Literatura Africana Cláudia/Giulia/Márcia/

Patrícia

Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos

Pepetela

Pepetela significa: Pestana em quimbundo.Essa alcunha foi lhe dado nas matas do leste de Angola, quando era militante do MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola)

nasceu em Angola na cidade de Benguela em 29 de outubro de 1941

Sua família tinha raízes fincadas entre os colonos deste país da África, porém seus pais já eram angolanos de nascimento.

Nascimento

Realiza seus primeiros estudos, o Primário e parte do Secundário, em sua terra natal, onde permaneceu até 1956.

Logo depois partiu para Lubango, pois só aí teve a possibilidade de completar seus estudos, no Liceu Diogo Cão.

Vida Escolar

Em 1958 vai para Lisboa com o objetivo de cursar o Instituto Superior Técnico.

Em 1960 entrou na Faculdade de Engenharia.

Ainda em 1960 troca o curso de engenharia por Letras

Vida Acadêmica

Em 1961 larga o curso de letras e dá inicio a carreira política.

Em 1962 pede exílio em Paris Seis meses depois vai para Argélia,

onde se licenciou em sociologia Em 1963, ingressa no MPLA –

Movimento Popular para a Libertação de Angola.

Vida Politica

em 1969 vai para Cabinda participar diretamente na luta de libertação de Angola

em 1972 é transferido para frente leste de Angola onde desempenha a mesma função até o acordo de paz em 1974 com o governo português.

Vida Política

Em novembro de 1974 faz parte da primeira delegação do MPLA que se fixou em Luanda, desempenhando o cargo de diretor do departamento de educação e cultura e do departamento de orientação politica

Em 1975 até a data de independência de Angola, foi membro do Estado Maior da frente centro da FAPLA. No mesmo ano participou na fundação da união dos escritores Angolanos.

Vida Política

Em 1976 foi vice ministro de educação

Em 1982 larga o cargo de vice ministro e passa a lecionar sociologia na universidade Agostinho Neto em Luanda, onde fica até 2008

Vida Politica

Em Lisboa (1958) integra a Casa dos Estudantes do Império

É um dos criadores do Centro de Estudos Angolanos

Boa parte de sua obra só foi lançada depois de seu retorno do exílio.

Prêmio Camões de 1997 pelo conjunto da obra (Portugal/Brasil).

Vida Literária

Muana Puó - Romance escrito em 1969 e publicado em 1978. Mayombe - Romance escrito entre 1970 e 1971 e publicado em 1980. As Aventuras de Ngunga - Romance escrito e publicado em 1973. A Corda – Teatro político, peça escrita em 1976 e publicada em 1978. A Revolta da Casa dos Ídolos – Teatro histórico, peça escrita em 1978 e publicada em 1979. O Cão e os Calus – Novela picaresca escrita entre 1978 e 1982 e publicada em 1985. Yaka - Romance escrito em 1983 e publicado em 1984 no Brasil e em 1985 em Portugal

e em Angola. Lueji, o Nascimento de um Império - Romance realista animista escrito entre 1985 e 1988 e

publicado em 1989. Luandando - Crônicas sobre a cidade de Luanda escritas e publicadas em 1990. A Geração da Utopia – Publicado em 1992, este romance escrito em quatro partes, que se

passam em períodos de dez anos. Uma primeira parte em 1961com o início da luta armada. Uma segunda parte em 1972, escrita na Frente Leste e sobre a guerrilha. O Polvo é a terceira parte, passa-se nos anos 80 e aúltima parte e passa-se nos anos 1991-92, já depois dos acordos de Bicesse.

O Desejo de Kianda - Romance escrito em 1994 e publicado em 1995. A Gloriosa Família, o Tempo dos Flamingos - Romance publicado em 1997. A Parábola do Cágado Velho - Romance. Começou a ser escrito em 1990 e foi

publicado em 1997. A Montanha da Água Lilás, fábula para todas as idades - Romance publicado em 2000. Jaime Bunda, o agente secreto - Romance policial publicado em 2002. Jaime Bunda e a Morte do Americano - Romance policial publicado em 2003. Predadores - Romance publicado em 2005

Algumas obras de Pepetela

Prêmio Nacional de Literatura de 1980 pelo livro &ldquoMayombe&rdquo.

Prêmio Nacional de Literatura de 1985 pelo &ldquoYaka&rdquo.

Prêmio especial dos críticos de S. Paulo (Brasil) em 1993 pelo &ldquoA Geração da Utopia&rdquo.

Prêmio Camões de 1997 pelo conjunto da obra (Portugal/Brasil).

Prêmio Prinz Claus (Holanda) de 1999, pelo conjunto da obra. Prêmio Nacional de Cultura e Artes de 2002, pelo conjunto da obra.

Prêmio Internacional para 2007 da Associação dos Escritores Galegos (Espanha).

Prêmio do Pen da Galiza &ldquoRosália de Castro&rdquo, em 2014.

Alguns Prêmios de Pepetela

medalha de mérito de combatente da libertação pelo MPLA (1985)

medalha de mérito cívico da cidade de Luanda(1999)

ordem do Rio Branco da República do Brasil com grau oficial (2003)

medalha de mérito cívico da República da Angola (2005)

Honrarias

Ordem do Mérito Cultural da República do Brasil, grau de Comendador (2006)

nomeado pelo governo angola embaixador da Boa Vontade para a Desminagem e apoio às Vitimas de Minas (2007)

Doutor Honoris Causa pela universidade do Algarve (2010)

Honrarias

Predadores

Podemos inventar um passado, um pai e até um ideal para subir na vida?

 Sim, principalmente se essa vida se passar em Angola na pós guerra Colonial

Pepetela regressa com um retrato mordaz dos últimos 30 anos em Angola, seguir ao fim da Guerra Colonial, através da ascensão e queda do empresário Vladimiro Caposso, rapaz modesto do Calulo, filho de enfermeiro que cuidava da tropa portuguesa, depressa descobre que sobreviver em Luanda em muito depende do MPLA e, por isso, muda seu nome de José  para o mais revolucionário Vladimiro. É partir daí que começa a escalar os degraus da política e da finança. Dos anos 1970 e da loja aberta no feriado da Independência para poder servir ao novo milênio do campo de golfe onde rouba a água do rio aos pastores e agricultores, Vladimiro Caposso e a sua família empreendem em Predadores uma viagem ao longo das três décadas de transformação. Onde o oportunismo e a esperança se entremeiam na evolução de Angola até os dias de hoje.

Breve resumo da obra

Um romance histórico narrativo. Romance é uma obra literária que apresenta

narrativa em prosa, normalmente longa, com fatos criados ou relacionados a personagens, que vivem diferentes conflitos ou situações dramáticas, numa sequência de tempo relativamente ampla.

Um romance pode contar diferentes tipos de história, podendo ser denominado de “romance policial”, “romance de aventuras”, “romance regional”, “romance histórico”, “romance urbano”, “romance indianista” etc.

Análise da Obra “Predadores”

O título da obra encontra-se em concordância com a história narrada, uma vez que os fatos se desenrolam em uma sociedade caótica, recém saída de uma guerra colonial, procurando estabelecer-se numa sociedade democrática. Em que o poder e as influências são condições necessárias para ascensão social, ou seja, nos remetendo aos seres que destroem os outros para se alimentarem deles, numa clara alusão a todos aqueles que se corromperam e deram continuidade a um sistema injusto de exploração do povo, pondo por terra o sonho da “comunidade angolana imaginada”

Título

Há uma referência temporal específica na obra, com indicações que nos mostram o determinado tempo dos acontecimentos.

O autor separa por ano, fazendo idas e vindas no espaço temporal não obedecendo uma ordem cronológica dos fatos.

“Haverá muitas misturas de tempos, não nos ficaremos por este ano de 1992 em que houve as primeiras eleições, iremos atrás e iremos à frente, mas só quando me apetecer e não quando os leitores supuserem, pois democracias dessas de dar a palavra ao leitor já fizeram muita gente ir parar ao inferno e muito livro para o cesto do lixo.” (Pepetela, p. 06)

Tempo

Em termos espaciais, a ação se dá maioritariamente no território angolano, em Luanda.

“Embora o caso de um homem ter uma amante não fosse de todo desprestigiante na nossa sociedade de Luanda, parece o contrário é que não abona muito para a reputação de um macho.” (Pepetela, p.05)

Espaço

Linguagem simples e acessível a todos os grupos etários;

Visualismo presente na descrição dos fatos, dos locais e personagens;

Recheado de palavras de origem do kimbundo e de outras línguas nativas;

Existência do vocabulário tipicamente africano como: “matumbo”, “maka”, “cassumbular”, “musseque”, “marimbando”, entre outras.

Linguagem

Numa certa altura, Vladimiro, que não acredita em feitiçarias diz à mulher que o que chamam de feiticeiros “são mambos de matumbo do mato”, quer dizer, numa “tradução” livre, curandeiros de caipiras da roça.

Maka é um problema grande, delicado ou complexo. Quando o sujeito não faz alguma coisa porque não quer makas, podemos dizer que ele quer evitar encrencas brabas.

Vladimiro certa vez se pergunta “que tipo de empresa criar. Ou cassumbular, que sempre foi mais fácil”. Cassumbular aí é se apoderar de alguma coisa de alguém.

Quando diz que está marimbando, ele quer dizer que está pouco ligando para alguma coisa.

Musseque é aglomeração de moradias pobres, aqui chamamos de favela.

Linguagem

Os apartes de um narrador irônico;

A narrativa não linear; Metáfora.

Recursos Estilísticos

Conclui-se que o romance em Angola dialoga com a formação da própria nação angolana, pois por meio dos personagens o autor traça uma rede de críticas a sociedade emergente ,aos políticos que se corromperam do intuito de tornar o país democrático. Tudo isso em tom de farsa, debocha da elite política, econômica e intelectual angolana, apontando para a continuidade dos mecanismos de opressão no país.

Conclusão