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Prescrição interrompida: duas correntes de pensamento

A primeira corrente aplica a literalidade da Súmula 268 do C. TST, interrompendo

com a distribuição da ação a prescrição total e parcial, ou seja, no caso de eventual

arquivamento, o Reclamante terá novamente dois anos para interpor nova reclamação

trabalhista, e a prescrição parcial contará da data do ajuizamento da 1ª ação distribuída.

Esta tese é corroborada pela Súmula 308 do C. TST (SUM-308 PRESCRIÇÃO

QUINQUENAL (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 204 da SBDI-1) - Res.

129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005).

I. Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação

trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores há cinco anos, contados da

data do ajuizamento da reclamação e não às anteriores ao quinquênio da data da

extinção do contrato. (ex-OJ nº 204 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)

Ex.:

1.1 - O funcionário trabalhou oito anos na empresa e foi demitido. Se entrar

com a ação no dia seguinte poderá cobrar os últimos cinco anos de eventuais créditos

trabalhistas.

1.2 - O funcionário trabalhou oito anos na empresa e foi demitido. Leva-se dois

anos para ajuizar a ação. Como a prescrição parcial só garante os últimos cinco anos

anteriores ao ajuizamento da ação, o Reclamante que já tinha perdido três anos de

eventuais créditos e perde dois anos do contrato de trabalho por conta da demora do

ajuizamento, restando-lhe pleitear três anos de eventuais direitos.

1.3 - O funcionário trabalhou quatro anos na empresa e foi demitido. Se entrar

com a ação no dia seguinte, poderá cobrar todos os quatro anos de eventuais créditos

trabalhistas.

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1.4 - O funcionário trabalhou quatro anos na empresa e foi demitido. Leva-se dois

anos para ajuizar a ação. Como a prescrição parcial só garante os últimos cinco anos

anteriores ao ajuizamento da ação, o Reclamante perde apenas um ano do contrato de

trabalho, restando-lhe pleitear três anos de eventuais direitos.

A segunda corrente entende que o tempo que se demora a distribuir a primeira

ação será perdido pelo Reclamante, porque a distribuição da ação interrompe a

prescrição total e suspende a prescrição parcial.

Ex.:

2.1 - O funcionário trabalhou oito anos na empresa e foi demitido. Se entrar com a

ação no dia seguinte, poderá cobrar os últimos cinco anos de eventuais créditos

trabalhistas. Se a ação arquivar e o Reclamante levar dois anos para ajuizar nova ação,

ele só poderá pleitear três anos de contrato de trabalho.

2.2 - O funcionário trabalhou oito anos na empresa e foi demitido. Leva-se dois

anos para ajuizar a ação. Como a prescrição parcial só garante os últimos cinco anos

anteriores ao ajuizamento da ação, o Reclamante que já tinha perdido três anos de

eventuais créditos e perde dois anos do contrato de trabalho por conta da demora do

ajuizamento, restando-lhe pleitear três anos de eventuais direitos.

Se a ação arquivar e o Reclamante levar dois anos para ajuizar nova ação, o Reclamante

só poderá pleitear um ano de contrato de trabalho.

2.3 - O funcionário trabalhou 4 anos na empresa e foi demitido. Se entrar com a

ação no dia seguinte poderá cobrar todos os 4 anos de eventuais créditos trabalhistas.

Se a ação arquivar, e o Reclamante levar 2 anos para ajuizar nova ação, o Reclamante

só poderá pleitear 2 anos de contrato de trabalho.

2.4 - O funcionário trabalhou quatro anos na empresa e foi demitido. Leva-se dois

anos para ajuizar a ação. Como a prescrição parcial só garante os últimos cinco anos

anteriores ao ajuizamento da ação, o Reclamante que perde apenas um ano do contrato

de trabalho, restando-lhe pleitear três anos de eventuais direitos.

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Se a ação arquivar e o Reclamante levar dois anos para ajuizar nova ação, o Reclamante

só poderá pleitear um ano de contrato de trabalho.

O problema surge no momento de se delimitar o reinício do prazo prescricional,

seja ela total ou parcial:

I) A primeira corrente defende que o prazo prescricional volta a fluir do

trânsito em julgado da decisão que arquivou a reclamação trabalhista, sendo este a

posição majoritária.

II) A segunda corrente aponta que o prazo prescricional se reinicia no próprio

dia do arquivamento da reclamação trabalhista.

Há que se analisar também a questão da perempção na Justiça do Trabalho: o

Código de Processo Civil afirma em seu artigo 268, parágrafo único, que, se o autor der

causa à extinção da ação por três vezes na forma determinada, o autor não poderá

ingressar novamente com a ação.

Art. 268 - Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o

autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a

prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.

Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo

fundamento previsto no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o

réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar

em defesa o seu direito.

Já na CLT nos artigos 731 e 732, encontram-se as penalidades no caso de

perempção:

Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se

apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para

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fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do

direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho.

Art. 732 - Na mesma pena do artigo anterior, incorrerá o reclamante que, por 2 (duas)

vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o art. 844.

Não há a princípio limitação de ajuizamento de ações trabalhistas, mas parte do

judiciário está aplicando o artigo 268, parágrafo único do Código de Processo Civil para

bloquear o ajuizamento da 3ª ação trabalhista por perempção.