precisamos uns dos outros

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Precisamos uns dos outros O sol posicionava-se no meio do céu e não havia nuvens, nem vento. Era um dia de enorme calor. Após um longo percurso de viagem, da Região Serrana ao Litoral dos Lagos, RJ, me sentia cansado e indisposto a encarar qualquer coisa que não fosse sentar sob um pé de árvore e gozar de sua sombra. Todavia, não poderia deixar de acompanhar minha mãe ao velório de sua tia, que poucas horas antes havia falecido; e, embora considerasse tal ocasião indesejável acerca do clima de tristeza que aflora em momentos como este, fui. A primeira ação foi cumprimentar os familiares, muitos dos quais sequer conhecia e outros que há anos não via, e me retirei, cautelosamente, daquele ambiente onde velas acesas queimavam o barbante e a parafina e que soltavam no ar um cheiro de queimado, e me assentei sobre o banco de madeira, no lado de fora daquela capela. Havia um pequeno número de pessoas, cerca de dez, quando fui convidado para fazer uma oração antes que se fechasse o caixão, e embora jamais ter passado por algo parecido e com cinco meses apenas de batizado, minha resposta foi sim. Contudo, com o passar dos minutos, o número de pessoas foi crescendo e logo aquele espaço estava repleto de parentes e amigos daquela pessoa falecida. Então, uma tremedeira passou a bambear minhas pernas, e minha mão direita, com muito custo, arrancou o celular do bolso do jeans e, com voz trêmula, relatei o acontecido à minha irmã em Cristo, responsável pelo Grupo Familiar que participo, que logo se dispôs a me ouvir e me tranqüilizar. Isto porque o número de pessoas naquele local se multiplicara em aproximadamente seis vezes, bem diferente daquele primeiro instante cujo ali cheguei. Mas, “eis-me aqui Senhor. Faça de mim o seu servo. Usa-me. Usa-me. Usa-me...” Existem momentos, que precisamos de ajuda, mesmo que seja com uma palavra. E da mesma forma, podemos ajudar. E assim, numa oração simples, pude sentir o Espírito Santo a tomar posse de meus lábios e declarar a paz de Deus sobre aquele lugar e sobre todos os presentes. Desta maneira a palavra do Senhor foi liberada, confortando os corações machucados. Uma paz vasta reinou naquele ambiente até o fim. Usa-me Senhor!

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PRECISAMOS UNS DOS OUTROS.

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Page 1: PRECISAMOS UNS DOS OUTROS

Precisamos uns dos outros

O sol posicionava-se no meio do céu e não havia nuvens, nem vento.

Era um dia de enorme calor. Após um longo percurso de viagem, da Região

Serrana ao Litoral dos Lagos, RJ, me sentia cansado e indisposto a encarar qualquer coisa que não fosse sentar sob um pé de árvore e gozar de sua

sombra. Todavia, não poderia deixar de acompanhar minha mãe ao velório de sua tia, que poucas horas antes havia falecido; e, embora considerasse

tal ocasião indesejável acerca do clima de tristeza que aflora em momentos como este, fui.

A primeira ação foi cumprimentar os familiares, muitos dos quais sequer conhecia e outros que há anos não via, e me retirei,

cautelosamente, daquele ambiente onde velas acesas queimavam o barbante e a parafina e que soltavam no ar um cheiro de queimado, e me

assentei sobre o banco de madeira, no lado de fora daquela capela. Havia um pequeno número de pessoas, cerca de dez, quando fui

convidado para fazer uma oração antes que se fechasse o caixão, e embora jamais ter passado por algo parecido e com cinco meses apenas de

batizado, minha resposta foi sim. Contudo, com o passar dos minutos, o

número de pessoas foi crescendo e logo aquele espaço estava repleto de parentes e amigos daquela pessoa falecida. Então, uma tremedeira passou

a bambear minhas pernas, e minha mão direita, com muito custo, arrancou o celular do bolso do jeans e, com voz trêmula, relatei o acontecido à minha

irmã em Cristo, responsável pelo Grupo Familiar que participo, que logo se dispôs a me ouvir e me tranqüilizar. Isto porque o número de pessoas

naquele local se multiplicara em aproximadamente seis vezes, bem diferente daquele primeiro instante cujo ali cheguei. Mas, “eis-me aqui

Senhor. Faça de mim o seu servo. Usa-me. Usa-me. Usa-me...” Existem momentos, que precisamos de ajuda, mesmo que seja com

uma palavra. E da mesma forma, podemos ajudar. E assim, numa oração simples, pude sentir o Espírito Santo a tomar

posse de meus lábios e declarar a paz de Deus sobre aquele lugar e sobre todos os presentes. Desta maneira a palavra do Senhor foi liberada,

confortando os corações machucados. Uma paz vasta reinou naquele

ambiente até o fim. Usa-me Senhor!