prÁticas em avaliaÇÃo de desempenho humano...

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Paulo Vinicius Nogueira Martins PRÁTICAS EM AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO HUMANO UTILIZADAS EM INDÚSTRIAS COM PLANTAS EM TAUBATÉ Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre pelo Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia, Contabilidade, Administração e Secretariado – ECA da Universidade de Taubaté. Área de concentração: Gestão de Pessoas e Recursos Socioprodutivos. Orientadora: Profa. Dra. Maria Júlia Ferreira Xavier Ribeiro Taubaté – SP 2004

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Paulo Vinicius Nogueira Martins

PRÁTICAS EM AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

HUMANO UTILIZADAS EM INDÚSTRIAS COM

PLANTAS EM TAUBATÉ

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre pelo Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia, Contabilidade, Administração e Secretariado – ECA da Universidade de Taubaté.

Área de concentração: Gestão de Pessoas e Recursos Socioprodutivos.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Júlia Ferreira Xavier Ribeiro

Taubaté – SP

2004

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PAULO VINICIUS NOGUEIRA MARTINS

PRÁTICAS EM AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO HUMANO UTILIZADAS

EM INDÚSTRIAS COM PLANTAS EM TAUBATÉ

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ, SP

Data: 23 de fevereiro de 2005

Resultado: ___________________________________

COMISSÃO JULGADORA

Profa. Dra. Maria Júlia Ferreira Xavier Ribeiro

Assinatura _____________________________________

Prof. Dr. José Rubens de Camargo

Assinatura _____________________________________

Prof. Dr. Paulo Tadeu de Melo Lourenção

Assinatura _____________________________________

3

Dedico este trabalho ao meu pai,

Aparecido, por tudo que me ensinou,

da forma ideal: o exemplo.

4

AGRADECIMENTOS

À Profa. Dra. Maria Júlia Ferreira Xavier Ribeiro, pelas aulas de paciência e

assertividade, além do conhecimento, na orientação deste trabalho.

Aos profissionais das empresas pesquisadas, que acreditaram na pesquisa e

abriram as portas das suas organizações.

Ao Diretor Local do SESI, Sr. Julio Antônio Tristão, que deu seu apoio em

questões práticas e imprescindíveis, como empregador do mestrando.

Aos colegas da Turma 04 - “MEST-04”, que demonstraram coleguismo,

amizade, união e carinho.

À esposa e filhos, que auxiliaram efetivamente além do apoio emocional.

À mamãe e às dindinhas, pelo incentivo e inspiração de sempre.

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MARTINS, Paulo Vinicius Nogueira. Práticas em avaliação de desempenho

humano utilizadas em indústrias com plantas em Taubaté. 2004. 95 f. Dissertação

(Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional) – Departamento de Economia

Contabilidade, Administração e Secretariado – ECA, Universidade de Taubaté,

Taubaté.

RESUMO

Este trabalho apresenta o resultado de pesquisa realizada em indústrias com plantas

localizadas na cidade de Taubaté – SP., segundo maior pólo industrial da região

conhecida como Vale do Paraíba. A pesquisa identificou programas de avaliação de

desempenho humano no trabalho que estão sendo utilizados nessas indústrias. Foram

pesquisadas oito empresas, três empresas com número de empregados superior a

quinhentos e cinco empresas com número de empregados entre cem e quatrocentos e

noventa e nove. Os resultados da pesquisa permitem identificar principalmente as

características dos programas em cada empresa e a relação existente com o porte das

mesmas, ações e áreas das empresas envolvidas nas definições de implantação e

atualização das práticas, causas que prejudicaram e levaram à suspensão de

procedimentos. A revisão da literatura destaca conceitos que esclarecem os aspectos

motivacionais dos programas, a importância dos métodos de implantação dos

mesmos, características de modelos teóricos existentes. Conclui que os programas de

avaliação de desempenho são classificados como ferramentas importantes, no entanto

a manutenção de práticas eficientes representa um desafio bastante difícil. Ainda é

significativo o número de empresas que não conseguem manter um programa

eficiente.

Palavras-chave: Práticas em Avaliação, Desempenho Humano, Indústria.

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MARTINS, Paulo Vinicius Nogueira. The human performance appraisal practices in

industries with their plants located in Taubaté. 2004. 95 p. Dissertation (Master in

Management and Regional Development) - Department of Economics, Accounting and

Administration, University of Taubaté, Taubaté, BRAZIL.

ABSTRACT

This work shows the result of a research performed in industries with their plants

located in Taubaté – SP., second biggest industrial spot of the region known as Vale

do Paraíba. The research identified human performance appraisal practices in

industries plants. Eight enterprises were studied, three enterprises with more than five

hundred employees and five enterprises with a number of employees between one

hundred and four hundred ninety nine. The result of the research helps to identify

principally: the characteristics of the programs in each enterprise and the relationship

existing with their size, actions and areas of the enterprises involved in the definitions

of implantation and update of the practices, causes that harmed and led to the

suspension of the procedure. Review of the literature points to concepts that clarify the

motivational aspects of the programs, the importance of implantation methods,

characteristics of theoretical existing patterns. At last, they point out the possible

scenario to identify with the collected information, which lead some conclusions: the

human performance appraisal practices are classified as important tools, however, the

maintenance of effective practices represent a very hard challenge. The number of

enterprises which do not get to maintain an effective program is still very meaningful.

Keywords: Practices of Evaluation, Human Performance, Industries.

7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO.........................................................................................................14 1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ..........................................................................................................14 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .........................................................................................................16 1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ....................................................................................................16

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 18

2.1 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO NO TRABALHO.................................................................19 2.2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO............................................................................24 2.2.1 Métodos tradicionais de avaliação de desempenho ......................................................................... 24 2.2.2 Método de relatórios verbais ........................................................................................................... 25 2.2.3 Método das escalas gráficas ............................................................................................................ 25 2.3 A ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS - APO E A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ............................26 2.3.1 O processo........................................................................................................................................ 30 2.3.2 Análise comparativa entre os Métodos Tradicionais e o Método de Avaliação por Objetivos........ 31 2.3.3 A avaliação de equipes..................................................................................................................... 32 2.3.4 Um exemplo de modelo informatizado ............................................................................................. 34 2.4 A AVALIAÇÃO 360 GRAUS .........................................................................................................35 2.5 IMPLANTAÇÃO..........................................................................................................................36 2.5.1 Uma metodologia para implantação................................................................................................. 38 2.5.2 A fase do conhecimento..................................................................................................................... 39 2.5.3 A fase da implementação................................................................................................................... 43 2.5.4 A fase do comprometimento .............................................................................................................. 43 2.6 ESTUDOS SOBRE COMPORTAMENTO E MOTIVAÇÃO ...................................................................45 2.6.1 Reforçadores de Comportamento...................................................................................................... 48 2.6.2 Conseqüências reforçadoras e freqüência de reforços ..................................................................... 49 2.6.3 Freqüência de reforços do comportamento ...................................................................................... 50 2.6.4 Punição e reforço negativo do Comportamento................................................................................ 52 2.7 PROGRAMAS DE RECONHECIMENTO DO DESEMPENHO ................................................................54 2.7.1 Planos de incentivos no local de trabalho ........................................................................................ 55 2.8 PLANOS PARA MELHORIA DE DESEMPENHO ................................................................................57 2.8.1 Um plano para melhora de desempenho........................................................................................... 57 2.8.2 Feedback ........................................................................................................................................... 58 2.9 CONCLUSÃO DA REVISÃO DA LITERATURA...................................................................................61

3 MÉTODO................................................................................................................. 63

3.1 UNIVERSO E AMOSTRA..............................................................................................................64 3.2 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS ...................................................................................65 3.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ................................................................................66

4 RESULTADOS........................................................................................................ 67

4.1 USO DE PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NAS INDÚSTRIAS ...........................................67 4.2 PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NAS INDÚSTRIAS .......................................................68 4.3 AVALIAÇÕES DE RESULTADOS DAS PRÁTICAS .............................................................................73 4.4 ÁREAS ORGANIZACIONAIS DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS NA IMPLANTAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DAS PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO.................................................................................................................74 4.5 CAUSAS DA SUSPENSÃO DO USO DE PROGRAMAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NAS INDÚSTRIAS PESQUISADAS.................................................................................................................................75

5 APRECIAÇÃO CRÍTICA DOS RESULTADOS...................................................... 77

6 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 88

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 91

8

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.............. 94

APÊNDICE B – CARTA DE SENSIBILIZAÇÃO......................................................... 95

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – USO DE PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NAS INDÚSTRIAS ............................................................................................................. 67

TABELA 2 – ÁREAS DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS NA IMPLANTAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DAS PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO .................................................. 75

10

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – USO DE PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NAS INDÚSTRIAS PESQUISADAS ................................................................................... 68

GRÁFICO 2 – PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO IDENTIFICADAS NAS INDÚSTRIAS PESQUISADAS........................................................................... 71

11

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO POR PORTES DE EMPRESAS............................. 64

QUADRO 2 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO IDENTIFICADOS NAS EMPRESAS PESQUISADAS ............................................................................ 73

QUADRO 3 – AVALIAÇÕES DE RESULTADOS DAS PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NAS EMPRESAS ....................................................................... 74

QUADRO 4 – CAUSAS DE SUSPENSÃO EM IMPLANTAÇÕES DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NAS EMPRESAS............................................................................. 76

12

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS E PERFORMANCE....................... 34

13

1 INTRODUÇÃO

Muitas análises, estudos, experiências e pesquisas sobre motivação do

comportamento no ambiente empresarial são divulgadas, fundamentadas em múltiplas

tendências teóricas de gestão de pessoas. A divulgação dessas informações

estimulou muitos administradores a adotar de imediato novas técnicas que muitas

vezes não representam soluções permanentes. Os gerentes adotam novas técnicas

porque estão trabalhando na direção do melhoramento contínuo num mundo

altamente incerto.

A grande pressão por tempo que o ritmo das organizações impõe aos seus

gerentes aliada à dificuldade de acesso às ferramentas de pesquisa como bibliotecas

e bancos de dados podem ser explicações para que ocorra a adoção de estratégias e

práticas para motivação de pessoas feita sem uma análise teórica mais profunda

O volume de trabalho dos gestores restringe também sua disponibilidade para

a troca de experiências; que permitiria uma análise mais formal, criteriosa e científica

das práticas adotadas por outras organizações. O compartilhamento de experiências é

válido principalmente quando essas empresas convivem na mesma região; com

pontos comuns nas dimensões sociocultural, econômica, político – legal e de mercado

de trabalho.

Este trabalho identifica e analisa técnicas e estratégias motivacionais de

Avaliação de Desempenho humano no trabalho.

Na visão de Bergamini e Beraldo (1988, p. 31), é importante considerar que o

trabalho, ou a realização de alguma atividade a que a maioria das pessoas se dedica,

se constitui na forma mais produtiva de o indivíduo empregar seus recursos e energia

pessoal. É a forma que as pessoas têm de sentirem seu potencial utilizado, ou seja,

colocado a serviço de alguma coisa, e mesmo de obterem um feedback, pela

comparação do resultado alcançado com o esforço despendido, numa relação de

custo x benefício, que conduz, cada pessoa, à avaliação do quanto se sente realizada,

completa e feliz.

Saber se o produto da relação entre custo e benefício, para a organização e

para o indivíduo, é satisfatório, só é possível mediante o emprego de estratégias e

técnicas que permitam avaliar, com razoável precisão, o quanto organização e

indivíduo estão obtendo de gratificação.

Foi nesse contexto que ganhou grande expressão a Avaliação de Desempenho

Humano no Trabalho.

14

Esse tema, presente nos manuais de Administração de Recursos Humanos ou

de Gestão de Pessoas, é conceituado de uma variedade de modos, que refletem a

diversidade de modelos teóricos na área.

Essa diversidade leva, por conseqüência, à variedade de estratégias, de

técnicas e de instrumentos, coexistindo no conjunto de empresas modelos mais ou

menos comuns de Avaliação de Desempenho Humano no Trabalho.

A cidade de Taubaté, pólo industrial no Vale do Paraíba Paulista, tem

instaladas empresas diversificadas quanto ao porte, ao ramo de atividade e às

origens.

Essa situação permite supor que práticas diversas de Gestão de Pessoas e,

conseqüentemente, de Avaliação de Desempenho Humano no Trabalho, sejam

utilizadas. Permite supor também que o número de empregados guarde relação com

as práticas adotadas.

1.1 Objetivos do Trabalho

Este trabalho tem por objetivos identificar práticas de avaliação do

desempenho humano no trabalho utilizadas por indústrias de grande e de médio porte

que têm plantas em Taubaté, verificando se tais práticas diferem de acordo com o

número de funcionários.

As práticas relatadas serão analisadas à luz da literatura sobre avaliação de

desempenho e sobre motivação.

Pretende-se, com esta abordagem, oferecer um rol de práticas já testadas

regionalmente, bem como das dificuldades encontradas na implantação das mesmas.

Espera-se que, do conhecimento da diversidade e do confronto das

experiências das indústrias de grande porte com as experiências daquelas de médio

porte, possa resultar uma contribuição que fundamente, empírica e conceitualmente, a

adoção de práticas de avaliação de desempenho humano no ambiente industrial. E

que essas práticas garantam produtividade e qualidade competitivas e proporcionem

melhores condições de trabalho para seus funcionários; no aspecto motivacional.

1.2 Relevância do Estudo

Segundo Daniels (1992, p. 4), as pesquisas sobre Análise de Comportamento

se intensificaram a partir dos anos sessenta. Empresas, indústrias e órgãos

governamentais passaram a aplicar essas descobertas.

15

Comparada com outras ciências, a aplicação da Análise de Comportamento é

muito recente; mas evoluiu muito em curto período de tempo.

O tema Avaliação de Desempenho no Trabalho envolve processos psicológicos

do ser humano. Paradoxalmente o ser humano deseja saber a opinião do outro sobre

si, mas também a nega ou rejeita. Deseja expressar seu julgamento sobre as pessoas

e tem medo de avaliar.

Entender as conseqüências dessas variáveis do comportamento humano

tornou-se um grande desafio para as organizações empresariais.

Apesar de todo o conhecimento acumulado sobre o comportamento do ser

humano, pela complexidade e o paradoxo que envolve o tema, esse desafio parece

ser permanente.

O problema torna-se relevante ao supor-se que no contexto social onde se

desenvolve o trabalho, o relacionamento interpessoal, mesmo que cordial, é altamente

formal, o que leva à outra suposição: que o contato entre as pessoas tem um cunho

mais artificial que espontâneo e autêntico. Conseqüentemente as oportunidades de

trocas, feedback e avaliações interpessoais geralmente não são aproveitadas ou não

são verdadeiras.

Muitas funções nas empresas convivem com a crença de ser impossível

mensurar o trabalho produzido ou o desempenho no cargo, condição que conduz

processos de Avaliação a tornarem-se meras formalidades burocráticas.

Convivem também as organizações com o desafio de afastar das técnicas de

Avaliação de Desempenho Humano a imagem de ser o veículo do medo, da

insegurança e das frustrações, para tornarem-se mensageiras da realização pessoal.

A avaliação de desempenho é um conceito dinâmico, e a necessidade

constante das organizações de melhorar a produtividade dos seus quadros,

principalmente por questões competitivas, contribuem para presença de criatividade

na busca de novos métodos que produzam os resultados esperados.

O presente estudo inicia-se com as perspectivas de identificar práticas criativas

e eficazes em uso nas empresas; produzir e registrar conhecimento nos campos da

Análise de Comportamento, Avaliação de Desempenho e Motivação; áreas

desafiadoras, porém mensageiras de otimismo para as relações do ser humano com o

seu trabalho.

16

1.3 Delimitação do Estudo

As técnicas motivacionais foram identificadas por contatos com informantes

indicados pelas organizações, registrando a percepção dos administradores. Não

foram objetos do estudo a percepção dos colaboradores das organizações em seus

diversos níveis; o que poderá ser avaliado em pesquisa futura.

O estudo foi realizado apenas em indústrias com plantas instaladas na cidade

de Taubaté, com mais de cem funcionários.

1.4 Organização do trabalho

Este trabalho é composto por seis capítulos. O primeiro capítulo mostra a

importância da avaliação de desempenho como ferramenta no processo

organizacional, indicando também as dificuldades e desafios que envolvem as

empresas para atingir o uso eficaz desse procedimento. Além disso, o capítulo

esclarece os objetivos da pesquisa e o local onde foi realizada.

Para fundamentar teoricamente a coleta e análise de dados, foi realizada a

Revisão da Literatura, apresentada no Capítulo Dois. Foram definidos métodos de

avaliação, indicando suas vantagens e limitações. Também foram apresentadas

teorias e experiências que buscam indicar o sucesso na implantação de sistemas de

avaliação de desempenho. Ainda nesse capítulo, as abordagens sobre Motivação,

trazem conceitos da análise do Comportamento, abordando questões sobre

reforçadores do comportamento e o ambiente.

A forma pela qual os dados foram coletados está relatada no Capítulo Três.

Esse capítulo detalha a metodologia utilizada na pesquisa, trazendo informações

sobre as empresas pesquisadas e sobre as pessoas entrevistadas. O capítulo também

apresenta o roteiro utilizado para entrevista na íntegra de demonstra todo o percurso

realizado pelo pesquisador para obtenção dos dados.

Os resultados obtidos na pesquisa estão apresentados no Capítulo Quatro. Os

programas de avaliação são descritos com o registro dos procedimentos que foram

identificados em cada uma das oito empresas. Foram também registradas nesse

capítulo causas de insucesso em implantações de programas ocorridas nas empresas

informantes. Na apreciação dos resultados, à luz da literatura pesquisada, é ratificada

a percepção sobre a importância da avaliação de desempenho humano como

ferramenta de gestão que, se bem empregada, contribui para obtenção de resultados;

é também ratificada a impressão de que essa ferramenta ainda é subutilizada pelas

empresas.

17

O Capítulo Seis, Conclusões, encerra o trabalho situando a utilização da

avaliação de desempenho humano nas empresas, dentro das necessidades de

vantagens competitivas que pressionam todas as organizações na atualidade; fruto,

principalmente, da forte concorrência imposta pela globalização. São também

observadas as dificuldades e os aspectos positivos que se sobressaíram nos

resultados da pesquisa realizada.

18

2 REVISÃO DA LITERATURA

A implantação de sistemas de avaliação de desempenho nas organizações tem

sido um grande desafio em todos os países. Segundo Oliveira-Castro, Lima e Veiga

(1996, p. 38-39), no Brasil esse desafio é maior devido à escassez de publicações

sobre o tema.

No entanto a necessidade desses sistemas é destacada com a análise do

contexto ambiental moderno onde as empresas atuam. Para Lucena (1992, p. 13-14),

a imprevisibilidade e as freqüentes mudanças caracterizam esse ambiente. A autora

identifica algumas variáveis atuando simultaneamente: avanço da tecnologia,

complexidade das relações, questionamentos dos hábitos de vida e dos valores,

contradições políticas e sociais, posicionamento ecológico, confrontações ideológicas,

expectativas dos trabalhadores, agressividade da concorrência e exigências do

mercado.

Todas essas variáveis ocorrem sem equilíbrio com objetivos, melhoria de

qualidade de vida, cooperação e um desenvolvimento planejado da sociedade.

É evidente o impacto dessas transformações no desempenho humano. O

ambiente de mudança acelerada impõe às organizações uma dinâmica permanente de

ajustar-se. É a força de trabalho que deverá estar apta a promover as mudanças no

ambiente da empresa. São maiores as exigências de qualificação pessoal para

assumir desafios, novas responsabilidades e riscos; e de flexibilidade para convier

com a instabilidade.

Segundo Lucena (1992, p. 15), a preocupação com o desempenho humano e

como torná-lo mais eficaz é o ponto de atenção máxima para o aumento da

produtividade. Como conseqüência, as diretrizes para formulação e implantação de

processos de Avaliação de Desempenho buscam no reconhecimento do desempenho

humano um fator impulsionador do sucesso da empresa.

Constitui-se, portanto um desafio ainda maior que o da implantação de

estratégias de Avaliação de Desempenho, manter esses sistemas ajustados e

atendendo as expectativas das organizações e dos avaliados.

Com base nessas constatações são expostos nos tópicos seguintes aspectos

teóricos amplamente divulgados e precursores das teorias mais modernas no campo

da Ciência da Administração, cujos fundamentos investigados e avaliados pelos

pesquisadores, com relação a variáveis e conseqüências do comportamento humano,

ajudam a compreender a aplicabilidade das estratégias e técnicas de Avaliação do

Desempenho Humano como instrumentos de motivação nas organizações.

19

2.1 Avaliação do desempenho humano no trabalho

Segundo Bergamini (1982, p. 32), o instrumento de mensuração e integração

que, ao longo do tempo, ganhou maior destaque na relação de troca entre a

organização e as pessoas é a Avaliação do Desempenho Humano no Trabalho.

Esse destaque deve-se à necessidade de seu aprimoramento contínuo em

função da complexidade do seu objeto de estudo, o ser humano; e também ao fato de

ser a Avaliação de Desempenho Humano na organização o instrumento que com

maior precisão tem atendido à necessidade de conhecimento da organização sobre si

mesma.

Avaliar o desempenho das pessoas no trabalho implica conhecer a dinâmica

comportamental própria de cada um, o trabalho a ser realizado e o ambiente

organizacional em que essas ações se passam. A eficiência de uma pessoa no

desempenho de uma tarefa depende de uma relação positiva entre três variáveis: a

maneira de ser no indivíduo, a atividade e o ambiente. Quanto maior o ajustamento

entre estilo x tarefa/atividade e ambiente, mais eficiente será o resultado do

desempenho. Por exemplo: se o trabalho exige audácia e o indivíduo comporta-se de

modo audacioso e o ambiente valoriza comportamento audacioso, o desempenho

poderá ser o melhor em termos de eficiência funcional.

Considerando a complexidade dessas variáveis, segundo Bergamini (1982, p.

32), a validade da Avaliação de Desempenho Humano, como instrumento a ser

utilizado pelas organizações, depende do conhecimento que se adquire sobre elas,

bem como da sua análise integrada.

Para Brandão e Guimarães (2001, p. 14), o interesse atual sobre a gestão

estratégica de recursos humanos deu origem a uma série de teorias e práticas,

fazendo com que conceitos como o de competência, desempenho e empregabilidade

passassem a fazer parte da retórica de muitas organizações, adquirindo diversas

conotações e, muitas vezes, sendo utilizados de maneiras distintas tanto no ambiente

empresarial quanto no meio acadêmico. A complexidade do tema tornou a

fragmentação teórica inevitável, o que parece natural, pois concepções variadas e até

mesmo contraditórias sobre um mesmo assunto talvez sejam a representação mais

acurada do mundo pós – moderno, de acordo com os autores supracitados.

Segundo Bergamini (1982, p. 32-33), o conhecimento do estilo comportamental

das pessoas pode ser obtido por meio da utilização de instrumentos que variam desde

os testes psicológicos estruturais ou projetivos da personalidade, até os inventários de

estilos, criados principalmente para atender à necessidade de se conhecerem estilos

gerenciais dos executivos nas empresas.

20

O conceito de sigilo na Avaliação de Desempenho é um tabu bastante

controvertido, segundo Bergamini (1982, p. 41). O sigilo nesse contexto precisa ser

bem entendido e desmistificado. Buscando o desenvolvimento das pessoas, que é um

dos principais objetivos da Avaliação de Desempenho, então o maior interessado

nesse processo é o próprio indivíduo avaliado. Sua participação, portanto, deve ser

total e completa.

A alta direção da empresa, por outro lado, necessita ser informada em nível

individual e global sobre os resultados, a fim de ter um retorno sobre o investimento e

poder decidir sobre novos recursos que contribuirão como facilitadores do processo de

desenvolvimento das pessoas.

Na análise da questão do sigilo no processo de avaliação, é importante analisar

o aspecto da comunicação, que passou a ser uma ferramenta estratégica para o

sucesso das empresas (OLIVEIRA, 2002).

Robbins (2002, p. 481) considera que, para muitos administradores, poucas

atividades são tão desagradáveis quanto proporcionar informação de desempenho aos

funcionários. Na realidade, a menos que sejam pressionados pelas organizações, a

maioria deles prefere adiar constantemente essa responsabilidade.

Existem pelo menos três razões para essa relutância. Em primeiro lugar, os

administradores se sentem desconfortáveis em discutir o desempenho fraco

diretamente com o funcionário. Como quase todo funcionário pode apresentar

resistência à melhoria em algumas áreas, os administradores temem o confronto

quando apresentam um feedback negativo.

Em segundo lugar, muitos funcionários se mostram defensivos quando seus

pontos fracos são apontados. Em vez de aceitar a comunicação como feedback

construtivo e base para melhoria do desempenho, alguns funcionários desafiam a

avaliação criticando o administrador ou colocando a culpa em outra pessoa.

Por último, os funcionários costumam superestimar seu próprio desempenho.

As evidências sugerem que a maioria dos funcionários se considera com um nível de

desempenho superior a 75%. Assim, mesmo diante de uma avaliação positiva, os

funcionários não a consideram suficientemente boa.

A solução desse problema não é adiar a comunicação, mas treinar os

administradores para que saibam conduzir sessões construtivas de avaliação. Uma

avaliação eficaz – aquela em que o funcionário percebe o julgamento como justo,

percebe a sinceridade do chefe e o clima como construtivo – pode resultar na

elevação do moral do funcionário, tendo ele sido informado das áreas de seu

desempenho que precisam ser melhoradas e estando determinado a corrigir suas

deficiências. Além disso, a revisão de desempenho deve ser programada para ser

21

mais uma atividade de aconselhamento do que de julgamento. Isso é possível,

permitindo-se que a revisão evolua a partir da própria auto-avaliação do funcionário.

Importante mencionar também, segundo Bergamini (1982, p. 42) a condição

que, em termos de Avaliação de Desempenho, é a mais conhecida e contra a qual

praticamente todos os processos de avaliação têm voltado seus esforços no sentido

de eliminá-la, que é o subjetivismo do processo.

O que se pode observar é o fato de que a preocupação com a justiça e a

fidelidade dos julgamentos emitidos tem levado os administradores desse processo

nas empresas a um rigor técnico tão acentuado, que é bastante freqüente o

desenvolvimento de critérios estatísticos cada vez mais sofisticados, no sentido de

buscar neutralizar o efeito da subjetividade nas avaliações.

É importante ressaltar que o processo de avaliação, por si só, já implica essa

subjetividade e é a aceitação natural dessa realidade que permite uma convivência

pacífica com ele, ainda que se possam utilizar alguns recursos e procedimentos

técnicos que a auxiliem. O importante é que a subjetividade seja até valorizada,

deixando de lado a ortodoxia técnica que enviesa o processo de avaliação ao invés de

aprimorar. Daí resulta também, a necessidade de se trabalhar a atitude das pessoas

ao avaliar os outros e não lidar com a insegurança que o processo gera, através do

aumento desnecessário da burocracia técnica.

Segundo Bergamini (1982, p. 74), há numerosas organizações que utilizam a

avaliação de desempenho com o único objetivo de recompensar financeiramente os

esforços pessoais de seus empregados. Esse uso exclusivo muitas vezes tem

mostrado conseqüências desastrosas, fornecendo informações distorcidas para

favorecer este ou aquele subordinado que esteja em situação financeira difícil. No

entanto, outras vezes, conjugando este com os demais usos, a avaliação de

desempenho tem-se mostrado um recurso válido e objetivo de propiciar aos avaliados

a oportunidade de galgarem faixas salariais dentro dos quadros de carreira formulados

pelas empresas.

A recompensa salarial adequada ao desempenho torna-se reforçador positivo

de comportamentos desejáveis dentro do contexto de trabalho. A ausência ou o corte

salarial que estaciona um indivíduo em determinado ponto do quadro de funcionários

pode ser considerada como reforçador negativo eficaz na extinção de condutas

indesejáveis para a empresa. A experiência prática mostra que, assim como o bom

elemento espera ser recompensado à altura dos seus esforços pessoais, em busca

das metas que lhe foram propostas pela empresa, o mau funcionário também sabe

que, numa empresa bem organizada, seus aumentos salariais não serão percebidos

sem o devido mérito.

22

Para Bergamini (1982, p. 77), na utilização da Avaliação de Desempenho, é

necessário ter em mente que são as pessoas que estão, elas mesmas, interessadas

em sua própria automotivação, e isso precisa ser preservado em princípio, caso se

queira contar com empregados realmente motivados. É necessário que se tenha

confiança em todos os momentos do processo, que é aquela que leva a respeitar os

seres humanos por sua motivação interior quando eles dão mostras de estarem

lidando de forma eficaz e criativa com o seu ambiente. Para tais pessoas a grande

recompensa de seus esforços reside nessa forma produtiva de enfrentarem os seus

trabalhos. Os fatores de satisfação neste caso são endógenos (estão dentro do próprio

indivíduo), e não exógenos (considerados como exteriores ao indivíduo). Acreditar que

as pessoas possam comprometer-se pelo fato de fazerem bem os seus trabalhos e

que tiram satisfação diante do fato de estarem saindo-se bem no trabalho. A

descrença nesses fatores leva a uma sistemática de avaliação de desempenho inútil.

Segundo Bergamini (1982, p. 78), isso não significa chegar ao extremo de

acreditar que as pessoas não devam ser reconhecidas financeiramente pelo seu

trabalho. Isso é ingênuo, pois elas não aceitariam um emprego no qual não fossem

remuneradas. O importante é perceber que a relevância e a supremacia desse

aspecto conduz facilmente os trabalhadores à conclusão de que a única recompensa

ou fonte de satisfação que podem auferir do seu trabalho na organização são as de

ordem pecuniária. Quando a recompensa extrínseca é predominantemente atribuída,

ela conseguirá fazer com que as pessoas simplesmente se movam sem estarem

motivadas. Há fortes evidências de que todas as vezes que a filosofia organizacional

privilegia a motivação extrínseca ela o está fazendo em detrimento da verdadeira

motivação intrínseca. No primeiro caso está-se fornecendo a energia que põe o

indivíduo em ação em lugar de favorecer que ele gere a sua própria energia de forma

contínua e interminável. É por isso que programas que utilizam a auto–avaliação estão

sendo utilizados por número cada vez maior de empresas. Quando bem executados,

eles representam o primeiro e mais importante instrumento para a verdadeira

motivação para com o trabalho e com a organização.

São programas que estimulam o autogerenciamento e que ganharam

importância não apenas pela eficácia observada no aspecto motivacional, mas

também pela redução de postos de chefia e supervisão nas empresas, o que levou a

um aumento no número de subordinados para cada supervisor, estimulando a

necessidade desse comportamento de autocontrole.

Segundo Robbins (2002, p. 474), a avaliação de desempenho serve a diversos

propósitos dentro das organizações. Os administradores utilizam as avaliações para

diversas decisões de recursos humanos. As avaliações oferecem informações para

23

decisões importantes como promoções, transferências e demissões. As avaliações

identificam necessidades de treinamento e desenvolvimento: identificam as habilidade

e competências dos funcionários que se acham inadequadas, e para as quais podem

ser desenvolvidos programas de melhoria. As avaliações de desempenho podem ser

usadas como critérios de validação de programas de seleção e desenvolvimento.

As avaliações também atendem ao propósito de fornecer feedback aos

funcionários sobre como a organização vê o trabalho deles. Além disso, as avaliações

também são usadas como base para alocação de recompensas.

Portanto para maximizar a motivação, as pessoas precisam perceber que seus

esforços pessoais recebem uma avaliação de desempenho favorável, e que essa

avaliação vai resultar em recompensas às quais dão valor.

Para Daniels (1992, p. 4), o gerenciamento do desempenho é um método

sistemático e avaliativo (orientado por dados) de gerenciamento de pessoas no

trabalho, baseado em estímulo (reforço positivo) como o melhor caminho para

maximizar o desempenho.

A necessidade de ser sistemático relaciona-se à efetividade. Ao trabalhar com

comportamento, se não houver continuidade os resultados são afetados.

O caráter avaliativo relaciona-se à mensuração do progresso proveniente das

mudanças. A avaliação por dados é importante para analisar a eficiência da estratégia

motivacional. Toda performance deve ser mensurada.

É altamente desafiador, segundo Daniels (1992, p. 4) melhorar a qualidade de

produtos e serviços existentes; ou ainda o desenvolvimento de novos produtos e

serviços. É crucial a questão comportamental nesse desafio, portanto os resultados

devem ser cuidadosamente mensurados. Essa é outra discussão; pois se contraria a

crença geral de que nem todo trabalho pode ser mensurado.

É preciso reconhecer que o ponto alto do Gerenciamento de Desempenho é

basicamente a utilização da Ciência na solução de problemas. De fato, as técnicas e

práticas do Gerenciamento de Desempenho são derivadas de estudos no campo da

Análise de Comportamento, utilizando o estudo científico do comportamento.

Para Daniels (1992, p. 13), a fim de entender-se o comportamento, usa-se na

análise o mesmo método científico usado para ciências que estudam fenômenos

físicos: é preciso definir a linha-de-base do comportamento para estudo, realizar

experimentações, obter respostas consistentes das descobertas experimentais.

Comparada com outras ciências, a aplicação da Análise de Comportamento é

muito recente; mas evoluiu muito em curto período de tempo. Assim muitos dos

princípios do conhecimento são relativamente compreendidos até certo ponto. Muitas

24

empresas têm usado esses conhecimentos para solucionar seus problemas nas

últimas décadas.

Esses problemas comportamentais têm sido de grande gravidade para as

empresas por muito tempo. Em alguns casos esses problemas têm resistido e se

mostrado insolúveis. E sabe-se agora que atuar nesses princípios comportamentais é

vital para melhorar o nível de performance das organizações, com reflexos diretos no

gerenciamento. No entanto muitos gerentes não entendem completamente esses

princípios. Não são capazes de aplicar esse conhecimento sistematicamente para

produzir a melhora de performance; ou de forma consistente para auferir as grandes

melhorias que suas organizações necessitam.

Segundo Brandão e Guimarães (2001, p. 13), para se configurarem como

práticas gerenciais inovadoras, é possível inferir que a gestão de desempenho deve

ter como objetivo maior não somente a melhoria das performances profissional e

organizacional, mas principalmente, o desenvolvimento das pessoas em sentido mais

amplo. Somente assim a competência e o desempenho representariam, ao mesmo

tempo, um valor econômico para a organização e um valor social para o indivíduo.

2.2 Métodos de avaliação de desempenho

Os métodos de avaliação de desempenho são variados, quer quanto aos

instrumentos, quer quanto aos conceitos teóricos nos quais se apóiam.

A seção pretende apresentar uma visão panorâmica dos métodos mais

difundidos e que foram identificados nas organizações pesquisadas, e para isso apóia-

se em duas obras de autores brasileiros que os reviram para fins didáticos: Pontes

(1999) e Carvalho e Nascimento (1997).

2.2.1 Métodos tradicionais de avaliação de desempenho

Para Pontes (1999, p. 35), métodos formais de avaliação foram surgindo e

sendo sofisticados ao longo do tempo. Apesar dessa evolução, o centro da avaliação

continuou sendo o indivíduo, fortemente influenciada por aspectos subjetivos.

Posteriormente surgiram métodos que de fato passaram a avaliar os resultados

atingidos pelas pessoas, em relação ao trabalho proposto.

Segundo Carvalho e Nascimento (1997, p. 243), o método de avaliação de

desempenho humano no trabalho pode ser caracterizado como sendo o procedimento

empregado pelo avaliador, cuja finalidade central é verificar, sob determinadas

25

condições, a aplicação, pelo avaliado, de técnicas de trabalho adquiridas no

treinamento. É preciso levar em conta, por outro lado, que a avaliação de

desempenho, para ser eficaz, deve basear-se inteiramente nos resultados da atividade

do trabalhador, não devendo restringir-se apenas às suas características de

personalidade.

Para Carvalho e Nascimento (1997, p. 253), toda empresa deve adotar seus

métodos próprios de avaliação, levando em conta suas particularidades, política de

recursos humanos e atividades exercidas pela força de trabalho.

Os métodos mais empregados de avaliação do desempenho são: relatórios

verbais, relatórios escritos, método das escalas gráficas, método da escolha forçada,

método da pesquisa de campo, método dos incidentes críticos, métodos mistos.

2.2.2 Método de relatórios verbais

Segundo Carvalho e Nascimento (1997, p. 253), esse método consiste na

comunicação verbal que o avaliador faz ao avaliado sobre seu desempenho

profissional em determinado período de tempo. Mesmo com todas as suas limitações,

o método de relatório verbal é um dos mais utilizados para avaliar o desempenho de

empregados.

Destacam-se alguns pontos positivos na aplicação do método de relatório

verbal: rapidez na aplicação, permite liberdade de expressão ao avaliador, cria

oportunidade de orientar o avaliado no próprio momento da avaliação. E entre as

desvantagens do método, merecem citação: ser incompleto pela sua extrema

simplicidade, favorecer o subjetivismo, estar vinculado à circunstâncias de momento e

falhas de memória, não manter registros sobre as opiniões emitidas e não permitir

tabulação posterior.

Para Carvalho e Nascimento (1997, p. 254), o relatório verbal só deve ser

empregado quando não houver outro método de avaliação disponível. Ainda assim, o

avaliador precisará ser um profissional eficiente, responsável e imparcial, em virtude

das limitações do relatório verbal como instrumento de avaliação de desempenho do

funcionário.

2.2.3 Método das escalas gráficas

O método das escalas gráficas, segundo Carvalho e Nascimento (1997, p.

255), é bastante utilizado e divulgado. E aparentemente é o método mais simples.

26

Também denominado de sistema de gráficos analíticos, o método de escalas gráficas

consiste numa seqüência de fatores de desempenho que o supervisor imediato

pretende medir ao analisar a execução do trabalho de seu auxiliar.

Para Pontes (1999, p. 40), a escala gráfica é um método que permite a

avaliação do desempenho das pessoas através de características ou fatores

previamente estabelecidos. Esses fatores são graduados através da descrição de

desempenho, prevendo variações de ruim a excepcional. Portanto, para cada

graduação são dados exemplos de comportamentos esperados pelos funcionários em

seus respectivos cargos, aplicáveis a um conjunto de cargos, que servirão de

parâmetros para a avaliação de seus ocupantes. Dessa forma, são feitas, em geral,

três fichas de avaliação, uma para cargos operacionais, outra para cargos

administrativos e a última para cargos de liderança.

Segundo Pontes (1999, p. 47), todos os modelos de fichas de avaliação,

através de escala gráfica, permitem atribuição de pontos. O processo de tabulação

prevê a participação de um grupo de líderes da empresa. Cada líder convidado para

compor o grupo de ponderação da ficha de avaliação deve ser instruído para atribuir

peso cinco para as duas características que, em sua opinião, são as mais relevantes;

peso quatro para as duas seguintes, em importância; peso três para as duas

características seguintes; na seqüência, para as duas seguintes, peso dois, e

finalmente, peso um para as duas características menos importantes.

A partir de uma ficha ponderada, o resultado da avaliação permite conclusão

rápida sobre o desempenho dos funcionários. A soma dos pontos obtidos pelo

funcionário corresponde ao resultado do desempenho final da avaliação, conforme a

grade de desempenho do programa.

2.3 A administração por objetivos - APO e a avaliação de desempenho

Para Pontes (1999, p. 69), foi a partir de 1954, com a publicação da obra The

Practice of Management, de Peter Drucker, que se tornou popular um novo método de

avaliar o trabalho das pessoas nas empresas. Por ser moderna, principalmente por se

preocupar com o futuro e ser objetiva, essa técnica revolucionou a administração de

empresas e, em particular, a avaliação de desempenho.

Na Administração por Objetivos, conhecida pela sigla APO, os objetivos são

definidos como os alvos que os indivíduos ou as organizações procuram alcançar em

determinado período. Os objetivos podem ser individuais, departamentais ou

organizacionais. Quando as organizações, os departamentos e as pessoas têm

27

objetivos definidos, estes contribuem para o aumento da produtividade, qualidade dos

produtos e serviços da empresa e, por outro lado, aumentam a motivação e o poder de

realização dos indivíduos no trabalho.

Para Carvalho e Nascimento (1997, p. 280), a avaliação por resultados

verificáveis é um método bastante utilizado embora não tenha aceitação unânime, o

que ocorre mais por inadequação de sua formulação e prática do que por deficiência

do próprio método.

Trata-se de um método administrativo de planejamento e avaliação no qual são

fixados objetivos específicos para cada gerência, durante um certo tempo, tendo como

base os resultados que cada um deverá obter dentro do quadro de objetivos da

empresa. Ao final do período estipulado, os resultados atingidos serão avaliados em

confronto com os inicialmente esperados.

Segundo Pontes (1999, p. 70), os objetivos na empresa são hierarquizados e

iniciam-se pelos objetivos estratégicos e, com base nestes, são definidos os

departamentais e, após, os objetivos individuais. Os objetivos estratégicos são os

enunciados mais importantes da organização, uma vez que definem os rumos do

negócio e sem eles torna-se impossível a definição dos demais objetivos e a aplicação

da APO. A construção dos objetivos em forma de hierarquia é importante também pelo

angulo da consecução, uma vez que os objetivos individuais contribuem para o

alcance dos objetivos departamentais e estes com os estratégicos.

Para Pontes (1999, p. 71), existem duas formas de estabelecimento de

objetivos para os indivíduos: a diretiva e a participativa. Através da forma diretiva, o

líder impõe ao funcionário quais serão seus objetivos, sem qualquer negociação.

Na forma participativa, segundo Pontes (1999, p. 72), o funcionário e o seu

líder formulam em conjunto os objetivos a serem cumpridos, levando-se em conta os

objetivos departamentais e estratégicos. Esta última forma de definição de objetivos é

a enunciada pela APO. A forma participativa de estabelecimento de objetivos deve

levar a maior motivação e empenho, por parte dos indivíduos, na sua consecução.

Os objetivos devem ser audaciosos, mas no tamanho que seja possível seu

cumprimento, e nunca devem ser formulados de forma estreita, que, de tão fácil,

acabe por não constituir motivação para sua realização. Quando a formulação dos

objetivos não é do tamanho exato, o que ocorre, na realidade, é que os objetivos

departamentais acabam por não serem atingidos, levando a conseqüências

desastrosas na consecução dos estratégicos.

Portanto a APO define-se como sistema através do qual o superior hierárquico

e o subordinado, atuando com uma definição clara das metas e prioridades da

organização, estabelecidas pela administração superior, identificam, em conjunto, as

28

principais áreas de responsabilidade do indivíduo, em termos do resultado que se

espera dele, e usam essas medidas como guia para operar a unidade e avaliar as

contribuições de cada um.

A APO é uma forma participativa e tem como princípio básico a ênfase do

funcionário, no momento de definição dos objetivos, dentro do contexto dos objetivos a

serem atingidos pela unidade e pela empresa. Os objetivos de cada indivíduo devem

ser entrelaçados, de forma que os objetivos da unidade sejam atingidos. Da mesma

forma, os objetivos das unidades também devem ser entrelaçados para permitir a

realização dos objetivos estratégicos.

A avaliação por objetivos é um método integrante da concepção da

administração por objetivos e que procura o comprometimento das pessoas em

relação aos objetivos organizacionais, através de um processo participativo,

motivador, e que torne o ambiente de trabalho mais agradável, comunicativo e

produtivo. A motivação decorre do fato de as pessoas, durante o processo, serem

ouvidas, reconhecidas e acatadas. Leva, também, à auto – realização dos indivíduos.

A participação no trabalho e o entendimento dos objetivos da empresa, por sua vez,

são fatores importantes na integração das pessoas nas organizações.

O processo de avaliação por objetivos, para Pontes (1999, p. 74), inicia-se pelo

acordo, entre o líder e o funcionário, em relação aos objetivos a serem atingidos pelo

funcionário, por um período de tempo que normalmente é de um ano. Esse acordo dá-

se através de uma reunião formal, planejada com antecedência e calcada nos

objetivos definidos para a unidade e a empresa. Supõe-se que, como os objetivos

foram discutidos, acordados e plenamente entendidos, deverá haver, por parte do

funcionário, maior empenho para atingi-los dentro dos prazos predeterminados. Uma

vez acordados os objetivos, o funcionário e seu líder planejam, também de comum

acordo, as ações para a consecução desses objetivos. Muitas pessoas acreditam que

somente isso é suficiente, chegando a aplicação da metodologia ao seu limite, daí o

processo começa a emperrar. É necessário utilizar um estilo de liderança, por parte do

gerente, coerente com a capacidade do funcionário em relação aos objetivos

acordados.

A prática de simplesmente cobrar os objetivos do funcionário, exercendo

pressão excessiva, apenas pelo fato de que ele participou da elaboração das metas,

não é suficiente. Cada pessoa reage de uma forma diferente com relação ao sucesso

ou frustração na busca de objetivos, por isso é importante a sensibilidade no uso dos

estilos de liderança.

Combinados os objetivos e os estilos de liderança devem ser também

acordados os padrões de desempenho desejados, ou seja, com que qualidade ou

29

quantidade os objetivos devem ser realizados. Assim, também, deve ser analisada a

necessidade de treinamento para que o funcionário possa cumprir com os objetivos

acordados.

Segundo Botelho (1998, p. 89), a administração por objetivos propõe que não

adianta ser eficiente, mas não ser eficaz, ou seja, é preciso ser ambas as coisas, e é

necessário que as pessoas trabalhem tendo sempre em vista o objetivo (resultado) a

ser alcançado. No entanto esta determinação na busca dos objetivos trouxe uma

“desumanização” maior, e passou-se a buscar nas empresas “o objetivo a qualquer

custo”. Assim o aspecto humano do trabalho foi relegado a um plano totalmente

secundário e, em muitos casos, irrelevante mesmo. Muitos passaram a entender e a

comportar-se através da seguinte diretriz: “quanto mais pressão melhor”, não

importando as conseqüências, contanto que os objetivos sejam alcançados.

Esta administração por objetivos distorcida é totalmente incompatível com a

“administração inteligente”. Entretanto se a administração por objetivos for praticada

da forma correta, ela será também inteligente, pois procurará aproveitar os desafios

existentes para o atingimento dos objetivos como meio para desenvolver e utilizar a

capacidade de pensar, entender e criar de todos os envolvidos.

O único controle que realmente funciona é o autocontrole, ou a melhor

disciplina é a autodisciplina, e a melhor pressão é a autopressão; e a administração

por objetivos propõe que a pressão tem que ser feita “de fora”; ou seja, pelo chefe

sobre o chefiado, o que significa continuar mantendo a relação “subordinador /

subordinado”; se, entretanto, houver o trabalho de conscientização de que o melhor

chefe do funcionário é ele mesmo, então a administração por objetivos será utilizada

como uma administração inteligente.

Analisando as opiniões dos autores registradas neste tópico, parece possível

conciliar a administração por objetivos com um método de avaliação que não deixe

transparecer aos funcionários que se trata de um sistema desumano e que eles

estejam sendo tratados como máquinas que tenham que produzir resultados

quantificáveis a qualquer custo.

O empregado necessita de referências, de indicadores quantificáveis para

avaliar seu próprio desempenho. Muito do êxito do método, seja ele fortemente

suportado por objetivos numéricos ou não, estará na forma de comunicação dos

resultados; na comunicação verbal que será exercida pelos líderes e na comunicação

escrita e visual que será institucionalizada pela empresa.

30

2.3.1 O processo

Para Pontes (1999, p. 78), durante o período de realização dos trabalhos, para

atingir os objetivos combinados, o líder deve realizar reuniões periódicas com os

funcionários para a verificação do progresso efetuado. Se existirem desvios negativos,

em relação ao desempenho esperado, o papel do líder é aconselhar, orientar ou

reformular o planejamento do trabalho, ou trocar o estilo de liderança, com vistas à

consecução dos resultados esperados. Caso a situação seja positiva, o líder deve

reforçar positivamente o funcionário para que este continue com o mesmo

desempenho.

Dessa forma, o papel do líder, durante todo o processo, é o de conselheiro,

sempre disposto a aconselhar, orientar, ajudar e reforçar comportamentos.

Segundo Pontes (1999, p. 79), a avaliação por objetivos deve estar inserida

dentro do contexto estratégico da empresa. O primeiro passo do método é o

fornecimento desse contexto pelo líder da unidade a que pertence o funcionário.

Em seguida, é estabelecido um planejamento do objetivo, onde são definidas

as metas intermediárias, que poderiam ser as seguintes:

- explicar, em reunião com todos os líderes da empresa, a metodologia de

avaliação por objetivos, coletando suas sugestões para incorporação ao modelo a ser

adotado;

- elaborar o programa, incluindo as sugestões apresentadas pelos líderes;

- elaborar os instrumentos do programa;

- efetuar reunião com os líderes para apresentação final do programa;

- elaborar programa de treinamento sobre a metodologia para os líderes da

empresa;

- treinar todos os líderes da empresa;

- explicar aos funcionários da empresa a nova metodologia de avaliação de

desempenho, através de reuniões;

- introduzir o programa na empresa.

Segundo Pontes (1999, p. 81) após a implantação o líder acompanha o

trabalho, sempre efetuando a comparação entre o desempenho previsto e o real. Se o

desempenho estiver negativo, o líder deve agir rápido, tomando as providências para a

melhoria da situação. Se a situação estiver positiva, não devem ser esquecidos os

elogios. O líder deve anotar, na ficha de acompanhamento, os principais fatos

ocorridos durante o período.

Conforme pode ser percebido pelo processo, a metodologia pressupõe

relações muito positivas entre o líder e o funcionário unidos com a mesma finalidade

31

de alcançar resultados mais positivos em cada período. Essas relações devem ser de

confiança mútua, comunicação clara e construtiva. Periodicamente, devem ser

avaliados os progressos e os problemas, discutindo-se abertamente as melhores

soluções.

Para Corrado (1994, p. 13), essa comunicação deve ser efetiva, o que

pressupõe, antes de tudo, uma relação de confiança entre as pessoas e os líderes.

Antes de esperar um engajamento das pessoas, neste processo, o líder deve aprender

a confiar e ser confiado. Uma comunicação efetiva, somente acontece quando as

partes sentem-se livres para dividir suas necessidades e desejos e confiam que

aqueles em que estão dividindo suas idéias e sentimentos não irão puni-los no futuro.

Confiança é a chave neste processo.

Em um processo de avaliação individual, apesar do maior obstáculo, que é o

fator tempo despendido, a avaliação de desempenho por objetivos cumpre com seu

papel principal, que é tornar clara as missões esperadas pelo funcionário e levar a um

processo real de desenvolvimento da empresa e de seus funcionários.

Para Pontes (1999, p. 86), o mais importante é a aplicação correta da

metodologia e não o preenchimento de formulários. Poderia ser utilizado um papel em

branco para o acordo entre as partes dos passos do programa; no entanto, a utilização

de algum formulário pode subsidiar o processo. Para fins ilustrativos consta neste

trabalho um modelo de instrumento utilizado para avaliação por objetivos.

2.3.2 Análise comparativa entre os Métodos Tradicionais e o Método de

Avaliação por Objetivos

Para Pontes (1999, p. 95), os programas de avaliação sustentados pelos

métodos tradicionais falharam por não terem atingido os enunciados propostos

inicialmente. O seu malogro deveu-se a inúmeros fatores, e principalmente ao fator

subjetividade.

Segundo Pontes (1999, p. 96) as fichas de avaliação, na metodologia

tradicional, principalmente na escala gráfica, contêm características da personalidade

do indivíduo, como: iniciativa, adaptabilidade, autoconfiança, criatividade, entre outras,

e a metodologia leva o líder ao papel natural de fazer o julgamento dessas

características do avaliado. Por sua vez, o funcionário desenvolve uma atitude de réu,

e, como réu, representa o papel de defesa, o que impede a continuação de diálogo

construtivo entre ambos.

32

É interessante registrar três dos principais objetivos de um programa de

avaliação de desempenho: provocar a melhoria contínua do desempenho da

organização e das pessoas; alavancar o crescimento dos funcionários e melhorar o

processo de comunicação entre os diversos níveis da empresa. Portanto, para

melhorar o desempenho de uma organização ou de pessoas, um método não pode

enfocar somente o passado, mas, principalmente deve enfocar o futuro. O enfoque da

avaliação por objetivos atende, justamente, essa questão, a de estabelecer um plano

de ação futuro baseado naquilo que foi aprendido com o passado.

2.3.3 A avaliação de equipes

Para Pontes (1999, p. 142), com a introdução de modelos de avaliação de

desempenho por equipe, dentro da concepção de resultados, o processo de

retroinformação, tanto no nível diário como no nível final da própria avaliação, é

realizado em equipe, sendo em muito facilitado, uma vez que os fatores previstos na

metodologia, além de serem extremamente objetivos, permitem acompanhamento até

por parte da própria equipe. Mesmo adotando uma metodologia de avaliação por

equipe, algum tipo de retroinformação individual, em relação ao desempenho, tanto

positivo quanto negativo, pode ser necessário, sendo por isso também, importante

verificar-se as formas de efetuar esse processo. Deve-se ressaltar que, quando

adotado um processo de avaliação por equipe, o conceito de todos os membros dessa

equipe será o mesmo, independente dos desempenhos individuais. Portanto, a

retroinformação individual tem o único fim de orientação.

Para Daft (1999, p. 363), em uma equipe amadurecida, a principal ênfase está

na solução de problemas e na execução da tarefa designada. Os membros estão

comprometidos com a missão da equipe. Eles são coordenados entre si e lidam com

desavenças de uma forma madura. Eles se confrontam e resolvem problemas no

interesse do cumprimento da tarefa. Freqüentemente interagem, dirigem as

discussões e influenciam para o alcance das metas da equipe. Em equipes que

atingem esse estágio, o líder deve concentrar-se no gerenciamento de tarefas de alto

desempenho.

Segundo Daft (1999, p. 364), em uma equipe coesa, a produtividade dos

membros tende a ser mais uniforme. As diferenças de produtividade entre os membros

são pequenas porque as equipes exercem pressão para a conformidade. As

descobertas das pesquisas são variadas, mas a característica de coesão nas equipes

pode ter diversos efeitos. As equipes não coesas não têm esse controle sobre o

33

comportamento de seus membros, e portanto a produtividade deles tende a variar

muito.

Para Pontes (1999, p. 147), o resultado do trabalho desenvolvido pelo indivíduo

ou pela equipe, e que culmina com uma avaliação final, pode ser positivo ou negativo,

ou seja, pode ter havido o cumprimento dos objetivos, dos indicadores e dos padrões

de desempenho, ou não. O importante, da metodologia de avaliação, é o processo

como um todo e não a simples atribuição de um conceito final. A simples atribuição de

conceitos não provoca melhoria ou recuperação de desempenho. O que provoca é a

forma como é realizada a retroinformação, tanto no dia–a–dia quanto na avaliação

final. De forma geral a retroinformação, no dia–a–dia, deve ser em forma de elogio ou

de repreensão.

O elogio funciona como reforço positivo ao comportamento do funcionário ou

da equipe, quando há sucesso em direção aos objetivos propostos. O funcionário ou a

equipe devem sentir-se reconhecidos e orgulhosos, tendo o elogio o papel de

consolidar esse comportamento positivo.

A repreensão funciona como forma de desconsolidar um comportamento

negativo no trabalho. A repreensão deve ser sempre feita em relação ao

comportamento e nunca sobre a pessoa. Por meio da repreensão o funcionário ou a

equipe devem sentir-se dispostos a mudar o comportamento negativo no trabalho.

É importante ressaltar que um desempenho não positivo nem sempre tem

como causa um comportamento negativo do funcionário ou da equipe. Quando os

objetivos não foram cumpridos, é necessário que seja feita uma análise cuidadosa

sobre as causas que levaram a esse desempenho. Uma vez detectada uma causa

fora do controle do funcionário, deve ser preparado um plano de ação que contorne o

problema, em conjunto com o funcionário ou a equipe.

Segundo Pontes (1999, p. 148), quando é adotada uma metodologia de

avaliação por objetivos ou por resultados, sem dúvida todo o processo da

retroinformação é em muito simplificado. É necessário envidar maiores esforços

quando adotada qualquer outra metodologia, visto que as características de

desempenho a serem discutidas são mais próprias do indivíduo que dos resultados do

trabalho. A retroinformação impõe um trabalho acurado por parte dos líderes das

empresas.

34

2.3.4 Um exemplo de modelo informatizado

Conforme Amorim (2004), a empresa Alcoa possui um programa mundial

denominado LEAD que se constitui num processo integrado de gerenciamento de

carreira. Esse processo é baseado num conjunto de competências e se direciona para

os empregados de nível superior.

O conceito de competências para os funcionários inclui o conhecimento,

habilidade e atitudes necessárias para o cargo, aplicados a uma situação específica,

voltado para a performance individual de forma a atingir os resultados organizacionais.

O programa é estruturado em competências comportamentais, competências técnicas

e indicadores de performance.

As competências comportamentais são organizadas em cinco níveis de

desenvolvimento na carreira: iniciando, aplicando, crescendo, liderando e dirigindo.

Dentro dos níveis existem 10 competências descritas. Tanto os níveis quanto as

competências estão direcionadas em função do cargo do empregado.

O sistema está informatizado e registra as competências comportamentais de

cada empregado, com base na descrição dos cargos, e as competências técnicas.

Para ilustrar, a Figura 1 demonstra uma tela do programa LEAD de avaliação de

performance e competências.

Figura 1 – Avaliação de competências e performance (AMORIM, 2004)

Gerente e empregado estabelecem em conjunto os indicadores de

performance, em função das competências técnicas e as metas gerais da

Organização. Esse momento é denominado de contrato de expectativas.

35

As competências são avaliadas da seguinte forma: as competências

comportamentais em 360 graus e as competências técnicas pelo gerente imediato e

auto-avaliação do empregado. O feedback é registrado no próprio sistema, assim o

empregado tem ciência dos resultados da avaliação de todas as fontes. O resultado é

visualizado graficamente. Após a avaliação faz-se em conjunto, gerente e

subordinado, o plano de desenvolvimento para cada competência. Ao realizar o plano,

pode-se automaticamente ser inserido no programa de capacitação.

Após essas avaliações um comitê faz a avaliação de desempenho

(insatisfatório, positivo e diferenciado) posicionando 10% do pessoal nos extremos e o

restante no meio da curva normal. Essa é uma fase onde os profissionais são

classificados conforme seu desempenho (insatisfatório, positivo e diferenciado) e, essa

classificação irá definir o futuro profissional de cada um; portanto essa atribuição é de

um comitê, buscando-se maior transparência e senso de justiça possíveis.

Ocorre então a definição da evolução da carreira e o planejamento de

sucessão. De acordo com Amorim, esse programa foi testado primeiramente na

empresa do grupo no Brasil em função do perfil do brasileiro: mais curioso, disposto,

inovador, inteligente e criativo.

2.4 A avaliação 360 graus

Segundo Pontes (1999, p. 164), para consolidar um modelo cooperativo entre

empresa e funcionários, é necessária a construção de uma via de mão dupla, na qual

ganhem a empresa e os funcionários. Novas técnicas de avaliação surgiram, como,

por exemplo, a avaliação 360 graus, cuja idéia é a de que, além da avaliação

tradicional do subordinado pelo seu líder, que este também avalie o líder, e a de que

os funcionários façam avaliações recíprocas. A principal novidade do método é a de

propiciar a oportunidade de o subordinado avaliar o líder, cuja finalidade é a de que os

líderes possam elaborar um plano de melhorias para suprir suas deficiências. A

avaliação de “cima para baixo” ou as avaliações “laterais” não contém novidades, são

feitas conforme modelos existentes de avaliações tradicionais e individuais. Na

avaliação de “baixo para cima” os fatores tradicionais de avaliação são substituídos

por questões voltadas à forma como o líder conduz sua equipe.

O método é interessante, apesar dos constrangimentos que a avaliação possa

provocar ao funcionário que deve avaliar seu líder ou colegas. Mas o maior incômodo

dessa inovação é o fato de que o conceito permanece igual ao das avaliações

36

tradicionais, por fatores cujo foco é no desempenho individual, sem conexões com os

resultados globais de organização e sujeito.

Para Pontes (1999, p. 165), a aplicação da metodologia de acompanhamento e

avaliação de resultados pode tornar-se um precioso instrumento para a melhoria do

desempenho da empresa. Mas dificilmente a utilização de quaisquer metodologias

tradicionais de avaliação de desempenho trará esse processo de melhoria de

resultados e cooperação entre as partes. Adotar uma metodologia como a de

acompanhamento e avaliação de resultados, sem dúvida, refletirá nas melhorias

internas, tão ensejadas, entretanto, somente isso não é suficiente, sob pena de

construir-se uma via de mão única, onde o processo acabará por exaurir-se. É

necessária a contrapartida da empresa, como perspectiva de desenvolvimento e

carreira, investimento em capacitação profissional, manutenção de clima positivo e a

utilização da participação nos resultados.

2.5 Implantação

Segundo Oliveira–Castro, Lima e Veiga (1996, p. 39), o sucesso de sistemas

de avaliação de desempenho depende de múltiplos fatores, entre os quais a qualidade

das estratégias de implantação utilizadas. A implantação de um sistema de avaliação

requer o comprometimento de chefias e demais trabalhadores com as novas práticas

de avaliação, a divulgação do novo modelo, o treinamento cuidadoso dos avaliadores

e o aumento da participação dos atores (avaliadores e avaliados) em todas as fases

de implantação e em todas as etapas do processo avaliativo. Tais recomendações

técnicas, no entanto, nem sempre são seguidas por profissionais de recursos

humanos que desejam implantar sistemas de avaliação às pressas, em curtíssimo

espaço de tempo. A implantação de sistemas de avaliação, ao contrário do que possa

parecer, é processo lento e envolve mudança gradual de hábitos culturais.

Para Oliveira-Castro, Lima e Veiga (1996, p. 38), um modelo de avaliação de

desempenho, para ser bem – sucedido, deve respeitar as características culturais da

organização que o adota. Infelizmente, no Brasil é corrente a reprodução de modelos,

talvez devido à escassez de produção científica e tecnológica na área. Os modelos

mais avançados podem fracassar se as práticas informais de avaliação forem

inadequadas. Os sentimentos de injustiça e iniqüidade, por exemplo, são muito

freqüentes. A prática de leniência ou superavaliação pode ser muito danosa e

prejudicial à organização como um todo, devendo-se, portanto, eliminá-la ou minimizar

a influência que exerce sobre as avaliações de desempenho.

37

Segundo Oliveira-Castro, Lima e Veiga (1996, p. 39), um modelo, para ser

justo, deve se preocupar em identificar e eliminar os fatores geradores das práticas de

leniência. As chefias, sob a influência das pressões culturais, praticam a

superavaliação, contribuindo dessa forma para a sua perpetuação. Um meio de

eliminar o problema é a sensibilização das chefias da organização para os efeitos

danosos de tais práticas, principalmente sobre o comportamento de trabalhadores

mais empenhados e competentes.

Os sistemas de avaliação devem ser justos e imparciais, baseados em padrões

de desempenho atingíveis, objetivos e claros, apoiados na realidade dos cargos ou

postos de trabalho. Para tal é necessário identificar, através de cuidadosas pesquisas,

os padrões desejáveis de desempenho junto aos ocupantes dos cargos e às

respectivas chefias (OLIVEIRA-CASTRO; LIMA; VEIGA, 1996, p. 39).

É preciso evitar o risco de construir instrumentos baseados unicamente em

traços de personalidade, mais suscetíveis a erros de avaliação do que fatores relativos

à produtividade ou à qualidade do trabalho. Os fatores de avaliação devem ser

claramente definidos e os instrumentos exemplificarem ações observáveis, de maneira

que possam servir como indicadores de desempenho e referenciais seguros para

atribuição de escores.

Conforme Lucena (1992, p. 61), muitas vezes avalia-se que a implantação da

Avaliação de Desempenho não exige maiores preocupações com a formulação de

uma estratégia de intervenção organizacional e de um plano de trabalho que

dimensione etapas e ações. Essa avaliação equivocada tem sido responsável por

muitos problemas e até insucessos na operacionalização do processo. As

experiências mostram que mesmo oferecendo um bom método, promovendo uma

divulgação eficiente e realizando o treinamento dos avaliadores ainda não são

iniciativas suficientes para assegurar o bom funcionamento e o alcance dos resultados

esperados.

A necessidade de uma estratégia metodológica fundamenta-se no pressuposto

de que ao se decidir pela implantação de algo novo na empresa busca-se uma

mudança que afetará o ambiente interno, que modificará padrões operacionais de

trabalho e, principalmente, procurará influir em atitudes, comportamentos e novos

padrões de atuação gerencial e nova postura empresarial, envolvendo toda a força de

trabalho da organização: administradores, gerentes supervisores e empregados.

Para Miguel (1997, p. 278), com os objetivos em longo prazo definidos,

intervenções comportamentais desse tipo, devem visar a alteração ou maximização de

performances individuais, mas sem perder de vista a produção do que pode se chamar

de conseqüências positivas para a empresa. A performance individual deve ser

38

modificada, então, como um meio de influenciar o resultado da organização como um

todo, melhorando seus padrões de sobrevivência.

Segundo Lucena (1992, p. 65), antes de aplicar a metodologia é imprescindível

a realização de diagnóstico da organização. As conclusões resultantes do diagnóstico

permitirão caracterizar: 1. as condições favoráveis e as dificuldades tanto da

organização quanto da Área de Recursos Humanos; 2. o perfil predominante da

organização; 3. as implicações decorrentes da decisão para implantar a avaliação de

desempenho.

As informações fornecidas por essas conclusões serão muito importantes para

elaborar a estratégia de implantação que por sua vez será implantada após aprovação

da Alta Administração.

Em estudo de caso descrito por Oliveira-Castro, Lima e Veiga (1996, p. 39), de

implantação de um sistema de avaliação de desempenho, a primeira etapa destinada

ao diagnóstico, consistiu na realização de pesquisa interna, abrangendo amostra de

cerca de 10 % dos empregados, escolhidos semi–aleatoriamente, observado o

requisito de representatividade de todas as categorias funcionais e unidades

organizacionais. Procurou – se obter informações acerca de : nível de conhecimento o

sistema em vigor; comunicação de resultados; utilidade da avaliação; justiça; nível de

receptividade com relação ao processo avaliativo; expectativas quanto às mudanças

no sistema de avaliação; sugestões para o novo sistema.

2.5.1 Uma metodologia para implantação

Para Lucena (1992, p. 61), a abordagem prática pode seguir uma linha

ascendente (processo) que tem como ponto de partida a sensibilização e como

resultado final a interiorização ou incorporação da mudança que é sustentada pelo

comprometimento.

Segundo Lucena (1992, p. 62), o tempo necessário para a realização de todas

as fases do processo de implementação dependerá da capacidade da organização

para absorver a mudança e obter o comprometimento. Se as exigências de mudanças

comportamentais e operacionais ultrapassarem a capacidade de ajustamento das

pessoas, ou levará mais tempo para sua consolidação ou o programa não terá

continuidade.

Para conseguir o comprometimento desejado, é da maior importância que cada

etapa seja cuidadosamente executada, acompanhada e avaliada quanto aos

resultados, para então prosseguir na etapa seguinte, que dependerá sempre do

39

sucesso da etapa anterior. Pode acontecer de determinada fase ou etapa levar menos

tempo de assimilação, mas, por isso não deverá ser suprimida.

Intelectualmente, o ser humano responde de forma mais rápida, pela sua

capacidade de observar, entender, julgar e concluir, porém, emocionalmente, ele é

lento para decidir, aceitar e dar as respostas esperadas. No campo emocional, outras

forças subjetivas, de difícil identificação, interferem no comportamento e na ação, tais

como: insegurança, reação ao desconhecimento, medo de falhar, de se expor, de

perder conquistas obtidas, enfim, medo de mudar e de enfrentar novas alternativas de

atuação. Significa que sua declaração a favor do programa de Avaliação de

Desempenho (processo intelectual) necessariamente não representa autodisposição

para agir (processo emocional). O ser humano, utilizando o processo intelectual,

encontra muitas alternativas e argumentos para “derrubar” uma idéia, criticando-a,

colocando problemas e dificuldades, numa camuflada demonstração de que “não

quer”. É a velha confrontação entre “saber” e “querer”.

A estratégia proposta por Lucena (1992, p. 63), procura atuar nos dois campos:

o intelectual e o emocional. Cada etapa poderá gerar reações positivas ou negativas.

Dependendo da força de uma ou da outra e da forma como o processo está sendo

gerenciado, a implantação continuará ou será desativada. Todos estes elementos

estão presentes na metodologia, que se compõe de três fases: conhecimento,

implementação e comprometimento.

2.5.2 A fase do conhecimento

Para Lucena (1992, p. 65), a fase do conhecimento abrange três etapas:

sensibilização, conscientização e entendimento. As reações negativas que possam se

manifestar nesta fase indicam, de início, um comportamento de desinteresse ou

indiferença, podendo desdobrar-se em resistências explícitas e até em rejeição à idéia.

Esta fase é crítica, exigindo intenso trabalho de comunicação, de intercâmbio

de informações, de esclarecimentos de dúvidas e de discussão sobre as colocações

de críticas, receios e problemas em potencial. Para cada etapa desta fase serão

indicadas algumas sugestões com o objetivo de obter a mudança de atitude esperada

e possibilitar o enfrentamento das objeções que sem dúvida surgirão.

Na etapa de sensibilização serão feitos os primeiros contatos e tentativas para

criar a expectativa e a discussão, no ambiente organizacional, sobre o processo de

Avaliação de Desempenho. Algumas atividades que poderão ser desenvolvidas são: -

comunicados sobre o Programa de Avaliação de Desempenho, seus objetivos, seu

significado e os resultados esperados; - promoção de reuniões e debates com os

40

gerentes em todos os escalões para envolvê-los no processo, colher suas opiniões,

diagnosticar reações positivas e negativas e problemas a serem superados, prestando

informações e sentindo o nível de expectativa ou de desinteresse demonstrados; -

programar palestras e divulgar matérias sobre o assunto nos veículos de comunicação

da empresa, para todos os empregados; - a partir do feedback recebido, programar

contatos personalizados, seja com gerentes já sensibilizados, para obter seu apoio,

seja com aqueles que demonstraram indiferença, tendo em vista sensibilizá-los

favoravelmente.

Em estudo de caso de implantação de um sistema de avaliação de

desempenho descrito por Oliveira–Castro e Lima e Veiga (1996, p. 45), nesta etapa de

sensibilização, com o objetivo de conscientizar os gerentes sobre a importância do

processo como instrumento gerencial e de crescimento do empregado, e de garantir a

cooperação de todos os envolvidos, a área de recursos humanos promoveu palestras

em que foram apresentadas as fases do desenvolvimento do sistema e explicitado o

papel a ser desempenhado por chefias e demais funcionários. Foram também

relatados os resultados da pesquisa de opinião realizada na etapa anterior,

mencionada no item “Implantação” deste trabalho.

Para Lucena (1992, p. 66), na etapa de conscientização as atividades que

poderão ser desenvolvidas são: - apresentar e discutir os objetivos possíveis de ser

alcançados, principalmente com os gerentes; - analisar, juntamente com os

envolvidos, a proposta do documento normativo, que dimensionará as políticas,

normas e procedimentos gerais; - obter sugestões sobre o que avaliar, como avaliar,

enfim, dimensionar os critérios básicos e a filosofia do processo de avaliação de

desempenho; - envolver os gerentes no desenvolvimento dos instrumentos.

Essas atividades poderão ser desenvolvidas por meio de encontros formais em

pequenos grupos, tanto com gerentes e supervisores como com representantes dos

empregados, sem esquecer a utilização dos veículos de comunicação da empresa.

No estudo de caso descrito por Oliveira-Castro, Lima e Veiga (1996, p. 45), de

implantação de um sistema de avaliação de desempenho, nessa etapa foi realizado o

levantamento dos indicadores ou incidentes de desempenho junto à amostra

composta por 350 pessoas (22% do total de servidores do órgão), subdividida em 30

turmas. A referida amostra foi selecionada com o escopo de envolver representantes

de todos os postos de trabalho, além das chefias das diversas áreas da instituição.

Outro requisito observado foi que o funcionário tivesse experiência de pelo menos seis

meses nas atividades inerentes a cada posto de trabalho e, a chefia, supervisão de

tais atividades pelo mesmo período, superior a seis meses. Selecionada a amostra,

chefes e funcionários foram organizados em grupos, observando-se critérios de

41

similaridade e interdependência de atividades (por exemplo: orçamento e finanças e

auditoria interna) e buscando-se, ainda, assegurar a homogeneidade dos grupos

quanto ao grau de utilização de padrões de desempenho de forma explícita.

Segundo Oliveira-Castro, Lima e Veiga (1996, p. 46), nas reuniões para coletas

de dados, solicitou-se que os integrantes dos grupos descrevessem incidentes

(ocorrências, eventos, fatos ou episódios) vivenciados ou observados em determinado

posto de trabalho nos últimos seis meses. Para cada incidente lembrado, o

participante deveria descrever objetivamente o comportamento observado, evitando se

referir à intenção do empregado envolvido ou mencionar suas impressões pessoais

sobre ele; as circunstâncias nas quais o incidente ocorreu; as conseqüências do

incidente relatado, ou seja, qual o impacto do comportamento desse servidor no seu

próprio desempenho e no da unidade.

Conforme o estudo de caso descrito, cada participante relatou dez incidentes, a

metade deles versando sobre comportamentos eficazes, produtivos, competentes e

desejáveis; a outra metade, sobre comportamentos ineficazes e indesejáveis. Após a

coleta, passou-se à organização dos dados relativos a cada posto de trabalho com os

critérios: - análise do conteúdo dos indicadores, buscando eliminar redundâncias e

aprimorar a redação da descrição; - identificação e conceituação dos fatores de

desempenho subjacentes aos incidentes coletados; - agrupamento dos incidentes por

fatores identificados de forma que cada conjunto de descrições comportamentais fosse

ilustrativo de apenas um fator; - definição operacional dos fatores.

Após a organização de incidentes e fatores específicos de cada posto de

trabalho, procedeu-se à identificação dos fatores comuns a todos os cargos da

instituição como, por exemplo, zelo com material e equipamento; comprometimento

com o trabalho e relacionamento interpessoal. Depois foram produzidas minutas de

fichas de avaliação, contendo apenas descrições de comportamentos eficazes e

ineficazes, distribuídas aleatoriamente no instrumento.

Com o objetivo de verificar se os incidentes coletados eram ilustrativos ou não

do fator ou da dimensão em que originariamente foram categorizados, realizaram-se

dez reuniões com grupos mistos de chefias (gerentes e supervisores) e funcionários,

com número de participantes que variava de acordo com área ou o cargo (de três a

dez servidores para um gerente). Um incidente só foi incluído como componente de

um fator se alcançado o mínimo de 80% de concordância entre os avaliadores ao

considerarem que era representativo daquele fator.

Para Lucena (1992, p. 67), na etapa de entendimento, a postura da Alta

Administração é fundamental para legitimar e influenciar a decisão e predisposição

das pessoas envolvidas.

42

A principal atividade a ser realizada nesta etapa, será o treinamento dos

avaliadores e dos empregados, através de um programa formal que possibilite

abranger toda a dimensão do projeto: resultados esperados, responsabilidades dos

avaliadores, atitudes e comportamentos.

Segundo Oliveira-Castro, Lima e Veiga (1996, p. 46), na implantação que foi

objeto do estudo, o treinamento das chefias enfocou predominantemente a mudança

de atitude, mediante abordagem voltada para aspectos afetivo–relacionais. Partiu-se

do pressuposto de que não basta o domínio cognitivo dos procedimentos avaliativos.

Esses poderiam ser facilmente obtidos pela simples leitura do manual e das normas

pertinentes. Foram, então, trabalhadas noções teóricas e práticas sobre condução de

entrevistas de avaliação, feedback e uso de estratégias de identificação e resolução

de problemas de desempenho. Além disso, foram apresentados conteúdos

tradicionais, como tipos de erros de avaliação e rotinas de preenchimento dos

instrumentos. Tais conteúdos foram desenvolvidos em abordagem vivencial, mediante

discussões em grupo, estudos de caso, jogos organizacionais, dramatizações e aulas

expositivas. Os métodos e recursos didáticos foram escolhidos de modo a ensejar

reflexão sobre as práticas de avaliação em vigor e assimilação de nova postura,

diagnóstica e proativa.

Para Fleury e Fleury (2000, p. 27), as emoções e os afetos regulam o

aprendizado e a formação de memória. As pessoas lembram-se melhor daquilo que

lhes despertou sentimentos positivos doe que daquilo que lhes despertou sentimentos

negativos, e lembram mal daquilo que as deixou indiferentes. As emoções contribuem

fortemente para a motivação ao aprendizado; parecem dar cor e sabor ao que

aprende-se.

Aprendizagem pode ser pensada como um processo de mudança, provocado

por estímulos diversos, mediado por emoções, que pode vir ou não a manifestar-se

em mudança no comportamento.

A aprendizagem é um processo complexo, que leva à construção de memórias.

Aquilo que se aprende e depois se esquece é como se nunca tivesse acontecido; o

conjunto de coisas que nos lembramos constitui nossa identidade.

Aprende-se lendo, aprende-se ouvindo, aprende-se errando, aprende-se na

prática, aprende-se vivenciando a situação mentalmente, aprende-se observando

outras pessoas. Inúmeras são as formas de aprender, e cada pessoa é única nesse

processo.

Portanto é importante a escolha dos métodos que proporcionarão o

aprendizado a todos os envolvidos no processo.

43

2.5.3 A fase da implementação

Para Lucena (1992, p. 68) esta fase representa uma transição importante da

decisão para a execução, da expectativa para a experimentação, da teoria para a

prática, do objetivo para o resultado. É o passo decisivo para alcançar o

comprometimento e a consolidação. É também a fase mais demorada, por abranger

duas etapas: implantação e aceitação.

Na etapa de implantação será iniciada a aplicação dos instrumentos de

avaliação de desempenho. O êxito desta etapa depende da adequação desses

instrumentos e de sua funcionalidade. Esta etapa abrange um período máximo de um

ano e mínimo de seis meses. Seu início será a negociação do desempenho. A partir

de então, serão programadas reuniões periódicas de feedback e verificação dos

resultados que estão sendo alcançados, até se alcançar o último estágio da gerência

do desempenho, que é a avaliação final.

Para Lucena (1992, p. 69), um sistema implantado poderá funcionar durante

alguns anos em uma organização e depois ser desativado. Isto significa que não se

alcançou a etapa de aceitação. Transformou-se em obrigação, em burocracia, mas

perdeu o significado. A aceitação será conseqüência de experiências bem - sucedidas.

É a legitimação do processo ao nível individual, por opção pessoal e não por

imposição superior. Quando este resultado é alcançado, o comprometimento será a

conseqüência natural e terá base para se sustentar.

Segundo Oliveira-Castro, Lima e Veiga (1996, p. 49), na implantação

analisada, a estratégia de construção e implantação utilizada, por garantir a

participação efetiva dos segmentos envolvidos, constituiu um processo que muito

enriqueceu a dinâmica organizacional, uma vez que proporcionou espaço para

reflexão e discussão sobre as práticas de gestão de recursos humanos da

organização e, conseqüentemente, seu aprimoramento.

Para garantir a manutenção e o aprimoramento das novas práticas de

avaliação, uma equipe de profissionais da área de recursos humanos propicia

assistência aos gerentes, dirimindo eventuais dúvidas sobre os procedimentos,

orientando na resolução de problemas e auxiliando na viabilização de ações para

melhorar o desempenho e a motivação do trabalhador avaliado.

2.5.4 A fase do comprometimento

Para Lucena (1992, p. 69), o comprometimento não nasce de um impulso ou

de uma ordem superior, mas é algo que se desenvolve de dentro para fora do ser; é

44

decisão pessoal; é a manifestação objetiva do querer fazer algo. Portanto precisa ser

incorporado conscientemente. Nesta fase, espera-se que as experiências e os

resultados positivos alcançados consolidem o comprometimento, que ocorre em duas

etapas: a institucionalização e a interiorização.

Na etapa de institucionalização as pessoas incorporam novos valores que não

são mais confrontados com valores anteriores. Passam a utilizar os instrumentos

como ferramenta gerencial, como parte integrante de suas rotinas operacionais e

gerenciais. Ocorre a acomodação, um ajustamento e a integração a vida normal da

organização. Será difícil o retrocesso, a não ser que algum fator desestabilizador

venha a produzir uma ruptura na vida da empresa.

Ao se alcançar esta etapa, a maioria dos componentes da organização está

altamente comprometida. O novo sistema de Avaliação de Desempenho atende às

expectativas pessoais e profissionais dos empregados e aos objetivos da empresa,

permanecendo as rotinas orientadas para a manutenção, atualização ou

aperfeiçoamento, como acontece com os demais processos que já são parte da

história e da cultura da organização.

Conforme Oliveira-Castro, Lima e Veiga (1996, p. 49), a transformação do

modelo teórico de avaliação de desempenho em sistema de avaliação integrado à

organização, às demais atividades e aos subsistemas de desenvolvimento de recursos

humanos envolve a adoção de várias ações organizacionais. Entre elas estão: a)

melhoria contínua e articulada dos processos de seleção e colocação de pessoal, e

das técnicas de diagnóstico de necessidades de capacitação, através da

programação, execução e avaliação de treinamentos; b) utilização de procedimentos

de aconselhamento psicofuncional; c) aprimoramento de mecanismos de incentivo e

valorização ao bom desempenho; d) melhoria contínua nas estratégias de

comunicação entre as unidades organizacionais visando resolução e adoção de ações

preventivas para os problemas de desempenho.

Assim, para Oliveira-Castro, Lima e Veiga (1996, p. 50), a avaliação de

desempenho passa a constituir um sistema de atividades imprescindível para a

organização, porque através do processo de integração com as demais atividades de

desenvolvimento de recursos humanos, enriquece-as e é por elas enriquecida.

Através da análise dos autores pode-se vislumbrar o impacto positivo que a

interação de um processo eficaz de avaliação de desempenho com as demais áreas

de recursos humanos pode causar na organização. Quando o sistema de avaliação

conseguir sensibilizar e envolver todos na empresa, uma primeira conseqüência será o

aperfeiçoamento dos perfis funcionais utilizados na seleção de novos funcionários. Os

45

registros de avaliação possibilitarão a descrição do perfil ideal, poupando energia e

gastos desnecessários no preenchimento de vagas.

Outro efeito positivo, com certeza, será o aperfeiçoamento dos diagnósticos de

necessidades de treinamento. O registro das informações de avaliação permitirá a

obtenção desses diagnósticos nas diversas etapas de capacitação de cada função da

empresa.

É possível também avaliar a inovação que será possibilitada nas políticas de

cargos e salários, incentivos e valorização do pessoal. A riqueza das informações, que

serão confiáveis em um processo eficaz e institucionalizado, permitirá criatividade e

melhor atendimento de expectativas e necessidades por parte dos sistemas de

incentivo e valorização.

2.6 Estudos sobre Comportamento e Motivação

As relações entre Avaliação de Desempenho e Motivação, apresentadas na

seção 2.1, mostram a importância do feedback e do uso apropriado dos processos

avaliativos para um processo de gerenciamento de performance. Há diversas teorias

sobre motivação, e algumas serão expostas a seguir, de maneira a embasar a

discussão sobre a influência recíproca entre essa variável e a Avaliação de

Desempenho.

Para Daft (1999, p. 318), a motivação refere-se às forças internas e externas

das pessoas, que provocam entusiasmo e persistência em seguir um certo curso de

ação. A motivação do empregado afeta a produtividade, e parte do trabalho do

administrador é canalizar a motivação para a realização de metas organizacionais. O

estudo da motivação ajuda os administradores a entenderem o que induz as pessoas

a iniciarem uma ação, o que influencia sua escolha de ação e por que elas persistem

nessa ação durante todo o tempo.

Uma área de estudos sobre motivação é aquela que se às variações nas fontes

de motivos para diferentes pessoas. Esses estudos identificaram que há pessoas

motivadas pela realização, que parecem mais preocupadas com a realização pessoal

que com a recompensa do sucesso (HERSEY; BLANCHARD, 1986, p. 49). Não

rejeitam a recompensa, mas esta não é tão importante quanto a realização em si.

Sentem maior emoção por obter uma vitória ou resolver um problema difícil que por

qualquer dinheiro ou prêmio que receberem. Para os indivíduos motivados pela

realização, o dinheiro é valioso principalmente como medida do seu desempenho.

Fornece-lhes um meio de avaliar seu progresso e de comparar suas realizações com

46

as de outras pessoas. Normalmente não procuram o dinheiro para fins de status ou de

segurança econômica.

O desejo que tais pessoas sentem de procurar situações em que possam

receber um feedback concreto sobre o seu grau de desempenho está estritamente

relacionado com essa preocupação de realização pessoal. É por isso que muitas

vezes se encontram pessoas com motivação de realização em funções de vendas, ou

que sejam proprietárias ou gerentes de seus próprios negócios. Além de quererem um

feedback concreto, também dão importância à natureza desse feedback. Respondem

favoravelmente às informações sobre o seu trabalho. Não se mostram interessadas

em comentários sobre suas características pessoais – por exemplo, se são

consideradas cooperativas, prestativas ou não. As pessoas impelidas pelo motivo de

participação social podem desejar um feedback social ou de atitudes. Indivíduos com

motivação de realização querem feedback referente a tarefas. Querem saber o

resultado.

Os estudos de Maslow (1962, p. 61) também se voltaram à questão das fontes

de motivação, os motivos. Para ele, o indivíduo capaz de individuação, aquele que, por

definição, satisfez as suas necessidades básicas, é muito menos dependente, está

muito menos vinculado, é muito mais autônomo e egodirigido. Longe de precisar de

outras pessoas, o indivíduo motivado para o crescimento pode, realmente, ser

embaraçado por elas. Ele tem predileção especial pela vida íntima, pelo

distanciamento e pela meditação.

Essas pessoas tornam-se muito mais auto-suficientes e senhoras de si. As

determinantes que as governam são, primordialmente, de natureza interna, em vez de

sociais ou ambientais, Elas são as leis de sua própria natureza íntima, de suas

potencialidades e capacidades, seus talentos, seus recursos latentes, seus impulsos

criadores, suas necessidades de se conhecerem a si próprias e de se tornarem cada

vez mais integradas e unificadas, cada vez mais cônscias do que realmente são, do

que realmente querem, da natureza de sua vocação ou destino.

Os fatores de satisfação e de contra-satisfação representam outra forma de

classificar as fontes de determinação da origem e manutenção dos comportamentos.

(ARCHER, 1978, p. 16). Esse autor considera que as necessidades são os

energizadores do comportamento e que o intelecto é o diretor do comportamento, mas

que os reais determinantes da direção comportamental são os fatores de satisfação e

de contra-satisfação, e que os mesmos podem ser endógenos ou exógenos. São

exemplos de fatores de satisfação e de contra-satisfação endógenos apresentados por

Archer (1978, p. 18):

47

1. Decisões e julgamentos feitos pela própria pessoa via processos cognitivos e através do próprio intelecto podem ser fatores de satisfação, enquanto decisões e julgamentos pobres podem ser fatores de contra-satisfação. 2. Coragem, resistência, autocontrole, o exercício da própria vontade, via processos cognitivos e através do próprio intelecto da pessoa, podem ser fatores de satisfação, enquanto a falta de tais fatores pode ser de contra-satisfação. 3. A resolução de problemas via processos cognitivos e através do próprio intelecto pode ser um fator de satisfação, enquanto a inabilidade em resolver problemas pode ser fator de contra - satisfação. 4. A hostilidade, a raiva, quando não causadas por fatores extrínsecos, mas oriundas de processos cognitivos do próprio intelecto podem ser consideradas como fator de satisfação ou de contra - satisfação.

Honestidade, integridade, compaixão, amor, caridade, via processos cognitivos

e através do próprio intelecto, podem ser fatores de satisfação ou de contra -

satisfação, assim como seus opostos também podem ser fatores de satisfação ou de

contra - satisfação, dependendo das preferências do indivíduo.

Se a satisfação é provida do ambiente, então sua fonte é um “fator de

satisfação exógeno”. Se a satisfação é negada a partir do ambiente, então o fator

impeditivo é um “fator de contra-satisfação exógeno”. Archer (1978, p. 18) cita alguns

exemplos:

1. Coisas materiais que vêm do ambiente, tais como dinheiro, alimento, abrigo, vestimentas, carros, limpeza, podem ser fatores de satisfação, enquanto a falta de tais coisas podem ser fatores de contra - satisfação. 2. Amor, sexo, companheirismo, ensino, instrução, orientação, reconhecimento e outras coisas intangíveis que vêm do ambiente podem ser fatores de satisfação, enquanto sua falta ou insuficiência pode ser um fator de contra - satisfação. 3. Insultos, dor, privação, recusa, etc., que vêm do ambiente, podem ser também fatores de satisfação ou de contra - satisfação, dependendo das preferências do indivíduo (ARCHER, 1978, p. 22).

Segundo Daft (1999, p. 318), os administradores podem usar a teoria da

motivação para ajudar a satisfazer as necessidades dos empregados e,

simultaneamente, estimular alto desempenho no trabalho. Quando os trabalhadores

não são motivados para atingir metas organizacionais, os administradores podem

precisar avaliar o sistema de recompensas.

Para Skinner (1982, p. 14), as maiores dificuldades no estudo do

comportamento são de ordem prática; não é possível antecipar o que uma pessoa fará

observando diretamente sentimentos ou o sistema nervoso. Também não é possível

conseguir mudança de comportamento através de mudanças no cérebro ou na mente.

48

Uma estratégia possível, propõe Skinner (1982, p. 14-15), é a de descrever o

que as pessoas fazem. Podem ser utilizados meios como a observação direta, com

auxílio de sistemas de registro e com entrevistas, questionários, testes e

levantamentos de opinião pública.

Segundo Skinner (1995, p. 26), a palavra comportar-se é recente. A palavra

mais antiga é fazer. Fazer sempre enfatiza as conseqüências, o efeito que alguém

provoca sobre o mundo.

2.6.1 Reforçadores de Comportamento

A relação comportamento – conseqüência é crítica para entender como se

desenvolvem, mantêm e desaparecem certos comportamentos. Para Skinner (1982, p.

38, itálicos do autor),

[...] o comportamento é fortalecido por suas conseqüências e por isso as próprias conseqüências são chamadas de ´reforços´. Quando, por exemplo, um organismo faminto apresenta comportamento que produz comida, o comportamento é reforçado por essa conseqüência e, por conseguinte, sua probabilidade de ocorrência é maior. O comportamento que reduz uma condição potencialmente prejudicial, como temperatura extremada, é reforçado por essa conseqüência e, portanto, tende a repetir-se em ocasiões similares.

Comportamentos operantes atuam sobre o ambiente (FERSTER;

CULBERTSON; PERROT-BOREN, 1978, p. 31). Os desempenhos que modificam ou

atuam sobre o ambiente são chamados operantes. A modificação do ambiente pode

originar-se no meio físico, como quando se opera uma máquina que serve café, mas

muitas vezes é gerada no meio social, como quando se obtém a atenção de alguém

por meio da conversação.

Segundo Ferster, Culbertson e Boren (1978, p. 39), o conjunto de atividades do

homem no ambiente em que vive, alterando esse ambiente e sendo por ele

modificado, através de atuações verbais e não verbais, ilustra o princípio do

reforçamento operante. É de importância capital o fato de que o comportamento

operante altera o ambiente e é, por sua vez, alterado pelos efeitos que produz no

ambiente. E por meio de desempenhos operantes que organismos vivos alteram o

ambiente de muitas maneiras significativas, que tornam possível sua sobrevivência e

suas atividades fisiológicas normais.

Comportamentos seguidos por reforçadores têm suas probabilidades de

ocorrência futura aumentadas, tenderá a ocorrer novamente. “[...] um reforçador

49

positivo fortalece qualquer comportamento que o produza [...]. Um reforço negativo

revigora qualquer comportamento que o reduza ou o faça cessar.” (SKINNER, 1982, p.

43).

Segundo Skinner (1995, p. 15), é comum afirmar-se que as pessoas se

comportam de uma certa maneira por causa de seus sentimentos. Comem porque

sentem fome, brigam porque sentem raiva, e em geral agem de acordo com o que

estão sentindo.

Se isso fosse verdadeiro, o conhecimento científico deficiente sobre os sentimentos seria desastroso. A ciência do comportamento não seria possível. Mas o que é sentido não é uma causa inicial ou iniciadora. [...] Não choramos porque estamos tristes, ou sentimos tristeza porque choramos; choramos e sentimos tristeza porque alguma coisa aconteceu (talvez alguém a quem amávamos tenha morrido).

Alerta, então, para a tendência em se interpretar contigüidade temporal como

causalidade, presente em análises dos sentimentos como causas dos

comportamentos.

É fácil confundir o que as pessoas sentem com causa, porque sentem enquanto estão se comportando (ou mesmo antes de se comportarem), mas os eventos que são responsáveis pelo que fazem (e, portanto, pelo que sentem) permanecem num passado realmente distante. A análise experimental do comportamento favorece a compreensão dos sentimentos por esclarecer os papéis dos ambientes passado e presente. (SKINNER, 1995, p. 15),

O processo do comportamento estimulado por reforços é o próprio campo do

propósito e da intenção. “Por sua natureza, ele está voltado para o futuro, ou seja,

uma pessoa age para que algo venha a ocorrer, portanto a ordem é temporal”

(SKINNER, 1982, p.50).

2.6.2 Conseqüências reforçadoras e freqüência de reforços

“Nem todas as conseqüências são reforçadoras e grande parte do efeito das

que o são depende das circunstâncias” (SKINNER, 1982, p.51). Apesar dos motivos e

os propósitos estarem nas pessoas, as contingências de reforço estão no ambiente;

motivos e propósitos são, na melhor das hipóteses, efeitos dos reforços. Para aquele

autor a mudança produzida pelo reforço é considerada como a aquisição do propósito

ou da intenção, e o propósito é fortalecido através do reforço. Assim, quando alguém é

50

capaz de anunciar um propósito, ela está relatando uma condição produzida por

reforço.

A análise experimental tem demonstrado (Skinner, 1995, p. 27) que o

comportamento é modelado e mantido por suas conseqüências. Assim, embora possa

se sentir ou dizer coisas diferentes, as causas dos comportamentos das pessoas – o

que elas fazem – estão no que já aconteceu, e não no que acontecerá.

Os sentimentos e intenções se associam, então, aos comportamentos, por

força das conseqüências (SKINNER, 1982, p. 52-53). Quando um ato é quase sempre

reforçado, a pessoa tem uma sensação de confiança. Da repetição de um determinado

comportamento com conseqüências reforçadoras a descrição pelas pessoas é que se

sentem confiantes quanto às suas possibilidades de sucesso.

Outro sentimento derivado do reforço freqüente é fé. Uma pessoa se sente

segura ou certa de que será bem sucedida. Experimenta uma sensação de domínio,

de competência ou de potência. O reforço freqüente também origina e mantém o

interesse por aquilo que a pessoa está fazendo. Mais uma vez se evidencia a ligação

temporal entre sentimento e comportamento, ambos resultados das mesmas

circunstâncias: as conseqüências reforçadoras.

2.6.3 Freqüência de reforços do comportamento

Para Skinner (1982, p. 53), quando um comportamento que vinha sendo

reforçado deixa de sê-lo, o comportamento se extingue e raramente, ou nunca mais,

aparece. É comum a explicação que a pessoa sofreu uma perda de confiança, de

certeza ou de sensação de competência. Em vez disso, seus sentimentos vão desde a

falta de interesse, o desapontamento, o desencorajamento e uma sensação de

impotência, até uma depressão possivelmente profunda; então é comum a explicação,

de forma errada, que esses sentimentos explicam a ausência do comportamento. Para

o autor um exemplo disso é quando a pessoa é incapaz de ir trabalhar porque está

deprimida ou desencorajada, embora o fato de ela não ir, bem como o que está

sentindo, devam-se a uma falta de reforço, ou em seu trabalho, ou em alguma outra

parte de sua vida.

Para Fester, Culbertson e Boren (1978, p. 99), é freqüente acontecer que uma

mudança na freqüência de um desempenho produza efeito sobre uma variedade de

outros desempenhos que não foram diretamente reforçados. Analisando por exemplo

uma mudança no comportamento de estudar: quando uma criança aumenta a

freqüência em seu comportamento de estudar; o mesmo acontece com outro

51

desempenho relacionado à esse, isto é, soletrar corretamente. Naturalmente, baixou a

freqüência do comportamento não estudar, decorrente do aumento do de estudar;

visto como estes dois desempenhos são incompatíveis, não podem ser emitidos

simultaneamente.

O reforço de um desempenho incompatível tem a vantagem de aumentar a

freqüência do desempenho desejado, o que resulta, simultaneamente, num

decréscimo da freqüência do desempenho não desejado. Freqüentemente, o

procedimento de extinção, quando o reforço é totalmente retirado da situação, resulta

no aparecimento de efeitos colaterais indesejáveis, tais como aumento de reações

emocionais ou de agressividade. Os reforçamentos de desempenhos incompatíveis

minimizam perturbações emocionais, porque o reforçamento perdura na situação e

torna-se contingente a um ou mais desempenhos diferentes.

Segundo Skinner (1982, p. 54), muitos reforços ocorrem intermitentemente.

Quando a razão entre respostas e reforços é favorável, atribui-se o comportamento a

zelo, diligência ou ambição; ou a determinação, obstinação, persistência ou

perseverança (continuar a responder durante longos períodos de tempo sem

resultados); ou a excitação ou entusiasmo; ou a dedicação ou compulsão.

A razão entre respostas e reforços pode ser ampliada até tornar-se

desfavorável. Gera um nível alto de atividade que pode comprometer o bem – estar

dos trabalhadores.

Para Fester, Culbertson e Boren (1978, p. 115), num esquema de razão

variável, o reforçamento ocorre após certo número de desempenhos, mas este

número varia conforme a ocasião. Algumas vezes um desempenho é, imediatamente

reforçado e algumas vezes pode ser necessário haver uns trezentos ou quatrocentos

desempenhos. Assim, o esquema de reforçamento (freqüência determinada para a

aplicação do reforçamento) gera uma alta disposição para efetuar o comportamento

que continuará a ser emitido por muitos milhares de desempenhos depois do último

reforçamento ter sido dado.

Os esquemas de razão variável, nos quais o reforço ocorre após certo número

médio de respostas, mas em que a próxima resposta a ser reforçada não pode ser

prevista, são particularmente interessantes. (SKINNER, 1982, p. 54-55)

Todos os sistemas de jogo se baseiam em esquemas de reforço variável,

embora seus efeitos sejam geralmente atribuídos a sentimentos. É comum afirmar que

as pessoas jogam por causa da excitação, mas esta é claramente um produto

colateral. Também é comum julgar que as pessoas jogam para obter sensação de

mando, dominação e vitória – apesar do fato de os jogadores quase sempre perderem.

É comum justificar-se essa incoerência considerando o jogador que se arruína e à sua

52

família como compulsivo ou patológico, sendo assim seu comportamento irracional

atribuído a uma doença. Esse comportamento é anormal no sentido de que nem todos

respondem com igual dedicação às circunstâncias predominantes, mas o fato é,

simplesmente, que nem todas as pessoas são expostas a um programa de reforço

através do qual uma razão altamente desfavorável se torna eficaz.

O mesmo esquema de razão variável afeta as pessoas que exploram,

prospectam, inventam, realizam uma pesquisa científica e compõem obras de arte, de

música ou de literatura, sendo que, nesses campos, um alto nível de atividade é

geralmente atribuído à dedicação e não à compulsão ou à irracionalidade.

É característico do reforço intermitente que o comportamento possa ser

mantido por longos períodos de tempo com pouquíssima retribuição. Isso já foi

explicado, dizendo-se que os seres humanos são criaturas feitas de esperança e não

seres geneticamente criados para conformar-se, mas não há nada essencialmente

humano no que toca aos efeitos, e não é a esperança nem a resignação, mas as

circunstâncias que são as causas manifestas e acessíveis. A esperança e a

resignação são, conforme já se descreveu, sentimentos que acompanham o controle

por contingências de razão variável.

2.6.4 Punição e reforço negativo do Comportamento

Para Skinner (1982, p. 55), estímulos aversivos, os quais produzem uma série

de condições corporais sentidas ou introspectivamente observadas, são estímulos que

funcionam como reforçadores quando reduzidos ou eliminados.

Estímulos aversivos estão presentes tanto em operações que fortalecem a

probabilidade de ocorrência futura de um comportamento (reforçamento negativo)

quanto naquelas que reduzem a probabilidade de ocorrência (punição).

Isso leva a uma confusão comum entre as duas operações, como alerta

Skinner (1982, p. 56). Embora as duas operações empreguem eventos aversivos, o

reforço negativo gera comportamento porque elimina o evento aversivo, enquanto a

punição suprime comportamento porque provoca o evento aversivo.

Estímulos aversivos têm efeitos diferentes quando relacionados de outras

formas com o comportamento. Se um estímulo anteriormente neutro, como uma

campainha, for freqüentemente seguido, após um intervalo, de um estímulo nocivo, tal

como um choque elétrico, a campainha acaba por suscitar reações como a ansiedade,

por exemplo. A campainha tornou-se um estímulo aversivo, o qual pode então produzir

o efeito de modificar a probabilidade de qualquer comportamento positivamente

53

reforçado que esteja em andamento. Por exemplo: uma pessoa empenhada numa

conversa animada pode começar a falar com menos vigor ou de forma mais errática,

ou pode até parar de falar à aproximação de alguém que a tenha tratado

aversivamente. Por outro lado, seu comportamento negativamente reforçado pode ser

fortalecido, e ela agir de forma mais compulsiva ou agressiva ou tentar ir-se embora.

Essa alteração de comportamento não ocorre porque esta está ansiosa; mas por

causa das circunstâncias adversativas que geram a condição sentida como ansiedade.

A mudança de sentimento e a de comportamento têm uma causa comum.

É preciso mencionar também que a aversividade de um evento pode decorrer

de sua condição intrinsecamente adversa, como por exemplo, a dor decorrente de um

ferimento, ou do fato de serem retirados reforçadores positivos antes disponíveis,

como ocorre na perda do emprego.

Como técnica de controle de comportamento, o emprego da punição tem

muitos inconvenientes, desde os éticos, os legais ou meramente de eficiência. A

punição, especialmente a punição severa, tem efeitos não somente no comportamento

sobre cuja probabilidade de ocorrência futura agirá (suprimindo-o). Comportamentos

incompatíveis se desenvolverão e poderão, de acordo com Fester, Culbertson e

Perrot-Boren (1978, p. 194), ser reforçados negativamente com tal força que se torna

impossível restabelecer o comportamento original. Esses comportamentos,

fortalecidos indiretamente pelo emprego da punição, nem sempre são desejados.

Por outro lado, o emprego da punição pode levar à supressão temporária do

comportamento: mudando-se as condições que sinalizam a possibilidade do evento

aversivo tornar a ocorrer, o comportamento punido voltará.

Para achar uma alternativa para a punição, o primeiro passo consiste em

identificar a conseqüência ambiental do comportamento que o mantém. Uma vez que

o reforçador seja identificado, ele pode ser sustado e o desempenho desaparecerá

devido ao não–reforçamento e não devido à supressão, como na punição.

Reclamações podem desaparecer gradativamente (por extinção) se ao invés de

reforçá-las, as chefias valorizarem as sugestões. No caso do reforçamente positivo, o

problema é simplesmente achar um reforçador positivo que possa seguir o

comportamento desejável.

A extinção de um comportamento pode se associar a procedimentos de reforço

(WAGNER III; HOLLENBECK, 1999, p. 96). Na extinção, a resposta é debilitada,

porque já não está mais associada a um reforço positivo. Um problema com os

sistemas de reforço é que eles muitas vezes concentram a atenção de um modo tão

exclusivo no comportamento reforçado, que os outros comportamentos não reforçados

se extinguem. Ao tentar atender mais depressa uma solicitação que lhe traga algum

54

benefício, por exemplo, um funcionário pode sacrificar a qualidade (e talvez buscar o

incentivo a um risco elevado), se não há nenhum reforço para tomar decisões

acertadas e ao mesmo tempo rápidas.

Para Wagner III e Hollenbeck (1999, p. 97), tanto as operações de

reforçamento negativo quanto de punição podem ser usados para influenciar o

comportamento. No reforço negativo, a probabilidade de que uma pessoa se engaje

num determinado comportamento é aumentada porque o comportamento é

acompanhado pela remoção de algo que a pessoa detesta. Na punição, a

probabilidade de um determinado comportamento diminui porque é acompanhado por

algo que a pessoa detesta.

A discussão sobre punição foi incluída para uma breve análise e reflexão sobre

as crenças a respeito de conseqüências negativas que existem com relação à

avaliação de desempenho humano no trabalho. Mesmo que não sejam mencionadas

de forma explícita, as conseqüências que podem advir por causa de um mau

desempenho apontado pela avaliação são claramente motivos de preocupação por

parte dos empregados.

O desafio que se apresenta aos sistemas de avaliação é o de causar

motivação positiva na equipe muito mais pelo desejo das recompensas que são

geradas pelos resultados da avaliação do que pelo medo das conseqüências geradas

pelos maus resultados.

Um dos objetivos das práticas de avaliação é produzir informações confiáveis

para dar suporte a ações administrativas como: promoções, aumentos, transferências,

premiações, participações em resultados. No entanto, as informações são também

utilizadas para dar suporte a ação administrativa que é percebida como a punição

mais severa pelos empregados: a demissão.

2.7 Programas de reconhecimento do desempenho

As propostas de analistas do comportamento para lidar com o desempenho no

ambiente organizacional têm, basicamente, se voltado aos Sistemas de Remuneração,

Sistema Supervisionado de Feedback e Treinamento. Sistemas de Remuneração são

caracterizados por tentarem estabelecer uma relação entre o comportamento e a

conseqüência, que no caso da organização, seria principalmente, o pagamento

(MIGUEL, 1997, p. 278).

Muitos dos sistemas de recompensar empregados se baseiam naquilo que o

funcionário deveria fazer e não naquilo que ele realmente faz, pagando-se por horas

55

de trabalho e não pela realização do mesmo. A maior parte das empresas, inclusive no

Brasil, continuam usando exclusivamente, sistemas tradicionais de remuneração que

se baseiam em cargos e funções independente da performance do indivíduo

(WOOD JR.; PICARELLI FILHO, 1999, p. 42).

2.7.1 Planos de incentivos no local de trabalho

Para Daniels (1992, p. 109), quando inicialmente introduzidos os planos de

reforços, muitos gerentes são atraídos a planos de remunerações variáveis devido à

alta performance que eles produzem. Eles sempre querem aplicar remuneração

variável a toda performance, independente do tipo de trabalho envolvido. Isto,

logicamente é um erro. Cada plano produz padrões de performance distintos. Isto

significa, que os planos são apropriados ou impróprios dependendo do tipo de

performance desejado. Por exemplo, para o tipo de tarefa onde se quer algo entregue

a uma determinada hora, um plano de intervalo fixo é mais apropriado.

Se a necessidade é de vigilância, um intervalo variável é mais apropriado.

Se um trabalho requer paciência, não é recomendável que a remuneração

variável seja o plano dominante. Entendendo-se a natureza da performance

necessária para o trabalho e as características da performance dos vários planos,

podem ser resolvidos significativos problemas de performance.

Para Daniels (1992, p. 109), embora os planos de proporção produzam os mais

altos níveis de performance, os planos de intervalos fixos são muito mais comuns em

locais de trabalho.

A razão para isto parece ser que eles são mais fáceis de administrar. Pagar

todos ao mesmo tempo, dar aumentos ao mesmo tempo, e dar elogios de

performance uma ou duas vezes por ano e gerenciar projetos com ou sem data

definida, com relatórios sobre os resultados no final do mês, ou definir metas anuais, e

objetivos.

Supõem-se que as organizações paguem caro por esta conveniência. Deve-se

lembrar que a remuneração fixa não só produz uma baixa performance, mas também

níveis instáveis de performance. Isto significa que o nível de performance varia

grandemente do início ao fim do intervalo da curva. Já que no plano de intervalo fixo, o

reforço nunca se segue de outro reforço imediatamente; os níveis de respostas

sempre caem dramaticamente após o reforço.

Sobrepondo a programação desejável àquela existente, é possível diminuir

algumas de suas características indesejáveis. Por exemplo, se os vendedores são

56

assalariados, é possível oferecer reforços de salários em vendas antes do período de

contabilidade de vendas. Também é possível dar reforço de salário para vendas acima

de certo nível. Um professor, pode dar um teste comum ocasionalmente. Isto aumenta

a quantidade de estudo e o distribui mais uniformemente, no trimestre. O professor

pode também dar pontos de bônus ou outros reforços por completar tarefas extras. Na

produção, com funcionários horistas ou assalariados, é possível sobrepor

programações de Remuneração Fixa celebrando realizações. Não espere até o fim da

semana, mês, ou ano.

Usando uma mistura criativa de programações, o resultado certamente será

surpreendente quanto a melhora do desempenho sobre àquela prevista da

programação básica. Maximizar esta oportunidade, no entanto, requer um total

entendimento das quatro programações básicas: intervalo fixo, intervalo variável,

proporção fixa, e proporção variável.

Uma pessoa que está obtendo atenção ao reclamar a respeito de colegas de

trabalho, pode reclamar mais freqüentemente se seu gerente de repente, ignorar sua

reclamação. O gerente que não entender que a explosão de extinção são aspectos

previsíveis de extinção pode achar que o fato de ignorar não está funcionando, quando

ele está.

Comportamentos emocionais tendem mais a acompanhar a extinção em

programações fixas. A extensão da reação emocional deve-se à programação e

números de incentivos recebidos nele. É comum testemunhar uma forma leve deste

fenômeno. Quando uma pessoa põe dinheiro em uma máquina, repetidas vezes só

para tê-lo de volta cada vez, ele pode tentar chacoalhá-la ou mesmo bater ou chutá-la

antes de desistir.

Esta pessoa está exibindo comportamento emocional característico de extinção

sob programações de proporções fixas. Pais que dizem coisas aos seus filhos como,

“você pode chorar quanto quiser, mas você não vai”, está lidando com o mesmo tipo

de problema. Quando as pessoas estão acostumadas a receberem incentivos a certos

padrões previsíveis e de repente isto para, você pode esperar uma resposta emocional

deles. Estas reações podem variar de queixas tipo “isto não é justo”, a comportamento

de ataques de raiva. Programações variáveis tipicamente produzem menos

comportamento emocional durante extinção.

57

2.8 Planos para melhoria de desempenho

Segundo Daniels (1992, p. 217), é inconstestável o valor do Gerenciamento de

desempenho como um meio de administrar pessoas eficientemente e com eficácia.

Contudo, só será possível avaliar seu valor através da aplicação sistemática de

métodos desenvolvidos através de muitas pesquisas. Usos bem sucedidos de

Gerenciamento de desempenho para resolver um problema de performance ou para

aumentar uma melhor performance envolvem uma série de passos específicos e

procedimentos. Omitir qualquer dos passos significativamente reduz a probabilidade

de sucesso em longo prazo. Portanto, é essencial ter um plano que inclua todos estes

passos e procedimentos.

2.8.1 Um plano para melhora de desempenho

Conforme Daniels (1992, p. 217), há seis passos críticos num plano de

melhoramento de desempenho. Eles são o seguinte:

- Objetivar os resultados e comportamento de suporte.

- Desenvolver um meio de medir o resultado.

- Desenvolver um meio de dar o feedback da performance

- Desenvolver um plano positivo de estímulo.

- Revisar os resultados periodicamente.

- Desenvolver um plano antecedente

O Plano de melhora de desempenho fornece um modo formal de aplicar o

gerenciamento de desempenho. Se o plano for seguido, ele garante que todos os

elementos mencionados anteriormente serão incluídos. Logicamente, há meios

disponíveis para ajudar em desenvolvimento de um plano eficiente. Uma forma

sozinha, no entanto, nunca resolveu um problema de performance.

Para Daniels (1992, p. 220), o primeiro passo ao desenvolver um programa de

melhora de desempenho é determinar a meta. É necessário sempre objetivar ambos,

um resultado e seus comportamentos de apoio. Um comportamento de apoio é

qualquer comportamento que seja essencial para produzir o resultado desejado,

qualquer comportamento que esteja continuamente envolvido na produção de um

produto ou entrega de um serviço.

Listar tantos comportamentos de apoio quanto possível alertará para estimular

aqueles comportamentos ocasionalmente quando acontecerem. No entanto, será

possível condensar a lista em vários dos mais críticos comportamentos – os que terão

os maiores impactos nos resultados.

58

Então, devem-se planejar estímulos mais sistemáticos e freqüentes para estes

comportamentos.

Para Lucena (1992, p. 115), a primeira etapa do processo de avaliação está

relacionada com a negociação do desempenho. O supervisor e seu colaborador,

juntos, irão definir as tarefas/atividades/projetos que deverão ser desempenhados pelo

empregado, no período predeterminado.

Para cada tarefa, serão planejados e negociados os resultados esperados,

expressos em padrões de desempenho ou indicadores de resultados, significando as

metas que deverão ser alcançadas.

Para Daniels (1992, p. 220), ao completar um plano de melhoria de

desempenho, deve-se não só determinar o quanto será medido, mas também garantir-

se quanto tempo e esforço é preciso para se obter os dados.

De preferência, as medidas já estão disponíveis e automaticamente

registradas. Se elas não estiverem, então se deve pesar o que é desejável com o que

é prático. Por exemplo, se a medição envolve auditar o comportamento de segurança

no andar de compras, seria ideal checar o pessoal pelo menos duas vezes por dia.

Para Moraes (2003, p. 115), a análise dos resultados e a avaliação dos

resultados obtidos podem ser efetuados a partir da comparação dos resultados

obtidos, ao longo do tempo, ou correlação com índices conjunturais, através de

comparação com os resultados de outras unidades ou departamentos ou, ainda,

através de correlação com resultados de outros indicadores da sua própria unidade

administrativa.

Após a realização da análise crítica dos resultados dos indicadores, a unidade

poderá adotar as ações necessárias para melhoria do desempenho, devendo

especificar os resultados a serem obtidos, em que quantidade e em que tempo.

2.8.2 Feedback

Para Pontes (1999, p. 139), o processo de comunicação é a essência da

avaliação de desempenho. Além de atender aspecto psicológico da necessidade que

as pessoas tem em saber como está o seu desempenho, a retroinformação orienta o

desempenho dos funcionários na direção dos objetivos da empresa. A

retroinformação, quando franca e orientadora, vai permitir um relacionamento mais

próximo entre o líder e a equipe de trabalho, e ajuda a criar um clima positivo no

trabalho. Quando os resultados não são satisfatórios, a retroinformação, se efetuada

no sentido da orientação, irá contribuir com a melhoria desse desempenho. E, quando

59

os resultados são positivos, ela irá contribuir com a consolidação desse desempenho

positivo.

Para Daniels (1992, p. 220), a intervenção provavelmente vai requerer o

desenho de um sistema de feedback onde nenhum existia anteriormente. No entanto,

alguns pontos devem ser considerados ao completar um plano de feedback são:

decidir os grupos de feedback e decidir quem fará os gráficos dos dados.

Para Bergamini e Beraldo (1988, p. 237), o exame das qualidades e pontos

criticáveis de cada um nunca deve ser feito coletivamente. Quando for o caso, o

supervisor deverá dispor-se a receber em particular cada um. Para isso, deve

preparar-se, isto é, rever antes as avaliações anteriores, munindo-se, assim, das

informações necessárias.

É conveniente reservar alguns minutos só para o funcionário interessado,

dando a ele a atenção que merece.

Para Daniels (1992, p. 220), embora todas as partes do plano sejam

importantes, o plano de estímulo é o mais importante. Certamente, no começo ele vai

tomar muito tempo, uma vez que planejar estímulo não é uma habilidade praticada

freqüentemente pela maioria das pessoas.

Conforme Daniels (1992, p. 224), deve-se planejar um tempo para se reunir

com os executantes e rever o processo, entregar estímulos de grupo ganhos, e obter

um feedback verbal em como o plano está funcionando. É raro um plano que funcione

sem algumas mudanças no processo. Usar reuniões para descobrir se os executantes

entendem a meta e podem ajudar melhorá-la identificando os comportamentos de

apoio em vez daqueles citados no plano.

Uma importante parte do plano, segundo Daniels (1992, p. 221), é revisar o

plano de estímulo e obter um feedback se os estímulos usados são na verdade

estimulantes. Deve-se pedir idéias de outras coisas que poderiam ser usadas, modelar

sugestões realísticas, não nutrir falsas expectativas a respeito do que poderia ser

usado no futuro.

Para Daniels (1992, p. 224), deve-se também planejar pelo menos duas

revisões com a alta administração. A primeira é para revisar o plano antes dele ser

usado. Altos dirigentes não gostam de surpresas. É recomendável certificar-se que a

meta escolhida é importante para a organização. Se não for, será difícil um reforço

positivo dela para um melhoramento no plano. Também, deve-se garantir que a alta

administração se sente à vontade com os tipos de estímulos escolhidos e seus custos.

Esta reunião vai evitar dissabores e aumentar o estímulo para o topo da escada.

Segundo Daniels (1992, p. 224), o treinamento de sala de aula é apenas um

antecedente. O conhecimento ganho será aplicado somente se as conseqüências o

60

favorecerem. Para ser bem sucedido neste nível, pelo menos duas coisas devem

acontecer. Uma, a primeira aplicação deve ser em uma meta significativa. Dois,

aqueles que aplicam o programa de gerenciamento devem ser estimulados pelos seus

patrões para desenvolver o plano e usá-lo. Muitas pessoas cometem o erro de

começar com uma aplicação trivial. Por querer ser bem sucedido com a primeira

aplicação. No entanto, se a meta não for importante, provavelmente não se obterá

muita atenção mesmo que se obtenha sucesso. Finalmente, deve-se ter um programa

de gerenciamento para todas suas áreas de resultado chave.

Para Daniels (1992, p. 224), é preciso mais do que treinamento para se tornar

competente em qualquer habilidade. Para se tornar competente no programa de

gerenciamento é necessário muita prática estimulada.

As organizações sempre cometem o erro de treinar grande número de pessoas

no gerenciamento de desempenho e não fornecem assistência prática seguindo o

treinamento. Isto é um erro. A regra é: não treinar mais pessoal do que possa dar

assistência posterior. Treinadores são estimulados por treinamento. E sempre eles são

estimulados pelo número de pessoas treinadas. Mas, se as pessoas saem de um

treinamento, incapazes de aplicar aquilo que aprenderam por causa de algum

conhecimento ou deficiência de habilidade, ou por causa de tempo ou outras

prioridades, as habilidades inevitavelmente se extinguirão.

É necessário, quando começar o programa de gerenciamento numa

organização, manter reuniões de revisão para todas as pessoas envolvidas na

aplicação formal. O propósito primário desta reunião é fornecer estímulo para aqueles

que estão se esforçando para usar o programa de gerenciamento em seus trabalhos.

Não se trata de uma reunião para resolver problemas.

Um segundo propósito da reunião é incitar estímulo entre os colegas. Troca de

idéias, construção de idéias, cooperação individual e departamental, assistência são

metas para estímulo. Quanto mais estímulo ocorra durante esta reunião, maior a

probabilidade de que mais estímulos ocorram no local de trabalho. Falando de uma

forma geral, a primeira reunião deveria acontecer dentro de um mês da primeira

aplicação do programa de gerenciamento. Isto permite que as pessoas tenham tempo

suficiente para ter resultados para reportar. Se na ocasião da reunião a maioria das

pessoas não tiver resultados positivos, então eles estão procrastinando ou

implantando incorretamente.

As reuniões de revisão deveriam acontecer em todos os níveis da organização.

As reuniões devem ser pequenas o suficiente para todos apresentarem o que estão

fazendo e não devem durar mais do que uma hora e meia. A melhor maneira de fazer

isto é destinar a cada pessoa uma parte igual de tempo, usualmente não mais do que

61

cinco minutos. Uma aderência razoavelmente rigorosa ao limite de tempo é

necessária. A experiência indica que as pessoas que estão fazendo o mínimo, falam

mais tempo. Se eles ficarem divagando sobre o por que não estão usando o processo,

alguns daqueles que estão fazendo o máximo ficarão invariavelmente privados da

oportunidade de mostrar seus resultados. Isto, logicamente, tira o propósito da

reunião.

2.9 Conclusão da revisão da literatura

Os objetivos deste trabalho foram idealizados a partir da análise de estudos

como o de Daft (1999, p. 318), que destaca o estudo da motivação como ferramenta

imprescindível para auxiliar os administradores a entenderem o que induz as pessoas

a iniciarem uma ação, o que influencia sua escolha de ação e por que elas persistem

nessa ação durante todo o tempo.

Os administradores podem usar a teoria da motivação para ajudar a satisfazer

as necessidades dos empregados e, simultaneamente, estimular alto desempenho no

trabalho. Quando os trabalhadores não são motivados para atingir as metas

organizacionais, os administradores podem precisar avaliar os sistemas de

recompensas.

Em seus estudos, Daft (1999, p. 325) destaca que a modificação de

comportamento define um conjunto de técnicas nas quais a teoria de reforço é usada

para modificar o comportamento humano. A suposição básica realçada na modificação

do comportamento é a lei de efeito, que estabelece que o comportamento que é

reforçado positivamente tende a ser repetido, e o que não é reforçado positivamente

tende a não ser repetido. Esta teoria foi inicialmente formulada pelas pesquisas de

Skinner (1995, p. 83), que observa que o comportamento humano não é certamente o

assunto que a humanidade entende melhor.

A pesquisa desenvolvida considerou a importância das práticas de avaliação

de desempenho humano no trabalho como ferramenta para motivar as pessoas. É o

que observam Bergamini e Beraldo (1988, p. 31) afirmando que é importante

considerar que o trabalho, ou a realização de alguma atividade a que a maioria das

pessoas se dedica, se constitui na forma mais produtiva de o indivíduo empregar seus

recursos e energia pessoal. É a forma que as pessoas têm de sentirem seu potencial

utilizado, ou seja, colocado a serviço de alguma coisa, e mesmo de obterem um

feedback, pela comparação do resultado alcançado com o esforço despendido, que

conduz cada pessoa à avaliação do quanto se sente realizada. A avaliação de

62

desempenho é uma das ferramentas que possibilita essa comparação aos

empregados.

A implantação de sistemas de avaliação de desempenho foi exposta como um

fator crítico, dentre outros fatores, que operam para o sucesso desses sistemas, com

apoio na exposição de Oliveira-Castro, Lima e Veiga (1996, p. 39) sobre a qualidade

das estratégias de implantação utilizadas. Esses autores ressaltam que a implantação

de sistemas de avaliação, ao contrário do que possa parecer, é processo lento e

envolve mudança gradual de hábitos culturais.

A implantação de um sistema de avaliação requer o comprometimento de

chefias e demais trabalhadores com as novas práticas de avaliação, a divulgação do

novo modelo, o treinamento cuidadoso dos avaliadores e o aumento da participação

dos atores (avaliadores e avaliados) em todas as fases de implantação e em todas as

etapas do processo avaliativo. Tais recomendações técnicas, no entanto, nem sempre

são seguidas pelos gestores, que desejam implantar sistemas de avaliação às

pressas, em curtíssimo espaço de tempo; o que pode levar ao fracasso do novo

sistema.

A contribuição de Lucena (1992, p. 61) realça a necessidade de uma estratégia

metodológica fundamentada no pressuposto que, ao se decidir pela implantação de

algo novo na empresa busca-se uma mudança que afetará o ambiente interno, que

modificará padrões operacionais de trabalho e, principalmente, que procurará influir

em atitudes, comportamentos e novos padrões de atuação gerencial e nova postura

empresarial, envolvendo toda a força de trabalho da organização: administradores,

gerentes, supervisores e empregados.

Portanto, os gestores que se convencerem da importância e da necessidade da

ferramenta gerencial que é a avaliação de desempenho, e da qual trata este trabalho,

certamente deverão dedicar especial atenção a essa etapa inicial do processo, a

implantação.

63

3 MÉTODO

Para permitir a obtenção de informações que caracterizassem as organizações

pesquisadas quanto às práticas de avaliação do desempenho humano utilizadas,

optou-se pela entrevista como instrumento e pela seleção de casos - exemplo, em

virtude do caráter descritivo. A pesquisa classificada como descritiva, de acordo com

Vergara (2000, p. 47), expõe características de determinada população ou de

determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir

sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora

sirva de base para tal explicação.

Segundo Gil (1999, p. 169), as respostas fornecidas pelos elementos

pesquisados tendem a ser as mais variadas. Para que essas respostas possam ser

adequadamente analisadas, torna-se necessário, portanto, organizá-las, o que é feito

mediante o seu agrupamento em certo número de categorias.

Uma classificação que está diretamente relacionada com os objetivos deste

trabalho está mencionada no Quadro 1. É a classificação de porte das indústrias

pesquisadas.

A análise e a interpretação dos dados da pesquisa constituem processos

estreitamente relacionados. Por essa razão, não é muito fácil definir onde termina e

análise e começa a interpretação. Na análise, o pesquisador prende-se unicamente

aos dados, ao passo que na interpretação, procura um sentido mais amplo para os

dados, por meio de sua ligação a outros conhecimentos já obtidos. Pode-se, também,

comparar a análise com a atividade artesanal e a interpretação com a atividade

artística. Embora não sendo essas definições totalmente adequadas, deixam claro que

a análise da pesquisa pode ser feita mediante determinadas regras, ao passo que a

interpretação não está submetida a tais regulamentos. (GIL, 1999, p. 185).

Não existem, pois, normas que indiquem os procedimentos a serem adotados

no processo de interpretação dos dados. O que existe na literatura especializada são

recomendações acerca dos cuidados que devem tomar os pesquisadores para que a

interpretação não comprometa a pesquisa.

Foram destacados no Gráfico 2 os dados necessários ao cumprimento dos

objetivos deste trabalho de identificação de diferenças e semelhanças entre as

práticas utilizadas nas duas categorias de indústrias.

Quando a interpretação dos dados se apóia em teorias suficientemente

confirmadas, a investigação do problema produz novos conhecimentos importantes na

64

área pesquisada. Porém, quando as teorias não apresentam mais que um ligeiro grau

de comprovação, as explicações que se seguem produzem uma falsa sensação de

adequação à realidade, o que pode servir para inibir a realização de investigações

apropriadas. (GIL, 1999, p. 186).

A revisão de literatura apresentada no trabalho fornece o apoio para analisar as

ligações entre as práticas identificadas pela pesquisa e teorias existentes sobre o

tema.

3.1 Universo e Amostra

O universo da pesquisa de campo foi o grupo das indústrias com plantas em

Taubaté que constam no Cadastro da Indústria da Federação das Indústrias do Estado

de São Paulo – base Outubro / 2.003. Esse cadastro é fornecido pela FIESP em

formato que apresenta as empresas em quatro relações distintas pelos portes:

Classificação de porte Critérios de classificação

Micro Empresa 0 a 9 funcionários

Pequena Empresa 10 a 99 funcionários

Média Empresa 100 a 499 funcionários

Grande Empresa 500 ou mais funcionários

Quadro 1 – Classificação por portes de empresas

Nesse cadastro foram identificadas cinco indústrias com mais de quinhentos

funcionários, das quais três compuseram a amostra desse segmento.

Foram identificadas cinqüenta e quatro empresas com número de funcionários

entre cem e quatrocentos e noventa e nove, das quais cinco foram estudadas. A

amostra de cinco empresas foi determinada em função do prazo existente para

realização das entrevistas e dos procedimentos da pesquisa.

As indústrias foram incluídas no estudo por um critério de acessibilidade.

Inicialmente, um gerente da CIESP – Diretoria Regional de Taubaté indicou ao

pesquisador doze indústrias e os respectivos contatos. Feitos os contatos iniciais com

as pessoas indicadas, oito empresas aceitaram participar do estudo, ficando composta

a amostra.

No contato inicial com as indústrias foi utilizada carta de sensibilização que

consta no Apêndice A desta obra.

65

Devido ao sigilo, condição negociada com os representantes das empresas

pesquisadas, não são divulgados nomes, detalhes e nem formulários.

As empresas serão denominadas por letras e números, assim sendo as

grandes G1, G2 e G3 e as médias M4, M5, M6, M7 e M8. Quanto ao setor industrial de

atuação das mesmas classificam-se:

G1, G3 e M8: fabricação de autoveículos, máquinas agrícolas automotivas e

autopeças;

G2, M4 e M6: metalúrgica, fabricação de equipamentos;

M7: indústria alimentícia, e

M5: indústria de vestuário

3.2 Instrumentos para coleta de dados

O instrumento utilizado neste estudo foi a entrevista por pautas. O roteiro foi

elaborado com base nas necessidades de informações identificadas pelo pesquisador,

para desenvolver o trabalho.

O roteiro de entrevista abordou as seguintes pautas:

1) Que ações e procedimentos de avaliação de desempenho existem na

empresa?

2) Existem regulamentos e/ou registros formais dessas ações?

3) Descrição do funcionamento do procedimento e desde quando está em

uso na empresa?

4) Existem avaliações de resultados dessas ações? Existem registros

formais?

5) Órgão responsável pela decisão da implantação na Empresa?

6) O que norteou a escolha da ação / estratégia?

7) Órgão responsável pela implantação na Empresa?

8) Existem novas ações / estratégias com previsão de implantação?

9) Há registros de estratégias ou técnicas que foram implantadas e

posteriormente extintas? Quais foram os motivos da descontinuação?

Todas as entrevistas foram gravadas, e esse conteúdo foi armazenado em

duas fitas de noventa minutos cada uma.

Todos os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, nos termos autorizados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

66

Universidade de Taubaté, autorizando a utilização das informações. O termo consta no

Apêndice B deste trabalho.

3.3 Procedimentos para coleta de dados

Dias depois do envio da carta de sensibilização (Apêndice A) fez-se contato

pessoal com cada empresa e solicitou-se agendamento das entrevistas. As indicações

dos gestores que atenderam o entrevistador foram das empresas, baseadas no tema

da entrevista, e as indicações foram aceitas pelo pesquisador.

As entrevistas foram realizadas com os indicados e em dois casos (empresas

G1 e M8) também com outros funcionários a pedido dos entrevistados.

As empresas estão denominadas por letras e números, assim sendo as

grandes G1, G2 e G3 e as médias M4, M5, M6, M7 e M8.

Para melhor análise dos resultados, descrevem-se abaixo características dos

cargos dos entrevistados.

G2, M6, M7, M8, M5: Analista, Gerente, Coordenador, Supervisor e

Encarregado – área de Recursos Humanos.

G1, M4, G3: Gerente, Supervisor e Encarregado – áreas de qualidade e

operacional.

As pautas da entrevista eram apresentadas e, quando necessário, explicações

complementares eram solicitadas dos entrevistados, com o propósito de identificar

estratégias e técnicas motivacionais de avaliação de desempenho utilizadas pelas

empresas. A partir dessas entrevistas foram focados pontos como: área da empresa

onde se desenvolvem as ações; há quanto tempo; tipo de avaliação de resultados;

motivos que levaram à implantação.

67

4 RESULTADOS

A partir da transcrição do conteúdo das entrevistas, gravado em fitas de áudio,

as informações foram organizadas em tabelas, quadros e gráficos para facilitar a

visualização dos resultados.

As respostas fornecidas pelos elementos pesquisados foram bastante variadas.

Para que essas respostas pudessem ser adequadamente analisadas, foram

organizadas mediante o seu agrupamento em certo número de categorias.

A análise e a interpretação dos dados da pesquisa constituem processos

estreitamente relacionados. Na análise não foram considerados unicamente os dados,

foi feita uma interpretação, procurando um sentido mais amplo para os dados, por

meio de sua ligação a outros conhecimentos já obtidos.

Não foram identificadas normas que indiquem os procedimentos a serem

adotados no processo de interpretação dos dados. O que existe na literatura

especializada são recomendações acerca dos cuidados que devem tomar os

pesquisadores para que a interpretação não comprometa a pesquisa.

A interpretação dos dados apoiou-se em teorias suficientemente confirmadas, e

a investigação do problema produziu novos conhecimentos importantes na área

pesquisada.

4.1 Uso de práticas de avaliação de desempenho nas indústrias

Uma síntese inicial dos resultados da pesquisa é apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 – Uso de práticas de avaliação de desempenho nas indústrias

Práticas de Avaliação de Desempenho Humano no Trabalho

Média Empresa

Quantidade de empresas médias pesquisadas

Grande Empresa

Quantidade de empresas grandes pesquisadas

Possuem algum tipo de procedimento.................. 3 5 3 3

Nenhum tipo de procedimento e sem previsão de implantação........................................................... 1 5 0 3

Nenhum tipo de procedimento e com previsão de implantação de procedimento...............................

1 5 0 3

Possuem registros formais e individuais............... 2 5 2 3

Sem registros formais individuais e sem previsão de implantação......................................................

2 5 1 3

Sem registros formais individuais e sem previsão de implantação de registros individuais................ 1 5 1 3

Práticas suspensas por maus resultados.............

Práticas em uso há mais de dois anos.................. 3 5 3 3

68

Comparando-se os resultados mostrados na Tabela 1, comprova-se que

predominou entre as empresas de porte médio a ausência de práticas com registros

formais e individuais de avaliação de desempenho. Na amostra de empresas de porte

grande ocorreu o inverso.

Predomina também, entre as empresas de porte médio, a ocorrência de

práticas que não se consolidaram.

As práticas de avaliação de desempenho das empresas, agrupadas,

denominaram-se como programas.

Todos os programas em uso estão em funcionamento há mais de dois anos e

foram informados como programas consolidados dentro das empresas.

Possuempráticas Está Prevista

implantação Tiveram práticasSuspensas Possuem

práticas em usohá mais de 2

anos

Grandes Empresas

Médias Empresas0

1

2

3

4

5

quantidade de empresas pesquisadas

Grandes Empresas

Médias Empresas

Gráfico 1 – Uso de práticas de Avaliação de Desempenho nas Indústrias pesquisadas

4.2 Práticas de avaliação de desempenho nas indústrias

As práticas de avaliação de desempenho das empresas, que agrupadas

denominaram-se como programas, são apresentadas a seguir. As empresas serão

denominadas por letras e números, assim sendo as grandes G1, G2 e G3 e as médias

M4, M5 e M6. As empresas denominadas M7 e M8 são as que não possuem práticas

implantadas.

Alguns programas apresentam vários pontos comuns, no entanto, também

apresentam variações importantes, tornando-se, portanto, necessário apresentar de

forma simplificada todos os programas identificados pela pesquisa, conforme

Gráfico 2.

69

Descrição dos programas de Avaliação de Desempenho Humano no Trabalho:

Empresa M4:

� Formulários padronizados;

� Faz parte das normas ISO;

� Formulário personalizado para o cargo para que cada função seja avaliada

conforme suas atribuições específicas;

� Periodicidade: anual;

� Quem avalia: chefia;

� Serve como base para realização do programa anual de treinamentos da

organização;

� Histórico individual registrado em banco de dados;

� Avaliação pela chefia imediata sobre os efeitos do treinamento (trimestral ou

maior);

� Serve como base para participação nos lucros;

� Divulga aos funcionários as metas da empresa e dos setores;

Empresa M5:

� Sem documentos;

� Baseada no contato, amizade. Contato direto com a chefia, principalmente o dono

da empresa;

� A qualquer momento, não há periodicidade definida;

� Quem avalia: chefia e donos da empresa;

� Indicadores de custos e produção estão disponíveis para os funcionários, não há

divulgação sistemática.

Empresa G1:

� Formulários padronizados;

� Faz parte das normas ISO;

� Formulário personalizado para o cargo para que cada função seja avaliada

conforme suas atribuições específicas;

� São avaliados aspectos comportamentais e o cumprimento de metas numéricas

individuais;

� Periodicidade: objetivos anuais com feedback mensal;

� Quem avalia: chefia avalia os aspectos comportamentais;

� Serve como base para indicação de treinamentos da organização e de

autodesenvolvimento dos avaliados;

70

� Funcionário tem ciência da avaliação da chefia;

� Histórico individual registrado em banco de dados;

� Serve de base para alteração salarial ou promoção;

� Avaliação pela chefia imediata sobre os efeitos do treinamento (trimestral ou

maior);

� Divulga aos funcionários as metas da empresa e dos setores.

Empresa G2:

� Formulários padronizados;

� Objetivos personalizados (contratos) atribuídos apenas para os cargos executivos;

� Para os demais níveis a avaliação é feita sem registro formal;

� Periodicidade: anual para os executivos, para os demais não há período definido;

� Quem avalia: superior hierárquico;

� Executivos desdobram suas metas com a equipe, com autonomia;

� Registro e acompanhamento das metas apenas dos executivos. As metas são

financeiras e de desenvolvimento pessoal;

� As avaliações informais, nos demais níveis funcionais (exceto executivos),

segundo informação do gestor entrevistado, servem de base para alteração salarial

ou promoção;

� Divulga aos funcionários os indicadores que influem na participação nos lucros;

� Divulgação aos funcionários de metas dos setores como ação estratégica de

motivação de cada executivo para atingir seus objetivos.

Empresa G3:

� Formulários padronizados;

� Formulário personalizado para o cargo para que cada função seja avaliada

conforme suas atribuições específicas;

� São avaliados aspectos comportamentais e o cumprimento de metas numéricas

por equipe;

� As metas numéricas das equipes são definidas anualmente e revisadas

semestralmente;

� Periodicidade: anual para a avaliação individual e mensal para avaliação de

equipe;

� Quem avalia: dois níveis hierárquicos superiores;

� Funcionário assina concordando com a avaliação da chefia;

� Histórico individual registrado em banco de dados;

� Serve de base para alteração salarial ou promoção;

71

� Divulga aos funcionários as metas da empresa e das equipes.

Empresa M6:

� Formulários padronizados;

� Faz parte das normas ISO;

� Formulário personalizado para o cargo para que cada função seja avaliada

conforme suas atribuições específicas;

� Periodicidade: anual;

� Quem avalia: chefia e o próprio avaliado (auto–avaliação);

� Funcionário assina concordando com a avaliação da chefia;

� Histórico individual registrado em banco de dados;

� Serve de base para alteração salarial ou promoção;

� Avaliação pela chefia imediata sobre os efeitos do treinamento (trimestral ou

maior);

� Serve como base para participação nos lucros;

� Divulga aos funcionários as metas da empresa e dos setores.

O Gráfico 2 resume as características dos programas, apresentando-as

comparativamente pelo porte da empresa.

0

1

2

3

Uso

For

mul

ário

spa

rte

do I

S O

Av.

Per

s. p

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pre

sas

pes

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isad

as

Grandes Empresas

Médias Empresas

Gráfico 2 – Práticas de Avaliação de Desempenho identificadas nas Indústrias pesquisadas

72

Ao compararem-se as características de cada programa identificado registra-se

que a preocupação com adoção de formulários personalizados por função está

presente em todas as indústrias que tem registro formal da avaliação.

Prevalece também a periodicidade anual das avaliações individuais. Observa-

se que em duas empresas de grande porte pesquisadas existe um acompanhamento

mensal para avaliação de equipes. Esse procedimento mostra vinculação com a

existência de metas numéricas para as equipes. No caso de uma dessas indústrias de

grande porte, há também a avaliação de metas numéricas individuais; e por isso

observa-se também o uso da técnica de fornecer feedback mensal.

Outra característica comum a todas as empresas é que o avaliador é o superior

hierárquico.

Com relação à vinculação do programa de avaliação com o plano de

treinamentos, essa prática está presente nas duas empresas de médio porte enquanto

as empresas de grande porte, segundo informações dos gestores entrevistados,

mantém procedimentos distintos para elaboração do plano de treinamentos.

Verifica-se que uma empresa de médio porte e uma empresa de grande porte

não mantêm registros em papel das avaliações individuais; mantendo, portanto

registros informais.

Todas as empresas pesquisadas que mantêm programas de avaliação de

desempenho informaram que esses programas servem de base para ações de cunho

administrativo como promoções, transferências, aumentos. Com relação a demissões,

embora não tenha sido mencionado o uso sistemático do resultado das avaliações

para essa finalidade, ficou claro que a partir dos resultados são recomendados

treinamentos e supervisão mais próxima, e que não sendo possível a melhoria do

desempenho a substituição é o caminho natural. Em uma empresa de grande porte foi

mencionado que quando ocorrem “cortes”, muitos funcionários percebem

antecipadamente se farão parte da “lista” de demitidos ou não em função do feedback

que recebem constantemente (avaliação por objetivos) sobre seu desempenho.

Entre as três empresas de médio porte que mantém programas de avaliação

apenas uma informou que o avaliado toma ciência e homologa a avaliação do superior

hierárquico que o avaliou. Entre as três empresas de grande porte, duas informaram

esse procedimento.

Com relação à utilização de metas numéricas na avaliação, uma empresa de

grande porte utiliza a atribuição de metas individuais, as demais utilizam metas

numéricas para as equipes ou setores.

Comparando as descrições das práticas informadas pelas empresas

pesquisadas com as características dos métodos descritos na revisão da literatura,

73

buscou-se estabelecer a classificação para identificar os métodos predominantes na

amostra pesquisada, com as nomenclaturas pelas quais são conhecidos. No Quadro 2

estão registrados os métodos encontrados nas empresas.

Métodos

Relatórios Verbais Escalas Gráficas Avaliação por

Objetivo

G1 X X

G2 X

G3 X X

Totais 2 3

M4 X

M5 X

M6 X

M7

M8

Totais 1 4 3

Quadro 2 – Métodos de avaliação de desempenho identificados nas empresas pesquisadas

Em uma mesma empresa identificou-se o uso de mais do que um método;

porém essas combinações são diferentes daquelas que compõem o método misto, por

isso foram anotadas separadamente.

4.3 Avaliações de resultados das práticas

A partir das respostas dos entrevistados sobre os resultados das práticas

adotadas pode-se registrar as principais impressões dos gestores:

O Quadro 3 registra de forma resumida a conteúdo das respostas dos gestores

entrevistados, quando forma solicitados a informar os resultados que observavam pelo

uso das práticas de avaliação de desempenho. É importante observar tratar-se da

percepção apenas dessas pessoas; não tendo sido objetivo do trabalho a verificação

de indicadores que comprovem essa percepção.

Mesmo nos casos em que os gestores observaram que os resultados estão

expressos em indicadores, não foram analisados esses relatórios, registrando-se

apenas a informação desses funcionários que supostamente acompanham os

registros mencionados.

74

Resultados do uso das práticas de Avaliação de Desempenho observados pelos gestores entrevistados

Média Empresa

Grande Empresa

O Resultado é avaliado a partir do resultado do treinamento recomendadopela avaliação de desempenho. A chefia emite parecer sobre o efeito do treinamento no funcionário. X O resultado positivo observado é a disposição dos empregados em colaborarem com a empresa, principalmente quando há necessidade de realização de horas – extras. X O gestor atribui ao sistema de avaliação o fato dos funcionários parecerem mais motivados e demonstrando que apreciam a cordialidade resultante do processo formal. X Os resultados observados são os indicadores do cumprimento de objetivos de cada área de negócios. X

Os resultados positivos são claramente observados pelos indicadores. X Resultados positivos avaliados semestralmente através de pesquisa interna de clima organizacional. X

Quadro 3 – Avaliações de resultados das práticas de avaliação de desempenho nas empresas

4.4 Áreas organizacionais das empresas envolvidas na implantação e

atualização das práticas de avaliação

Na maior parte das empresas pesquisadas observou-se a preocupação com a

implantação e com a permanente adequação dos métodos e ferramentas de

avaliação. Nessas empresas que se preocupam com o aperfeiçoamento das

ferramentas de avaliação de desempenho, os entrevistados informaram que a

necessidade de aperfeiçoamento geralmente é identificada e solicitada pelos próprios

avaliadores e avaliados.

Essas questões estão resumidas na Tabela 2. Nessa tabela, nos campos ao

lado da ocorrência identifica-se, classificando por porte das indústrias, em quantas

dessas empresas entrevistadas identificou-se o procedimento.

Com relação às revisões periódicas informadas pelos entrevistados,

comparando-se os resultados obtidos nas indústrias dos dois portes, pode-se afirmar

que é prática comum e que independe do porte. Identificaram-se prazos diversos para

a realização dessas revisões. Os prazos mencionados foram: semestral, anual ou

bienal. Alguns informaram ainda não existir um prazo predeterminado, ocorrendo

essas revisões quando surgem sugestões ou necessidades que justifiquem um debate

e possíveis alterações.

Com relação à pesquisa em modelos adotados por outras empresas, todos os

entrevistados informaram ser imprescindível a adaptação do modelo escolhido às

características particulares da empresa. Alguns entrevistados narraram experiências

que fracassaram porque não ocorreu essa adaptação.

75

Tabela 2 – Áreas das empresas envolvidas na implantação e atualização das práticas de avaliação

Decisões sobre a Implantação e Melhorias nas práticas de Avaliação

Média Empresa

Grande Empresa

Recursos Humanos 0 0 Recursos Humanos com a participação de Comitês de Qualidade e Coordenadores das Áreas de Produção 2 2

Alta Administração 1 1

Apoio de Consultorias ou outros órgãos externos 1 0

Pesquisas em modelos de outras empresas 2 1 Faz revisões periódicas nas práticas atendendo solicitações e sugestões dos usuários 2 2 Sugestões de melhorias são analisadas por comissão com participação inclusive de outras unidades da empresa. Qualquer melhoria deve ser corporativa, mantendo padrão em todas as unidades da organização 0 1 Realização de pesquisa de clima organizacional, semestralmente, onde identificam-se possíveis descontentamentos com as práticas de avaliação 0 1

Identificou-se também como prática comum às empresas, independente do

porte, o envolvimento das diversas áreas nas decisões sobre implantações e

melhorias nos programas.

A análise de modelos utilizados em outras empresas é predominante nas

empresas de médio porte, pois se identificou que as duas empresas que possuem

programas de avaliação formal e individual desse porte fizeram esse tipo de pesquisa

para desenvolver o seu modelo. Entre as empresas de grande porte apenas uma

informou que seu modelo recebeu esse tipo de contribuição.

4.5 Causas da suspensão do uso de programas de avaliação de

desempenho nas indústrias pesquisadas

As causas mencionadas pelos entrevistados estão ordenadas no Quadro 4,

onde também se informa em qual porte de indústria registrou-se a ocorrência.

Constatou-se nessa etapa da pesquisa que três empresas, após a suspensão

do programa mal–sucedido, não realizam atualmente avaliação de desempenho de

seus empregados e estão analisando e avaliando novas opções para implantação.

Após o fracasso de implantação de prática copiada de outra empresa, a

empresa de médio porte informou que teve sucesso após realizar adaptações,

baseadas na observação dos problemas registrados, e também na opinião dos

envolvidos.

A empresa de médio porte que não concordou com a proposta de uma

Consultoria, optou por manter o sistema informal, não utilizando nenhum registro para

as avaliações.

76

Causas mencionadas para a suspensão de práticas de Avaliação de Desempenho

que não apresentaram resultados positivos Média

Empresa Grande

Empresa Práticas copiadas de outras empresas, sem adaptações às características da empresa X

Não concordou com proposta apresentada por consultoria X

Falta de retorno (feedback) aos avaliados X Aspectos avaliados eram todos subjetivos. Ausência de aspectos mensuráveis (metas numéricas) na Avaliação. X

Falta de preparo dos líderes, responsáveis por avaliar. X Requisitos avaliados não eram informados com clareza e antecedência aos funcionários. X Requisitos avaliados não eram diretamente ligados às funções dos avaliados. Utilização de formulário único para todas as funções X

Quadro 4 – Causas de suspensão em implantações de avaliação de desempenho nas empresas

A empresa de médio porte que informa como causa de insucesso a falta de

preparo dos líderes até o momento da pesquisa não realizou novo processo de

implantação. O gestor, no entanto, reconhece a importância da avaliação de

desempenho e tem intenção de fazer nova tentativa.

Falta de clareza e divulgação dos requisitos a serem avaliados, inviabilizaram a

implantação na empresa de grande porte, e essa empresa também não havia feito

nova tentativa até a data da entrevista.

77

5 APRECIAÇÃO CRÍTICA DOS RESULTADOS

Neste capítulo está inserida a análise dos resultados obtidos na pesquisa

baseada no conteúdo da bibliografia mencionada.

Ao inserir no suporte bibliográfico do trabalho o conteúdo de pesquisas e

estudos sobre comportamento e motivação, visou-se destacar a relação existente

entre esses temas e a aplicabilidade das práticas de avaliação de desempenho como

instrumentos de motivação nas organizações.

A compreensão teórica e prática do tema motivação possibilita aos gestores

das empresas perceberem o que leva os funcionários a executarem uma ação e,

principalmente, o que causa as escolhas das pessoas e porque elas mantêm o

comportamento durante tempo prolongado (DAFT, 1999, p. 318).

Os resultados de pesquisa deste trabalho mostraram que o conhecimento

desses mecanismos, ainda que empírico, é necessário e é utilizado nos processos de

avaliação de desempenho em uso nas organizações.

O conhecimento de conceitos como o dos fatores de satisfação e contra-

satisfação, pode levar os gerentes a identificar corretamente as necessidades das

pessoas que administram, conseguindo assim superar, mesmo com dificuldades, os

desafios de manter empregados motivados e atingindo desempenhos satisfatórios

(ARCHER, 1978, p. 18).

As práticas identificadas na pesquisa realizada por este trabalho podem ser

aperfeiçoadas com o uso de verificações experimentais e avaliativas a partir de

considerações teóricas.

Todavia, como destaca Skinner (1995, p. 83), o comportamento humano não é

certamente o assunto que a humanidade entende melhor. Porém, a aplicação de

recursos estudados pela análise do comportamento como: reforçadores, freqüência de

reforçadores, reforçamento negativo, estímulos aversivos; pode levar as organizações

a melhorar a qualidade de produtos e serviços e produtividade, a partir de atuação na

questão comportamental.

A busca mais efetiva pelo conhecimento teórico sobre comportamento, entre

outros, facilitará a decisão sobre qual a ferramenta de avaliação mais adequada ao

perfil de cada organização. Um modelo de avaliação de desempenho, para atingir

seus objetivos tornando-se uma ferramenta de gestão eficaz, deve levar em

consideração os valores culturais internos da empresa (OLIVEIRA-CASTRO, LIMA E

VEIGA, 1996, p. 38).

78

É significativo o registro de que, dentre as cinco empresas de médio porte

pesquisadas, duas empresas não utilizam qualquer prática de avaliação de

desempenho e uma empresa adota práticas totalmente informais.

A complexidade da Avaliação do Desempenho Humano no Trabalho está

avaliada por Oliveira-Castro, Lima e Veiga (1996, p. 38-39) que afirma que no Brasil

há escassez de publicações sobre o tema, o que torna maior o desafio de implantar

esses sistemas de avaliação para as empresas nacionais. A existência de diversas

interpretações, até mesmo contraditórias, sobre o assunto, gera inúmeras dúvidas

para os gestores, que encontram uma variedade de teorias. Esses aspectos podem

ser observados nos indicadores que foram extraídos da pesquisa (BERGAMINI, 1982,

p. 32).

A complexidade e as dificuldades que envolvem o procedimento podem

justificar a ausência das práticas nas empresas, por outro lado a contribuição de um

sistema bem implantado e em bom funcionamento é inegável. A realização do

trabalho, ou o desenvolvimento de alguma ação para a grande maioria das pessoas,

representa o meio de empregarem seus recursos e energia pessoal. É assim que os

indivíduos sentem seu potencial empregado, investindo em alguma coisa, e também a

forma de obterem uma avaliação, através de comparações dos resultados que

alcançam pelos seus esforços, relacionando o esforço despendido com o benefício

conseguido, e que possibilita às pessoas avaliarem o quanto se sentem realizadas

(BERGAMINI E BERALDO, 1988, p. 31).

Na literatura pesquisada, encontram-se descritos dez métodos de avaliação de

desempenho. Os dados obtidos pela pesquisa levaram à identificação de três métodos

em uso nas empresas pesquisadas. Esse dado parece indicar também a

complexidade e o desafio que o tema da avaliação representa para as organizações.

Embora o método totalmente informal, em uso em uma das organizações,

esteja relacionado no conteúdo teórico pesquisado, citado por Carvalho e Nascimento

(1997, p. 253) como o método de relatórios verbais e que consiste na comunicação

verbal que o avaliador faz ao avaliado sobre seu desempenho profissional; o autor

também avalia que esse método só deve ser empregado quando não houver outro

método de avaliação disponível. Ainda assim, o avaliador precisará ser um profissional

eficiente, responsável e imparcial, devido às limitações desse instrumento.

Entre as três empresas de grande porte, uma não possui práticas para todos os

níveis funcionais, mas apenas para o nível de executivos.

A pesquisa revelou que o motivo dos métodos estarem sendo empregados

apenas para uma parte dos funcionários foi a implantação mal-sucedida de práticas

para os outros níveis funcionais. Segundo Daniels (1992, p. 4), medir a avaliação

79

através de informações concretas é uma possibilidade de analisar a eficiência das

estratégias motivacionais empregadas nas empresas, destacando que todo

desempenho pode ser quantificado.

As dificuldades enfrentadas por essas empresas que não mantém práticas de

avaliação de desempenho estão em grande parte apontadas nos indicadores das

entrevistas que revelam as causas de tentativas que fracassaram, na visão dos

gestores pesquisados.

Invariavelmente, os conflitos surgiram como resultantes da resistência natural

ao desconhecimento e ao ajuste à dinâmica comportamental, ao trabalho a ser

realizado e ao ambiente organizacional.

Para Lucena (1992, p. 61), é um erro comum às empresas a realização de

mudanças (como a implantação de um Sistema de avaliação) sem a formulação de

uma estratégia e de um plano que defina as fases e ações que ocorrerão. Esse erro

tem sido responsável por muitas crises e até mesmo a suspensão de processos de

implantações. A observação de casos práticos mostra que mesmo utilizando uma boa

estratégia, promovendo divulgação eficiente e não dispensando o treinamento dos

avaliadores; essas iniciativas podem não ser suficientes para assegurar o bom

funcionamento e o alcance dos resultados esperados.

Antes de implantar um sistema de avaliação, é indispensável a avaliação

minuciosa da organização buscando identificar: as condições favoráveis e as

dificuldades existentes, as características culturais predominantes da organização e

principalmente as conseqüências inevitáveis da decisão para implantar o sistema de

avaliação. Na prática, o que se observou nas empresas pesquisadas, foi um processo

de tentativas e erros que conduziram à elaboração de um programa (LUCENA, 1992,

p. 65).

Um fator crucial para o sucesso e institucionalização das práticas que se

pretende adotar é sem dúvida a estratégia de implantação do programa. Conforme

Lucena (1992, p. 70), são fatores fundamentais: o comprometimento de chefias e

demais trabalhadores com as novas práticas de avaliação, a divulgação do novo

modelo, o treinamento cuidadoso dos avaliadores e o aumento da participação dos

atores (avaliadores e avaliados) em todas as fases de implantação e em todas as

etapas do processo avaliativo.

Pode-se observar também como fator responsável pela descontinuidade das

práticas a inobservância de cuidados necessários na fase denominada “do

conhecimento” (LUCENA, 1992, p. 65). Nessa etapa da implantação ocorrem os

debates, com participação de todos os envolvidos. É também a oportunidade para

ampla comunicação, intercâmbio de informações, de esclarecimentos de dúvidas e de

80

discussão sobre as colocações de críticas, receios e problemas. A pressão pelo

tempo, constante nas organizações industriais, não possibilita o debate e a

participação bastante amplos para essa etapa de desenvolvimento dos programas.

É importante também a etapa de conscientização, quando deverão ocorrer

atividades como: apresentação e discussão dos objetivos a serem alcançados;

análise, juntamente com os envolvidos, do documento normativo, que dimensionará as

políticas, normas e procedimentos gerais; apresentação de sugestões sobre o que

avaliar, como avaliar; enfim, dimensionar os critérios básicos e a filosofia do processo

de avaliação de desempenho e envolvimento dos gerentes no desenvolvimento dos

instrumentos (LUCENA, 1992, p. 66).

Nas empresas pesquisadas que mantêm seus programas de avaliação por

tempo superior a dois anos, registra-se a existência de mecanismos que possibilitam a

incorporação de críticas, mudanças e atualizações; constituindo-se os programas em

processos dinâmicos e ativos, buscando sempre adaptações e melhorias. A

importância da participação e de um processo de comunicação eficiente, foram temas

destacados na revisão.

Um processo de comunicação franco e aberto foi mencionado pela maior parte

das empresas pesquisadas e que utilizam práticas de avaliação. O sigilo na Avaliação

de Desempenho, discutido por Bergamini (1982, p. 41) como um dos tópicos da maior

relevância, não deve impedir o acesso do avaliado à sua avaliação. Se o que se busca

é o desenvolvimento das pessoas, como um dos principais objetivos da Avaliação de

Desempenho, então o maior interessado nesse processo é o próprio indivíduo

avaliado. Sua participação, portanto, deve ser total e completa.

Para Pontes (1999, p. 81), conforme pode ser percebido pelo processo, a

metodologia pressupõe relações muito positivas entre o líder e o funcionário. Essas

relações devem ser de confiança mútua, comunicação clara e construtiva, líder e

funcionário unidos com a mesma finalidade de alcançar resultados mais positivos em

cada período. Periodicamente, devem ser avaliados os progressos e os problemas,

discutindo-se abertamente as melhores soluções.

Avaliar desempenho nada mais é do que fornecer uma crítica construtiva e não

apenas em reuniões formais mas também na rotina diária de trabalho. Se não ocorrer

essa troca, não importa qual o método formal utilizado, dificilmente a avaliação de

desempenho produzirá todo o efeito positivo desejável.

O momento culminante de um processo de administração de desempenho é a

reunião final de avaliação dos resultados, o que torna a franqueza na informação

sobre o desempenho diário muito importante, pois esse momento final, espelha uma

relação honesta entre o líder e os membros de sua equipe de trabalho. A menos que

81

haja um antagonismo pessoal entre os envolvidos, o superior pode realizar essas

entrevistas de forma que ambos se dediquem ativamente à procura da base certa para

uma ação construtiva. Todos saem ganhando: a organização, o chefe e o subordinado

(PONTES, 1999, p. 81).

Analisando as práticas de avaliação de desempenho com apoio da ciência de

análise do comportamento, é fácil compreender a aplicação desse instrumento como

mecanismo reforçador e que fornece apoio às necessidades das empresas de

conduzir os comportamentos individuais, de equipes e organizacionais aos objetivos

necessários. Para tanto, é fácil observar que a utilização de estímulos ou incentivos

associados aos resultados das avaliações é imprescindível para completar o uso

eficaz dessa ferramenta de gestão.

Ao avaliar as práticas encontradas nas empresas pesquisadas constata-se o

uso de sistemas tradicionais de remuneração, que se baseiam em cargos e funções.

As avaliações de desempenho poderiam funcionar como parâmetro para a

aplicação de sistemas de bonificação, tentando estabelecer uma relação funcional

entre os comportamentos individuais que estejam contribuindo para os objetivos da

empresa e as conseqüências financeiras.

Na revisão da literatura deste trabalho registra-se a abordagem de alguns

autores sobre o tema.

A maioria dos sistemas de remuneração utilizados pelas empresas se baseiam

no trabalho que o funcionário deveria realizar e não naquele que ele realmente

executou, pagando-se por horas de trabalho e não pela realização da tarefa. Essas

empresas, inclusive no Brasil, continuam usando sistemas tradicionais de

remuneração, que se baseiam em cargos e funções, independente da performance do

indivíduo (WOOD JR.; PICARELLI FILHO, 1999, p. 42). A observação do autor foi

confirmada entre as empresas pesquisadas. Não foi identificado nenhum sistema

inovador de remuneração, nem a utilização da avaliação de desempenho como base

para recompensas ou incentivos diferenciados.

Atualmente existem propostas, principalmente de analistas do comportamento,

que buscam inovações quanto ao desempenho no ambiente organizacional. Essas

propostas baseiam-se nos Sistemas de Remuneração, Sistema Supervisionado de

Feedback e Treinamento. Os Sistemas de Remuneração inovadores tentam

estabelecer uma relação entre o comportamento e a conseqüência, no caso, entre o

pagamento e o resultado alcançado (MIGUEL, 1997, p. 278).

Foi identificado o uso de objetivos bem mensuráveis, inclusive financeiros, nas

práticas de avaliação de duas empresas de grande porte pesquisadas, porém não

82

existe uma relação direta entre o cumprimento desses objetivos individuais com algum

tipo de bonificação ou incentivo.

Na análise desse tema na revisão bibliográfica, para Daniels (1992, p. 109),

baseando-se em planos de reforços, os gerentes acreditam que são os planos de

remuneração variável que possibilitam os melhores desempenhos. Portanto, procuram

aplicar o salário variável em vários tipos de trabalho. Em muitos casos é um erro.

Cada tipo de estímulo gera um desempenho diferente. É preciso avaliar se os planos

são apropriados ou impróprios, de acordo com o desempenho desejado. Para o tipo

de tarefa com prazo para entrega, por exemplo, um plano de intervalo fixo é mais

apropriado.

A questão da remuneração vem sendo pensada dentro da Administração de

Empresas como um fator de aperfeiçoamento da organização, possibilitando a

melhoria do seu serviço ou produto e, conseqüentemente, o aumento na

competitividade.

Um dos componentes do sistema de remuneração estratégica é chamado de

remuneração variável, ou seja, vinculada a metas de desempenho do indivíduo, da

equipe ou da organização, tentando estabelecer os padrões de comportamento

adequados como função de variáveis financeiras.

É crítica esta habilidade do gestor, de relacionar adequadamente o incentivo à

performance que é relevante para o sucesso da empresa. O erro no estabelecimento

dessa relação pode determinar o problema apontado por Wagner III e Hollenbeck

(1999, p. 96), que analisa a concentração de estímulos em determinado tipo de

comportamento, o que pode deixar de estimular outros comportamentos que não são

tão estimulados, mas que também são desejáveis e importantes, e extinguem-se

devido a falta de estímulo. Para atender mais depressa uma função que seja

estimulada, por exemplo, um funcionário pode sacrificar a qualidade (e talvez buscar o

incentivo a um risco elevado).

Encontrar a forma precisa de remuneração para cada tipo de tarefa

desenvolvida é um grande desafio, e que certamente está adiando o uso de uma dose

maior de ousadia e criatividade nos sistemas de remuneração das empresas.

A implantação de um sistema adequado de remuneração deveria deixar claro

para qual desempenho (e quais os comportamentos necessários para que o sujeito o

atinja) a bonificação será dada.

Destaca-se também, na pesquisa, a utilização da avaliação por objetivos em

empresas de grande porte. A estratégia utilizada pode ser analisada por conceitos

teóricos abordados por Moraes (2003, p. 115), ao afirmar que a avaliação de

resultados pode ser efetuada a partir de: análise da relação com índices conjunturais

83

existentes, ou através dos resultados alcançados por outras unidades ou

departamentos; ou ainda pela comparação com dados históricos de resultados obtidos

em períodos anteriores e também através de avaliação comparativa com outras

Unidades da própria empresa.

Após a realização da análise crítica dos resultados dos indicadores, a unidade

poderá adotar as ações necessárias para melhoria do desempenho, devendo

especificar os resultados a serem obtidos, em que quantidade e em que tempo.

Analisando as práticas identificadas nas empresas pesquisadas, nota-se ainda

uma grande necessidade de aperfeiçoamento no processo de comunicação dos

resultados da avaliação de desempenho. Um termo bastante usado é “feedback”,

definido como a informação que é dada aos sujeitos sobre seu desempenho,

permitindo, assim, que ele mesmo possa alterá-lo.

O processo de comunicação é um aspecto de grande importância na avaliação

de desempenho. A crítica construtiva, ou feedback, quando franca e orientadora,

contribui para aproximar o líder da equipe, fator decisivo para melhora de

desempenho. Também atende a necessidade que os membros da equipe tem em

saber como está o seu desempenho, a crítica orienta o desempenho dos funcionários

na direção dos objetivos da empresa. Quando os resultados são positivos, ela irá

contribuir com a consolidação desse desempenho positivo. Quando os resultados não

são os esperados, a crítica construtiva, se efetuada no sentido da orientação, irá

contribuir com a melhoria desse desempenho (PONTES, 1999, p. 139).

Com exceção de duas empresas de grande porte, onde os supervisores

promovem reuniões semanais para avaliação de resultados, não registramos outras

práticas que estabeleçam o fornecimento de retroinformação formal aos avaliados, em

períodos curtos de tempo, inferiores a um ano. As demais empresas, realizam a

avaliação de desempenho anualmente, sendo portanto esse o período formal de

feedback aos avaliados.

Um aspecto positivo nessas empresas, que utilizam métodos de avaliação por

objetivos mensuráveis, é a forma participativa através da qual os objetivos são fixados.

Há um processo de negociação com os principais interessados.

Existe a preocupação com efeitos negativos que a administração por objetivos

possa causar nos empregados e equipes. O principal receio é que os funcionários se

sintam excessivamente “usados” pela empresa, ou se sintam tratados como máquinas

que tem que cumprir objetivos de produção. Para se usada de forma inteligente, deve

aproveitar os desafios de atingimento dos objetivos como forma de desenvolver e

utilizar a capacidade de pensar, entender e criar dos funcionários (BOTELHO, 1998, p.

89).

84

Para conseguir essa combinação, e conseqüentemente o uso eficaz da

administração por objetivos, as empresas investem no estímulo ao autocontrole, ou a

autodisciplina, e principalmente o autogerenciamento. O risco é que a administração

por objetivos exija muito controle externo; ou seja, pelo chefe, o que pode significar

uma relação de “subordinador”. A utilização da administração por objetivos

incentivando que o chefe do funcionário é ele mesmo, pode ser caracterizada como

uma administração inteligente (BOTELHO,1998, p. 89).

A utilização da avaliação por objetivos nas empresas de grande porte

pesquisadas se aproxima muito do que o autor classifica como uso inteligente. As

empresas procuram conciliar a busca pelos objetivos com um método de avaliação

que não deixe os funcionários com a impressão que estão sendo “usados” como

máquinas.

Ao mesmo tempo em que o empregado não deseja ser tratado como máquina,

ele também necessita de indicadores numéricos, referências, para avaliar seu próprio

desempenho. Parece de grande importância a forma como esses objetivos e

resultados são informados aos empregados. É, portanto, a comunicação de

resultados, em todas as suas formas: verbal, visual, escrita, individual ou institucional;

um instrumento valioso nesse processo de relacionamento entre empresa, objetivos e

empregados.

Nas empresas de grande porte pesquisadas, onde aparecem instrumentos de

avaliação por objetivos, identifica-se que esse mecanismo é aplicado não apenas em

nível individual, mas também para equipes de trabalho.

Todo processo de avaliação culmina com um resultado final. Esse resultado

final sempre possibilita os dois tipos de conceitos: o trabalho desenvolvido pelo

indivíduo ou pela equipe resultou no cumprimento dos objetivos, ou não. O importante,

da metodologia de avaliação, é o processo como um todo e não a simples atribuição

de um conceito final. Esse processo, é representado pelo relacionamento entre

avaliadores e avaliados na rotina diária do trabalho. O que possibilita a melhoria do

desempenho é a retroinformação constante, a crítica bem formulada e, principalmente

a forma como essa crítica é feita no relacionamento diário e também na avaliação

final. A simples atribuição de conceitos não provoca melhoria ou recuperação de

desempenho. O que caracteriza essa crítica são os elogios ou as formas de

repreensão (PONTES, 1999, p. 147).

Uma característica de uma equipe coesa é a uniformidade de produtividade

dos seus membros. Isso ocorre porque essas equipes exercem pressão para a

conformidade. Apesar dos resultados das pesquisas serem variados, a característica

85

de coesão nas equipes pode ter diversos efeitos. Observa-se que entre equipes não

coesas a produtividade dos seus membros tende a variar muito (DAFT, 1999, p. 364).

A avaliação constitui-se num poderoso instrumento de realimentação da

informação, ou seja, de retroinformação das pessoas para proporcionar-lhes

orientação, auto – avaliação, autodireção e, conseqüentemente autocontrole.

O aperfeiçoamento desse processo de comunicação está muito relacionado

com o uso de sistemas de informação que possibilitem agilidade e precisão no

processamento e veiculação de dados e resultados. O desenvolvimento e utilização

desses sistemas de informação, voltados para os programas de avaliação de

desempenho, é uma necessidade que se destaca nessas empresas pesquisadas.

Oportunamente encontra-se na revisão deste trabalho um modelo que

demonstra as possibilidades da utilização desses sistemas de informação.

Encontra-se registrado na Revisão o caso da empresa Alcoa que possui um

programa mundial denominado LEAD, e que constitui um processo integrado de

gerenciamento de carreira, totalmente informatizado. Esse processo é baseado num

conjunto de competências.

O sistema está informatizado e registra as competências comportamentais de

cada empregado, com base na descrição dos cargos, e as competências técnicas. A

gerência com o empregado estabelecem os indicadores de performance, em função

das competências técnicas e as metas gerais da Organização. Esse momento é

denominado de contrato de expectativas.

Outro aspecto que merece destaque nos resultados apurados é a relação que

algumas empresas pesquisadas estabelecem entre a avaliação de desempenho no

trabalho e o atendimento de necessidades de treinamento dos funcionários; para o

que também encontra-se referência na literatura.

A importância que as empresas atribuem a essa necessidade é coerente com a

visão de Maslow (1962, p. 59-60), de que não existe clímax, nem meta ou

consumação para a motivação de crescimento, pelo contrário, o crescimento é um

desenvolvimento contínuo, mais ou menos em constante progressão.

Ou ainda com os registros de Hersey e Blanchard (1986, p. 49), que indicam

uma característica das pessoas motivadas pela auto-realização: parecem mais

preocupadas com a realização pessoal que com a recompensa.

Segundo outro autor pesquisado, Robbins (2002, p. 474), a avaliação de

desempenho serve a diversos propósitos dentro das organizações. Os

administradores utilizam as avaliações para diversas decisões de recursos humanos.

As avaliações oferecem informações para decisões importantes como promoções,

transferências e demissões. As avaliações identificam necessidades de treinamento e

86

desenvolvimento: identificam as habilidade e competências dos funcionários que se

acham inadequadas, e para as quais podem ser desenvolvidos programas de

melhoria. As avaliações de desempenho podem ser usadas como critérios de

validação de programas de seleção e desenvolvimento.

As práticas gerenciais inovadoras buscam o desenvolvimento dos funcionários

em sentido amplo. Portanto as práticas de avaliação de desempenho devem se

enquadrar nessa característica moderna para que sejam consideradas verdadeiras

inovações. O objetivo maior dessa visão moderna das práticas gerenciais é tornar a

competência e o desempenho não apenas valores econômicos, mas também valores

sociais para os indivíduos (BRANDÃO E GUIMARÃES, 2001, p. 13).

Destaca-se em importância essa função da avaliação de desempenho pela

complexidade que envolve a questão de treinamento, aprendizagem e comportamento

nas organizações.

As empresas investem recursos em treinamento, e para que esses recursos

produzam o retorno desejado, é necessário que o treinamento esteja perfeitamente

aliando com a real necessidade de cada trabalhador. A avaliação de desempenho,

quando bem ajustada e integrada às diversas áreas da organização e também com a

sua cultura, consegue identificar essas necessidades individuais de aperfeiçoamento.

A complexidade do processo de treinamento pode ser avaliada pela

observação de Fleury e Fleury (2000, p. 27), para quem a aprendizagem pode ser

pensada como um processo de mudança, provocado por estímulos diversos, mediado

por emoções, que pode vir ou não se manifestar em mudança no comportamento.

Constata-se também no levantamento junto às empresas a aplicabilidade dos

resultados da avaliação de desempenho para dar suporte às decisões administrativas:

promoções, transferências, substituições e demissões.

A consciência dessa função dos instrumentos de avaliação faz os funcionários

criarem até mesmo um tabu de medo da avaliação de desempenho.

Os estudos sobre comportamento auxiliam a compreender a reação dos

empregados diante de uma ameaça subentendida ou mesmo visível. Para Wagner III

e Hollenbeck (1999, p. 97), o reforço negativo e a punição são tipos de reforço que

podem ser usados para influenciar o comportamento. No reforço negativo, a

probabilidade de que uma pessoa se engaje num determinado comportamento é

aumentada porque o comportamento é acompanhado pela remoção de algo que a

pessoa detesta. Na punição, a probabilidade de um determinado comportamento

diminui porque é acompanhado por algo que a pessoa detesta.

87

Ainda que as empresas evitem deixar clara a ligação que existe entre avaliação

de desempenho e demissão, beneficiam-se da influência que essa percepção causa

no comportamento dos empregados.

88

6 CONCLUSÕES

As organizações competitivas convivem hoje com processos de mudança e de

grande impacto. A turbulência gerada por essas mudanças tem maior intensidade

porque elas acontecem simultaneamente.

No passado o desafio para as empresas era aumentar a capacidade produtiva,

sem maiores preocupações com o estabelecimento de estratégias consistentes e

mesmo com a eficiência produtiva. Com o aumento da concorrência em todos os

segmentos da indústria, a oferta tornou-se maior que a demanda e ficou cada vez

mais evidente a existência de excesso de capacidade produtiva. A partir de então,

acirrou-se a competitividade, e as empresas iniciaram um profundo processo de

reestruturação.

As empresas passaram a orientar-se para o cliente, e o movimento da

qualidade emergiu como um dos balizadores do desenvolvimento empresarial.

Simultaneamente a esse aumento de competitividade decorrente da

sobrecapacidade de produção, há outra dimensão a ser considerada: a globalização

produtiva. Acima de tudo, essa globalização implica que as empresas internacionais

procurem organizar-se segundo uma lógica de operações integrada globalmente.

Esse ambiente altamente competitivo fez aumentar nas organizações o

interesse pela gestão estratégica de recursos humanos e deu origem a uma série de

práticas. Sobretudo conceitos como o de competência, desempenho e

empregabilidade passaram a fazer parte da retórica de muitas organizações,

adquirindo diversas conotações e, muitas vezes, sendo utilizadas de maneiras

distintas tanto no ambiente empresarial como no meio acadêmico.

Com relação a avaliação de desempenho, verificou-se que a complexidade do

tema aliada a escassez de publicações sobre o assunto tornam a implantação desse

sistema um grande desafio para os profissionais das organizações.

Apesar dessas dificuldades, que foram bem caracterizadas nos resultados da

pesquisa; registrou-se também a disposição existente da grande maioria das

empresas pesquisadas de aperfeiçoar programas já existentes ou implantar novos

sistemas que realmente atendam as necessidades e desfaçam a imagem negativa de

experiências mal – sucedidas no passado. Avaliando-se a opinião geral dos gestores

entrevistados, a percepção sobre programas de avaliação de desempenho é que se

constituem como um sistema de atividades imprescindível para as organizações

quando integrados às demais atividades de desenvolvimento de recursos humanos, e

também integrados à organização.

89

O processo de implantação de um sistema de avaliação envolve resolução de

problemas e eliminação de obstáculos, principalmente comportamentais, antes do que

não se deve avançar. Identificou-se nas empresas pesquisadas alguns desses

obstáculos, que são comuns às organizações e que não devem ser negligenciados,

entre os quais destacaram-se: falta de preparo dos líderes, subjetividade dos quesitos

avaliados e falta de retorno (feedback) aos avaliados. Nas empresas em que os

programas estão funcionando satisfatoriamente, observou-se que esses obstáculos

foram superados com amplos esclarecimentos aos funcionários e suas chefias,

possibilitando inclusive a participação de todos na solução dos problemas que afligiam

os envolvidos.

Conhecer a cultura organizacional, principalmente as práticas informais de

avaliação já existentes na organização, mostrou-se também de fundamental

importância na implementação de ações. Isso ficou evidente identificando-se nas

informações dos entrevistados, que sempre houve necessidade de adaptações nos

modelos escolhidos, levando-se em consideração as características próprias de cada

empresa.

As informações obtidas nas entrevistas, e análise do conteúdo teórico

pesquisado possibilitaram avaliar algumas condições necessárias à sustentação de

um sistema de avaliação de desempenho: aprimorar os mecanismos de incentivo ao

bom desempenho dos empregados; acompanhar o impacto da implantação de um

novo sistema e do treinamento de avaliadores no dia-a-dia da organização;

aperfeiçoar a implementação das ações de gerenciamento de desempenho; atualizar

os instrumentos de acordo com as mudanças ocorridas nos postos de trabalho; criar

mecanismos de participação dos envolvidos – avaliadores e avaliados; desenvolver

meios para articular a avaliação de desempenho individual com a institucional; inserir

nos instrumentos avaliativos quesitos com características mensuráveis (numéricas) e

objetivas; garantir feedback amplo, rápido e atualizado dos resultados da avaliação

aos avaliados; manter critérios estáveis de metas e objetivos promovendo sempre

alterações em consenso com os avaliados.

Quanto aos métodos, técnicas e modelos apresentados, parece possível sua

aplicabilidade em quaisquer organizações no que se refere à forma dos instrumentos,

no entanto os conteúdos devem ser adaptados conforme a realidade e características

próprias de cada empresa.

O conteúdo dos instrumentos deve retratar as demandas e exigências de cada

posto de trabalho; um manual de instruções, com linguagem adaptada às

características dos usuários; as normas, cujas disposições devem esta de acordo com

a política institucional, atendendo inclusive, se for o caso, questões legais.

90

Constatou-se nos resultados da pesquisa a predominância de modelo de

avaliação de desempenho que combina uma avaliação por resultados com avaliação

de processos comportamentais. As práticas predominantes visam a avaliação de

desempenho funcional (individual) relacionando-a como desempenho institucional.

São utilizadas para integrar o desempenho individual com o desempenho

organizacional. Esse tipo de avaliação por resultados mostra-se útil considerando que

o desempenho de todos os indivíduos é estratégico para a organização e que sua

competência afeta diretamente o atingimento de objetivos de órgãos e unidades

inteiras e seu desempenho tem ampla influência sobre a organização.

A predominância dessa prática tem relação com estratégias voltadas

fortemente para o planejamento com metas, indicadores e critérios organizacionais

bem definidos. Sua excelência requer ênfase no acompanhamento dos processos ou

rotinas de trabalho, exigindo avaliação não apenas de resultados, mas de

comportamentos indesejáveis a serem corrigidos e de comportamentos positivos a

serem reconhecidos e recompensados.

Esse trabalho, por seus objetivos, não abordou a relação entre desempenho

financeiro da empresa e as práticas de avaliação de desempenho humano no trabalho

utilizadas. Tampouco foi avaliada a relação entre essas práticas e o setor industrial de

atuação das empresas pesquisadas.

A análise e o estudo dessas relações certamente poderão resultar em

contribuições que fundamentarão importante acréscimo de conhecimentos sobre o

tema. Essas possibilidades representam perspectivas de futuro para pesquisa.

91

REFERÊNCIAS

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94

APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Esta pesquisa está sendo realizada por aluno do Programa de Pós-Graduação em

Administração (PPGA) da Universidade de Taubaté. O tema da pesquisa é Práticas em

avaliação de desempenho humano utilizadas em Indústrias com Plantas em Taubaté.

Seu objetivo é identificar estratégias e técnicas de Avaliação do Desempenho utilizadas

por Indústrias com mais de 100 funcionários. Os resultados dessa pesquisa serão

utilizados apenas para fins acadêmicos.

Seguindo os preceitos éticos, informamos que sua participação será absolutamente sigilosa, não

constando seu nome ou qualquer outro dado referente a sua pessoa que possa identificá-lo no relatório

final ou em qualquer publicação posterior sobre esta pesquisa. Pela natureza da pesquisa, sua participação

não acarretará em qualquer dano a sua pessoa.

Você tem a total liberdade para recusar sua participação, assim como solicitar a exclusão de seus

dados, retirando seu consentimento sem qualquer penalidade ou prejuízo, quando assim o desejar.

Agradeço sua participação, enfatizando que a mesma em muito contribui para a formação e para

a construção de um conhecimento atual nesta área.

Taubaté, Junho de 2004.

__________________________________________________________

Prof.(a) Dr.(a) Maria Júlia Xavier Ribeiro

Orientador(a) da Pesquisa

Tendo ciência das informações contidas neste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, eu

________________________________________________, portador do RG n0 _________________

autorizo a utilização, nesta pesquisa, dos dados por mim fornecidos.

_______________________________ Taubaté, __ / __ / 2004.

Assinatura

95

APÊNDICE B – Carta de sensibilização

Taubaté – SP, Junho de 2.004

(Empresa)

Att.

A presente tem a finalidade de convidar esta conceituada empresa a colaborar

em projeto de pesquisa.

Esta pesquisa está sendo realizada por aluno do Programa de Pós-Graduação

em Administração (PPGA) da Universidade de Taubaté. O tema da pesquisa é:

Práticas em avaliação de desempenho humano utilizadas em Indústrias com Plantas

em Taubaté. Seu objetivo é identificar estratégias e técnicas de Avaliação do

Desempenho utilizadas por Indústrias com mais de 100 funcionários. Os resultados

dessa pesquisa serão utilizados apenas para fins acadêmicos.

Seguindo os preceitos éticos, informamos que sua participação será

absolutamente sigilosa, não constando seu nome ou qualquer outro dado referente a

sua pessoa que possa identificá-lo no relatório final ou em qualquer publicação

posterior sobre esta pesquisa. Pela natureza da pesquisa, sua participação não

acarretará em qualquer dano a sua pessoa.

A colaboração desta empresa será de grande importância para o

desenvolvimento de novas tecnologias e abordagens metodológicas dos problemas

organizacionais analisados nesse campo de estudo.

Agradecemos sua participação, enfatizando que a mesma em muito contribui

para a formação e para a construção de um conhecimento atual nesta área.

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Paulo Vinicius Nogueira Martins

Pesquisador

Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional- UNITAU