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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO Ordem de Serviço: 201409609 Município/UF: Aracaju/SE Órgão: MINISTERIO DO ESPORTE Instrumento de Transferência: Convênio - 752189 Unidade Examinada: CONFEDERACAO BRASILEIRA DE HANDEBOL Montante de Recursos Financeiros: R$ 1.890.768,00 Prejuízo: R$ 0,00 1. Introdução Os trabalhos de campo foram realizados no período de 27 de outubro a 12 de dezembro de 2014 sobre a aplicação dos recursos do Programa 0181 – Brasil no Esporte de Alto Rendimento – Brasil Campeão/Ação 20D8 – Preparação e Organização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016 no município de Aracaju/SE. A ação fiscalizada destina-se à preparação de atletas e à capacitação de recursos humanos para o Esporte de Alto Rendimento. Para realização do trabalho foram analisados os seguintes documentos: Processo nº 58701.003600/2010-92 – autuado no âmbito Ministério do Esporte e referente à formalização do ajuste; Documentação disponibilizada pela Confederação Brasileira de Handebol referente ao convênio nº 752189/2010; e Informações registradas no SICONV sobre o convênio nº 752189/2010. 2. Resultados dos Exames Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de monitoramento a ser realizada por esta Controladoria. 2.1 Parte 1

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO

SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO

Ordem de Serviço: 201409609 Município/UF: Aracaju/SE Órgão: MINISTERIO DO ESPORTE Instrumento de Transferência: Convênio - 752189 Unidade Examinada: CONFEDERACAO BRASILEIRA DE HANDEBOL Montante de Recursos Financeiros: R$ 1.890.768,00 Prejuízo: R$ 0,00 1. Introdução

Os trabalhos de campo foram realizados no período de 27 de outubro a 12 de dezembro de 2014 sobre a aplicação dos recursos do Programa 0181 – Brasil no Esporte de Alto Rendimento – Brasil Campeão/Ação 20D8 – Preparação e Organização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016 no município de Aracaju/SE.

A ação fiscalizada destina-se à preparação de atletas e à capacitação de recursos humanos para o Esporte de Alto Rendimento.

Para realização do trabalho foram analisados os seguintes documentos:

Processo nº 58701.003600/2010-92 – autuado no âmbito Ministério do Esporte e referente à formalização do ajuste;

Documentação disponibilizada pela Confederação Brasileira de Handebol referente ao convênio nº 752189/2010; e

Informações registradas no SICONV sobre o convênio nº 752189/2010.

2. Resultados dos Exames Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.

2.1 Parte 1

Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas especiais, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União.

2.1.1. Verificação da formalização legal do convênio nº 752189/2010. Fato O Convênio nº 752189/2010, celebrado em 30 de dezembro de 2010 entre o Ministério do Esporte (concedente) e a Confederação Brasileira de Handebol (convenente), teve sua vigência inicial de 367 dias prorrogada para 20 de junho de 2012, em virtude do atraso no repasse dos recursos. O ajuste destinou-se à implantação da seleção permanente de handebol masculino, por meio de treinamentos, participação em competições internacionais, com equipe de apoio multidisciplinar, como preparação para os Jogos Olímpicos Rio 2016. O extrato do convênio foi publicado no Diário Oficial da União nº 10, de 14 de janeiro de 2011. Aos recursos repassados pelo Ministério do Esporte, em montante de R$ 1.860.248,00, foram acrescidos: a contrapartida, no valor de R$ 30.520,00, os rendimentos das aplicações financeiras, no valor de R$ 57.569,49 e um depósito no valor de R$ 7.057,17, referente às multas e juros por atraso nos pagamentos do INSS e do imposto de renda retido dos profissionais contratados. Os recursos disponíveis alcançaram o montante de R$ 1.955.394,66. As despesas totalizaram R$ 1.678.336,28 e estão acompanhadas das notas fiscais, recibos de pagamentos a autônomos – RPA, recibos, guias de recolhimentos, bem como dos comprovantes de pagamento. Os recursos foram aplicados nas despesas elencadas na tabela abaixo:

Tabela – Demonstrativo da aplicação de recursos por tipo de despesa. Tipo de despesa Valor (R$)

Bolsa a atleta 726.000,00

Coordenador 43.393,89

Supervisor 33.690,29

Auxiliar Técnico 69.111,78

Médico 28.168,60

Fisioterapia 30.892,94

Gerenciamento do Projeto 108.000,00

INSS 55.766,30

Juros/Multas – INSS 5.456,19

IR 14.907,21

Juros – IR 1.374,60

Multa – IR 226,38

Hospedagem 109.638,75

Passagem aérea 451.709,35

Total dos desembolsos 1.678.336,28

Fonte: Planilha de execução financeira do convênio - CGU

O saldo remanescente, no valor de R$ 277.058,37, foi recolhido por meio de GRU - Guia de Recolhimento da União, conforme comprovante de pagamento nº 062201, de 22 de junho de 2012. ##/Fato##

2.1.2. Verificação do Plano de Trabalho do Convênio nº 752189/2010. Fato O Plano de Trabalho apresentado ao Ministério do Esporte – ME, por meio da Proposta nº 099517/2010 detalhou o objeto do ajuste pretendido, bem como justificou a necessidade da parceria. O projeto visava a atender 22 atletas integrantes da seleção brasileira de handebol adulto masculino com a participação de uma comissão técnica composta por 6 (seis) pessoas, sendo: 2 auxiliares técnicos, 1 supervisor técnico, 1 fisioterapeuta, 1 médico e 1 coordenador. As metas quantitativas traçadas foram: 1. Melhorar os resultados de classificação da seleção brasileira nos Jogos Pan Americanos de 2011; e 2. Colocar o Brasil entre as 12 melhores Seleções do mundo na categoria. As metas qualitativas traçadas foram: 1. Promover o intercâmbio técnico e tático com as melhores seleções mundiais da atualidade; e 2. Conquistar a classificação da seleção brasileira de handebol para os Jogos Olímpicos de Londres 2012. O Plano de Trabalho foi aprovado, conforme Parecer nº 35/2010/CGEXE/DEPES/SNEAR/ME, de 15/12/2010.

Posteriormente, por meio dos Pareceres n° 12/2011/CGEXE/DEPES/SNEAR/ME, de 27/09/2011 e 17/2012/CGTCE/DEPES/SNEAR/ME, de 26/03/2012, foram autorizadas modificações no Plano de Trabalho.

Após as alterações aprovadas pelo Ministério do Esporte, o Plano de Trabalho apresentou as metas elencadas no quadro a seguir: Quadro – Plano de Trabalho aprovado.

Plano de Trabalho

Número da Meta

Especificação Valor (R$) Data de Início

Data de Término

1 OUTROS SERVIÇOS 1.063.500,00 30/12/2010 18/06/2012

2 ENCARGOS PATRONAIS RPA 45.900,00 30/12/2010 18/06/2012

3 AMISTOSOS INTERNACIONAIS - MARINGÁ/PR

282.739,14 28/09/2011 20/06/2012

4 TREINAMENTO E AMISTOSO INTERNACIONAL - SÃO PAULO - BRASIL

207.144,86 28/09/2011 20/06/2012

5 TREINAMENTO NACIONAL - SÃO BERNARDO DO CAMPO

34.647,36 26/03/2012 20/06/2012

6 TREINAMENTO INTERNACIONAL TUNIS - TUNÍSIA

190.216,46 29/03/2012 20/06/2012

7 TREINAMENTO INTERNACIONAL GOTEMBURGO (ST)

66.620,18 06/04/2012 20/06/2012

Total 1.890.768,00 Fonte: SICONV

Exceto a meta número quatro, as demais foram executadas de acordo com o Plano de Trabalho aprovado. Quanto ao treinamento e amistoso internacional programado para a cidade de São Paulo, meta quatro, verificou-se que esse evento foi substituído por outro, realizado na cidade de São Sebastião do Paraíso/MG no período de 25 de setembro a 02 de outubro de 2011. Entretanto, na documentação apresentada pela convenente para análise, bem como nas informações disponíveis no Siconv - Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse não consta a aprovação da concedente para alteração da citada meta. ##/Fato##

2.1.3. Falhas no acompanhamento/fiscalização do convênio pelo concedente. Fato Após análise do processo nº 58701.003600/2010-92 e das informações disponibilizadas no Siconv, constatou-se que o concedente, Ministério do Esporte, não designou formalmente um representante para acompanhar e fiscalizar a execução das cláusulas avençadas no termo de ajuste, de forma a garantir a regularidade dos atos praticados e a plena execução do objeto, conforme determina o artigo 53 da Portaria Interministerial MP/MF/CGU nº 127, de 29 de maio de 2008. Em que pese a inexistência da designação formal de um fiscal do convênio, bem como a falta de registro no Siconv acerca do acompanhamento da avença, verificou-se a ocorrência de atos de acompanhamento e fiscalização expedidos pelo Ministério do Esporte e autuados no processo nº 58701.003600/2010-92. O acompanhamento da execução do objeto do convênio nº 752189/2010 teve início com o envio do processo 58701.003600/2010-92 para a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento-SNEAR, por meio de Despacho da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração-SPOA. Para registro dos trabalhos de acompanhamento realizados pela SNEAR foram emitidos os pareceres elencados no quadro a seguir: Quadro - Demonstrativo dos Pareceres emitidos pelo Ministério do Esporte.

Documento Conclusão

Parecer nº 29/2011/CGEXE/DEPES/SNEAR/ME/FT Decreto 7.592/2011, de 25/11/2011.

Identificação de impropriedades que não comprometem a execução, no que diz respeito a: a) ausência de registro de informações no SICONV; b) Justificativa para alteração de atletas beneficiados.

Parecer Financeiro Preliminar nº 79/2012-CGPCO/DGI/SE/ME, de 17/01/2012.

Não foram registrados no SICONV os extratos bancários da conta específica e da aplicação financeira, bem como não apresentaram de forma física (cópias), impossibilitando a conferência preliminar de dados relacionados à execução financeira.

Parecer nº 09/2012/CGEXE/DEPES/SNEAR/ME/FT Decreto 7.592/2011 – Segunda Etapa, de 19/01/2012.

Regularidade da execução no presente momento, sem prejuízo das providências devidas, caso a entidade não cumpra o prazo estabelecido para o saneamento das pendências citadas acima. O presente convênio deverá ser efetivamente acompanhado até o término da sua vigência, no que tange aos aspectos técnicos e financeiros por meio da análise documental, pelo SICONV, e, sendo necessário, com nova fiscalização in loco.

Fonte: Processo nº 58701.003600/2010-92 – Ministério do Esporte.

Os registros produzidos ao longo do acompanhamento realizado pela SNEAR foram encaminhados à Confederação Brasileira de Handebol, por meio dos ofícios informados no quadro a seguir: Quadro - Demonstrativo dos Ofícios encaminhados à CBHb.

Documento Assunto

Ofício nº 245/2011/SNEAR/ME, de 02/12/2011.

Necessidade de atualização dos atos de execução no Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse - SICONV do Governo Federal e de regularização de impropriedades/pendências, conforme conclusão contida no anexo PARECER TÉCNICO N° 29/2011/CGEXE/DEPES/SNEAR/ME/FT - Decreto nº 7.592/2011.

Ofício nº 281/2011/SNEAR/ME, de 07/12/2011.

Complementação do Oficio n° 245/2011, enviado em 02/12/2011.

Ofício nº 032/2012/SNEAR/ME, de 09/02/2012.

Encaminha uma cópia do Parecer nº 09/2012/CGEXE/DEPES/SNEAR/ME/FT Decreto 7.592/2011 – Segunda Etapa, de 19/01/2012.

Fonte: Ministério do Esporte - Processo nº 58701.003600/2010-92. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Por meio do Ofício nº 28/2015-FIN/CBHb, de 06 de fevereiro de 2015, a Unidade apresentou a seguinte manifestação: [...] “3.2. Não há manifestação a ser apresentada pela CBHb, haja vista que a fiscalização é ato inerente e genuíno do concedente. 3.3. Contudo, a CBHb se permite dizer, de forma reduzida, que houve efetiva fiscalização do concedente, como registrado pela fiscalização, remanescendo apenas a demonstração formal de designação de fiscal, que, mesmo na ausência, não impediu o concedente de fiscalizar, efetivamente, o cumprimento do plano de trabalho”. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno De fato, a situação apontada refere-se à atuação do Concedente. Entretanto, diante da manifestação da CBHb faz-se a seguinte observação: A falha apontada refere-se ao não cumprimento, por parte do Ministério do Esporte, da obrigatoriedade prevista no artigo 53 da Portaria Interministerial MP/MF/CGU nº 127/2008 que prevê a especial designação de representante do concedente ou contratante para realizar anotações em registro próprio de todas as ocorrências relacionadas à consecução do objeto, adotando as medidas necessárias à regularização das falhas observadas. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações: Recomendação 1: Recomenda-se ao Ministério do Esporte que designe, quando da formalização de futuros convênios, um representante para acompanhar e fiscalizar a execução das cláusulas avençadas.

2.2 Parte 2 Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.

Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das providências saneadoras relacionadas a estas constatações.

2.2.1. Registro da Prestação de Contas no Siconv fora do prazo fixado no instrumento de convênio. Fato Após análise das informações disponibilizadas no Siconv - Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse, aba “anexos” do módulo “prestação de contas”, constatou-se que a Confederação Brasileira de Handebol apresentou a prestação de contas do convênio nº 752189 fora do prazo fixado no instrumento de ajuste. Conforme registros do sistema os arquivos foram enviados em 19 de julho de 2012 e complementados em 21 de novembro de 2013. De acordo com o parágrafo segundo da cláusula terceira do instrumento do convênio, a convenente teria trinta dias para apresentar a prestação de contas final, a contar do término da vigência, ou do último pagamento efetuado, quando este ocorrer em data anterior àquela do encerramento da vigência. Por meio do termo ex-ofício de prorrogação de convênios por atraso na liberação de recursos, expedido pelo Ministério do Esporte, em 07 de dezembro de 2011, o término da vigência do convênio em tela, incialmente fixado para 01 de janeiro de 2012, foi prorrogado para 20 de junho de 2012. Conforme registros da movimentação financeira do convênio na conta corrente nº 27677-4, agência 17-5 do Banco do Brasil S/A, o último pagamento ocorreu em 02 de maio de 2012 e, portanto a prestação de contas deveria ter sido apresentada até 02 de junho de 2012. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Por meio do Ofício nº 28/2015-FIN/CBHb, de 06 de fevereiro de 2015, a Unidade apresentou a seguinte manifestação:

[...]

“2. Registro da Prestação de Contas no Siconv fora do prazo fixado no instrumento de convênio

2.1. Neste ponto, a fiscalização apontou o seguinte:

Por meio do termo ex-oficio de prorrogação de convênios por atraso na liberação de recursos, expedido pelo Ministério do Esporte, em 07 de dezembro de 2011, o término da vigência do convênio em tela, incialmente fixado para 01 de janeiro de 2012, foi prorrogado para 20 de junho de 2012.

Conforme registros da movimentação financeira do convênio na conta corrente nº 27677-4, agência 17-5 do Banco do Brasil S/A, o último pagamento ocorreu em 02 de maio de 2012 e, portanto a prestação de contas deveria ser apresentada até 02 de julho de 2012.

2.2. O Convênio, na verdade, estabeleceu que o cumprimento de um único ato poderia se dar em tempos diferentes. Ao utilizar a conjunção "ou", que expressa ideia de alternância ou escolha, fixou dois marcos iniciais: fim da vigência ou último pagamento.

2.3. O término da vigência do convênio, de fato, deu-se em 20 de junho de 2012. Neste sentido, ao se contar o prazo de 30 dias, a partir do fim da vigência, tem-se que o prazo de entrega da prestação de contas escoou em 20 de julho de 2012. Prestadas as contas do convênio em tela em 19 de julho de 2012, verifica-se a tempestividade do ato.

2.4. Diga-se de passagem, que a Confederação balizou seu procedimento de prestação de contas, tomando como base temporal o fim da vigência. É o mais racional e lógico, ao se considerar prestar contas de um convênio ainda vigente, impõe sérios entraves a administração e fim de execução do objeto convenial.

2.5. Obtempere-se, por oportuno, que mesmo que se trabalhe com o prazo de 30 dias, a contar do último pagamento, pela interpretação do § 1º do art. 56 da Portaria Interministerial nº 127/2008, a convenente conta, ainda, com um prazo adicional de mais 30 dias. Confira-se:

Art. 56. O órgão ou entidade que receber recursos na forma estabelecida nesta Portaria estará sujeito a prestar contas da sua boa e regular aplicação no prazo máximo de trinta dias contados do término da vigência do convênio ou contrato ou do último pagamento efetuado, quando este ocorrer em data anterior àquela do encerramento da vigência.

§ 1º Quando a prestação de contas não for encaminhada no prazo estabelecido no caput, o concedente ou contratante estabelecerá o prazo máximo de trinta dias para sua apresentação, ou recolhimento dos recursos, incluídos os rendimentos da aplicação no mercado financeiro, atualizados monetariamente e acrescido de juros de mora, na forma da lei.

2.6. A legislação prevê o procedimento a ser observado (novo prazo de 30 dias), caso as contas não sejam prestadas no prazo incialmente estabelecido, sem imputar qualquer irregularidade, nem mesmo formal. Apenas se as contas não forem prestadas no prazo da prorrogação legal que se pode iniciar um procedimento para detectar eventuais incorreções, caso contrario, tornaria letra morta a disposição regulamentar.

2.7. A CBHb enviou a prestação de contas dentro do prazo, seja contado a partir do fim da vigência, seja contado a partir do último pagamento, nesse caso, dentro do prazo elastecido previsto no § 1º do art. 56 da Portaria Interministerial MP/MF/CGU nº 127/2008.

2.8. Portanto, não se caracteriza irregularidade a prestação de contas apresentada no prazo derradeiro previsto na Lei.

2.9. De mais a mais, a prestação de contas realizada na prorrogação legal, justificada pelos trâmites burocráticos inerentes a qualquer procedimento administrativo, não pode atrair a pecha de irregularidade à CBHb, posto que não houve prejuízo aos cofres públicos, nem confrontou o bem jurídico tutelado pela norma temporal de prestar contas no tempo esperado pela Administração, que é a proteção da moralidade administrativa e do patrimônio público.

2.10. Até porque para que ocorra a violação do bem jurídico tutelado é imprescindível a vontade deliberada da convenente em sonegar informação; o que exclui o

mero entrave burocrático, supervenientemente reparado no prazo da prorrogação legal, do âmbito de incidência da irregularidade de contas.

2.11. No caso, as contas foram aprovadas, antes mesmo do recebimento do Relatório de Fiscalização. Com a aprovação das contas não houve prejuízo ao erário decorrente de má aplicação dos recursos federais, não havendo, portanto, lesão aos cofres públicos, o que afasta, também, qualquer irregularidade.

2.12. O objeto do convênio foi integralmente executado, como atestado por equipe técnica do Ministério do Esporte, com prestação de contas apresentada dentro das margens da legislação, pelo que se pede seja recebida e acolhida as presentes razões de justificativas.” ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno Na manifestação apresentada pela CBHb, a entidade sustenta o entendimento de que a expressão “ou” contida no parágrafo segundo da cláusula terceira do instrumento de convênio permitia a opção por um dos dois eventos: o encerramento da vigência inscrito no convênio ou a realização do último pagamento. Em que pese o entendimento manifestado pela CBHb, a leitura da cláusula do edital citada, não permite tal entendimento. O termo “ou” ali empregado, indica que a ocorrência de qualquer dos eventos resultaria na abertura do prazo de trinta dias para apresentação da prestação de contas. A entidade sustenta ainda, que de acordo com o parágrafo primeiro do artigo 56 da Portaria Interministerial MP/MF/CGU nº 127/2008, a convenente conta com um prazo adicional de trinta dias após a vigência fixada no termo de ajuste ou a ocorrência do último pagamento para apresentar a prestação de contas. Entretanto, observa-se que o texto citado confere não à entidade convenente, mas à concedente ou contratante a competência para estabelecer o prazo máximo de trinta dias para a apresentação da prestação de contas ou o recolhimento dos recursos, acrescidos dos rendimentos da aplicação no mercado financeiro, atualizados monetariamente e acrescidos de juros de mora, ou seja, trata-se de uma penalidade. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.2. Pagamentos por serviços não comprovados de gerenciamento do projeto, no valor de R$ 108.000,00. Fato Com o objetivo de realizar o “gerenciamento de projetos para sistematização de métodos e técnicas que facilitem os processos do ciclo de vida do projeto: iniciação, planejamento, execução, controle e fechamento do projeto”, a CBHb, por meio da Cotação Prévia de Preços nº 001 MASC/2011, de 19 de janeiro de 2011, contratou a empresa Mundi Produções e Eventos Ltda., CNPJ nº 09.378.588/0001-96.

Como resultado da seleção, foi assinado o Contrato de Prestação de Serviço CP1 MASC/2011-Gestão de Projetos, o qual previa as seguintes atribuições para a contratada:

“ a. Estabelecer métodos e técnicas para que a equipe do projeto inicie e execute as ações de acordo com o planejado no Projeto Básico, objetivando manter o padrão de qualidade dos serviços prestados.

b. Orientar a equipe operacional do projeto no sentido de executar o projeto de acordo e em conformidade com o que estabelece a Legislação vigente.

c. Sugerir, monitorar e acompanhar os registros no Centro de Custo conforme os instrumentos e exigências do Ministério do Esporte.

d. Acompanhar e sistematizar o processo de contratação de pessoal e aquisição de produtos, conforme as ações descritas no projeto.

e. Orientar, treinar, supervisionar a elaboração dos relatórios de execução do projeto, em conformidade com o estabelecido pelo Ministério do Esporte, assim como os registros fotográficos e material de propaganda do projeto.

f. Monitorar, acompanhar e orientar a execução do projeto conforme os recursos e prazos nele estabelecidos.

g. Orientar com instrumentos e técnicas específicas a finalização e fechamento do projeto.

h. Realizar as operações do projeto, através do lançamento dos documentos e todos os materiais necessários junto ao SICONV – ME de acordo com a legislação vigente.

i. Organizar a documentação para o processo de prestação de contas junto ao ME.”

Ao longo da execução do contrato foram realizados pagamentos à empresa contratada no valor de R$ 108.000,00 conforme tabela a seguir:

Tabela – Pagamentos efetuados para gerenciamento do projeto.

Nota Fiscal Data de Emissão

Valor (R$)

138 22/07/2011 54.000,00

147 25/08/2011 9.000,00

152 27/09/2011 9.000,00

158 21/10/2011 9.000,00

164 28/11/2011 9.000,00

167 15/12/2011 9.000,00

171 26/12/2011 9.000,00

Total 108.000,00

Fonte: Siconv

De acordo com os registros contidos na nota fiscal nº 138, cujo pagamento no valor de R$ 54.000,00, ocorreu em 22 de julho de 2011, a contraprestação pecuniária refere-se aos serviços de elaboração de rotinas administrativas prestados nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho. Porém, observou-se que a execução do convênio teve início, efetivamente, a partir da transferência dos recursos pelo Ministério do Esporte, em 22/06/2011 e o pagamento das bolsas aos atletas, bem como dos profissionais que compõem a comissão técnica com os respectivos encargos começaram em julho daquele ano. Quanto aos eventos, treinamentos e amistosos, vale registrar, ocorreram a partir de setembro de 2011.

Da análise da movimentação financeira do convênio, verificou-se que os pagamentos de bolsas, profissionais, serviços foram realizados pela própria CBHb conforme processos de pagamento e comprovantes bancários. De modo semelhante, os processos de seleção para

contratação da equipe técnica, prestadora de serviços de fornecimento de passagens aéreas e hospedagem foram realizados pela Confederação, conforme processos de contratação.

Quanto aos treinamentos e amistosos realizados pela seleção masculina de handebol verificou-se que esses eventos foram predefinidos no Plano de Trabalho do Convênio, antes da contratação da Mundi Produções e Eventos Ltda.

Com relação à alimentação de informações no Siconv, conforme constatação específica do presente relatório constatou-se que 85 documentos de despesas não foram inseridos no sistema.

Deste modo, tendo em vista que a CBHb realizou as contratações de serviços, a movimentação financeira, a definição de datas e locais de treinamento e contratou toda a equipe responsável pela preparação dos atletas, não se vislumbra qualquer ação adicional realizada pela contratada relativa ao “estabelecimento de rotinas e procedimentos para os processos de compra, contratações e aquisições definidos no projeto, assim como o treinamento da equipe operacional”. Adicionalmente, não consta da documentação apresentada pela CBHb qualquer relatório, estudo, levantamento ou documento equivalente elaborado pela contratada que comprove a prestação de serviços como contrapartida dos pagamentos recebidos. Por fim, foi verificada a tramitação no Tribunal de Contas da União – TCU do Processo nº 034.036/2011-3, convertido em Tomada de Contas Especial, que trata de supostas irregularidades em convênios firmados entre o Ministério do Esporte e a Confederação Brasileira de Ciclismo – CBC (convênios nº 751631, 751771 e 751774). Conforme Acórdão nº 2.763/2012 – Plenário, alterado pelo Acórdão nº 3.385/2012 – Plenário, são questionadas, entre outros assuntos, as contratações para o gerenciamento dos projetos, todos executados pela Mundi Produções e Eventos Ltda. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Por meio do Ofício nº 28/2015-FIN/CBHb, de 06 de fevereiro de 2015, a Unidade apresentou a seguinte manifestação:

[...]

“4.2. A necessidade de contratação de uma empresa de gerenciamento de projeto foi compartilhada com o Ministério do Esporte, para atingir os objetivos, comumente, estabelecidos, durante todas as fases de execução.

4.3. Não é demais ressaltar que o legislador previu a possibilidade de inclusão e aceitação de despesas administrativas em convênios, justamente para atender casos como o aqui tratado. Confira-se a redação do art. 39, da Portaria Interministerial nº 507:

Art. 39, parágrafo único: Os convênios ou contratos de repasse celebrados com entidades privadas sem fins lucrativos poderão acolher despesas administrativas, até o limite de quinze por cento do valor do objeto, desde que expressamente autorizadas e demonstradas no respectivo instrumento e no plano de trabalho.

4.4. O Manual publicado pela Controladoria-Geral da União – 2009 – Nova Regulamentação das Transferências Voluntárias – Siconv – Convênios e Contratos de Repasse, folha 21 – com a finalidade de orientar os órgãos concedentes, no mesmo sentido disciplina sobre o tema:

Observado o limite de 15% do valor do objeto, os recursos do convênio ou contrato de repasse poderão custear despesas administrativas das entidades privadas sem fins lucrativos.

Para que isso possa ocorrer, faz-se necessário que tais despesas administrativas estejam previstas e detalhadas no plano de trabalho aprovado pelo concedente ou contratante e que não tenham sido custeadas com recursos originários de outras fontes, inclusive convênios ou contratos de repasse.

4.5. O próprio TCU, em seu Manual de Gestão de Projetos, assim explicita:

Para isso, esta Corte de Contas dispõe hoje de um importante auxílio: a gestão de projetos. Tal modelo de gestão é instrumento eficiente que permite focar prioridades e implementar as mudanças exigidas.

Além disso, fornece técnicas que ajudam as equipes a atingir metas e gerenciar processos relativos a integração, escopo, custo, recursos humanos, tempo, riscos, comunicação e qualidade.

4.6. É essencial a gestão do projeto para garantir e dar qualidade ao processo. O Manual de Gestão de Projetos do TCU ao discorrer sobre o tema assim define:

PROJETO é um conjunto de atividades ou medidas planejadas para serem executadas com:

a. responsabilidade de execução definida;

b. objetivos determinados;

c. abrangência (ou escopo) definida;

d. prazo delimitado;

e. recursos específicos.

Além disso, um projeto é caracterizado por criar algo novo, algo que não havia sido feito antes da mesma maneira.

3. DIFERENÇA ENTRE PROJETO E ATIVIDADE FUNCIONAL

Projetos são empreendimentos finitos que têm objetivos claramente definidos em função de um problema, uma oportunidade ou um interesse, de determinada pessoa ou organização, para desenvolver produtos únicos, sejam bens ou serviços.

Por sua vez, as atividades funcionais, que fazem parte da rotina da organização, são processos de trabalho que se repetem continuamente. Elas se realizam sempre do mesmo modo com pequenas variações ao longo do tempo. Como exemplo de atividades funcionais desenvolvidas no TCU, cite-se a análise de contas, a realização de atividades administrativas já incorporadas ao trabalho rotineiro, a execução do processo de pagamento de pessoal, entre outras.

4. QUE É GESTÃO DE PROJETO

A gestão de projeto (GPJ) refere-se à gestão individual de cada projeto. É a combinação de pessoas, técnicas e sistemas necessários à administração dos recursos indispensáveis para atingir com êxito o final do projeto. Significa fazer o necessário para completar o projeto dentro dos objetivos estabelecidos.

A gestão de projeto é também a aplicação de conhecimentos, ferramentas e técnicas para planejar atividades com o objetivo de suprir necessidades e atingir ou exceder as expectativas definidas ou solicitadas para o projeto.

Segundo o PMBOK, uma das abordagens para conceituar a gestão de projeto considera os processos que ocorrem no ciclo de vida do projeto visando à

organização do trabalho. Nesse aspecto, a gestão divide-se em cinco grupos de processos (Figura1):

a. processos de iniciação – reconhecem formalmente a existência de um projeto ou de início de uma fase e compromete-se com a sua execução;

b. processos de planejamento – planejam e mantém um esquema de trabalho viável para o alcance dos objetivos que determinaram a existência do projeto;

c. processos de execução – coordenam pessoas e outros recursos para a realização do plano do projeto;

d. processos de controle – garantem que os objetivos do projeto estão sendo atingidos. Isso envolve monitoração, avaliação de progresso e realização de ações corretivas quando pertinentes;

e. processos de encerramento – organizam o encerramento e formalizam a aceitação do projeto.

4.7. Demonstrada a essencialidade da gestão do projeto; a autorização jurídica de previsão no custo de execução do convênio; e a aprovação prévia do concedente; resta, agora, demonstrar a materialidade da prestação destes serviços, para que não paire dúvida sobre a verdade dos fatos.

4.8. Pede-se, também, desde logo, que fatores alienígenas ao convênio, a exemplo de discussões de outros convênios no âmbito do TCU, que esta entidade não tem o menor conhecimento, não seja tratada nesta fiscalização, nem influa na formação de convicção do Nobre Auditor, pois, garante-se, com toda a certeza, que houve plena e detida execução dos serviços.

4.9. Pois bem. Logo após o início da execução do contrato, as partes (Mundi e Confederação) definiram como se daria a entrega dos serviços contratados, necessários ao atendimento e execução do projeto, como demonstra as ORs em anexo.

4.10. É bom colocar que assumir a gestão do projeto, de maneira alguma, se confunde com executar o objeto do convênio. A Gestão de Projetos é muito bem definido no Manual do TCU - fornece técnicas que ajudam as equipes a atingir metas; fazer o necessário para completar o projeto -; o espírito empregado no presente convênio foi justamente este, pois a Mundi fez o necessário para que o projeto atingisse os objetivos. Não há dúvidas que todas as metas foram cumpridas!!!

4.11. Para cumprimento de cada meta, vista individualmente, foram promovidas diversas reuniões direcionadas para o atendimento dos procedimentos legais e de implementação da logística dos eventos.

4.12. Fazer a gestão de projeto é atividade eminentemente intelectual de organização, planejamento e projeção, fruto do capital intelectual do gestor e de suas habilidades operacionais. Em contrapartida, não é tarefa fácil à materialização substancial do produto imaterial/intelectual, que é de alto valor. Nada obstante isto, existe um completo acervo documental que comprova, em demasia, a prestação dos serviços.

4.13. Inicialmente, realizei pessoalmente em Brasília, sede da empresa Mundi Produções e Eventos, uma reunião preambular, para a definição dos parâmetros de mobilização, orientação e comunicação entre as partes, como demonstra os comprovantes da companhia aérea em anexo (01 de março de 2011).

4.14. Também, inicialmente, foi realizada reunião com grupo de técnicos e a comissão técnica da CBHb para apresentação dos procedimentos adotados no projeto, atribuições, responsabilidades, cuidados necessários e demais competências inerentes à de gestão, em julho de 2011, na cidade de São Paulo (e-mail da Presidência em anexo).

4.15. Ficou estabelecido que o contato seria por correios eletrônicos e telefone, como forma de minimizar os custos de deslocamento. A própria Confederação foi obrigada a determinar que o agendamento de encontros em Aracaju/SE ficaria restrito e vinculado à disponibilidade de recurso, para que utilizasse meios de comunicação de baixo custo.

4.16. Em que pese o planejamento longamente discutido entre as partes, inclusive, para o estabelecimento do calendário, a execução foi impactada pelo atraso no repasse dos recursos pelo concedente, o que implicou na mudança do cenário financeiro, com óbvia repercussão nos contratos celebrados pela convenente, cujo adimplemento era vinculado e dependente dos recursos do convênio.

4.17. A prestação dos serviços, contudo, não parou, até porque vigente o contrato. Durante os 6 meses iniciais houve efetiva implementação dos procedimentos de gestão do projeto. Inclusive, a Mundi deu suporte para que a Confederação promovesse junto ao concedente à alteração do plano de trabalho, para reconfigurar a execução ao novo cronograma financeiro imposto pelo concedente.

4.18. Neste cenário, as ações do convênio precisaram ser alteradas, a exemplo dos treinamentos previstos nos meses iniciais. Não é demais insistir: houve alteração de datas em razão do novo cronograma financeiro, jamais houve inexecução.

4.19. No caso da Mundi, mesmo sem qualquer pagamento nos 6 primeiros meses de contrato, os trabalhos se desenvolveram naturalmente, não só pela empresa contratada, como também em relação aos atletas e comissão técnica, mas, todos sem pagamento.

4.20. Aliás, é importante também dizer que quando houve a celebração do contrato, os trabalhos de desenvolvimento do projeto foram iniciados e formalizado com a gerenciadora (ver OR 1 datada em 31 de janeiro de 2011, OR 2 abril/2011 e OR complementar a respeito da execução financeira do projeto e OR 3 a respeito do Remanejamento do recurso em junho/2011).

4.21. O trabalho foi focado na organização de procedimentos e rotinas internas. Não exaustivamente, exemplifica-se:

(i) elaboração de planilhas;

(ii) orientaçao da equipe de licitação;

(iv) organização de documentação e demais pontos elencados para desenvolvimento do trabalho;

(v) gestão de documentos;

(vi) e demais demandas inerentes à gestão no escritório.

4.22. Acrescente-se que durante os primeiros meses de trabalho, a empresa também realizou visitas ao Ministério do Esporte para tratar de assuntos pertinentes ao projeto.

4.23. Além de tudo isto, houve necessidade de realizar um REMANEJAMENTO, alterando-se os locais de treinamento, o que implicou no retrabalho da gerenciadora, especialmente em relação as passagem aérea e hospedagem. Nada obstante a primeira vista parecer tarefa simples, a ação demandou muito tempo e conhecimento específico, que foi sistematizada em uma planilha de remanejamento.

4.24. Quanto aos treinamentos e amistosos realizados pela seleção masculina de handebol, informa-se que é de responsabilidade da coordenação de seleções da Confederação Brasileira de Handebol, juntamente com o Presidente, a elaboração do plano anual de treinamento, em conformidade com o que estabelece o estatuto e não pode ser uma atribuição da empresa contratada, sob pena de subversão estatutária e subtração de suas competências estatuídas na legislação vigente.

4.25. A empresa foi responsável pelo, suporte, acompanhamento e orientação quanto a execução do projeto através da ótica do SICONV.

4.26. O próprio relatório de fiscalização consigna que cabia à empresa contratada o auxílio, orientação, monitoramento, entre outras ações, dos procedimentos a serem adotados e executados pela Confederação em relação aos atos administrativos pertinentes ao convênio.

4.27. Não poderia, de forma alguma, a empresa contratada fazer a execução do convênio, pois esta cabe estritamente ao convenente, tendo em vista sua capacidade operativa junto ao esporte específico, não caracterizando, portanto a terceirização dessa execução.

4.28. Destarte, a empresa contratada trabalhou nos meses que antecederam a execução propriamente dita das metas e etapas previstas, preparando os documentos administrativos a serem utilizados nas demais cotações, nos termos de contrato, nos procedimentos de elaboração das rotinas administrativas, estabelecendo os passos, cronologias e preparando as documentações.

4.29. Além disto, orientou os funcionários CBHb para entenderem o sistema Siconv e a legislação pertinente. Também, aqui, forneceu documentação, orientou a forma de pesquisa de preços e fornecedores, a luz das novas orientações normativas e jurisprudenciais.

4.30. Continuou a prestação dos serviços na medida em que o convênio era executado, com a verificação entre o que foi previsto e a execução. Ademais, elaborou e preparou documentação e pagamentos, bem como orientou o lançamento de cada item no Siconv entre outras ações pontuais. A prova documental deste serviços aqui apresentada, coincide com o estatuído no contrato:

g. Organizar, selecionar, cadastrar, lançar no SICONV, e entregar ao Ministério do Esporte toda documentação relativa ao processo de prestação de contas, conforme cláusula décima do termo de convênio ME Nº 752.189/2010 e Art. 56 Portaria Interministerial nº 127, de 29 de maio de 2008 de acordo com os prazos e condições estabelecidas.

4.31. Todo o trabalho proposto e executado pressupunha o apoio na elaboração e confecção de documentos e rotinas. O modelo era apresentado discutido e utilizado ou não pela Confederação.

4.32. O planejamento das atividades do convênio, assim como as suas alterações foi modelado pela empresa que auxiliava no dia-a-dia da execução do convênio. Essa era a característica da sua prestação de serviços.

4.33. Nem se cogite que a empresa faria os pagamentos de bolsas profissionais ou serviços, pois cabe a CBHb essa responsabilidade. A empresa preparava os documentos, orientava sobre formas de execução desses pagamentos e como mantê-los para guarda e, finalmente, acompanhava o seu lançamento no sistema SICONV.

4.34. Os processos de seleção foram executados pela Confederação, como deveriam ser, mas tais processos e sua documentação foram elaborados e apresentados para utilização pela empresa. A CBHb não tinha a prática administrativa do formato Sincov e para essa adequação foi contratado o serviço.

4.35. Reforça-se que os pagamentos foram realizados sempre após os serviços realizados e desde que esses serviços tivessem atendido a necessidade desta Entidade.

4.36. De maneira alguma esta Confederação pode aceitar a ilação de serviços pagos sem a devida contraprestação. Caso seja determinado, inclusive, a CBHb pode fazer declaração de serviços prestados e inserir no sistema. 4.37. Diante disto, os serviços foram executados em sua integralidade, sendo inaceitável a ilação de pagamento por serviços não comprovados, e pede que uma reanálise

seja realizada por este órgão de controle, acolhendo as justificativas aqui apresentadas, sustentadas pelos documentos em anexo.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno Na manifestação apresentada, a Entidade sustenta que a contratação foi compartilhada com o Ministério do Esporte, para atingir os objetivos estabelecidos para todas as fases de execução. A entidade justificou que a legislação autoriza a possibilidade de realização de despesas administrativas em convênios, conforme previsão do artigo 39 da Portaria Interministerial MP/MF/CGU nº 507/2011. Cita ainda o manual publicado pela Controladoria-Geral da União – 2009 – Nova Regulamentação das Transferências Voluntárias – SICONV – Convênios e Contratos de Repasse, e o Manual de Gestão de Projetos do Tribunal de Contas da União. Em anexo, encaminhou diversos documentos, sendo a maioria cópia dos pagamentos efetuados aos atletas, à comissão técnica e tributos e encargos trabalhistas. Dentre os documentos encaminhados pela CBHb, constam três correspondências denominadas “OR” emitidas em 31 de janeiro de 2011, 04 de abril de 2011 e 02 de junho de 2011, sendo as primeiras para orientações acerca do SICONV e a terceira para esclarecimentos sobre alterações no Plano de Trabalho. Referentes ao convênio sob análise, foram encaminhados dezesseis e-mail enviados entre os meses de maio de 2011 e julho de 2012. Esses e-mail, de modo geral, tratavam de tramitação de documentos e lançamento de informações no SICONV. Foram encaminhadas, ainda, cópias de recibos referentes a pagamentos efetuados pela Mundi Promoções e Eventos Ltda. à prestadora de serviços portadora do CPF nº ***.894.071-**, que trabalhou no período de junho a outubro de 2011, que percebia o valor mensal de R$700,00. A Entidade também encaminhou cópia de dezoito bilhetes de passagens aéreas, as quais, segundo a CBHb, se referiam a deslocamentos de funcionários da Confederação e do sócio da Mundi Promoções e Eventos Ltda. Após análise, verificou-se que apenas um deslocamento ocorreu no período de vigência do convênio nº 752189/2010. Em que pese a legalidade da previsão de gastos com gerenciamento de projetos alegada pela CBHb, no caso em tela, observou-se que não foi devidamente comprovada a prestação de serviços por parte da empresa contratada. A documentação disponibilizada pela Entidade não contém comprovantes da contribuição da contratada para garantir e dar qualidade ao processo, bem como não informa quais foram as técnicas fornecidas pela contratada que ajudaram a equipe a alcançar as metas propostas. Cabe destacar que os gastos do convênio contemplam apenas quatro despesas além do gerenciamento do projeto: comissão técnica com os encargos trabalhistas, bolsistas (atletas), passagens aéreas e hospedagem. Todos esses gastos foram estabelecidos na fase de proposta do convênio, sendo que os gastos com a comissão técnica com encargos e com os atletas totalizaram R$ 1.001.931,01, que corresponde a 60% do total gasto na execução do convênio. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.3. Ausência de alimentação das informações do convênio no Siconv. Fato

Consulta realizada no Siconv, na aba “documento de liquidação” do módulo “execução convenente”, revelou que a CBHb não fez o “upload” de 85 documentos de pagamentos referentes ao Convênio nº 752189/2010, no valor de R$ 252.087,46. Deste modo, verifica-se o descumprimento do art. 50 da Portaria Interministerial MP/MF/CGU nº 127/2008 e art. 64 da Portaria Interministerial MP/MF/CGU nº 507/2011.

Ressalte-se que o acompanhamento realizado pelo Ministério do Esporte, registrado no Parecer nº 29/2011/CGEXE/DEPES/SNEAR/ME/FT-Decreto nº 7.592/2011, de 25 de novembro de 2011, fls. 141 a 143 do processo nº 58701.003600/2010-92, apontou inconsistências nos registros da convenente no Siconv, conforme excerto a seguir transcrito:

“[...] 3.2- SÍNTESE DA AVALIAÇÃO SICONV: A entidade convenente lançou apenas parte dos documentos relativos à execução: 1. Licitações - apenas foram lançados dois processos licitatórios. Pagamento de Bolsa-auxílio a atletas e contratação de agencia de viagens e turismo para aquisição de passagens aéreas e hospedagem em hotéis com pensão completa. 2. Contratos - os únicos contratos constantes da aba são os referentes à concessão de bolsa-auxilio aos atletas beneficiados no convênio. 3. Documentos de liquidação - idem aos contratos. 4. Pagamentos - idem aos contratos. Nenhuma outra ação foi registrada. Sendo assim, há a necessidade de complementação das informações acerca da execução do Convênio. Ademais, constatou-se que alguns atletas que estavam inicialmente indicados como beneficiados no Convênio foram substituídos (ao analisar os contratos), o que deve ser devidamente justificado no SICONV.” A seguir apresenta-se um quadro contendo relação dos documentos cujos arquivos não foram lançados no Siconv.

Quadro – Documentos não lançados no Siconv.

Beneficiário Mês de

Referência Data do

Pagamento Valor (R$)

Tipo de Despesa

INSS set/11 30/09/2011 87,46 Contribuições

***.897.479-**

mar/11 22/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

abr/11 22/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 22/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 22/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

nov/11 28/11/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.556.920-**

abr/11 28/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 28/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 28/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

set/11 27/09/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

Beneficiário Mês de

Referência Data do

Pagamento Valor (R$)

Tipo de Despesa

***.708.378-**

mar/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

abr/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.371.568-**

abr/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

nov/11 28/11/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.027.234-**

abr/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

set/11 27/09/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.192.838-**

abr/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

nov/11 28/11/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

dez/11 16/12/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.395.048-**

mar/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

abr/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.082.527-**

abr/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

nov/11 28/11/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.279.904-**

abr/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

Beneficiário Mês de

Referência Data do

Pagamento Valor (R$)

Tipo de Despesa

***.188.719-**

abr/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

dez/11 16/12/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.594.079-**

mar/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

abr/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.398.219-**

abr/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.954.589-** nov/11 28/11/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio

Atleta

***.075.098-**

abr/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

dez/11 16/12/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.224.179-**

abr/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

set/11 27/09/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.955.299-**

abr/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.041.886-**

abr/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.074.521-**

abr/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

Beneficiário Mês de

Referência Data do

Pagamento Valor (R$)

Tipo de Despesa

jun/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

ago/11 26/08/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

out/11 25/10/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

dez/11 16/12/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.812.478-**

abr/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 25/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.280.569-**

abr/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.630.307-**

abr/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

set/11 27/09/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

***.563.038-**

abr/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

mai/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

jun/11 26/07/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

ago/11 26/08/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

nov/11 28/11/2011 3.000,00 Bolsa Auxílio Atleta

252.087,46 Fonte: Siconv. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Por meio do Ofício nº 28/2015-FIN/CBHb, de 06 de fevereiro de 2015, a Unidade apresentou a seguinte manifestação:

[...]

“5.2. De fato, um dos motivos que levou a contratação da empresa Mundi foi a dificuldade de se lidar com o Siconv. A Confederação enfrentava problemas contínuos com o sistema, tendo, inclusive, informado ao SERPRO e o próprio Ministério do Esporte.

5.3. A contratação da gerenciadora possibilitou à Confederação contar com prestação de serviços que a ajudasse a mitigar os problemas enfrentados com o sistema, com a consulta a técnicos especializados.

5.4. Como tratado no relatório de cumprimento de objeto, existia muita dificuldade na conferência de arquivos lançados, o que levou a Confederação fazer o registro em seu relatório.

5.5. Esse problema era geral, tanto que o novo sistema impede que seja realizado um pagamento sem o devido lançamento, ou seja, o SERPRO também considerou e aperfeiçoou o sistema de controle de lançamentos.

5.6. Dentro desta compreensão, a constatação de que ficou esquecido o lançamento de 85 documentos deve-se ao fato de que o sistema Siconv ainda gerava muitas dúvidas e desinformações, ainda mais no caso em tela que tiveram mais de 1.000 uploads.

5.7. Este convênio bem exemplifica a realidade do Siconv, em que em apenas um único convênio recebeu bem mais de 1.000 uploads, o que naturalmente eleva o sistema a uma carga elevadíssima, com a unificação de todos os convênios celebrados pela União Federal. A acessibilidade e segurança ao usuário era crítica.

5.8. Com certeza, todos convenentes e concedentes almejam um sistema moderno, fácil e eficiente de controle do recurso público, bem por isto o Siconv passou por diversas atualizações de modo a atender melhor os usuários, afim de possibilitar o cumprimento dos prazos estabelecidos em contrato.

5.9. Diante desta realidade, repita-se, a Confederação, com zelo, informou no relatório de cumprimento do objeto a existência de dificuldade no lançamento das informações no Siconv.

5.10. Fez mais. Para facilitar o entendimento dos lançamentos no Siconv foi apresentada uma planilha de monitoramento constando todos os lançamentos e pagamentos executados no projeto (PLANILHA DE MONITORAMENTO e CENTRO DE CUSTO), a qual foi juntada ao processo.

5.11. Informou, ainda, que a planilha e centro de custo relatavam exatamente a movimentação e o resultado final apurado com as receitas e despesas, tudo com o objetivo de garantir a transparência e o acesso à informação, inclusive, para possibilitar eventuais saneamentos, haja vista os problemas encontrados no procedimento oficial.

5.12. Ante o exposto, pede-se seja acolhida a justificativa apresentada.” ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno A manifestação apresentada pela CBHb restringe-se a relatar as dificuldades enfrentadas pela entidade para operar o Siconv e as soluções adotadas pela própria Confederação e pelo SERPRO para impedir a realização de pagamentos com recursos do convênio sem a correspondente inserção do arquivo no Siconv. A falha apontada nesta constatação não foi contestada pela Confederação. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.4. Simulação de competitividade em processo de cotação prévia de preços. Fato A ausência de competitividade no processo de cotação prévia de preços – CP 1 MASC/2011 realizado pela Confederação Brasileira de Handebol, destinado à contratação de empresa para prestação de serviço de gerenciamento de projetos para sistematização de métodos e

técnicas que facilitem os processos do ciclo de vida do projeto: iniciação, planejamento, execução, controle e fechamento do projeto.

Após análise, constataram-se as seguintes irregularidades:

Foram realizadas cotações prévias com as empresas GMX Sports & Eventos Ltda. (CNPJ 13.233.116/0001-12), ASC7 Centro Esportivo Ltda. (CNPJ 07.324.949/0001-96) e Mundi Promoções e Eventos Ltda. (CNPJ 09.378.588/0001-96), sendo esta última a vencedora do processo.

A empresa Mundi, cuja sede é Brasília/DF, contratada pela CBHb para a realização de serviços administrativos e de gestão de projetos, possui atividade econômica cadastrada na Secretaria da Receita Federal do Brasil de "serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas", a ASC7 de "Gestão de instalações de esportes" e a GMX de "produção e promoção de eventos esportivos".

As empresas GMX e ASC7, aquela com sede em Porto Alegre/RS e esta com sede em Canoas/RS, possuíam à época sócio administrador em comum. O sócio de CPF ***.419.720-** exercia a função de sócio administrador em ambas as empresas até 16 de janeiro de 2014, data em que se afastou da empresa ASC7.

A proposta da empresa ASC7 está assinada por pessoa estranha ao quadro de sócios e representantes de sócios da empresa.

A GMX foi aberta em 10 de fevereiro de 2011, após a elaboração da ata de habilitação e julgamento do processo de cotação prévia de preços para gestão de projetos do Convênio 752189/2010, embora tenha apresentado orçamento datado de 06 de janeiro de 2011, período anterior ao seu registro de abertura na Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Em consulta à Relação Anual de Informações Sociais (Rais) verificou-se que a empresa GMX, criada em 2011, não teve nenhum registro de vínculo empregatício no período; a ASC7 teve sete vínculos em 2010 e cinco vínculos em 2011 e a Mundi, contratada pela CBHb, não teve qualquer registro de vínculo empregatício nos anos de 2010 e 2011.

Houve ainda restrição à publicidade do procedimento, haja vista que não foram encontradas quaisquer divulgações do termo de referência relativo à contratação de serviços de gestão de projetos do Convênio nº 752189/2010, no valor de R$ 108.000,00. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Por meio do Ofício nº 28/2015-FIN/CBHb, de 06 de fevereiro de 2015, a Unidade apresentou a seguinte manifestação:

[...]

“6.2. Inicialmente, é fundamental dizer que todos os componentes da CBHb primam pela ética em suas ações e são detentores de conduta honesta, e, absolutamente, em nenhuma hipótese a entidade simularia um certame, ainda mais guarnecido com recurso público federal.

6.3. A realidade é que a Confederação, no momento da realização do certame, cumpriu, rigorosamente, o que foi estabelecido na Cotação Prévia, em que “cabe somente a empresa vencedora apresentar documentação de habilitação”.

6.4. É bom sublinhar que no ano de 2011, quando do início da execução do projeto, não estava operante no SICONV a funcionalidade de Cotação Prévia, via sistema. Assim, respaldado no § 3º do inciso II do § 1º do Inciso V do Art. 46, Portaria Interministerial 127/2008, foi utilizada a Cotação Prévia realizada no momento da orçamentação do projeto, onde foram solicitados os orçamentos das empresas que haviam enviado propostas previamente:

§ 3º Nos casos em que o SICONV não permitir o acesso operacional para o procedimento de que trata o caput, deverá ser realizada cotação prévia de preços mediante a apresentação de no mínimo,3 (três) propostas.

6.5. Quanto a relação societária entre pessoas das empresas, assim como a atividade econômica cadastrada e registro de vínculo empregatício, esta Confederação não tem meios de verificar previamente, por ter somente os orçamentos enviados e a documentação posterior, e conforme estabelecido em sua Cotação Prévia, conferiu apenas da empresa vencedora.

6.6. Entretanto, sob uma ótica jurídica do caso, tem-se que é princípio geral de direito civil, que a empresa não se confunde com seus proprietários, tendo existência distinta da dos seus membros.

6.7. Nestes termos, não é ilícito ser sócio de duas empresas, sob a perspectiva de que cada empresa deve ser considerada como uma pessoa jurídica distinta da pessoa física de seus sócios.

6.8. Conclui-se, assim, que a mesma pessoa não apresentou proposta mais de uma vez na Cotação Prévia.

6.9. Diante disto, não se mostra consistente avaliar as ações somente na perspectiva de considerar, como única, empresas que tenham mesmos sócios e com endereços distintos.

6.10. Deveras, não é prudente e lícito presumir a ocorrência de tão grave apontamento - simulação, apenas em razão da coincidência de titularidade do controle da empresa.

6.11. O professor Luciano Ferraz, no Cap. IV de sua monografia sobre o tema de licitações - “Casuística, perguntas e respostas” -, ofertou a seguinte resposta:

Poderão participar da licitação uma ou mais empresas que possuam sócios em comum?

Em principio, nada obsta essa participação, já que a personalidade jurídica da sociedade não se confunde com a de seu sócio, salvo se comerciante individual. (Licitações - estudos e práticas, Esplanada, RJ, 1998, pag. 108).

6.12. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp. no 51.540-8-RS, de relatoria do Ministro Demócrito Reinaldo, assim decidiu:

Restaria então ser apreciada a alegação de maltrato ao art. 20 do Código Civil, este sim prequestionado, e que, segundo sustenta o recorrente, restou violado, pois o acórdão hostilizado “considerou, de forma equivocada, não ter havido a competitividade na licitação, pelo fato das empresas que participaram do certame terem um sócio em comum. Ora, o fato das empresas que participaram da licitação terem um sócio comum é irrelevante, porquanto as pessoas jurídicas tem existência distinta dos seus membros” (fl. 276). (...)

É certo que o sistema e a lei cuidam da distinção da personalidade jurídica da sociedade daquela atinente aos que a compõem (v.g., Código Civil, art. 20; Dec.-lei no 7.661, art. 5o) sendo correto que isto é produto do desenvolvimento do direito e com vistas a permitir-se a constituição de sociedades com limitação da responsabilidade dos sócios, para que empreendimentos alcancem vulto que a pessoa natural, isolada, não alcançaria.

6.13. No caso, as empresas que apresentaram seus orçamentos quando da produção do ato de formalização da proposta junto ao Ministério do Esporte.

6.14. Nesta ordem de ideias, quando foi celebrado o convênio, a Confederação já tinha os contatos das empresas que participaram da cotação prévia CP1 Gestão, ou seja, as empresas foram novamente instadas para apresentar seus orçamentos.

6.15. Acrescente-se que o orçamento apresentado no ato da formalização da proposta, foi replicado durante o processo de cotação prévia, sagrando-se vencedora a empresa Mundi, que não possui ligação societária com nenhuma das demais empresas, o que demonstra que a Confederação não contratou nenhuma das empresas que o Relatório de Fiscalização sugeriu um possível conluio.

6.16. Contratou, na verdade, empresa com vocação empresarial para prestar os serviços, sendo necessário registrar que o objeto social não detalha todas as atividades praticadas pela empresa.

6.17. Conforme MARÇAL JUSTEN FILHO (Comentários à Lei de Licitações, 9a ed. Dialética, p. 303) no Direito Brasileiro não vigora o princípio da especialidade da pessoa jurídica, de tal modo que o contrato social não confere “poderes” para a pessoa jurídica praticar atos dentro de limites precisos. A pessoa jurídica tem personalidade jurídica ilimitada.

6.18. Com efeito, "(...) a mera analise do objeto social da empresa licitante não justifica sua inabilitação, (...)" (Agravo de Instrumento Nº 70033139700, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Denise Oliveira Cezar, Julgado em 26/05/2010).

6.19. Outrossim, a publicidade desta cotação foi feita através do site da Confederação (anexo), que possui uma grande visibilidade, uma vez que a CBHb é a maior entidade esportiva do handebol no Brasil, e todos os processos de compras e aquisições são periodicamente divulgados, inclusive por serem atribuições estabelecidas no regimento interno.

6.20. Por fim, quanto a ilação de escasso ou ausência de número de funcionários dentre as participantes da empresa, é fato afeto, exclusivamente, a autonomia da sociedade empresária, que possui o poder diretivo para escolher qual a forma de suas contratações, dentro as várias possibilidades previstas na legislação vigente.

6.21. Até porque o serviço de gestão de projetos é sazonal e depende da administração de múltiplas expertises em cada caso, o que demonstra que o relacionamento é perene e determinado, isto é, não é indeterminado, que seria a regra para contratação regulada pela CLT. A perenidade e pontualidade da relação pode determinar contratação regida pelas leis civis e não trabalhista.

6.22. Portanto, a forma de organização da empresa encontra-se no âmbito de sua autonomia, e não cabe ao tomador dos serviços imiscuir-se nesta seara, nem serve como balizador de sua eficiência, e, ainda, de maneira nenhuma contribui para demonstrar a apontada simulação.

6.23. Diante disto, a empresa, com todo respeito, não pode aceitar o apontamento de simulação. Na verdade, repudia qualquer ato tendente a simular negócios com dinheiro público, sendo injusto e indignante qualquer neste sentido”. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

No item 6.3 da manifestação da unidade, a CBHb informa que cumpriu rigorosamente o que foi estabelecido na Cotação Prévia e que cabia somente à empresa vencedora apresentar documentação de habilitação.

Observa-se, conforme consignado no Termo de Referência da Cotação Prévia de Preço – CP 1 MASC/2011, item sete, que a proponente selecionada, vencedora do certame deveria, obrigatoriamente, para sua contratação, apresentar documentos de representação da empresa, habilitação jurídica (contrato social atualizado). Entretanto, a irregularidade aqui apontada, funda-se na impossibilidade de haver um vencedor de um certame, no qual um dos proponentes sequer existia juridicamente, à época em que se realizou o certame.

Há ainda outras evidências da irregularidade apontada, detectada apenas a partir da análise cronológica dos documentos que compõem o processo. O item 5.1 do Termo de Referência estabelece que “a proposta de prestação de serviços deverá vir devidamente assinada, constando na mesma o CNPJ, endereço completo e número de telefone para contato”. Considerando que o Termo de Referência foi emitido em 03 de janeiro de 2011, a Sessão de Habilitação e Julgamento das Propostas foi realizada em 19 de janeiro de 2011 e as propostas foram emitidas nos dias 11 de janeiro de 2011, pelas empresas Mundi Promoções e Eventos Ltda. e ASC7 Centro Esportivo Ltda. e 06 de janeiro de 2011 pela empresa GMX Sports & Eventos Ltda.

Dessa forma, é impossível que uma empresa legalmente constituída em 10 de fevereiro de 2011 tenha apresentado uma proposta de preços no dia 06 de janeiro de 2011.

No item 6.4, a CBHb assinala que no ano de 2011 a funcionalidade de Cotação de Prévia, via sistema, não estava operante no SICONV e por isso, com base no § 3º da Portaria Intermediária nº 127/2008, utilizou a cotação prévia realizada no momento da orçamentação do projeto.

Conforme a legislação citada, mesmo, na impossibilidade de se utilizar o sistema, a entidade deveria juntar ao processo propostas de preços válidas, emitidas por empresas juridicamente ativas à época da realização do certame.

Do item 6.5 ao item 6.13, a manifestação da entidade trata do relacionamento das empresas ASC7 Centro Esportivo Ltda. e GMX Sports & Eventos Ltda.. Sobre isso a Entidade alega não dispor de meios para realizar essa verificação previamente e que teve acesso somente aos orçamentos enviados e a documentação enviada posteriormente e que conferiu somente os documentos da empresa vencedora. Quanto à relação societária, sustenta que juridicamente não é ilícito ser sócio de duas empresas e cita a monografia do professor Luciano Ferraz sobre o tema de licitações, na qual o jurista afirma que:

“Em principio, nada obsta essa participação, já que a personalidade jurídica da sociedade não se confunde com a de seu sócio, salvo se comerciante individual”. (Licitações - estudos e práticas, Esplanada, RJ, 1998, pag. 108).

Cita ainda a decisão do Superior Tribunal de Justiça nº 51.540-8-RS, da relatoria do Ministro Demócrito Reinaldo.

No caso das empresas ASC7 Centro Esportivo Ltda. e GMX Sports & Eventos Ltda., participantes da cotação prévia de preços – CP 1 MASC/2011, realizada pela Confederação Brasileira de Handebol, observa-se que ambas possuem um sócio-administrador comum, cuja participação societária na primeira empresa é da ordem de 53% e na segunda, de 90%. No caso em tela, não se trata de mera participação societária em empresas com diversos sócios participantes de seus capitais. Aqui, temos um sócio que efetivamente administra as duas empresas. Nesse cenário é improvável haver competição entre as licitantes.

Dos itens 6.14 ao 6.16, a entidade alega que quando foi celebrado o convênio a Confederação já tinha contato com essas empresas em função do fornecimento de orçamentos para apresentação da proposta ao Ministério do Esporte e que os orçamentos foram replicados por ocasião da cotação prévia de preços – CP 1 MASC/2011.

Aqui, a Entidade traz uma informação ainda mais improvável: já possuía em 30 de dezembro de 2010, data da celebração do convênio, contato e orçamento de uma empresa que viria a ser constituída mais de um mês depois.

No item 6.19, a Entidade informa que a cotação prévia de preços – CP 1 MASC/2011 foi publicada no site da Confederação.

Em pesquisa realizada no site da Entidade, comprovou-se a existência da publicação da ata de julgamento das propostas, do termo de referência e do contrato da empresa vencedora do certame, porém não é possível comprovar-se a data em que tais publicações foram realizadas.

##/AnaliseControleInterno##

3. Conclusão

Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está adequada e exige providências de regularização por parte dos gestores federais. No curso dos trabalhos foram identificadas as seguintes falhas e/ou impropriedades: - Falhas no acompanhamento ou fiscalização do convênio, evidenciada pela não designação formal de um representante do concedente para acompanhar e fiscalizar a execução do convênio; - Registro da prestação de contas no Siconv fora do prazo fixado no instrumento de ajuste; - Pagamentos por serviços não comprovados de gerenciamento do projeto; - Falhas no lançamento de informações do convênio no Siconv; e, - Simulação de competitividade em processo de cotação prévia de preços, caracterizada pela participação de empresas pertencentes a um mesmo proprietário e não divulgação do termo de referência.

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Chefe da Controladoria Regional da União no Estado de Sergipe