prevenção e tratamento de escaras ou

mudança de algalias.

Os restantes tratamentos, apesar de mais reduzidos, prendem-se também com este

tipo de cuidados, desinfecções, mudança de pensos, aplicação de injecções e prevenção de

feridas.

Tendo em conta que vivemos num concelho em que o envelhecimento populacional começa a

manifestar as suas primeiras consequências prevê-se o aumento da procura deste tipo de

serviços. O alargamento tornar-se-á fundamental. Contudo, o Centro de Saúde debate-se a

curto prazo com dois entraves ao alargamento deste tipo de serviços que se prendem com a

ausência de uma viatura e de um motorista para facilitar as deslocações.

Assim, o Centro de Saúde considera de extrema importância a articulação e o estabelecimento

de parcerias com outras instituições e/ou serviços no sentido de aumentar a existência desta

espécie de respostas.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 120

8.3.4 - Alcoolismo

O alcoolismo é uma patologia social que afecta o concelho de Mortágua. A preocupação dos

Presidentes de Junta na resposta aos inquéritos efectuados no âmbito da Rede Social,

confirmam o alcoolismo como sendo o problema social mais incidente no Concelho. Contudo,

muitos têm vindo a ser os esforços desenvolvidos pelos entidades locais no sentido de o

minorar.

No ano transacto, o Centro de Saúde identificou 86 casos de alcoolismo, maioritariamente

homens, dos quais se consideram tratados 22. Dos restantes (64), 10 foram enviados aos

Hospitais e outros 10 ao Centro de recuperação de Alcoólicos de Coimbra. Continuando 44 dos

casos identificados sem evolução em termos de tratamento. Para este facto contribui muitas

vezes, a não aceitação da doença por parte do paciente derivada da ignorância, do medo ou

vergonha, que acabam por resultar, por vezes, em graves doenças de foro físico e mental.

Quadro 39 - Dados relativos ao alcoolismo no Concelho de Mortágua

Alcoólicos identificados 86

55 Homens/ 31 Mulheres

Alcoólicos tratados 22

Alcoólicos enviados aos Hospitais 10

Alcoólicos enviados ao Centro de Recuperação de

Alcoólicos de Coimbra. 10

Fonte: Centro de Saúde de Mortágua/2001.

O recenseamento e acompanhamento dos consumidores excessivos de álcool tem também sido

possível através da articulação dos vários serviços intervenientes na Medida RMG.

8.3.5 – Projectos em parceria

A cultura do trabalho em parceria faz já parte da metodologia de trabalho do Centro de

Saúde. Para além da Rede Social é também parceiro do CAD e do Programa Escolas Promotoras

de Saúde. Façamos então uma breve descrição do CAD – Centro de Apoio a Dependentes.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 121

CAD – Centro de Apoio a Dependentes9

No ano de 2000 o Centro de Saúde funcionava nas velhas instalações do antigo

hospital da Misericórdia e como tinha internamento 38 dos utentes ficaram aí internados.

Posteriormente, encerrou o Internamento e através do esforço conjunto da parceria foi criado

um Centro de Apoio a Dependentes, procurando deste modo colmatar as dificuldades criadas

com o encerramento do Internamento.

A entidade promotora do CAD é a Santa Casa da Misericórdia de Mortágua. O Centro de Saúde

é parceiro juntamente com a Câmara Municipal de Mortágua, o Centro Distrital de Solidariedade

e Segurança Social de Viseu, a Sub Região de saúde de Viseu e os Bombeiros Voluntários de

Mortágua.

REDE SOCIAL

O Centro de Saúde de Mortágua é também parceiro deste programa e considera que a sua

participação pode ser pertinente nomeadamente na procura de soluções conjuntas para

patologias como o alcoolismo e a toxicodependência que considera irem além dos limites da

saúde.

9 A apresentação do CAD será efectuada na área da acção social; integrada na apresentação da Santa Casa da Misericórdia de Mortágua que é a entidade promotora deste projecto.

III - Caracterização Sócio-Económica do Concelho 9 - Habitação

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 123

9.1 – Alojamentos Familiares De acordo com os resultados provisórios dos Censos de 2001, o Concelho de Mortágua possuía

em 12 de Março de 2001, 5030 Alojamentos Familiares.

A grande maioria destes alojamentos (5012) destinam- se à habitação permanente das famílias

e designam-se Alojamentos Clássicos.

Quadro 40 - Alojamentos Familiares segundo o tipo de alojamento e a forma de ocupação.

Tipo de Alojamento Forma de Ocupação Anos de

Recenseamento Ocupados

Total

Clássicos Barracas Outros Residência Habitual

Uso Sazonal ou Secundário

Vagos

1991

3383

3356

7

20

3356

149

359

2001

5030

5 012 3 15 3 637 1 156 237

Fonte: INE, Censos 1991/ Censos 2001 (Resultados Provisórios)

Reflexo da intervenção do município no âmbito da habitação ao longo da última década,

verifica-se uma acentuada redução do alojamento precário (barracas e outros) e das carências

habitacionais.

O quadro anterior permite-nos contudo salientar o enorme acréscimo do total de alojamentos

familiares no Concelho entre 1991 e 2001. Em 2001, o Concelho apresenta um acréscimo de

1647 Alojamentos Familiares que se faz também acompanhar do aumento do número de

famílias.

Relativamente à forma de Ocupação, apesar de terem diminuído os alojamentos Vagos

aumentaram consideravelmente aqueles com uso apenas Sazonal ou Secundário. Em apenas 10

anos passámos de um total de 149 para 1156 alojamentos familiares com uso apenas Sazonal

ou Secundário, ou seja verificou-se um acréscimo de 1007. Esta forma de ocupação que

representava apenas 4,4% em 1991, passou agora a representar 22,9%!!!

Uma das explicações possíveis será o de grande parte desta habitação pertencer a emigrantes

que construíram as suas casas no Concelho com o objectivo de (para além do factor

investimento e do momento em que regressarão ao Concelho) passar férias ou curtos períodos

ao longo do ano. O aumento da procura de segunda habitação por parte das populações

urbanas é também outra das explicações.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 124

Quanto ao regime de propriedade, poderemos afirmar que a grande maioria das famílias de

Mortágua possui a sua própria casa.

Quadro 41 - Alojamentos Clássicos segundo o regime de Ocupação.

Total Proprietário Arrendamento ou Sub Arrendamento Outros

3619

3 324 209 86

Fonte: INE, Censos 2001- Resultados Provisórios

De facto, 91,8% da Habitação Clássica é habitada pelos proprietários. A forma de ocupação

arrendamento ou sub- arrendamento é insignificante e representa apenas 5.8 %.

Vejamos agora como se situam os Alojamentos Familiares de Residência Habitual em termos de

existência de Infra- Estruturas Básicas.

Quadro 42 – Alojamentos Familiares, segundo a existência de infra-estruturas básicas

Electricidade Água Esgotos Total

Com Electricidade Sem Electricidade Com Água Sem Água Com Esgotos Sem Esgotos

3637

3615 22 3509 128 3412 225

Fonte:INE, Censos 2001 - Resultados Provisórios

Neste aspecto, a grande maioria dos alojamentos familiares de residência habitual do concelho

detém uma cobertura bastante positiva da distribuição de electricidade (99.4 %), água (

96.5%) e rede de esgotos (93.8 %).

9.2 – Infraestruturas Básicas

No que concerne às taxas de cobertura de electricidade, água e saneamento básico, o Concelho

situa-se numa posição privilegiada face à média do país.

Quadro 43 - Taxas de Cobertura

Água Electricidade Rede de Esgotos Recolha do Lixo

99,2%

100% 65% 100%

Câmara Municipal de Mortágua- Divisão de Qualidade de Vida e Ambiente.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 125

De facto, em termos de rede eléctrica, o quadro anterior permite-nos referir a cobertura a

100% de todo o concelho. O mesmo acontece em termos de sistema de recolha e tratamento

de resíduos sólidos. No que respeita ao abastecimento de água ao domicílio, a taxa de

cobertura concelhia situa-se muito próxima dos 100%. Apenas as localidades de Truta de Cima

(Freguesia de Espinho), Linhar de Pala(Freguesia de Pala) e Póvoa do Sebo e Gavião (freguesia

do Sobral) não possuem ainda de rede de abastecimento de água.

Quanto à drenagem e tratamento de esgotos, a taxa situa-se ao nível dos 65%. As limitações

ou carências prendem-se essencialmente com a drenagem e tratamento de esgotos, ainda

inexistentes em 35 % do território do Concelho. O esforço financeiro associado a este tipo de

infraestruturas, conjuntamente com a dispersão e adversidade orográfica das zonas mais

serranas do concelho justificam esta realidade.

Quadro 44 - Distribuição da Rede de Drenagem e Tratamento de Esgotos. Freguesias/

Localidades Drenagem e Tratamento de Esgotos

Almaça Existe em toda a freguesia

Cercosa Existe apenas na sede da freguesia

Cortegaça Existe apenas na sede da freguesia

Espinho Não existe

Marmeleira Não existe

Mortágua Existe em toda a freguesia, com excepção da localidade de Falgaroso do Maio

Pala Apenas Monte de Lobos possui rede, mas ainda sem tratamento

Sobral Está totalmente equipada

Trezoi Não existe

V. Remígio Apenas Gândara está totalmente equipada. As restantes localidades possuem a rede de

drenagem, ainda sem tratamento

Câmara Municipal de Mortágua- Divisão de Qualidade de Vida e Ambiente.

Face ao quadro apresentado, facilmente concluímos que as freguesias urbanas, densamente

povoadas (caso de Mortágua, Sobral e Vale de Remígio) são as freguesias melhor equipadas a

este nível.

As carências a este nível são também sentidas pelos Presidentes de Junta de Freguesia do

concelho. Estes, quando questionados acerca dos principais recursos a criar nas suas freguesias

mencionaram maioritariamente a drenagem e tratamento de esgotos.

Sintetizando, poderemos dizer que mercê dos esforços desenvolvidos nos últimos anos esta já

não é uma área que suscite grande preocupação para o concelho.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 126

9.3 - Habitação Social

A Constituição Portuguesa consagra no seu Artº 65º o direito de todos os cidadãos a uma

habitação adequada. A habitação é, sem dúvida, a expressão mais imediatamente visível da

condição social das populações. A promoção da habitação e das condições de habitabilidade

junto dos sectores da população mais carenciados, é um passo essencial na luta contra a

pobreza e exclusão social. A sociedade de bem-estar exige uma política de habitação para

todos. Assim, a intervenção ao nível da reabilitação, construção, ampliação habitacional e

realojamento, constituiu um dos problemas sociais detectados no Concelho. A acção da Câmara

no sentido de encontrar resolução para este problema social, passou não só pela construção do

Bairro de Habitação Social da Gandarada, mas também pelo desenvolvimento de esforços no

âmbito das parcerias do Programa “Ao encontro de...” e do Rendimento Mínimo Garantido para

a realização de obras de reabilitação habitacional em habitações degradadas e insalubres de

famílias, residentes nas diversas povoações e cuja deslocação para a habitação social se

mostrou desajustada tendo em consideração as situações específicas. Esta é ainda uma área

que vai exigir acções e investimentos nos próximos anos.

9.3.1 - Bairro de Habitação Social da Gandarada

A atribuição dos fogos, em regime de renda apoiada, foi efectuada mediante a realização de um

PER – Programa Especial de Realojamento/Famílias.

Cinquenta e oito famílias, 180 pessoas. Todas viram a sua situação habitacional ficar

radicalmente diferente e, para a maior parte delas nada será como dantes. O Bairro de

Habitação social da Gandarada é um projecto que nasce da necessidade de resolver a situação

da degradação em que se encontrava um Bairro construído nos anos 50 no mesmo local e o

“Bairro dos Retornados”, de construção precária e provisória, localizada no tempo, e também

em adiantado estado de degradação. Procurando resolver estas duas situações que em

conjunto abrangiam 27 famílias, fez-se também um levantamento de outras situações dispersas

do Concelho e iniciou-se em finais de 1996 a construção de 58 fogos, concluindo-se no final do

1º semestre de 1999, representando um investimento global de 389.859.446$00, tendo o INH

financiado o projecto com cerca de 148 mil contos, sendo a parte restante financiada por um

empréstimo contraído pelo Município.

Numa primeira fase procedeu-se ao realojamento dos residentes no antigo Bairro da Gandarada

– Bairro Adriano Henriques.

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Câmara Municipal de Mortágua 127

Numa segunda fase, a atribuição de fogos , em regime de renda apoiada, foi efectuada

mediante a realização de concursos públicos por classificação, tendo até agora sido alojadas

180 pessoas

Refira-se que o segundo concurso, de atribuição de 7 fogos, resultou do facto de algumas

famílias terem já melhorado as suas condições económicas e terem encontrado outras vias de

resolução para o seu problema habitacional, dando assim a oportunidade a outras mais

carenciadas de poderem ver melhoradas as suas condições de vida. (Cf. Câmara Municipal de

Mortágua, Informação Municipal, Fevereiro/Março 2000).

Encontra-se actualmente a decorrer a fase de avaliação das candidaturas apresentadas no

quarto concurso.

Numa perspectiva de justiça social, procurou passar-se de uma política de habitação social a

uma política social de habitação, onde para além de estarem cumpridas as condições de

habitabilidade e de equipamento doméstico, não foram também esquecidas outras funções

residenciais como sejam as relações de vizinhança, as características do agregado familiar e as

especificidades de cada indivíduo assentes no princípio de que todos somos diferentes, mas

todos somos iguais!

9.3.2 - Caracterização dos Residentes do Bairro de Habitação Social

Actualmente residem no Bairro de Habitação Social 56 famílias que perfazem um total de 158

indivíduos, 80 homens e 78 mulheres.

Quadro 45 - Distribuição dos residentes por sexo e idade

Intervalos Etários

Sexo 0-14 15-24 25-64 65+

Masculino 23 14 37 6

Feminino 15 12 42 9

Total 38 26 79 15 Fonte: Câmara Municipal de Mortágua, 2002

O quadro anterior mostra-nos que 50% dos residentes no bairro se situam no intervalo etário

entre os 25 e os 64 anos, 24% se situam entre os 0-14 anos, 16,5% entre os 15 e os 24 anos e

9,4% têm mais de 65 anos. Conclui-se, portanto, que a população residente total é

maioritariamente jovem. A média de idades masculina é de 29,6 anos e a feminina de 35,3

anos, o que demonstra maior juventude entre a população masculina.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 128

a) Tipologia Familiar da População Residente

As famílias nucleares com filhos representam 41,07% do total das famílias residentes no Bairro

de Habitação Social. Seguem-se-lhe as famílias nucleares sem filhos e monoparentais femininas

que representam de igual modo 16,07%.

Quadro 46 - Nº de Habitantes por Tipologia Familiar

Tipologia Familiar

Número de

Famílias

Isolado feminino 4 Isolado masculino 3

Monoparental feminina 9 Nucelar sem filhos 9 Nuclear com filhos 23

Alargada 2 Recomposta 5

Outra 1 Fonte: Câmara Municipal de Mortágua, 2002

Verifica-se também maior peso dos isolados femininos (7,1%) do que isolados masculinos

(5,4%).

b) Situação Profissional dos Habitantes no Bairro de Habitação Social

A população residente no bairro em idade activa representa 65,8% do total. De entre o total de

pessoas em idade activa (104), existem apenas 8 desempregados (7 mulheres e 1 homem).

De um modo geral, conclui-se que o desemprego existente entre esta população não causa

sérias preocupações. Contudo, confirma-se a tendência geral de feminização do desemprego.

III - Caracterização Sócio-Económica do Concelho

10 – Associativismo/Cultura e Tempos Livres

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 130

10.1 - Património Cultural A grande riqueza e diversidade patrimonial do concelho prende-se sobretudo com o património

imaterial, nomeadamente com as tradições e a cultura oral que caracterizam os nossos modos

de vida rurais. Transmitido de geração em geração, corre o risco de se perder em consequência

das transformações que se tem vindo a processar no mundo rural português. Este património

precisa urgentemente de ser organizado, preservado e valorizado. Este é um caminho que

teremos de seguir e onde as associações culturais existentes poderão ter um papel de extrema

importância.

No que diz respeito ao património material, o Concelho tem apenas um Monumento Nacional –

o Pelourinho de Mortágua. Contudo, e apesar de não existirem monumentos grandiosos de rara

arquitectura, existem diversos tipos de património material construído ligado às nossas

actividades tradicionais que deverá ser também preservado e reutilizado, por exemplo, para fins

museológicos, como é o caso dos moinhos, dos lagares, dos espigueiros, das eiras...

10.2 – Associativismo

O Concelho conta actualmente com um universo de 73 associações culturais, recreativas e

desportivas espalhadas pelas suas dez freguesias. Destaca-se, a freguesia de Mortágua que

possui 25 associações; ou seja, 34,24 % do total das associações.

Quadro 47 - Número de associações, por freguesia

Freguesia Número de Associações

Almaça 1 Cercosa 3

Cortegaça 2 Espinho 12

Marmeleira 4 Mortágua 25

Pala 9 Sobral 11 Trezoi 3

Vale de Remígio 3 Fonte: Câmara Municipal de Mortágua

A grande extensão numérica de associações culturais, recreativas e desportivas existentes no

concelho, faz-nos crer que existe um grande movimento associativo. Contudo, esta dimensão

quantitativa não se faz acompanhar com igual dimensão qualitativa. Muitas destas associações

existem juridicamente, têm sede nas diferentes aldeias, mas culturalmente “não existem”.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 131

Contudo, e apesar da expressão numérica do movimento associativo não ser igualmente

acompanhado por eventos e actividades culturais em quantidade e em qualidade, o facto de

simplesmente existirem é um ponto forte do Concelho que urge transformar em potencialidade.

O facto de possuírem sedes físicas com construções e acabamentos de qualidade (devemos

salientar que algumas tiveram apoios financeiros oriundos de candidaturas LEADER e TNS), é

também uma mais-valia e um factor positivo, capaz de facilitar qualquer intervenção no sentido

de despoletar novas actividades ou de reorientar áreas de actuação.

10.3 - Pólos de Expressão Sócio-Cultural

Vejamos agora quais os principais grupos de intervenção cultural existentes no Concelho de

Mortágua.

Localidade Teatro Esc. de

Música Bandas e

OrquestrasEscola de Música

Grupos Corais

Ranchos Folclóricos

Mortágua 1 1 1 1 2 1 Vale de Açores 1

Marmeleira 1 Freixo 1

Vila Nova 1 Cortegaça 1

Total 2 1 1

1 3 4

Fonte: Câmara Municipal de Mortágua No Concelho existem quatro Ranchos Folclóricos que procuram preservar o folclore local,

recolhendo e divulgando os trajes, o cancioneiro e as danças locais.

São eles.

Rancho Folclórico os “Irmânicos” da Marmeleira

Rancho Folclórico “Os Unidos” de Mortágua

Rancho folclórico e etnográfico de Vale de açores

Rancho folclórico os “Camponeses” do Freixo

Com o intuito de promover o ensino e a prática musical, existe a Banda Filarmónica de

Mortágua

No âmbito da música coral existem:

O Grupo Coral de Cortegaça

O Coral Juvenil Silvia Marques que integra 70 crianças e jovens

O Orfeão Polifónico de Mortágua que envolve 40 elementos adultos.

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Câmara Municipal de Mortágua 132

No âmbito das actividades teatrais existem:

O TEM – Teatro experimental de Mortágua

O Grupo de Teatro Amador de Vila Nova

Este último grupo pertence à Associação Cutural Recreativa e Desportiva de Vila Nova

que é a única associação RNAJ (Rede Nacional de Associações Jovens) do Concelho.

10.4 - Equipamentos Culturais Em termos de equipamentos culturais, públicos, o Concelho possui actualmente:

1. O Centro de Animação Cultural que tem disponíveis 2 salas de exposição e um

auditório com 240 lugares onde funciona o cinema à quarta-feira e ao fim-de-

semana.

2. O Centro de Animação Infantil

3. Uma Biblioteca Municipal (em fase final de construção)

4. O Espaço INTERNET

A sede do Concelho é também o local onde se concentram os principais equipamentos de

expressão sócio-cultural do concelho. A diversidade e qualidade dos equipamentos culturais

existentes, colocam o concelho numa posição excepcional. Contudo, ultrapassado o esforço

financeiro da construção dos equipamentos, é necessário apostar agora na dinamização de

projectos e eventos culturais capazes de despoletar a animação do território local. Esta área

poderá ser um importante elemento de atracção e de fixação da juventude no concelho e

desempenhar um papel fundamental no reforço de identidade. Sê-lo-á tanto mais quanto

permitir e incentivar a participação e o envolvimento da população local.

O cinema é um dos exemplos de sucesso da vida cultural do concelho. Após um interregno de

algumas décadas, e com a abertura do Centro de Animação Cultural, o cinema voltou ao

concelho de Mortágua.

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Câmara Municipal de Mortágua 133

Quadro49 - Evolução da frequência das sessões de cinema em 2001. Janeiro Fevereiro Março Abril Maio junho julho Agosto Setembro Outubro Novembro Total

N.º Total Espectadores 1421 1177 1267 1377 633 685 1139 656 1408 1454 1647 12864

N.º Total Espectadores F/S

1335 1083 1175 1325 564 654 9 8 1360 1399 1612 10507

N.º Total Sessões 14 12 13 12 13 13 127 82 13 11 12 130

N.º Total Sessões F/S 9 8 9 9 8 9 - - 8 8 8 78

Média Espectadores por Sessão

- 98 - 115 49 53 - - 108 132 137 99

Média Espectadores por Sessão F/S

148 135 130 147 71 73 - - 136 175 201 138

Fonte: Câmara Municipal de Mortágua

A frequência média das sessões de cinema confirma a adesão da população a esta forma de

expressão cultural.

10.5 – Equipamentos e Actividades Desportivas

Em termos desportivos, são também variados os equipamentos disponíveis e as actividades

desenvolvidas em todo o Concelho.

Quadro 50 - Equipamentos Desportivos existentes no Concelho de Mortágua.

Freguesia Campos de Futebol

Polidesportivos de ar Livre

Piscinas/ Tanques de

Aprendizagem

Pavilhões Gimnodesportivos

Campo de Tiro

Pista de Canoagem

Campos de Ténis

(Courts) Cercosa 1

Mortágua 2 5 3 3 1 1 2 Pala 1 - - - - - -

Sobral 5 3 - 1 - - - Espinho 1 1 - 1 - - -

Marmeleira 1 - - 1 - - - Trezói 1 Total 12 9 3 6 1 1 2

Fonte: Câmara Municipal de Mortágua. Contudo, é na sede do Concelho que se localizam os principais equipamentos desportivos

disponibilizados pelo Município. Destaca-se o Complexo Desportivo Municipal onde se integram

as Piscinas e o Pavilhão Gimnodesportivo.

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Quadro 51 - Número de utentes do Complexo Desportivo de Mortágua Ano 2001 Ano 2002

Meses Piscinas Pavilhão

Meses Piscinas Pavilhão

Julho 1 803 1 090 Janeiro 1 311 4 049

Agosto 3 919 300 Fevereiro 2 171 7 762

Setembro 1 083 132 Março 1 755 7 273

Novembro 959 3 566 Abril 1 274 3 876

Dezembro 1 844 6 362 Maio 1 623 7 056

TOTAL 9608 11450 8134 30016

Fonte: Piscinas Municipais, Maio 2002.

Em termos de utilização, este complexo é frequentado por todas as Escolas do 1.º Ciclo

do concelho, pela Escola Básica 2/3, pela Escola Secundária, pela equipa de Andebol do

Mortágua futebol Clube e ainda por 9 equipas que regularmente alugam o pavilhão para

praticar desporto.

As piscinas funcionam com turmas de aprendizagem e com natação livre. São também

utilizadas por indivíduos provenientes do Concelho de Penacova, mais precisamente das

localidades de: Travanca do Mondego, Oliveira do Mondego e São Pedro de Alva. No conjunto,

estes 18 indivíduos concentram-se em duas turmas de aprendizagem.

Funcionam também neste complexo aulas de Aeróbica, Ginástica de Manutenção, Danças de

Salão e Karaté.

Quadro 52 - Número de Utentes do Complexo Desportivo de Mortágua Ano 2001 Ano 2002

Meses Piscinas Pavilhão

Meses Piscinas Pavilhão

Julho 1 803 1 090 Janeiro 1 311 4 049

Agosto 3 919 300 Fevereiro 2 171 7 762

Setembro 1 083 132 Março 1 755 7 273

Novembro 959 3 566 Abril 1 274 3 876

Dezembro 1 844 6 362 Maio 1 623 7 056

Fonte: Piscinas Municipais, Maio 2002.

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Câmara Municipal de Mortágua 135

10.6 – Associações Humanitárias e de Desenvolvimento

Para além das associações culturais desportivas e culturais, existem ainda outros tipos de

Associações que devem ser destacadas dentro do movimento associativo.

Saliente-se, pelo seu objecto e dinâmica de intervenção, a Associação Humanitária dos

Bombeiros Voluntários de Mortágua que foi fundada em 27 de Outubro de 1923 e que, desde

então, têm prestado inúmeros serviços em prol da comunidade mortaguense, não só ao nível

da prevenção e combate de incêndios, mas também ao nível da articulação com os serviços de

saúde.

Salientem-se, também, pelo seu objecto e dinâmica de intervenção, pela sua dimensão técnica

e financeira, as Associações de Desenvolvimento.

Assim, a nível concelhio existe o IEBA (Iniciativas Empresariais Beira Aguieira) que é uma

associação de desenvolvimento local vocacionada também para a vertente empresarial. A nível

supramunicipal, o Concelho integra também a região de intervenção da ADICES (Associação de

Desenvolvimento de Iniciativas Culturais, Sociais e Económicas), da Associação de Municípios

do Planalto Beirão (área do ambiente), da Associação de Municípios da Aguieira (em situação

de inactividade), da Lusitânia – Agência de Desenvolvimento Regional e da WRC (Agência de

Desenvolvimento).

Pela sua especificidade passamos então a caracterizar, o IEBA e a ADICES, as duas Associações

de Desenvolvimento Local com intervenção no Concelho e que são entidades parceiras do

Programa Rede Social.

10.6.1 – IEBA

O IEBA é uma Associação de Desenvolvimento Local, privada sem fins lucrativos. Foi

criado em 27 de Dezembro de 1994 e está instalado no Parque Industrial Manuel Lourenço

Ferreira, em Mortágua. Dele fazem parte como associados colectivos a Câmara Municipal de

Mortágua, a Associação de Comércio e Indústria de Mortágua e a Associação dos Produtores

Florestais de Mortágua para além de cerca de 50 associados em nome individual.

De acordo com os seus estatutos, o IEBA tem por objectivo o desenvolvimento da sua

área de intervenção, nomeadamente através de apoio técnico e promoção das actividades

económicas, culturais e sociais dos recursos humanos, do ensino e formação profissional, bem

como a criação ou gestão de empresas.

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Câmara Municipal de Mortágua 136

O território prioritário da sua intervenção corresponde ao Concelho de Mortágua, pelo facto de

ser o local onde foi criado e com o qual possui laços identitários e de relacionamento mais

fortes e duradouros, com as pessoas, instituições tecido empresarial e com o próprio meio

físico.

Para a concretização deste objectivo, o IEBA desenvolve um conjunto de actividades que estão

agregadas em 3 gabinetes (1 Formação e Emprego, 2 Programas e Desenvolvimento,3 Serviços

a Empresas) e duas áreas de trabalho( a Área Financeira e Contabilidade que realiza a

gestão financeira e contabilistica interna do IEBA, bem como de algumas empresas e entidades

que apoia e a Área do Secretariado que apoia todos os gabinetes e áreas do IEBA,

realizando todas as actividades inerentes à função do secretariado)constituídas por equipas

multidisciplinares.

O Gabinete de Serviços a Empresas tem por objectivo prestar serviços técnicos

especializados ao tecido empresarial da região, tais como: estudos de viabilidade de

investimentos, análises de mercado, apoio e aconselhamento ao investimento externo e

informação sobre incentivos à criação e modernização de empresas.

O Gabinete de Formação e Emprego, realiza intervenções formativas em vários domínios e

promove o emprego dos recursos humanos, desenvolvendo actividades como diagnóstico de

necessidades formativas e identificação de destinatários para a formação, realização de

balanços de competências, realização de colóquios, seminários e debates temáticos.

O Gabinete de Programas e Desenvolvimento promove o desenvolvimento local,

executando projectos no âmbito de programas nacionais e comunitários, cujos objectivos se

prendem com a produção de conhecimentos e captação de inovação para o meio local e com

o apoio à criação e consolidação de iniciativas empresariais e associativas

Em termos infra-estruturais, o edifício onde o IEBA está instalado, organiza-se em torno de um

conceito que prevê a articulação entre os vários espaços que integra e que têm utilizações

funcionalmente diferenciadas e complementares entre si. Mais, também a própria localização do

IEBA no Parque Industrial de Mortágua foi uma opção para promover a aproximação ao meio

empresarial. O edifício denomina-se genericamente por CIE – Centro de Iniciativas Empresariais

e integra: o IEBA – Associação de Desenvolvimento Local; a Incubadora de Empresas –

espaço para instalar projectos empresariais; a Loja do Empresário – sala com espaço para

reuniões, consulta de documentos, acesso à Internet e prestação de diversos serviços de apoio

à actividade dos empresários residentes no edifício e de outros clientes da loja; a Zona de

Escritórios – área para instalação de escritórios com dimensão variável (onde actualmente

estão instaladas oito empresas / entidades).

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 137

O CIE, é deste modo uma oportunidade de promover o relacionamento entre várias

pessoas, entidades e empresas, que beneficiam da proximidade e das sinergias que podem

criar entre si e da localização privilegiada numa zona industrial.

Durante o Quadro Comunitário II, o IEBA procurou estabelecer e consolidar parcerias locais,

nacionais e transnacionais. Procurou constituir, consolidar e qualificar uma equipa técnica

multidisciplinar ao serviço do desenvolvimento local, construir infra-estruturas de apoio e

dinamização do empreendedorismo profissional e empresarial, apoiar o fortalecimento das

relações comerciais, o aumento da produtividade e competitividade das PME regionais, apoiar a

inserção sócio-profissional e a formação. Relativamente a este aspecto, salienta-se a criação de

de uma UNIVA.

Ao nível do QCA III a estratégia será:

1. consolidar parcerias com o meio local e com entidades nacionais e transnacionais.

2. Consolidar e qualificar a equipa técnica multidisciplinar ao serviço do desenvolvimento

local.

3. Aumentar a competitividade e produtividade das PME regionais, através de consultoria

formativa.

4. Conceber e desenvolver intervenções formativas destinadas a grupos sociais em

situação de desigualdade, mais vulneráveis a situações de exclusão social e info-

exclusão.

5. Implementar intervenções formativas para os activos das empresas e organizações da

região.

6. Apoiar no emprego e a formação dos jovens.

7. Participar em projectos piloto/inovadores, de nível transnacional destinados à

concepção de instrumentos de diagnósticos de necessidades de formação, de materiais

pedagógicos e de conteúdos formativos.

8. Proporcionar oportunidades de intercâmbio dos jovens da região com outros jovens

europeus.

9. Promover a competitividade e auto-sustentabilidade das organizações do 3º sector.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 138

10.6.2 - ADICES*

A ADICES – Associação de Desenvolvimento de Iniciativas Culturais, Económicas e Sociais – é

uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, foi legalmente constituída em 1991, no

contexto inicial da integração de Portugal na Comunidade Europeia, dos desafios que esta

colocava ao país e das oportunidades que o primeiro quadro comunitário de apoio suscitava.

A criação da Associação, ela própria um desafio, teve por objectivo inicial contribuir para a

elevação dos níveis de desenvolvimento da sua zona de intervenção e da qualidade de vida das

comunidades residentes nos concelhos de Carregal do Sal, Mortágua, Santa Comba Dão e

Tondela. Hoje, ano 2002, onze anos passados, a ADICES desenvolveu competências como:

estudar, informar / divulgar, apoiar tecnicamente, mediar em parceria, animar, dinamizar,

conceber, planificar, gerir, executar programas e avaliar, que lhe permitem afirmar-se no

contexto local e nacional, enquanto “Associação de Desenvolvimento Local”.

Ouvindo as “suas gentes”, construiu uma estratégia de intervenção capaz de contribuir para o

desenvolvimento global da sua zona de intervenção e, de forma articulada, tem vindo a

dinamizar projectos e acções concretas em áreas que vão desde a modernização da economia

local (Agricultura, Indústria, Comércio, Serviços, Turismo), à Preservação e Valorização do

Ambiente Natural e da Qualidade de Vida, à Preservação, Organização e Valorização do

Património Cultural Local, aos Recursos Humanos e aos Aspectos Sociais que lhe estão

associados.

Para a concretização destes projectos e acções, tem contribuído a experiência da ADICES em

matéria de apreciação, acompanhamento e gestão de projectos. Ao longo dos três quadros

comunitários, esta associação tem vindo a desenvolver inúmeras iniciativas de desenvolvimento

nos quatro concelhos.

A ADICES é a entidade gestora da IC LEADER a nível local. No âmbito do concelho de Mortágua

foi possível apoiar diversos pequenos investimentos na área da cultura, das PME’s, da

Agricultura e dos Serviços através deste porgrama.

Para o futuro, a estratégia de intervenção da ADICES para os quatro concelhos que fazem parte

da sua região de intervenção, e para o concelho de Mortágua em particular, assenta em três

pilares:

*Fonte: ADICES, Caderno Informativo, 2001

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 139

Valorizar recursos, reconhecer saberes e reforçar identidades! O objectivo central prende-se

com a melhoria da qualidade de vida. Os objectivos finais prendem-se com a animação do

território local, a fixação da população jovem, o reforço da identidade local, a valorização dos

recursos locais e a dinamização da economia local. O grande desafio para o 3º Quadro

Comunitário de Apoio será qualificar a intervenção da Associação.

IV – Análise SWOT

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 141

Introdução

A caracterização sócio - económica do Concelho, conjuntamente com a auscultação efectuada

junto de algumas entidades locais e com a sensibilidade dos parceiros que constituem o grupo

executivo, permite-nos agora proceder a um primeiro recenseamento dos pontos fracos e

fortes, ameaças e oportunidades do concelho.

Esta será apenas uma primeira análise que esperamos vir a aprofundar aquando do Diagnóstico

Social. Esperamos poder, então, fomentar um esforço de reflexão participada tendo em vista a

definição de uma estratégia de intervenção.

Sendo assim, passamos a descrever a análise SWOT do concelho, segmentada pelas diversas

áreas que anteriormente caracterizámos.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 142

Território

Pontos Fracos

Pontos Fortes

Dispersão Demográfica Interioridade Zona de transição (dualidade de factores) Orografia (dificuldades associadas às infraestruturas)

Área geográfica Localização geográfica Acessibilidade interna e externa Distância relativa aos Centros Urbanos e Portos de Mar Recursos Naturais Qualidade dos solos Aptidão dos solos da Várzea de Mortágua para a agricultura Qualidade do ambiente Recursos hídricos Floresta Recursos minerais (recursos minerais; barro vermelho, caulinos)

Ameaças

Oportunidades

O facto do Concelho não ser servido directamente por um itinerário principal e o IP3 a manter-se tal como está actualmente. Desaparecimento de espécies autóctones Monocultura intensiva do eucalipto Não construção do IC12

Localização geográfica Construção do IC 12 como alternativa ao IP3 Barragem da Aguieira

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 143

População

Pontos Fracos

Pontos Fortes

Perda crescente da população residente ao longo dos últimos trinta anos Fraca densidade populacional Envelhecimento populacional Saldo migratório negativo Insuficiente capacidade de fixação de “capital humano” na região (sobretudo jovens com formação média e superior)

Aumento do número de famílias residentes no Concelho na última década Existência de dinâmicas populacionais que poderão permitir o abrandamento do crescimento negativo da população Enfraquecimento do nível e da quantidade de oportunidades profissionais e de qualidade de vida oferecidas pelos principais centros urbanos do país.

Ameaças

Oportunidades

Políticas sociais nacionais Processo crescente de desertificação das aldeias mais rurais do Concelho Aumento da tendência crescente para o envelhecimento populacional “Desresponsabilização do conceito de família”

Existência de dinâmicas populacionais que poderão permitir o abrandamento do crescimento negativo da população Aumento de uma nova tendência para a fixação de jovens escolarizados (normalmente oriundos de espaços urbanos) em espaços rurais e dos próprios jovens naturais do concelho. Localização geográfica Condições para a fixação e aumento do número de famílias

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Câmara Municipal de Mortágua 144

Actividades Económicas

Pontos Fracos

Pontos Fortes

Divisão da propriedade Agricultura de carácter tradicional Baixa competitividade do sector agrícola Pequena dimensão das explorações agrícolas Estrutura empresarial débil e pouco competitiva Baixo nível de escolaridade dos empresários. Ausência de iniciativas comerciais inovadoras e atractivas Associativismo empresarial com reduzida expressão na região Débil capacidade de iniciativa e investimento por parte da população local Resistência à inovação e à mudança Baixa capacidade de empreendedorismo e fraco espírito de risco.

A floresta (importante fonte de rendimento e de criação de emprego) Bons recursos hídricos potenciadores da actividade económica Excelente qualidade dos solos para fins agrícolas em algumas zonas do concelho (nomeadamente, a Várzea de Mortágua). Posição estratégica do ponto de vista das acessibilidades Tendência recente para a modernização e diversificação do comércio local Tendência para a crescente melhoria das infraestruturas e transportes Existência de matérias primas de origem local e de oportunidades de investimento Apoios e incentivos municipais à instalação industrial

Ameaças

Oportunidades

PAC - Política Agrícola Comum Abandono das práticas agrícolas e consequente abandono de degradação dos campos e da paisagem. Existência de práticas agrícolas

Estudo prévio de emparcelamento Continuação do Projecto de aproveitamento hidroagrícola das várzeas das Ribeiras da Fraga e de Mortágua.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 145

prejudiciais ao ambiente (uso indiscriminado de adubos, herbicidas e pesticidas) Eventual perda de competitividade dos produtos florestais tradicionais e consequente reflexo nos níveis de rendimento das populações A interiorização da região Falta de recursos humanos especializados Inexistência de pólos de I&D Reduzido espírito empreendedor Baixa Qualificação dos Empresários

Aproveitamento de actividades particularmente bem adaptadas às condições ecológicas com fortes tradições na agricultura local (floresta, produtos florestais, vinha, floricultura e ovinicultura) Potenciar a localização privilegiada no contexto regional e nacional face aos grandes eixos de acessibilidade, existentes e previstos, promovendo o aparecimento de novas actividades económicas e de serviços de apoio, particularmente adaptadas às características da região Valorização dos recursos locais ligados às produções agro-alimentares de qualidade, numa óptica de viabilização das explorações agrícolas familiares, de fomento de pequenas unidades produtivas e de criação de emprego Existência de segmentos de mercado por explorar, nomeadamente ligados ao sector turístico Existência de políticas nacionais e comunitárias (QCAIII) de apoio ao investimento

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Câmara Municipal de Mortágua 146

Emprego/Formação

Pontos Fracos

Pontos Fortes

Baixos níveis de instrução/formação da mão-de-obra local. Insuficiência e alguma inadequação dos diagnósticos de necessidades de formação realizados. Desemprego feminino Tendência crescente para o aumento do desemprego de longa duração associado a indivíduos com idades avançadas e a grupos vulneráveis.

Deficiente capacidade de fixação de quadros médios e superiores

Aparecimento de pequenas empresas, nomeadamente de empresas ligadas à exploração de madeiras Baixas taxas de desemprego Aposta na formação profissional dirigida às mulheres, nomeadamente na área dos serviços de proximidade Existência no concelho de Instituições acreditadas pelo INOFOR para a formação. Existência de uma UNIVA Existência da Iniciativa Comunitária LEADER+

Ameaças

Oportunidades

Persistência do desemprego feminino e de longa duração. Tendência para o aumento do desemprego de longa duração associado ao baixo nível de formação/instrução dos trabalhadores desempregados em idades avançadas Inadequação da mão-de-obra qualificada existente às necessidades de mercado. Desajustamento no mercado entre a oferta e a procura Vulnerabilidade de alguns sectores da indústria, nomeadamente, a indústria de madeiras.

Novas oportunidades de criação de emprego no terceiro sector, com capacidade para absorver mão-de-obra feminina Novas oportunidades de criação de emprego em pequenos nichos de mercado Oportunidades de emprego associadas à dinamização turística do concelho/região Existência de apoios à fixação de jovens e à instalação de empresas (incentivos às empresas que criem no mínimo 5 postos de trabalho previstos no Regulamento Municipal de Urbanização e da Edificação e Taxas) Existência de incentivos nacionais e

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 147

comunitários de apoio à criação de emprego, sobretudo pelos jovens e mulheres. Criação dos Centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências

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Câmara Municipal de Mortágua 148

Educação

Pontos Fracos

Pontos Fortes

Elevada taxa de analfabetismo (nos escalões etários mais elevados) Baixo nível de instrução de uma grande percentagem da população (nos escalões etários mais elevados - + de 40 anos) Instabilidade do corpo docente em alguns níveis de ensino (2º, 3º e secundário)

Boa cobertura concelhia em termos de equipamentos escolares (relação quantidade/qualidade) Existência de todos os níveis de ensino no Concelho, com excepção do ensino superior Proximidade do concelho aos centros universitários regionais (Viseu, Coimbra, Aveiro...) Existência dos serviços de apoio à família (em algumas localidades) no âmbito do ensino pré-escolar e do 1º ciclo. Existência de uma rede de transportes escolares Baixas taxas de insucesso e de abandono escolar Acompanhamento das situações de abandono escolar

Ameaças

Oportunidades

Falta de qualificação escolar e profissional de um pequeno grupo iletrado, perfeitamente identificado. Indefinição de políticas nacionais ao nível da educação em geral

Certificação e validação de competências Aumento da mão-de-obra qualificada Aumento de quadros superiores Implementação de projectos inovadores e investimento na melhoria da qualidade de ensino

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Câmara Municipal de Mortágua 149

Saúde

Pontos Fracos

Pontos Fortes

Envelhecimento Populacional e consequente aumento da procura de serviços de saúde ligados à terceira idade Elevado número de consultas para um reduzido número de utentes (1/3 das consultas são efectuadas por idosos). Alcoolismo Subaproveitamento dos recursos existentes (telemedicina e meios complementares de diagnóstico) Limitados meios humanos, técnicos e financeiras Deficiente organização dos serviços Inexistência de uma U.A.I. (Unidade de Apoio Integrada) Falta de uma viatura e de um motorista para os Serviços Continuados de Saúde

Existência de um Centro de Saúde com instalações modernas, equipado com serviços de Tele-Medicina e Raio-X Existência do serviço de prestação de cuidados continuados de saúde nodomicílio Boa acessibilidade em relação aos Hospitais Centrais. Desenvolvimento de Programas em Parceria.

Ameaças

Oportunidades

Ameaça de envelhecimento da população médica (actualmente com cerca de 50 anos) Aumento da procura dos serviços de saúde ligados à terceira idade em consequência do envelhecimento populacional

Insuficiente capacidade de resposta dos Serviços Continuados de Saúde

O envolvimento em parcerias e a articulação com outros serviços/instituições locais no sentido de melhorar a prestação de cuidados de saúde diferenciados, nomeadamente à terceira idade Transição de um Centro de Apoio a Dependentes numa Unidade de Apoio Integrado

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Câmara Municipal de Mortágua 150

Acção Social

Pontos Fracos

Pontos Fortes

Insuficiente capacidade de resposta das valências Creche e ATL (existência de

listas de espera)

Insuficiente capacidade de resposta dos equipamentos/serviços de apoio à

terceira idade existentes no Concelho, nomeadamente na valência lar.

As respostas estandardizadas não

respondem cabalmente às necessidades de um grupo específico da população – os

idosos.

Centralização de vários serviços de apoio à terceira idade numa única instituição.

O terminus do financiamento do projecto

CAD em Outubro de 2002

Inexistência de respostas relativas aos cidadãos portadores de deficiência

Existência de casos pontuais de pobreza e

exclusão social

Situação de maior vulnerabilidade à pobreza e à exclusão social por parte dos idosos que auferem parcas pensões (caso

dos idosos beneficiários de RMG).

Papel da autarquia na divulgação dos direitos e na promoção do exercício de

cidadania

Existência de equipamentos de apoio social diversificados, dirigidos a

diferentes públicos-alvo e com cobertura concelhia.

Existência de respostas de qualidade ao nível da infância e juventude (Creches, Atl’s, Centro de animação e Educação

Infantil)

Existência de um CAD (Centro de Apoio

a Dependentes)

Desenvolvimento da cultura de parceria

Perspectiva de criação de um Centro Social no Centro BALMAR

Existência e dinâmica de execução de programas concelhios no âmbito da

promoção da justiça social (RMG, CPCJ, etc.)

Desenvolvimento de acções preventivas

ao nível da CPCJ

Ameaças

Oportunidades

Aumento da procura de serviços de apoio à terceira idade e consequente

dificuldade de resposta em resultado do envelhecimento populacional e da

frequente ausência de estrutura familiar de suporte.

Insuficiente capacidade de resposta por

parte dos serviços que existem

Criação de novos equipamentos sociais

e/ou adaptação de equipamentos já existentes em diferentes pontos do

concelho numa óptica de resposta às necessidades emergentes

Criação de emprego, nomeadamente

feminino,associado a esses

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 151

actualmente no Concelho

equipamentos sociais

Possibilidade de definir candidaturas e recorrer aos programas nacionais

existentes nesta área.

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 152

Habitação

Pontos Fracos

Pontos Fortes

Existência de habitações degradadas

(casos pontuais e identificados)

Existência de habitações devolutas nas diversas freguesias que a médio e longo

prazo correm o risco de degradação.

Grande percentagem de habitação

própria

Crescimento positivo no número total de alojamentos familiares

Crescimento das habitações secundárias

Boa taxa de cobertura de infra-

estruturas básicas.

Existência de habitação social

Existência de uma política de reabilitação habitacional descentralizada por todo o concelho, procurando manter as famílias

no seu local de origem

Ameaças

Oportunidades

Degradação da paisagem em

consequência da existência de casas devolutas e em riscos de degradação.

Risco de aumento do número de casas abandonadas nas aldeias envelhecidas

Custo elevado do m2 para a construção da

habitação

Crescente procura de habitação

secundária no concelho

Existência de um conjunto de incentivos, de iniciativa municipal, com vista à

fixação dos jovens no Concelho (isenção de sisa e do pagamento de taxas na

construção de casa própria para jovens até aos 30 anos).

Existência de um programa de

reabilitação habitacional, promovido pela autarquia.

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Câmara Municipal de Mortágua 153

Associativismo/Cultura e Tempos Livres

Pontos Fracos

Pontos Fortes

Inexistência de património arqueológico e

arquitectónico de relevo nacional

Existência de um vasto património oral disperso e com insuficiente registo

Limitados recursos humanos e financeiros

Falta de participação dos jovens nas

estruturas associativas

Dificuldades de interligação das ADL’s com o meio em que actuam e com as

comunidades.

Falta de visibilidade da intervenção das ADL’S no local – necessidade de melhorar

a imagem e promover a comunicação externa a nível local.

Presença de um vasto património local (gastronomia, artesanato, actividades

tradicionais, tradições...)

Existência de produtos culturais diversificados

Existência de espírito associativo

Existência de 73 Associações Culturais, Recreativas e Desportivas dispersas por

quase todas as aldeias do Concelho

Existência dos Bombeiros Voluntários de Mortágua que desempenham uma função de carácter humanitário.

Existência de estrutura física (sede) com

boa qualidade na maioria destas associações.

Diversidade e qualidade dos

equipamentos culturais existentes.

Diversidade e qualidade das actividades culturais e desportivas disponíveis no

concelho.

Existência de duas associações de Desenvolvimento Local (IEBA/ADICES)

com intervenção no concelho; que, para além de possuírem um corpo técnico multidisciplinar e jovem, possuem a experiência de trabalho acumulada e diversificada, resultante de uma vasta rede de contactos e parcerias a nível

nacional e europeu.

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Câmara Municipal de Mortágua 154

Ameaças

Oportunidades

Degradação e descaracterização do património cultural e arquitectónico

Sustentabilidade das ADL’s

Desenvolvimento de novas actividades

Valorizar de forma sustentável a cultura

local e o património construído

Reutilização/adaptação do património construído para actividades ligadas à

museologia e ao turismo criando oportunidades de emprego, atraindo e

fixando pessoas

V – Análise e Estabelecimento de Prioridades

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 156

ANÁLISE E ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES Na sequência da metodologia SWOT foram identificados como prioritários os seguintes

problemas:

População

Problemas Prioritários

Envelhecimento Populacional – No âmbito da demografia considerou-se

fundamental aprofundar o conhecimento do fenómeno do envelhecimento populacional. No

Diagnóstico Social procurar-se-á responder às seguintes questões:

- Quantos são os nossos idosos?

- Que idades têm actualmente?

- De que localidades são?

- Que condições de vida têm?

- Quantos se encontram em situação de dependência?

- Quantos são os nossos adultos mais velhos?

Respondendo a estas e outras questões será possível estabelecer uma carta gerontológica para

o concelho com vista ao desenvolvimento de uma rede de equipamentos e serviços sociais que

assegurem os cuidados solicitados.

Traçar cenários demográficos para a população infantil, adulta e idosa de modo a prever as

necessidades futuras.

Emprego/Formação

Problemas Prioritários

Desadequação do sistema de formação/emprego

Mão de obra com baixos níveis de escolarização/formação

Descredibilização da formação

Ausência de avaliação da formação ministrada

Desemprego feminino

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 157

Conciliando as actividades económicas, a educação, a formação e o emprego considerou-se

pertinente a criação de um observatório social que permita efectuar e actualizar

permanentemente um diagnóstico de necessidades de formação/emprego (que permita

conhecer as empresas, os seus recursos humanos e as suas necessidades de recrutamento/a

população activa empregada e desempregada e as suas expectativas); que permita avaliar a

formação ministrada pelas diferentes instituições e que incentive a realização de acções de

formação que possibilitem a certificação profissional e escolar.

Educação

Problemas Prioritários

Analfabetismo e infoexclusão (nos escalões etários acima dos 50 anos)

Acção Social

Problemas Prioritários

Insuficiência de infraestruturas sociais para apoio à população jovem, idosa

e deficiente – Perante esta problemática considerou-se fundamental para a fase do

diagnóstico:

Aprofundar o conhecimento das taxas de cobertura dos equipamentos

Actualizar a nível concelhio o Diagnóstico da deficiência

Elaborar um Plano Director Social (PDS) na sequência dos estudos

demográficos a efectuar.

Planear acções de redimensionamento e refuncionalização dos equipamentos de

acordo com os diagnósticos efectuados (centros culturais, escolas, etc)

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 158

Crianças e Jovens em Risco

Necessidade de aprofundar o conhecimento deste grupo, procurando responder às seguintes

questões:

Quem são? Onde estão? Porque estão? Qual a sua proveniência? Qual o seu percurso escolar? Qual o seu projecto de vida? As respostas existentes são adequadas e suficientes?

Saúde

Problemas Prioritários

Alcoolismo e outras dependências

Insuficiência de infraestuturas de saúde de apoio à população

dependente (Necessidade de uma UAI(Unidade de Apoio Integrado) e de uma

ADI (Apoio Domiciliário Integrado).

Habitação

Problemas Prioritários

Habitação degradada e existência de casos identificados de carência

habitacional

VI – Conclusão

PROGRAMA REDE SOCIAL Pré – Diagnóstico do Concelho de Mortágua

Câmara Municipal de Mortágua 160

Tendo efectuado um esforço inicial de reflexão e análise sobre a realidade local, foi-nos possível

efectuar uma primeira caracterização do Concelho de Mortágua e identificar alguns dos seus

pontos fracos, fortes, potencialidades e estrangulamentos.

Reconhecendo que o local é cada vez mais influenciado pelo global e que alguns dos problemas

locais são expressão de fenómenos mais globais, de orientações e políticas nacionais e

comunitárias, que limitam à partida o “sucesso” das intervenções locais arriscámo-nos a

identificar, desde logo, alguns problemas que ao nível do Concelho considerámos prioritários.

Contudo, esta proposta de pré-diagnóstico que acabámos de apresentar, pretende apenas

ser encarado como um documento de trabalho, objecto de reflexão e de discussão, para que

possamos de seguida passar a uma fase de diagnóstico em que será possível aprofundar a

análise e interpretação das causas e consequências desses problemas, recensear os recursos e

potencialidades e definir prioridades e estratégias a adoptar para minorar os pontos fracos e

potenciar os pontos fortes transformando-os em reais oportunidades de desenvolvimento.