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___________________________________SDEC | PORTO_____________1 _____________________________________________ Prepara uma catequese segundo Itinerário bíblico |método da Lectio Divina Aprende a conhecer o coração de Deus nas palavras de Deus. S. Gregório Magno «É preciso aprender a arte de passar das palavras à Palavra» Tendo como fonte a Tradição e a Sagrada Escritura, e estando ao serviço da Palavra, a catequese é chamada a ser «uma aprendizagem de toda a vida cristã, “uma iniciação cristã integral”, que favorece um autêntico seguimento de Cristo, centrado na Sua Pessoa (…) e a educar no conhecimento e na vida de fé, de tal maneira que a pessoa, na totalidade do seu ser, nas suas experiências mais profundas, se sinta fecundada pela Palavra de Deus. (DGC 67)» Neste sentido, «falar da Tradição e da Escritura como fonte da catequese é já acentuar que esta tem de ser impregnada e embebida de pensamento, espírito e atitudes bíblicas e evangélicas, mediante um contacto assíduo com os próprios textos sagrados (CT 27).» Contacto que favorece a “intimidade, comunhão com Jesus Cristo” (CT5), finalidade última da catequese, pois a Igreja cré que «nos livros sagrados, o Pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro de Seus filhos, a conversar com eles; e é tão grande a força e a virtude da palavra de Deus que se torna o apoio vigoroso da Igreja, solidez da fé para os filhos da Igreja, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual (DV 21).» Uma catequese de encontro, de intimidade, de diálogo “familiar”, em que o Pai se dirige aos filhos e os convida à comunhão, não se reduz ao estudo literário dos textos, mas oferece condições para a escuta “d’Aquele que dá sentido às Escrituras”. Assim, «o encontro dos discípulos de Emaús com Jesus, descrito pelo evangelista Lucas (cf. L c 24, 13-35), representa em certo sentido o modelo de uma catequese em cujo centro está a “explicação das Escrituras”, que somente Cristo é capaz de dar (cf. L c 24, 27-28), mostrando o seu cumprimento em Si mesmo. (VD 74)» Uma explicação nascida dum encontro, cujo agente principal é Cristo, que abre à comunhão com Deus, com os irmãos e ao sentido último da vida. Um encontro que transforma o olhar, mergulha numa outra lógica de ser e viver, abre a uma nova compreensão de Deus, da história Salvação, da identidade e da missão de quem se entende como discípulo de Jesus Cristo. A Lectio Divina, Leitura Orante da Palavra, pela sua origem, finalidade, estrutura e atmosfera, favorece este “encontro”, recria o encontro de Emaús, proporcionando um ambiente onde a Palavra naturalmente ecoa não só pela voz do catequista, mas pela presença do próprio Jesus Cristo. Na sua dimensão didática, pela qualidade e sabedoria do caminho que propõe, a pessoa é convidada a pôr a sua mão na mão do Espírito e a deixar-se conduzir ao coração das palavras, onde se vislumbra e escuta a Palavra, Jesus Cristo. Ele mesmo revelando-se, dizendo-se no Espírito, apontando o abraço do Pai e a comunhão dos irmãos. Método herdado da grande tradição patrística que sempre recomendou abeirar-se da Escritura em diálogo com Deus. Como diz Santo Agostinho: «A tua oração é a tua palavra dirigida a Deus. Quando lês, é Deus que te fala; quando rezas, és tu que falas a Deus (VB 86)». Na leitura orante da Palavra, como em Emaús, o

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___________________________________SDEC | PORTO_____________1

_____________________________________________

Prepara uma catequese segundo

Itinerário bíblico |método da Lectio Divina

Aprende a conhecer o coração de Deus nas palavras de Deus.

S. Gregório Magno

«É preciso aprender a arte de passar das palavras à Palavra»

Tendo como fonte a Tradição e a Sagrada Escritura, e estando ao serviço da Palavra, a catequese é

chamada a ser «uma aprendizagem de toda a vida cristã, “uma iniciação cristã integral”, que favorece um

autêntico seguimento de Cristo, centrado na Sua Pessoa (…) e a educar no conhecimento e na vida de fé, de

tal maneira que a pessoa, na totalidade do seu ser, nas suas experiências mais profundas, se sinta

fecundada pela Palavra de Deus. (DGC 67)»

Neste sentido, «falar da Tradição e da Escritura como fonte da catequese é já acentuar que esta tem de ser

impregnada e embebida de pensamento, espírito e atitudes bíblicas e evangélicas, mediante um contacto

assíduo com os próprios textos sagrados (CT 27).» Contacto que favorece a “intimidade, comunhão com

Jesus Cristo” (CT5), finalidade última da catequese, pois a Igreja cré que «nos livros sagrados, o Pai que

está nos céus vem amorosamente ao encontro de Seus filhos, a conversar com eles; e é tão grande a força e

a virtude da palavra de Deus que se torna o apoio vigoroso da Igreja, solidez da fé para os filhos da Igreja,

alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual (DV 21).»

Uma catequese de encontro, de intimidade, de diálogo “familiar”, em que o Pai se dirige aos filhos e os

convida à comunhão, não se reduz ao estudo literário dos textos, mas oferece condições para a escuta

“d’Aquele que dá sentido às Escrituras”. Assim, «o encontro dos discípulos de Emaús com Jesus, descrito

pelo evangelista Lucas (cf. L c 24, 13-35), representa em certo sentido o modelo de uma catequese em cujo

centro está a “explicação das Escrituras”, que somente Cristo é capaz de dar (cf. L c 24, 27-28), mostrando

o seu cumprimento em Si mesmo. (VD 74)» Uma explicação nascida dum encontro, cujo agente principal é

Cristo, que abre à comunhão com Deus, com os irmãos e ao sentido último da vida. Um encontro que

transforma o olhar, mergulha numa outra lógica de ser e viver, abre a uma nova compreensão de Deus, da

história Salvação, da identidade e da missão de quem se entende como discípulo de Jesus Cristo.

A Lectio Divina, Leitura Orante da Palavra, pela sua origem, finalidade, estrutura e atmosfera, favorece

este “encontro”, recria o encontro de Emaús, proporcionando um ambiente onde a Palavra naturalmente

ecoa não só pela voz do catequista, mas pela presença do próprio Jesus Cristo. Na sua dimensão didática,

pela qualidade e sabedoria do caminho que propõe, a pessoa é convidada a pôr a sua mão na mão do

Espírito e a deixar-se conduzir ao coração das palavras, onde se vislumbra e escuta a Palavra, Jesus Cristo.

Ele mesmo revelando-se, dizendo-se no Espírito, apontando o abraço do Pai e a comunhão dos irmãos.

Método herdado da grande tradição patrística que sempre recomendou abeirar-se da Escritura em diálogo

com Deus. Como diz Santo Agostinho: «A tua oração é a tua palavra dirigida a Deus. Quando lês, é Deus que

te fala; quando rezas, és tu que falas a Deus (VB 86)». Na leitura orante da Palavra, como em Emaús, o

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encontro é gerado na arte de colocar-se, sem máscaras, diante d’Ele, despojado e atento para O escutar,

para por Ele deixar-se tocar.

A problemática que se faz sentir, hoje, no processo de comunicação, transmissão da fé, reforça a

necessidade de recuperar o itinerário querigmático (ou descendente, quando parte do anúncio da

mensagem, expressa nos principais documentos da fé e se aplica à vida DGC 151). Não se trata de cair na

tentação de implementar um itinerário em detrimento do outro, mas de criar entre os dois uma síntese que

contempla, de forma mais plena, as exigências da missão catequética. Deve-se ter em conta o olhar, a

sabedoria, a potencialidade e a riqueza de cada um, para que a resposta à realidade seja mais integral.

Trata-se de escolher o mais adequado aos objetivos cada catequese e à situação do grupo.

Esquema da leitura orante da Palavra

O Itinerário bíblico, seguindo as etapas da Lectio Divina permite criar um caminho com dois

movimentos:

1º subida, que vai ao encontro do Senhor: leitura, meditação, oração

O ponto culminante é a contemplação

2º descida, que vai ao encontro dos irmãos (discernimento e ação)

Indicações para a planificar uma catequese segundo o itinerário bíblico

Preparar-se

Meditar

Ler

Contemplar Orar

Discernir

Partilhar

Agir

Deus fala e eu escuto,

Interrogo-me, procuro compreender, querer… e falo, digo o que penso e sinto.. Entro em diálogo.

Três momentos:

Recolho as palavras

que me chamaram a atenção.

Que significam para mim?

Interiorizo-as, passo-as no coração e

confronto-as com a vida.

Leio o texto com atenção. Ler bem é escutar em profundidade. Há que aprender a ler o lado de dentro

das palavras… a procurar o sentido

e o significado.

Preparo o corpo e o espírito

para me encontrar

com a Palavra.

Faço silêncio e

Ponho-me à espera,

E à escuta.

Passar da Palavra falada

à escuta d’ Aquele que fala.

Procurar descobrir o amor de Deus

E sentir a alegria de se deixar olhar por ELE.

Olhar para a realidade,

para a própria vida

e procurar descobrir o projeto de

Deus para essa situação.

Que é que o Espírito, através da

Palavra, me pede?

É impossível escutar a voz de Deus sem escutar os outros, em particular as pessoas em dificuldades, os marginalizados, dos pobres, os doentes. Procura-se partilhar como os outros e escutá-los Para ver qual o caminho a seguir, Com responder Palavra.

Chegou o momento de agir!

O encontro com Deus

leva ao encontro com os irmãos.

Convida a assumir a vida

ao jeito de Jesus, amando!

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Os encontros de catequese planificados segundo o método querigmático, a leitura orante da

Palavra, devem ser fieis ao itinerário nacional e assim, serem preparados a partir do guia do

catequista. Tendo em conta os objetivos e a Palavra cada encontro procurarão contribuir para a

implementação dum processo catequético que seja ao mesmo tempo de iniciação, de ensino e de

educação integral. Assim, a planificação deverá ter uma intencionalidade educativa propondo

gestos e atitudes que permitam ao catequizando conhecer, celebrar, rezar e viver uma vida de

fé.

Recorda-se que a catequese não se limita ao espaço de uma hora semanal, no espaço paroquial,

mas destina-se a toda a vida do catequizando, a todos os aspetos do seu ser (tens se chamado à

atenção para as características escolares da mesma).

Educar supõe a descoberta, compreensão, assimilação e repetição de gestos que, após um

período longo de exercitação, poderão ser interiorizados e tornarem-se traços de personalidade,

isto é formarem uma identidade cristã. Trata-se de delinear um processo de conversão, indicar

um caminho que possibilite o “nascimento do homem novo”.

Para isso, procurar-se-á que o itinerário bíblico, para além do treino de gestos significativos que

desenvolve, proponha atitudes e ações a serem realizadas, de forma repetitiva, ao longo de

várias semanas e até meses. Compromissos que serão mais facilmente assumidos quando forem

acompanhados e partilhados pelo grupo. Neste itinerário de conversão, o catequista é o primeiro

a comprometer-se e a partilhar a vivência do seu compromisso. Vendo-o viver, o catequizando

terá a oportunidade de verificar a eficácia das palavras e descobrir o “jeito de viver” que o

Evangelho revela.

Não se educa para a oração sem experiência forte de oração na catequese, sem convite a viver a

mesma no quotidiano, sem o catequista “contagiar” o seu fascínio pelo Pai e pela vida vivida em

comunhão com Ele.

Assim, educar para o encontro, a partir da leitura orante da Palavra, do itinerário bíblico, supõe

que o próprio grupo experimente “ser grupo “de encontros” disponível a deixar-se encontrar,

experienciando o louvor, a gratidão, a súplica… Um grupo que experimente a comunhão de quem

se sente Filho, uma família de irmãos à volta do Pai, que partilha experiências, alegrias e

tristezas. Um grupo que suplica ao Mestre: ensina-nos a rezar. Nesta caminhada, a forma de ser

e postura educativa do catequista é essencial quanto:

▪ à forma como reza, estuda, medita e compreende a Palavra;

▪ o jeito como passa das palavras à Palavra, à escuta do Senhor dos Senhores;

▪ à forma como faz da sua vida oração, como vive a comunhão com o Pai;

▪ ao poder de relação e de intimidade que estabelece com Jesus, poder que lhe permite

estabelecer a mesma proximidade com os catequizandos. Um compreender que se faz

pela escuta atenta do Espírito, o único que faz ver o invisível e ousar o impensável;

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Como preparar uma catequese segundo o itinerário bíblico

(segundo a Leitura Orante da Palavra- Lectio Divina)

Fora da sala: Momento do acolhimento 1º Preparar o acolhimento individual

Momento essencial para conhecer, partilhar experiências, criar laços…

O primeiro ato catequético é a relação que se estabelece com o catequizando, em nome de Jesus Cristo, sabendo

que o projeto de Deus é o de que a humanidade seja uma comunhão de irmãos em comunhão com o Pai! Sabendo a

forma como Jesus se aproximava das pessoas e as tocava, cabe-nos recordar que somos suas testemunhas não só

pelas palavras mas essencialmente pelos gestos que realizamos… Recordemos os toques especiais que Jesus dá a

tantos homens e mulheres, ao longo de todo o Evangelho! Ele sabia o gesto que poderia curar, levantar, salvar

cada pessoa, devolver a dignidade e a liberdade!

2º Preparar o acolhimento coletivo (pode ser feito só com catequizandos ou catequizandos e famílias)

▪ Preparar dinâmica para aproximar as pessoas, aprofundar laços de amizade, sintonizar o grupo, queimar

energias…

▪ Relembrar o compromisso assumido no encontro anterior, de forma a dar continuidade ao percurso da

catequese.

Preparação pessoal do catequista

O que fazer Como fazer

Preparar-se…

Interiorizar/ rezar

a Palavra a catequese

1º Fazer silêncio interior e uma oração ao Espírito Santo (colocar-se em atitude de disponibilidade/escuta e

suplicar o dom da humildade, da sabedoria e da inteligência);

2º Ler o texto bíblico proposto pelo guia do catequista, a partir da Bíblia;

3º Ler a reflexão proposta no guia do catequista sobre o “Aprofundamento do tema”;

4º Rezar e estudar o texto, verificar o seu contexto, descobrir os símbolos e os elementos culturais que o

influenciam; procurar a força e a novidade que nele se revela e como pode hoje ser significativo para a vida

dos catequizandos: o rosto de Deus, de Jesus e o projeto do Pai para a humanidade;

5º Meditar a própria vida e ação catequética a partir das leituras (meditar sobre a própria vida, sobre a forma

como vive a intimidade com Jesus, com o Pai, pensar sobre o caminho de conversão que vem fazendo – entregar

ao Pai os catequizandos e a catequese).

6º Fazer uma oração de louvor e de súplica a partir de tudo o que foi estudado e preparado.

Recordar o grupo Ler os

objetivos

1º Recordar o grupo, cada catequizando, as suas características, dificuldades, necessidades…

2º Ler os objetivos propostos pelo guia.

Interiorizá-los para que a planificação da catequese permita chegar à consecução/concretização dos mesmos.

Preparar a sala

Pre

para

r a s

ala

Preparar o ambiente proporcionando uma atmosfera de recolhimento, silêncio, beleza

▪ Escolher uma sala/capela onde seja possível haver silêncio.

▪ Colocar no centro a Bíblia, o crucifixo, algumas velas e outro símbolo que tenha a ver com o texto bíblico.

▪ Dispor em círculo as cadeiras e se possível mantas, almofadas.

▪ Reduzir a luminosidade, luz média;

▪ Música de fundo serena, própria para ajudar a relaxar e a interiorizar (não deverá ser ouvida em todos os encontros)

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Fora da sala: Condições para que aconteça o silêncio, a oração, o ENCONTRO com a Palavra

IMPORTANTE

Se o encontro for destinado a adultos ou se se tratar duma catequese intergeracional as indicações propostas são

importantes para o êxito do encontro, adaptando só a linguagem. Hoje, de modo especial precisamos de recordar

que «a palavra pode ser pronunciada e ouvida apenas no silêncio, exterior e interior. O nosso tempo não

favorece o recolhimento e, às vezes, fica-se com a impressão de ter medo de se separar, por um só

momento, dos instrumentos de comunicação de massa. Por isso, hoje é necessário educar o Povo de

Deus para o valor do silêncio. Redescobrir a centralidade da Palavra de Deus na vida da Igreja significa

também redescobrir o sentido do recolhimento e da tranquilidade interior. A grande tradição patrística

ensina-nos que os mistérios de Cristo estão ligados ao silêncio e só nele é que a Palavra pode encontrar

morada em nós, como aconteceu em Maria, mulher indivisivelmente da Palavra e do silêncio. As nossas

liturgias devem facilitar esta escuta autêntica: Verbo crescente, verba deficiunt. (Verbum Domini 63)»

Como fazer?

Criar um espaço de silêncio- antes de entrar na sala/capela

As sugestões, abaixo indicadas, são condições que permitem:

▪ ajudar os catequizandos a entrarem num itinerário, a viajarem até ao coração da Palavra;

▪ gerir o comportamento dos catequizandos;

▪ fazer acontecer o silêncio interior e trabalhar o silêncio exterior.

Como orientar catequizandos com comportamentos desadequados?

Previamente, o catequista deve solicitar ajuda para o acompanhamento personalizado das crianças com défice de

atenção ou comportamentos desajustados.

Sugerimos que se convide um adulto (catequista, uma avô ou mãe…) para acompanhar pessoalmente o

catequizando. Atendendo a que poderá ser necessário sair com a criança ou dizer-lhe algo, este será o último a

entrar na sala e colocar-se-á junto da porta. Se a criança ou adolescente for bem acolhido e orientado poderá

surpreender os adultos! A leitura orante da Palavra consegue serenar o grupo, inclusive os mais irrequietos, e

ajudar os mesmos a encontrarem-se com a Palavra e a orar.

Sugestões para orientar o momento de preparação do encontro e de entrada na sala/capela

1ºpasso: Apresentar o encontro

Este deverá ser apresentado como uma viagem em que os presentes estão convidados a entrarem na máquina do tempo e a viajarem até ao coração e à vida:

▪ Apresentar o momento como um convite a uma viagem e a um encontro especial;

▪ Convidar a esquecer tudo o que se passa fora e a viver o aqui e agora;

▪ Propor este momento como um momento de paz e bem-estar, como uma prenda especial que cada um

poderá oferecer a si mesmo;

▪ Recordar que nesta viagem, alguém especial virá ao encontro de cada um, mas referir que o sucesso do

encontro depende do desejo e da forma como se está atento às indicações dadas para o caminho...

▪ Recordar que é obrigatório seguir todas as indicações dadas pelo catequista!

Esta indicação deverá ser apresentada com autoridade e sem possibilidade de negociação. Dela depende o

sucesso do percurso e a experiência de fé, a possibilidade de chegar a fazer silêncio e a orar…

2º passo Apresentar as condições para fazer a viagem… a---Explicar o ambiente da sala

(Para evitar os espantos, comentários e criar expetativas, curiosidade)

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▪ Luminosidade: perguntar se alguém se sente incomodado com pouca luminosidade;

▪ Elementos simbólicos: Bíblia, velas …

▪ Disposição da sala, se há mantas/cadeiras…

b--- Fazer perguntas essenciais e dar informações prévias

É importante preparar o grupo para evitar que hajam supressas ou mal estar dos catequizandos. Destas depende em

grande parte a possibilidade de haver silêncio no grupo.

Indicações:

▪ Convidar a desligar os telemóveis ou a recolhê-los (ver a melhor solução pois depende da idade dos

catequizandos e dos seus comportamentos, em grupos);

▪ Recordar que, se alguém estiver incomodado, durante o encontro, pode mudar de posição sem perturbar o

grupo (exemplo: quem se senta no chão com as pernas à chinês) …

▪ Outras indicações que se julguem necessárias…

Perguntas:

▪ Está à espera de um telefonema urgente? Se sim, é o ultimo a entrar na sala e coloca-se junto da porta. O

telefone deverá estar em silêncio. (Esta indicação destina-se aos adultos).

▪ Alguém tem dificuldades auditivas? (sentar-se junto do catequista- Serão os primeiros a entrar)

▪ Prevê-se que alguém chegue atrasado? (se sim, alguém responsabiliza-se por acolher e acompanhar)

▪ Prevê-se que alguém tenha de sair mais cedo? (Se sim, fica junto da porta. O catequista deverá estar

atento para não perturbar o grupo)

▪ Alguém precisa de deslocar-se à casa de banho? (evita que no momento da oração hajam pedidos que

perturbem o grupo)

c--- Dar as indicações da forma como se vai processar a entrada na sala

Esta indicação destina-se a preservar o silêncio, a evitar atritos, confusões, encontrões… escolha de lugares e

permite separar os mais irrequietos:

▪ Dar as indicações de acordo com a sala

▪ Convidar a entrar em fila (ou um a um, estando lá dentro um catequista a posicioná-los, em silêncio)

▪ Indicar a forma como cada um vai sentar-se (na cadeira, nas almofadas, nas mantas…): convida-se a ocupar

os lugares progressivamente de uma ponta até à outra para não ficarem cadeiras vazias pelo meio.

▪ Se possível, um catequista deverá estar no interior da sala para indicar, sem falar, a cada catequizando o

lugar onde deverá sentar-se.

d--- Preparar para o silêncio e entrar na sala

▪ Estabelecer um pequeno diálogo que ajude os catequizandos a compreenderem os motivos e os benefícios

do silêncio interior e exterior.

▪ Apresentar o silêncio como uma condição essencial para prosseguir o encontro.

e--- Dar indicações para iniciar o silêncio e informar sobre o exercício a realizar ao longo do percurso

até à sala

Para gerir o silêncio não basta impor que não se fale. Será necessário propor exercícios que levem ao silêncio sem

que este seja incomodado. Procurar-se-á também ajudar a que cada um serene, relaxe para mais facilmente poder

encontrar-se consigo mesmo.

▪ Propor um jeito particular de andar (ex: propor que cada um se concentre no movimento dos músculos

procurando sentir todos os movimentos. Esta é uma forma de relaxar e iniciar a tarefa de gerir os

pensamentos e trabalhar a concentração)

▪ Sugerir uma forma de orientar o pensamento (ex: repetir frase ao longo do percurso)

Após o catequista ter dado estas indicações, informa os catequizandos de que chegou o momento de fazer silêncio,

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o momento em que já não é permitido falar. Seguidamente, faz o gesto simbólico de retirar todas as palavras do

grupo (como se fora a recolher penas no ar) e coloca-as no seu próprio bolso. A partir deste momento, já ninguém

poderá falar até que todos estejam sentados na sala (o catequista também fica em silêncio).

IMPORTANTE O catequista que está dentro da sala deve acolher e indicar a cada catequizando o lugar para se sentar e procurará

fazer a sua tarefa em silêncio, recorrendo a gestos. Qualquer palavra pode levar a que o grupo comece a falar.

Estas estratégias permitem a um grupo que não esteja preparado para fazer silêncio entrar na dinâmica e

desenvolver uma postura orante. Cada um dos itens corresponde a situações que, nas experiências, tiveram de ser

resolvidas para que a catequese prosseguisse com êxito.

Nota: Após a vivência de 3 ou 4 encontros orientados a partir do método da leitura orante da Palavra, já não será

necessário por em prática todos os passos acima indicados, pois os catequizandos terão interiorizado algumas

regras.

Todavia, a leitura orante só terá sucesso se os catequizandos entrarem em silêncio na sala, após terem executado um exercício pessoal de relaxe.

É necessário preparar-se para passar, com eficácia, dum ritmo frenético e ruidoso a uma experiência de encontro

sereno e íntimo, reflexivo e orante.

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Na sala: Itinerário bíblico realizado a partir da leitura orante da Palavra

1º passo: Convidar a PREPARAR-SE (parar)

Este momento pretende responder à pergunta: Como posso habitar o aqui e agora e fazer silêncio?

Que pretende proporcionar este momento? Sugestões de realização Educar:

competências/capacidades

Pretende-se com este momento levar as

pessoas a:

-relaxar, serenar, descontrair e a

trabalhar a capacidade de concentração;

-fazer silêncio, interior e exterior, calar

as palavras e os pensamentos,

-serem capazes de fechar os olhos para

melhor trabalhar a interioridade;

-libertarem-se de tudo o que distrai, a

deixarem as preocupações fora da porta;

-entrar dentro de si próprio, mergulhar

na interioridade e tomar consciência da

presença de Deus;

-implorar e disponibilizar-se à ação do

Espírito a fim de tomar consciência de

que só Ele pode levar ao encontro

verdadeiro com a Palavra.

1º Momento: Convidar a sentarem-se

comodamente;

2º Momento: Realizar um exercício que

permita convidar a fechar os olhos

(em jeito de dinâmica: convidar a olhar a

chama de uma vela, durante alguns minutos,

e, depois, convidar a fechar os olhos e a

tentar visualizar a chama na retina).

Imediatamente sem dar espaço de quebra,

iniciar o relaxe;

IMPORTANTE

O silêncio só é possível quando não houver

momentos mortos, isto é, o catequista terá

de dar indicações, sem pausas, para serem

realizados exercícios concretos (refletir,

recordar, pensar, responder a perguntas…).

O catequizando nunca deverá ter dúvidas do

que é proposto a realizar. As atividades

“interiores e silenciosas”, levarão ao silêncio!

3º Momento: Realizar um exercício de relaxe

que ajude a descontrair e a focar a atenção;

5º Momento: Convidar a tomar consciência da

presença de Deus, de Jesus, do Espírito…

6º Momento: Fazer uma oração ao Espírito

Santo implorando a sua ação para que cada

um possa: escutar, compreender, desejar

corresponder à Palavra.

Que

competências/capacidades/

atitudes se podem desenvolver

com este momento?

Capacidade de:

-relaxar

-concentrar-se

-fazer silêncio

-escutar/ disponibilizar-se

-deixar-se tocar

-fechar os olhos (exercício

indispensável para quem

quer trabalhar a

interioridade, aprofundar a

sua atitude orante)

-tomar consciência da

presença e ação do Espírito

2º passo: Convidar a LER

Este momento pretende responder à pergunta: Que diz o texto? Que Deus revela? Qual a sua novidade e a

sua força? Que projeto de salvação, de vida, propõe? Trata-se de estudar profundamente o texto (exegese

bíblica).

Que pretende proporcionar este momento? Sugestões de realização Educar: competências/capacidade

Pretende-se com este momento descobrir o

sentido do texto. Propõe-se que seja feito a

partir de perguntas. Sugestões:

• Qual o contexto do texto?

• Que aspetos da cultura judaica aborda?

• Quem são os protagonistas?

• Que fazem? Quem Fala? Que diz?

• A quem fala?

• Que verbos, nomes, adjetivos são

utilizados?

• Que pormenores são dados?

1ºMomento: contextualizar o texto –

ler ou contar o que aconteceu antes

do trecho que será lido.

2ºMomento: ler, muito

pausadamente, com “uma voz

interior”, o texto bíblico.

3ºMomento: fazer duas ou três

perguntas, sempre em silêncio -se

possível que o grupo mantenha os

olhos fechados - para deixar que o

Que competências/capacidades/ atitudes se podem desenvolver com este momento?

Capacidade de:-interpretar/compreender

-contemplar o rosto e a ação de Deus através do texto

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• Que facto ou frase parece essencial?

• Que transformações aconteceram ao longo

do texto?

• Que rosto de Deus, de Jesus revela?

• Qual a força e novidade do texto?

• Em que aspeto o texto é uma Boa Notícia?

• Que projeto de salvação, de vida propõe?

• Que outros textos ou acontecimentos

recorda este texto?

• Que significados (simbólico- cultural) quer

oferecer o texto relativamente às pessoas e

aos acontecimentos, em ordem à Boa

Notícia do Reino? (significados dos nomes,

dos gestos, quem representa quem? - Ex. A

Samaritana representa o povo, o poço o

lugar da aliança…)

texto faça eco no coração dos

ouvintes. Para que a pessoa se

encontre com o texto e deixe o

Espírito atuar.

4º Momento: pedir que se faça eco

do texto, repetir a palavra que mais

tocou, em voz alta.

5º Momento: convidar a abrir os

olhos e a dialogar sobre o texto

respondendo à pergunta: que diz o

texto?

-descobrir a cultura judia

-descobrir a simbólica bíblica

-descobrir a história da salvação

-descobrir a lógica do Reino

-descobrir a novidade da Palavra

- descobrir a Palavra como força

para viver

-aprofundar e ganhar o gosto pela

leitura

3º passo: Convidar a MEDITAR

Este momento pretende responder à pergunta: Que diz o texto, hoje, a mim, ao grupo, à comunidade? Que

Boa Notícia anuncia à nossa vida?

Que pretende proporcionar este

momento?

Sugestões de realização Educar:

competências/capacidade

Pretende-se com este momento:

-desenvolver a capacidade de refletir a

vida ao jeito do Evangelho, deixar que o

texto fale, interrogue a vida;

-reconhecer o projeto de Deus e o seu

amor pela humanidade a realizar-se

para nós, hoje;

-fazer a experiência de deixar que a

Palavra faça eco no ser, saber e fazer;

-descobrir o projeto de Deus para a vida

pessoal, do grupo da comunidade;

-dar-se conta que o texto revela a Boa

Notícia que o Pai tem para cada um;

-descobrir a necessidade de acolher a

comunhão que o Pai quer estabelecer

connosco a partir de Jesus no Espírito;

-reconhecer e decidir, converter-se,

voltar a vida para Deus;

-experimentar a força do quérigma:

«Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida

para te salvar, e agora vive contigo

todos os dias para te iluminar,

fortalecer, libertar (EG 164)».

“CHEGAR ao lado de dentro” das

palavras e dos símbolos!” R.S.

1ºMomento: tempo de silêncio e reflexão

pessoal (se possível de olho fechados).

Para ajudar à reflexão o catequista faz

algumas perguntas (sem solicitar resposta

em voz alta). Estas deverão:

-Convidar a contemplar, reconhecer o rosto

de Deus, de Jesus e a forma como se revela,

cuida, salva as pessoas, a fim de descobrir a

Boa Notícia do Reino.

- Convidar a descobrir em que aspetos esta

palavra faz feliz, dá esperança, dá força

para viver…

- Convidar a descobrir em que aspetos o

texto toca a vida…

- Convidar a perguntar-se o que diz o Pai,

Jesus, através deste texto ao jeito de

pensar, ser, fazer, hoje (a mim, ao grupo, à

comunidade).

-Convidar a descobrir em que aspetos o

texto convida a mudar de formas de pensar,

agir, a converter-se, a voltar o coração para

Deus…

2ºMomento: Dialogar a partir das perguntas

feitas durante o exercício de reflexão

pessoal.

Que competências/capacidades/

atitudes se podem desenvolver

com este momento?

Capacidade de:

Contemplar

Maravilhar-se

Escutar

Compreender

Refletir

Acolher a Boa Noticia

Reconhecer a Força do

Evangelho

Confrontar-se

Disponibilizar-se

Acolher o perdão

Converter-se

Descobrir o sentido da vida

Ver na vida a ação de Deus

Concretizar o projeto de Deus

através de gestos concretos

4º passo: Convidar a ORAR

Este momento pretende responder à pergunta:

Conversamos/oramos a partir da Palavra: Que ouço, que digo ao Pai, a Jesus, a partir do texto?

Que pretende proporcionar este Sugestões de realização Educar:

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momento? competências/capacidade

Pretende-se com este momento:

-passar das palavras ao encontro com a

Palavra, ao diálogo com Jesus Cristo,

com o Pai, no Espírito;

-educar para a oração e para a liturgia;

-compreender e viver a oração como

uma “relação de intimidade” com Deus,

em Jesus Cristo e pelo Espírito, em que

se experimenta saber-se Filhos na

comunhão com o Pai;

-compreender que o desafio não é

apenas o de rezar uma oração, mas de

“viver em oração” no dia a dia;

-que o catequista se retire para deixar

que aconteça o diálogo, o contacto que

favorece a “intimidade, comunhão com

Jesus Cristo” (CT5).

1º Momento: convidar ao silêncio e à escuta

a partir do texto:

Fazer algumas perguntas que favoreçam o

diálogo orante e dar um tempo de silêncio:

Que me dizes Senhor…

---Tempo de silêncio

2º Momento: convidar a rezar, a dialogar, a

dizer ao Senhor, ao Pai, a Jesus, tudo o que

vai na alma e a interrogá-lO. Dar sugestões

e de novo, deixar um tempo longo de

silêncio:

Conto-lhe a minha vida

Escuto o que Ele me tem para dizer

Dou graças

Ponho a minha vida nas Suas mãos

Peço Perdão

Peço ajuda

Converso sobre o que descobri do texto

---Tempo de silêncio

3ºMomento: Poderá propor-se um tempo de

oração espontânea, uma oração partilhada

de louvor/agradecimento a partir da oração

pessoal. O catequista é sempre o primeiro a

partilhar. Permite ao catequizando

compreender como se pode rezar.

Na educação para a oração é indispensável

o testemunho do catequista.

Que competências/capacidades/

atitudes se podem desenvolver

com este momento?

Capacidade de:

-fazer silêncio;

-desenvolver uma atitude

orante de louvor,

contemplação, súplica;

-compreender a oração como

intimidade e diálogo;

-descobrir o caminho da

intimidade com Deus;

-aprender a partilhar a

oração;

-ganhar o gosto pela liturgia,

pelo Encontro que acontece

na eucaristia;

-descobrir a forma de rezar a

partir dos textos bíblicos;

-reconhecer, utilizar e

descodificar símbolos

5º passo: Convidar a CONTEMPLAR

Este momento pretende responder à pergunta: como me espanto e deslumbro perante o MEU Deus… o meu

Pai?

Que pretende proporcionar

este momento?

Sugestões de realização Educar:

competências/capacidade

Pretende-se com este

momento que a atenção e o

olhar passem das Palavras à

escuta d’Aquele que fala:

-procurar olhar o Pai;

-descobrir Deus na Palavra,

nos gestos, nos irmãos, nos

acontecimentos;

-espantar-se perante o seu

amor, paciência,

proximidade, atenção;

-vislumbrar o projeto de

Deus para comigo, para com

os irmãos;

-descobrir pela fé o sentido

invisível da vida…

1ºMomento: convidar ao silêncio, a fechar os olhos e

dar algumas indicações que ajudem o catequizando a

viver um momento de louvor, de espanto… de

contemplação.

Para orientar este momento o catequista:

-convida a centrar-se na presença do Senhor, a dar-se

conta que Ele está presente no mais íntimo… e que cada

um está tatuado na palma da sua mão;

-convida a olhar para o Mestre, o Pai, apenas olhá-Lo…

a procurar o seu rosto… a espantar-se com Ele… a

elogiá-Lo… “Pai, és o meu Deus”. “Pai é fascinante a

forma como Te colocas a meu lado… e me fazes Filho,

Teu filho!”

-convida a tentar descobrir, dar-se conta do amor do

Pai, dos gestos de Jesus e tentar extasiar-se perante as

suas maravilhas… “Tocou o leproso, tocou o Zaqueu,

Que

competências/capacidades/

atitudes se podem

desenvolver com este

momento?

Capacidade de:

-silêncio

- intimidade

-espantar-se

-contemplar

-elogiar

-agradecer

-louvar

-olhar além do visível

-observar a beleza

-descobrir a presença de Deus

-maravilhar-se

-experimentar-se habitado

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tocou a mulher de má vida… e toca-me a mim!”

-enunciar algumas perguntas que possam ajudar o

catequizando a contemplar:

Que Deus, que Pai descobri neste texto? Quando O senti

na minha vida? Quando me dei conta que me deu a mão

e me protegeu? Quando vi as suas maravilhas na vida?

Como experimentei na eucaristia a sua presença e o seu

amor?

Agradeço… expresso o meu espanto… Tu Pai… és…

---Tempo de silêncio

2º Momento: convida-se a repetir, várias vezes, uma

frase de adoração simples:

Ex: “Pai é grande o teu amor para comigo”

“Jesus é fascinante a forma como vives com o Pai”…

--- Tempo de silêncio

-sentir-se destinatário das

bênçãos de Deus

6º passo: Convidar a DISCERNIR/DECIDIR/COMPROMETER-SE

Este momento pretende responder à pergunta: como voltar o coração para Deus? Que conversão da mente,

do coração e da vida me pede o Pai através deste texto?

Que pretende proporcionar este

momento?

Sugestões de realização Educar: competências/capacidade

Pretende-se com este momento

que se:

-olhe a vida quotidiana a partir

do estudo (hermenêutica) do

texto e da oração;

-aprenda a olhar a vida a partir

do olhar de Cristo e a fazer as

opções de vida ao seu jeito;

-que se faça o discernimento

sobre as atitudes e ações a

mudar para corresponder à

vontade de Deus;

-descubra que a vontade de Deus

tem a ver com a opção pelo bem

e permite realizar-se com pessoa

feliz, capaz de viver a vida com

sentido;

-sempre que possível, o grupo

assuma um compromisso

comunitário, pelo menos uma

vez no ano.

A resposta à Palavra de Deus é

pessoal e amadurecida no

discernimento de cada um.

Passos para levar ao compromisso

1º passo: Preparar um diálogo que ajude os

catequizandos a tomarem decisões, a

mudarem de vida, a converterem-se, a

voltarem o coração para o Senhor:

-Olhando para o meu dia a dia, que me pede

o texto em casa, na escola, com os amigos,

comigo mesmo, com Deus? …

(elaborar perguntas de acordo com o estudo e

a oração do texto)

2º passo: Proporcionar um tempo de silêncio

para que cada um reflita a sua vida e se

confronte com a Palavra e a vida.

Convidar a concretizar o compromisso em

casa, na escola, com os amigos, com Deus…

Este deverá ser: concreto – possível – que

altere a vida em pequenos gestos

---tempo de silêncio

3º passo: Quando possível, partilhar o

compromisso, sendo o catequista o primeiro a

dar o exemplo (é o seu testemunho de conversão).

Que competências/capacidades/

atitudes se podem desenvolver com

este momento?

Capacidade de:

-reflexividade

-metacognição

-fidelidade

-oblatividade: dar e dar-se

-solidarizar-se

-caridade

-conversão

-avaliar

-testemunhar

-planificar

-concretizar

-responsabilizar-se

-desenvolver o espírito

comunitários

-motivar-se

-criar redes

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7º passo: Convidar a RELER a experiência e a TESTEMUNHAR

Este momento pretende responder à pergunta: Que vivi? Que descobri? Como me senti? Que pretende proporcionar este

momento?

Sugestões de realização Educar: competências/capacidade

Pretende-se com este momento

que se:

-faça a releitura da experiência

da leitura do texto, da

experiência orante e da partilha

do grupo;

-faça uma síntese da experiência

e das aprendizagens e

descobertas;

-avalie o momento expressando o

pensamento e o sentimento;

-testemunhe a experiência de fé

(a experiência orante).

Estabelecer o diálogo: 1º passo: Avaliar o momento partilhando o sentimento. -Como me sinto depois deste encontro? 2º passo: Recordar a experiência. -Que vos chamou mais à atenção durante o encontro? Que descobrimos? 3º passo: Partilhar a experiência, testemunhar o encontro com a Palavra. -Alguém quer partilhar a sua oração, o seu diálogo com Jesus, a sua experiência ao descobrir a Palavra? Nota: O catequista é o primeiro a partilhar. A orientação do encontro obriga a que o catequista viva ele próprio o percurso que propõe aos catequizandos. Reflete, ora, medita, faz silêncio com as crianças, jovens ou adultos.

Que competências/capacidades/

atitudes se podem desenvolver com

este momento?

Capacidade de:

-avaliar

-reler a experiência

-expressar experiências de fé

-expressar sentimentos

-testemunhar o encontro com a

Palavra

-testemunhar a ação de Deus na

vida

-ouvir o testemunho dos outros…

a. Indicações a ter em conta pelo catequista

A concretização desta planificação supõe que o catequista:

seja uma testemunha

▪ viva o encontro da Palavra de forma orante;

▪ estude profundamente o texto bíblico;

▪ receba a Palavra como uma força para viver;

▪ experimente na sua vida o percurso que vai orientar;

▪ partilhe a própria experiência de intimidade com a Palavra…

faça uma gestão atenta do grupo

▪ Para que os catequizandos façam silêncio não pode haver momentos mortos. Deve

sugerir-se a realização de tarefas, a concretizar em silêncio, dando orientações precisas

tais como: pensa em, responde à pergunta… reza, dialoga, conversa com Jesus, diz-lhe…

(e dar tempo de silêncio). O catequizando nunca pode sentir-se inativo e sem orientação;

▪ crie expectativa, espanto;

▪ esteja atento a todo o ser (inteligência, sensibilidade, corpo, imaginação…);

▪ esteja atento ao imprevisível, tendo em atenção aos movimentos e ao diálogos dos

catequizandos;

▪ ofereça pistas significativas para que o catequizando se encontre com a Palavra e a

partir dela possa chegar à comunhão, diálogo com Deus (Pai- Filho- Espírito Santo) e com

os irmãos;

▪ …

trabalhe a sua postura

▪ trabalhe a sua entoação vocal, tornando expressiva a voz (ajudando à interiorização);

▪ fale baixo;

▪ cuide a linguagem;

planifique o itinerário

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▪ a partir do guia do catequista;

▪ escolha as catequese em que o texto será mais significativo para fazer o itinerário

orante;

▪ planifique com periodicidade um itinerário bíblico a partir do modelo da leitura orante

da Palavra (não é benéfico utilizar um único modelo de planificação).

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E s q u e m a d e P R E P A R A Ç Ã O D E U M A C A T E Q U E S E

Itinerário bíblico segundo o método da Leitura Orante da Palavra

_____ C A T E C I S M O C A T E Q U E S E Nº _________

T Í T U L O _________________________________________________________________________________ DATA ___/___/___

OBJETIVOS DA CATEQUESE

• …

TEXTO BÍBLICO: …

PREPARAÇÃO AMBIENCIAL

D e s c r i ç ã o / o b j e t o s – s í m b o l o s u t i l i z a d o s / m ú s i c a R e c u r s o s

• … • …

ACOLHIMENTO Individual / Coletivo

Estratégias Conteúdos – indicações metodológicas Recursos

Momento de transição

PREPARAR para iniciar o silêncio e indicar a forma como entrar na sala (Fora da sala)

Estratégias Conteúdos – indicações metodológicas Recursos

Criar um espaço de silêncio- antes de entrar na sala/capela

1-Apresentar as condições para fazer a viagem…

a---Explicar o ambiente da sala

b--- Fazer perguntas essenciais e dar informações prévias

c--- Dar as indicações da forma como se vai processar a entrada na sala

d--- Preparar para o silêncio e entrar na sala

e--- Dar indicações para iniciar o silêncio e informar sobre o exercício a realizar ao longo

do percurso até à sala

2-Como orientar catequizandos com comportamentos desadequados?

Momento de transição

1 - C O N V I D A R A P R E P A R A R - S E - Como posso habitar/viver o aqui e agora no silêncio?

(Na sala)

Estratégias Conteúdos – indicações metodológicas Recursos

Momento de relaxe para parar e preparar-se para a oração: - Tomar consciência do corpo: - Tomar consciência da presença de Deus - Oração ao Espírito:

Momento de transição

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2 - C O N V I D A R A L E R - Que diz o texto (estudo do texto em si mesmo)? Qual a Boa Notícia do Reino

nele revelado?

Estratégias Conteúdos – indicações metodológicas Recursos

1. Contextualização do texto: (está presente… é um dos discípulos…)

2. Leitura do texto bíblico:

3. Momento de encontro pessoal com a Palavra no silêncio:

4. Fazer eco da palavra, em voz alta:

5. Dialogar sobre o texto para o compreender – para o estudar:

Primeira parte (estudo do texto: em diálogo)

Segunda parte (interpretação, significado dos acontecimentos e personagens)

Momento de transição

3 - C O N V I D A R A M E D I T A R – P a l a v r a / V i d a

Que diz o texto à vida e ao seu sentido? (relacionar o texto com a vida concreta, a pessoal e a

do grupo)?

Estratégias Conteúdos e indicações metodológicas

(convidar a fechar os olhos)

1.Convidar ao silêncio - (fazer em voz baixa algumas perguntas- que ajudem a olhar a vida a

partir do texto)

2.Tempo de silêncio – para reflexão pessoal

3. Momento para dialogar a partir das perguntas feitas no silêncio

Momento de

transição

4 - C O N V I D A R A O R A R - Dialogamos/oramos a partir da Palavra: Que escuto, que digo, partilho com o

Pai, com Jesus?

Estratégias Conteúdos – indicações metodológicas

Momento de

transição

5 - C O N V I D A R A C O N T E M P L A R Q ue me espanta em Jesus, em Deus, no meu Pai? Que me

seduz? Louvo-O.

Estratégias Conteúdos – indicações metodológicas

Momento de

transição

6 - C O N V I D A R A D I S C E R N I R / C O M P R O M E T E R - S E

- Qual a conversão da mente, do coração e da vida que o pai me pede?

Estratégias Conteúdos – indicações metodológicas Recursos

1.Convidar,durante alguns minutos de silêncio, a olhar para a vida e a pensar: ▪ …

2 – Convidar a escolher um gesto concreto… com um rosto concreto... (pequenos gestos, palavras, oração, postura, saber dizer “Não”…)

3.Pode ou não partilhar-se (alguns) o compromisso. O Catequista é o primeiro a partilhar. (Na semana seguinte deve avaliar-se. O catequista é o primeiro)

7 - C O N V I D A R A R E L E R / T E S T E M U N H A R Que experimentei? Que descobri? Que levo no coração?

Que testemunho dou da minha experiência de oração a partir da Palavra?

Estratégias Conteúdos – indicações metodológicas

• Reler a experiência

• Convidar a fazer a síntese da experiência e das

aprendizagens e descobertas

• Convidar a dar testemunho