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No exercício das suas funções de Primeiro- -Ministro, Aníbal Cavaco Silva assinou muitos dos diplomas legais que estruturaram o regime do Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM) e visitou a Zona Franca Industrial ainda numa fase embrionária. Por isso, a 19 de Abril passado, a S.D.M. - Sociedade de Desenvolvimento da Madeira viveu mais um momento histórico quando recebeu o actual Presidente da República, numa presença de grande significado para o CINM. Para a ocasião, a S.D.M. organizou uma recepção que incluiu a entrega do Certificado de Gestão Ambiental à ZFI, um briefing sobre a evolução, realidades e perspectivas do CINM, actividades que foram complementadas com uma exposição exclusivamente alusiva à evolução do parque industrial. Num pavilhão industrial, a comitiva oficial e muitos empresários da Zona Franca, depois das notas de boas-vindas aos presentes, ouviram o representante da APCER, numa breve intervenção, descrever as mais-valias da certificação ambiental que entregou oficialmente, na presença do Presidente da República, ao Presidente da S.D.M.. Por seu turno, Francisco Costa, Presidente do Conselho de Administração da S.D.M., proferiu 24 Rua da Mouraria nº 9 · 1º P.O. BOX 4164 9001 - 801 Funchal · Madeira · Portugal Telf (351) 291 201 333 · Fax (351) 291 201 399 www.sdm.pt · E-mail: [email protected] ...................................................... Presidente da República visitou Zona Franca Industrial um briefing sobre o percurso do CINM, que foi acompanhado por uma apresentação visual em ecrã gigante. Terminada a apresentação, o Presidente da empresa respondeu a um conjunto de questões colocadas pelo Professor Cavaco Silva sobre os dados e algumas das considerações que acabara de ouvir. Antes de partir para Machico, o Presidente da República assinou o livro de honra da S.D.M.. Apesar de não constar do programa da visita, o Presidente da República rompeu o protocolo para percorrer a exposição fotográfica presente na sala e pretendeu se inteirar e testemunhar pela observação “in loco” da evolução do parque que havia sido descrita pelo Presidente da S.D.M. no seu briefing. especial Nº 16 Julho 2008 CINM: Origem e percurso

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No exercício das suas funções de Primeiro--Ministro, Aníbal Cavaco Silva assinou muitosdos diplomas legais que estruturaram o regimedo Centro Internacional de Negócios da Madeira(CINM) e visitou a Zona Franca Industrial aindanuma fase embrionária. Por isso, a 19 de Abrilpassado, a S.D.M. - Sociedade deDesenvolvimento da Madeira viveu mais ummomento histórico quando recebeu o actualPresidente da República, numa presença degrande significado para o CINM.

Para a ocasião, a S.D.M. organizou uma recepçãoque incluiu a entrega do Certificado de GestãoAmbiental à ZFI, um briefing sobre a evolução,realidades e perspectivas do CINM, actividadesque foram complementadas com umaexposição exclusivamente alusiva à evoluçãodo parque industrial.

Num pavilhão industrial, a comitiva oficial emuitos empresários da Zona Franca, depois dasnotas de boas-vindas aos presentes, ouviram orepresentante da APCER, numa breveintervenção, descrever as mais-valias dacertificação ambiental que entregouoficialmente, na presença do Presidente daRepública, ao Presidente da S.D.M..

Por seu turno, Francisco Costa, Presidente doConselho de Administração da S.D.M., proferiu

24Rua da Mouraria nº 9 · 1º P.O. BOX 41649001 - 801 Funchal · Madeira · PortugalTelf (351) 291 201 333 · Fax (351) 291 201 399www.sdm.pt · E-mail: [email protected]

......................................................

Presidente da República visitouZona Franca Industrial

um briefing sobre o percurso do CINM, que foiacompanhado por uma apresentação visual emecrã gigante. Terminada a apresentação, oPresidente da empresa respondeu a umconjunto de questões colocadas pelo ProfessorCavaco Silva sobre os dados e algumas dasconsiderações que acabara de ouvir. Antes departir para Machico, o Presidente da Repúblicaassinou o livro de honra da S.D.M.. Apesar de nãoconstar do programa da visita, o Presidente daRepública rompeu o protocolo para percorrer aexposição fotográfica presente na sala epretendeu se inteirar e testemunhar pelaobservação “in loco” da evolução do parque quehavia sido descrita pelo Presidente da S.D.M. noseu briefing.

especial

Nº 16 Julho 2008

CINM:Origem e percurso

FICHA TÉCNICA Publicação S.D.M. - Sociedade de Desenvolvimento da Madeira, S.A. · Morada Rua da Mouraria nº9 1º P.O. BOX 4164 9001-801 Funchal Madeira Portugal · Telefone 291 201 333 · Fax 291 201 399 · Website www.sdm.pt · E- mail [email protected] · Direcção Marco FreitasPaginação Meio · Impressão Eco do Funchal · Tiragem 3000 exemplares 3

Cerimónia comemorativa juntou personalidadesde vários quadrantes e países

EditorialMais de vinte anos passaram desde que, em1987, foram licenciadas as primeiras empresaspara operar no âmbito da Zona Franca ouCentro Internacional de Negócios da Madeira(CINM), começando assim a concretizaçãodos propósitos e objectivos delineados desdemeados dos anos 70 e postos formalmenteem vigor pelo edifício legislativo construídoa partir de 1980. Mais de vinte anos esses emque um longo caminho foi percorrido,afluindo capitais, empresários e operadoreseconómicos das mais variadas origens,criando-se milhares de novos empregos euma multiplicidade de novas oportunidadesde trabalho, estimulando-se a diversificaçãoda estrutura produtiva e a modernização devários sectores da economia da região,valorizando-se a percepção dos mercadossobre o papel da Madeira no concerto daseconomias modernas e possibilitando aconsolidação das bases imprescindíveis aosucesso e à capacidade competitiva, presentee futura, desta pequena economia insular.

M a s v i n t e a n o s t a m b é m q u e ,surpreendentemente, não bastaram paradesfazer e corrigir inteiramente os equívocose os conceitos errados acerca do CINM e dasua natureza, em muitos casos resultantesde compreensível desconhecimento e faltade informação sobre as realidades

económicas e seus enquadramentosinstitucionais; em outros, por assimilaçãoacrítica e repetição mecânica de noçõesimportadas de outros regimes que de comumcom o CINM têm geralmente, apenas, autilização de políticas fiscais competitivaspara a atracção de investimento externo; emoutros ainda, perversamente, por confusãovoluntária de conceitos, repetição grosseirae sistemática de falsidades ou deturpaçãodeliberada dos factos, não hesitando eminstrumentalizar o CINM em prol deinteresses menores de baixa políticapartidária.

Correndo, embora, o risco de repetição,convém recordar alguns dos aspectosdominantes da natureza e realidades doCINM, começando por aquilo que o CINMnão é:

- Não é classificado internacionalmentecomo regime “offshore”. Neste domíniode avaliação, a natureza “onshore” (poroposição a “offshore”) das actividades doCINM (salvo quanto às de naturezafinanceira, que hoje representam menosde um por cento da totalidade dasentidades licenciadas) é expressamentereferida e consensualmente aceite naDecisão de prorrogação do regime doCINM que a Comissão Europeia tomouem 2002.

- Também não é considerado como “paraísofiscal” e, como tal, não consta da listaoficial de “paraísos fiscais” oportuna eautorizadamente elaborada pela OCDE.De facto, a regulamentação do CINMobserva todos os requisitos internacionaisem matéria de transparência e de trocade informações entre administraçõesfiscais, o que, apesar do seu regime deb a i x a t r i b u t a ç ã o, o d i fe r e n c i ainteiramente dos “paraísos fiscais”.

- Não é, ainda, incluído no grupo dasjurisdições ou regimes que apresentamrisco significativo de utilização para finsde “lavagem de dinheiro” ou de“branqueamento de capitais”, como talnão constando das listas a este propósitoelaboradas pelo “Financial Action TaskForce on Money Laundering” (FATF ouGAFI) o que se compreende inteiramenteà luz da sujeição plena do CINM a todasas regras de fiscalização, inspecção e

No dia 26 de Outubro último, a S.D.M. reuniu, no Centro de Congresso da Madeira, um númeroalargado de personalidades de Portugal e do estrangeiro, para celebrar os 20 anos da concessãodo Centro Internacional de Negócios da Madeira.Numa cerimónia curta mas repleta de significado, usaram da palavra, sucessivamente,Francisco Costa, William Cunningham e Alberto João Jardim, passando em revista o percursoda Zona Franca da Madeira e alguns dos momentos chave da sua evolução, e deixaram patenteàs centenas de pessoas presentes na sala os benefícios da parceria público-privada estabelecidahá duas décadas.Às intervenções sucederam-se as homenagens tanto às personalidades como às empresasque deram o seu importante contributo para o sucesso do Centro Internacional de Negóciosda Madeira. Os presentes tributaram o seu reconhecimento aos primeiros homenageados,que receberam uma medalha alusiva à efeméride e aos segundos que foram distinguidoscom um Diploma de Mérito.Para além de Alberto João Jardim, homenageado pelo seu apoio constante e incondicional,receberam as medalhas alusivas aos 20 anos as seguintes personalidades: José Ribeiro deAndrade, Francisco Assis Correia, António Martins Soares, Susano França, Miguel de Sousa,Manuel Jacinto Nunes, Paulo de Pitta e Cunha, Fausto de Quadros, António Vasco de Mello,Eduardo Paz Ferreira, Mário Patinha Antão, Jorge de Abreu, William Cunningham, Fernandod’Almeida Couto, David de Gouveia, João Pedro Gomes, Paulo Gouveia e Silva, João Dias,António Carlos dos Santos, Clotilde Palma, Paulo Silva, José Pereira de Gouveia, José PauloFontes, José Ventura Garcês, Roberto Di Nunzio, William Frost, Laurent Bellet, Michael Gates,Tiago Mota Pinto, Ronald Price, e Klaus Kuper.

O agradecimento a todas as empresas

que de forma empenhada decidiram

instalar-se nos vários sectores de

actividade do Centro Internacional de

Negócios e, em particular, àquelas (e são

muitíssimas) que se identificaram

totalmente com os seus objectivos e têm

agido solidariamente com a S.D.M. e com

os responsáveis pela economia da Região

foi simbolizado numa pequena amostra

de entidades que recebeu a menção de

mérito. Foram as seguintes:

Dixcart Management, Millennium BCP,

Arango, Banco Espírito Santo, Madeira

Management, Banif-Banco Internacional

do Funchal, Madeira Fidúcia, Grupo

Insular, New Madeira, Banco Bilbao

Vizcaya Argentaria, Empresa Madeirense

de Tabacos, Yes Madeira, Saipem

(Portugal), Solidago, Quatroemes –

Metalomecânica, Sweets and Sugar, Caixa

Geral de Depósitos, Fiduprivate, United

European Car Carriers, H.N.S., Naveiro -

Transportes Marítimos, TSKJ - Serviços de

Engenharia, Gelatum, Madeira Corporate

Services, Cimentos Europa, Servitrust,

Wellax Food Logistics, Serlimawash,

Metalgest, Husky – Tapetes, Apicius, Tax

Time e Trade Management, S.A., Ibaizabal

Management, Cheetah Management,

Banco Madesant, Friatum, Finatlantic

Trust Corporation, Atlantic Islands

E l e c t r i c i t y, S o n t a x Tr a d i n g e

Investimentos, Arcália Shipping, Arkai

Madeira, Optipan, Phoenix Reederei (Krey

Group), BPN - Banco Português de

Negócios, Funchalmariscos, Orange

Madeira, Amaplast, Ership Madeira,

Metal-Lobos, Hartmann Schiffahrts,

Iberotrade International, CLCM -

Companhia Logística de Combustíveis,

Oficinas Caíres, Miranda & Felgueiras,

Interunion, D.A.R.T., Timepiece, Majestic

International Cruises, Belpedra, TDO -

Investimento e Gestão.

supervisão das actividades económicasvigentes na União Europeia e emPortugal.

O que é então o CINM? Muito simplesmenteum instrumento de política económica daRegião que tem por principal objectivofavorecer o desenvolvimento económico ea criação de riqueza, em termos sustentáveisno actual contexto de globalização dosmercados, com base no reforço da suacompetitividade externa. Para tal, asactividades empresariais exercidas no quadrodo CINM dispõem de um regime fiscalpreferencial, formalmente autorizado pelaComissão Europeia no âmbito do regimecomunitário de ajudas de Estado aofuncionamento das empresas, pelo qual seincentiva a atracção de novos empresários einvestimentos de modo a modernizar ediversificar a estrutura produtiva de bens ede serviços da Região.

O que têm de comum o regime do CINM eos vigentes em muitos territórios ditos“offshore” e em “paraísos fiscais”? Porventuraa existência de regimes fiscais muitocompetitivos e, seguramente, uma forteconcorrência pela atracção de capitais ei n v e s t i d o r e s e x t e r n o s . M a s n ã o,d e c i d i d a m e n t e , a s u a o r i g e m eenquadramento institucional, a sua naturezade instrumento de política económica, a suarigorosa regulamentação e controle tantonacional como comunitário e, sobretudo, oseu estatuto de absoluta legalidade el e g i t i m i d a d e i n t e r n a c i o n a l m e n t ereconhecido. Tudo isto é hoje inteiramentepacífico para todos quantos, no estrangeiro,conhecem e se interessam por estasrealidades. Bom seria que o fosse tambémno nosso País, evitando-se comportamentose atitudes que objectivamente ferem eprejudicam os melhores interesses e o bemestar futuro da Região.

Francisco CostaPresidente da S.D.M.

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Avançar, sempre!Discurso do Presidente do Governo Regional

A Madeira tem potencialidades e condições para ir muito mais em frente, do que o já foino curto espaço dos últimos decénios.Quem tal obstaculiza, de certo desconhece a tenacidade, a persistência e a ousadia quesão a História dos Homens e das Mulheres deste arquipélago. Poderá já não ser a nossageração que concretizará as legítimas ambições pretendidas. Mas chegaremos lá.

Cumprimento Todos Vossas Excelências, aQuem agradeço a participação neste celebrardos vinte anos de actividade do CentroInternacional de Negócios da Madeira, masa Quem sobretudo agradeço, muitoreconhecido, a colaboração, a solidariedadee a amizade com que enriqueceram toda aactividade deste Centro Internacional.Uma palavra de gratidão e de muitac o n s i d e ra ç ã o p a ra t o d o s o s q u equotidianamente fazem o CentroInternacional, para o seu Conselho deAdministração, seus Técnicos e seusTrabalhadores.Agradecer também a todos os Empresáriosque, ao longo dos anos, confiaram naexcelência dos Serviços que oferecemos.Permitam-me destacar a grande figura destaInstituição, o Senhor Dr. Francisco Costa,grande inspirador e concretizador desteprojecto, a cuja dedicação cívica, capacidadede trabalho, visão e alta competênciaprofissional a Região Autónoma tanto deve.Testemunhar, grato, a eficiência e a lealdadedo Senhor Dr. Dionísio Pestana, parceiro daRegião Autónoma nesta Instituição que hojeaqui nos reúne. Aliás, o contrato de concessão,celebrado em 8 de Abril de 1987, sendoCavaco Silva, Primeiro-Ministro, constituiu aprimeira parceria público-privada, emprograma político-económico de relevanteinteresse.O Centro Internacional de Negócios daMadeira, desde a decisão política de FranciscoSá Carneiro de criá-lo, em 1980, correspondeuao objectivo então definido, de se consolidarcomo instrumento fundamental nasestratégias de desenvolvimento económicoe social da Madeira e de internacionalizaçãoda economia portuguesa.O correr dos anos vem sendo marcado porcomplexidades e por dif iculdades.Primeiro, tragédia cultural portuguesa, porse tratar de uma Inovação.Segundo, por colidir com a tradição e os víciosproteccionistas das actividades económicasno País.Terceiro, por causa da suspeição provincianaem vários meios nacionais, pelo facto de setratar de autoria, origem e localizaçãoinsulares e, politicamente, de uma iniciativada Madeira Autónoma.

Centro Internacional, bem como estrangulamd i r e c t a m e n t e a c o m p e t i t i v i d a d einternacional da Região Autónoma daMadeira.Todos estes factores de bloqueio, aliados aatavismos locais, construídos de invejas, deegoísmos e de ridícula visão e interesses“paroquiais”, prejudicaram e prejudicam odesenvolvimento da economia madeirense,impedindo-nos, em pleno, de atingir o grandenível de sucesso internacional que outrasp e q u e n a s e c o n o m i a s , s e m e s t e sconstrangimentos, têm sabido encontrar.Obviamente que, num quadro destes e paraquem me conhece, as palavras de ordem são“resistir”, “avançar” e “conseguir”.A Madeira não abdicará de conquistar osmeios constitucionais, legais e institucionais,

Quarto, devido aos entraves conservadoresda burocracia nacional, nada adequados àp r e m e n t e n e c e s s i d a d e d e u m aAdministração Pública moderna e eficiente,em Portugal.Quinto, também por causa da necessidadede obter, inflacionadamente, sucessivasautorizações na União Europeia, tudo numquadro de negociações de grande exigênciatécnica.E sexto, sobretudo devido à instabilidaderesultante da quantidade de Governos daRepública, que nos foram aparecendo, comconsequente inflação legislativa, tantas vezesincoerente e imprópria, nomeadamente emsede fiscal. Exemplo disto, são os casos do“Pagamento Especial Por Conta” e doaumento da taxa do IVA, duas situações que,inadmissível, incompetente e ruinosamente,de maneira drástica, afectam a confiança dosoperadores económicos e dos mercados no

para definir e conduzir uma Política que sejade facto Autónoma, designadamentetambém nos planos económico e fiscal.Uma Política que, concretizando o Princípioda Unidade Diferenciada no seio nacional,de uma vez por todas permita ao PovoMadeirense, encontrar as suas soluçõespróprias, que se coadunam com as realidadesregionais e com a satisfação sócio-económicadas suas necessidades. Não prescindimos dereabrir, junto das entidades competentes, aquestão do exercício das actividadesfinanceiras no Centro Internacional deNegócios.Apesar de todos os obstáculos e de eventuaistentativas de sabotagem, estas, sim, comforte pendor separatista no seio da UnidadeNacional, há que reconhecer o muitosignificativo de resultados já obtidos.O Centro Internacional de Negócios daMadeira contribuiu para a modernização ediversificação da economia da RegiãoAutónoma. Fez a nossa abertura aosmercados internacionais. Promoveu econsagrou a Madeira em mercados evoluídosda Europa e do continente americano. Deugrandes oportunidades profissionais a Jovensmadeirenses e a outros Quadros locais, emactividades da maior valia técnica esofisticação. Arrastou efeitos indirectosextremamente positivos sobre outrossectores regionais, como o turismo, omercado imobiliário, o comércio interno, aprestação de Serviços variados, etc.O Centro Internacional de Negócioscontribuiu ainda para a reconversão e paraa modernização do parque industrialtradicional da Região Autónoma, bem comoalavancou um melhor Ordenamento doTerritório, com a relocalização das Indústrias,com a transformação radical do Caniçal e, ali,com a construção do novo porto comercialda Madeira, entre muitos outros efeitos bempositivos.É pena que muitos “responsáveis” deste País— e dos irresponsáveis, que são muitos, nãovale a pena falar — é pena que nãoreconheçam plenamente a dimensãoNACIONAL do programa político-económicoque o Centro Internacional da Madeiraconsubstancia.Trata-se de uma praça internacional de

negócios, ao serviço de todos os Empresáriosportugueses, de um meio ideal parainternacionalização das respectivasactividades.Aliás, o Centro Internacional constituiu oprimeiro exercício coerente, completo eintegrado de internacionalização deactividades económicas, que foi instituídoem Portugal. Antecedeu, assim e em muitosa n o s , o c h a m a d o “ p ro g r a m a d ei n t e r n a c i o n a l i z a ç ã o d a e c o n o m i aportuguesa”, o qual foi depois aprovado peloGoverno da República em 1992, mas comresultados de duvidosa dimensão.Minhas Senhoras e meus Senhores:Hoje, é dia de celebração. Realizados com oque, de antes impensável, já conseguimos.Atentos e bem preparados, com as lições queresultam dos obstáculos que nos moverame colocam. Mais do que nunca, dispostos aavançar e a ganhar todos os desafios.A Madeira tem potencialidades e condiçõespara ir muito mais em frente, do que o quejá foi no curto espaço dos últimos decénios.Quem tal obstaculiza, de certo desconhecea tenacidade, a persistência e a ousadia quesão a História dos Homens e das Mulheresdeste arquipélago.Poderá já não ser a nossa geração queconcretizará as legítimas ambiçõespretendidas.Mas chegaremos lá.E assumirão responsabilidades aqueles quenão respeitaram Direitos, que se coibiramnos Deveres que tinham, e não entenderamo mundo e a dialéctica histórico-política.

Discurso proferido pelo Dr. Alberto João Jardim nacerimónia comemorativa dos vinte anos do Centro

Internacional de Negócios da Madeira

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Recordaras etapasde um percurso

Discurso do Presidenteda S.D.M. - Sociedadede Desenvolvimentoda Madeira

Por agradável dever de ofício, compete-me, em nome e representação doConselho de Administração, dirigir-vosalgumas palavras no início desta sessãocomemorativa dos primeiros vinte anosde actividade da S.D.M..

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Por agradável dever de ofício, compete-me,em nome e representação do Conselho deAdministração, dirigir-vos algumas palavrasno início desta sessão comemorativa dosprimeiros vinte anos de actividade da S.D.M..

Mais do que enumerar ou avaliar resultadose méritos da acção empreendida ao longodeste período – exercício que outros commaior distância institucional ou mais amplohorizonte temporal estarão, porventura, maisbem colocados para conduzir – interessa,neste momento, recordar as principais etapasde um percurso longo, complexo e exigenteque, com objectivos sólidos sempreobservados, nos trouxe até à realidadepresente do Centro Internacional de Negóciosda Madeira.

A ideia, ainda que difusa e imprecisa, decriação de uma zona franca ou de um portofranco no nosso Arquipélago habitou oimaginário madeirense desde fins do séculoXIX e durante toda a primeira metade doséculo XX, sempre com referência ao regimevigente nas Ilhas Canárias, supostamentepropiciador de maior riqueza e bem estar.Foi esta ideia e os seus conceitos que a novaDirecção da então Associação Comercial doFunchal (hoje ACIF) eleita após Abril de 1974,sob a liderança esclarecida e por impulso doEng. Humberto Ornelas, consciente danecessidade de encontrar mecanismosinovadores de desenvolvimento económico,adequados às novas condições políticas,decidiu colocar à discussão pública e analisar,tão rigorosamente quanto possível, os seuspressupostos, vantagens, inconvenientes eresultados previsíveis.

O inquérito formal que foi lançado ainda em1974, os contributos obtidos e a opinião entãoformada sobre o interesse de prosseguir oestudo do tema constituíram certamente oprimeiro passo, conscientemente assumido,deste percurso. E foi com base neste trabalhoque as Autor idades Regionais jádemocraticamente eleitas em 1976,entenderam que a questão da zona francatinha mérito suficiente para constituirprocesso de interesse regional e, emarticulação e cooperação com a ACIF,

essencial , constituíram referênciasdominantes em todo o processo deinstituição da zona franca.

Com efeito, foi com base no RelatórioReimann que o Governo Regional, com oapoio dos responsáveis da ACIF, decidiuabandonar o conceito limitativo de zonafranca meramente aduaneira de consumo,tal como constava do modelo canariano –que até então, recorde-se, constituía areferência principal na opinião públicaregional -, antes optando por um sistemamuito mais amplo e moderno –o de zonafranca empresarial – que melhor secoadunava com as realidades da pequenaeconomia madeirense, com as mais recentestendências dos mercados internacionais ecom a necessidade de, pela articulação detais realidades e tendências, melhor servir apolítica de desenvolvimento definida para oArquipélago.

Para esta alteração de modelo, adoptada,recorde-se, há trinta anos, contribuiu aadesão a noções tão actuais como as de queos bens e serviços produzidos localmenteteriam de ser capazes de competir emmercados cada vez mais amplos e abertos;de que, em consequência, a estruturaprodutiva regional teria de passarrapidamente por processos de racionalização,modernização e diversificação de actividades;de que a pequena dimensão e a insularidadenão constituíam uma fatalidade, mas antesuma circunstância susceptível de seradequadamente compensada e atévalorizada, como comprovado por outrastantas pequenas economias bem sucedidas,então já objecto de atento estudocomparativo; de que, por esta via, a da zonafranca empresarial, se devidamenteestruturada, se disporia de um instrumentode importância capital para atrairinvestidores e capitais externos, reforçandoas estruturas empresariais na Região comtodos os efeitos positivos daí decorrentes.

decidiram que fosse aprofundada a suaanálise, com adequado suporte técnicointernacional de alto nível.

Foi neste contexto que foram entãocontratados os serviços de um conjunto deperitos norte-americanos, liderados pelo Dr.Guenter Reimann, economista de grandeprestígio internacional que, inclusivamente,já nos anos 80, propiciou a vinda à Madeirado seu amigo Dr. Alan Greenspan paraparticipar em conferência organizada pelaACIF para reflectir sobre o futuro económicoda Madeira. O relatório que a equipe do Dr.Reimann debateu com os representantes daRegião e apresentou formalmente em 1977foi decisivo para a correcta formulação deconceitos e fixação dos princípios que, no

Estavam assim lançadas as bases conceptuaise programáticas daquilo que viria a ser oCentro Internacional de Negócios da Madeira,com a sua multiplicidade e diversidade deactividades económicas, com a pluralidadede agentes empresariais e com o amploespectro de origem de investidores e decapitais que hoje evidencia, com oreconhecimento pelos mercados do seu papelde “player” na captação de investimentos ena estruturação de operações empresariaisà escala global, bases estas que, emboraanalítica e empiricamente bem fundadas,tinham carácter fortemente inovador nonosso País, carecendo como tal deempenhamento regional coeso e de acçãopolítica intensa para que pudessem seraceites pelo Poder Central e postas emprática.

Foi assim que, em 1980, o Governo daRepública, então liderado pelo Dr. FranciscoSá Carneiro, resolveu apoiar o GovernoRegional no seu propósito de criação de umazona franca empresarial na Madeira, tendosido publicado o Decreto-lei que oficialmentea instituiu. Nesta decisão participou tambémo Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, entãoMinistro das Finanças, cujo papel salienteneste dossier viria depois a acentuar-se, jáque a grande maioria dos diplomas legaisque hoje regulam o funcionamento doCentro Internacional de Negócios da Madeiraveio a ser aprovada pelos Governos a quepresidiu. O ano de 1980 marca assim,simbolicamente, o fim do período de análise,discussão e fixação de conceitos e deformação da vontade política, iniciando-seuma nova fase de produção legislativa e decriação de condições para o começo dasactividades empresariais na zona franca,também com fortes exigências no domíniodos princípios e da correcta formulação dasnormas a observar.

A construção do edifício legislativo da zonafranca acabada de instituir requeria umaprimeira opção, de natureza estrutural, sobrea sua articulação com o ordenamento jurídiconacional. A questão, em termos simples, eraesta: dever-se-ia optar por um sistema denormas que tendencialmente isolasse a zona

franca ou a afastasse do quadro jurídico geraldo País, a exemplo do que acontecia comtantas outras praças de negóciosestrangeiras, designadamente muitasreferidas como “paraísos fiscais”? Ou, pelocontrário, seria preferível adoptar umaregulamentação que, sendo inovadora, écerto, e bem ajustada aos objectivos traçadospara a zona franca, se mantivesse emcompleta sintonia com o ordenamentojurídico nacional e nele inteiramenteinserida?

No contexto económico internacional docomeço dos anos 80, admitia-se que oprimeiro caminho pudesse propiciarresultados mais rápidos na atracção deempresários, dado que o princípio de menor

regulamentação facilitaria a competição comos “paraísos fiscais” já anteriormenteinstalados e em operação. Pelo contrário, osegundo caminho, o de uma regulamentaçãomais rigorosa e ancorada no conjunto dosistema jurídico do País, tenderia a reduzir acompetitividade geral da zona franca,dificultaria o seu processo de implantaçãorápida nos mercados, podendo, no entanto,favorecer uma maior sustentabilidade amédio e longo prazo dos resultados que fossep o s s í v e l o b t e r p o r u m a a c ç ã onecessariamente mais exigente e inovadora.

Duas considerações principais determinarama opção pela via da regulamentação rigorosae integrada: desde logo o facto de todas asanálises até então efectuadas teremconsolidado a noção de que a zona francaempresarial deveria ser entendida comoinstrumento da política de desenvolvimentoregional a médio e longo prazo, e não comomedida com objectivos meramenteconjunturais ou de curto prazo; depois, aconvicção de que o processo de integraçãoeconómica europeia já em curso e umahipotética maior atenção dos organismosinternacionais ao exercício das actividadesempresariais, nomeadamente em matériasde política fiscal e de concorrência, tenderiama criar maiores exigências de regulamentaçãocom benefício das praças internacionais edos regimes que, no momento próprio, se

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tivessem posicionado adequadamente. E,com efeito, os acontecimentos subsequentes,tanto no quadro institucional da UniãoEuropeia como no âmbito da OCDE, vieramconfirmar que a escolha feita neste domíniofoi absolutamente correcta.

Definidas as referências fundamentais paraa produção legislativa em termos queimplicavam forte articulação com asautoridades da República, e conhecidas asresistências e inércia que habitualmente énecessário ultrapassar em qualquer iniciativaque, no País, seja realmente inovadora,entendeu o Governo Regional criar, emAgosto de 1982, a Comissão Instaladora daZona Franca da Madeira a quem competiaestimular todo o processo e empreender asmedidas necessárias à sua rápidaconcretização. Facto marcante desta decisãofoi a composição mista da Comissão, comaltos quadros designados pelo GovernoRegional – o Eng. José Ribeiro de Andrade,como Presidente, e o Eng. Francisco AssisCorreia, - e um representante da iniciativaprivada - o Eng. António Martins Soares,então Presidente da Direcção da ACIF – emcolaboração exemplar que constituiupremonição para a parceria público-privadaque, mais tarde, veio a assumir totaisr e s p o n s a b i l i d a d e s n a g e s t ã o edesenvolvimento do Centro Internacional deNegócios.A dedicação de todos os membrosda Comissão Instaladora no exercício dassuas funções e a sua elevada competência,bem como as orientações e atençãoempenhada dos membros do GovernoRegional com a respectiva tutela, primeiro oDr. Susano França e depois o Dr. Miguel deSousa, contribuíram para que a Comissãoconseguisse paulatinamente consolidar oquadro jurídico da zona franca e criarcondições para os passos decisivos que seseguiriam. E assim foram sendo preparadose aprovados até 1986, alguns dos diplomaslegais de maior importância e alcance parao futuro funcionamento da zona, autorizandoe regulamentando as suas actividadesindustriais e comerciais, os seus serviçosfinanceiros e definindo o respectivo quadrode benefícios fiscais.

A adesão de Portugal à então CEE, em Janeirode 1986, veio introduzir uma nova masdecisiva dimensão ao edifício jurídico da zonafranca. Com efeito, perante o estádio dedesenvolvimento em que o Arquipélago seencontrava, os seus constrangimentosestruturais e condições económicasparticulares, as autoridades regionaisdecidiram que a Região Autónoma da

Madeira acompanhasse integralmente oprocesso de integração europeia, sem seguiro exemplo de algumas ilhas europeias queoptaram por estatutos de exclusão ou deexcepção quanto a certas políticas sectoriaiscomuns. Esta decisão de integração plena naCEE, responsável e lucidamente adoptadaem função do quadro então existente, e cujosresultados positivos não admitem hojequalquer contestação séria, acarretoucontudo consequências de relevo para oprocesso de instituição da zona franca dadoque o já referido princípio da sua inserçãototal na ordem jurídica nacional implicava,como consequência automática, a sujeiçãoda zona franca a todas as normascomunitárias.

Perante esta situação e face à importânciaatribuída à zona franca e aos seus objectivos,foi necessário garantir logo no processo deadesão que, através de disposição comadequada relevância política, as autoridadescomunitárias reconhecessem às da Região oseu empenho em conduzir uma política dedesenvolvimento económico e social quetivesse por fim ultrapassar as desvantagensespecíficas decorrentes da situaçãogeográfica do Arquipélago, da sua orografiae dos seus atraso económico e insuficiênciasde infraestruturas através de medidas

adequadas para o efeito. A declaraçãocomum relativa ao desenvolvimentoeconómico e social das regiões autónomasdos Açores e da Madeira, adoptada quandoda adesão portuguesa às comunidadeseuropeias, constitui consagração destaorientação reflectindo o sucesso dasd i l i g ê n c i a s e n t ã o c o n d u z i d a scompetentemente pelas autoridadesregionais.

Mas para além desta posição de princípio, foitambém necessário que, logo após a adesão,a Comissão Europeia autorizasse, no concreto,o regime de benefícios a atribuir às entidadesque operassem no âmbito da zona franca,bem como o conjunto de actividades, deespectro tão amplo quanto possível, a exercerpor tais entidades. Com efeito, no quadrolegal comunitário os benefícios concedidosàs empresas, designadamente os de naturezafiscal, são considerados auxílios de Estado e,enquanto tal, só podem ser atribuídos pelosEstados-membros se previamenteautorizados pela Comissão Europeia. Dada aindispensabilidade dos benefícios fiscais paraassegurar à zona franca capacidadecompetitiva nos mercados internacionais,as negociações com a Comissão Europeiapara obter a sua aprovação, nos termos jáantes definidos internamente, revestiram-

se de importância capital nesta fase doprocesso.

Tais negociações revelaram-se duras ecomplexas, exigiram um bom conhecimentodos dossiers e, em particular, dos regimessemelhantes existentes nos outros Estados-membros ou em territórios seus dependentesou associados, bem como das situações quese configurassem como precedentesrelativamente ao regime pretendido para azona franca da Madeira.Como se sabe, esse processo negocial foiconduzido com todo o sucesso, sob aorientação de altíssimo mérito do Dr. Miguelde Sousa, governante regional a quem, desdefins de 1984, cabia a tutela da zona franca, eresultou na primeira autorização formalconcedida pela Comissão Europeia parafuncionamento da zona franca, do conjuntodas suas actividades e dos respectivosb e n e f í c i o s f i s c a i s , p o r u m p ra z orazoavelmente longo.

Consolidado o processo no plano comunitárioe estando já adoptada a legislação mínimaindispensável para o funcionamento de umazona franca empresarial com a configuraçãohoje consagrada no Centro Internacional deNegócios da Madeira, estavam criadas ascondições para o início em 1987 de uma nova

fase – a terceira – deste processo: a dapreparação da acção nos mercados e seuefectivo desencadeamento, atraindoinvestidores e capitais, fomentando aconstituição de empresas, estimulando acriação de novos empregos, diversificando aestrutura produtiva regional de bens eserviços, em suma, transformando o que atéentão era um mero projecto, ainda que bemestruturado e amadurecido, em realidadeconcreta e palpável. Isto para além daconstrução do parque industrial e dasinfraestruturas indispensáveis aofuncionamento de um dos sectores dosistema, o das actividades industriais e dearmazenagem.

A questão de fundo que então se colocou foi,em termos simples, a seguinte: comoassegurar a maior eficácia possível noprocesso de concretização do CentroInternacional de Negócios ? Que tipo deinstituição poderia, com maior probabilidadede sucesso, dispor, em termos úteis, dosrecursos humanos, técnicos, financeiros e deknow-how indispensáveis para o efeito?Deveria esta tarefa ser cometida a umaentidade pública especialmente dotada dosmeios e competências requeridas? Ou seriapreferível optar por uma estruturaempresarial, em regime de parceria público-

privada, que assumisse por inteiro aresponsabilidade por reunir aqueles meios ecom eles obter os resultados politicamentedefinidos?A decisão das autoridades regionais foi, comose sabe, a de optar pela segunda dashipóteses enunciadas e a estruturação daS.D.M. como sociedade anónima, com acomposição de capital que ainda hojemantém e com a celebração do contrato deconcessão, constituiu emanação econcretização prática de tal orientação. Ecabe aqui assinalar que, independentementede outras razões que tenham contribuídopara esta opção política, a criação destaparceria público-privada constituiudesenvolvimento natural da estreitacolaboração entre os sectores público eprivado, concretamente entre o GovernoRegional da Madeira e a ACIF, que tinhamarcado este processo nas suas fases iniciais,e, por antecipação, inseriu-se na asserçãohoje por muitos sustentada de que constituium dos métodos mais eficazes para a gestãode projectos de alto interesse público.

Ao assumir as suas responsabilidades e iniciarfunções em 1987, à administração da S.D.M.não restava qualquer ilusão sobre o grau deexigência e curta margem de erro com quetinha de desempenhar as suas funções. Aatracção de investidores, empresários,capitais e operadores económicos em geral,objectivo imediato da sua acção e meioindispensável para a realização dos finsúltimos do Centro Internacional de Negócios,pressupunha certamente um conjunto demeios, instrumentos e condições capazes dedotar a Madeira da competitividade mínimapara o efeito; mas exigia, antes de mais, aconstrução de um fortíssimo capital deconfiança, credibilidade e know-how, sem oqual a acção nos mercados e o diálogo comoperadores internacionais experientes eexigentes estariam provavelmente votadosao insucesso.

Houve assim, desde o início, a determinaçãode reunir os contributos e a colaboração dosmelhores especialistas nas respectivas áreas,seguindo a mesma orientação que, mais dedez anos antes, levara à contratação daequipe liderada pelo Dr. Guenter Reimann.E foi assim que a S.D.M. teve a felicidade de,desde a primeira hora, contar nos seus ÓrgãosSociais com o concurso de personalidades domais alto nível académico e profissional,como são os Professores Doutores ManuelJacinto Nunes, Paulo de Pitta e Cunha eFausto de Quadros, que se encontram hojeaqui connosco, bem como com a colaboração

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Dias que não hesitaram em, desde a primeirahora, se empenhar profissionalmente nesteprocesso.

O interesse, a adesão e a crescentecolaboração de muitos operadoreseconómicos e consultores jurídicoscontribuíram também, decisivamente, paraaumentar a capacidade de afirmação e depenetração do Centro Internacional deNegócios nos mercados. Muitas sociedadesde management que desde cedo foramlicenciadas para operar no Centro, tanto deorigem estrangeira como portuguesa, bemcomo os escritórios de Advogados e outrosconsultores que decidiram prestar serviçosno seu âmbito tiveram, e continuam a ter,um papel de grande mérito no progressivoc r e s c i m e n t o d o s i s t e m a e n oaprofundamento e diversificação das suasactividades, em termos que também devemser relevados.

O caminho percorrido pela S.D.M. e pelo

Centro Internacional de Negócios nesta fasede concretização do projecto não foi contudoisento de obstáculos em muitos casosdespropositados, inoportunos e dispensáveis.Não é este também seguramente omomento para a sua enumeração e, muitomenos, para a identificação e censura dosresponsáveis. Sabe-se como os processos quecomportam um elevado índice de inovação– e este foi certamente o caso -, mesmo quenão contendam com legítimos interesses deterceiros – e esta também foi e é a situação

existente -, têm uma forte propensão paraprovocar dúvidas, interrogações e resistênciasprimárias, na maioria das vezes geradas poratavismos culturais, desconhecimento decausa, insensibilidade perante realidadeseconómicas e sociais em mutação ou merafixação em rotinas burocráticas, processuaisou administrativas; mas noutras ocasiões taisdificuldades corresponderam a quadros deexplicação menos benévolos, tanto quantoà atitude como à motivação dos respectivosagentes, sem que se vislumbre que benefíciospoderiam resultar do enfraquecimento doCentro e da sua capacidade de cumprir osobjectivos fixados.

Mas se a listagem e imputação deresponsabilidades de tais situações seria,porventura, desadequada neste momento,não o seria menos a sua simples omissão jáque os seus efeitos retardadores nodesenvolvimento do Centro Internacional deNegócios e, logo, na concretização dos seus

de outras entidades de elevado prestígiocomo, entre outros, o Eng. António Vasco deMello, no Conselho Consultivo, e osProfessores Doutores Eduardo Paz Ferreira eMário Patinha Antão. A permanentedisponibilidade de todos, o seu bom e avisadoconselho e as suas opiniões e recomendaçõessolidamente fundamentadas em muito têmajudado a S.D.M. no exercício das suasatribuições.

Também desde o começo houve a convicçãode que a primeira abordagem aos mercadosapresentaria dificuldades de relevo. Eranatural que assim fosse porque, por um lado,a Madeira era conhecida nos mercadosestrangeiros por outras e boas razões –turismo, vinho, bordados e artesanatos –masnão como uma praça internacional denegócios, que de facto até então não era; e,por outro, a decisão de investir na Madeira,no quadro de um sistema acabado de criare, logo, ainda não suficientemente seguro,envolvia factores de risco e de incertezadif ic i lmente compatíveis com umcompromisso de instalação de médio oulongo prazo.

A consciência destas realidades determinouque em todas as primeiras acções dedivulgação do Centro Internacional deNegócios em outros mercados, a S.D.M. setivesse feito acompanhar de especialistas degrande prest ígio que, com plenoconhecimento e confiança neste processo,não hesitaram em colaborar activamentecom a sua presença e intervenção pública.Muitas são as entidades que, nas áreas dodireito, da economia ou da gestão sãocredoras do agradecimento da S.D.M. peloapoio dado neste domínio; mas não podendoinfelizmente ser exaustivo na citação detodos, deve ser pelo menos enaltecida, nestaocasião, a valiosíssima e inestimávelcolaboração que foi dada pelos Srs. Drs. Jorgede Abreu e William Cunningham, quetambém hoje nos acompanham, aoparticiparem como oradores em quase todosos seminários e conferências que, ao longode vários anos, a S.D.M. organizou noestrangeiro, bem como a contribuiçãopioneira de outros como os Drs. Fernandod’Almeida Couto, David de Gouveia, JoãoPedro Gomes, Paulo Gouveia e Silva e João

fins, não devem de modo algum serdesvalorizados. Ou, dito de outro modo: oCentro teria hoje seguramente atingidop a t a m a r e s m a i s e l e v a d o s d edesenvolvimento, com ainda maiores efeitospositivos na Região, caso este fenómeno dedificuldades internas artificialmente criadastivesse tido menor expressão. Contudo, maisde que lamentar o passado, esta matériadeverá suscitar reflexão séria sobre comogeri-la e ultrapassá-la no futuro, conhecendo-se, como se conhece, quão exigente é acompetição nos mercados internacionais,quão eficazes são as praças internacionaisde negócios com as quais o Centrodirectamente concorre e, logo, quão negativoe irracional é o desperdício de recursos a lidarcom questiúnculas internas de mais do queduvidosa sustentação. Seria assim a todos ostítulos desejável que o Centro nãocontinuasse a ser exposto a comportamentosque, quando transpostos para o planonacional, poderão ajudar a compreender o

atraso que o País persiste em manter emrelação aos seus parceiros europeus.

Dificuldades de natureza inteiramentediversa e ligadas ao enquadramentoinstitucional das actividades económicas àescala internacional foram as que resultaram,por um lado, dos processos de renovação daautorização do regime de benefícios fiscaisdo Centro a conceder pela Comissão Europeian o s t e r m o s r e g u l a m e n t a r m e n t eestabelecidos e, por outro, das iniciativas deavaliação dos regimes fiscais especiaistomadas tanto no âmbito do Conselho daUnião Europeia como no da OCDE.

A necessidade de renovação da autorizaçãocomunitária decorreu dos prazos que, comose sabe, são geralmente estabelecidos pelaComissão Europeia na aprovação debenefícios desta natureza, dada a suanatureza técnica de auxílios de Estado. Nesteâmbito, ocorreram dois processos negociaisde especial complexidade, um reportado aoano 2000 mas que só veio a terminar em finsde 2002 e outro muito recente, completadoem Junho último. Em ambos os processos aComissão Europeia procedeu a uma análiseprofunda das condições de operação doCentro Internacional de Negócios, dasactividades nele exercidas e dos respectivosrequisitos de autorização, dos benefíciosfiscais concedidos e dos seus limites e, emgeral, da adequação, proporcionalidade eeficácia do Centro enquanto instrumento dapolítica de desenvolvimento da pequenaeconomia insular e ultraperiférica daMadeira. E em ambos os casos, a exemplo doque ocorrera já quando de uma avaliaçãointercalar comunitária efectuada em 1994,em que a zona franca foi formalmenteconsiderada um dos elementos maisdinâmicos da economia regional, a ComissãoEuropeia confirmou, inequivocamente, acorrecção das orientações sustentadas pelasautoridades regionais e aprovou aprossecução das actividades do Centro,embora com introdução de algumascondicionantes e limitações que, por seremdesadequadas relativamente às realidadesdo mercado globalizado e, como tal,negativas para a competit iv idadeinternacional do Centro, serão certamenteobjecto de iniciativas oficiais para a suacorrecção.

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e, consequentemente, de competitividadeperante praças estrangeiras concorrentesinstitucionalmente muito sólidas e,seguramente, menos fustigadas por factoresexógenos de instabilidade.

Este exercício foi e é muito exigente pelofacto da S.D.M. ter optado, desde o início, porcentrar predominantemente a sua acçãopromocional do Centro Internacional deNegócios e de consequente captação deinvestimentos para a Madeira nos mercadosmais evoluídos da Europa e da América, ouseja, em economias maduras e peranteinvestidores e operadores económicos muitoexperimentados e conhecedores das diversasalternativas disponíveis. Também nestedomínio foi escolhido o caminho mais difícil,na convicção de que seria o mais favorável amédio e longo prazo e de que a concessão àfacilidade ou ao expediente hábil nãoconvinha à estabilidade e solidez desejáveispara este processo nem se coadunava comos seus princípios básicos.

Para que esta orientação pudesse serconcretizada nos mercados, assumiram papelcentral as estruturas de representação quea S.D.M. foi instituindo em diversos países,através de personalidades de reconhecidacompetência e prestígio que, sendo bemconhecedoras das realidades do CentroInternacional de Negócios, se dispuseram acolaborar activamente na defesa dos seus

interesses e na realização dos seus fins,dedicando particular atenção à construçãoe sustentação da imagem de modernidadee de eficácia da Madeira enquanto praça denegócios e investimentos de vocaçãointernacional. Entidades como o Prof. RobertoDi Nunzio, em Itália, William Frost, em França,Laurent Bellet, na Suíça, Michael Gates, nasIlhas do Canal e de Man, Dr. Tiago Mota Pinto,nos Estados Unidos da América, que estãohoje aqui connosco, ou Ronald Price, no ReinoUnido, e Klaus Kuper, na Alemanha, queinfelizmente estão ausentes por motivos deforça maior, entre outros, são credores domaior reconhecimento pela valiosacolaboração e trabalho de altíssima qualidadeque têm vindo a desenvolver nos seus países.

Foi inicialmente referido que não era este omomento adequado para a avaliaçãocriteriosa e objectiva dos resultadosconcretos obtidos ao longo destes primeirosvinte anos de actividade da S.D.M.. A ausênciade distância institucional ou de maiorhorizonte temporal limitaria, porventura, aprecisão da análise e pouco acrescentaria aosestudos aprofundados que já foram feitossobre o tema por instituições internacionais,como a Comissão Europeia, ou por gabinetesde especialistas de inquestionável prestígioe seguramente não influenciáveis porparcialismos locais, como são o Centre forEuropean Policy Studies e o Ecorys-Nei, cujas

Tanto no âmbito destas negociações comono das análises globais efectuadas poriniciativa do Conselho da União Europeia eda OCDE, respectivamente no Grupo doCódigo de Conduta sobre a Tributação dasEmpresas e no Forum sobre Práticas FiscaisPrejudiciais, em que foi consagrada umaabsoluta distinção e separação do CentroInternacional de Negócios da Madeirarelativamente aos chamados “paraísosfiscais” e praças “offshore”, negociações eanálises que se revestiram de elevadaexigência técnica, deve ser relevada acontribuição valiosíssima de algumaspersonalidades que se empenharam, comsuperior competência e mérito, na defesa doregime do Centro e das suas condições deoperação, devendo ser citados, com gratidão,os Srs. Prof. Doutor António Carlos dos Santos,Dra. Clotilde Palma e Dr. Paulo Silva, esteenquanto exerceu exemplarmente funçõesde membro da Representação Permanentede Portugal junto da Comissão Europeia.

Evidentemente que os obstáculos,dificuldades e vicissitudes, das diversasnaturezas enunciadas, que se foramsucedendo ao longo desta terceira fase doprocesso – aquela em que ainda hoje nosencontramos e que consistiu, e consiste, naplena concretização do Centro e realizaçãodos seus fins -, não teriam sido superados senão fosse o acompanhamento políticopermanente, a atenção dispensada e asorientações emanadas pelos governantesregionais que, ao longo do tempo, exercerama tutela sobre o Centro Internacional deNegócios. À acção sempre empenhada eesclarecida destes governantes, começandono Dr. Miguel de Sousa, continuando nos Drs.José Pereira de Gouveia e José Paulo Fontese acabando no Dr. José Ventura Garcês quehoje, com elevadíssimo mérito, exerce estasfunções, também se ficou a dever, em grandemedida, a possibilidade de continuar a trilharo caminho traçado.

Em todo este quadro de condução dasactividades da S.D.M. e de consolidação doCentro Internacional de Negócios avultoutambém, como é bom de ver, a necessidadede garantir uma adequada percepção ecompreensão de todas as suas circunstânciase condicionantes por parte dos mercadosinternacionais e dos agentes económicos.Tratava-se de assegurar uma conveniente efavorável gestão de expectativas, em especialquanto à estabilidade e segurança do Centroe do respectivo regime, indispensável parapoder manter adequados níveis de confiança

conclusões sobre este tema foram, como sesabe, muitíssimo favoráveis, quer em termosde avaliação do caminho já percorrido quer,principalmente, na constatação comum dopapel central que o Centro Internacional deNegócios desempenhou, e deverá continuara desempenhar, na preparação da economiamadeirense para as novas e mais exigentesetapas do seu desenvolvimento.

A opção pela não enumeração de resultadosnão dispensa, contudo, a referência, nesteâmbito, a dois aspectos de relevânciaindiscutível. Em primeiro lugar, a importânciadecisiva e instrumental da instalação naMadeira, no quadro do Centro Internacionalde Negócios, de um elevadíssimo número deempresas dos mais variados ramos deactividade e origens, cujos responsáveiscompreenderam e aderiram aos nossospropósitos, se comprometeram com aMadeira e com as suas estruturaseconómicas, e através das quais seconcretizam tantos objectivos do Centro nacriação de emprego, na geração deoportunidades para os jovens e para ostrabalhadores madeirenses em geral, nadiversificação económica, na modernizaçãoda estrutura produtiva de bens e serviços, naaquisição de know-how, no desenvolvimentode novas tecnologias, no estímulo indirecto,mas muito eficaz, de outras actividadesempresariais nomeadamente no turismo eno sector imobiliário, na projecçãointernacional do nome Madeira em mercadosde topo, entre tantos outros efeitos positivos.

A todas as empresas que responsavelmentese instalaram nos vários sectores deactividade do Centro Internacional deNegócios e, em particular, àquelas (e sãomuitíssimas) que se identif icaramtotalmente com os seus objectivos e têmagido solidariamente com a S.D.M. e com osresponsáveis pela economia da Região édevido o melhor agradecimento. Não é,evidentemente possível citá-las todas nestaocasião; mas através da pequena amostraque será hoje objecto de menção de mérito,pretende-se simbolizar a gratidão que édevida a todos quantos enriquecem aMadeira com a sua presença, os seusinvestimentos e o seu trabalho.

Em segundo lugar, o facto de, através doCentro Internacional de Negócios, a Madeirater acedido a um patamar elevado denotoriedade nos mercados internacionaisenquanto praça de negócios com múltiplasaptidões; beneficiar de uma percepçãoexterna muitíssimo positiva quer quanto àtransparência, seriedade e rigor dos seusmecanismos de gestão e de supervisão querquanto à sua eficácia global; dispor de umconjunto vastíssimo de relações estruturadasno mundo empresarial e de agenteseconómicos em activa cooperação; terconstruído, em suma, uma imagemsolidamente fundada de credibilidade,segurança e modernidade, geradora daconfiança que hoje é partilhada pelageneralidade dos operadores económicosinternacionais. O Centro Internacional deNegócios está assim, vinte anos depois doinício das suas actividades, firmementeposicionado para, através do seu papeldominante de captação de investimentospara a multiplicidade de actividadesempresariais exercíveis no seu âmbito,continuar a cumprir os objectivos quedeterminaram a sua criação e, assim, bemservir o processo de desenvolvimento daMadeira em consonância com os termos efaseamento definidos pelas autoridadesregionais.

Ao longo destas notas que, de modo sucintoe abreviado, pretenderam retratar umpercurso extenso e complexo, foi omitidoum factor fundamental que, a não sê-lo,suscitaria repetidas referências a propósito

de todos os principais factos e etapase n u n c i a d a s . Re f i r o - m e a o p a p e labsolutamente decisivo do Sr. Dr. AlbertoJoão Jardim enquanto principal responsávelpolítico da Região durante todo este período.Sem a sua superior clarividência e percepçãodas realidades e das tendências globais deevolução, a sua pronta e esclarecidacapacidade de decisão, as suas orientações,sol idariedade e confiança, sempremanifestadas, o Centro Internacional deNegócios da Madeira não teria, seguramente,sido instituído, desenvolvido e consolidadocomo foi. Sem a determinação e vontadepolítica de Vossa Excelência, Sr. Presidentedo Governo, sempre reafirmadas ao longodo tempo, a iniciativa de 1974, apesar doimpulso que as circunstâncias da época entãopossibilitaram, não teria passado de maisuma tentativa bem intencionada de criaçãode uma zona franca, com epílogo idênticoaos das anteriores propostas no mesmosentido. O agradecimento que é devido aVossa Excelência, e que é aqui firmementemanifestado, só tem parale lo nadeterminação também reafirmada de, comtoda a lealdade institucional, o Conselho deAdministração da S.D.M. tudo fazer paracontinuar a honrar a confiança que lhe foidepositada e cumprir plenamente as suasatribuições neste processo.

A todos muito obrigado pela vossa presença,interesse e atenção.

Discurso proferido pelo Dr. Francisco Costa nacerimónia comemorativa dos vinte anos do Centro

Internacional de Negócios da Madeira

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A decisão de criar o Centro Internacional deNegócios numa região como a Madeiraresultou de um processo rigoroso de análisee de ponderação sobre as melhores opçõesa adoptar. Outros territórios, em condiçõesgeográficas comparáveis e com economiasestruturalmente semelhantes, haviamintentado com sucesso projectos dedesenvolvimento idênticos ao proposto,indicando, assim, um caminho à Madeira.

Nesse sentido deu-se início a um processoque, apoiado na certeza de que a ilha nãopoderia sobreviver isolada de um mundo quedespontava para a globalização e de que

A cronologia e as imagens do CINMapenas através da captação de investimentoestrangeiro poderia ultrapassar as naturaislimitações do seu reduzido mercado internocom escassos recursos próprios, culminou noque é hoje conhecido como o CentroInternacional de Negócios da Madeira (CINM).

Com a assinatura do contrato de concessãodeu-se um primeiro passo, entre muitosoutros, no percurso que a S.D.M., entretantoconstituída para desenvolver aqueleprograma político-económico, e asautoridades regionais e nacionais teriam deempreender em conjunto para que a Regiãobeneficiasse da existência do CINM e das

suas quatro principais áreas de actividade:Zona Franca Industrial, Registo Internacionalde Navios (MAR), Serviços Internacionais eServiços Financeiros.

Nas duas décadas de existência, forammuitas as acções locais, nacionais einternacionais de divulgação e promoção doCINM. Através de workshops, seminários,conferências e missões promocionais, entreoutras acções de divulgação, a S.D.M., nocumprimento das suas funções comoempresa concessionária, levou o nome daMadeira e de Portugal aos mercados maisprestigiados à escala mundial.

Estas acções, tendo alcançado os seusobjectivos de captar investimento para aMadeira, contribuíram também para umnovo posicionamento da Região comodestino de turismo de negócios, moderno,sofisticado e cosmopolita, apoiando, assim,o trabalho desenvolvido na promoção ediversificação de outro sector tão importantepara a sua economia.Personalidades como o Presidente daRepública e o Primeiro-Ministro de Portugal,vários Ministros, Embaixadores de paísesrepresentados em Portugal, membros demissões de negócios de outros países,membros destacados de partidos políticos

nacionais e regionais, representantes deorganismos públicos, empresários de váriasorigens e jornalistas de todo o mundo,visitaram e ficaram a conhecer por dentro arealidade do CINM e os seus diferentesobjectivos e resultados.

No fim de Outubro passado, celebraram--se os 20 anos de actividade da S.D.M. –Sociedade de Desenvolvimento daMadeira como entidade concessionária doCentro Internacional de Negócios daMadeira, ocasião que teve o condão detrazer à memória histórias interessantesda vida da Zona Franca e personalidadesincontornáveis que muito contribuírampara o seu sucesso.

1980 1987 1988. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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1989 1990 1993. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

A cronologia e as imagens do CINM

Em 1980, a criação da Zona Franca daMadeira ou Centro Internacional deNegócios da Madeira (CINM), foiautorizada através do Decreto-Lei nº500/80, de 20 de Outubro, e dois anosdepois foram regulamentadosd i v e r s o s a s p e c t o s d o s e ufuncionamento, designadamentequanto aos tipos de actividade quepodiam ser exercidos e respectivoregime aduaneiro

A S . D. M . – S o c i e d a d e d eDesenvolvimento da Madeira S.A., aquem foi adjudicada mais tarde aconcessão da ZFM, foi criada, em 1984,como sociedade por quotas e deeconomia mista e, posteriormente,transformada em sociedade anónima

Através de Decreto-Lei é estabelecido,em 1986, o regime de benefícios fiscaise financeiros para as empresas noCINM, ficando clara a naturezaregulamentada e rigorosa do Centro. Aspecto reforçado um ano mais tardequando o regime da Zona Franca daMadeira foi formalmente autorizadopela então CEE. No mesmo ano, foitambém autorizado o exercício deactividades financeiras

1987: é o ano em que foi adjudicada àS.D.M., em regime de concessão deserviço público, a exploração da ZonaFranca

Em 1988, com o objectivo de aumentara eficácia e eficiência jurídico--funcionais do CINM, foram criados osserviços de Registo e do NotariadoPrivativos do CINM. Neste ano,registaram-se, para operar no seuâmbito, as primeiras 7 empresas. Nomesmo ano, foi ainda legalmentea u t o r i z a d a a i n s t i t u i ç ã o d oinstrumento do Trust, o que constituiuuma inovação no ordenamentojurídico português

O período que se seguiu trouxenovidades de peso: uma, foi a criação,em 1989, do Registo Internacional deNavios da Madeira (MAR), outra, oinício da construção das primeirasinfra-estruturas na Zona FrancaIndustrial, no Caniçal e, também, apublicação do diploma que, aprovadaa reforma do sistema fiscal português,estabeleceu no Estatuto dos BenefíciosFiscais o regime em IRC, IRS, impostodo selo e da então contribuiçãoa u t á r q u i c a d a s a c t i v i d a d e sdesenvolvidas na Zona Franca daMadeira

Dez anos depois do Decreto-Lei quecriou a Zona Franca, em 1990, onúmero de entidades licenciadas paraoperar no CINM mais do que duplicoue, nos doze meses que se seguiram,foram contabilizados os primeirosdados sobre o emprego criado noCINM. Concluiu-se que após três anosde plena actividade, a praça ajudara acriar 400 novos postos de trabalho

O anúncio de que o Caniçal teria umgrande porto chegou em 1993, ano emque um relatório do IAPMEIconsiderava o CINM como um dosinstrumentos responsáveis pelaMadeira ter registado um contributode 41,7% para a formação de empresasno todo nacional

1998 1999 2000. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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1994 1996 1997. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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1918

A cronologia e as imagens do CINM

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O ano seguinte confirmou a tendênciade crescimento do CINM. No fim de1998, encontravam-se licenciadas maisde 3.000 entidades. 1998 destacou-se,também, pela criação da Associaçãod e P r o f i s s i o n a i s d o C e n t r oInternacional de Negócios da Madeirae pela visita de Jorge Sampaio, entãoPresidente da República, às instalaçõesda S.D.M. no Caniçal, para um briefingsobre o CINM

Em 1999 dá-se a abertura dacabotagem insular aos naviosregistados no MAR, ficando para trása problemática gerada em volta doreconhecimento da abertura, jáautorizada por diploma legal anterior, da cabotagem insular aos naviosregistados na Madeira

No mesmo ano, o relatório efectuadopelo Centre for European PolicyStudies, de Bruxelas, por incumbênciada Secretaria de Estado dos AssuntosEuropeus, confirmava a importânciaestratégica do CINM no tecidoeconómico regional, informaçãocorroborada pelo crescimento donúmero de empresas e de postos detrabalho

2000 foi um ano particularmentedelicado para o CINM. A ComissãoEuropeia decidiu notificar Portugal ea b r i r u m “ p ro c e d i m e n t o d einvestigação” ao Centro Internacionalde Negócios da Madeira, na sequênciada imposição de um novo prazo paraos auxílios de Estado fixado em novasorientações aprovadas pela ComissãoEuropeia, prazo esse que colidia como anteriormente autorizado, de modoexpresso, para o CINM. O EstadoPortuguês, a Região Autónoma daMadeira e a S.D.M. contestaram asposições de Bruxelas e deram início aum longo processo de defesa dos seuspontos de vista. A admissão e olicenciamento de novas entidadesforam temporariamente suspensos

Em 1994 foi autorizada a instalação efuncionamento de sociedadesfinanceiras de raiz no CINM

Foi, ainda, autorizada a instituição desociedades anónimas e por quotasunipessoais, medida legislativa quetambém constituiu uma inovação eum precedente no ordenamentojurídico português

Para além da realização do primeiroEncontro Anual de Representantes eCorrespondentes da S.D.M., 1994 foiano da periódica avaliação do CINMpela Comissão Europeia, cujo relatóriofinal afirmava que “A Zona Francareveste-se de especial importância,dado que constitui um dos elementosmais dinâmicos (da economiaregional)”

A credibilidade que o CINM vinhaa d q u i r i n d o n o s m e r c a d o sinternacionais ficou patente noencontro da ITPA (International TaxPlanning Association) que a S.D.M.organizou na Madeira em 1996. Umevento que atra iu à Regiãoespecialistas em planeamento fiscalde todo o mundo e uma oportunidadepara dizer ao mercado internacionalque a Madeira estava preparada paravingar no sector

Os primeiros dados sobre o contributodo CINM para o PIB regional foramdivulgados oficialmente em 1997,indicando que esse contributo jáultrapassava os 5%. Apesar da ZonaFranca Industrial ter vivido um anosocial agitado, o CINM ultrapassou afasquia das 2500 empresas licenciadaspara operar no seu âmbito, comdestaque para o MAR que assinalava100 navios registados

2002 2003 2006. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

A cronologia e as imagens do CINM

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2007

2120

2003 foi um ano de mudanças: novoregime e um novo desafio para oCINM. No Funchal, a S.D.M. organizouno início do ano uma conferênciadenominada “ As Praças Internacionaisde Negócios no Contexto da EconomiaGlobal: o caso do Centro Internacionalde Negócios da Madeira”, durante aqual foi revelado o contributo do CINMpara o desenvolvimento económicoda Região a vários níveis

Em 2007, a Comissão Europeia aprova o novo regime de ajudas de Estado para o Centro,a vigorar entre 2o07 e 2013, com produção de efeitos até 2020. Segundo a ComissãoEuropeia o estabelecimento de mais este regime tem como objectivo promover odesenvolvimento económico e social da Madeira permitindo a atracção de investimentopor forma a ultrapassar as dificuldades inerentes à sua ultraperificidade.

No fim de Outubro celebraram-se os 20 anos de actividade da S.D.M. – Sociedade deDesenvolvimento da Madeira como entidade concessionária do Centro Internacionalde Negócios da Madeira, evento que permitiu tornar públicos alguns factos e extractosda memória de um percurso.

Um impasse que se manteve junto daComissão Europeia até o fim de 2002quando se tornou público o novoregime de benefícios e as condiçõespara a admissão de empresas ao CINM.Foi o encerramento de um longoprocesso – que terminou por serarquivado pela Comissão, com oimplícito reconhecimento da posiçãoportuguesa – mas que teve comocondição principal o impedimento àadesão de mais empresas no sectorfinanceiro. A não inclusão da Madeirana “lista negra” elaborada pelo GAFI(Grupo de Acção Financeira) e na listade “paraísos fiscais” da OCDE são duasnotas positivas que assinalaram acompetitividade e o rigor da praçamadeirense neste ano. Nesse ano,verificou-se ainda o regresso do navio“Funchal” à marinha mercanteportuguesa, através do seu registo noMAR

Praticamente três anos depois, em2006, o CINM é confrontado com maisuma negociação com Bruxelas paraavaliação das suas condições deoperacionalidade. Um processoextremamente importante já que naMadeira se vivia então um períodoeconómico decisivo, como ficou clarona conferência que a S.D.M. organizouno fim de 2005 sobre o futurod e s e n vo l v i m e n t o d a Re g i ã o.Independentemente das dificuldadesque enfrentou nestes últimos anos,consubstanciadas no aumento do IVA,na aplicação do PEC às empresas doCINM e na instabilidade legislativa, om e r c a d o e o s o p e r a d o r e sdemonstraram confiança na praça ena sua credibilidade

O CINMna imprensa

“Declining markets for its traditional exports and litle heavy industrial capacity havelead Madeira to take stock of its potential and to seek a strategy to bring both jobs andinvestment to the island.The creation of the International Business Centre (IBC) in 1988 was a bold response to theseemployment and economic constraints and was aimed at placing Madeira firmly on themap as an offshore base for international concerns, with the emphasis on financial servicesand value-added operations…”

in Lloyd’s List,23 de Fevereiro de 1995

2322

“… However, it was only after the island was made an autonomous region with its owngovernment and mildly conservative governments came to power in Lisbon that Madeira’seconomy began to take off. It got a big boost when Portugal joined the European Communityin 1996.Its most ambitious project is the setting up of a free trade zone and offshore financialservices center to attract foreign and Portuguese bankers and other investors who wantto take advantage of Madeira’s access to EC countries with their market…”

in The Wall Street Journal,22 de Maio de 1989

“Madeira’s International Business Centre has always rejected the label of tax haven oroffshore centre, priding itself on operating in a fully regulated environment that is supervisedby the Bank of Portugal and the Portuguese finance ministry to exacting standards.”

(Peter Wise – jornalista)

in Financial Times,17 de Abril de 2000

“O secretário geral da União Geral de Trabalhadores (UGT) classificou a Zona FrancaIndustrial como “fundamental” para a criação de riqueza, que passa pela criação de trabalhoem condições dignas e de qualidade. “Temos aqui cada vez mais, empresas sólidas e capazes,que gerando riqueza, podem também decidir melhor, e de forma a que os trabalhadoressaiem beneficiados dessa riqueza.”

(João Proença - UGT)in Jornal da Madeira,8 de Fevereiro de 1997

“Aquilo que os investidores estrangeiros gostam no CINM é o facto de ser uma praçaregulamentada, isto é, em que se aplica o sistema legal nacional, ao contrário do queacontece nos paraísos fiscais.”

(Pedro Rebelo de Sousa - Grupo Legal Português)in Diário de Notícias da Madeira,28 de Maio de 1999

“… A experiência de outras regiões no mundo que tiveram experiências análogas,demonstra que uma iniciativa do género do CINM carece de muito longo prazo para setornar consistente e produzir efeitos. Nós julgamos que isso traz consigo a diversificaçãoda economia da Madeira, deixando de estar vulnerável a dois sectores: o Turismo e a banana.”

(Vítor Martins - Ex- Secretário de Estado para os Assuntos Europeus)in Diário de Notícias da Madeira,10 de Janeiro de 2000

O balanço da evolução dos diferentes sectoresde actividade da praça madeirense, mais do queum olhar para o passado, é um estímulo parareflectir sobre os passos necessários para garantirque o CINM continue a progredir com o mesmosucesso obtido até à data.Os últimos dados oficiais referem-se ao fim de2007 e indicam que o ano fechou em linha comos valores dos últimos anos. No seu todo, em2007, estavam licenciadas no CINM 3830sociedades, das quais 3524 respeitam aactividades no âmbito dos ServiçosInternacionais e 34 no campo do SectorFinanceiro. Na Zona Franca Industrial estavamlicenciadas para operar 54 empresas industriaise no MAR existiam 218 registos de navios,embarcações de recreio e iates comerciais.

Mais de 3800 sociedades marcam novo ciclo do CINM

Apesar do CINM ter visto o seu normaldesenvolvimento afectado por diversascondicionantes externas que, frequentemente,têm lesado a sua competitividade global, osresultados líquidos de 2007 indiciam que, sedevidamente apoiado, o Centro Internacionalde Negócios conseguirá atrair ainda maisinvestimento directo estrangeiro para a Madeira,já que entre os muitos países geradores deinvestimento no CINM se encontram as 10principais economias mundiais, altamentedinâmicas e financeiramente competitivas.A par de muitas outras praças de negócios detopo, o sucesso alcançado pelo CINM também

tem dependido da confiança e da credibilidadeque este conseguiu granjear junto dosinvestidores e operadores internacionais. Estereconhecimento internacional conquistado peloCINM, com efeitos práticos na vida económicaregional, ajuda a explicar porque é que o seucontributo para a economia da Madeira temsido crescente e real.

O ano de 2007 foi particularmenteimportante na história do CentroInternacional de Negócios da Madeiraporque testemunhou dois momentoschave que assinalaram um novo ciclo navida da praça madeirense: a celebraçãodos 20 anos da Concessão do CINM e aaprovação de um novo regime debenefícios para as empresas a operar naMadeira.

Zona Franca Industrial 54

Serviços Internacionais 3.524

Serviços Financeiros 34

Registo Internacional de Navios (MAR) 218

Total de Entidades 3.830

Centro Internacionalde Negócios da Madeira

Número de Entidades Licenciadas(31/12/2007)