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Portugal agarra-se à sua riqueza mineira e procura mais investidores Minas Governo vai colocar minério no mercado internacional e prepara um plano estratégico para o sector. Pedidos de prospecção e exploração estão a crescer

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Page 1: Press Review page - ClipQuick...nal australiana Rio Tinto admite fazer em Moncorvo, para a exploração de ferro, e que é visto como o projecto que relançará a exploração mineira

Portugal agarra-seà sua riquezamineira e procuramais investidores

Minas

Governo vai colocar minério no mercado internacionale prepara um plano estratégico para o sector. Pedidosde prospecção e exploração estão a crescer

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• O Governo prepara-se para lançarno mercado internacional três con-cessões para prospecção de minériona Faixa Piritosa, localizada na regiãoSul de Portugal, onde se concentramos mais importantes jazigos nacionaisde minério de cobre, zinco, chumbo,mas também de ouro e prata. Este

concurso, a lançar muito brevemen-te pela Direcção-Geral de Energia e

Geologia (DGEG), é uma iniciativainédita no país e é um exemplo daatitude proactiva do Governo face aorelançamento da exploração mineiraem Portugal.

Em vez de esperar pelos pedidospara prospecção e exploração de mi-nério, que têm surgido em grande nú-

mero, vão ser colocadas a concursopúblico internacional três zonas dis-tintas daquela faixa, disse ao PÚBLI-CO Carlos Caxaria, subdirector-geralda DGEG.

Através do concurso público paraprospecção - uma estratégia seguidahá poucos anos pela Argentina, queé hoje uma grande potência minei-ra -, o Governo contorna o investi-mento público que seria necessário

para confirmar o valor e quantida-de das reservas, que se estimam seraltamente concentradas ou de nívelmundial. O PÚBLICO apurou que azona em causa tem capacidade paraser, no mínimo, mais uma exploraçãoda dimensão da mina de Neves Corvo(Somincor), que é uma das 10 maio-res exportadoras nacionais e que, in-dividualmente, é a empresa do sector

que mais contribui para o produtointerno bruto nacional. Extraiu em2010 2,5 milhões de toneladas de co-bre e 74 mil toneladas de zinco.

Mas a ofensiva do Governo não selimita a esta acção. O Ministério daEconomia está a preparar um planoestratégico para o sector mineiro eo PÚBLICO sabe que já foi lançadoum concurso para seleccionar umaconsultora internacional que apoiaráa elaboração desse plano. A rapidezde resposta aos inúmeros pedidos de

prospecção e exploração que têm da-

Luís Francisco e Rosa Soaresdo entrada na DGEG é outra das estra-

tégias seguidas pelo ministro ÁlvaroSantos Pereira, que fez carreira no Ca-

nadá, um país que deve boa parte dasua riqueza à prospecção de minérioe de petróleo do seu subsolo.

O Ministério da Economia tem en-tre mãos aquele que, a concretizar-se,será o maior investimento estrangeiroalguma vez realizado em Portugal.Trata-se da aposta que a multinacio-nal australiana Rio Tinto admite fazerem Moncorvo, para a exploração deferro, e que é visto como o projectoque relançará a exploração mineiraem Portugal. Em cima da mesa estáum investimento inicial de 1,1 a 1,3mil milhões de euros, na que é con-siderada a maior reserva de ferro da

Europa, embora com um teor de mi-nério relativamente baixo, da ordemdos 37%.

O que está na base de tudo isto é odinamismo que o sector tem reveladoe que ficou patente nos 10 contratosque o Executivo assinou na quarta-

A exploração de

minério representahoje 3% a 4% do

PIB e poderá subir

para o dobro nos

próximos anos

O trabalho de

casa começou noanterior Governo

e agora está a ser

preparado um

plano estratégico

feira passada. Um dinamismo visíveltambém nas mais de 300 empresasque se inscreveram no Fórum da In-dústria Extractiva, realizado há diase que superou as expectativas daFaculdade de Engenharia do Porto,promotora da iniciativa.

Cotações em altaHá três factores que explicam este re-crudescimento da actividade minei-ra: os nacionais, os europeus e os in-ternacionais. Os internacionais estãoassociados ao aumento exponencialdo consumo de minérios metálicos eterras raras, que têm atirado os pre-ços ou as cotações para níveis muitoelevados, o que torna competitivasalgumas extracções com teores me-nores de minério.

Os europeus explicam-se peloabandono, na Europa, das grandesexplorações mineiras, salvo excep-ções, como o carvão e o urânio emFrança, o carvão na Alemanha, oferro na Suécia e o cobre e o volfrâ-mio (Neves Corvo e Panasqueira) emPortugal.

Uma estatística das Nações Uni-das, citada por Carlos Dinis da Ga-ma, professor catedrático do InstitutoSuperior Técnico, e referente a 2010mostrava que a Europa era o conti-nente com menor investimento na ac-tividade mineira. Agora, a orientaçãoda Comissão Europeia vai em sentidocontrário: potenciar rapidamente as

reservas naturais, de forma a reduzira dependência externa e aproveitara subida de preços e dos royalties co-brados pelos estados, que estão emrevisão, para cima.

Restam as razões nacionais e quese prendem com algum trabalho decasa da DGEG, iniciado na vigência doanterior Governo. A parte mais visíveldesse trabalho foram as apresenta-ções internacionais das potencialida-des dos minérios nacionais, como asrealizadas em Xangai, na China (Se-tembro de 2010), ou em Toronto, noCanadá (Março de 2011). A par destas

ofensivas, que tiveram resultados emcontactos posteriores de empresas,o país também tem conseguido ofe-

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recer serviços ao nível do Laborató-rio Nacional de Energia e Geologia(LNEG) que reduzem o risco dos in-vestidores.

Paralelamente, o país também ofe-rece uma grande variedade de miné-rio, embora a falta de "tranquilidadegeológica" desta zona do globo, parausar a expressão de Mário MachadoLeite, vogal do LNEG, tenha impedidoa formação de depósitos de grandesdimensões (com algumas excepções,como a Faixa Piritosa ou o ferro deMoncorvo). Sobra em diversidade o

que falta em continuidade.E sabe-se isso porque Portugal fez,

ao longo das últimas décadas, um le-vantamento bastante completo dasocorrências minerais no seu territó-rio. Na Litoteca Nacional acumulam-se quilómetros de amostras recolhi-das por todo o país, um investimentode "milhões de euros" ("cada metrode sondagem custa, em média, 120euros", diz Machado Leite) que ago-ra pode frutificar, uma vez que a suaexistência diminuiu a margem de erronuma actividade de "altíssimo risco"

como é a prospecção. E as empresasagradecem.

A diversidade do subsolo portu-guês permite mesmo que não seja deexcluir a existência de terras raras,designadamente na serra de Monchi-

que, no Sul do país. Para o confirmarserá precisa uma decisão política e,eventualmente, algum investimentona prospecção, já que nos últimos 30anos não se fez praticamente nada.Nesta altura, os grandes produtoresmundiais de terras raras são a China ea Rússia e, com frequência, o comér-cio de algumas matérias-primas temsido utilizado como arma política porparte dos países produtores.

Uma avaliação das reservas deminério nacionais, feita pelo LNEG,aponta para um valor equivalente aum PIB (valor total de todos os bens e

serviços produzidos no país duranteum ano), ou aproximadamente 165mil milhões de euros. Actualmente,a exploração de minério represen-tará entre três a quatro por cento doPIB, valor que, com os contratos as-sinados recentemente, deverá subir

para perto do dobro, admitiu Macha-do Leite.

Os investimentos demoram em mé-dia uma década entre o investimentoinicial de prospecção e exploraçãoexperimental e a fase de velocidadede cruzeiro. Na fase inicial, os inves-timentos são reduzidos e a taxa derisco ou insucesso elevadas, passan-do depois a investimentos elevados etaxas de insucesso baixas, como ex-plicou Mário Guedes, vice-presidenteda Empresa de Desenvolvimento Mi-neiro (EDM).

Não há tempo a perder. As cotaçõese preços das matérias-primas estãoem fase ascendente, mas estes cicloscostumam durar entre 15 a 20 anos.Portugal ainda pode aproveitar a ma-ré favorável e, com ela, virão outrosbenefícios, nomeadamente a dina-mização do interior do país (ondese localizam os principais recursosmineiros) e a promoção das compe-tências nacionais numa actividadeque, ao contrário do estereótipo domineiro sujo de picareta na mão, estána vanguarda da tecnologia.

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Exploração de ferro em Moncorvo

Modelos do Técnicoconvenceram a Rio Tinto

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Luís Francisco

• O desafio começou em Junho de2009. Quase dois anos e meio depois,o mínimo que se pode dizer é quefoi ganho com distinção. Uma equipado Instituto Superior Técnico (IST),liderada pelo professor catedráticoCarlos Dinis da Gama, respondeu à

solicitação da MTI - Ferro de Mon-corvo Lda, a concessionária da mina,e elaborou o que se pode considerarum verdadeiro estudo de viabilidadeda exploração de ferro em Cabeçode Mua. Foi um trabalho árduo depesquisa e modelação, validado pe-la opção da multinacional Rio Tinto,que, dias depois de apresentados osnúmeros do IST, anunciou o seu inte-resse em investir na concessão.

Que uma multinacional mineiratenha confiado nos modelos mate-máticos elaborados por uma institui-ção portuguesa para fundamentaruma decisão estratégica já é só porsi notável. Mas ganha ainda maiorimportância se pensarmos no valordo investimento previsto. "O IST temvárias parcerias deste género", subli-nha Dinis da Gama. "Já fizemos coisas

que não tiveram tanta repercussão,porque não apareceu uma multina-cional. Foi uma feliz coincidência. . .

"

Só isso?! "Bom, eles também só avan-

çaram porque consideraram válida ainformação que lhes foi prestada!"

A equipa do IST, composta porumas "oito, nove pessoas", não dei-xou nada ao acaso. Andou no terre-no, fez ensaios de laboratório, acom-panhou trabalhos na Alemanha, noBrasil (onde se realizaram testes deuma das fases de produção, a lava-ria), realizaram uma campanha deamostragem de Moncorvo - visitandogalerias no subsolo, algumas datadasdos anos 1970, para determinar teo-res de ferro no subsolo. Depois com-pilaram toda a informação recolhidae modelaram-na.

"Trabalhámos com base nos dadosrecolhidos nos anos 1970 e acrescen-támos os resultados de novas sonda-

gens para validar os resultados an-tigos. Depois utilizámos técnicas de

computação que não existiam nessaaltura. E assim demonstrámos a viabi-lidade económica do empreendimen-to, com a preocupação de proteger o

ambiente, trabalhando de forma lim-

pa e sem ferir as aspirações das popu-lações locais." Dito assim, até parecefácil. Mas está longe de o ser.

A actividade mineira é tremenda-mente complexa. Para evitar trope-ções, a equipa dividiu a sua análisenas chamadas operações unitáriasde produção: preparação da jazidapara ser explorada, perfuração e es-

cavação, carregamento e transporte,britagem, lavaria, e por aí fora. Paracada um destes níveis foram tidas emconta as soluções tecnológicas maisavançadas do mercado, da maquina-ria aos explosivos. Não se inventounada que valesse uma patente. Nãoera essa a ideia. "A inovação veio dosnovos programas de computação. Se

desenvolver novo software é inova-ção, então nós fizemo-lo", sentenciao líder da equipa do IST.

É que a metodologia utilizada pa-ra os ferros de Moncorvo pode seraplicada a casos diversos. E Dinis daGama tem a prova disso nas mãos:no mesmo dia em que apresentouos seus modelos para a jazida doCabeço de Mua, o Técnico mostroutambém um trabalho similar sobre oestanho de Ervedosa, Vinhais. "Sãodois locais diferentes, dois mineraiscompletamente distintos. Basta dizer

que a produção semanal de estanhose pode carregar num só camião, en-

quanto a de ferro no mesmo períodoencheria vários comboios..."

O trabalho bem feito e o reconheci-mento público não significam apenasmais oportunidades para os investiga-dores do IST. Têm, também, reflexono ambiente que se vive no instituto.Dinis da Gama: "É importante paraqualquer escola ser mais do que ape-nas uma escola. O objectivo é sempreser um centro de saber e manter a li-

gação com os alunos. Estes projectospermitem que o professor não fiquesó agarrado aos livros e a rapaziadanova ganha outro ânimo para se de-dicar aos estudos."

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Portugal sempre esteve na rotadas grandes multinacionais mineirasA fúria de encerramento da exploração mineira na Europa, a partir da década de 80, suspendeua produção das minas nacionais, à excepção de Neves Corvo e Panasqueira. E agora?

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Rosa Soares

• Cobre, zinco e lítio, mas tambémvolfrâmio e ouro. As empresas multi-nacionais estão cada vez mais interes-sadas nas minas em Portugal e desdo-bram-se em pedidos de exploração.A Somincor, a empresa que exploraas minas de Neves Corvo, está entreas dez maiores exportadoras nacio-nais. Em Moncorvo, terra de ferro, a

expectativa é agora grande.

Somincor - Neves Corvo(cobre e zinco)É a maior mina de cobre da UniãoEuropeia e está a operar desde 1988.A Somincor - Sociedade Mineira deNeves Corvo, no Baixo Alentejo, naparte sul da Faixa Piritosa, produz es-sencialmente cobre, uma opção emboa parte justificada pela alta de pre-ço deste minério, mas também zinco.Desde 2006, a Somincor é controladapelo grupo sueco-canadiano LundinMining, que em 2004 comprou a Eu-rozinc, a empresa que tinha ganho a

privatização das minas. A empresa,que está entre as dez maiores expor-tadoras nacionais, tem estado a fazernovas pesquisas para alargar o perí-metro de extracção.

Panasqueira (volfrâmio)

Das minas da Panasqueira, na BeiraBaixa, é extraído sobretudo tungsté-nio (volfrâmio) de alta qualidade, mastambém estanho, cobre e outros mi-nerais. As minas estão em funciona-mento há mais de 100 anos e são ex-

ploradas pela Sojitz Beralt Tm & Wol-

fram, subsidiária de uma das maioresmultinacionais do sector, a japonesaSojitz Corporation, com mais de 500empresas e com explorações em vá-rios continentes. A empresa conces-sionária já está a fazer prospecçãopróximo da mina actual.

Almina - Aljustrel (cobre)

As pirites alentejanas têm uma longahistória de exploração e abandono.O dono mais recente é a portuguesaAlmina, detida pela Martifer e pelafamília Costa Leite. Com apenas uma

das duas minas em exploração, o rit-mo de produção contínua deverá ser

atingido no próximo ano.

Felmica - Mangualde (lítio)

O lítio é um minério valioso, mas podeser ainda mais, se arrancar em massaa produção de carros eléctricos, que outilizam nas baterias. Em Portugal hávárias reservas de lítio identificadas,mas a sua exploração aparece asso-ciada a outros minérios. A Felmica,do grupo Mota, é uma das empresasque tem apostado na sua extracção,em Magualde, associada à explora-ção de matéria-prima para a indústriada cerâmica e do vidro. A empresaadmite aumentar a extracção de lí-tio em parceria com outro investidorinternacional, dada a dimensão dosinvestimento necessário.

Colt Resources - Montemor(ouro)A empresa que acaba de garantir a

exploração de ouro em Montemor-o-Novo é canadiana. Entrou em Por-

tugal através da compra da Iberian

Resources, que tinha realizado váriostrabalhos de prospecção no Alentejo.Para além da concessão experimen-tal na região de Boa Fé, concelhos deMontemor-o-Novo e Évora, onde oscanadianos esperam extrair 140 milonças de ouro (cerca de 400 tonela-das) nos próximos três anos, a empre-sa vai alargar o campo de prospecçãona região do Alentejo e na região nor-te (ouro e volfrâmio).

MTI/ Rio Tinto - Moncorvo(cobre)A MTI - Ferro de Moncorvo é uma em-

presa detida por capitais portugue-ses e estrangeiros, pode ler-se no siteda empresa. A MTI detém a licençade prospecção de ferro na região de

Moncorvo, considerada a maior reser-va deste minério na Europa, emboracom uma percentagem relativamentebaixa (37%) face a outras regiões.

As minas de Moncorvo chegaram a

ser exploradas pela Ferrominas, queas abandonou na década de 80. Pararelançar a exploração, que obrigaráa um investimento muito elevado, aMTI convidou a multinacional austra-liana Rio Tinto, que está em negocia-ções com o Governo para obter umcontrato de concessão.

Há grande expectativa face à ex-ploração de Moncorvo pela elevadacotação deste minério nos mercadosinternacionais, mas também porqueas novas tecnologias minimizam umdos problemas associados a estas re-

servas, a existência de fósforo. A RioTinto é uma das três multinacionaismineiras, ao lado da brasileira Vale e

da britânica BHP Billiton.

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Estudo de impacto ambientai será entregue este ano, diz empresa mineira

Jazida de ouro de Casas Novas fica dentro da Rede Natura 2000

• Uma das jazidas de ouro que vai

começar já a ser explorada de formaexperimental, no Alentejo, fica den-tro do sítio protegido de Monfurado,uma área da Rede Natura 2000, queclassifica habitats e espécies a nível

europeu. No entanto, antes de avan-

çar para a produção de ouro da jazidade Casas Novas, a empresa mineiraterá de ter uma avaliação de impactoambiental favorável.

"O estudo de impacto ambiental jáestá quase concluído. Vamos entregá-lo à Agência Portuguesa do Ambienteaté ao final do ano do ano", diz JorgeValente, da EuroColt, a subsidiáriaportuguesa da empresa canadianaColt Resources, com a qual o Governo

assinou na quarta-feira um contratode concessão experimental.

Esse estudo, refere Jorge Valente,abrangerá as várias jazidas de ouroidentificadas na freguesia de Nossa Se-

nhora da Boa Fé (concelho de Évora),na área agora concessionada, com 47

quilómetros quadrados. Além de Ca-

sas Novas, o estudo incluirá as jazidasde Banhos (também dentro do sítio

protegido de Monfurado), Chaminé,Braços, Ligeiro, Caras ou Covas.

Casas Novas e Chaminé são os prin-cipais depósitos identificados, pelo queé aí que vai arrancar a exploração. Nasexta-feira, começaram as sondagensem Chaminé e, daqui aum mês, dizValente, serão feitas em Casas Novas.

Mas não é necessário ter a avaliaçãoambiental antes do início da explora-ção experimental num sítio da RedeNatura? Jorge Valente responde quenão, porque esta fase ainda não é de

produção, mas sim de pesquisa tecno-

lógica, em que se irá ver como extrairo ouro da rocha. "Só daqui a mais deum ano é que começa a produção mi-neira", diz. "No ano que vem já se vaiimplantar qualquer coisa, para no ter-ceiro ano estar a produzir." Até ao iní-cio da produção a empresa conta ter a

avaliação de impacto ambiental.Se o sítio classificado de Monfurado

- nos concelhos de Évora e Montemor-o-Novo, onde há montados de sobroe azinho, carvalho-negral, morcegos-

rato-grande,morcegos-de-ferradura-mourisco ouboga-portuguesa -, exigeuma avaliação favorável para poderhaver uma mina, fora dele levantam-se outras questões ambientais. É o ca-so do abate dos sobreiros e azinheiras,

espécies protegidas, que necessitamde autorização para serem removidas."No estudo de impacto ambiental va-mos identificar o que tem de ser re-movido e pedir autorização para isso.Vamos ver o que as autoridades nospedem como compensação."

A questão dos sobreiros, aliás, nãose põe só para a área de Boa Fé. A ColtResources ganhou ainda uma conces-são, com 728 quilómetros quadrados,para prospecção de ouro em Monte-

mor-o-Novo, que circunda por com-pleto a área de Boa Fé. O problema dos

sobreiros afecta todos esses depósitos,tal como todas as jazidas a oeste da deCasas Novas ficarão dentro do sítio daRede Natura, refere um relatório feito

por uma consultora internacional, em

Março, para a Colt Resources.Para Francisco Ferreira, da Quer-

cus, o impacto da mineração no sítiode Monfurado "pode ser significativo":"Na área da Rede Natura, iremos ava-liar com cuidado a compatibilizaçãodestes usos. É fundamental fazer-sea avaliação de impacto ambiental e

depois se verá se pode avançar e quaissão as medidas de minimização [dosimpactos]." Teresa Firmino

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