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PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA SECRETARIA DE MUNICÍPIO DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE ENSINO EIXO DA EDUCAÇÃO INFANTIL DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO MUNICIPAL - EDUCAÇÃO INFANTIL -

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PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA

SECRETARIA DE MUNICÍPIO DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE ENSINO

EIXO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO MUNICIPAL- EDUCAÇÃO INFANTIL -

PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA

SECRETARIA DE MUNICÍPIO DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE ENSINO

EIXO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO MUNICIPAL- EDUCAÇÃO INFANTIL -

- 2008 -

PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIAAntônio Valdeci Oliveira de Oliveira

SECRETARIA DE MUNICÍPIO DA EDUCAÇÃOLeoneide Maria De Gregori

DIRETORIA DE ENSINOCléia Margarete Macedo da Costa Tonin

EIXO DA EDUCÃÇÃO INFANTILSonia Maria Gonçalves da SilvaDaisy Mari Braz Ramos

SUMÁRIO

1. Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação Infantil

1.1. Processo Coletivo de Construção

1.2. Fundamentação Legal

2. Reflexões sobre Educação Infantil e seus Conceitos

3. Educação Infantil - Eixos Norteadores

4. Organização Curricular

4.1Perfil do Professor de Educação Infantil

5. Parâmetros Curriculares

5.1 Dimensões Norteadoras para Educação Infantil

5.1.1 Construção da Identidade e Autonomia Pessoal

5.1.2 Descoberta dos Meios Físicos e Sociais

5.1.3 Comunicação e Representação

6. Revisando Pontos Metodológicos

7. Referências Bibliográficas

8. Grupo de Sistematização

1. DIRETRIZES CURRICULARES PARA EDUCAÇÃO INFANTIL

1.1. O Processo Coletivo de Construção

A elaboração das Diretrizes Curriculares da Educação Infantil de Santa Maria, proposta pela Secretaria de Município da Educação, promoveu espaços de estudos para que os profissionais da Educação Infantil realizassem discussões e reflexões acerca das condições necessárias e legais para ter uma Educação Infantil Pública de qualidade no Município. O processo de construção esteve pautado no fato da Educação Infantil estar assumindo um caráter pedagógico a partir do momento que passou para a Secretaria de Educação e na Proposta de Educação Cidadã: compromisso de todos, fundamentada nos princípios básicos da democratização, qualificação, inclusão e emancipação. A construção das Diretrizes Curriculares Municipais mobilizou e articulou profissionais de diferentes áreas através da Formação Continuada, em anexo, tanto nas instituições escolares, parcerias com outras instituições e em eventos promovidos por esta secretaria para adequação das mudanças com a implementação do Ensino Fundamental de Nove Anos no Município e a nova legislação. A partir da participação e produção dos professores foi elaborado este documento que expressa uma concepção de educação e das áreas do conhecimento que orientarão o fazer pedagógico das Escolas de Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino. Nessa caminhada de construção foram evidenciadas e reconhecidas importantes conquistas alcançadas nos últimos anos em relação ao processo histórico vivido. Estão entre elas: a incorporação da Educação Infantil à Secretaria de Município da Educação; a inserção de profissionais com formação específica da área em escolas para a docência e em setores responsáveis na Secretaria de Município da Educação visando a qualificação do trabalho; a participação dos profissionais que atuam na Educação Infantil nas Formações Continuadas propostas pela Secretaria de Educação e nas Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs); a abertura de turmas de Educação Infantil nas Escolas de Ensino Fundamental, aumentando do acesso das crianças a esse nível educacional; a ampliação de salas e construção de novas Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs); coordenação pedagógica nas EMEIs; professores com habilitação e por turno; elaboração das Propostas Pedagógicas e Regimentos; eleição de diretores; a realização de eventos específicos envolvendo todos os profissionais que atuam na Educação Infantil; gestão democrática; escolarização da merenda; Educadoras Especiais atuando na Educação Infantil e aumento do número de matriculas de crianças com necessidades Educacionais Especiais Se por um lado essas conquistas representam avanços, por outro chamam atenção para desafios futuros, entre eles: continuar com a ampliação de vagas para atender à demanda prevista pela lei da universalização; rever a demanda da faixa etária dos zero aos três anos (0 –3 anos); cadastro das escolas que atendem esta faixa etária e não pertencem à Rede Municipal; permanência de profissionais qualificados atuando na Educação Infantil nos dois turnos; dar continuidade à articulação das Escolas Municipais de Educação Infantil com as Escolas de Ensino Fundamental, possibilitando que as crianças tenham Educação Infantil de qualidade onde quer que seja ofertada no município. A partir dessas considerações, resultado de ampla discussão entre profissionais que atuam com Educação Infantil, destacam-se,a seguir, três dimensões curriculares: Construção de Identidade e Autonomia, Descoberta dos Meios Físicos e Sociais, Comunicação e Representação que consideram a dinâmica da prática pedagógica, historicamente construída, a heterogeneidade e a multiplicidade de suas articulações. Essas três dimensões tem o compromisso de pensar constantemente sobre o conjunto de práticas construídas e posturas vinculadas ao processo educativo como elementos fundamentais para que a criança seja efetivamente respeitada em seu direito de ter um desenvolvimento pleno.

1.2. Fundamentação Legal

A construção das Diretrizes Curriculares Municipais observa as normas legais e orienta as ações pedagógicas que contemplam o processo de qualificação da Educação Infantil nas Escolas da Rede Municipal de Ensino de Santa Maria. Em 1988, a Constituição Federal reconhece o dever do Estado e o direito da criança a ser atendida em creches e pré-escolas e vincula esse atendimento à área educacional. Em 1990 o Estatuto da Criança e do Adolescente ratifica os dispositivos enunciados na constituição. Considerando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN (Lei Federal Nº 9394/96), que regulamenta a Educação Brasileira e dá Diretrizes para os Sistemas de Ensino e Instituições que os integram, dentre as quais as de Educação Infantil, enfatiza-se que esta: “é a primeira etapa da Educação Básica e, como tal, não pode ser dissociada das demais etapas.” A inserção da Educação Infantil na Educação Básica, como sua primeira etapa, é o reconhecimento de que a educação começa nos primeiros anos de vida e é essencial para o cumprimento de sua finalidade, afirmada no Art. 22 da Lei: “a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar – lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer – lhes meios para progredir no trabalho e nos estudos posteriores”

A educação infantil recebeu um destaque na LDB, inexistente nas legislações anteriores. É tratada na Seção II, do capítulo II (Da Educação Básica), nos seguintes termos:

Art. 29 A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

Art. 30 A educação infantil será oferecida em: I – Creches ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – Pré – Escolas para crianças de quatro a seis anos de idade.

Em 1990, o Ministério da Educação (MEC) elaborou e distribuiu às escolas de todo o país o documento Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998b). O mesmo visa auxiliar o professor na realização do seu trabalho educativo diário com as crianças de zero a seis anos. Aponta metas de qualidade para garantir o desenvolvimento integral das crianças, reconhecendo seu direito à infância como parte de seus direitos de cidadania (p.5, vol. I). O Referencial é composto por três volumes.

No âmbito da Câmara de Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional de Educação (CNE), de acordo com as atribuições que lhe foram conferidas pela nova legislação, foram aprovadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, como Resolução CNE/CEB nº1 de 07/04/1999(Brasil, 1999B). Essas diretrizes têm o caráter mandatório para todos os sistemas municipais\e\ou estaduais de educação, diferentemente do referencial, que se constitui apenas em um documento orientador do trabalho pedagógico. A resolução que instituiu essas diretrizes foi precedida por um parecer que trata de várias questões relativas à qualidade (Parecer CNE/CEB nº22/98, de 17/12/98).

Tanto o Parecer quanto a Resolução são muito claros ao englobarem na nomenclatura instituições de Educação Infantil creches, pré-escolas, classes e centros de Educação Infantil. Reforçam também a faixa etária de zero até seis anos como um todo íntegro e delimitador das matrículas nas instituições de Educação Infantil. Em ambos, a criança ocupa um lugar central como sujeito de direitos.

As Diretrizes definem em seu art. 3º os fundamentos norteadores que devem orientar os projetos pedagógicos desenvolvidos nas instituições de Educação Infantil:

a) Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum;

b) Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática;

c) Princípios Estéticos da Sensibilidade,da Criatividade,da Ludicidade e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais.

A Resolução CNE/CEB nº2, de 19/04/1999ª, se ocupou da questão da formação dos professores que atuam com as crianças de zero até seis anos.

A instituição da Lei nº 11.114, do dia 16 de maio de 2005, modifica o art. 6º da LDB incluindo a criança de seis anos de idade, no Ensino Fundamental, seguida pela Lei nº 11.274, de seis de fevereiro de 2006, que altera o caput do art.32, afirmando que o ensino fundamental obrigatório tem duração de 9(nove) anos e inicia-se aos 6(seis)anos de idade.

A Resolução Conselho Municipal de Educação nº02, de 30/06/1999, fixa normas para Educação Infantil, no Sistema Municipal de Ensino de Santa Maria, com fundamento no artigo 11, inciso III da Lei Federal 9394, de 20 de dezembro de 1996, e nas Leis Municipais 4122 de 22/12/1997 e 4123 de 22/12/1997, resolve que a Educação Infantil: Art. 1°- A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, constitui direito da criança de zero a seis anos, dever Poder Público Municipal e da sociedade civil e no seu Art. 3°- A Educação Infantil será oferecida em:

Parágrafo único: entende – se por instituições privadas de Educação Infantil as enquadradas nas categorias de particulares, comunitárias, confessionais ou assistenciais nos termos do artigo 20 da Lei 9394/96.

Art. 3º - A Educação Infantil será oferecida em:

I – creches ou entidades equivalentes para crianças de zero até três anos de idade;

II – pré – escolas, para crianças de quatro a seis anos.

§ 1º - Para fins desta Resolução, entidades equivalentes a creches, às quais se refere o inciso I deste artigo, são todas as responsáveis pela educação e cuidado de crianças de

zero a três anos de idade,, independentemente de denominação e regime de funcionamento.

§ 2º - As instituições de Educação Infantil que mantém, simultaneamente o atendimento a crianças de zero a três anos em creches e de quatro a seis anos em Pré – escola, constituirão Centros ou Escolas de Educação Infantil com denominação própria.

§ 3º - As crianças com necessidades especiais serão preferencialmente atendidas na rede regular de creches e pré – escolas, respeitado o direito de atendimento adequado em seus diferentes aspectos.

Os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil -2006 contém referências de qualidade para a Educação Infantil a serem utilizadas pelos sistemas educacionais, por creches, pré-escolas que promovam a igualdade de oportunidades educacionais e que levem em conta diferenças, diversidades e desigualdades de nosso imenso território e das muitas culturas nele presentes.

Considerar a criança por inteiro em qualquer proposta educativa, integrando as ações de Educar e Cuidar, compreendendo-as como funções indispensáveis e indissociáveis na Educação Infantil. São indissociáveis, pois, no ato de cuidar, educa-se e, no ato de educar, cuida-se. Nessa perspectiva, educar e cuidar de modo integrado implica atenção e resposta às necessidades fundamentais do desenvolvimento das crianças. Essas necessidades são expressas nas ações que envolvem: proteção e segurança, afeto e amizade, expressão de sentimentos, desenvolvimento da curiosidade, imaginação e capacidade de expressão; acesso a uma alimentação sadia, à higiene e à saúde; a possibilidade de movimento em espaços amplos e de contato com a natureza; a atenção individual, em especial durante processos de inserção nas instituições de Educação Infantil; acesso a ambientes educativos aconchegantes e desafiadores; o desenvolvimento da identidade cultural, etnia e religiosa; a possibilidade de brincar como uma forma privilegiada de aprender e expressar conhecimentos sobre si, sobre a cultura e o mundo onde vive. A Educação Infantil vem ganhando novos contornos, acompanhando as modificações nas formas de organização econômica e social decorrentes, principalmente, dos avanços das Ciências, das Tecnologias e das articulações entre os povos.

2. REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO INFANTIL E SEUS CONCEITOS

A concepção de Educação Infantil emerge naturalmente da concepção que temos de criança e de infância. A criança é, enquanto ser, situado historicamente num grupo sócio-cultural, sujeito social cujas definições vêm evoluindo à medida que evoluem as formas de organização social. Desenvolve-se, portanto, tanto nas dimensões individuais: física e psicológica, como um ser sensível, afetivo, social, cognitivo, quanto na dimensão coletiva, como ser social relacionado com o meio. Este entendimento autoriza a compreender a criança pequena como alguém que tem uma maneira própria de pensar, sentir, ser e relacionar-se qualificadamente diferente do adulto. Por isso, as características próprias do desenvolvimento infantil precisam ser conhecidas e consideradas no momento de construção das propostas educativas para as crianças de zero a cinco anos (0-5 anos).

Cabe à Educação Infantil promover a educação integral e integrada da criança, compreendendo-a como um ser singular e multifacetado, complexo, inter-relacionado e inserido nos contextos de suas vivências. Enfatiza-se, assim, a concepção da criança como cidadã, sujeito histórico de direitos, participante da cultura, devendo a educação contemplar o mesmo grau de valorização e importância que é dedicada aos demais níveis da Educação Básica.

Nesta perspectiva, partindo do pressuposto de que a criança é um sujeito social, em que o sentir, o brincar, expressar-se, relacionar-se, movimentar-se, organizar-se, cuidar-se, agir e responsabilizar-se fazem parte da sua totalidade, a Educação Infantil prioriza, por meio de suas práticas e cuidados, a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos, lingüísticos e sociais das crianças, estabelecendo-se as bases da personalidade humana, da inteligência, da vida emocional e da socialização. Atualmente, temos elementos que indicam os primeiros anos de vida como primordiais para o desenvolvimento e aprendizagens posteriores, sendo a Educação Infantil de grande importância para a educação integral da pessoa.

Pensar e conceber Educação Infantil significa estabelecer, antes de tudo, as relações da criança consigo e com o outro, da criança com o adulto e delas entre si. Esta educação que se desenvolve num espaço familiar, comunitário e institucional, numa perspectiva de complementaridade (escola- família), ocorre em contextos sociais e culturais diferenciados e em permanente transformação. Assim, as crianças passam a sujeitos de direitos (Constituição Federal, 1988), e contribuem para a própria transformação do meio, considerando as experiências vivenciadas nos diferentes tempos e espaços educativos, a expressão da ludicidade e dos movimentos,a linguagem em sua pluralidade,mediatizados por um ambiente organizado nos aspectos físicos e pedagógicos. Este é um dos desafios importantes que se impõem à Educação Infantil: que ela se torne um espaço e um tempo em que as articulações políticas e sociais, lideradas pela educação, integrem o desenvolvimento da criança e sua vida individual, com os contextos sociais e culturais que a envolvem, e que, sem interrupção entre a Creche e a Pré-Escola, (do zero aos três e dos quatro aos cinco anos) se assegure uma articulação progressiva e desafiadora para as atividades comunicativas e lúdicas no ambiente da escola da infância. Esta escola da infância deve, entretanto, caracterizar-se pelo protagonismo da criança, com práticas pedagógicas diferenciadas das desenvolvidas com as crianças maiores. A escola infantil é, portanto, um lugar de descobertas e de ampliação das experiências individuais, familiares, culturais e educativas, através de sua inserção em ambientes distintos dos da família, possibilitando a transição e a inserção ao Ensino Fundamental. Nesta perspectiva, conceber Educação Infantil consiste, principalmente, em saber como a criança pensa, o que deseja , necessita e como propor estratégias pedagógicas a ela, independente de sua condição, classe, etnia, gênero e nível de desenvolvimento,para que possa crescer e desenvolver-se integralmente como cidadã.

3 - EDUCAÇÃO INFANTIL – EIXOS NORTEADORES

Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil ( ), documento normativo do Conselho Nacional de Educação estão pautados como fundamentos norteadores:

- Os princípios éticos, políticos e estéticos.- A importância de reconhecer a identidade das crianças, das famílias, dos profissionais que atuam na Educação Infantil e da unidade educacional, diante dos vários contextos em que esses se situam.

- A necessidade da promoção de práticas de educação e de cuidados que possibilitem a integração dos aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos, lingüísticos e sociais da criança.- A visão de criança como um ser completo, total e íntegro, em posição de aprender a ser e de conviver consigo própria e com os demais e no próprio ambiente, de maneira articulada e gradual.- A construção das propostas pedagógicas em integração com famílias e profissionais.- As estratégias para buscar o provimento de conteúdos básicos, a constituição de conhecimentos e valores, a interação entre as diversas áreas do conhecimento e aspectos da vida cidadã.- O processo de avaliação baseado no acompanhamento e registros dos avanços do desenvolvimento da criança, sem caráter de promoção ou de retenção, em um ambiente de gestão democrática, com vistas a garantir os direitos básicos da criança e sua família à educação e a cuidados.

Os eixos para a Educação Infantil na Rede Municipal de Santa Maria, cuja a construção representa o pensamento dos profissionais que atuam com a criança de zero a cinco (0 – 5 ) anos, reafirmam o que está disposto nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e enfatizam:- A visão de criança, indicando um processo educativo que a considere como foco principal, sendo respeitada em suas diferentes linguagens, expressões e capacidade de criação.- O entendimento de que cuidar e educar são ações indissociáveis e base de sustentação do processo educacional da criança nessa primeira fase de vida, com peso e importância vitais para a formação humana, especialmente quando realizadas com qualidade relacional.- A concepção de que os elementos da Educação Infantil estão voltados ao desenvolvimento, à construção da autonomia, às primeiras vivências que impulsionam em direção ao conhecimento. Esse é o prisma pelo qual a ação educativa será pensada e articulada.- A necessidade de superação de práticas tradicionais que ainda hoje são quase dominantes: uma concepção compensatória, preparatória ou antecipatória da educação.- A idéia de que a aprendizagem e o conhecimento estão presentes no âmbito da Educação Infantil e demandam sentido de intencionalidade, planejamento e acompanhamento, configurando posição indissociável das dimensões da constituição e do desenvolvimento infantil e suas relações com o meio sócio - cultural.- A linguagem, a socialização, o brincar e a interação como articuladores do desenvolvimento e, portanto, do conhecimento, estando em direta relação com o meio social.- A compreensão da função social da instituição de Educação Infantil diante da necessidade das famílias de compartilhar a educação e o cuidado de seus filhos, estabelecendo co-responsabilidade entre essas duas instâncias pela Educação Infantil. Essas considerações acenam para a compreensão de que o processo educativo só se consolida pela interação com outros indivíduos. Sob o olhar de Vygotsky (1994), as aprendizagens que ocorrem constituem suporte para o desenvolvimento, e este abre perspectivas para novas aprendizagens. A. interação social embasa o desenvolvimento e a aprendizagem, com a mediação do adulto ou de parceiros mais experientes nas relações da criança com o ambiente em que vive e dá condições de aquisição da experiência cultural. A dinâmica desse processo possibilita a compreensão de que tudo está em correlação, não há cisão de elementos de maior ou menor importância no desenvolvimento ou na aquisição de aprendizagens.

Assim, a proposta de trabalho educativo com a criança pequena dispensa a fragmentação de conteúdos ou a compartimentalização de aprendizagens estabelecidas em etapas a serem vencidas em um determinado tempo. A idéia é de uma permanente construção da ação educativa, considerando o direito da criança à infância e à educação, estabelecendo uma interação entre o fazer pedagógico e a reflexão constante do que é realizado pelas crianças, profissionais da Educação Infantil, famílias e comunidades.

4. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

A Educação Infantil na Rede Municipal de Ensino desenvolve-se nas Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs) que atendem crianças a partir de seis meses, em turmas de Berçário, até cinco anos, em turmas de Pré-Escola. Atualmente mantemos convênio com quatro instituições que atendem crianças nessa faixa etária, sendo que Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF) possuem turmas de Educação Infantil. A organização das Escolas de Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino deverá seguir as orientações abaixo, conforme a Resolução do CNE\CEB nº 03\05, que em seu artigo 1º estabelece que “a antecipação da obrigatoriedade no Ensino Fundamental aos seis anos de idade implica a ampliação da duração do Ensino Fundamental para nove anos” e, em seu artigo 2º, que “a organização do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos e da Educação Infantil adotará a seguinte nomenclatura:

CRECHE PRÉ-ESCOLA DE ZERO AOS TRÊS ANOS (0 -3) DE QUATRO AO CINCO ANOS (4 – 5)

Para garantir uma nomenclatura comum à organização desse nível de ensino na Rede Municipal de Santa Maria, a Educação Infantil nas EMEIs organiza as turmas de acordo com os Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil – vol.2 (2006) e a Resolução do Conselho Municipal de Educação nº02 de 30\06\1999.

NÍVEL IDADEBERÇÁRIO I DE ZERO A UM ANO (0- 1)

BERÇÁRIO II DE UM A DOIS ANOS (1 – 2)

MATERNAL I DE DOIS A TRÊS ANOS (2 – 3)

MATERNAL II DE TRÊS A QUATRO ANOS (3 – 4)

PRÉ-ESCOLA A DE QUATRO A CINCO ANOS (4 – 5)

PRÉ-ESCOLA B DE CINCO A SEIS (5 - 6)

4.1- O PERFIL PROFISSIONAL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL

Segundo Sonia das Graças Oliveira Silva (2008), “o professor (dirijo-me de forma genérica, pensando em professor ou professora) que trabalha direto com crianças precisa ter uma competência polivalente. Isso significa dizer que deverá trabalhar com conteúdos

de naturezas diversas, que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento.”

Torna-se necessário, então, uma formação bastante ampla do profissional, que deverá refletir constantemente sua prática, aperfeiçoar-se sempre. É importante ,também, que haja um debate com colegas, diálogo com as famílias e a comunidade, sempre na busca de informações novas para o trabalho que desenvolve.

5. PARÂMETROS CURRICULARES

Considerando a construção de uma Educação Infantil participativa, foi realizado o processo de discussão e reflexão sobre as diretrizes curriculares na Rede Municipal de Ensino de Santa Maria, ampliando a atuação dos profissionais da Educação Infantil. A legislação vigente estabelece princípios que sustentam a base da ação educativa para a formação da identidade e da autonomia das crianças, de modo que sejam instigadas a construir, gradativamente e a seu tempo, conhecimentos que as auxiliem na compreensão de si próprias, das relações sociais e naturais, da cultura em que vivem e dos valores necessários para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Nesse sentido, a criança cidadã é ponto de partida e de chegada na elaboração dos projetos pedagógicos das unidades que ofertam Educação Infantil. A organização da ação educativa implica em processo de discussão e reflexão contínuo entre profissionais, famílias e comunidades acerca das práticas e relações estabelecidas, no sentido de constituir uma educação que articule e ajuste os espaços e tempos às necessidades da criança, não mais entendida como um vir a ser, mas como ser humano que vive todas as suas dimensões no presente, com identidade própria e que exige ação apropriada às suas especificidades.

5.1. Dimensões Norteadoras para Educação Infantil

Os conhecimentos/saberes e aprendizagens são estruturados nesse documento

para que sejam norteadores do fazer pedagógico. Para melhor entendimento, estão sendo

didatizados e elencados para a Creche e Pré-Escola. No entanto, em suas aulas, o

professor deverá trabalhá-los na perspectiva do entrelaçamento de conhecimentos,

formando redes, não perdendo de vista as especificidades conforme os diferentes tempos

e espaços.

5.1.1. Construção da Identidade e Autonomia Pessoal – refere-se ao conhecimento de si mesmo e à construção da própria identidade em interação com o ambiente sobre qual a criança pode intervir mediante o conhecimento de seu próprio corpo e da descoberta de suas possibilidades e limitações.

CRIANÇAS de zero a três (0 a 3) anos

- Construir uma imagem corporal e pessoal nas interações com adultos, crianças, natureza e cultura.

- Construir vínculos positivos, vivenciando situações que envolvam afeto, atenção e limites.-Explorar diferentes movimentos estabelecendo interações com o meio e percebendo seus limites corporais. (estimulação)- Manifestar progressiva independência nas situações de higiene, alimentação e cuidados com a aparência corporal, no sentido de valorizar a saúde e o bem-estar individual e coletivo. (Autonomia)- Assumir responsabilidades, gradativamente e de acordo com suas possibilidades, desenvolvendo confiança e auto-estima positiva.- Vivenciar situações envolvendo diferentes manifestações culturais,

CRIANÇAS de quatro a cinco (4 a 5 ) anos

- Ampliar conhecimentos sobre si e o outro, a partir de características biológicas, psicológicas e culturais, reconhecendo-se como único no grupo.- Construir vínculos positivos, vivenciando situações que envolvam afeto, atenção e limites.- Explorar força, velocidade, resistência e flexibilidade, em diferentes tempos e espaços, conhecendo seus limites e potencialidades corporais.- Representar o próprio corpo estabelecendo relações espaciais por meio de diferentes linguagens: corporal, plástica, musical, cênica, entre outras.- Valorizar atitudes relacionadas à saúde e ao bem-estar individual e coletivo, apresentando gradativamente independência nas ações de alimentação, cuidados com a aparência pessoal e higiene.- Assumir responsabilidades gradativamente e de acordo com suas possibilidades, desenvolvendo confiança e auto-estima positiva.- Ampliar conhecimentos sobre a própria cultura e de outras, desenvolvendo atitudes de respeito e valorização à diversidade de manifestações culturais.

5.1.2. Descoberta dos Meios Físicos e Sociais – compreendem elementos, espaços, condições. Situações e relações que constituem o contexto da criança e incidem em seu desenvolvimento.

CRIANÇAS de zero a três (0 a 3) anos

- Promover, gradativamente, ações independentes na escolha de espaços e brinquedos, aprendendo a brincar com adultos e crianças.- Vivenciar atitudes de colaboração, solidariedade e respeito, identificando aos poucos diferenças em seu grupo.-Reconhecer diferentes grupos sociais (família, escola, comunidade)

- Conhecer e aprender, gradativamente, a respeitar regras simples de convivência em diferentes situações do cotidiano.- Identificar objetos de uso pessoal, desenvolvendo gradativamente atitudes de organização e cuidados dos mesmos e dos ambientes dentro e fora da instituição.- Aprender sobre o mundo que a cerca pela observação dos fenômenos naturais, pela exploração de elementos da natureza e de outros objetos.- Perceber transformações em objetos e fenômenos físicos.

CRIANÇAS de quatro a cinco ( 4 a 5) anos

- Ampliar possibilidades de agir com autonomia na escolha de espaços, brinquedos e parceiros para brincar, definindo regras e recriando situações vividas.- Vivenciar relações de colaboração e solidariedade, desenvolvendo aos poucos tolerância e respeito pelo outro e suas diferenças.- Reconhecer à existência de diferentes grupos sociais, identificando as quais pertencem. - Conhecer, construir e respeitar regras de convivência entre si e com o diferente, utilizando gradativamente o diálogo e a negociação na resolução de conflitos.- Identificar e evitar situações de risco para si e o para o outro nos diferentes espaços que freqüenta, aprendendo a valorizar a vida.- Vivenciar e valorizar atitudes de organização e preservação de objetos e espaços de uso individual e coletivo, dentro e fora da instituição.- Explorar conhecimentos de diferentes áreas (como ciências naturais e sociais), aproximando-se gradativamente do conhecimento científico.- Perceber transformações em objetos e fenômenos físicos, como paisagens, e elementos da natureza- Vivenciar valores importantes para a vida e sobrevivência no planeta terra, estimulando a preservação e conservação do mesmo.- Oportunizar situações de reflexão sobre ética, vislumbrando o crescimento da criança em uma sociedade justa e igualitária.

5.1.3 Comunicação e Representação – abrange as diferentes linguagens que relacionam o indivíduo o ambiente e seus códigos. Essas linguagens são consideradas a partir da tripla função: lúdico-criativa, comunicativa e representativa.

CRIANÇAS de zero a três (0 a 3) anos

- Desenvolver progressiva independência nos movimentos e na expressão corporal, adquirindo gradativamente equilíbrio, ritmo, resistência, força, velocidade e flexibilidade corporal.- Desenvolver gradativamente a linguagem oral em diferentes situações de interação.- Apropriar-se de materiais diversos, aprendendo a utilizá-los como forma de expressão.- Ampliar, progressivamente as possibilidades de comunicação e expressão de idéias, sentimentos, desejos e necessidades, utilizando diferentes linguagens.- Conhecer e respeitar as diferentes linguagens artísticas.- Desenvolver gradativamente o interesse e o prazer pela leitura.- Oportunizar situações que envolvam o código e o pensamento lógico matemático. - Oportunizar o conhecimento do código tecnológico. (é o conhecimento do uso de telefone, do celular e do computador)

CRIANÇAS de quatro a cinco( 4 a 5) anos

- Desenvolver e ampliar progressivamente equilíbrio, ritmo, resistência, força, velocidade e flexibilidade corporal.- Ampliar aos poucos as possibilidades de expressar-se verbalmente em diferentes situações de uso da linguagem oral.

- Reconhecer materiais diversos e procedimentos para utilizá-los como forma de expressão.- Comunicação e expressão de idéias, sentimentos, desejos e necessidades, utilizando diferentes linguagens e reconhecendo sua função social.- Ampliar as possibilidades de representação simbólica.- Conhecer, apreciando e respeitando as diferentes linguagens artísticas, podendo relacionar elementos de sua cultura com elementos da cultura artística historicamente acumulada.- Desenvolver, gradativamente, o interesse e o prazer pela leitura.- Observando a função da escrita em diferentes contextos, avançando gradativamente em suas hipóteses de leitura e de escrita.

- Oportunizar o conhecimento e aprendizado do código tecnológico.

6. REVISANDO PONTOS METODOLÓGICOS

A proposta de trabalho educativo com a criança pequena dispensa a fragmentação de conteúdos ou a compartimentalização de aprendizagens estabelecidas em etapas a serem vencidas em um determinado tempo. A idéia é de uma permanente construção da ação educativa, considerando o direito da criança à infância e à educação, estabelecendo uma interação entre o fazer pedagógico e a reflexão constante do que é realizado com as crianças, profissionais da Educação Infantil, famílias e comunidades.

Mas conhecimentos, processos e habilidades associados ao desenvolvimento intelectual, social, moral, emocional, físico, psicomotor, da criatividade, da consciência estética e da linguagem da criança em seus primeiros anos de vida requerem uma abordagem pedagógica específica. Essa abordagem baseia-se na oferta de situações desafiadoras, estimulantes e significativas que propiciem a criança a descoberta do mundo, do outro e de si mesma, através das quais, Ciências, Matemática, Estudo Sociais, entre outros conteúdos, sejam aprendidos, enquanto aprende também ,valores e regras de convivência. A atividade lúdica desempenha um papel central nessa abordagem, sobretudo as brincadeiras sensório-motoras e simbólicas, pois é o modo predominante de interação e compreensão do mundo nessa fase da vida. Mas ela não deve ser entendida como exclusiva da etapa de Educação Infantil, já que também podemos e devemos continuar a brincar ao longo da vida. Segundo Lima (2001, p. 11), o desenvolvimento da criança dependerá igualmente da possibilidade que ela tenha de explorar seu ambiente, expressar suas emoções, ter contato com várias coisas e pessoas, estabelecer relações afetivas. É na interação com pessoas e com o meio que a criança vai construindo sua subjetividade, sua imagem corporal, percebendo características próprias e potencialidades, desenvolvendo sua autonomia. As relações que vivencia na interação com adultos são decisivas nesse processo de construção da identidade e desenvolvimento da autonomia. A criança que encontra adultos que sabem valorizar suas iniciativas, auxiliando-a quando necessita e também permitindo que aja, experimente, explore, supere limites pessoais, tem possibilidades de construir uma auto-estima que a torna fortalecida para enfrentar desafios. Nesse sentido, para Lima (2001), o desenvolvimento humano implica numa interação de natureza biológica – aparato genético específico da espécie humana – e cultural – experiências vividas nos diferentes contextos sociais e naturais de que participa. As bases de aprendizagem que resultam dessa interação são matrizadas no cérebro que, no período da Educação Infantil, apresenta plasticidade ímpar no estabelecimento de

conexões nervosas ou redes neuronais. Essas matrizes de aprendizagem vão compondo um repertório de possibilidades cerebrais que se conectam e são modificadas diante das diferentes interações da criança com o meio natural e social.

Cada criança tem uma rede neuronal própria, que resulta das conexões oportunizadas pelas diferentes experiências culturais vividas em família e em sociedade e que se traduzem em tempos e ritmos diferenciados de aprendizado, em uma maneira única de estar no mundo. No processo em que a criança se empenha para conhecer e compreender o meio onde vive, ela age, lança hipóteses, transforma e também se modifica em uma influência recíproca, passando por conflitos quando suas ações são confrontadas com limitações de ordem social e de maturação biológica, limitações essas que acabam gerando motivação na elaboração de estratégias de ação no sentido de superá-las. Nesse sentido, a aprendizagem é um processo de apropriação ativa do conteúdo das experiências humanas, que impulsiona de forma não linear o desenvolvimento infantil.

Para Vygotsky (1994), quando se pretende estabelecer relação entre a aprendizagem e o desenvolvimento das funções psicológicas, é preciso considerar pelo menos dois níveis de desenvolvimento. O nível de desenvolvimento real, que resulta de um processo de desenvolvimento já realizado, identificado através da solução independente de problemas pela criança, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob orientação de adultos ou de crianças mais experientes. Na distância entre esses dois níveis situa-se a zona de desenvolvimento proximal, que define funções psicológicas no processo de maturação que está ocorrendo no desenvolvimento infantil. Em suas pesquisas, Vygotsky descobriu que as crianças podem apresentar idade mental equivalente em relação ao desenvolvimento efetivo (real), porém dinâmicas de desenvolvimento bem diferentes quando são orientadas na resolução de problemas. Decorre dessas pesquisas que a interação com adultos e crianças mais capazes, em situações desafiadoras, ativa na criança processos internos de desenvolvimento que, na continuidade, se tornam aquisições efetivas.

Assim, o aprendizado cria a zona de desenvolvimento proximal e desperta vários processos internos de desenvolvimento que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação com seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança (Vygotsky, p.117-118). Isso indica a importância de se estabelecerem interações de qualidade entre adultos e crianças e do planejamento de situações de aprendizagem envolvendo as crianças entre si, reconhecendo-as capazes de ensinar e aprender umas com as outras. As possibilidades de a criança desenvolver o pensamento, a identidade e a noção de si própria, de como expressar emoções e relacionar-se em grupo, respeitando regras de convivência, dependem das oportunidades de participar de diferentes experiências, em espaços e tempos que propiciem o movimento, a dança, a interação com a natureza, a música, a literatura, as artes, o brincar, a interação com outras crianças e adultos.

É importante ressaltar que, ao mesmo tempo em que a criança está em contato com linguagens diversas, essas linguagens estão em processo de (re) siginificação e constituem o próprio desenvolvimento humano. Nessa compreensão, a criança insere-se em múltiplos sistemas simbólicos e constitui sistemas básicos de apoio para outras aprendizagens, no processo de interação com a cultura em que vive. A avaliação do trabalho educativo na Educação Infantil consiste em um processo contínuo, fundamentado na criança como referência dela própria. A avaliação dispensa níveis comparativos entre as crianças e tem como objetivo principal a orientação do profissional de Educação Infantil no realinhamento de suas intervenções. De acordo com o art. 31 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º9.394/96, a avaliação da

criança na Educação Infantil "far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental". A avaliação focaliza as necessidades e experiências infantis, considerando os diferentes momentos do desenvolvimento, bem como os aspectos referentes ao seu universo cultural e, nessa perspectiva, é necessário ressignificar a avaliação na Educação Infantil. Dessa forma, a avaliação deve avançar de um caráter constatativo para uma postura investigativa, na busca de entendimento do processo de desenvolvimento infantil compreendido de forma integrada. Assim, o profissional que atua na Educação Infantil necessita de um olhar sensível e abrangente sobre a criança, para superar concepções classificatórias, comportamentalistas e práticas descontextualizadas que impedem a percepção do significado da aprendizagem e do desenvolvimento da criança como processos em permanente construção. O desafio posto está na mediação, entendido como intervenção necessária que busca uma articulação significativa entre os conceitos construídos pela criança e a realidade que a cerca. De acordo com Hoffmann (1996, p. 48), "a avaliação em Educação Infantil precisa resgatar urgentemente o sentido essencial de acompanhamento do desenvolvimento infantil, de reflexão permanente sobre as crianças em seu cotidiano como elo da continuidade da ação pedagógica". É preciso pensar a organização de instrumentos que possibilitem acompanhar o tempo da criança em ser e em se desenvolver na instituição, revelando a sua trajetória, as curiosidades manifestadas, os avanços progressivamente alcançados, a sua relação com outras crianças e adultos, o que não irá se encerrar no julgamento das ações, mas no que se observou, analisou, refletiu e apontou sobre o caminho percorrido, sendo este também ponto de reorganização da prática educativa. Daí a necessidade do registro das ações que se evidenciam no cotidiano do trabalho, sendo relatórios, fotos, gravações em áudio e vídeo, materiais produzidos pelas crianças e diários, entre outros, alternativas atualmente utilizadas que subsidiam a reflexão no processo avaliativo. Entende-se que as observações têm caráter provisório, devido ao ritmo de desenvolvimento, às formas de pensamento, às conquistas de aprendizagem da criança que se dão em um processo dinâmico e que se modificam pelas relações que se estabelecem no cotidiano.

Portanto, a avaliação é apresentada em sua dimensão formadora, que não concebe a fragmentação do sujeito, mas atua sob o caráter gradativo do processo de desenvolvimento da criança, das suas necessidades individuais e do grupo. Esses são indicadores fundamentais em relação ao processo de avaliação a serem considerados na elaboração dos projetos pedagógicos.

7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Lei Federal de 05\10\1988. Brasília: Senado Federal,2000.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei Federal nº9.394\,de 26\12\1996.

BRASIL, CNE\CEB. Orientações para a matrícula das crianças de 6 (seis) anos de idade no Ensino Fundamental obrigatório,em atendimento à Lei nº11.114,de 16 de maio de 2005,que altera os Arts. 6º, 32 e 87 da Lei nº9. 394\1996,Parecer nº18\2005.

BRASIL, CNE, CEB. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Parecer nº 22\98, aprovado em 17 de dezembro de 1998.

____, Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil. Resolução nº01, aprovado em 07\04\1999b.

BRASIL, MEC, SEF, Política Nacional de Educação Infantil. Brasília: MEC\SEF\DPEF\COEDI, 1994ª.

BRASIL, MEC, SEF. Padrões de Infra – estrutura para as Instituições de Educação Infantil e Parâmetros de qualidade para a educação infantil.Brasília:MEC\SEF

___ , Resolução do CNE/CEB n° 03/05

___, Lei Federal 8.069/1990 Estatuto da Criança e do Adolescente

___, Resolução CNE/CEB n °02 DE 1999

___, Referêncial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1999 b.

CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SANTA MARIA. Resolução n° 02/1999

LIMA, E. S. A criança Pequena e suas Linguagens. São Paulo, Editora Sobradinho 107, 20

____ Memória e Imaginação. São Paulo, Editora Sobradinho 107, 2004.

____ Neurociências e Aprendizagens. São Paulo, Editora Sobradinho 107, 2004.

____ Desenvolvimento e Aprendizagem na Escola. São Paulo, Editora Sobradinho 107, 1998.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: MartinsFontes, 1994.

HOFFMANN, J. Avaliação na Pré-Escola: um olhar sensível e reflexivosobre a criança. Porto Alegre: Mediação, 1996. v. 3. (Cadernos deEducação Infantil).

SILVA,Sonia Graça Oliveira – O Perfil Profissional do Professor de Educação Infantil(2008)

8.GRUPO DE SISTEMATIZAÇÃO

Adriana Maria Falkembach Knacfuss- EMEI – Borges de Medeiros

Adriane de Almeida Messias – EMEI – Montanha de Russa

Aldenise Greskouviak – EEI – Nossa Senhora das Vitórias

Andreia Ferretti Lima – EMEF – Aracy Barreto Sachis

Carmem Hautrive – EMEI – Casa da Criança

Claudia Madeira – EMEI- Núcleo Infantil CAIC

Cléia Margarete Macedo da Costa Tonin – SMEd

Cleonice Fratton – EMEI – Núcleo Infantil CAIC

Daisy Mari Braz Ramos – SMEdLisiane da Cunha Rosignollo – EEI – Nosso Lar

Lizandra Silveira- EMEI – Zahie Beret Farret

Luciana Rodrigues – EMEI – Luiza Ungaretti

Lucina Cavalheiro – EMEI – Eufrázia Pengo Lorensi

Mara de Oliveira – EMEI – Eufrázia Pengo Lorensi

Marcia Regina Neves – EMEI – João Franciscatto

Maria de Lourdes Bevilaqua – EMEI – Casa da Criança

Mariuza Walchte Rosa – EEI – Ida Berteotti

Marlene Luccas – EMEI – Darcy Vargas

Nízia Maria Martins Sokolovicz – EMEI – Luizinho de Grandi

Silvia Bassoaldo Mór – EMEI – Vila Jardim

Sonia Maria Gonçalves da Silva - SMEd

Suzana Boher – EEI – Nossa Senhora das Vitórias

Suzana Fagundes Beltrame – EEI – Santa Rita de Cássia

ANEXOFORMAÇÃO CONTIUADA

DIRETRIZES CURRICULARES MUNICIPAIS - EDUCAÇÃO INFANTIL2005 - 20082005

DATA EVENTO

02/04Reunião com Diretores da Escolas MunicipaisTema: Plano Municipal de Educação

30-31/0501-02-03/06

Encontros com as Equipes Diretivas por Região.Temas: Plano Municipal de Educação Ensino Fundamental de 9 anos Formação de Gestores

23-24-25-26-30/08 Plenárias Regionais do Plano Municipal de Educação22/09 Seminário Regional do Ensino Fundamental de 9 anos

Temas:Fundamentação Legal e elaboração da proposta26-27/10 I Seminário Municipal Educação e Diversidade Étnico -Cultural

22/11V Encontro Municipal de Educação da Administração PopularTema: Reestruturação Curricular “Repensando o Cotidiano Escolar”

200606 a 20/04 Formação Continuada para Professores da Educação Infantil

Berçário e Maternal: Orientação e instrumentalização para o trabalho com crianças de zero a três anos. Psicóloga Cristiane Alsaya

23/05 Formação Continuada para Professores da Educação Infantil

Pré- Escola: Desenvolvimento da LinguagemFonoaudióloga Giovana Romero

29/05 Desenvolvimento Emocional de Crianças de quatro a seis anosPsicóloga Dorian Mônica Arpini

21/06 a 28/06 Brincar com Intencionalidade na Educação InfantilSanta Marli

06 a 07/07 O Profissional da Educação Infantil Cleonice Tomazzeti

14/07Reunião de Diretores das Escolas MunicipaisTemas: Ensino Fundamental de 9 anos Formação Continuada dos Professores Plano Municipal de Educação

24/04

Reunião com um Professor Representante de cada Escola Temas: Implementação da Lei 10.639/03 Subsidiar as escolas com materiais Formação Continuada sobre Diversidade Étnico –Cultural Plano de Ação

25/05 Reuniões das Equipes Diretivas por Regiões

03/061ª Etapa do Curso de Gestores – Instituto Paulo Freire de Ensino Superior de Juiz de Fora

26/06 Reunião Grupo de Estudos da Cultura Afro-BrasileiraPalestras sobre Desenvolvimento e Aprendizagem:Implicações

17-18-19-20-21/07 no Currículo Escolar – Prof.ª Dr.ªElvira Lima

07-08/08Reunião com Equipes Diretivas da Rede Municipal de EnsinoTemas: Planejamento Participativo Educação Cidadã Avaliação Dialógica

Prof.º Dr.º José Eustáquio Romão/Instituto Paulo Freire10-11/08 II Seminário Municipal Educação e Diversidade Étnico-Cultural

03/10Reunião com as Equipes Diretivas das EscolasTema: Projeto Político Pedagógico das Escolas da Rede Municipal de Ensino

09/11Reunião dos Coordenadores Pedagógicos das Escolas da Rede Municipal de EnsinoTema: Organização e Orientações referentes ao VI Encontro de Educação da Administração Popular

27-28-29/11VI Encontro de Educação da Administração PopularTema: Aprendizagem

2007De 28/08/2007 a

09/07/2008Grupo de Estudos dos Professores da Educação Infantil em parceria com a UNISINOS

05/06Reunião com os Coordenadores Pedagógicos das Escolas Municipais

28/06Grupo Estudos da Cultura Afro-BrasileiraTema: Implantação da Lei 10.639/03

23-24-25/08III Seminário Municipal de Educação e Diversidade Étnico Cultural

08/10Reunião para Coordenadores PedagógicosTemas: Fórum Mundial de Educação

VII Encontro de Educação da Administração Popular PDE Projetos em Desenvolvimento na Escola

23/10Reunião de Coordenadores Pedagógicos dos Anos Iniciais Educação Infantil

29-30-31/10 VII Encontro da Educação da Administração PopularTema: Vivências e Práticas Pedagógicas

22/11Plenária para a aprovação dos Parâmetros Curriculares – Diretrizes Curriculares MunicipaisTemas: Socializar e discutir o Documento Encaminhar as contribuições e sugestões propostas para

a Educação Infantil2008

Mensal Reunião de Coordenadores Pedagógicos

10/04Encontro de Formação Continuada com a Prof.ª Dr.ª Elvira de Souza LimaTema: Fases do Desenvolvimento Humano: como se dá a aprendizagem?