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O TICO-TDCO PREÇOS: No Rio $500 Nos Estados.... S60O -NN0 XXVIII O Tico-Tico publica os retratos de todos os seus leitores RIO DE JANEIRO, 4 DE MARÇO DE 1931 Goiabada descobriu a pólvora I Coiií/minc.o) >_-^-t USQAL IAL N. 1.326 ______maM---- y/^^>^m^y^__ y*~°J~y ^^^r-Kr^-S^V__-^v___<^----«.S~^\ (I) Depois daqnella coplosa carga d'agua que let a batia cahir sobre o oceano, Goiabada * Carrapicho ficaram duraiile muito tempo a fluctuar iobre as ondas. Mas, por bondade divina, appareceu afinal na linha do horizonte uma ilha salvadora para onde os dois náufragos rumararr^ apezar do estado de Carraoicho. muito compromcitido pelo enioo naiural em marinhclroí dc primeira viagem. I-^à%àÈêMAA^-' ii ¦ ¦ L-~²^^^^T^^_T 12) Entrcianto, iriumphadores ahnal. chegaram ás margens da Ilha mysleriosa. cerlos de que ahi poderiam aguardir o «oceorro do primeiro navio que passasse. Mas a ilha não era Uo hospitaleira como parecia por ser habitada por grande» porcos selvagens de aspecto muito vorai. . .continua)

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Page 1: PREÇOS: O TICO-TDCO No Riomemoria.bn.br/pdf/153079/per153079_1931_01326.pdf9$000 em carta registrada, cheque, vale postal ou em sellos do Correio á Gerencia do CINEA.nTE-A.L,_BI7M

O TICO-TDCOPREÇOS:

No Rio $500Nos Estados.... S60O

-NN0 XXVIII

O Tico-Tico publica os retratos de todos os seus leitores

RIO DE JANEIRO, 4 DE MARÇO DE 1931

Goiabada descobriu a pólvoraI Coiií/minc.o)

>_-^-t

USQALIAL N. 1.326

______maM----

y/ ^^>^m^y^ __y*~°J~y ^^^r-Kr^-S^ V__-^v___<^----«. S~^\

(I) Depois daqnella coplosa carga d'agua que let a batia cahir sobre o oceano, Goiabada

* Carrapicho ficaram duraiile muito tempo a fluctuar iobre as ondas. Mas, por bondade divina,

appareceu afinal na linha do horizonte uma ilha salvadora para onde os dois náufragos rumararr^

apezar do estado de Carraoicho. muito compromcitido pelo enioo naiural em marinhclroí

dc primeira viagem.-^à%àÈêMAA^-'

„ ii ¦ ¦ -~ ^^^^T^^_T

12) Entrcianto, iriumphadores ahnal. chegaram ás margens da Ilha mysleriosa. cerlos de que ahi poderiam aguardir o «oceorro do primeiro

navio que passasse. Mas a ilha não era Uo hospitaleira como parecia por ser habitada por grande» porcos selvagens de aspecto muito vorai. . .continua)

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O TICO-TICO — 2 — 4 - - Marco — 1931

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...e'uma> edição ívacosüHma a de-.»/745líiearíeÁlbum de 1951

<M*s de eiràstâs de todo o mando.

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* - ' **3& •**__- *H3 - _ Ms «H_É______»__

Publicação das mais cuidadas e impressas em rotogravura, o.CIHEARTE-ALBUM

esia a venüa em todos os jornaleiros do Brasil, mas, se houver falta nesses jornaleiros. enviem9$000 em carta registrada, cheque, vale postal ou em sellos do Correio á

Gerencia do CINEA.nTE-A.L,_BI7MRUA DA QUITANDA, 7 — Rio — que receberão um exemplar

Preço 8$000 — Nos Estados, ou pelo Correio, 9$000v___ J

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Março — 1931 -- 3 —¦

O orphão da Natureza

O ontihpe pronghorn da America do Norte

E' aparentado com os outros antílopes existentes. E' oúnico antilope conhecido que muda os chifres. Os chifresnovos são compostos de pellos endurecidos e cercados deuma substancia cornea. Se bem que sejam atacantes, ospmnghorns são caçados por meio de uma bandeira que os

caçadores arvoram para attrahil-os ao alcance do tiro.

ConfusãoSenhor, disse um dia a senhorita Virgula ao Sr.

Trema, antes de me decidir a casar-me com o senhor, quiztomar informações sobre a sua conducta; soube que estavaem indelicadeza com a senhorinha Cedilha. Meus pães ficaramtão indignados como cu; queira, portanto, renunciar a todotraço de união e a todo parenthese.

O Sr. Trema, picado por essas palavras ditas com umacento agudo, disse com accento grave:

Senhorinha, eu...Chega, senhor, nada (de exclamações, porque não

admittirci interrogações.O pobre Trema abaixou a cabeça no geito de mn

accento circumflexo e sahiu apertando ns milsos. pensandoque não teria a Virgula.

Augusto Barreiros

\OONT; LgÇMuJyO TICO-TICO

POESIA DA ESCOLADE

E'

UM LIVRO QUE TODOS DEVEM LER

V 0

^Durante amá eõtaçao,

uma colher de

*

m aodada a

seus filhos,q/udal-os-á aconciliar o somnoe eOitar-lhes-dum resfriado.

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O TICO-TICO — 4 — 4 — Março — 1931

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REVISTAS A^T'/f#*** r

i*fMS?P Pclo.___—/ ^*^üJe>* I/—""^fc^^'^5^i'___J

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pODEHOSPROVAR

O SUCCESSO e aPOPULARIDADEdas NOSSAS

MILHAR6?DE CARTAS

0U6 itosCH-CAMCADA DIA...

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O TICO -TICQfLWtl«^^4a

Rctlnctoi-CIiefc: Carlos Mnnlmes — Dlreelor-ÍJcrcnte A. de. Souza e «SilvaAssignatura Brasil: 1 anno, 25$000; 6 mezes, 13$000; — Estrangeiro: 1 anno, 60J000; 6 mezes, áó$000.

As assignaturas começam sempre no dia 1 do mez em que forem tomadas e serão acceltas annual ou aemestralmen-te. TODA A CORRESPONDÊNCIA, como toda a remessa de dinheiro, (que pôde ser íelta por vale postal ou car-ta regisrada com valor declarado), deve ser dirigida í Rua da Quitanda, 7 — Rio. Telephoncs: Uerencla: 3-0035.

Succursal, em São Paulo, dirigida pelo Dr. Plínio Cavalcanti — Rua Senador Foljó, 27, 8o andar, salas 86 e 87.Escriptorio: 3-0634. Directoria: 3-0630.

ÚÇOQ/^SÊ^ÔUÔONDEVÃO AS ABEL

Meus netinhos:

Quando observamos e estudamos a vida dasabelhas parece que nos transportamos ao paizdas fadas. O dourado insecto, de corpo cor demel, voando á luz do sol, beijando flor a flor,num zumbido de asas muito subtil, parece-nos,realmente, uma fada que andasse a voejar nomundo das flores. E no enlevo em que ficamos,meus netinhos, observando as abelhas, quer novôo, quer no trabalho maravilhoso da colméia,occorre-nos sempre uma pergunta, assalta-nossempre uma interrogação. Onde vão buscar asabelhas a cera com que fabricam os favos, com

que constróem as colmeias?A resposta, meus meninos, é das mais fáceis.

As abelhas têm o privilegio de encerrarem emsi mesmas todos os materiaes d e que necessi-tam para erguer o seu palácio de' mel. O mel

HAS BUSCAR. CÊR.A

que ellas comem para se alimentar transforma--se em cera e é com esta que o encantado Inse-cto vae construir, favo a favo, a grandiosa col-meia.

Ignora-se ainda, meus netinhos, de que mo-do o mel que a abelha come se transforma tãoprodigiosamente em cera, podendo no emtantoobservar-se como a cera sahe de entre os anneiscorneos de que é formada a parte inferior docorpo do insecto. Essa cGra, assim obtida, é col-locada, monte a monte, por cada uma das abe-lhas, num trabalho paciente e maravilhoso, at£formar a primeira parede, o primeiro favo, qüflserá, dentro de pouco tempo, cheio do mel deli»cioso que as abelhas vão buscar nas coroílar.das flores perfumadas, no cálice do jasmim sdas magnolias.

Vovô.

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O TICO-TICO — 6 — 4 — Marro — 1-31

"O TICO-TICO"MUNDANO

NASCIMENTOS

<» <S> O lar do Sr. Raul Nazareth eda Sra. Itlaüa Diogenes Na__ra_,acha-se enriquecido com o nascimentodc uma menina que na pia biptisinalreceberá o nome de Esther.

^ 3- Acha-se em festas o lar do ca-sal Melchiades Ribeiro de Castro-Al.ceP. de Castro, com o nascimento deuma menina, que, na pia baptismal, re-ceberá o nome de Elizabeth.

<- <» Acha-se enriquecido 0 lar doSr. Antônio da Costa e de sua esposaD. Nair Marques da Costa, com o nas-cimento de um robusto menino q-.-.ereceberá na pia baptismal o nome deYvan, f

ANNIVERSARIOS

<$> < Faz annos hoje o menino Ruv,intelligente filhinho do Sr. Manoel doCarmo Pires.

<3> «• Maria do Céo Carvalho, nossaprendada amiguinha, festejou hontema passagem de sua data natalicia.

«- Raul Fonseca, nosso estudiosoamiguinho, completou sabbado ultimodez annos de idade.. <- <í> Viu passar a 2 deste mez asua data natalicia a graciosa Ilka,filhinha do Sr. Mario Novaes.

EM LEILÃO...

3- Estão em leilão os rapazes esenhoritas do Engenho de Der tro:Quanto dão pelos modos de OdP.la?pela graça de Iracema? pela beleza doAchilles? pelo sorriso da Clelia? pelaaltura do Ismael? pela belleza deLourdes? pelo gênio alegre d ojorge?pela linda côr morena de ítala? pe'omeio kilo de Zadir? pelo rostinho mi-rnoso de Odette? pelos cabellos deGiuqrnar? pela bondade de Maria Tose?pela applicação aos estudos de Mariada Gloria? pelos o'hos de Magdaena?pela elegância do Malfredo? pelo ge-nio socegado de Zulmira? pel0 sotaquedo Duarte? pelos lindos dentes do Bar-reinnha? pela gordura da Didina,?pe'0 andar da Cecília? pelo sorrisodo Cezar Gebara? e, finalmente, quantodao pela bondade do Zeca? — Leilo-tiro atrevido (/. C).<S> «> Estão em leilão as seguintesalumnas do Gymnasio Arte e Instrtt-cção dos 2»e 3» anno: Quanto dãopelo andar da Anedyr? pela altura daMaria Lydia? pelo comportamento daAida dos Reis? pela sympathia da IlkaMoutinho dos Reis? pela franginha daOneyde de Castro? pela elegância daMaria Vieira? pe'a "pose" da MariaJosé? pe'o sorriso da Maria Luiza?pela gordura da Augusta Dias? pela

I conversa da Juracy Pinto da Silva? epela intelligencia da Lohé Peixoto?

NOSSAS PAGINAS DE ARMARO AUTOMÓVEL D'"0 CAMIZEIRO"-

__r^>_^-VJk^1 (___!___ ~\ PSS221

__^n_ m§^^477y \ VÍ/V^-_L-1 If /

O modelo do automóvel d'"0 Camiseiro"

Nas paginas de armar d'0 TicTica,têin figurado todos os vehiculos que opovo está habituado a ver diariamente.Já publicámos a ambulância da Assis-tencia, os carros do Corpo de Bom-beiros, barcas da Cantareira, uma mui-tidão, emfim, de lindos brinquedos quea habilidade de nossos leitores constróepara alegria de todos que os vêem.Hoje, inicia O Tico-Tico a publicaçãode um brinquedo de armar dos maisinteressantes e de confecção bastantefácil, por isso que cada uma das peçasvae acompanhada das explicações ne-cessanas á confecção do mesmo brin-quedo. E' este o automóvel d'"0 Ca-mizeiro", o importante estabelecimentode artigos para homem, o empóriocommercial onde o carioca vae adqui-rir tudo que lhe é necessário, desde olenço ao perfume, desde o chapéo á

MEXERICOS...,

• • Por que será que Nadyr Viei-ra tem lindos cabellos? e o MoacyrLand não cresce um pouquinho? e aAdelaide Prado não gosta de Cama-vai? e o Cicero Lagoeiro cresceu tãodepressa? e a Zilma Pessoa ficou tãobem de "chim"? e o Júlio Alves nãogosta das pererécas? e a Cybelle La-goeir0 não gostou do "trote"? e oMilton Neves fantasiou-se de mulher?e a Gina Precht é tão linda? e oo Octavio Prado parece um sorriso?e a Dinorah Passos é tão boazinha? ea Zelia Prado escreveu para o Dr.Sabe-Tudo? e a Vera Cabral já foi in-terna? Respondam-me. sim? — TútAMarambaia.

roupa de mesa e cama. "O Camizeiro",a mais importante casa de camisas queo Rio de Janeiro possue, e que estálocalizada á rua da Assembléa, 28/32,não tem mãos a medir para servir asua enorme freguezia, que é toda apopulação da cidade. Dahi utilizar paraentrega das compras que o povo faz noimportante estabe'ecimento um auto-movei! — o auto amarello d'"0 Cami-zeiro" — como dizem os petizes — emcima do qual, numa allegoria bonita,uma camisa resiste ao ataque dos den-tes de um cão.

O automóvel d'"0 Camizeiro", queanda por toda a cidade, é um dos ve-hiculos mais populares do Rio e vocês,pe'o modelo acima, vão construir urnautomóvel igual, com as peças quepubhcamos hoje e publicaremos nosnúmeros a seguir.

NO CINEMA...

® • Querendo organizar um bellofilm, contractei os seguintes artistasdo Distrcito da Penha: Nair C, a se-rena e calma Ruth Taylor? AdalgizaD., a sympathica Colleen Moore; Ce-cilia Dias, a engraçadinha Eva Nü;Pedro M., o conquistador AdolpheMenjou; Olga J., a Bessie Love; Ara-cy O., a Clara Bow; Bento J., o Ra-mon Novarro; Noemia J., a DoloresDel Rio; Jandyra J., a Pola Negri;Francisco, o John Gilbert; Zulmira Z,a Bebe Daniels; Helena J., a BillieDove; Moacyr M., o D Fairbanks;Therezinha J., a Norma Shearer; Ceei-lia Delier, a Greta Garbo; Bruno Z.,o Edmund Love. — A. S. T.

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4 — Março — 1931 — 7_- O TICO-TICO

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)\ Unda do OrvalhoDeus tinha feito a terra, o mar, o sol e a lua e, olhando para

p céo, que elle tambem creara, achou-o tão escuro que resolveu

pintal-o de uns salpico, de luz. E, abrindo um cofre rico, desfiou,

conta a conta, um mágico collar, jóia maravilhosa, que elle tinha

escondido para enfeitar o collo delicado das noites sem luar. E

a multidão de contas, reluzindo nas mãos do Creador, foi jogada

no espaço azul escuro, espalhando-se logo e transformando-se no

encanto das estrellas. Cada continha linda, que antes vivera

unida a outra conta do collar encantado, sentiu, então, saudades,

Toda a felicidade desse mundo — pensava cada conta — desap-

parece com a separação. E no infinito frio dos espaços, separa-

das que andavam, as estrellas tristíssimas, choraram. As lagri-

mas sentidas das estrellas — outras estrellas que tambem relu-

zem — vieram ter á terra, muito brancas e frias, em fôrma de

continhas delicadas. E, com o nome de orvalho, andam a enfei-

tar as pétalas das rosas, julgando que já estão no collo delicado

das noites sem luar.

CARLOS MA N II A E S

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-.. dc repente, o Or. Octavio descobriu aai gola que servia para levantar a taboa<iue cobria a entrada dc um alçapão. Mas,foram cm vão todos os seus esforços. Otempo tinha já soltado, com a ferrugem eterra, todas as taboas. Talvez por isso mes-mo, os seus próprios carcereiros ignorassempor completo a entrada do subterrâneo

— Emfiin após violentas sacudidclas omoço conseguiu levantar o alçapão. O pri-sioneiro vio abaixo de seus pós um grandeburaco e os primeiros degraos de umagrande escada dc pedia. Julgou logo terdescoberto a sua liberdade por esse lado.Dc repente o m o ç o lembrou-se que o seucarcereiro estava prestes a fazcr-lhc visita.

— Consultou seu relógio. Marcava duashoras da madrugada. Voltou novamenteao seu primitivo |>osto c ao meio dia emponto seu carcereiro trouxc-lhc novasprovisões. Comeu umipcdaço dc pão, ump uco dc carne c bebeu alguns goles dovinho. Logo qne o carcereiro sahiu oDi. Octavio metteu duas velas no . . •

^kÁWvl (í M0EDEIR0S J) IRãB^

. . . bolso c pegando dc novo na lanterna . . . resolutamente dl-rigiu-sc para n entrada do alçapão e desceu perto dc cem dc

. . . am.uiou um pedaço do vidro do gargalo i\ ponta si»- umavaia e poz sc novamente á conquista dc sua liberdade. llrpm*...i.i ». fnjr.-üK lius.-ll

grilo* da escada. O Dr. Octavio percebeu logo que tinha desço-berto uma galeria subterrânea em forma de catacumba. Bcccl-

d° "mil "* fa i,lt0l",i,1;vvcl-<lc> "*¦«•««• « «•«• «¦»* •mnmmulo perder-se nesse dedalo voltou dc novo ã sua prisão c que-brandi» a garrafa dc vinho . . .

rios dc vozes o uma peuuena luz brilhante |h»im-o longe do Io»

gar cm que estava.

— Por precaução o moço apagou a lan-ieri.il c indo em direccão a luz desco-bi in tinia janella encravada na paredesla saleriu. O moço viu então bem aotundo de uma sala, clica dc retortas, fa-trões, vidros, formas de todos os taiua-iihos e UW grande fori.j acceso com umgrande folie igual aos que usara os fer-

reiros. Cumpichendeu lo^o ler descobertouma fabrica dc moedeirof. falsos*. . . Xcata sala viu o Ur. íMavii» uma du-zia «le homens, com aventai»* e tenazes.typo* do operário* mal encarados. Suipii-hendido, vio o moço que estes homens ru-deavam o capitalista Júlio Vasconcellosque parecia ser o principal cheio dcllcs ...— Dc repente ouvio o moço prisioneiro o

capitalista dirigir-se ao grupo dc operáriosc dizer: — Não tenham mais receio, Sc-questrei o Dr. Octavio Brandão provisória-mente A noiva que c filha do banqueiroBcrnardino pensará que foi esquecida Oabandonada. O pae desligado da Mia pala-vra, m'a dará. em casamento. E' para nos •%fortuna! U ruturo! — Bravo, gritaram, o*cúmplices de Júlio, ontliusiasrnados.

{Continuai

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Março rico1931 9 \«OOIí7%^lS___?^__I °

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Cinearte Álbum de 1931UM LIVRO CHEIO DE SONHOS E ENCANTOS...

Os astros que estão nesta pagina e todos os artis-tas de cinema do mundo, constituem o encantadorÁlbum de Cinearte deste anno.

Trichromias que são quadros deslumbrante».A maioria dos retratos, em formato grande, ma-

ravilhosamente coloridos, galeria completa dos artis-tas brasileiros

Luxuosa capa em grosso cartão com os queri-dos trtistas Lawrence Tibhett e Crace Moore. Cente-nas de photographias inéditas em rotogravura. "dou-

blés" e trichromias Os Cinemas francez. americano, allemão, bel

ga, hollandez, inglez e vários de outros paizes documen-tadamente estudados.

Cinearte Álbum cm longos artigos ensina:"Quer ser estrella?"

"O que se deve e o que se não deve fazer quan-do se escrevem si-enarius" "A arte de ser director""Como escrever historias para o Cinema" "Os mys-terios do Cinema falado" "A maneira de se photo-graphar". e muita coisa mais

Vida Successo Glorias ConfidenciasAnccdoias di todo. os artistas de cinema HiltOrias lindíssimas

Se onde mora não ha livrarias nem vendedor dcjornaes, envie-nos hoie mesmo 9S000 em dinheiro i".icarta registrada, cheque, vale postal ou sellos do cor-reio para que lhe enviemos immediatamente um exem-plar deste rico annuario.

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O TICO-TICO 10 4 — Março — 1931

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MACACO-ARTISTA.

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4 — Março — 1-31 11 O TICO-TICO

AS AVENTURAS DO GATO FELIX(Desenho de Pat Sullivan — Exclusividade do *0 TICO-TICO para o Brasil)

.JSf# «j^ ^VtI'!^_-if:— .,„ •^'.'"'fe^i,' ^ -,i I .'¦¦¦• ¦- '-- "• J __-.__ '"^Sr Siiii.iYrtHíi __=_£L

Os sobrinhos de Gato Felix nâo que- E Gato Felix começou a se ¦*» .. .dos sobrinhos. — Nós não aucrcmos dor-fiam dormir e começaram a miar. indignar e foi ao quarto...' nir! Queremos ir ao cinema..

>-—4 *•?~ll-" , ê lr-_n 7_.i_» I //T í « l a^tl __^\_H Í-j-1 -—Ucaixa .1 \\

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.. .e ver fitas bonitas! — Pois vamos ao cinema! -respondeu Gato Felix

E sahiu com a gafaria. A' porta da bilheteria, Gato Felix gii-tou, solemne, para..(

Vrv-^-iJ.' L--p_^_5^_-_-1_I_Ta * _ -^ i// _—rsj- /f™—í^-*->.c!—rr__rçr<__.: _._»* . pu , itk// .'Jk/^-J .* nJ_______L_-

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/..obilheteiro: — Quero quatro bilhetes! — Cato» ouviram? — falou o bi-nâo podem entrar,... lheteir..

- Não chorem — falou Gnto Fcflx.Vou arranjar um meio de entrarmos no...

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'—' ' •* | r-WT"; ' ¦ "VI •

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.. . "' ** '"' vsv, ÍkIILIN. • cinema. Estas roupas hâo de nos ser- sim! Já estou quasi prompto .. .á minha cabeça e finja que é chapéo! — Uma tn-vir de muito. —Tragam as roupas! As- Agora você pule.._ trada, por favori (Continua)

TOME NO!"., PARA COMPRAR - ALMANACH D'0 TICO-TICOPARA 1931

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O TICO-TICO — 12 -. 4 — Março — 1931

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AS QUATRO ESTAÇÕESComo é sabido, em todos os pai-

zes situados nas zonas temperadase torridas, o anno tem quatro esta-ções: primavera, verão, outomno,inverno.

Primavera, bella estação, cuja ai-legoria representa uma joven, comum vestido de gaze, guarnecido deflores, uma grinalda de margaridascingindo-lhe a fronte, os pés des-calços pisando as campinas cobertasde flores de diversos matizes, e poronde ella passa, os pássaros a se-guem, gorgeando, voando, de arvo-re em arvore, as abelhas sugandoas flores para com o seu nectar fa-zer o mel; os rios, seguindo seucurso, regando os campos, desper-tando assim a natureza para a novavida que começa com a vinda dasandorinhas, suas mensageiras.

O verão, ardente estação, cuja ai-legoria representa o camponez cei-fando os campos, sulcando a terracom o arado, as espigas de milhoamadurecendo para a próxima co-lheita, os cereaes crescendo pela for-ça aquecedora do sol, que lhe abra-sa o corpo vigoroso e sadio, comque a natureza o dotou para esteárduo trabalho, tornando-o útil a sie ao próximo.

O outomno, amena estação, emque bandos alegres de rapazes e ra-parigas vão á colheita dos fruetos,fazer a vindima, e voltam aantandocomo bandos de pássaros em revo-ada, despedindo-se dos bellos cam-pos, das bellas florestas, cujas ar-vores já começam a perder o colo-rido de suas folhas, prestes a cahirformando a álcatifa que ha de co-brir a terra com a próxima chega-da do frio, vão á caminho de suascasas, felizes, com o prêmio de seu

trabalho honrado, com a conscien-cia de terem cumprido seu deverprovendo o celleiro que ha de daralimento á milhares de creaturas quepovoam as cidades.

O inverno cobre a terra com seumanto de neve, os campos estãocomo que adormecidos; sobre elles,o povo se diverte com seus patins,escorregando na neve endurecida, ostrenós, carros que deslisam sobre ogelo, conduzem as pessoas que têmnecessidade de sahir de suas casas,envoltas em agasalhos feitos da "pei-le dos animaes que habitam as re-giÕes polares.

O trabalho mesmo assim conti-núa a ser feito; o camponez fabri-ca em suas casas doces dos fruetosque foram cultivados no verão, haas geléas de todas as qualidades, amarmelada, ha tambem os vinhosque são guardados nas adegas, quequanto mais velhos mais valor têmno mercado e o camponez, descan-çando da labuta do campo, se entre-ga a confeição dos doces e das be-bidas.

Assim como o anno se compõedas quatro estações, assim a vidado homem tem quatro phases: in-fancia — primavera, adolescência

<— verão, mocidade — outomno,velhice — inverno.

Infância — botão de rosa que seabre para o beijo materno, para anatureza mãe que lhe dá o sustentode seu próprio solo; as campinas es-

TOMsf^sí

tão promptas para recebel-o e darexpansão a seus folguedos infantis,tudo lhe sorri; as flores, os passa-ros, a s borboletas que elle tentaagarrar, que elle deseja possuir pe-Ias suas cores que mais tarde lhedarão a lembrança das cores da illu-são, que sua alma sonhadora se sen-tira enlevada.

Adolescência — alma ardente,apaixonada, sonha a suprema feh-cidade, faz um mundo á parte, on-

. de ella reina como soberana, domt-nadora, galgando os pincaros neva-dos do templo de Allah, onde o deus

Buddha sacrificará carneiros em ho-locausto pela sua felicidade, ondetudo se curvará ante sua vontadee sua fantasia.

Mocidade — rosa desabrochadaao calor do sol, coração sequiosoduma affeição verdadeira e desin-teressada, alma que tudo dá e pou-co exige, que em tudo confia e es-pera, onde a fé, a esperança e a ca-

ridade fizeram seu altar e nelle en-toam hymnos a Deus, ao amor e a

pátria e muito a propósito as pala-vras do nosso grande "FlorianoPeixoto", antes de morrer — "Mor-ro tranquillo porque deixo a repU"blica entregue á mocidade"!...

Velhice — alma solitária e tris-te, viandante exhausto que traz en-

tre os dedos as contas de um rosário,espirito cançado pelas luetas da vi-da, pela descrença na felicidade ter-

rena, caminha, sem destino com a se-renidade do condemnado que espe-ra seu derradeiro momento, confi-ante na misericórdia Divina que re-dimirá suas faltas e lhe dará o cter-

no descanço no seio de Abrahãol...— Isabel Ferreira Lopes.

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"SERROTE" FOI PRESO

>/.H5*> QUEBRA'Hô /. AÇORA A/OSAMBA I

"Zé Macaco" sempre tem alguma ...que devia ensinar o "Serrote" ...e que sempre está disposto paranovidade para pôr em execução. Um dansar. O cão, que é dócil e intel- as "farras", aprendeu logo as dansasdia scismou... ligente... modernas.

/_____!: S § '"• M i H: \ ...espcctaculo. "Zé Macaco" co- / \ I Jy ______ w\V

C*___/ffí! I l\ If'H/"*"^^*. meçou um samba choroso na flauta... I I V^^ _n_ll.ll.i Vv

E os dois, numa segunda-feira, fo- /nnn.r°?° ^^X »••«•«**» l,,m guart'a Se aPPr°*i",0Urara á praça mais próxima para /P XX I^FFwrrF^A e sem pedir licença segurou o «Ser-fiar um... u u :±:::;;:j ji-" 1 \ \

rotc"-

"Zé Macaco", comprehendcndo que ...cachorro. Assim, pois, em dado ...no guarda, e dando meia volta,«'go grave ia acontecer, combinou uni momento, "Zé Macaco" passou uma fugiu junto com o "Serrote" a toda__1_it__p_ pii.vi _¦___•• _¦_____________>! _J__e _.„___ _¦____¦ _.____•_¦plano com seu... formidável rasteira..* pressa 1...

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O TICO-TICO — 14 — 4 — Março — 1931

Titio, conte-nos a historia queprometteu, exigiram as creanças as-sim que avistaram o sr. Arnaldo.

Vocês querem uma das mi-nhas viagens... phantasticas ?

E com bichos que falam? Nãose esqueça.

Pois a ultima vez recebi umconvite de Neptuno, para visitar oseu reino. Neptuno vocês sabem,é o rei do mar; mas é um rei, umtanto prisioneiro, porque de lá não

pode sahir, para nada. Coitado! como elle ha de ter

inveja dos reis cá da terra, que temtanto com que se distrahir!

Pois estão vocês muito enga-dos, o velho rei bem que se diverte enado qual nós. Não lhe falta nadado que temos aqui, vocês, vãover. Mas é tudo feito por pei-xes. Assim que cheguei ellepróprio me recebeu á entradado reino, me agradeceu a hon-ra da visita... essas conver-sas fiadas e convidou-me amontar, como elle, um cavallomarinho.

O palácio, caro amigo, ficalá no fundo do oceano. Nos te-1*mos muito que caminhar. Maseu vou lhe mostrar minhas pro-priedades, e verá que não ficam mui-to atraz das dos homens.

Oh! magestade! Sei perfeitamenteo quando se interessa pelo progresso.

Repare nestas pedras, atalhou orei, aqui é uma fazendinha de criar.

De facto ali pastavam Cavallos ma-rinhos, Peixes bois, Cabrinhas e maisadiante, porque é impossivel tel-osjuntos, estavam os peixes-porcosmuito gordos e bem tratados.

Elogiei a ordem e o asseio, masNeptuno me confiou:

Vê como anda magro o meu ga-do? E' que não consigo livral-o dopeixe-morcego, que, como o seu cha-rá da terra, gosta, de perseguil-os.

A' medida que nos aproximava-mos do palácio iamos encontrandomaior quantidade de camarões eenorme variedade de peixes.

O senhor das águas, agradecia asSaudações de seus subditos, e expli-cou-me sorrindo: Sabe por que tan-to povo nos rodeia? E* que mandei

Titio visitou.Neptuno!

tocar o campanulario anunciando suavisita!

Obrigado, Magestade, dissecomimovido.

Chegamos! affirmou-me elleemquanto eu, desapontado procura-va o tal palácio!"

Então era mentira a historia dopalácio? perguntaram as crianças.

Não, apenas umdescuido do peixeílectrico, encarregadoda illuminação que seatrazára em fazer

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O peixe-lua

funccionar a phosfo-recencia.

Imediatamente f i -cou tudo côr de luar,no bosque, e no pala-cio, tudo.

Era a phosforecencia»— O que é isto titio.São bichinhos minúsculos e lumi-

nosos como os vagalumes da terra.Mas andam sempre aos milhares.

Então fiquei deslumbrado!Um maravilhoso bosque de coraes

brancos e côr de rosa e um jardimda estravagante flora aquática rode-avam a habitação real.

Eu estava cada vez mais encanta-do. Por fimp e n etrámosno palácio.

Uma ri-quissima gru-ta toda for-rada de pcro

vsü^lEilà' '^r

'k^ryr^%

Forma larval dopeixe-lua

Ias, que o rei me apresentou cor,».ironia:

— Nosso único luxo! .Eu nada pude retrucar, pois tive

de saudar a rainha Amphytrite.Sua Magestade despediu o peixe

agulha que a ajudava num bordado,e designou-me uma das formidáveisconchas servindo de poltrona, e eu n>eafundei nas almofadas de esponja.

Conversámos a cerca do commer-cio de Neptuno com a terra, e o

rei me contou:— Nós fornecemos grande

parte das nossas industrias ecriações aos homens — Maséramos muitos mal recompcn-sados. Inútil tentar fazer-lhesguerra pois nossa única armaé o peixe espada, por tanto re-solvemos liquidar o caso semdiscussão. Na hora do paga-mento eu puxo para o fundodo mar um ou dois desses na-vios, que andam por ahi e fi"carhòs quites.

Então lhe disse o quanto es-tava enthusiasmado com as ma-ravilhas do seu reino, que nun-ca vira coisa semelhante, e tudoisso devido"unicamente aos es-forços delle e da esposa. . -

<— Esforços talvez, e algum ca-pricho também; retrucou a lindarainha.

Imagine que meu marido para dar-me a illusão de possuirmos dia e noi-te; por vezes, illumina bem o pala-cio e enche-o de sol ou então chamao peixe-lua e as estrellas e temos anossa noite! E de madrugada fazcantar o peixe-gallo.

Ora titio, interrompeu Sérgio,os peixes são mudos; você está dis-trahido!

Mas Sérgio, lembre-se que éuma historia phantastica, do tempoem que os bichos falavam... e atécantavam 1

Tio Nougut

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4 — toaryu — 1931 — 15 O T1GO-TICU

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lindos modelos de rou- \ ^^^T™^^* \.ípinhas com mimoso bordado / I I » \ iem ponto russo de fácil (II /execução. O Bordado pode- / ' / \se fazer em uma como tam- f / I / / ^W

bem em varias coret. // li / \ / ' / 1/ ^WUJá ífeü ^N

5 lindos modelos de rou-

pinhas com mimoso bordado

em ponto russo de fácil

execução. O Bordado pode-se fazer em uma como tam-

bem em varias corei.

Junto encontram os nos-

sos amiguinhos o modelo do

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ral.

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O TICO-TICO — 16 4 — Marro — 1931

— Qi:<%n me puxa ? ! — rugiram os dois a um tempo, no auge da indignação.

O ELEPHANTE, O COELHO E A BALEIACerto dia andava o coelho a pas-

Sear na praia e ouviu a baleia e oelephante conversando. Curioso, oc-cultou-se e escutou o que diziam.

—E's o maior animal de terrafirme, irmão elephante — dizia abaleia — e eu sou o maior dos quevivem no mar. Se nos uníssemos,poderíamos mandar e desmandarem todos os animaes do mundo eimpor a todos elles nossa vontade...

Tens razão! — disse o ele-phaute. — Isso me convém. Vamosestudar o caso. Amanhã decidire-mos.

E separaram-se.O coelho sahiu do esconderijo e

ft-urmurou:Em mim, não, que não vão man-

dar.. . Em seguida sahiu correndopara ir buscar uma corda grossa eforte e um grande tambor, que es-condeu no matto. Depois voltou ápraia com a corda, approximou-seda baleia e falou:

Minha querida e poderosaamiga, quer ter a bondade de mefazer um obséquio? Minha vaccacahiu no atoleiro, a uns passos da-qui. Não posso tiral-a, sozinho.Mas confio em que a senhora, queé tão forte e tão gentil, não dei-xará de me ajudar...

A baleia, lisongeada pelos elogios,respondeu immediàtamente que sim.

—. Obrigado, disse então o coe-lho; atarei ao seu corpo esta pon-ta de corda e correrei a amarrar aoutra ao pescoço da minha vacca.-

Quando tudo isto estiver feito eti

lhe darei signal, tocando o tam-bor. Então ahi puxe com toda aforça, pois a vacca está profunda-mente enterrada.

Bah! — replicou a baleia. —*Tiral-a-ei, ainda que esteja metti-da no barro até aos chifres!

O coelho atou a corda e lá se foimuito ligeiro, para onde estava oelephante.

Oh! poderoso prestativo senhorelephante! — disse-lhe saudandocom muita cortezia. Quer o se-nhor fazer-me um favor?

De que se trata?Minha vacca está atolada no

barro a uns passos daqui e nãoposso tiral-a, por mais esforço quefaça. Se o senhor me quizesáeajudar...

Sim, sim, sim! — respondeumagnanimamente o elephante.

Neste caso, permitta-me queamarre esta ponta de corda em tor-no do seu pescoço. Com a outraponta amarrarei a vacca. Feitoisto, tocarei meu tambor, como sig-nal. Quando o senhor o ouvir, p.t-xe. Puxe com tadas as forças, poisa vacca está bastante enterrada...

¦— Não importa, disse o eleplian^

te. Posso tirar vinte vaccas, de umpuxão!

Sobre isto não tenho duvida"— respondeu amavelmente o coe-lho. Puxe a principio devagar edepois cada vez mais forte.

Amarrou bem a ponta da cordaao corpo do elephante e corre1-, aesconder-se no matto. Uma vezali, fez rufar o tambor.

A baleia começou a puxar e oelephante fez o mesmo. A cordaestirou tanto quanto era possível.»

E' uma vacca pesada! — di-zia o elephante. Mas eu a tirareiIOh! se tirarei.

E firmando melhor as patas di*4anteiras ao solo, deu um puxãotremendo.

Que fundo ha de estar estávacca! — dizia do outro a baleia.]

E' firmando a cauda ao fundo daágua, deu por sua vez um tirãoformidável.

Mas o elephante tambem feiforça, de sorte que a baleia nãotardou a sentir que estava sendoarrastada para terra. Como é fa-cil comprehender, o elephante leva-va vantagem, porque podia se fir-mar melhor no solo, com as quatropatas e ainda tinha a auxilial-o aitromba, com a qual se pegara ttum tronco.

Mas quando a baleia se viu ar-rastada para terra, se indignoiítanto com aquella vacca rebelde,que, de um salto se atirou de cajbeca á água.

Este sim, que foi um arrancplí,

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4 — Mano — 1Ü31 — 17 — 0 TICO-TICO

Em um instante o elephante foiarrebatado de onde estava, cahiu efoi rolando até á praia. Mas le-vantou-se e deu outro forte puxãoque arrancou a baleia da agua.

Quem me puxa?! — fugiram aum tempo, no auge da indignação.E viram que estavam atados á mes-ma corda.

Esta me pagarás! — excla-mou o elephante.

Hei de te ensinar a passar porvacca! — rugiu a baleia.

E, de novo, cada um puxou paraseu lado com tal força, que a cor-da arrebentou. A baleia deu umsalto mortal e o elephante cahiude patas para o ar.

Ficaram tão envergonhados, quenão se quizeram falar mais e, co-mo conseqüência, ficou desmancha-do o trato que haviam feito.

Quanto ao coelho, este fugiu,rindo a bandeiras despregadas. Klainda hoje ri da peça que pregou-tão bem pregada.

Traducção de

Galvão de Queiroz neto

"OUEM E' BOM JA' NASCEFEITO"

de Renato Coelho

Era Taulo bom menino,Meigo, dócil, bem creado,Desde mesmo pequeninoEstes dons tinha guardado,

Num mimoso cofre que,Guarda toda bôa acção, _Este cofre ninguém vê,Mas se chama coração.

Pedro Cunha era valente,Mas vadio, nxdcreado,Lá na villa toda genteDetestava o coitado.

A mãe, não raro chamava,O filho pro bom caminho,(ás vezes, elle juravaSer meigo, dócil bomzinho).

Porém, de nada valiaA jura, que se mudava,Porque jurava num dia,No outro a jura quebrava.

Foi quando a mãe de Pedrinho,Se convenceu com despeito.Daquelle rifão velhinho:"Quem é butiv já. nasce feito.m

LENDA DO PRÍNCIPE JOSÉExistiu outrora um rei que habi-

tava num paiz longínquo. Esse reipossuia milhares de alqueires de ter-ra, o que fazia inveja dos outrosreis. A fama de suas riquezas eraconhecida cm todos os logares. Umbello principe havia chegado deuma cidade vizinha, para livrar afilha desse rei das mãos de umabruxa malfazeja. O reino vivia

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cheio de feiticeiros e bruxos quetentavam contra a vida dos seus'nnuineros vassallos.

Sabendo do seu intento resolveuextenninal-üs, conseguindo escapara tal bruxa que, para vingar-se dorei lhe roubou a filha que era umalinda princeza.

O José que assim se chamava U

principe depois de dar varias bus-

cas, resolveu ir ao seio da floresla.O rei quiz mandar-lhe tuna escoltamas elle recusou, dizendo que pre-feria ir com seu intimo amigo esecretario, que se chamava Michel.Certa noite em que se achavam dor-Blindo sobre a relva, o principe le-vantou sobresaltado, ouvindo unsgritos dc soecorro. Olhando em di-recção de onde vinham os gritos,elle avistou uma grande fogueira.Accordou seu secretario, e, resol-veu ir averiguar o que se passava.

Ao chegarem ao local onde elletinha visto a fogueira, ficaram mui-to espantados, ao verem que umamulher muito feia torturava mui-to uma pobre joven.

Resolveram intervir, essa mulher

que não era senão uma bruxa, aover os dois homens fugiu espavo-rida. E o principe reconheceu a jo-ven que era a linda princeza Au-rora.

Ao chegarem ao palácio, o rei fi-cou muito contente ao ver a suafilha.

Mezes depois o principe casou-se com a Princeza, e viveram muitofelizes.

Uma noite que o principe seachava conversando com sua espo-sa, um emissário veio trazer-lheuma noticia. O emissário disse-lhe

que seu pae havia fallecido, e o rei-no inteiro o queria para rei.

O principe ficou muito triste, massua tristeza passou-se depressa, poilelle foi proclamado rei, e trateucom muito carinho os seus subdi-tos, que por isso o estimavam mui»to e eram muito feliz.

Michel Monassa,

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Vejam modelo no texto — {Continua no próximo numero)

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O TICO-TICO — 20 — 4 — Março — 1931

I I E LT110 TOMAbd-al-Sarun era um dos mais fieisservidores de Salem-el-Raschid, ca-lifa de Bagdad.

O seu caracter modesto e leal eraadmirado por todos.

O seu officio no palácio do ca-lifa era o de copeiro-mór. QuandoSalem-el-Rachid descia á sala dejantar para fazer as suas refeições,Abd o servia com a máxima deli-cadeza.

O copeiro-mór do grande e justocalifa trabalhava afim de ganhardinheiro para sustentar a sua mãee seus irmãos menores, pois não ti-nham pae.

Por isso todas as vezes que lhedavam o ordenado pedia licença eia entregal-o todinho a sua mãe.

Alguns empregados do palácioquando

"recebiam o seu ordenado

iam apressadamente guardal-o. "Pa-

ra que serve isso? dizia comsigoAbd, eu só quero que Allah me dêsaude para trabalhar e ganhar di-nheiro para que minha mãe e meusirmãos não morram de fome".

Salem, o califa, ao saber que ti-nha tão bom empregado no castel-Io mandou-o chamar e disse-lhe:

Toma Abd, como prêmio datua bondade!

E deu-lhe uma carteira cheia dedinheiro que se parecia muito comum livro.

Obrigado, mil vezes obrigado,Oh! emir dos crentes! E retirou-se sem dar as costas á Raschid.

No dia seguinte o califa mandouperguntar-lhe se havia gostado dopresente.

O rapaz então mandou-lhe a se-guinte resposta:

— Oh! santo e bom califa deBagdad! nunca em minha vida iilivro tão interessante e por isso es-pero ansioso o 2o tomo.

O bom Raschid sorrio e no diado anniversario de Abd mandou-lhe uma outra carteira com a se-guinte inscripção:

2o e ultimo volume: Autor Salen-ei Raschid.

José Mathias. — (12 annos).

O ü A V I Ã O 12. A CORUJA

Era noite. Nem uma estrella noceu.

A lua ia aos poucos escondendo-Se por d'etraz das negras nuvens.

Ao longe, ouvia-se o triste piodo mocho.

Por uma casualidade encontram-se: um gavião e uma coruja.

E ambos puzeraro-se a conversar :Bôa — noite comadre coruja t

foi logo dizendo o gavião.'^

— Bôa — noite, compadre ga-Vião, como vae passando?Com muita fome, mas d'aquia pouco vou sacial-a em alguns fi-lhotes.

Vê o que faz gavião, o com-padre é capaz de comer os meus po-bres filhinhos.

Como ei de conhecer seus fi-lhos?

Facilmente compadre, elles sãoOs mais bellos de toda essa redonde-za, responde orgulhosamente a cc-ruja.

Então, pode ficar descansada,não comerei vossos filhos.

Agora poderei ficar mais des-cansada!

Não vem?Não eu fico por aqui.

No dia seguinte encontraram-seoutra vez.

O gavião foi logo adiantando-sedizendo:

Viu, como gosto de meus ami-gos, não comi seus filhos.

Maldicto! Ainda tens á cora-gem de vir falar assim commigo?

Não comprehendo, fale maisexplicado.

Não presiso explicar-te, direisomente umas palavras e tú as decomprehender tudo "assassino -demeus filhos".

O gavião muito espantado disse-lhe.

Não é possivel comadre coruja eusó comi os filhotes mais feios queencontrei.

E onde encontras-te?Na torre da matriz.

¦— Foram os... meus filhos....que comestes s i m infame... ga-vião..

Moralidade: Mãe alguma acha oâseus filhos feios.

(1) — Esta historia passa-se notempo que os animaes fallavam.

José Antônio Mathias(12 annos)

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4 — Marco 1931 -21 — O TICO-TICO

CONTO POPULARHouve em tempos um negocian-

te que, andando pela província atratar dos seus negócios e achando-se um dia muito cansado e com bas-tante vontade de comer, entrou nu-ma estalagem e pediu ceia e cama

para descansar.Respondeu-lhe a estalajadeira que

já não tinha ceia para lhe dar, poishouvera feira nos arredores e osfeirantes tinham comido tudo. N o

emtanto, se elle quizesse contentar-se, far-se-iam uns ovos fritos comchouriço.

Como o pobre negociante estavacheio de fome, acceitou de boa men-te e pediu que lhe arranjasse qual-quer coisa depressa, pois iá não po-dia mais.

A estalajadeira tratou de lhe irfazer os ovos com chouriço, que ei-le comeu regaladarnente.

Quando, no outro dia, estavaprompto para se retirar, perguntouquanto devia.

— Doze pintos, pelos ovos, por-que eram doze. Pelo chouriço dê '}senhor o que entender.

Ora doze "pistos" era, nesse tem-

UM BODE QUE NÃO lS BODE

^^»-"" .-»_»'«_»'_«_-.'-,_'«».»¦.w.<_«_»_ . e -,*1^

po, muito dinheiro. Porque um"pinto" era o nome que davam ámoeda que correspondia, mais oumenos, ao escudo de hoje.

Doze pintos ? ! — perguntouo homem muito admirado. — Entãovocê pede-me doze pintos por doz.ovos ? !

Sim, senhor, e não pôde sermenos.

Mas como faz essa conta, mu-lher de Deus ?

Olhe; se eu não lhe fritasse osovos, deitava-os de baixo d e u m a

gallinha choca, a gallinha tirava do-ze pintainhos e os pintainhos crês-

ciam e eram galtinhas. Depois, emestas gariinhas começando a p ô rovos, veja quantos doze ovos dari-am!... È fico sem elles por ter ti-do dó do senhor, que estava cheiode fotne!

Pois bem: será assim, digavocemecê o que quizer, mas eu, pordoze ovos não dou doze pintos nem

que me matem. Pois se o senhor não paga,

vou fazer queixa ao tribunal, paraque o chamem a contas, e ali o obri-

O bode

montanhas

da Americado

N-artf.

Na realidade

nSo é um

bode, mas um

.ntilope

montanhea,

extremamente

aparen-

tado com O

"chamois'*

das monta-

nliri.l

européas.

guem a dar-me o meu rico dinheiri-nho.

Foram dai li á policia, que deu ra-zão a estalajadeira. Mas o homem,que não era uos que pagam o que{entendem não deverem, sahiu mui-to indignado por ali fora e disseque só pagaria no tribunal, á or-dem do juiz verdadeiro, deixandoa estalajadeira a barafu-tar, muitofuriosa.

Ia pelo caminho, pensando na suadestino, quando vê no meio da es-trada por onde passava duas caixas,cada uma com o seu letreiro, quediziam : "Caixa de Esmola paraDeus". "Caixa de Esmola para oDiabo".

ü negociante olhou, parou, e de-pois de ter deitado na caixa de Deti3uma pequena moeda, olhou para ado diabo e pensou:

"Deus é bom,mas o diabo tambem não é mau",e, assim pensando metteu uma moe-da mais pequena na-caixa do diabo,seguindo depois o seu caminho.

Quando terminava a estrada, umhomem atravessou-lhe na frente e,vendo-o triste, pergundo-lhe a cau-sa da sua tristeza.

O negociante ficou tão agradadodo interesse do desconhecido queimmediatamente lhe contou a quês-tão que tivera com a estalajadeira 9da ameaça que esta lhe fizera de ochamar á Justiça.

.— Não se apoquente por tão pou«Co — disse o desconhecido — logo

que seja chamado ao tribunal, digaque não paga sem que o seu ad-vogado seja ouvido e vá descansa-do que no dia da audienria lá esta-rei ]iara o defender.

Dito isto, passou-lhe para a.maus um papel com o nome e de-lappareceu, recommendando; —que não se deixasse julgar sem que'o advogado chegasse para fazer ade f esa.

Tudo se passou como combina-ram e, finalmente, chegou o dia cmq ti e o homemzinlio foi responder.Éra uma hora da tarde, sem que oadvogado de defesa chegasse quan-do a audiência eslava marcada paraas dez horas. O juiz disse que nãose podia esperar mais tempo e entãoque ia condemnar o réu sem defesa.

Este, muito indignadamente, pro-testou e disse que seria uma faltaide respeito pelas leis se o condem-

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ü TICO-TICO 22 — 4 — Março — 1931

nassem sem ter quem advogasse asua razão.

O juiz, a muito custo, lá concor-dou e, assim, foram passando as ho-ras: uma, duas, tres... até daremas cincos. Então já não havia mais

que esperarem e o homem, desani-mado, resignou-se com o destino, eia ser condemnado, quando nisto ap-parece o tão desejado advogado, quevinha transpirando e morto de can-saco, a ponto de o juiz o interro-gar, cuidadoso, causa de tão grau-de fadiga.

— Se lhe parece? — disse o ad-togado — Tenho estado desde pelamanhã até agora a cozer uma por-ção de favas para amanhã, logo demanhã cedo as ir semear! Eis o mo-tivo da minha demora, da qual pe-Co muita desculpa ao senhor juize a toda a assistência!

O juiz, muito intrigado com a des-culpa, e parecendo-lhe um gracejo,desrespeitoso para a Justiça, per-guntou:

Mas então, diga-me uma coisa,senhor advogado: as favas cozidassemeiam-se?

Em lugar de responder, o advo-gado perguntou também:

E ovos fritos, tamliem dão"pintos"?

De certo que não! — respon-deu o juiz.

— Então como querem os senho-res condemnar o réu por elle não terdado um "pinto" por cada ovo quecomeu:

grita-Sim, é verdade!...ram todos.

Nesse caso — disse o juiz —•fica absolvido, porque ovos fritosnão podem dar "pintos".

Nesse caso, posso retirar-mecom meu constituinte?

Pôde, sim, senhor, nada maisé preciso.

Quando os dois chegaram forada porta do tribunal, o advogadovolta-se para o negociante e. depoisde lhe dar os parabéns diz-lhe:

Sabes nual foi o advogado quete salvou? Foi a pequena esmolaque metteste na caixa do diabo.

Dito isto, desappareceu, deixan-ío ficar o negociante espantado esatisfeito. Foi sempre muito feliz 2nunca se esqueceu do ditado: "Faze•5 bem e não olhes a quem"-

Da tradição popular, contado p^i

Anna de Castro Osório

Noctuirmo lyjric®

(Declama com .».oção)

Do mar pela esteira homensSe estende o lençol bemdictoDa lua lâmpada suspensa. —¦Na abobada do Infinito.

E o mar, — gigante sem crençaO mar, — o eterno proscripto, —Xas ânsias de atroz doençaNo leito se estorce afflicto.

Da praia vasta e tranquiliaNa curva se estende a filaDos pequeninos banqueiros.

E a velha e heróica cidadeSc ostenta, com magestade,Sobre um thront^ de oiteiros,.

Tudo é tristonho e dormente..-Uni cão ladra á lua, e pertoDe um bebedo o passo incertoEcoa lugubremente.

Além, um becco deserto,Um cantor impertinenteDesprende um canto plangcntc.Algum Don Juan, de certo.

Num violão desafinadoDedilha, descompassado,Num tom profundo de fá,A berrar como um garrote:(Ca;i/n) :"Só

peço a Deus que me boteAonde meu bem está... "

E- P- Santos

A bandeira

A bandeira é a imagem sagrada daterra em que nascemos!

Como é bella, quando desfraldadaa tremular constantemente, em dia»de festas!

Como é triste, quando a vemos, acoeio pau, pois só se mostra assimem dias que marcam o desappareci-".uento dos grandes vultos nacionaes!

E' linda, quando acompanha umbatalhão, após este ter colhido lou-ros de uma victoria, mas é triste

quando a vemos servir de mortalhanum campo de guerra!

Tudo a nossa bandeira symbolisaI:o verde, as nossas mattas; o amarei-lo, o nosso ouro; o azul o nosso ceue o branco, a paz que sempre reina,no nosso grandioso Brasil! As vin-te e uma estrellas, representam os 20estados e o Districto Federal.

Por fim, a legenda "Ordem e Pro-

gresso", indica que sem ordem na?

pôde haver progresso.Devemos pois honral-a, quer nos

liomentos de triumpho, quer nos momentos de tristeza, ella c a nossa se-

gunda mãe!!!Salve a bandeira! Slave o nosso

symbolo!

Glorita Soares da Silva

< 12 annos)

UM PEIXE* COM CABEÇA DE LEÃO' ÜáÊÊÊKmÊÊm¥^¦¦'S^I-!^SÍW r^k1^W

0 pcixe-leão — (Desenho de Aââism)

O mais griftesco de ta-dos os pei-xes. Nãotem espinhadorsal.Q o a n -do o pei*ese tornaadulto, a ca-beca começaa cobiii-ssde uma ex-c r e s cen-cia que dá aidéa da ca-beca de umleão ou d«

um bisão.

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4 — Marco — 1931 — 23 — O TICO-TICO

P A T R I A - B R A S 1 hUm dos sentimentcs que mais deve

vibrar na alma das creanças é o daPátria! Nada mais bello que esteBrasil grandioso e inegualavel comsua natureza maravilhosa, em harmoniacom um céo azul de anil, no verdedos campos, das mattas virgens, dasplantas viçosas, no amarello do frutosazonado e na magnificência, emfim, daflora e da fauna.

O amor pátrio, meus filhos, deve sercultivado e augmentado sempre. Cabeaos pães, aos mestres, desenvolvel-jnesse enthusiasmo cheio de amor e orgu-lho para com a terra onde vimos os pri-nieiros raios do so', e palpitamos devida! Nada se iguala ao logar que nosserviu de berço, que formou o scena-rio da nossa*' infância acompanhando-nos nos primeiros passos, na ai-vorada dos nossos dias, que fica guar-dada nalma eternamente.

As creanças, portanto, elevem estimularo sentimento que se chama "Patriolis-mo", respeitando-o, amando-o na de-fesa da terra querida, fazendo-se di-gnos delia pelo estudo e pela formaçãode um caracter nobre e elevado. E'triste o pouco caso de certas creatu-ras no que se diz respeito ao pátrio-tismo: pouco lhes importa, pouco selhes dá.

Se os pães estrangeiros com ra-ras excepções que são quasi sempre in-gratos e, esquecendo o mérito da teriahospitaleira que lhes abriu muitasvezes a porta da felicidade, registramos filhos em terras longinquos, essejindif ferentes não sabem qual é asua própria Pátria, na confusão queos progenitores fizeram em seu ce-rebro infantil. O sentimento máximo decada cidadão deve ser único e sem

mescla para ser bem sentido e com-prehendido. Se somos nós brasileiros,temos a nossa partícula de indifferen-tismo: somos descuidados, alheios áeducação civica de nossos filhos, nãodesenvolvemos como nos outros paizesFrança. Inglaterra e outros mais, o en-thusiasmo e o ardor a que me referi,tão necessários ao progresso de umpovo.

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¦' - ^^>™v

x^SSSSr mmmr£c^^^^m*m ^y

E é por isto que o brasileiro é frioe pessimista em tudo que se relacionaa este torrão querido, Brasil! — Quaimporta :se ante a sua grnndczao» ho-mens são pequeninos! ? Quem poderádescortinar o futuro desta terra queridaque tudo possue para ser "grande entreas grandes nações".

Por acaso o nosso indifferentismo acommodidade de nâo perturbarmos onosso egoismo achando este sentimentosecundário, eleval-o-ão? — Não, meus

A MARIR ÒSA GIGANTESCA

A Arffema «— (Desenho de Addison)

Esta bellamariposa chegaa ter mais de10 centimetro»

de comprimento.Tem uma cau-da compridis-sinia e é con-siderada a obra

prima do num-do dos insectos.C1i.-uii.i-se Argc-ma Mittrei e dóexiste em Ma-dagascar, pos-sessão fronceza

do Oceanoindica

Iilhos, amemol-a com toda O vibraçãode nossas almas, no cumprimento denossos deveres, estudando cada vezmais no aperfeiçoamento moral einteüectual para que unidos possamoseigiK-1-a aos olhos do mundo no pro-gresso e na civilização dos outro»povos.

K' como aquella historia do alumnofrancez em tuna csco'a alemã, cm queo professor allemão, procurando depri-mir a sua Pátria, perguntou-lhe, compa-raiiclo no mappa a França á Allemanha,onde estava a França, o pequeno, acreança inexperiente, mas cujo 'amor

á terra querida era sentimento predo-m.nante e vivo como sangue rubro,

;"V num gesto de eiitliusiasmo e altivez,collocando a mãozinha sobre o cora-ção, pronunciou heroicamente : "E'aqui, é aqui que está o França".

Assim, creanças amadas do Brasil,amae-o como este pequeno amou aFrança, attingi o ideal de vossos pães,lionrando.-lhes o nome, honrando asnossas próprias individualidades, como

- bons cidadãos, muheres perfeitas naeducação e na instrucção além de umcoração de i mães brasileiras, esposasqueridas, enfermeiras devotadas toiloum conjuneto de elevação, que amanhãresoará aos ouvidos de uma nova I'a-tria, engradecida pelos seus filhos.E então podereis cantar sinceramente,verdadeiramente:

Mas, se ergues da justiça a clava forte.Verás que um filho teu não foge á.luta,Nem teme, quem te adora a própria

[morteTerra adoradaF.ntre outras milE's tu, Bras.lO' Pátria amada 1

Dos filhos deste só'o és mãe gentil.Pátria amada,Brasil I

MRS. MERVYN

Que será?(Monólogo)

Dizem que a escola é jardim,Porem eu não vejo flores...A rosa, o lyrio, o jnsnvim,Nem sinto aqui seus odores!....Pergunto, então, eu agoraA quem tem lx>a cachola:— Diga o senhor... E a senhora...

Isto é jardim ou è escola?Ninguém salie responder?Onde está a sapiência?Pois, eu já sei, vou dizer:"E' Jardim da intelligencia''.

Antônio Wanderley Pilho

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O TICO-TICO — 24 — 4 — Março — 1931

Havia, uma vez, lá nos confins da Ásia,dois reinos immensos e muito prósperoscujos monarchas governavam-n'os sabiamen-te e sabiam fazer seus habitantes felizes.

O Principe Nelson, único filho de uradestes monarchas, e portanto o herdeiro dothrono, era um rapaz bonito, forte, cora-joso c trabdhador.

Como o rei estava já um pouco velhoelle o ajudava em suas tarefas c a popu-lação gostava muito delle porque via queelle seria um optimo rei.

O oulro momrcha, cujo reino era vi-zinho do paiz que o Principe Nelson go-vernava, era muito amigo do primeiro, eelles( de vez em quando, promoviam íes-tas, cagadas ç outros divertimentos paraque pudessem estar juntos.

Este monarcha tinha uma filha lindissi-maj a Princeza Amélia, que por ser uni-ca filha, era também, herdeira do throno.

O Principe Nelson nas muitas vezes queviu a Princeza, apaixonou-se por ella.Mas a Princeza, apesar de sentir em seuecração que também amava o Principe.não ligava-lhe importância, só por orgulho,com isso, porque precisava de um herdeiro,

O monarcha, seu pae, é que se via affli-cto com isso, porque precisava de um hei-duro, e mesmo para unir a sua grandeamisade ao seu amigo por um parentesco.Decorriam-se os dias; o Principe via quenão podia passar mais sem Amélia, e estapor sua vez sentia o mesmo, mas o seu or-gulho tornava-a teimosa.

Por occ-isião do anniversario do Prin-cipe, promoveram uma grande caçada nafloresta de seu reino.

Depois de feitos todos os preparati-vos e no dia marcado todos os convidadosestavam presentes e montados em belloscavallos promptos para partirem. A Prin-ceza que também era excellente caçadoraestava ao lado do Principe sem liga:-lheimportância, o que muito o magoava.

Depois de feita a oração, foi dado o si-gnal da partida, e os cavallos partirama galope atraz da matilha de cães em bus-ca da caça.

A floresta que pouco antes estava nurasilencio profundo, tinha-se transformado.Debaixo daquella abobada que quasi não

7

SERPENTES QUE

deixava penetrar o sol, ouvia-se agora otropel de cavallos, os latidos dos cães. ostiros de espingarda, e também, de vez eraquando, o som de uma trompa.

O Principe, que queria proteger a Prin-ceza não a perdia de vista seguindo-a apequena distancia.

De súbito, o cavallo da Princeza assus-ta-se c começa a dar pinotes. A Princezaincapaz de detel-o, cahe do cavallo, semsentidos.

CHOCAM OS OVOSA maioria dasserpentes aban-dona os ovos

no logar ondeos puzeram edeixara ao ca-lor do sol o

trabalho daincubação. Ospythões, noemtanto, i n -

cubam osovos, enroscan-do-se comple-

tamente eratorno dclles.

Rápido como uma flecha, o Principe,único espectador daquella scena correu cmseu soecorro. Tomou-a nos br.iços e ie-vou-a para a beira de um regalo.

Depois de dar-lhe de beber e fazer-iheumas fricções vê com alegria que a P.in-ceza volta a si, e esta fica esp.ntada d;ver quem era o seu salvador.

Aquelle que ella tinha detestado, porcausa de seu orgulho, elle, que podia vin-gar-se delia por o.usa das suas injustiças,ser o seu salvador 1?

Ahi, ella vencendo o seu orgulho pelaprimeira vez pede perdão ao principe. Este,perdôa-lhe'e ao mesmo tempo pede-a emcasamento, o que ella acceiu, pois já Oamava.

Reinava uma tristeza profunda no pala-Cio; a oiçada tinha sido boa; mas o Prin-cipe Nelson e a Princeza Amélia perde-ram-se na floresta e não voltaram. Esta-vam todos mergulhados nesta profundatristeza quando ouviram um clamor quevinha do lado da floresta e ao mesmo tem-po chegou um lacaio que o Principe e aPrinceza tinham chegado montados nomesmo cavallo.

Todos foram ao encontro dos príncipesqu: já tinham chegado ao palácio.

Disseram a seus pães que estavam noi-vos e que dahi a um mez se casariam.

Um mez depois cisaram-se.Hcuve grandes festas, bailes, banquetes

e havia doces de toda a qualidade. Eutrazia umas malas cheias delles para osleitores d'0 Tico-Tico, mas quando já es-tava pertinho do Brasil o navio naufragoue os doces ficaram p?ra os felizes peixes.

A Prin-ceza Orgulhosa

O pnmneiiiroNa escola sou o primeiro,Tenho orgulho de falar,Vivo sempre o dia inteiroNa sala de aula a... brir.Lar.

Sapeco a^ua no tinteiroE petequinhas p'r o ar;Passo giz no companheiroOue é pretinho, p*ra alvejar..

Puz um rabo na Inspectora,Mas papá que é justiceiroTocou-me a pau de vassoura.

...Apesar de taes carínhit.Na escola sou o primeiroDa turma._,. dos ievjdmhos.

1. D. A

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Março — 1931 — 25 O TICO-TICO

O anão egoistaEra uma vez um anão muito rico c egoista que vivia

no seio de uma floresta.Comia comidas estragadas para não gastar muito di-

nheiro e não dava uma moeda sequer' a um pobre des-

graçado que estivesse a morrer'de fome. Certa vez soube

que S. M. o Rei ia almoçar com elle, ficou furioso e co-meçou a praguejar, mas emfim não teve outro remédiosenão preparar o almoço. Como comia comidas que os

porcos seriam capazes de recusar, procurou fazer cousamelhor, mas com muita pena de ter gasto dinheiro a mais.

Eram 11 horas quando ouviu que uma sumptuosa car-ruagem havia parado á sua porta, ergueu-se e foi abrir.

Primeiro entraram o rei e a rainha e depois a sua

guarda de honra.Sentaram-se á mesa e o anão foi buscar a comida, pois

não tinha criados, pois elles exigiam um bom ordenado e

aquillo para o anão era uma enorme fortuna.Mal poz a comida sobre a mesa um máo cheiro ei-

palhou-se pelo ambiente e o rei a muito custo poude ve-

rificar que era da comida que estava estragada.O rei mandou que conduzissem o anão para o palácio,

pois desejava saber por que motivo elle passava aquellavida de porco, e elle tremendo de medo, pois sabia que o

rei era justiceiro, respondeu que era pobre e não tinha di-nheiro nem para comer.

Immediatamente a sua casa foi revistada pelos so'dadosdo rei, que lá encontraram uma enorme mala cheia de di-

nheiro e o rei o distribuiu entre os pobres da cidade. E

O "mão ficou na miséria e foi obrigado a esmolar para comer.E assim devem ser castigads todos os avarentos.

Rachel Monassa

Os typos de Ibeíleza

em min natal raEleplhantes

»- ^^ ty ¦?. -_0"'' '' A ' '«í i.'1| >

O elephante anão — (Desenho de Addison)

Foi por volta de 1905 que a concepção popular do elephanteser gigante desappareceu em virtude da descoberta de umaraça pigniéa desses grandes animaes. Encontram-se nas fio-restas do Congo, na África Occidental, e devido aos seushábitos aquáticos, são conhecidos pelos nativos como "ele-

phantes dágua". Os adultos têm pouco mais de cincopés de altura.

dr^mr W !>-^_*,i''_ír_

A -Hi-S^----/

I 3 11130. Pr.micr Synillrate, Inc, ,Cl»_ nntuin rlm.tí rMervid

Em Burma, na índia, er pescoçc comprido constitue signalde rara elegância, principalmente quando a moça usar umagargalheira constituída por uma porção de anncis de cobre.

Parecer e ser(Trad. do italiano)

GIACOMO LEOPARDI

Ninguém c ridículo, senão quando quer parecer o querão é. Ò homem do povo, o ignorante, o rústico, o doente,o velho não são jamais ridículos quftndo se contentam deparecer tal qual são e se mantêm dentro dos limites cs-tubclecidos pelas suas qualidades, cm vez do velho quererparecer joven, o doente são, o pulne rico, o ignorante fin-gir-sc de Instruído e o rústico de homem da cidade. Osdefeitos physicos por mais gravei que fossem, não provo-cariam senão um riso passageiro, se o homem não se es-forçasse por cscondol-ns e não quizesss parecer isentestfelles, o (|iic quer dizer diffcrente daqtiillo qne realmente c.

Quem observar bem, verá que os nossos defeitos epechas não são tão ridículos, pias ridículos são as arti-manhas que empregamos para oreullal-o' e lim-ir não oiter. E, geralmente, querer ser o que r.So somos é agoa;i.'ul,'ivel no inundo e só isso ba.sla para fazer rir insopita-vdnicntc uma infinidade dc pessoas que seriam aiuabi'issimas,pt nós nos contentássemos de sermos nós mesmos. Não s.iosomente as pessoas, mas grupos e até populações inteiras:eu conheço diversas cidades provincianas, cultas e flores-centes que seriam haslatite agradáveis aos visitantes, senão fosse a horrivél imitação que tentam fazer da capital,querendo parecer o que não são, cidade, capilal e naoprovinciana,

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O TICO-TICO — 26 — 4 — Março — 1931

AS AVENTURA9 DO RATINHO CURIOSO(Desenhos de Walt Disney e 17, B. literlt» exclusividade para 0 TICO-TICO, em todo o Brasil)

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— Ratinho Curioso, minhas felicitações pelo lindo campo de sports. M_r.__ ria cidade estáaqui! Olhe só que belleza! A bicharia...

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v; •»* -k? n v>. ¦ - . _r a t • t

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<__^___ vJw. ^Y_í//"^»i^*^___*^-—~_r*?_SS=»-.

-...toda está jogando golf! — Ha uns pequenos desastres. Umasbolas vão cahir na cabeça de alguns bichos. São os...

contratempos do sport — Como vae, missPorca? Está jogando sozinha? — F verda-

¦*_..- *

*** ' -5-.. < '*¦

íiSe»,____ .^^ff_rj_^arjr_.«_- as&íKTesr_.

...sua reclamação ao Ratinho Curió*so. E Ratinho Curioso viu, de reoen-te. vasio.o campo de sports.

-Vou annunciar um "match" sensação, um "metch" oue vae ô"«¦"'osso! que {alar.agora! Um "match" d. (Continua)

O /.wo <fas senhorinhas — CII NE ARTE-ÁLBUM

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Março - 1931 27 — O TICO-TICO

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0 aviador portuguez Tenente Sarmento Pimentel flcom sua senhora e os seus seis filhinhos. W wMÊ fl

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Marianinha,filha docasalJosé LebancoRio Preto,São Paulo.

Mareio, filhodo casalAmynthas VidalGomes.Itajubá,Minas.

Regis,filho dn casalMaluf-Palombo.- Rio. —

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O TICO-TICO 28 4 — Março — 1931

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— SAO PAULO „„,,,,.IGNACINHO e MARIA,

íilhos do Dr. Pio Ottoni.

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GEO LAR. V -. *> jtflL^É^I

filho do Sr. Eugênio Weidlich. \gr;- WJ& ¦'WT^mm

CARASINHO f^f JÈxa\ Boi

— TAUBATE' . ^'W^a M f-

/OSÉ, tft/77/, APPARECIDA, PERY e RENATO, filhos do Sr. F. Silveira Barbosa.

D. Regina Bello Ottoni, rodeada de

Lecy. Celina e Ignacinho, seus encan-

tadores filhinhos.

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4 — Março — 1031 — 29 — O XlüO-llCü

•A. 33 jfiLVivia numa oceasião em certo rei-

no um pobre moleiro que tinha umafilha lindíssima, cuja sagacidade etalento não valiam menos que a suaformosura. Estava o moleiro tãoenraivecido e orgulhoso com ella,que disse um dia ao . rei daquellasregiões que a sua filha era capazdc tirar fios de ouro se a piuessema fiar palha.

O rei era muito invejoso, e, ao es-cutar a fanfarronada do seu subdt-to, ordenou que a joven fosse con-duzida á sua presença. Chegou ajoven e o rei levou-a a uma habita-ção onde havia uma grande quan-tidade de palha. Deu-lhe uma rocae disse-lhe:'"Se tens algum amor á vida,- fiatoda esta palha até amanhã, trans-formaiido-a em fios de ouro".

De giiada valeu que a pobre moçaaffirmasse que não podia realizartal maravilha; a parte da casa foifechada com sete voltas dc chavese a joven ficou sozinha.

Presa da maior affl.icção, .deixou-se cahir nunía cadeira e desatou achorar perdidamente; mas eis que,sem saber como se abre a porta doquarto, e entra nelle, coxeando, umhomemzinho ridículo, que lhe diz:

"Bons dias, minha filha, por quechoras?""Ai!"

gemeu a desgrapada, "por-

que tenho que fiar toda essa palha,transformando-a em fios de ouro.€ não sei como hei de fazer".

"Que me darás tu se eu o fizer?"• "Dar-te-ei o meu collar".

Pegou-lhe o anão na palavra epoz-se em seguida a dar voltar á ro-ca; e assim, cantando alegremente,em breve todo o montão estavatransformado em reluzentes fios deouro fino.

O rei, quando no dia seguinte en-trou no quarto, ficou surprehendi-'do e encantado perante aquelle es-pectaculo phantastico; mas a sededo ouro despertou no seu coração etornou a encarcerar a infeliz moça,encomendando-lhe nova tarefa.

A joven, ater; ada, sentou-se afchorar outra vez, mas o anão appa-receu de novo e disse-lhe:

"Que me darás tu se eu o fizer?""6 anel que trago no dedo", res-

pondeu cila.; O anão ficou com o anel, e sen-tou-se pela segunda vez deante daroca; e, depois de trabalhar algu-mas horas, a palha ficou íransfor-niado em fios de ouro.

O rei sentiu um extraordinárioregosijo ao contempar aquelle the-souro; mas, não oatisfeita ainda asua cobiça, levou a fillia do moleiroa uma habitação ainda mais ampla,e disse-lhe:"Toda esta palha deve ser trans-formada em ouro durante a proxi-ma noite, e, se te sahires bem daempresa, amanhã serás minha espo-sa".

Quando a joven ficou sozinha, ap-pareceu o anão que lhe disse:

"Que me darás se me encarregarda tarefa?""Já nada tenho", respondeu afo-gada em pranto a infeliz.

••Promette-me então que me da-rás o primeiro filho que tiveresquando fores rainha".

Pensou ella que talvez não tivessefilhos, e, como não via outra solu-ção, accedeu ao desejo do homem-zinho, o qual fiou também o ter-ceiro montão de palha trasforman-do-o, por completo, em fios deouro.

No dia seguinte o rei voltou e, emface do que viu, casou com a mara-vilhosa joven. O primeiro filhoque veiu alegrar aquelle palácio en-cheu a rainha de tão grande regosi-jo, que esqueceu por completo, apromessa; mas um dia o anão apre-sentou-se no palácio e exigiu-lhe ocumprimento da sua *

palavra. Emvão lhe offerccia ella todos os th-?-souro.. do reino em troça do seu fi-lho; mas as suas lagrimas, por fim,conseguiram commovcr o homcmzi-nho, que lhe disse:

"Se ao fim de tres dias fores ça-paz de acertar com o meu nome, de-volver-te-ei a palavra".

Não poude a rainha conciliar emtoda a noite o somno, pensando no9nomes mais raros que jamais ouvi-ra, e enviou por todo o paiz man-

sageiros que trouxessem outros no-vos.

Quando, no dia seguinte, o anãoappareceu, começou a rainha a cha-mar-lhe quantos nomes poude re-cordar; mas a todos respondia elle:

"Não é esse o meu nome".No segundo dia começou a rainha

a chatnal-o pelos nomes mais f-s-trambolicos que tinha ouvido em to-da a sua vida; mas o anão respjn-dia:"Não me chamo assim".

Por fim, no terceiro dia, regres-sou um dos mensageiros que a rai-nha mandara a tomar nota de no-mes extraordinários, e disse á suasoberana:

"Hontem á noite quando eu tre-pava por uma collina, escondida en-tre as arvores da malta, descobriuma miserável cabana, a cuja portaardia uma fogueira, em redor daqual bailava sobre um só pé, umhomemzinho ridículo que cantavaesta canção:

Teremos festa de estrondo,¦ Bailae, mocinhas,, bailae; •

Vejo um palácio realAlta dama que delle sae}A' festa do aiiãozinhoElla vae!Não descobriu a rainhaQue o meu nome é Barabay!

Ao ouvir isto a rainha ficou loucade alegria, e, quando chegou o anão,no dia seguinte, disse-lhe: (

Chamas-te João?""Não". .."Teu nome é José?""Também não é"."Então chamar-te-âs Barabay?""Só uma bruxa te poderá ter dito

o meu nome!" gritou furioso oanão, dando tal pancada com o pénoa solo, que para o desenterrar te-ve que empregar a força das duain.ãos.

Depois fugiu furioso e envergo»filiado, ao ver que todos se riamdelle, por haver querido abusar dasituação afflictiva em que encotv»trará a rainha.

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O TICO-TICO 30 — 4 — Marco — 1931

O GIGANTE DE OLHOS MAUSPorque elle fosse um homemzar-

rão alto e forte todos o chamavamde gigante, e por ter sempre o sobre-cenho carregado diziam que elletinha "olhos maus".

Affirmavam alguns que o gigail-te possuía um poderoso fluido ma-gnetico no seu olhar, hypnotisandoaquelles para quem olhasse firme-mente e lhes transmittindo sua von-tade, sem pronunciar uma palavra.

Velhas supersticiosas o taxavamjettatore, isto é: homem que trazdesgraça comsigo e de quem basta'um

olhar para attrahir malefícios equebrantos sobre uma pessoa oucousa.

Espalhara-se na aldeia essa máfama e tanto bastou para que asmães receiosas e crédulas em bruxe-dos e sortilegios escondessem doolhar do gigante seus filhos peque-hinos, pois muitas attribuiam ao seu"mau olhado" as doenças inexplica-veis dos garotinhos após a simplespas?agem do homemzarrão pela suaporta.

Essa lenda tomou vulto e o pobregigante, dentro de pouco tempo seviu escorraçado pela população su-persticiosa e ignorante da aldeia.

Isto o fez ficar rancoroso e mau,indo se refugiar na floresta proxi-ma e se fazendo ahi lenhador.

O producto do seu trabalho eravendido aos moradores de outros

povoados distantes onde não chega-ra a má fama que involuntária-mente havia conquistado.

Certa vez, ao escurecer, encontrouperdido na floresta um pequeninodos seus treò annos.

Prevenido como estava contra ahumanidade nem quiz olhar o ga-rotinho e seu primeiro movimentofoi abatel-o ali mesmo com um gol-pe certeiro do seu rude machado.

A creança, entretanto, na sua in-nocencia, ergueu para elle os olhi-nhos limpidos e balbuciou esta sim-pies palavra:

— Papae!Aquel las duas syllabas tiveram O

poder de dissipar a cólera que en-chia o coração do gigante que to-mou nos braços a creança, levando-a para sua cabana.

Desde esse dia sua vida se modi-ficou inteiramente. Cercava de ver-dadeiros carinhos paternaes o pe-quenino que se lhe affeiçoara pa-gando-lhe a dedicação com o mes-mo affecto.

Houve, certa vez, uma festa naaldeia de onde elle viera escorraça-do, e o gigante, mais para distrahirseu filhinho adoptivo com os jogose divertimento de arrayal, do quepara se divertir a si mesmo, — foiaté lá.

Grande surpreza lhe estava reser-vada: Uma mulher do povo, ao ver

a creança que elle carregava aohombro, exclamou radiante:

Meu filho!O pequenito a reconheceu, gritan-

do também:Mamãe!.. -.

Interpellado, o gigante explicouque havia encontrado aquella. cre-anca perdida na floresta e, compa-decendo-se de sua desdita, cuidaradelia, com o maior carinho, atéaquelle momento.

A pobre mãe, muito feliz por tor-nar a ver seu filhinho que já julga-va morto, não sabia como agrade-cer ao homemzarrão que não dese-

java agora se separar do pequenotambém já muito affeiçòado a elle.

— Não diziam aqui que eu tinha"maus olhos" e fazia definhar ascreanças para as quaes olhasse?...Ahi está seu filho gordo, sadio ebem tratado por mim.

Não será preciso dizer que a len-da funesta em torno dos maus olhosdo gigante se desvaneceu e elle vol-tou a viver na aldeia, ao lado doamiguinho que salvara da morte,perdido na floresta e todas as mãesfaziam agora questão de que ellebrincasse com seus filhos, carregan-do-os aos três e aos quatro nos seuslargos hombros de athleta-

TRANCOSO

urso slt,uI

^"•^ ^V ai.Tjm.T' —_i <———y.i-MH_%> ,¦**?¦, ' J

O urso azul — (Desenho de Addison)

O urso das geleiras, do Alaska é muito raro, e alguns na-turalistas o consideram como uma phase da côr do ursocrtmmum preto, mas que, pelas appaiencias, parece con-

stituir uma raça distincta.

O incorngiive!Foi unia falta grave. Em tom severo,Didactico e solemne, o reprehendeO professor, de óculos, austeroE o Zito, olhos no chão, não se defende.

Num gesto de culpado, assás sincero,A cabecita graciosa pendeSahe que até o aguarda um grande seráE, cabisbaixo, á punição se rende.

E, vendo-o pensativo, o professorVae jurar, mesmo, que ouve com fervorTantas pa'avras paternaes e amigas,

Quando o garoto diz, compenetrado:— Naquelle buraquinho, ali, ao lado.Entraram já noventa e seis formigas...-.

Heitor Cavalcanti

DO CHIQUINHOVeja. vovô, eu sei fazer duas cousas que a ti são

impossíveis...Quaes sãorCrescer e pôr as mãos nos cabello*.

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4 — Marro — 1931 31 — O TICO-TICO

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RESULTADO DO CONCURSO N. 3.517

I ivA*wJ^Êfr£' \J-„^M 0 }\

V \í' v*Cc__^_*,'n/''v?'^__-A. /

A solução exacta do concurso

tSotuctonistas: — Maria d'e Lourdes Reis,Eilmir Vasconcellos Teixeira, João Macielde Moura, Amor Anad, Eunice Alves, Bea-triz Gitirana, Francisco Ferri, Jonne Reis,Alvayr Braga Esteves, Joio Goulart Ju-nior, Lygia de Souza Pannaen, Mario Os-•waldo da Silveira Magalhães, José ReclcCabral, Cteantho Denys Santiago, YolandaGarraslno, Hélio Eiras, Cybelle Maria Bra-Ea da Silva, Edward Porciuncula, HélioIsmael Branco, Wilson Menon, Ivan Fran-co, Sara Portella, Washington Kepler Al-

Tá vendo, n_a~mãesinha !...

mmW^'^

"Quanta criança fica com ospél aleijados só porque o» paes sedescuidam na escolha de um cal-çado próprio para os seus dclica-dos pesinhosl"

E' por essa razão que o Tico.Tico aconselha o uso das lindas,resistentes e confortáveis alperca-tinhas,

fabricadas por processo scientifi-co e de uma belleza incomparavcl.

Vendem-se em todas as boascasas da Capital e dos Estados.

ves de Brito, Orossinbo Fulgencio, RubloB. Gamara, I.ulz Gonzaga de Mattos, Sld-ney Camargo, Antônio Pimentel WInz, Ne-ly Berto, Gilda Linhares, José Weksler,Ivo Gonzalez, José Maria de Arruda No-nita, Joaquim de Almeida, Lygia TavaresBastos da Cunha, Lúcia Tavares Bastosda Cunha, Dulcidus ' Carvalho de Moura,Leny F. Tereira, Hilda de Souza Nápoles,Fernando Octavio da Costa, Lucy Luna,Oswaldo Cavalheiro, Jean Cheramy, Yo-landa Barros Freire, Mercedes Pereira Go-mes, Antônio de Medeiros, Jofto Baptistados Santos, Laura Andrés Pinheiro de OU-ve:ra, Álvaro Barbosa Corrêa, Hassib Mes-ched, Lia Biolchini, Carmela Esposlto,Noemia Silva Mello, Walter de Andrade,Bracclnin Bracclnl, Octavio José Pagano.Marina Vaz de Lima, Antônio Custodio deAlmeida, Siomara de Figueiredo, ElisabeihWilmers, Thereza. Rodrigues Pereira, JoiloBaptista Borges, Fernando Paulo SimasMagalhães, Frederico Antônio Souto, De-e:a Monteiro Santoe, Rubem Dias Leal, L.da Siebermeister, Celeste Yedda de FariaPinto, Antônio Core, Sylvia Paiva Feriei-ra. Abilio Lessa Filho,. Maria Julla Aqui-no Leite, Léa Lacerda, Gcrber Serpa Al-vim, Affonso Gomes Barbosa, TherezinhaG. Braga, Juarez G. Ferreira, Carlos P.Andrade, Marcello de Souza Lima Leitão,Niso Ribeiro, Alzimar de Araujo Cunha,Adelia Machado. Esmeralda Valente, RitaFerreira Cima. Eurides do Carmo Werme-llnger, Antônio Pedro S. e Silva, Ayrton

[jfj^rj 0WID0M4aPIO bt4oo

Sa dos Santos, Epltnolo Alexandre das Ne-ves, Erlesson Linhares, Newton CamposFigueiredo, Douglas Stang, José BernàrdesPefla, Lalr Rodrigues, Marcos Z. Yolmo-.vlck, Necy Ferreira, Murlllo Ueltrilo P«n-tes, Jorge Carvalho de Figueiredo, Fran-cisco de Moura Brandão, José Luiz Mo-reno, Theophllo B. Ottonl, Elisa WMches,João Carlos Guise Filho, Gilberto UiiIuti»Gonçalves Pereira, José Antônio Mnthins,Helena da Fonseca Lopes, Roberto Rocha,Gerson Noronha, Jennne D'Arc Moraes,José Francisco Pombo do Amaral, GeuzaPontes de Miranda Cardoso Ayres, Anto-nio Ângelo do Oliveira, Maria da Concel-«fto Rama lho, Maria José do Lima, IrenoFurtado, Theonllla Noldlng da Motta, He-lio Acquarone, Alcyr Leonardo Pereira,Iréce Marques da Oliveira, Fernando Men-donça do Freitas, Mario Roland MathiasNetto, Ellezer C. Rios, NUza Mendes, Rey-naldo Vasconcellos Ferreira, WaldemarTeixeira Bastos, Antônio da Silva e Sou-za, Rosa Lopes, Llbette Lopes, Benlcto deDomcnico, Sebastião Carneiro Lopes, LúciaSysah Milton da Silva Vieira, Patina l''T-nandez, Lvgia Santos. Cyro Raymundo doFreitas, linha de Figueiredo LObo, LenyCarneiro de Sa, Maria José Medeiros,Yvonnette Paes de Lima, Hnencl C. Fer-reira, Orchldía Pereira de Oliveira, Frnn-cisco Pereirn, Gastão Rodrigues Filho, Pai-myra Teixelni. Rnmolo dWlcssnndrn, Ve-ra Davld de Sansan, Floriméa Pereira da

Fonseca, Renato Tonrlnho Dantas, JoSoCarlos Tourinho Dantas, Francisco Ernestoto de Bulhões Carvalho, Wladlmir SantoaMello, Marina Elisabeth Lobo BarbosaCarneiro, Antônio Laercio Dias, FernandoKuntz, Mauro Defcu, Carmen Maria, Syl-vio Colle, Emílio Colle, Sylvio Eugênio daCosia. Alayde de Oliveira, Jayme da Coa-ta llnsios, Juracy Pereira de Faria, HaloFelJO, Amélia ca Costa Ferreira, AlfredoPereira dos Passos, Edgard Berllnek Pen-teado, Lauro da Rocha Pitta, Maria deLourdes Araulo 1'essftn, Eldah Duarte, Nel-se Hlbelro Guerra, Maria José V. CondeFigueiredo, Roberto de Brltto Pereira,João Baptlsla oa Silva, Maria Helena daCosta, José de Araujo Pinheiro, Ida DoCouto, Marina Tnipanl, Alcides JonasMoreira, Yole Vlsette, Talitha Alves deOliveira, liaria Eugenia Barreto, RubensP. Somes, Antenor Souza, Maria G. M.de Abreu e Lima, José C. Sampaio Cor-réa, Walter Marques Patrocínio, José II-defonso I3art«jsa, Saloman Tobatc, CecíliaA. Lima Figueiredo, José Goyta, Antôniode Paula Vieira, Herminlo Rubinl, BabyDay Edr.a Esper, Moacyr LlsbOa, AlicaSalame, Marilia Fonseca, Dylson BaptistaDrummond, Esmeralda Teixeira de Mello,Mario Affonso de Oliveira, João Rofino,Fructuoso de Carvalho Cruz, Gilberto Do.rn.n^ues, Ottllla M. Stlcbler, Jullo Villanl,Irias Marins de Vasconcellos, TelmozinhoFraga Coelho, Dulco Sampaio Tavares,Narbal Lelinskuhl, José Francisco H. de.Souza, José Faz Ferreira. Uva MacedoBraga, Danton Pcscadinha, Renato Gsrma-no Born, Luiz Gonzaga Magalhães. Na.rC. Pinto, José Maria Ferreira d» Silva,Aguiar Dutra Filho, Luiz Pltta. WaldenéaSampaio Concei<;i1o, Jacopo Ntf*r» TMJO,Sebastifto D'Angelo Casianhera IracemaFerreira de Souza, Jordão Roglnato, Wi-nlcio Naleplsiskl, Milton Dezouzart Cardo-so Maria Dutra do Lima e Silva,. Haru.-do' Cintra, Roíluvnllio Rego Souto, AmaniesB da Conceição, Waldemar Hoffmann,Tzílda Mendes o Almeida, Lindolpho Mar-tins Ferreira Neto. Haphaela Centeno Ma-ranincky. Colia Borges Carlos NtttO, AlílSoares Vlllares. Salvador Pezzlnl. Menedl-cto Amado dos Santos, José Vnlves Vep-po Manoel Azevedo Souza. Neyla Leal.

AVISOAfim de regul-rizarmos a

remessa pelo correio, das

nossas publicações, solicl-

tamos a todas as pessoas

que as recebiam, enviar

com urgência seus endere-

ços ao escriptorio desta

empresa & rua da Quitanda

n.° 7 — Rio de Janeiro.

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O TICO-TICO — 32 — 4 ¦-- Marro — 1931

*i**<ift_ Chimico

PÊ«1 Silva Sil

4_*t vesra

TENDES FERIDAS. ESPI-NHAS. MANCHAS, ULCE-RAS. ECZEMAS. emfim qual-quer moléstia de origem SY-

PHILITICA?usae o poderoso

Elixir de Nogueira

do pharmc*

João da

GRANDEDEPURATIVO DO SANGUE

Vinho Creosotadodo Pharm. Chim.

João da Silva SilveiraPODEROSO POR-TIFICANTE PARAOS ANÊMICOS EDEPAUPERADOS.Empregado com sue-cesso nas Tosses,Bronchites e Fraque-

za geral

Mario Fionda, Sylvia Figueiredo, Ophlr Ca-yaleante, Yedda Regai Fos.ollo, AttilioEugênio Monteiro de Barros, Francisco A.Cabral, Maria Esther de Carvalho ClovisSantos Arruda, João Jorge da Barros An-tonio K. Mattos, Orlando E. Mattos, Sin-vai Silva, Arnely Pedroso de Lima, MarioAssumpção Silva, Webster Frtseh Arthe-nlza Ribeiro Weismann, Zaka Tacla Ru-bens Antônio Dias de Mello Moraes' Au-relio do Rosário, Helena Braz, Roberto.onça. Theocrlto Johnson, Theopomj»Corazza, Berenice _»isbOa, Sebastião Men.Johnson, Renato Marques da Cunha, Wal-ter dos Santos. Roberto Medeiros.

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-*Wr_ |"«Mr* '-<_?¦¦—i

Foi premiada, com um lln.o brinquedoa concurrentes

NEYLA LEAL

de 5 annos de idade e residente â rua Fio-riano Peixoto n. 365, em Petropolis, Es-tado do Rio de Janeiro.

RESULTADO DO CONCURSO X. 3.5_2Respostas cerws:

1» — Jucá — Caju.2» — Cavalla.3» — Roma.4« — Pião..» — Caju.

Soluckmistaa: — Juarez Q. Ferreira,Lygia Santos, Gerber Serpa Alvim, Orchi-áèa. Pereira de Oliveira, José Maria Fer-reira da Silva, José Mauricio Cardoso Bot-to de Barros, Maria Apparecida B. San-tos, j__ui__ Gonzaga, Francisco Augusto deS. G. Galvão, Aléa Soares Villares, AttilioEugênio Monteiro de Barros, Yolanda Bar-ros Freire, Dulcsdes Carvalho de Moura, _Edmir Vasconcellos Teixeira, Uva Macedo"Braga, José ue Araújo Pinheiro, JuracyPereira de Faria, Rubem Dias Leal, Ay-more Dutra Filho, Dylson Baptista Drum—mond, Nelly Berto, Sylvio Ney de AssisRibeiro, Antônio de Medeiros, Aurelia Wil-ches, Elyethe de Almeida Athayde, AyrtonSá. dos Santos, Dina Maria das Neves,Frederico Sanchez Renné, Amariles B. òaConceição, Myara Aragão, Roberto deBrito Pereira, Helia da Fonseca Rodri-gues Lopes, Yedda Regai Possollo, Mauri-cio C. de Lacerda, Braccinin Braccini,' Arnely Pedroso de Lima, Oswaldo Cand'.dode Souza, Webster Fritsch, Hilda de Sou-za Nápoles, Elza de Souza Nápoles, NilzaCunha, Myrian Caldas Vianna, Zake Ta-cia, Argone Mafra, Celeste Yedda de Fa-ria Pinto, João Pagano, Eõwar Porciun-cuia, Semiramis da Silveira Dutra, Yvon-ne Reis, Matio de Aguiar, Wilson Ro.lri-gues Vianna. Wanda Lima da Costa, Aí-foriso A. Costa, Irecê Marques de Oliveira,Fernando Mendonça de Freitas, Ary Barbo-sa, Roberto Rocha, Neusa Guimarães,Maria Neuza Oliveira Lima de Menezes,Leny Carneiro de Sá, Yvonnette Paes deLima, Maria Eugenia Barreto.

Foi premiado, com uma bella EUrprcsa.O concurrente:

MARIO DE AGUIAR_e 8 annos _e idade e residente a rua Ge-neral Roca n. 178, nesta Capital.

CONCURSO N. 3.531PARA OS LEITORES DESTA CAPITAL K DOS ESTADOS

E E I A ST N D T R

Com as letras do quadro junto vãoos nossos amiguinhs formar o appe'lidode uma grande figura da nossa his-tona.

A so'ução do concurso deve ser en-viada á redacção d'0 TICO-TICO,separada das úc outros quaesquer con-cursos e acompanhada não só do valen. 3.531 que vae publicado a seguir

com declarações de idade, residência eassignatura do concurrente.

g^LT1SL^"TTtT"*^* ¥"****_.__¦ ¦¦

J^ __J__ ^J ^_^Bl____k ' _*V _____

Para este concurso, que será encer-rado no dia 3 de Abril, daremos comopremio, por sorte, entre as soluçõescertas um rico livro de leitura infantil.

CONCURSO N. 3.532

PARA OS LEITORES DESTA CAPITAL BDOS ESTADOS PRÓXIMOS

Perguntas:

1* — Qual a localidade do Estadodo Rio de Janeiro que manda a avecantar?

(4 syllabas)Jorge Santos

2* — El'e é cerealE'la é medida.

(2 syllabas)Odette Silva

3a — Qual a cidade do Ceará quetem nome de cobra?

(3 syllabas)Álvaro Reis

4a — Qual o dente que nasce nabocea?

Antônio Meirelles5" — Qual o pé que não pôde ser

calçado?AWaro Cunha

As soluções devem ser enviadas aesta redacção devidamente assignadas,separadas das de outros quaesquer con-cursos e ainda acompanhadas do vaen. 3.532.

Para este concurso, que será encer-rado no dia 23 do corrente mez, da-remos como premio, por sorte, entre a_soluções certas uma surpresa.

V*I_Bi».v« A. oCONCURSOmi. 3.532

PÍLULAS

____ » — m m Já __L —TrWaT è __TXStkTm í—1\

(PÍLULAS DE PAPAINA E PODO».HYLINA)

Empregadas cora successo nas mole»,tias do estômago, figado ou intestinos.Essas pílulas, além de tônicas, são indi-cadas nas dyspepsias, dores de cabeça»moléstias do figado e prisão de ventre.São um poderoso digestivo e regulari»zador das funeções gastro-intestinaes.

A' venda em todas as pharmacia*.Depositário: João Baptista da Fonseca.Rua Acre. 38—Vidro 2$5.._, oelo Correio3J0O0 — Rio de Janeiro.

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4 — Março — 1931 .33 O TICO-TICO

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A gaiOâElhai e o pintoVê que bellezaEsta "pelada",

E' com certeza..Penna niolliada.

Ha alguns dias.Cacarejandc",'Nas manhãs frias,Vinha .voando, , •

Ver se encontrava,Grãos dc bom milho;Eogo que achavaDavi p'ro filho.

Vê como é bòa,Esta gallinha,üra ella võa,Ora se aninha,

Abrindo a aza,Cobre o filhinho;Na simples casa,Dorme o pintinho-.

Dum só pintinho,Ella anda ao lado,E' do filhinhoIdolatrado.

Renato Coelho

A pobreHavia uma pobre velha que já

contava quasi um século de vida.Gostava d e sentar-se á porta d e

uma igreja, para pedir a sua esmo-Ia. Uns, vendo a situação em quese encontrava a velha, davam-lhe es-mola de bom coração; outros, sem selembrarem que o nosso Deus é jus-to, soltavam-lhe palavras rudes, eella, coitada, sem dizer uma pala-vra, entristecia-se e chorava muno.

Um dia, estando sentada á portada igreja, vê perto de si duas me-ninas brincando. Uma era rica e ou-tra era pobre. A rica ao ver áquellapobre velha á pedir esmola, tira dobolso umas moedas e dá-lhe. A ou-tra vendo que não tinha uma moedapara dar, chora, e, ajoelhando-se bei-ja a mão da velhii-

Moralidade:

Não só da mão sabe a esmolacouro também do coração.

Lauro da Rocha Filia.

\TfOSlISONenhum escriptor ou contista

tirnsil.iio devo deixar de concor-

rer ao Orando Concurso de Con»

tos promovido pela revista "Para

todos..." eom ^rondes prêmios

em dinheiro, cujo total ultra-

passa a cinco contos de réis.

Leia em qualquer numero de*.

sa revista, em paginas Inteiras,

as condições c. ha sou pelas quaes

o reptldo osso "certamen", que

so encerrar& Impreterlvelrnente

no dia 20 de Maio.

O mm.o g cji u 31 oDize, mamãe adorada,

Tão bondosa, minha amigaiPor que ficaste enfadada,Quando matei a formiga?

Observaste: — "Filhinho 1Que maldade, meu amor!Que te fez esse bichinho.Arrastando áquella flor?"

E, sem razão... acredito,Pois nem ao menos poisava,Mataste agora o mosquitoQue de mim se approximava!

E por que, mamãe querida,A formiga deve terMais direitos pela vida?Responde... quero saberI '

Trabalhando, tão activa,O alimento preparava;Pressurosa, inoffensiva,Nenhum damno te causava!

Ao passo que este mosquito,Que tu me viste esmagar, -:Traz um micróbio maldito, « •«Que nos tra ismitte, ao picar...-

Attende, pois: não devemosMaltratar animaezinhos; •Porém matar nós podemosÁquelles que são damninhos...

Virgílio Cardoso de Oliveira,t

(Do livro "Mosaico Infantil")

^^^^^M-W^WMMM^*******************^^**^**

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_^t=rfrr.

i jff / IA V \ ' I \\ Conc' s' Joa° ¦"¦ Lelra c*

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O TICO-TICO — 34 — 4 — Março — 1931

ORAÇÃO DASenhor, Tu que ensinaste, perdoa

que eu ensine; que use o nome demestra, que carregaste sobre aTerra.

Dá-me o amor único da minhaescola; que nem a destruição dabelleza seja capaz de roubar-lhe mi-nha ternura de todas as horas.

Mestre, faze duradouro o fervore passageiro o desengano. Arrancade mim este impuro desejo de justi-ça que ainda me turva, a mesqui-nha insinuação de protesto que só-be de mim, quando me ferem. Nãome dôa a incomprehensão nem meentristeça o esquecim**-!.... das alumrnas que ensinei..

Dá que eu seja mais mãe do queas mães, para poder amar e defen-der como ellas o que não é carne deminhas carnes.

Dá que eu consiga fazer de umade minhas pequeninas meu versoperfeito e deixe nella cravada mi-nha mais penetrante melodia, paraquando meus lábios não cantemmais.

Mostra-me a possibilidade do teuEvangelho no meu tempo, para quenão renuncie á batalha de cada diae de cada hora por ellle.;

Põe em minha escola democrati-

ca o esplendor que aureolava a tuaronda de meninos descalços.

Faze-me forte, mesmo em meudesamparo de mulher pobre; faze-me indifferente a todo poder quenão seja puro, a toda pressão que

DIGA,«ou fílhinho:CMO-MILM-NAIviTA OS ACC.DEI.TES OA-At* DENTIÇÃO «FACILITAA jt AH IDA DOS DENTES.fm lbt/at cj PAarmacra-»

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não seja a de tua vontade ardentesobre a minha vida.

Amigo, acompanha-me, ampara-me! Muitas vezes não terei senão ati a meu lado. Quando a minhadoutrina fôr mais pura e mais abra-zadora a minha verdade, eu meafastarei do mundo; porém tu meapertarás então contra o teu cora-

MESTRAç »o, que foi cheio de solidão e des-amparo. Eu não porcurarei senão noteu olhar a doçura da approvação...

Dá-me simplicidade e dá-me pro-fundidade; livra-me de ser compli-cada ou banal em minha lição quo-iidiana.

Dá que eu levante os olhos de meupeito ferido, ao entrar cada manhãem minha escola. Que não leve áminha mesa de trabalho minhas pe-quenas preoecupações materiaes,mesquinhas dores de cada instante.

Aligeira-me a mão no castigo esuavisa-a mais ainda na caricia. Re-prehenda com pesar, para saber quecorrigi amando!

Faze que revista de espirito a mi-nha escola de ladrilhos.

Envolva a labareda de meu enthu-siasmo seu átrio pobre, sua sala des-nuda. Meu coração lhe seja maiscolumna e minha boa vontade maisouro do que as columnas e o ourodas escolas ricas.

E, por fim, recorda-me na palli-dez da tela de Velasquez que ensi-nar e amar intensamente sobre aTerra é chegar ao ultimo dia comoo lançaço de Longino no costadoardente de amor.

GABRI ELLA Ml ST RAL

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4 — Maryo — 1931 — 35 O TICO-TICO

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,AS AVENTURAS DO CHIQUINHOV MUI _^_^ ._ f**/ _ ^mi ¦¦¦¦¦¦» »i i m» ¦"

A sopa de "oneus

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A casa de Chiquinho esrava cheia de visitas O )an«tar ia sendo collocado na mesa. quando o nosso incorrigi-vei heróe, olhando para a grande terrina da sopa. tevff

uma idéa Em companhia de-Benjamim encaminnou-seá despensa e, munido de uma faca. cortou vários pedaçosde uma roda de borracha, de um "pneu" de automóvel

E depois, sorrateiramente, foi & mesa e jogou dentro daterrina de sopa muito quente os pedaços de borracha do"pneu". — Aquellas visitas iam tomar, pela primeira vez,

sopa dc roda de automóvel' Instantes depois, af visitas meçou a tortura das visitas. Todos arrancavam da boc-eram conduzidas á sala de jantar e senrai-am-se rudas cm ca pedaços de borracha que esticava, esticava, hoi umroda da mesa. A mãe de Chiquinho serviu a sopa Come- estadalo' A máe de Chiquinho percebeu iogo que...

...aquillu rudo eraiima rraquinada do filho. As visitas re-tiraram-íe e Chiquinho. dentro dc um quarto, ajustoucontas com um chinelo.