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IBSN: 978-85-7282-778-2 Página 1 PREENCHIMENTO DE FALHAS EM DADOS DE TEMPERATURA MÉDIA MÁXIMA DO AR: ESTUDO PARA A ESTAÇÃO DE LAVRAS-MG Thiago Alves de Oliveira (a) , Camila de Moraes Gomes Tavares (b), Michaela Campos e Silva (c) , Victor Samuel Bernardes de Paula (d) , Fabio Sanches (e) , Cássia de Castro Martins Ferreira (f) , (a) Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia-PPGEO- UFJF, Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental, Instituto de Ciências Humanas-ICH- Universidade Federal de Juiz de Fora; Email: [email protected] (b) ) Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia-PPGEO- UFJF, Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental, Instituto de Ciências Humanas-ICH- Universidade Federal de Juiz de Fora; Email: [email protected] (c) Graduanda do curso de Geografia, Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental (Bolsista), Departamento de Geociências, Instituto de Ciências Humanas-ICH- Universidade Federal de Juiz de Fora; Email: [email protected] (d) Graduando do curso de Geografia, Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental (Bolsista), Departamento de Geociências, Instituto de Ciências Humanas-ICH- Universidade Federal de Juiz de Fora; Email: [email protected] (e) Prof. Dr. do Departamento de Geociências, Instituto de Ciências Humanas-ICH- Universidade Federal de Juiz de Fora; Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental Email: [email protected] (f) Profa. Dra. do Departamento de Geociências, Instituto de Ciências Humanas-ICH- Universidade Federal de Juiz de Fora; Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental (Coordenadora), Email: [email protected] Eixo: A Climatologia no contexto dos estudos da paisagem e socioambientais Resumo/ O presente trabalho objetivou avaliar duas técnicas de preenchimento de falha em dados meteorológicos, tendo como base os dados da estação meteorológica do INMET em Lavras-MG e como estação de apoio foram utilizados os dados de São Lourenço e Lambari-MG. A metodologia consistiu no preenchimento de falhas simuladas em nove anos da série, a partir das técnicas de regressão linear simples e a ponderação regional, posteriormente os dados estimados foram comparados com os observados a partir do teste t de Student. Os resultados demonstraram que a ponderação regional teve um desempenho superior no preenchimento da falhas, sendo que em todos os meses os dados estimados são semelhantes

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PREENCHIMENTO DE FALHAS EM DADOS DE

TEMPERATURA MÉDIA MÁXIMA DO AR: ESTUDO PARA A

ESTAÇÃO DE LAVRAS-MG

Thiago Alves de Oliveira (a), Camila de Moraes Gomes Tavares (b), Michaela

Campos e Silva (c), Victor Samuel Bernardes de Paula (d), Fabio Sanches (e), Cássia de

Castro Martins Ferreira (f),

(a) Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia-PPGEO- UFJF, Laboratório de

Climatologia e Análise Ambiental, Instituto de Ciências Humanas-ICH- Universidade Federal de Juiz de

Fora; Email: [email protected] (b) ) Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia-PPGEO- UFJF, Laboratório de

Climatologia e Análise Ambiental, Instituto de Ciências Humanas-ICH- Universidade Federal de Juiz de

Fora; Email: [email protected] (c) Graduanda do curso de Geografia, Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental (Bolsista),

Departamento de Geociências, Instituto de Ciências Humanas-ICH- Universidade Federal de Juiz de

Fora; Email: [email protected] (d) Graduando do curso de Geografia, Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental (Bolsista),

Departamento de Geociências, Instituto de Ciências Humanas-ICH- Universidade Federal de Juiz de

Fora; Email: [email protected] (e) Prof. Dr. do Departamento de Geociências, Instituto de Ciências Humanas-ICH- Universidade

Federal de Juiz de Fora; Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental Email:

[email protected] (f) Profa. Dra. do Departamento de Geociências, Instituto de Ciências Humanas-ICH- Universidade

Federal de Juiz de Fora; Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental (Coordenadora), Email:

[email protected]

Eixo: A Climatologia no contexto dos estudos da paisagem e socioambientais

Resumo/

O presente trabalho objetivou avaliar duas técnicas de preenchimento de falha em dados meteorológicos,

tendo como base os dados da estação meteorológica do INMET em Lavras-MG e como estação de apoio

foram utilizados os dados de São Lourenço e Lambari-MG. A metodologia consistiu no preenchimento

de falhas simuladas em nove anos da série, a partir das técnicas de regressão linear simples e a ponderação

regional, posteriormente os dados estimados foram comparados com os observados a partir do teste t de

Student. Os resultados demonstraram que a ponderação regional teve um desempenho superior no

preenchimento da falhas, sendo que em todos os meses os dados estimados são semelhantes

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estatisticamente aos observados a partir do teste t de Student, já a regressão linear teve um comportamento

pior no preenchimento.

Palavras chave: técnicas estatísticas, regressão linear, ponderação regional, séries temporais

1. Introdução

Muito se tem discutido ao longo dos últimos anos a respeito das mudanças climáticas

globais. Dentro dessa perspectiva, se fazem importantes as análises de séries temporais com o

intuito de verificar tendências ou mudanças no comportamento dos elementos climáticos

(BACK, 2001; FOLHES E FISCH, 2006; BLAIN, 2010; FANTE e SANT’ANNA NETO,

2013; SANCHES et. al. 2015; 2017; REBOITA et al, 2018).

Folhes e Fisch (2006) analisando os dados de precipitação e temperatura do ar para o

município de Taubaté-SP, a partir do Teste de Mann-Kendall destacam que para a temperatura

média máxima e média mínima anual não há tendência de aumento ou diminuição da

temperatura do ar, para a confiança de 95%.

Blain (2010) discute a partir de 8 séries de temperatura máxima média anual do ar,

utilizando testes não paramétricos com o de Mann-Kendall no estado de São Paulo. Aponta que

Pindorama e Ubatuba apresentam aumento na temperatura média máxima do ar nos últimos

anos. As cidades de Campinas e Piracicaba revelaram um deslocamento no conjunto de dados

em direção aos valores mais elevados, a partir de um teste de probabilidade.

Reboita et al (2018) analisando a partir de modelagens os dados de precipitação e

temperatura média do ar para Minas Gerais, destacam que para os modelos analisados houve

um aumento da temperatura média no estado, entre 2 e 5°C entre os dados de 1980- 2005 (clima

presente) e 2070- 2095 (clima futuro).

Análises associadas a extremos de temperatura do ar, ondas de calor, tendências de

aquecimento necessitam de boas séries de dados de temperatura, para que os resultados sejam

satisfatórios (FANTE e SANT’ANNA NETO, 2016), no entanto as coletas de dados de

temperatura do ar ainda são bastante deficitárias no território brasileiro se comparada à rede de

coleta de dados de precipitação, a qual possui um número maior de estações.

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Para a análise de séries temporais, Fante e Sant’Anna Neto (2013) destacam que a

escassez de dados em função de uma rede de observação meteorológica limitada, bem como a

presença de falhas nas bases de dados de estações ativas, levaram a uma busca por parte de

pesquisadores por técnicas geoestatísticas que possibilitassem o preenchimento de falhas em

série de dados meteorológicos.

Diversas são as técnicas utilizadas para o preenchimento de falhas, segundo Bier e

Ferraz (2017, p. 215) estas vão “desde técnicas simples como o cálculo da média aritmética

entre dados oriundos de estações vizinhas, até métodos mais apurados, como redes neurais, as

quais são caracterizadas por algoritmos computacionais robustos”.

Estes mesmos autores (BIER e FERRAZ, 2017) avaliaram 6 técnicas de preenchimento

para os dados de temperatura média compensada e de precipitação para estações localizadas no

Rio Grande do Sul, sendo utilizadas a média aritmética, regressão linear múltipla, ponderação

regional, interpolação do inverso da distância, método da razão normal e o método tradicional

do Reino Unido. Apontam que a Ponderação Regional, Regressão linear múltipla e o método

do Reino Unido apresentaram os melhores resultados.

Fante e Sant’Anna Neto (2013; 2016) ao avaliar a regressão linear simples e a

ponderação como técnicas de preenchimento de falhas para a temperatura média máxima e

média mínima do ar em estações do estado de São Paulo apontam que, para o preenchimento

da temperatura média máxima, a regressão linear teve um desempenho inferior, chegando a até

2,3°C de diferença do valor real, enquanto que a ponderação regional não ultrapassou a

diferença de 0,9°C.

Nesse sentido, o objetivo do trabalho é avaliar duas técnicas de preenchimento de falhas,

a ponderação regional e a regressão linear simples, com o intuito de apontar qual a técnica

estima de maneira mais satisfatória os dados observados.

2. Caracterização da área de estudo

A estação cujo os dados foram preenchidos encontra-se no município de Lavras-MG,

no Campo das Vertentes, enquanto as estações de apoio encontram-se no sul do estado de Minas

Gerais, nos municípios de São Lourenço e Lambari. Segundo Oliveira et al (2018) a região Sul

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do estado tem a sua dinâmica climática influenciada pela topografia, estando localizados no

contexto da Serra da Mantiqueira, (FIGURA 01), localizadas na grande bacia do Rio Grande

(Tabela I).

Tabela I: Estações do Inmet utilizadas no trabalho

Município Altitude Bacia hidrográfica

Lavras 919m Rio Grande

Lambari 878m Rio Grande

São Lourenço 953m Rio Grande

Figura 01: Localização das estações utilizadas no trabalho.

Oliveira et al (2018) e Reboita et al (2015) apontam que o clima na região se comporta

como uma monção, com duas estações bem definidas, uma estação mais quente e chuvosa que

vai de outubro a março, e uma estação fria e seca que vai de abril a setembro.

No verão, o ar quente e úmido é transportado para essa região pelos ventos do

setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) e pelo jato de

baixos níveis a leste dos Andes (JBN). Esse último transporta ar quente e

úmido de origem tropical para os subtrópicos. A interação do escoamento

propiciado pelo ASAS e pelo JBN com a convecção local são fatores que

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podem contribuir para a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul

(ZCAS). (OLIVEIRA, 2015, p. 759).

Nos períodos de Inverno,

Os sistemas atmosféricos migram para norte. Desta maneira, a convecção

enfraquece na região do Trópico de Capricórnio, o ASAS torna-se mais

intenso e expandido para oeste de forma que parte do seu setor oeste se

localiza sobre o sudeste e sul do Brasil.” (REBOITA, 2015, p. 208).

Além disso, na porção onde se localizam as estações, a topografia acidentada repercute

na variabilidade anual dos elementos climáticos, pois a “a presença de vales e montanhas

contribui para o desenvolvimento de circulações de mesoescala, tais como as brisas de vale e

de montanha” (OLIVEIRA, 2018, p. 759).

3. Materiais e métodos

A metodologia realizou-se em 5 etapas.

A primeira etapa consistiu no levantamento dos dados de temperatura média máxima

mensal para os municípios de Lavras, Lambari e São Lourenço-MG. Estes dados encontram-se

disponíveis junto ao Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa - BDMEP

(http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=bdmep/bdmep) localizado no site do Instituto

Nacional de Meteorologia - INMET (www.inmet.gov.br/portal/).

A partir do levantamento dos dados das estações de apoio (Lambari e São Lourenço),

na segunda fase do trabalho, estes conjuntos de dados foram testados a partir da correlação

linear de Pearson com os dados da estação de Lavras, buscando verificar a intensidade das

relações entre os conjuntos.

Na terceira fase foram utilizadas duas técnicas de preenchimento para os dados: a

regressão linear simples e a ponderação regional. A regressão linear consiste na extração da

equação de regressão (𝑦 = 𝑎𝑥 − 𝐵) a partir dos dados das estações de apoio, no caso Lambari

e São Lourenço. Os dados foram preenchidos a partir da regressão com as estações de apoio,

com o intuito de analisar o desempenho individual das mesmas.

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Para o preenchimento por ponderação regional “as falhas de um posto são preenchidas

através de uma ponderação com base em postos vizinhos” (ALEXANDRE, 2009, p.23). Sendo

que o método pode ser aplicado a partir da equação 1:

𝑌 = 𝑌𝑚é𝑑/𝑛(𝑋1

𝑋𝑚1+

𝑋2

𝑋𝑚2+

𝑋𝑛

𝑋𝑛𝑚𝑒𝑑) (Equação 1)

Onde: Y é o valor a ser preenchido; Ymed é a média dos dados ao longo da série para o

mês que o preenchimento será realizado; n é o número de estações de apoio utilizadas; X1, X2,

Xn são os dados mensais correspondentes ao período de preenchimento, observados nas

estações de apoio; Xm1, Xm2, Xnmed: são os dados médios referentes aos meses de

preenchimento nas estações de apoio. Nesse caso a ponderação foi realizada com as duas

estações de apoio, Lambari e São Lourenço.

A partir das técnicas utilizadas, na quarta fase, foram simuladas falhas para que os testes

fossem avaliados, nesse sentido foram selecionados 9 anos da série, 1996, 1999, 2000, 2001,

2003, 2004, 2005, 2007, 2008, estes foram escolhidos pelo fato de que as três estações utilizadas

tinham seus dados observados e sem falhas.

Na quinta fase os dados mensalmente estimados pelas técnicas foram avaliados

estatisticamente pelo teste t de Student, com o intuito de verificar se os mesmos se comportavam

de maneira semelhante aos observados. O Teste t é um teste de hipóteses, no qual duas amostras

(dados observados e dados estimados) foram avaliados em função da sua homogeneidade, para

isso estabeleceu-se um nível de significância de 0,05 (95%). O teste foi calculado mensalmente

para as amostras a partir do software Excel 2013.

4. Resultados e discussão

A primeira avaliação dos dados, partiu da análise de correlação entre as estações de

apoio (São Lourenço e Lambari) e a estação de Lavras. É possível notar a partir da figura 02

que as duas estações utilizadas apresentam um comportamento similar quando correlacionadas

com os dados de Lavras.

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Quando avaliada a correlação ponto a ponto, ou seja, seguindo a própria ordem

cronológica dos dados, tanto Lambari quanto São Lourenço obtém um coeficiente de

determinação R²= 0,88) e uma correlação de Pearson de 0,93. Já na correlação de conjunto,

quando os dados são ordenados do menor para o maior, ambas as estações demonstram uma

elevada correlação com a estação de Lavras (R²=0,99, bem como a correlação de Pearson -

r=0,99), demonstrando que o comportamento dos dados entre essas três estações seguiu uma

dinâmica bem próxima ao longo do período.

A partir das falhas criadas para os 9 anos da série foi possível extrair o erro médio

mensal de cada técnica de preenchimento. A tabela II apresenta a média mensal de erro para os

9 anos testados, sendo que a ponderação regional obteve o melhor desempenho, pois em média

não ultrapassa 0,5°C em nenhum dos meses do ano, Já as outras duas regressões, com a estação

de Lambari (Regressão 1) e a estação de São Lourenço (Regressão 2) apresentaram erros

maiores no preenchimento.

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Figura 02: Gráficos de correlação ponto a ponto e do conjunto de dados entre Lavras e as estações de

apoio.

Tabela II: Média mensal dos resíduos entre os dados estimados por cada técnica e os valores

observados. Regressão 1: Regressão linear entre os dados de Lavras e Lambari; Regressão 2: Regressão Linear

entre os dados de Lavras e São Lourenço.

A regressão 1 (com os dados de Lambari) foi a que apresentou o pior desempenho dentre

os conjuntos de dados utilizados. Nos meses mais quentes do ano o erro ultrapassou os 2°C em

média. Já a regressão 2 (com os dados de São Lourenço) teve um desempenho intermediário,

sendo que os erros médios mensais não ultrapassaram 1°C, no entanto foram maiores que os

estimados pela ponderação regional.

Na tabela III estão os dados da soma anual dos módulos dos resíduos, corroborando com

as médias mensais, destaca a Ponderação regional com o menor erro em todos os anos, seguida

pela regressão com os dados de São Lourenço (Regressão 2) e com a estimativa mais

equivocada os dados da regressão com os dados de Lambari (Regressão 1).

Tabela III: Soma anual dos resíduos entre os dados estimados por cada técnica e os valores observados.

Regressão 1: Regressão linear entre os dados de Lavras e Lambari; Regressão 2: Regressão Linear entre os dados

de Lavras e São Lourenço.

Jan. Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

P. Regional 0,4 0,4 0,4 0,3 0,4 0,4 0,3 0,5 0,4 0,3 0,5 0,5

Regressão 1 2,6 2,7 2,2 2,1 0,9 0,4 0,4 1,3 1,7 2,1 2,7 3,0

Regressão 2 0,5 0,5 0,4 0,6 0,9 0,9 0,8 0,9 0,6 0,5 0,6 0,3

Média mensal dos resíduos (°C)

P. Regional Regressão 1 Regressão 2

1996 5,1 18,0 6,5

1999 3,8 21,2 6,6

2000 4,0 21,6 6,2

2001 5,1 24,3 5,6

2003 4,2 23,0 4,9

2004 4,7 20,1 9,4

2005 4,1 27,6 9,2

2007 4,0 20,6 6,3

2008 7,8 21,3 13,7

Soma anual dos resíduos (°C)

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Como forma de exemplificar o preenchimento das falhas analisadas tem-se as figura 03,

04 e 05 nas quais foram plotados os dados observados e as estimativas para os anos de 2003,

2004 e 2005. É possível identificar como o preenchimento de falhas pela ponderação regional

se aproxima dos dados observados nos 3 anos apresentados. Além disso, nota-se que os dados

estimados pela regressão 1 (com os dados de Lambari), em boa parte desse período,

superestimaram os dados de Lavras.

Para o ano de 2003, observa-se que a ponderação regional e a regressão linear com os

dados de São Lourenço (Regressão 2) obtiveram uma maior aproximação com os dados

observados em Lavras, enquanto que os dados preenchidos a partir dos dados de Lambari

(Regressão 1) pouco se aproximaram com os observados, principalmente nos meses mais

quentes do ano. A partir da Tabela III para este ano o resíduo total anual foi de 4,2°C para a

ponderação regional, 4,9°C para a regressão com os dados de São Lourenço (Regressão 2) e

23,0°C para a regressão 1 (com os dados de Lambari).

Figura 03: Desempenho mensal das técnicas de preenchimento para o ano 2003

No ano de 2004 os dados da ponderação regional e da regressão 2 (com os dados de São

Lourenço) se mantiveram mais próximos dos dados observados, enquanto os dados da regressão

com os dados de Lambari se aproximaram apenas nos meses Maio, Junho, Julho, e nos meses

mais quentes a estimativa teve um desempenho pior.

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Figura 04: Desempenho mensal das técnicas de preenchimento para o ano 2004

Para o ano de 2005 o comportamento foi semelhante, seguindo a mesma dinâmica, a

ponderação regional com o melhor desempenho variando bem próximo dos dados observados,

seguido pela regressão 2 (com os dados de São Lourenço) e pela regressão 1 (com os dados de

Lambari) que teve o pior desempenho ao longo dos três anos.

Figura 05: Desempenho mensal das técnicas de preenchimento para o ano 2005

Nos três anos aqui exemplificados 2003, 2004, 2005 (figuras 03, 04 05) foi possível

verificar que a qualidade do preenchimento dos dados pela ponderação regional esteve acima

das outras técnicas, as duas regressões utilizadas tiveram um comportamento variável ao longo

do período.

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Como uma forma de avaliar estatisticamente o preenchimento das falhas, os conjuntos

de dados foram submetidos ao Teste t de Student, utilizado com o intuito de verificar se os

conjuntos de dados estimados pelas técnicas se aproximavam dos dados observados.

De acordo com o Teste t, confirmando o que visualmente já se mostrava, a ponderação

regional estimou conjuntos de dados semelhantes estatisticamente aos dados observados, em

nenhum dos meses a estatística de teste calculada ultrapassou o limite de confiança, dessa forma

pode-se considerar que todos os meses mantiveram uma semelhança estatística nos conjuntos.

Na tabela IV, estão os dados da estatística t calculada mensalmente para a ponderação

regional, é possível observar que os valores estiveram bem baixos, em relação ao limite de

confiança de -2,33< Start t<2,33, sendo que apenas os meses Março, Julho e Setembro

ultrapassaram o valor 1. O segundo conjunto de dados, na regressão 1 (com os dados de

Lambari), em 10 meses os conjuntos de dados estimados foram estatisticamente diferentes dos

observados, apenas os meses de Junho e Julho semelhantes.

Tabela IV: Estatística do Teste t calculada para os dados observados e os calculados pela ponderação

regional, Regressão 1 e Regressão 2.

-2,33< Start t<2,33- Limite de confiança a 95%.

Já a regressão 2, com os dados de São Lourenço, o teste t demonstrou que os meses

Maio, Junho, Julho, Agosto, Setembro, Outubro foram preenchidos por conjuntos de dados

diferentes dos dados observados, no entanto, os outros meses foram bem representados pelo

preenchimento (Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Novembro, Dezembro).

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Start t 0,2 0,55 -1,61 0,97 -0,8 -0,54 -1,49 0,38 1,93 -0,16 0,05 0,75

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Start t 10,37 13,37 10,07 13,99 4,46 1,33 1,96 5,5 6,67 9,66 9,51 5,87

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Start t -1,61 -0,97 -1,84 -1,92 -2,79 -2,81 -5,17 -2,43 -4,22 -3,27 -0,66 -1,13

Ponderação regional

Regessão linear 1: Lavras-Lambari-MG

Regressão 2: Lavras- São Lourenço

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5. Considerações finais

Assim como apresentado na literatura, a Ponderação Regional apresentou um bom

desempenho para o preenchimento das falhas para a região de estudo, sendo isso confirmado

pelos testes realizados no presente trabalho, os dados estimados por esta técnica mantiveram a

variabilidade normal dos dados observados.

Destaca-se a importância da avaliação das técnicas estatísticas utilizadas em

preenchimento de falhas, uma vez que permitem uma melhor estimativa dos dados,

enriquecendo as análises posteriores da série temporal utilizada.

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