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O Júri Intermediário do Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa 2011 anunciou no passado dia 23 de Maio os nomes dos 50 primeiros finalistas.

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1

A duração do dia Prado, Adélia

O olhar único sobre as coisas aparentemente desimportantes do cotidiano nas poesias aqui registradas revelam a perplexidade e o encantamento da vida, em versos que falam de amor, desejos, frustrações, sonhos. Numa narrativa pessoal, a poeta volta a temas recorrentes em sua literatura: a vida provinciana, a religiosidade, as cores do campo, num espelho de sua própria experiência. Muitas vezes, a autora opta por expor conflitos entre o sagrado e o profano, observados a partir de coisas simples da natureza ou até mesmo da leitura de um texto religioso. O livro traz textos emotivos que, para a escritora, são inseparáveis da criação, ainda que nascidas, muitas vezes, do sofrimento. A autora recebeu o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro em 1978 pela obra "Lança O Coração Disparado", também publicou "Bagagem" (2003).

2

Uma viagem á Índia : melancolia contemporânea Tavares, Gonçalo M., -1970

Este livro pode ser considerado uma epopeia portuguesa do século XXI. Esta obra narra a história de um homem que faz uma viagem à Índia, tentando aprender e esquecer no mesmo movimento, traçando um itinerário de uma certa melancolia contemporânea. O autor recebeu os mais importantes Prémios em Língua portuguesa: o Portugal Telecom 2007; o Prémio José Saramago 2005 e o Prémio LER/Millennium BCP 2004 com o romance - "Jerusalém" (2004); o Prémio Branquinho da Fonseca da Fundação Calouste Gulbenkian e do Jornal Expresso, com o livro "O Senhor Valéry" (2002); o Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com "Investigações. Novalis" (2002) e o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores 'Camilo Castelo Branco' com "Água, cão, cavalo, cabeça" (2006).

3

Passageiro do fim do dia Figueiredo, Rubens, -1956

Esse romance narra um percurso. É o que se opera na consciência do personagem Pedro durante uma viagem de ônibus para o bairro do Tirol, na periferia pobre da cidade onde mora - uma espécie de panela de pressão de violência e injustiça sistemática. É lá que mora Rosane, namorada de Pedro: faz algum tempo que ele passa os fins de semana com ela. Com o rádio no ouvido, lendo a intervalos, observando o que se passa dentro do ônibus e fora nas ruas, Pedro, sem se dar conta, costura as ideias. Ao fim da viagem ele não será mais o mesmo: o que vê e pensa durante o trajeto, os fatos de sua vida, seus afetos, o mundo em que está imerso, tudo reunido terá formado um novo conhecimento, mais profundo e mais crítico, mas que nem por isso o deixará desprotegido numa sociedade em que parece não haver como fugir de um destino opressivo. O autor é formado em Letras pela Universidae Federal do Rio de Janeiro e também publicou "O livro dos lobos" (2006).

4

Um erro emocional Tezza, Cristovao, -1953

Neste romance, o autor narra a história de amor entre Beatriz, revisora de textos, e Antonio Donetti, escritor. Tudo começa quando Donetti declara que cometeu um erro emocional e se apaixonou por ela, quando se conheceram na noite anterior. Para ficar próximo, ele pede que ela o ajude em seu novo romance. Ao longo da narrativa os dois pouco conversam, mas passam e repassam as suas vidas nas lembranças de cada um, criando uma ligação intensa, pelas reflexões e avaliações pessoais. Cristovão Tezza, em 1998 publicou seu romance "Breve espaço entre cor e sombra" foi contemplado com o Prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional (melhor romance do ano). Em 2007 foi publicado seu novo romance "O filho eterno", que recebeu o Prêmio da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de melhor obra de ficção do ano. Em 2008, recebeu os prêmios Jabuti de melhor romance, Bravo! de melhor obra e Prêmio São Paulo de Literatura, melhor livro do ano.

5

Anjo das ondas Noll, João Gilberto, 1946

Este romance narra a história de Gustavo, que vive entre duas cidades, Londres e Rio de Janeiro, e entre duas idades, a infância e a vida adulta. O garoto completa quinze anos exatamente ao atravessar de volta o Atlântico. Regressar ao Brasil significa pisar de novo a "relva da infância" e, ao mesmo tempo, partir em busca da sonhada, embora temida, consciência de si mesmo. Assim, Gustavo que oscila entre dois mundos, não apenas o dos adultos e o da infância, mas aos mundos físicos em que habitam seus pais separados: o pai, escritor no Rio de Janeiro, a mãe, professora em Londres. O jovem não chega a ter traumas dessa cisão. Pelo contrário, às vezes é ele quem, se pudesse, gostaria de se apartar tanto de um quanto de outro. O autor também publicou "Acenos e Afetos" (2008).

6

Desgracida Trevisan, Dalton

Reúne microcontos e cartas do autor, em tons curtos e polêmicos, envolvidos de acidez, humor negro e sexualidade. É dividido em duas partes bem distintas. Na primeira, "Ministórias" é apresentada uma seleção de textos inéditos do escritor paranaense. São, ao todo, 90 microcontos ou microhistórias, um gênero literário em que o autor se especializou. Essa narrativa curtíssima é fruto da idéia de Trevisan, de que ele só chegaria à perfeição literária quando compusesse histórias completas com apenas duas ou três linhas. Na segunda parte "Mal traçadas linhas" são apresentadas 14 cartas escritas num período de 30 anos, dos anos 1960 aos anos 1990, e têm como destinatários figuras famosas do meio literário e também alguns anônimos, conhecidos nos textos apenas por pronomes de tratamento.

7

Interior via Satélite Siscar, Marcos

A obra esta dividida em quatro partes: O círculo e a cor; A alegria de partir; Coisas pequenas e a Vênus da mensagem. Marcos Siscar é graduado em literatura pela Universidade Estadual de Campinas e pós doutorado em literatura francesa pela Universidade de Paris VIII. Seus primeiros poemas datam do início da década de 1990 e viriam a formar o livro Terra Inculta (livro inedito), tém publicado: "Tome seu café e saia" (2002), "O Roubo do Silêncio" (2006), entre outros.

8

Milagrário pessoal : apologia das varandas, dos quintais, e da língua portuguesa, seguida de uma breve refuta-cão da morte

Agualusa, José Eduardo, -1960

Iara é uma jovem linguista portuguesa. Com o auxílio de um programa de computador, seu trabalho é recolher as palavras novas que chegam à língua todos os dias e dicionarizar aquelas que de fato configuram neologismos. Um dia, porém, Iara faz uma incrível descoberta: alguém, ou alguma coisa, está subvertendo a língua portuguesa, a nível global, de forma insidiosa, porém avassaladora e irremediável. Maravilhada, perplexa e assustada, a jovem procura a ajuda de um professor, um velho anarquista angolano de passado sombrio, e os dois partem para o Brasil em busca de uma coleção de misteriosas palavras que, a acreditar num documento do século XVII, teriam sido roubadas à “língua dos pássaros”.

9

Modelo vivos Aleixo, Ricardo

São 75 poemas criados com técnicas diversas e dedicados ao seu amplo universo artístico, no qual linguagens e gêneros dialogam. A seleção captura a tensão entre as fronteiras de gêneros artísticos - todos os poemas representam alguma técnica artística, como a da caligrafia, a apropriação de frames de uma videoperformance, a pirogravura, a letra de canção, epigramas e peças sem palavras. O autor é poeta, músico, artista visual e ensaísta. Publicou, entre outros, os livros "Trívio" (2001) e "Máquina Zero" (2004).

10

O dom do crime Lucchesi, Marco Americo, -1963

Apresenta uma novela policial utilizando a literatura de Machado de Assis, e o contexto social e histórico vividos pelo escritor no Rio de Janeiro do final do século XIX e início do século XX. Passando-se entre 1866 e 1900 a narrativa une autores e personagens da época em um ambiente de mútua interação. O mistério gira em torno do assassinato de Helena por seu marido, o doutor José Mariano da Silva. Um caso que veio a ser julgado e que chamou a atenção da mídia da época. Machado porém, não é o principal alvo, mas decerto aqueles que o inspiraram a escrever seus livros e aqui assumem o palco narrativo Capitu, Bentinho, Escobar, , o Conselheiro Aires e muitos outros que permeiam as histórias de Machado. Ainda que ficção, esse relato funciona como um ensaio sobre a vida do escritor e de suas obras que são constantemente citadas de forma explícita. O autor também publicou "A memória de Ulisses" (2006).

11

O pai, a mãe e a filha Escorel, Ana Luisa

Este livro traz as lembranças de uma menina entre os 4 e os 8 anos de idade, na São Paulo de fins dos anos de 1940 e início dos anos de 1950. Interessada no universo dos adultos que a cercavam, a menina encontra nos contos de fadas, nas histórias de família e no registro de acontecimentos os mais variados, motivos de grande diversão. Ilustrado com desenhos feitos por ela no período coberto pelas lembranças, o texto encadeia narrativas contadas ora pela menina, ora pela adulta que se tornou. Tendo convivido com personalidades do universo artístico e intelectual desse período, ligadas a seus pais, a autora reproduz histórias sobre elas, na maioria das vezes sem citar nomes, dando ao leitor, no entanto, pistas para identificá-las. A autora é filha do escritor, professor e crítico literário Antonio Candido, também publicou "O efeito multiplicador do design" (2000).

12

Ribamar : romance Castello, José

A presente obra é uma mistura indefinível de ficção, memórias e crítica literária, construída em torno da relação turbulenta do autor com o pai, José Ribamar, morto em 1982. A obra acompanha as tentativas frustradas do narrador de escrever sobre o pai, numa versão apenas ligeiramente ficcionalizada do percurso do próprio autor. Determinado a criar um livro a partir dos embates com seu genitor, ele concebeu o projeto de uma série de ensaios sobre conflitos familiares de outros importantes nomes da literatura como Franz Kafka e Virginia Woolf. O autor é mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e também publicou a obra "Fantasma" (2001).

13

Os íntimos Pedrosa, Inês

Afonso, Augusto, Guilherme, Pedro e Filipe. Cinco amigos se reúnem num bar de Lisboa, em noite chuvosa, para um longo jantar. Na televisão, assistem a um jogo de futebol enquanto discutem, riem, e falam sobretudo de mulheres. Elas não estão à mesa; a única personagem feminina é Célia, filha do dono do estabelecimento, que conhece bem os hábitos daqueles cinco homens e os serve noite adentro. Mas as mulheres permeiam esse romance de Inês Pedrosa. Elas também mostram sua voz, para contradizê-los, para os ajudar a relembrar amores passados e desilusões.

14

Os anões Stigger, Veronica, 1973

O livro de contos aqui presente é dividido em três partes: "Pré-Histórias", "Histórias" e "Histórias da Arte". A autora dialoga com a história da arte e com a antropologia, mostrando uma fauna de criaturas selvagens, inclusive ela mesma, já que a 'artista Veronica', aparece algumas vezes no livro. Há aqui o deslocamento de textos e situações para o suporte livro, no estilo ready-made, quando uma anotação para uma amiga, um rascunho com um endereço ou um anúncio publicitário, se transforma em arte. Há ainda o diferente registro sobre a mercantilização da arte, como em textos nos quais os nomes de grandes artistas servem de anúncios comerciais. A obra traz histórias curtas bastante curiosas: o caso do casal de anões linchado por furar uma fila e o de um rapaz que é processado por exibir um poema como tatuagem são aqui narrados de forma irreverentes. A autora também publicou a obra "Gran Cabaret Demenzial" (2007).

15

n.d.a. Antunes, Arnaldo

Neste livro, o autor parece tensionar os limites das duas principais direções de seu trabalho poético — nos verbais, experimenta formatos mais longos, de até três ou quatro páginas. Nos visuais, além dos já explorados recursos de variação de tipos, disposição das letras na página, mescla de palavras e imagens; apresentando também alguns poema-objetos, expostos em 2008, em mostras individuais. Todos os versos do autor são amparados pelo projeto gráfico, de sua própria autoria. Traz ainda uma parte de Cartões Postais — reunião de fotos de placas e escritos urbanos que, deslocados de seu contexto original, adquirem poeticidade, gerando novos significados. A sequência das fotos acaba por sugerir uma narrativa oculta, que associa locais diferentes por elos de sentidos imprevistos. O autor é músico e também publicou a obra "Doble Duplo" (2000).

16

Do fundo do poço se vê a lua Terrón, Joca Reiners

Este romance narra a história de Wilson e William, gêmeos nascidos em São Paulo nos anos finais da ditadura no Brasil (1964-1984). Órfãos de mãe e criados pelo pai, ator, os meninos são treinados para atuarem juntos, mas as brincadeiras da infância, porém, revelam que a semelhança dos irmãos é apenas física. William é violento, taciturno e masculino, enquanto Wilson é feminino e dono de inteligência tão sagaz quanto compulsiva. A espinha dorsal do romance é a batalha de Wilson para livrar-se da imagem espelhada do irmão e se transformar numa figura feminina inspirada pelo objeto de sua obsessão, a rainha egípcia Cleópatra, sobretudo como encarnada no cinema por Elizabeth Taylor. Com um estilo ao mesmo tempo cômico e violento, poético e rude, o autor revela aos poucos uma história sobre o amor fraterno buscando resistir à ameaça insistente do signo da morte. O autor também publicou a obra "Curvas de rio sujo" (2003).

17

Don frutos Schlee, Aldyr Garcia

A obra narra, a história do caudilho uruguaio José Fructuoso Rivera (1784 – 1854), parte da estada de 10 meses do caudilho em Jaguarão (cidade do interior de Rio Grande do Sul) para montar seu enredo, acompanhando a longa enfermidade do caudilho – que seguia para o Uruguai, após ficar um tempo preso no Rio de Janeiro. Em seu país, Rivera deveria tomar parte do triunvirato governamental composto por ele, Lavalleja e Venâncio Flores, mas, completamente debilitado, não conseguiu atravessar a fronteira. É desse destino interrompido tão próximo de seu maior objetivo que o autor tira a maior força do romance, que conta o passado de Rivera e das personagens com quem teve contato (entre elas os brasileiros Bento Gonçalves, a quem derrotou em batalha, e Bento Manoel, que o derrotou, os dois fatos durante a Guerra da Cisplatina) por meio de documentos, ordens de expediente e muitas cartas.

18

Minha guerra alheia Colasanti, Marina, -1937

Uma cena de guerra dá início a este livro e à vida da escritora ítalo-brasileira Marina Colasanti. Diante de um altar ao ar livre rodeado por soldados e metralhadoras, casam-se os seus pais. O noivo, fardado, está prestes a partir para mais uma etapa da conquista colonial italiana na África. Este não é apenas um livro de memórias, é um documento. Aqui a autora alia suas lembranças a um intenso trabalho de pesquisa para traçar, através da saga familiar, o retrato de uma época e do conflito que abalou o mundo. O pai fascista, o avô historiador da arte, o tio figurinista, uma cena de ópera, uma filmagem em Cinecittá, se entrecruzam com o avanço dos aliados, a falta de gêneros, um ato de espionagem, o medo e a insegurança. A autora já venceu diversos prêmios literários, em 2010 recebeu o Prêmio Jabuti pelo livro "Passageira em trânsito" (2010)

19

As três vidas Tordo, João

Que segredos cercam a vida de António Augusto Millhouse Pascal, um velho senhor que se esconde do mundo num casarão de província, acompanhado de três netos insolentes, um jardineiro soturno e um rol de clientes tão abastados e influentes quanto perigosos e loucos? São estes mistérios que o narrador - um rapaz de família modesta - procurará desvendar durante mais de um quarto de século, não podendo adivinhar que o emprego que lhe é oferecido por aquela estranha personagem virá a se tornar uma obsessão que acabará consumindo a sua própria vida. Passando pelo Alentejo, por Lisboa e por Nova Iorque em plenos anos 80, e cruzando a história sangrenta do século XX com a das personagens, a obra é, simultaneamente, uma viagem de autodescoberta através do 'outro' e a história da paixão do narrador por Camila, a neta mais velha de Millhouse Pascal, e do destino secreto que a aguarda.

20

Em trânsito Martins, Alberto, 1958

A obra mostra o olhar do poeta em seu trajeto cotidiano para o trabalho e de volta para casa, e em seus pequenos trajetos aleatórios: o que obtém é a percepção contundente da passagem do tempo, dos frágeis componentes da vida, da experiência humana. O autor é formado em letras na Universidade de São Paulo, em 1981. Seu livro “Goeldi : história de horizonte” (1995), ganhou, em 1996, o prêmio Jabuti de obra infanto-juvenil, também escreveu os livros "Poemas" (1990), "Cais (2002), "A história dos ossos" (2005) e a peça teatral "Uma noite em cinco atos" (2009).

21

Esquimó Corsaletti, Fabrício

Este livro reúne poemas escritos entre 2006 e 2009. Esquimó confirma a qualidade e o vigor dessa poesia tão vibrante quanto delicada, uma poesia que consegue ser ao mesmo tempo desaforada e muito suave. O livro contém sessenta poemas, alguns bem curtos, que se articulam e conversam entre si, de modo a não prescindir uns dos outros. O autor graduado em Letras pela Universidade de São Paulo, também escreveu o livro “King Kong e cervejas” (2008).

22

Retratos imorais Brito, Ronaldo Correia de

Divididos em três seções, como a exposição de retratos numa galeria, os contos da presente publicação mostram figuras de homens e mulheres despedaçados, assombrados pela memória e pelo impacto do presente. Mãe e filho numa relação obsessiva, um garoto que sonha o grande mundo, um cirurgião que no momento crítico se sente paralisado. A obra reúne assim 22 contos em que o autor trabalha com o conceito da imagem e da memória. Uma fotografia que pode registrar vários elementos e que tanto documenta o trivial como sugere caminhos para a imaginação. A fagulha, aqui, surge de recordações de infância, do convívio familiar, outras obras de arte e de histórias ouvidas nos hospitais em que o escritor coletou exercendo sua profissão de médico. O autor já venceu o Prêmio São Paulo de Literatura em 2008 pela obra "Galileia" (2008) e também publicou "Livro dos homens" (2005).

23

Memória futura Franchetti, Paulo

O autor esboça um elogio à deusa da memória. Ainda que os poemas nãoestejam alinhados a essa premissa de forma evidente, é possível lê-los dessa forma não apenas em virtude do título da obra, mas, sobretudo, porque o autor privilegia a idéia da memória como esteio dos poemas que compõem o livro. Além das alusões diretas à temática central da obra, existem, ainda, os temas correlatos, como a velhice e a passagem do tempo, sem mencionar a proposta da reflexão pretendida pelos versos do Paulo que é mestre em Teoria Literária pela Universidade de Campinas (1981) e doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (1992).

24

Brasilíada Behr, Nicolas, -1958

A cada poema, letras minúsculas e poucas palavras – suficientes para deslocar certezas e transportar a outra dimensão, não-lugar onde passado, presente e futuro se fundem e a história oficial se turva diante das visões do autor. Então começa o bombardeio de imagens. Os profetas silenciam, o ufanismo se desmancha. Aos poucos, a capital Brasilia desmorona. Em meio às ruínas, o poeta-arqueólogo junta peças da memória e do desejo para reinventar a cidade inventada. O autor em 1977 lançou seu primeiro livrinho e best seller “Iogurte com Farinha”, em 2008 seu livro “Laranja Seleta – poesia escolhida (1977–2007)”, foi finalista do Prêmio Portugal Telecom de Literatura.

25

Memórias de um historiador de domingo Fausto, Boris, -1930

Esta obra é vista, de certo modo, como uma continuação de "Negócios e ócios", a primeira parte da biografia do historiador e cientista político, lançada em 1997. O foco aqui, passa a ser o olhar de um adulto em formação, a partir de sua entrada na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, no ano de 1949, da qual sairia formado em advocacia, profissão que exerceu em paralelo a uma intensa atividade política. Longe da visada meramente sociológica que marcou a historiografia acadêmica durantes décadas, a narrativa destas memórias privilegia personagens de carne e osso, além do anedotário que cerca as situações presenciadas pelo autor ao longo das décadas. Professores e alunos da velha faculdade de direito paulistana, gente comum e anônima dos ambientes de trabalho, da militância de esquerda, membros queridos de sua família, expoentes da intelectualidade acadêmica - são essas figuras que povoam esta obra autobiográfica.

26

Nada a dizer Vigna, Elvira

A obra narra a história de um adultério, do ponto de vista da mulher traída. No início do relato, o casal de protagonistas acaba de se mudar para São Paulo, grande parte dos acontecimentos narrados ocorre em trânsito - na rua, em aeroportos, cafés, hotéis de alta rotatividade - e as conversas cruciais se dão no espaço fluido dos e-mails, chats on-line e mensagens de celular.Temas como lealdade, autoconhecimento e convivência afloram das evoluções do triângulo formado por Paulo, a amante N. e a narradora, cujo nome não é revelado. A autora, é diplomada em literatura pela Universidade de Nancy, França, e mestre em comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, também escreveu “Deixei ele lá e vim” (2006).

27

Paisagem com dromedário Saavedra, Carola, -1973

Autoexilada numa ilha, Érika grava mensagens endereçadas a Alex, seu amado. Nas 22 gravações que compõem o livro, ela tenta reconstituir e compreender seu passado. A perplexidade diante da morte de Karen, e do seu próprio comportamento em relação à amiga, da qual se afastou ao saber que ela estava com câncer, parece ser uma das motivações para o exílio voluntário de Érika e para sua rememoração do passado. No centro das inquietações da narradora está a questão da identidade. Onde começava a sua personalidade de artista e de mulher e onde terminava a influência ao mesmo tempo fecunda e opressora de Alex? Érika se entrega a esse exercício retrospectivo, em que se misturam a memória, a imaginação e um implacável raciocínio crítico. A autora também publicou "Flores azuis" (2008), vencedor do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor romance e finalista dos prêmios Jabuti e São Paulo de literatura.

28

Uma fome Sarmatz, Leandro, -1973

Estruturado em duas partes, "Autores" e "Abandonos", as crônicas neste livro enfocam a vida de judeus durante a Segunda Guerra, assim como dos seus descendentes do autor. Aqui são apresentados retratos espirituosos do absurdo, que desafiam a gravidade do tema, com um certo bom humor. Um absurdo que pode assumir várias formas: um ator que interpreta um suposto Hitler foragido na Amazônia; um enfermeiro delirando diante de um paciente em coma; dois militantes comunistas foragidos na fronteira com a Argentina; dois ex-militantes do Partido Comunista do Brasil, exilados na fronteira com a Argentina; estes são alguns dos temas presentes nestes contos.

29

O único final feliz para uma história de amor é um acidente Cuenca, João Paulo

Este romance se passa em um futuro próximo na cidade de Tóquio e é centrado na figura de Shunsuke Okuda, um jovem funcionário de uma multinacional. Conquistador inveterado, ele cria uma identidade para cada namorada que conhece nos bares do distrito de Kabukicho. Mas sua rotina é abalada pelo aparecimento de Iulana, uma garçonete por quem fica obcecado. Iulana é apaixonada por uma dançarina e mal fala japonês, mas nada disso impede que os dois mergulhem numa relação conturbada. O maior problema, contudo, é que estão sendo observados. Com uma estrutura caleidoscópica o romance se apropria da cultura japonesa de ontem e de hoje - dos quadrinhos, dos seriados -, para narrar uma história de amor perturbadora, em que a vida fragmentada das metrópoles, o voyeurismo e a perversão figuram como vilões onipresentes. O autor também publicou "O dia Mastroianni" (2007).

30

Palavra e rosto : gravuras de Evandro Carlos Jardim

Paixão, Fernando, -1955

A obra é um livro de molde pouco convencional da poesia, sem receio de aproximar o raciocínio estético ao lirismo, alcançando com essa união uma carga literária incomum. O livro é ilustrado com gravuras de Evandro Carlos Jardim, parceiro do poeta. O autor, iniciou sua produção poética com o livro “Fogos dos Rios” (1989), seguido de “25 Azulejos” (1994). Sua obra, “Poeira” (2001), foi vencedora do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

31

Uma história à margem Chacal, -1951

A memória é o fio condutor desse romance autobiográfico do escritor e poeta Chacal, autor de obras como "O preço da passagem" (1972) e "Quampérios" (1977), é contemporâneo da "geração mimeógrafo", integrante e um dos principais nomes do chamado movimento de poesia marginal do Brasil, que teve início a partir dos anos 1970. A obra oferece um testemunho da sua trajetória que inclui, além da poesia, criações ligadas à música e ao teatro experimental. O livro traz relatos sobre os mais emblemáticos movimentos culturais do Rio de Janeiro das últimas décadas, como a gênese de grupos emblemáticos como "Asdrúbal Trouxe o Trombone" e "Nuvem Cigana", recorda os áureos tempos do "Circo Voador", conta detalhes dos bastidores do grupo musical "Blitz", do "movimento de performance" dos anos 1990, até a criação do "Centro de Experimentação Poética 20.000", que comemorou vinte anos de atividade em 2010.

32

A estrela fria Almino, José

A obra reúne com originalidade e força notável os objetos da memória, a observação deslocada do cotidiano e a experiência amorosa. O exílio e a vida no Rio de Janeiro contemporâneo compõem, juntos, uma obra profundamente brasileira e atual. O autor, sociólogo e escritor, é graduado pela Faculté des Lettres et Sciences Humaines de l' Université de Paris-Nanterre, tem mestrado em Economia pela Vanterbilt University e doutorado em Sociologia pela University of Chicago, também escreveu “Melhores poemas de Ribeiro Couto” (2002).

33

Bolero de Ravel Braff, Menalton, -1938

Este romance como uma melodia de ritmo crescente. À sombra dessa música, desenrola-se um drama familiar de cores negras, envolvendo uma mulher decidida e dinâmica e seu irmão, que nunca foi capaz de amadurecer. O contraste de temperamentos e objetivos de vida leva ao rompimento brusco das relações, e a ameaça de internamento do rapaz num manicômio. Aqui a técnica narrativa predominante é o fluxo de consciência. A exploração da memória, ou a presentificação do passado, concorre com o presente. O livro narra a história de Laura, uma advogada bem-sucedida, e do irmão Adriano, um eterno adolescente, que acabam de enterrar os pais, mortos em um acidente. O autor venceu o Prêmio Jabuti na categoria Livro do Ano de Ficção pela obra "À Sombra do Cipreste" (1999) no ano 2000 e também publicou "A muralha de Adriano" (2007).

34

Chá das cinco com o vampiro Sanches Neto, Miguel, -1965

A obra conta a história de Beto, um jovem aspirante a escritor que, assim como o autor, troca sua pequena cidade natal por Curitiba (Paraná), onde se transforma em jornalista respeitado e se vê envolvido num círculo vicioso de mesquinhez e inveja, o protagonista encontra a independência almejada e se aproxima de um escritor excêntrico que o faz de discípulo. No entanto, a amizade dos dois não dura, e Beto logo entra para o rol dos inimigos do autor, conhecido pela paranóia em manter sua privacidade. O autor também publicou “Hóspede Secreto" (2003), que obteve o prêmio nacional “Cruz e Sousa”.

35

Eu, aos pedaços : memórias

Cony, Carlos Heitor, 1926

O amor incondicional do filho pelo pai até o último beijo antes do fim; a simpatia pelo Carnaval e pelas festas juninas e a vocação do autor para falar mal de qualquer assunto, apenas pelo gosto de uma boa conversa. Ao longo das páginas, Cony conta diversos fatos engraçados e confusões que provocou em suas viagens pelo mundo, faz uma singela e sincera homenagem a amigos e personalidades que deixaram marcas em seus 84 anos de existência, além de falar de infância, família e política. São estas alguns dos relatos narrados pelo autor neste livro. O autor, um imortal pela Academia Brasileira de Letras e vencedor de diversos prêmios literários, dentre eles o Prêmio Jabuti na categoria romance em 1996 pela obra "Quase Memória" (1995), apresenta aqui os fatos e memórias que marcaram sua vida, dispostos em 9 partes temáticas "infância", "Família", "Jornalismo", "Cotidiano", "Viagens", "Reflexões", "Relações", "Personagens" e "Política".

36

Nada me faltará Mutarelli, Lourenço, 1964

Numa novela narrada somente com diálogos, o autor conta a história de um homem que ressurge um ano depois de ter desaparecido junto com a mulher e a filha. Incapaz de se lembrar do que aconteceu, ele precisa enfrentar a cobrança dos amigos e as suspeitas da mãe e da polícia. O autor também publicou a obra "A arte de produzir efeito sem causa" (2008).

37

O homem inacabado Galvão, Donizete

Há nos poemas de Donizete Galvão um humanismo renitente e torto, que não se ilude e não se rende à facilidade das boas intenções. Inconformado com a mudez funcional das coisas, feitas para o entulho, o poeta rumina o sentido oculto ou perdido da experiência no tempo e lhe dá a medida da dor e da insone perplexidade, em permanente tensão. Na raiz da fragilidade que nos aprisiona, ele constata que “os corpos já nascem em débito” e “o pensamento gira como um disco riscado”.

38

Neo poemas pagãos Castro, Ernesto Manuel Geraldes de Melo e, -1932

Este livro traz, escritos descontinuadamente entre 2003 e 2010, em Lisboa, Porto, Algarve e São Paulo, organiza-se em duas partes de sete capítulos irregulares cada, em torno de um núcleo central constituído apenas por um pequeno soneto duplo, por isso chamado NUCLEAR. O livro todo constitui um livro-objecto reminiscente da Labris cretense, ou de Janus (bifronte), entidade da mitologia romana, ou de imagens espetaculares produzidas por meios ópticos ou fractais, a fita de Moebius, a curva de Lorenz, de que uma versão 3D se encontra como ícone na capa.

39

Aconselho-te crueldade : contos Fiorese, Fernando

O presente livro agrupa 14 contos que contêm perguntas sobre os enigmas da vida e da arte, a permanente perplexidade sobre os sentidos dos atos e dos gestos, da velhice solitária, do ser fragmentado e danificado. Contos como "Um lugar, seus visitas", "A tempestade" e "Quase ternidade", compõem o livro. O autor é doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2001, ganhou o prêmio no II Festival Universitário de Literaturana, pela obra "Trem e cinema" (1998), e também publicou "Dicionário mínimo: poemas em prosa" (2003) e "Um dia, o trem" (2008).

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Espínhos e alfinetes Carrascoza, Joao Anzanello

Este livro fala das diferentes formas de vivenciar o adeus, dos difíceis temas da perda e da despedida “Quando perdemos alguém, damos adeus também a quem fomos. E, no fundo, estamos nos despedindo o tempo todo, mesmo quando damos boas vindas a uma pessoa”, argumenta o autor. Ao todo, são onze contos nos quais mais uma vez demonstra a força inventiva e o apreço pela palavra exata e necessária ao momento. Os narradores contam suas histórias desde o ponto de vista de crianças, como se a infância fosse a única e real possibilidade de deslumbramento e fantasia. As narrativas, em sua grande maioria, giram em torno à perda de inocência: é gente moça que vai criando a casca para a vida e que aprende o que há de pueril em todas as felicidades. O autor é doutor em ciências da comunicação pela Universidade de São Paulo. Com o livro "O volume do silêncio" (2006) ganhou o Prêmio Jabuti 2007 na categoria contos e crônicas.

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Manhã do Brasil : romance em 75 quadros Brandão, Luis Alberto

Num amanhecer, no final dos anos 1950, dois jovens anônimos, o moreno e a morena, se cruzam na escada de um sobrado de um subúrbio brasileiro. É desse encontro que fala a presente narrativa, definida como um romance em 75 quadros. Segundo o autor, romance é o gênero de que a obra mais se aproxima, já que é uma narrativa extensa e há um fio condutor entre os textos – que ao mesmo tempo guardam certa autonomia. Uma história em flashes, que conversa com diferentes gêneros. O livro faz uma analogia com o filme "Orfeu do Carnaval" (1959) de Marcel Camus, que mostra uma história de amor inspirada na tragédia grega, tendo como pano de fundo um Brasil estilizado. Aos poucos, o livro revela a imagem de um Brasil em que o desejo de existência plena tenta superar o cotidiano sem perspectivas e aponta para a possibilidade de superação e de renovação. O autor também publicou a obra "Tablados – livro de livros" (2004).

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Minha mãe se matou sem dizer adeus : romance Ferreira, Evandro Affonso, -1945

É o medo da morte que instiga o autor a escrever o presente livro. Por meio de uma dicção singular, ele narra, entre outras recordações, a primeira ceia de Natal comemorada após a morte da mãe. À beira dos oitenta anos, o narrador descreve os instantes finais de sua existência melancólica, da qual ele diz não ter aprendido nada. O autor também publicou a obra "Catrambias!" (2006).

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Patópolis Coelho, Marcelo

Neste livro o autor revisita as suas leituras de infância, e em especial as histórias em quadrinhos de Walt Disney, relembrando muitas perguntas e inquietações de sua infância e adolescência e norteando o livro, numa mistura de ficção, memória e ensaio especulativo. Outros fantasmas da sua juventude também em cena conforme se ramificam as lembranças do autor, como Pinóquio, Peter Pan, e Tom Sawyer - cuja narrativa imperceptivelmente passa das curiosidades infantis para o plano da puberdade e da adolescência, vividas no ambiente contraditório e claustrofóbico do Brasil da década de 1970. O autor é formado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, é colunista do jornal 'Folha de S. Paulo' e também publicou a obra "Critica cultural: teoria e prática" (2006).

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Cidade livre Almino, João, -1950

Esta obra é um romance que narra a vida de um escritor que busca resgatar as memórias de seus familiares e desta forma recuperar a história da construção de Brasília a capital brasileira, mais especificamente de um bairro provisório, atual Núcleo Bandeirante. A obra mostra como foi problemática a construção da cidade mais "levantada do mundo", a cidade não foi destruída, mas não deixou de se tornar cidade satélite são relatados fatos históricos e culturais da formação dessa cidade. O autor explica a importância real de Brasília escolhendo uma literatura da qual tivesse mais liberdade, para fugir das tradições literárias, do que era esperado, dos estereótipos, dos regionalismos e dos enraizamentos. O autor é diplomata, e publicou a seguinte obra “Idéias para onde passar o fim do mundo” (1987) (indicado para o Prêmio Jabuti, ganhador de Prêmio do Instituto Nacional do Livro e do Prêmio Candango de Literatura em 1988) entre outros.

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Cala a boca e me beija Araújo, Alcione, -1945

Este livro é uma seleção de 70 crônicas do autor. Elas contam casos do Rio de Janeiro e do mundo com a agudeza de um poeta. Aqui ele fala dos cachorros nos prédios, dos desejos sensuais, das caronas para mulheres bonitas, do homem da bicicleta e alto-falante que faz anúncio pelas ruas, das desquitadas, dos papos cabeça, dos pequenos gestos. Fala de velhos e de novos, dos eternos namorados, do medo da noite, das histórias que povoam seu universo literário. O autor já venceu o Prêmio Jabuti na Categoria Contos e Crônicas com a obra "Urgente é a Vida" (2004) e também publicou a obra "Doce deleite" (2009).

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Com esse ódio e esse amor Silveira, Maria José

Neste romance, a autora leva seus personagens brasileiros para a Colômbia, em uma atmosfera sufocante, na qual a personagem Lela mergulha, conduzindo a ação. Por meio dela desvenda-se as dificuldades de relações, os ciúmes, as concorrências, a competição e a dor. Estes brasileiros, que falam português e portunhol, mostram as discrepâncias, as dificuldades de ambientação, e diferenças de cultura. Narcotráfico, guerrilheiros das FARC, sequestros, uma história de amor, a vida nas cidades, nas selvas, os acampamentos na floresta, o medo, o pânico, o suspense, tudo se mistura, em uma atmosfera rarefeita. A autora já venceu o Prêmio da Associação Paulista dos críticos de Arte, com a obra "A mãe da mãe da sua mãe e suas filhas" (2002) como Romance Revelação em 2002, e também publicou "Guerra no coração do cerrado" (2006).

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Poeira : demônios e maldições Oliveira, Nelson de, -1966

O livro aborda inicialmente um romance a respeito do mundo onde a publicação de livros foi estritamente proibida. Aos poucos novas obras vão surgindo misteriosamente na biblioteca, e depois em todo o planeta, não só os livros desaparecem, mais, como também pessoas que estão próximas ao bibliotecário chefe desta biblioteca. Pequenas e estranhas criaturas tem a função de raptar os humanos e usá-los como trabalhadores em uma imensa gráfica no centro da Terra. A obra estabelece diálogos com as manifestações já tradicionais da literatura com o realismo fantástico e a fantasia criada em uma ficção. O autor é doutor em letras pela Universidade de São Paulo, publicou livros como "Ódio sustenido" (2007) e "A maldição do macho" (2002), em 2001 organizou a antologia "Geração 90", recebeu prêmios como "Clarice Lispector" em 2003, da fundação Biblioteca Nacional.

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Três traidores e uns outros Backes, Marcelo

Um tradutor amargo e nada diplomático em relação ao mundo que o cerca. Neste romance a tradução é uma metáfora perfeita para a arte e, por extensão, a vida: o narrador, mais novo a cada história – sempre cínico, às vezes perverso – desenrola o fio de seu eu para tecer um painel do mundo contemporâneo, globalizado na economia. Um homem capaz de se ocupar apenas de si mesmo, seja traduzindo uma grande autora alemã com quem teve um caso no passado e que reencontra quando ela está no auge da fama, seja quando traduz simultaneamente as sessões de análise de um empresário alemão que pensa ter matado a mulher. O autor é mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e também publicou "A arte do combate" (2003).

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Treva alvorada Ianelli, Mariana

A autora escreve versos que parecem nascer onde o lirismo se entrelaça ao mito, à religião, à filosofia. Escrito durante os meses de enfermidade do avô da poeta, a obra contém meditações sobre a morte. São lições de finitude a dialogar poeticamente com o sagrado. Mariana é poeta, mestre em Literatura e Crítica Literária, é autora dos livros "Trajetória de antes" (1999), "Duas Chagas" (2001), "Passagens" (2003), "Fazer Silêncio" (2005) e "Almádena" (2007)

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As certezas e as palavras Schroeder, Carlos Henrique

Esta obra reúne 20 contos do autor, alguns deles inéditos, outros já editados em coletâneas, revistas ou jornais nos últimos cinco anos, repletos de citações a bandas de rock, filmes e livros. As relações entre as certezas e as palavras são o tema de uma série de histórias sólidas, totalmente chocantes e desafiantes, tanto em linguagem quanto em técnica. Na publicação, ele desfia uma narrativa irônica ao construir personagens inusitados, como os irmãos que vão passar um tempo juntos no cemitério a pedido da mãe ou aquele que encara os rodapés de livros como a parte mais interessante da vida. Dos contos presentes, destaque para "Os recepcionistas" e "Hamlet e as máquinas". O autor também publicou a obra "Ensaio do Vazio" (2006).

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