prÊmio lila ripoll de poesia poesias vencedoras 2008

48
PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Upload: edson-bueno-de-camargo

Post on 01-Jul-2015

245 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

A poetisa Lila Ripoll (1905-1967), sensível e revolucionária, foi uma ativista políticaadmirável. Por isso, a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul criou o PrêmioLiterário Lila Ripoll, uma homenagem ao seu talento e à sua militância, mas, também,uma oportunidade aos poetas que vivem entre nós e precisam tornar conhecidos ospoemas que revelam com densidade a época em que são escritos. Poesia é isso:intuição, sensibilidade e emoção, uma particular visão da vida, seus sofrimentos,perplexidades, carinhos, amor e ódio, tristeza e alegria.Poesia é saber que não se envelhece quando se mantém a esperança, mas semorre quando se perde a esperança no futuro. Manter sempre os sonhos e manter-seacordado para não perdê-los. Ou dormir mais, para ter novos sonhos.Se eu tivesse mais tempo e sabedoria, hoje eu pensaria mais sobre o que digo,em vez de dizer só o que penso – reflete o poeta. Não deixaria de amar porque estouvelho, porque, sem amar, aí eu estaria, em definitivo, morto. Importante não é estarpor cima, mas ter vencido a longa subida da vida. Dizer às pessoas a quem amamoso quanto elas são importantes para nós. Sensibilizar-se com o sorriso de uma criança.Não se preocupar em vencer, mas em lutar sempre pelos ideais. Isso é o que faz avida ter poesia. Isso é poesia.Nos textos que compõem este livro, selecionados no concurso que leva o nome danossa querida Lila Ripoll, estão sonoridades que traduzem emoções líricas e consciênciasocial, as melhores palavras na busca do motivo da existência, sutis tramas deapoios fonéticos. Giambattista Vico, creio, foi quem escreveu que “o sublime trabalhoda Poesia (com P maiúsculo) é o de dar sentido e paixão às coisas sem sentido”, eSchiller, poeta e filósofo, um dos grandes homens das letras alemãs, escreveu: “A Poesiapode ser ingênua, como na antiga Grécia ou sentimental, como na era moderna.Mas em ambos os casos, a Poesia é o absoluto!”É o que se lê e se sente neste livro.Palácio Farroupilha, outubro de 2008Deputado Alceu MoreiraPresidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul

TRANSCRIPT

Page 1: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIAPOESIAS VENCEDORAS 2008

Page 2: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Assembléia Legislativa do Rio Grande do SulPraça Marechal Deodoro, 1001, 10° andar, sala 1005 Fone: 3210-2164 / Fax: 3210-2163Jornalista responsável: Isabela Soares (MTb 8306)Organizadora da publicação: Analia Sanches DornelesFotos: Marcelo Bertani - ALRSCapa: Manoel Henrique de Paulo (Divisão de Comunicação Visual) - ALRS

Realização: Departamento de Relações Institucionais - ALRS

CIP - Catalogação na Publicação: Maria Cristina Cassol da Cunha – CRB10/792

R585p Rio Grande do Sul. Assembléia Legislativa. Prêmio Lila Ripoll de poesia : poesias vencedoras 2008 / Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul ; organização,Analia Sanches Dorneles. — Porto Alegre : CORAG, 2008. 48 p. ; il.

1. Literatura gaúcha - Poesia. 2. Rio Grande do Sul. 3. Dorneles, Analia Sanches. III. Título. CDU - 869.0(816.5)-1

Page 3: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Apresentação ....................................................................................... 6

Lila Ripoll - Poeta da Liberdade e da Rebeldia .................................... 7

Quem foi Lila Ripoll .............................................................................. 8

O legado de Lila Ripoll ......................................................................... 11

Comissão Julgadora ............................................................................. 18

Poesias Vencedoras ............................................................................. 29

A Festa da Poesia ................................................................................ 46

ÍNDICE

Page 4: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Apresentação

A poetisa Lila Ripoll (1905-1967), sensível e revolucionária, foi uma ativista política admirável. Por isso, a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul criou o Prêmio Literário Lila Ripoll, uma homenagem ao seu talento e à sua militância, mas, também, uma oportunidade aos poetas que vivem entre nós e precisam tornar conhecidos os poemas que revelam com densidade a época em que são escritos. Poesia é isso: intuição, sensibilidade e emoção, uma particular visão da vida, seus sofrimentos, perplexidades, carinhos, amor e ódio, tristeza e alegria.

Poesia é saber que não se envelhece quando se mantém a esperança, mas se morre quando se perde a esperança no futuro. Manter sempre os sonhos e manter-se acordado para não perdê-los. Ou dormir mais, para ter novos sonhos.

Se eu tivesse mais tempo e sabedoria, hoje eu pensaria mais sobre o que digo, em vez de dizer só o que penso – reflete o poeta. Não deixaria de amar porque estou velho, porque, sem amar, aí eu estaria, em definitivo, morto. Importante não é estar por cima, mas ter vencido a longa subida da vida. Dizer às pessoas a quem amamos o quanto elas são importantes para nós. Sensibilizar-se com o sorriso de uma criança. Não se preocupar em vencer, mas em lutar sempre pelos ideais. Isso é o que faz a vida ter poesia. Isso é poesia.

Nos textos que compõem este livro, selecionados no concurso que leva o nome da nossa querida Lila Ripoll, estão sonoridades que traduzem emoções líricas e consci-ência social, as melhores palavras na busca do motivo da existência, sutis tramas de apoios fonéticos. Giambattista Vico, creio, foi quem escreveu que “o sublime trabalho da Poesia (com P maiúsculo) é o de dar sentido e paixão às coisas sem sentido”, e Schiller, poeta e filósofo, um dos grandes homens das letras alemãs, escreveu: “A Po-esia pode ser ingênua, como na antiga Grécia ou sentimental, como na era moderna. Mas em ambos os casos, a Poesia é o absoluto!”

É o que se lê e se sente neste livro.

Palácio Farroupilha, outubro de 2008Deputado Alceu Moreira

Presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul

6

Page 5: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Lila Ripoll – Poeta da liberdade e da rebeldia

Mais uma vez homenageamos Lila Ripoll, nos 103 anos do seu nascimento, sua poesia, sua rebeldia, sua luta.

Falar de Lila e de sua obra nos desafia sempre. Falar de Lila é falar do Quaraí, lá nas barrancas do lendário Rio Uruguai, lembrar de tantos filhos ilustres daquela terra. Lembrar Dionélio Machado, do Louco do Cati, Cyro Martins, do Gaúcho a Pé. É lembrar Valdemar Ripoll, Aparício Cora de Almeida, e tantos outros que escreveram história na poesia, na literatura e, principalmente, na inconformidade com os rumos da sociedade.

O Prêmio Lila Ripoll de Poesia – 2008 contou com o número recorde de 337 participantes e mais de 700 poesias, a maioria do Rio Grande do Sul, mas várias de outros estados.

Foram mulheres e homens de todas as idades, algumas ainda crianças, como o “Andantino”, publicado em 1951 no livro “Novos Poemas”, de Lila Ripoll:

“Andemos, menino, andemos, andemos com chuva ou luar. – O chão não floresce sozinho por nós. E é tempo de andar. Nas altas montanhas, nas rasas planícies, com chuva ou luar, plantemos, menino, que é tempo de andar!”

E nestes tempos de andar se faz necessário buscar – em cada pessoa que através da poesia manifesta os seus anseios – um pouco daquilo pelo qual Lila sempre lutou. Lila foi uma poeta combativa, que resistiu e nunca vacilou diante dos embates da sua época. No poema “Amanhã”, Lila nos canta:

“Morreram? Quem disse, se vivos estão! Não morre a semente lançada na terra. Os frutos virão.

Morreram? Quem disse, se vivos estão! As flores de hoje, darão novos frutos. Meus olhos verão.”

Assim viveu Lila Ripoll – livre para expressar suas angústias e eternizá-las na poesia; livre para defender suas bandeiras e sua esperança em um mundo melhor; livre para lutar pela paz e eternizar seus companheiros de luta. Daí tirou a força da sua poesia!

Deputado Estadual Raul CarrionLíder do PCdoB na ALERS

Coordenador do Prêmio

7

Page 6: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Quem foi Lila Ripoll

8

Page 7: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Nasceu em Quaraí (RS), em 12 de agosto de 1905. Em 1927, deixou sua cidade para estudar em Porto Alegre, onde diplomou-se pela Escola Complementar de Porto Alegre. Formou-se pianista no Conservatório de Música (hoje Instituto de Artes da UFRGS), onde tinha planos de dedicar-se à vida de concertista. Nesta época, colaborou com a Revista Universitária, publicando seus poemas.

Em 1930, Lila ingressou no magistério estadual e lecionou Canto Orfeônico no Grupo Escolar Venezuela, no bairro da Glória, onde compôs a letra e a música do hino da escola. A partir desta data passou a integrar o grupo de escritores gaúchos que ficaram conhecidos como a Geração de 30: Reynaldo Moura, Athos Damasceno, Manoelito de Ornellas, Vidal de Oliveira, Mario Quintana, Ovídio Chaves, Dyonélio Machado, Carlos Reverbel e Cyro Martins.

Em abril de 1934, a partir do assassinato de seu primo e irmão de criação, Walde-mar Ripoll, que militava no Partido Libertador, Lila entregou-se à defesa das causas revolucionárias.

Em 1935, ano da Aliança Libertadora Nacional, Lila, que era admiradora de Luiz Carlos Prestes, intensificou sua participação na Frente Intelectual do Partido Comunista. Começou então sua militância no Sindicato dos Metalúrgicos, junto com Eloy Martins, onde dirigiu o Departamento Cultural, deu aulas de música e literatura, encenou peças de teatro e fundou o Coral dos Metalúrgicos.

Estreou em livro, em 1938, com ‘De mãos postas’, pela Livraria do Globo.

Em 1941, publicou ‘Céu vazio’, pela Livraria do Globo, com a qual ganhou o Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras.

Casou-se com Alfredo Luís Guedes em 1944. Em 1945, com a legalização do Partido Comunista, após a queda do Estado Novo, Lila aumentou sua militância política. Dedi-cou-se a todas as causas relacionadas aos direitos e à promoção do operariado.

Em 1947, publicou ‘Por quê?’, no Rio de Janeiro, pela Editora Vitória, porta-voz da intelectualidade comunista brasileira.

Após a morte de seu marido, vítima de derrame cerebral, ocorrida no mesmo ano, dedica-se ainda mais ao trabalho de mobilização popular do Partido Comunista.

Lila foi candidata a deputada estadual pelo Partido Comunista, enfrentando forte reação da elite conservadora, que dificultou sua eleição, em 1950.

Em 1951, participou do comitê editorial da Revista Horizonte, órgão do núcleo inte-lectual do partido, cujo secretário foi Laci Osório. Em torno da Revista Horizonte surgiu o Clube de Gravura do Rio Grande do Sul, a associação que mais marcou as artes

9

Page 8: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

plásticas do Estado. Nestes anos, também lançou ‘Novos Poemas’, nos Cadernos da Horizonte, que evocam o fuzilamento de líderes de uma passeata operária na cidade de Livramento. Com esta obra ganhou o Prêmio Pablo Neruda da Paz, outorgado pelo Conselho Mundial da Paz, com sede em Praga.

No mesmo ano, como presidente da seção regional da União Brasileira de Escri-tores, Lila organizou o 4º Congresso Brasileiro de Escritores, em Porto Alegre, com a presença de Graciliano Ramos, Barão de Itararé e Aderbal Jurema, entre outros autores conhecidos. Em 1953, Lila participou, em Buenos Aires, do Encontro Internacional dos Partidários da Paz.

Publicou ‘Primeiro de Maio’, em 1954, poema testemunho do massacre acontecido no Dia do Trabalhador, em Rio Grande (RS), quando a polícia metralhou os integrantes da parada cívica.

Colaborou com ‘A Tribuna’, órgão do Partido Comunista em 1955. Neste mesmo ano, viajou a Moscou e Stalingrado, na ex-União Soviética, onde participou de um Congresso Internacional dos Partidários da Paz, como integrante da Delegação Cultural Brasileira, a convite do Partido Comunista Central.

Em 1957, publicou ‘Poemas e Canções’, nos Cadernos da Horizonte.

Lila estreou no teatro São Pedro sua peça ‘Um colar de Vidro’, dirigida por Luiz Carlos Saroldi, em 1958. Montou também ‘Orfeu da Conceição’, de Vinicius de Moraes, estrelada por Delmar Mancuso.

Incentivada por intelectuais cariocas ligados ao Partido Comunista, publicou ‘O Co-ração Descoberto’, no Rio de Janeiro, em 1961. Em 1964, nos primeiros dias do golpe militar, é presa, mas libertada em seguida, pelo estado avançado de câncer em que se encontrava.

Em 1965, escreveu ‘Águas Móveis’, poemas inéditos.

Pelos esforços do poeta Walmyr Ayala, a Editora Leitura, em convênio com o INL/MEC, lançou ‘Lila Ripoll – Anatologia Poética’, dias antes de seu falecimento, em 7 de fevereiro de 1967, em Porto Alegre, vítima de câncer. Lila foi enterrada no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia pelos companheiros do Partido.

10

Page 9: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

O legado de Lila RipollANDANTINO MENINO pretinhovestido de andrajos,teu rosto rebrilhadebaixo da chuvaque caie se esvai.

Teu cesto de flores,molhado, desfeito,sugere motivosque fazem pensar.E fico a te olhar.

Na curva do lábio que treme e palpita,o pranto contidobem sei compreender.mas finjonão ver.

Com lírios e rosascompravas, menino,venturas caseirase um pão para a mesa.E a belacerteza,

que havia em teus olhosvivia nas flores,no cesto de palha,

com ar domingueiro,florindo faceiro.

11

Page 10: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Fugiu-te a alegria- a triste alegria-de dar tuas floresde prata e coral,amigasantigas

que enfeitam teu lar,por breves instantesde falsa esperança de pobre esplendor.E a água,de mágoa,

nascendo em teus olhos,transforma meu canto- que é um brando queixume –num vivo clamorde acesodesprezo.

E penso, menino,ouvindo o suspiroque cai de teus lábios,na força precáriado mundo onde andamos- de cegosE sábios.

E sonho, menino,guardar tua infância,criar-te alegriase dar-te um ofício

isentode mágoas.

- Caçar borboletas,soltar as pandorgas,subir pelos montes,

12

Page 11: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

descer pelas águas.

Mudar os traçadosque afogam teus sonhose criam venturasmas nunca transformamteus dias tristonhos.

Transbordam ternurasdos lábios dos homens,chorando-te a sortee os sonhos inúteisde barcasem norte.

Mas quem te recorda?quem vê teu exílio?quem olha os abismos?quem quer te salvar?Tão simplesfalar!

Andemos, menino,andemos andemoscom chuva ou luar.- O chão não florescesozinho por nós.E é tempo de andar.

Nas altas montanhas,nas rasas planícies,com chuva ou luar,plantemos, menino,que é tempode andar! (Novos Poemas, 1951)

13

Page 12: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

GRITO Não. Não irei sem grito.Minha voz nesse dia subirá.E eu me erguerei também.Solitária.Definida.

As portas adormecidas abrirãopassagem para o mundo.

Meus sonhos, meus fantasmas,meus exércitos derrotados,sacudirão o silêncio de convençãoe as máscaras de piedade compugida.

Dispensarei as rosas, as violetas,os absurdos véus sobre meus rosto.

Serei eu mesma.Estarei inteira sobre a mesa.As mãos vazias e crispadas,os olhos acordados,a boca vincadade amargor.

Não. Não irei sem grito.

Abram as portas adormecidas,levantem as cortinas, abaixem as vozese as máscaras –

que eu vou sair inteira.Eu mesma. Solitária.Definida.

(O Coração Descoberto, 1961)

14

Page 13: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

CANÇÃO DO AGORA Ontem meu peito chorava.Hoje, não.Também cansa a desventura.Também o sol gasta o chão.

Estava ontem sozinha,tendo a meu lado, sombria,minha própria companhia.Hoje, não.

Morreu de tanto morrera pena que em mim vivia.Morreu de tanto esperar.Eu não.

Relógios do tempo andammarcando o tempo em meu rosto.A vida perdeu seu tempo.Eu não.

Também cansa a desventura.Também o sol gasta o chão.

(O Coração Descoberto, 1961)

15

Page 14: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

CANTO A ELISA BRANCO Pesadas grades, hirtas e escuras,estão paradase perfiladasjunto às janelas da cela escura,que esconde Elisa – a de nome simples,de nome claro,de nome branco,a de alma clara.

Passam soldados,voltam soldados,e os doces olhos da prisioneirasão águas claras que não se turvam.

Pesadas grades,hirtas e escuras,estão paradase perfiladascomo soldadosjunto às janelas.

Elisa Branco- na cela escura –está rodeada de pensamentospuros e claros como seu nome.

Que importam grades junto às janelas?e esses sodados que passam , passam?e os sons soturnosque marcam, marcamos duros passos das sentinelas?

Elisa Branco sorri e espera.Não sente o peso de escuras grades,nem ouve a marcha de duros passos,que dia e noite,

16

Page 15: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

que noite e dia,passa e repassajunto às janelasda cela escura.Elisa Branco confia e espera –Elisa simples,de nome claro,de nome branco,de alma clara.

(Novos Poemas, 1951)

Grupo De Vez em Canto apresenta-se durante entrega da premiação

17

Page 16: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Comissão Julgadora

Comissão julgadora do Prêmio Lila Ripoll abre os envelopes com os nomes dos vencedores

18

Page 17: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

REGINA ZILBERMAN

Nascida em Porto Alegre, licenciou-se em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorou-se em Romanística pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha. Foi professora titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, onde lecionou Teoria da Literatura e Literatura Brasileira, coordenou o Programa de Pós-Graduação em Letras, entre 1985 e 2004 e dirigiu a Faculdade de Letras, entre 2002 e 2004. Entre 1987 e 1991, e entre 2005 e 2006, dirigiu o Instituto Estadual do Livro, da Secretaria de Cultura, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Foi Ho-norary Research Fellow no Spanish & Latin American Department, da Universidade de Londres, no ano escolar de 1980-1981. Lecionou, no inverno de 1983, no Department of Spanish & Latin American Studies, da Universidade de Bristol, Inglaterra. Realizou o pós-doutoramento no Center for Portuguese & Brazilian Studies, da Brown University, USA. É pesquisadora 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-nológico (CNPq). Foi assessora-científica da FAPERGS, entre 1988 e 1993. Coordenou a área de Letras e Lingüística entre 1991-2 e 1993-95, da Fundação CAPES, fazendo parte de seu Conselho Técnico-Científico. Pertenceu ao Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia, do Estado do Rio Grande do Sul, entre 1995 e 1999. Participou, entre 1999 e 2001, e entre 2004 e 2007, do Comitê Assessor para a área de Letras e Lingüística, do CNPq. Recebeu, em 2000, na Universidade Federal de Santa Maria, o título de Doutor Honoris Causa. Presidiu, entre 2002 e 2008, a Associação Internacional de Lusitanistas, com sede em Coimbra, Portugal. Atualmente, é professora colaboradora convidada do Programa de Pós-Graduação em Letras, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e docente do programa de pós-graduação, na Faculdade Porto-Alegrense.

São publicações suas: A invenção, o mito e a mentira (1973), São Bernardo e os processos da comunicação (1975); Do mito ao romance: tipologia da ficção brasileira contemporânea (1977); A literatura no Rio Grande do Sul (1980); A literatura infantil na escola (1981); Literatura infantil: autoritarismo e emancipação (1982); Literatura infantil brasileira: história & histórias (1984); Literatura gaúcha: temas e figuras da ficção e poesia do Rio Grande do Sul (1985); Um Brasil para crianças (1986); Alvaro Moreyra (1986); Leitura: perspectivas interdisciplinares (1988); A leitura e o ensino da literatura (1988); Estética da Recepção e História da Literatura (1989); A leitura rarefeita (1991); Roteiro de uma literatura singular (1992); A terra em que nasceste: Imagens do Brasil na literatura (1994); A formação da leitura no Brasil (1996); O berço do cânone (1998); Pequeno dicionário da literatura do Rio Grande do Sul (1999); Fim do livro, fim da leitura? (2001); O preço da leitura (2001); O tempo e o vento: história, invenção e

19

Page 18: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

metamorfose (2004); O viajante transcultural: leituras da obra de Moacyr Scliar (2004); As pedras e o arco: fontes primárias, teoria e história da literatura (2004); Retratos do Brasil (2004); Como e por que ler a literatura infantil brasileira (2005); Crítica do tempo presente: estudo, difusão e ensino de literaturas de língua portuguesa (2005); Centenário de Mario Quintana (2007); Corpo de baile; romance, viagem e erotismo no sertão (2007); Clarice Lispector: novos aportes críticos; Literatura e pedagogia: ponto & contraponto (2008); Teoria da Literatura (2008). Organizou as seguintes coletâneas: Os melhores contos de 1974 (1975); Masculino, feminino, neutro: ensaios de semiótica narrativa (1976); O signo teatral (1977); Linguagem e motivação (1977); O Partenon Literário: poesia e prosa (1980); Mário Quintana (1982); Os melhores contos de Moacyr Scliar (1984); Geração 80 (1984); Mel & girrasóis (1988); Este seu olhar (2006).

“Lila Ripoll publicou seus livros a partir da década de 1940, constituindo-se na mais ativa representante da literatura feminina no meio literário sul-rio-grandense. Associando-se ao neo-simbolismo que vicejou na poesia sulina depois dos anos 1930, com reflexos também nos versos de Paulo Corrêa Lopes e Mario Quintana, Lila Ripoll é fiel a alguns temas caros àquele movimento, como a valorização da subjetividade, o desejo de solidão e a consciência da fragilidade humana. Pôde, assim, atuar na linha de frente da lírica do Rio Grande do Sul, da mesma maneira que aderiu à vanguarda do pensamento revolucionário a seu tempo.”

Regina Zilberman

20

Page 19: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

MARILICE COSTI

Escritora, poetisa, arteterapeuta, mestre em arquitetura, arquiteta e urbanista, ofici-neira desde 1995, professora universitária, consultora e pesquisadora. Utiliza recursos artísticos e arteterapêuticos com técnicas de desbloqueio e estímulo de processos criativos, para melhorar a auto-estima e a socialização, em Oficinas de poesia, prosa ou texto técnico e em Arteterapia. Organiza edição de livros, faz projetos gráficos e revisão textual. Atua também na área gráfica e plástica. Possui trabalhos na Argentina, na Espanha e na Itália. Ministra cursos, palestras e workshops sobre Conforto ambiental, Avaliação Pós-Ocupação, Percepção Ambiental, Criatividade e Quebra de paradigmas, integração e autoconhecimento para grupos de diversas idades. Proponente de Projetos Culturais no MinC e FUMPROARTE com foco na arte para cuidadores de portadores de sofrimento psíquico.

Autora de: Ressurgimento (Prêmio Açorianos de Poesia 2006), Tempo frágeis (2007), A influência da luz e da cor em corredores e salas de espera hospitalares(esgotado); Como controlar os lobos? proteção para nossos filhos com problemas mentais; Clichês domésticos; Mulher ponto inicial (esgotado) e além de diversas antologias, artigos em congressos e em revistas, e outros prêmios em conto, vivências e poesia. Comentarista do CONSUMIDOR-RS, colunista do Info-IAB e Rede PSI.

Membro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul e da Associação Sul-brasileira de Arteterapia. Diretora de SANARTE – arteterapia e oficinas de criação e SANA ARQUITETURA – ambientes de acordo com você!

portal: www.sanaarquitetura.arq.br / blog: http://marilicecosti.blogspot.com/

e-mail: [email protected]

DOS CONCURSOS E DO ESCREVER POESIA

Para participar de um concurso de poesia é preciso, antes, perder o medo do papel em branco que nos olha de viés. Um poema não é qualquer coisa jogada numa folha. Ele é o interior de quem escreve, é um pouquinho do que se passa na alma. Cada poema de Lila Ripoll retrata a pessoa especial que foi. Lila expressou seus sentimentos também com lirismo. O que criou com tema social foi uma parte de seus escritos.

21

Page 20: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Não estamos deslocados do mundo, estamos inseridos nele com todos os senti-dos. É por nos darem suas almas que os poetas revelam, prevêem, registram período histórico. O inconsciente coletivo a rondar seu abecedário.

Um concurso serve para estimular a produção poética e mobilizar os que desejam seguir caminhos na escrita. Há concursos que retratam muito sofrimento, pois o seu título direciona. Se for para o trabalho e as pessoas estão infelizes com o que fazem, haverá muita poesia cantando as dores dos trabalhadores.

Quem participa de um concurso é especial, porque – através da sua linguagem – está expressando seus sentimentos. Podemos sentir qualquer coisa, mas o importante é o dizer diferente do comum. É causar estranhamento. E escrever muito até que a própria forma se estabeleça. É preciso saber de figuras de linguagem, melodia, de ritmo, de rimas, de métrica, de versos e estrofes, de títulos e fechos. O poema tem que dizer a que veio e impactar o leitor.

Não basta lançar versos. Rilke ensina. Sempre vale a pena reler Cartas para um jovem poeta. Ele dá os ensinamentos básicos: 1) é preciso buscar no âmago de si, aonde a ironia nunca desce; 2) é preciso confiar na própria solidão; 3) é importante viver e escrever em cio; 4) a obra de arte nasce por necessidade; 5) a resposta vai sempre estar na profundidade de cada um: utilize as coisas de seu ambiente, as imagens de seus sonhos e os objetos de suas lembranças.

Ao escrever um poema, primeiro, seja você. Então, olhe o mundo ao seu redor. Depois trabalhe muito: mexa em seus versos, troque-os de lugar, sinta de que forma a estrofe ganha ou perde força em sonoridade, em imagens. Aprenda a brincar com as palavras para experimentar o “estranhamento”, o lugar incomum.

Em um concurso, escolher entre tantos participantes não é tão simples. O que ocorre é que um poema que foi trabalhado se destaca dos demais. Nele se percebe a força do interior do autor e o o suor de seu trabalho. Por isto é importante escrever sempre. E quando surgem oportunidade, o poema não foi de encomenda. Encomendas raramente tem a alma do autor.

Marilice Costi

22

Page 21: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

PAULO ROBERTO DO CARMO

Paulo Roberto do Carmo nasceu em Porto Alegre, em 1941. É poeta, professor e tradutor. Tem participado de diversas antologias coletivas no Brasil e em Portugal. Recebeu o Prêmio Nacional de Poesia Alphonsus de Guimaraens, da Fundação Biblioteca Nacional, em 2000. Finalista do Prêmio Açorianos, cidade de Porto Alegre, em 1993. Diz o poeta: “Escrevo porque não posso esconder o sol dentro da alma, nem a palavra calada. Escrevo porque entre o homem que colhe e o que semeia, há um homem que sonha o peixe, o pão, o vinho, os alimentos coletivos da alegria, da liberdade, da justiça, a arte de tornar-se humano revolucionando não apenas a aldeia, mas a mim mesmo. Esta obsessão de libertar a alegria que se aprisiona dentro das palavras, é para aprender a exumar-me de minhas cotidianas mortes.” Livros publicados: Crisbal, o Guerreiro (IEL, 1966); Estação de Força (IEL / RS / Movimento, 1987); Breviário da Insolência (Massao Ohno / SP, 1990); Livro de Preceitos (Nejarim / ES / 1993); Trajetória Poética (IEL / Movimento, 1994); Livro das Manhãs (Parlenda / RS / 1997); A Revolição das Aprendências, com Vilmar Figueiredo de Souza (Unisinos / RS / 2000); Arte de Revidar (Unidade Editorial /PMPA/ 2000); Crisbal, o Guerreiro (versão 2002) IEL/CORAG / RS / 2

DE TUDO HEI DE PEDIR CONTA De tudo hei de pedir conta dos rumos no sextante do medo nos desvãos do tédio no horizonte. De tudo hei de pedir conta do orgulho, das culpas da cal viva do desejo dos óleos ferventes do ódio do exílio no vazio do fogo, da água dos loucos, dos defuntos. De tudo hei de pedir conta

23

Page 22: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

limei a esperança o sonho, os punhos. Só de minhas palavras não dou conta.

Cerimônia de entrega do Prêmio no Teatro Dante Barone

24

Page 23: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

ALBA VALÉRIA FICAGNA DE OLIVEIRA

Graduada em Letras - Licenciatura Plena (1988) e mestre em Educação, pela Universidade de Passo Fundo (2004). Possui, ainda, especializações na área de edu-cação. Foi professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira em escolas públicas estaduais. Nestas, desenvolveu projetos de leitura e discussão de textos literários. Desde 2002, exerce a docência na Faculdade Planalto – FAPLAN. Ultimamente, vem se dedicando à orientação de acadêmicos em suas produções textuais.

Em tempos nos quais a vida é “facilitada” pela tecnologia, pelo on line, pelo efêmero, parece que a linguagem poética e o ato que a concebe estão ameaçados. Mas não estão, pois se configuram como uma necessidade do ser humano. Criar e apreciar o belo nos são necessários; essenciais; trazem-nos humanidade.

Essa necessidade parece ser confirmada pelo fato de vermos tantas pessoas do-ando uma parcela do seu dia à produção de poemas, pois o volume de participantes do Prêmio Lila Ripoll de poesia 2008 foi elevado.

Talvez a expressão produção de poemas pareça pesada demais ao contexto de fruição que um texto poético nos remete. Entretanto sabemos que, mesmo havendo uma grande liberdade no ato de compor um poema, este ato exige certo conhecimento das “ferramentas” a serem usadas no momento da composição. Há que se ter presente este aspecto.

Por fim, como jurada de um Prêmio que homenageia uma mulher – e mulher poeta, que se tornou referência pela coragem e pela capacidade intelectual, se por um lado nos imprime certa responsabilidade, por outro nos gratifica. E é com esta sensação de gratificação que fizemos parte deste Prêmio.

25

Page 24: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

LUIZ CORONEL

Formado em Direto e Filosofia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Ingressa na VOX Publicidade com Flávio Correa, em 1960, e permanece até 1964. Em 1971 ingressa na Letra 3 como redator e, em 1972, cria a Exitus Publicidade da qual foi diretor por mais de 25 anos. Em 1999, com Roberto Philomena e Alberto Freitas, cria a Agência Matriz, da qual é um dos diretores.

Participou do Festival Mundial de Publicidade em Gramado (RS) como Coordenador de Premiação sendo presidente do evento em 1996. Em 2001, foi eleito presidente da ALAP – Associação Latino Americana de Publicidade. Sua criação publicitária é marcada pela valorização da afetividade e emoção.

Nos EUA fez Estudos de Implantação de empresas de varejo e shopping centers. Tem seus textos e poesias publicadas em diversos países como Alemanha, Portugal, Espanha, México recebendo por estes vários prêmios. Em 1988, recebeu o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Em 2001, recebeu o prêmio Negrinho do Pastoreio da Assembléia Legislativa e Associação dos Municípios.

Acumula títulos, entre os quais, Cidadão Emérito de Porto Alegre e Cidadão Emérito de Piratini, a Capital Farroupilha. Em 2001, recebe o “Troféu Negrinho do Pastoreio” da Associação Gaúcha Municipalista como destaque literário em Poesia Contemporânea, com 43,8% de indicações da preferência de pesquisa realizada pelos outorgantes do prêmio. Ingressando na Academia Rio-Grandense de Letras em junho de 1999, ocupando a cadeira de número 26.

Há 20 anos, semanalmente, comparece a emissoras de TV com temas de Comu-nicação e Literatura e há dez anos tem suas poesias publicadas nos Jornais Correio do Povo e Correio do Sul da cidade de Bagé.

Como publicitário tem sua vida ligada à Companhia Zaffari, para a qual exerce atendimento e criação há 30 anos. A experiência no Setor Governamental também marca a biografia da impresa e do publicitário.

Como compositor tem mais de 50 composições gravadas por músicos e intérpretes do Rio Grande do Sul e Brasil.

Autor de mais de 38 obras editadas, recebeu prêmios no Brasil, Espanha e México (Prêmio Nacional de Poesia, MEC, 1973, com o obra ‘Mundaréu’) e tem edições com participação no idioma inglês e alemão. Sua obra Portifólio Poético e Documental do Rio Grande do Sul, composto pelos livros: ‘Porto Alegre que Bem Me Faz o Bem Que

26

Page 25: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Te Quero’, ‘Cidades Gaúchas’ e ‘Pampa Gaúcho, a Terra e o Homem’, recebe unâni-me aplauso. O projeto ‘Dicionários’ (‘Dicionário Erico Verissimo - O Tempo e o Vento a Passar’, ‘Dicionário Mario Quintana – A Quinta Essência de Quintana’, ‘Dicionário Guimarães Rosa – Uma Odisséia Brasileira’) amplia e concretiza uma visão editorial de maior envergadura. Atualmente realiza o ‘Dicionário Machado de Assis – Ontem, hoje e sempre’ e edita o ‘Recreio da Segunda Infância’, coletânea de sua obra entre os anos de 1975 a 1999.

RETORNO À POESIA Com a alegriaem panos rotos,retorno à poesia. Ela é meu país.Longe, perambulopelas pedreiras do exílio. A prosa é uma redebalançando à sombrade uma frondosaárvore vocabular. O canto que ouvesem torno dos ninhos,bem sabes, é o poema. A prosa hospeda-seno bordel do best- seller. Os versos guardam-separa sutis confidências. A prosa, podes levarnum caminhão de mudanças.

27

Page 26: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

A poesia protege-secom sombrinha e cachecol. A última moeda da inocênciaque resta no bolso traseiroda infância,basta para que adquirasa esvoaçante pandorgadas metáforase a solta risada das rimas. Abro a porta.Há ferrugem nas dobradiças.A chave recusa dançarsua valsa. O filho pródigo retorna. O que for poeiraou desagravo,esconda sobre o capacho da porta. A poesia só interessao que for pura emoção.

28

Page 27: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Poesias vencedoras

Vencedores da edição 2008 do Prêmio Lila Ripoll ao final da cerimônia no Teatro Dante Barone

29

Page 28: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Cíntia Rosângela Alves dos Santos - 1º Lugar

ABANDONO Letra a letra,me abandonaram as palavras.Malditas!Foram-se as sílabas,agora, não há mais separações.Carregaram junto os sujeitos –melhor. Só assim não preciso de predicados.Com eles também se foram os verbosE as tais pessoas sumiram em meio aos tempos.

* Cíntia Rosângela nasceu em uma madrugada de setembro, é Publicitária e adora jasmins. Aluna da Oficina de Criação literária Charles Kiefer tem textos publicados em Antologias como: 101 que Contam, 103 que Contam e Brevíssimos – Antologia de mini-contos, além do blog: http://cintiarosange.zip.net; http://cintiarosangela.blogspot.com e outros tantos textos espalhados por aí.

30

Page 29: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

31

Page 30: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Lívia Petry Jahn - 2º Lugar

POESIA DE RUA O menino fez-se balae atravessou o silêncio, o frio a sombra na parede.

O menino fez-se lâminae guardou todos os gritos,esqueceu todas as mágoas. O menino fez-se noite, pneu de carro asfalto.

E tombou nesta esquina que ninguém vê, que ninguém ouve, que todos desconhecem.

* Lívia Petry Jahn nasceu em Porto Alegre - RS em 10 de Novembro de 1971. Na década de 90 iniciou seus estudos de canto lírico com a cantora Nelly Baldauf e participou do coral da Ospa. Porém um problema na voz fez com que sua vida mudasse de direção. Em 2001 passou no vestibular para o curso de Letras da UFRGS. A partir daí começou a freqüentar a oficina literária de Charles Kiefer, publicou um livro de poesias, “O Exilio das Palavras” pela editora AGE (2001), participou com contos seus das antologias 101 que contam( 2004), 103 que Contam (2006), Inventário das Delicadezas(2007) , todos publicados pela Nova Prova e com organização de Charles Kiefer, recebeu o primeiro lugar no Concurso de Poesias Mario Quintana (2006) organizado pela UFRGS com o

32

Page 31: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

poema “Primeira Pedra”, venceu o Concurso de contos Caio Fernando Abreu (2007) organizado pela UFRGS com o conto “Jules et Jim” e em 2008 obteve o segundo lugar no Concurso de Poesias Lilla Ripoll com a obra “Poesia de Rua”. Atualmente também participa de um projeto de Extensão da UFRGS, o grupo “Quem Conta um Conto” - contadores de história e faz contação de histórias nos mais diversos lugares ( escolas públicas, comunidades carentes, asilos, universidades) e tem ainda inéditos o livro de contos “Flores da cor da Terra” e o livro de poesias “Música Dispersa”.

33

Page 32: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

Rosilene Teresinha Goulart Rocha - 3º lugar

CONSTATAÇÃO

Uma rosa Espia a ruaEntre as gradesAltasDo muro.ViolênciaEnclausurandoA poesia...

* Rosilane Goulart Rocha nasceu em Charqueadas em 16/12/1966, filha de Pedro Noé Damasceno Rocha e Eva Maria Goulart Rocha. Casada com João Adolfo Guerreiro é mãe de Joana Rocha Guerreiro. É psicóloga e professora pós-graduada em educação. Iniciou as atividades literárias aos 16 anos ao publicar seus primeiros poemas no jornal Folha Mineira. Colaborou também com o Jornal A Semana e a Revista Gente do Sul. Como sócia da Casa do Poeta Riograndense, então presidida pelo poeta Nelson Fa-chinelli, participou das coletâneas Gente da Casa (1984) e Poetas Brasileiros (1994). Em 1995 recebeu o segundo lugar na categoria conto e menção honrosa em poesia no concurso promovido pela Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Interna-cional. Teve trabalhos selecionados para as três Mostras Literárias de Charqueadas. No concurso de poesias Lila Ripoll, promovido pela Assembléia Legislativa, recebeu menção honrosa em 2005 e o terceiro lugar em 2008, sendo que os trabalhos premiados compõem uma coletânea com o mesmo título do concurso, lançadas na Feira do livro de Porto Alegre. Os poemas “Daquela Noite” e “Sobreviver” foram musicados, tendo o primeiro, uma parceria com o compositor João Guerreiro, selecionado para a Mostra de Música 2008 e o segundo integrado o CD “Outros Tempos” do músico Charqueadense Alberto André. Foi patronesse do IV Sarau LIterário de Charqueadas em 2008.

34

Page 33: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

35

Page 34: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

FERRAMENTAS César Pereira

Junto palavras como quem inventa moinhos

Tão cálido é o gestoque me nascempássaros e ninhos

Entre espada e fugabusco caminhosescondo a ruga

Domo palavrasde excessos me inundoEnxugo as ferramentase a cada manhãreinvento o mundo

1ª Menção Honrosa

* César Alexandre Pereira nasceu em Taquari (RS), em 2 de janeiro de 1934. Foi professor do SENAC. Editou “Carrossel de Cinzas” (1960), com poemas líricos e Sonetos. Com “Dardos de Ajuste” (1974) embarca na poesia social com poemas que publicou a partir de 1959, no Correio do Povo. Segue-se “Porta de Emergência” (1989), no mesmo sentido. Foi precursor da poesia concreta e visual, tendo criado o POEÍGMA (1965), no caminho das vanguardas da época. Participou de “Antologias” e ganhou prêmios nos gêneros poesia e conto, entre eles o Petrobras (1989). Durante 10 anos participou da diretoria da Associação Gaúcha de Escritores. É membro (Sócio Efetivo – cadeira número 12), da Academia Rio-Grandense de Letras.

36

Page 35: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

PARA DILÚVIO, MEU ARROIO!

Carlos RampanelliNa noite sem fim,em ti jaz minha alma,ó sepultura cruel do meu viver!

Tuas águascorroem minhas entranhase por tuas fétidas feridassangro meus pecados e em teu ventregesto meus a-fetos natimortos!

És o vertedouro dos meus seiospor onde escorrem,de meus filhos, os rancorese as desilusões de meus amores!

2ª Menção Honrosa

* Carlos Rampanelli: nasci em Serafina Correa (RS), em 1948. Sou Bacharel em Comunica-ção Social pela UFRGS, com diplomação nos cursos de Publicidade, Propaganda, Relações Públicas e Jornalismo. Aposentei-me como funcionário público estadual do RS, tendo também lecionado em Cursos Supletivos e Pré-vestibulares. Sou membro da Sociedade Partenon

Literário desde 2004.

37

* Carlos Rampanelli: nasci em Serafina Correa (RS), em 1948. Sou Bacharel em Comunica-ção Social pela UFRGS, com diplomação nos cursos de Publicidade, Propaganda, Relações Públicas e Jornalismo. Aposentei-me como funcionário público estadual do RS, tendo também lecionado em Cursos Supletivos e Pré-vestibulares. Sou membro da Sociedade Partenon Literário desde 2004.

Page 36: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

CIGARROS NO MEIO DA NOITE Maria Joaquina Carbunk Schissi

Foi assim que mergulhei na morte do homem que amava.

O coração como um tambor, retumbando por socorro.

O tenebroso medo de viver sem aquele que morreuInvadindo tudo como a água,E me arrastando de onde eu pensava estar a salvo.

O horror de ver o meu corpo que ontem aquecia o meuTransformado em cadáver.

Eu olhava os dedos entrelaçados no peito daquele cadáver.E enxergava a brasa dos cigarrosQue ele fumava no meio da noite,Brilhando com um vaga-lume.No repetido gesto de levar para trásOs cabelos que lhe caiam na testa,E que eu adorava...

3ª Menção Honrosa

* Nascida em São Borja , em 10 de fevereiro de 1950. Mudou-se para Porto Alegre em 1963, tendo concluído o curso Ginasial no Colégio Bom Conselho e o Clássico no Colégio Júlio de Castilhos. Do “Julinho”, guarda boas memórias, tendo participado ativamente do Movimento Estudantil, com grande envolvimento na política e nas artes. Foi lá que iniciou sua vivência poética, participando em 1967, da “Noite da Música e da Poesia Juliana. Formou-se em Direito pela Universidade do Rio Grande do Sul, com foco no Direito Penal. Atuou como Advogada Trabalhista e no Diário das Emissoras Associadas. Foi Juíza do Trabalho por 20 anos. Aposentou-se em 2008

38

Page 37: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

VOZ Lúcia Maria de Barcelos Santos

Havia algo oculto naquela alma.Algo exalava, qual flor exposta ao vento.Havia métrica, ritmos e rimas,Recantos torneados por luzes e cores.Havia gotas de um bálsamo para as dores,Antigas lembranças de um coral de passarinhos.Havia rosas secas, cartas amareladas,Segredos, exaltação, clamoresE emoção na mão repleta de carinhos.Havia naquela alma duas luas:Uma, tão alta: ave no céu em revoada...Outra, nas águas do rio sendo banhada.Havia algo, entre tantos bens que se procura...Havia estrelas, gosto de mel e de ternura.Havia algo. Nem sei se ele sabia.Era a voz de todas as belezasE de todas as tristezas.Voz de amor, de dor e de alegria.Era uma voz que falava dentro do poeta:A poesia!

4ª Menção Honrosa

*Lúcia Barcelos (nome literário). Membro-fundadora da Associação Literária de Viamão - ALVI - Presidente da mesma Entidade nas gestões (2007/08). Membro da Estância da Poesia Crioula. Escritora e poetisa com 5 livros publicados. Participou de várias coletâneas e organizou, em parceria com Fraga Cirne, 5 antologias de escritores do município de Viamão. É funcionária da PUCRS, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, desde 1979, no Jornal Mundo Jovem.

39

Page 38: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

NORMÓTICO COMO VAI? Cácio Machado da Silva

Cinco e trintaacorda, senta,caminha, metrô.

Cartão-ponto, trabalhaSirene- Almoça- SireneTrabalha, cartão-ponto.

Metrô, caminha.

Casa, banho,Come, cama.

Cinco e trintaacorda, senta,caminha, metrô.

5ª Menção Honrosa

* Cácio nasceu em 27 de outubro de 1064 em Santiago, interior do Rio Grande do Sul. Formado em Direito, é policial civil da última turma de investigadores de 1989, atualmente reside e traba-lha em Frederico Westphalen. Lançou seu primeiro livro Dias de Sol e Vento - Prosa e Verso, no qual reúne 64 trabalhos, em 2008. Tem trabalhos publicados em diversos periódicos. Em fase de projeto, tem o livro de poesias Folhas de outono – De tudo um pouco, com lançamento previsto para o primeiro trimestre de 2009.

40

Page 39: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

INSTANTÂNEOS Maria Regina Caetano Soares

Observo o requinte da manhã,emoldurado num universo de borboletas atrevidasque sugam cores num arco-íris abandonadoe fazem pouco caso de mim.

Sem nada a oferecer, retraio minha presença,espalmo a mão em páginas maltratadas,rabiscando linhas crisálidas,tão se graça,sem asas.

O verdadeiro poema dança primaveras,junto às borboletas bailarinas do dia.

6ª Menção Honrosa

* Maria Regina Caetano Soares - Especialista em Literatura Brasileira.Trabalha como professora Estadual, revisora, diagramadora e organizadora de livros. Integrante da Casa do Poeta de Santa Maria e da Associação Amigos da Biblioteca Pública Municipal de Santa Maria, cidade onde reside. Membro da Comissão Editorial e do departamento de Intercâmbio Cultural da CAPOSM. Escreve em verso e prosa e participa de trinta antologias do gênero. Recentemente, alguns de seus poemas foram selecionados e publicados na Agenda Livro da Tribo S/P. email: [email protected]

41

Page 40: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

A FADA Gerci Oliveira Godoy

Nem parecia trabalho o que então a mãe fazia

O tempo escorria lento e por entre aqueles dedos nossa história acontecia

Os pés no mesmo compasso num sobe e desce tão lindo

A mão afagava a seda os olhos iluminavam carretéis , versos travessos

A mãe cantava e contava A mãe chorava e sorria

Eu, pequena, não sabia que a mãe-fada labutando que quebrava o gelo da vida.

7ª Menção Honrosa

Gerci Oliveira Godoy, 70 anos, gosta de costurar tecidos e palavras, já fez inúmeras oficinas de literatura, foi classificada em vários concursos literários, costurando crônicas, contos e poesias. Embora a idade seja bastante madura, a ideia de lançar o primeiro livro solo ainda está verde.

42

Page 41: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

QUARTOS DE INVERNO Edson Bueno de Camargo

guardar folhas em casamataspara os quartos de invernoapós a hecatombe nuclear

virar-se para o lado direito da camae mergulhar no esquecimento

observar o minguar de uma rosa em um copoaté que caiam as últimas pétalas

assim estar preparado para o poemaque cruza avenidas em tardes de invernoesquece os caminhos dormidose recolhe o perfume das coisas já mortas

8ª Menção Honrosa

* Edson Bueno de Camargo nasceu em Santo André (SP), em 24 de julho de 1962; mora a partir de seu segundo dia de nascimento em Mauá (SP). Publicou: “De Lembranças & Fórmulas Mágicas” Edições Tigre Azul/ FAC Mauá -2007; “O Mapa do Abismo e Outros Poemas” Edições Tigre Azul/ FAC Mauá -2006, “Poemas do Século Passado-1982-2000” edição de autor - Mauá - 2002; “Cortinas”, com poesias suas e de Ceclia A. Bedeschi - Mauá - 1981; participou de al-gumas antologias poéticas. Recebeu as seguintes premiações: 1º lugar nacional - 4º concurso literário de Suzano categoria poesia - 2008; 1º lugar do prêmio off-flip de literatura 2006 cate-goria poesia; 2º lugar com o poema “serpentrio” e menção honrosa com o poema “esquisito” - 3º concurso nacional de poesia - Colatina 2007 prêmio “filognio barbosa”; menção honrosa - prêmio lila ripoll de poesia 2008; menção honrosa - 17º concurso nacional de poesia “Helena Kolody” 2007; menção honrosa - 24º concurso literário yoshio takemoto; poema classificado para publicação - 8º concurso de poesias da UFSJ; classificação para publicação em antologia - prêmio literário Canteiros Cultural 2007. Participa do grupo político/literário Taba de Corumbá da cidade de Maua (SP).

43

Page 42: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

MADRUGADA Paulo Ricardo Soares de Moraes

Deixa eu percorrer teu corpomadrugadapenetrar em teus barescorrer tuas ruasdobrar tua esquinasbeber cachaça no teu copoe dividir contigo a minha dor.

Deixa eu ser mais um versobêbado que procura entrar em tuapoesiapra cantar tua belezae amanhecerao ver-te partir.

9ª Menção Honrosa

* Paulo Ricardo de Moraes, o Baiano, jornalista gaúcho, 49 anos, dirigiu para cinema “Da Colônia Africana à Cidade Negra”. Também na área do audiovisual dirigiu juntamente com Guarani Santos, o vídeo Negrostroyka, uma sátira negra relacionada com o regime russo da época Perestroyka. Tem dois roteiros de curta-metragens em fase de captação de recursos que são: A um gole da eternidade e Chic-Chóc. Para teatro escreveu a peça Carnaval, que teve leitura dramática pública e na área de literatura escreveu os livros de poemas Eunuco, Negro três vezes negro e O garçom e o Cliente (No balcão do Naval). Ainda escreveu a biografia do marinheiro negro gaúcho João Cândido, que fez a Revolta da Chibata em 1910 que, em breve, poderá se transformar em longa metragem, pois já existe um produtor interessado. Tem três filhos é casado e militante do Movimento Negro Gaúcho

44

Page 43: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

FELINO Irede Inês Masiero Farenzena

Enquanto eu canto, ele encanta,eu sonho, ele assanha,eu tolho, ele atalho,eu velo, ele vil.

E ainda que eu vivaa cobrar e encobrir,ele caça, eu esquecida,ele ronrona, eu desmorono,ele orgulho, eu em frangalhos...

Mas magoada, eu também arrranho.

10ª Menção Honrosa

* Irede Inês Masieiro Farenzena, nasceu em Antônio Prado, RS, em 26 de setembro de 1943 e mudou-se para Veranópolis em 1944, onde reside até hoje.É formada em Pedagogia , Séries Iniciais pela Universidade de Caxias do Sul e atualmente leciona na Escola Estadual de Ensino Fundamental Dom Matheus Pasquali. Começou a escrever poemas em 1992, sendo premiada em muitos concursos literários. Participou com seus poemas e crônicas em várias Antologias. Considera as palavras, um esconderijo da poesia.

45

Page 44: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

A Festa da Poesia

46

Page 45: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

47

Page 46: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

48

Page 47: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008

49

Page 48: PRÊMIO LILA RIPOLL DE POESIA POESIAS VENCEDORAS 2008