praticas abusivas - doutrina

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Doutrina CDC Práticas Abusivas (art. 39 II, IX) O CDC não cuidou em definir a prática abusiva, apenas tipificando as mais corriqueiras. A doutrina costuma defini-las como ações que o fornecedor de produtos ou serviços comete em desajuste aos direitos do consumidor, prejudicando-o de maneira real. São práticas comerciais abusivas todas as condutas tendentes a ampliar a vulnerabilidade do consumidor . Antônio Carlos Efing assim define, são “comportamentos, tanto na esfera contratual quanto à margem dela, que abusam da boa-fé ou situação de inferioridade econômica ou técnica do consumidor. (Antônio Carlos Efing. Fundamentos do direito das relações de consumo – 2ª ed. – Curitiba : Juruá, 2004.) ----- Trata o inciso II, do art.39 da recusa de contratar pelo fornecedor. Esse inciso impõe ao fornecedor o dever de concluir negócio jurídico com os consumidores, em conformidade com os usos e costumes e na medida exata de suas disponibilidades em estoque. O fornecedor ao oferecer, no mercado de consumo, produtos e serviços, não pode arbitrariamente escolher consumidores, vendendo a este e não aquele. Se isso ocorrer, tal prática será considerada abusiva. (SOUSA, Bruno. http://brunosouza-adv.blogspot.com.br/2010/05/praticas- comerciais-abusivas-art-39-do.html ) Obrigação de o fornecedor contratar “II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais;” Considera-se prática abusiva a recusa de atendimento ao desejo de consumo do consumidor, o que estabelece a proibição, salvo justa causa, de imposição de limites quantitativos, e mesmo da recusa à aquisição da menor unidade exposta a consumo. Os fornecedores possuem a obrigação de contratar seus produtos e serviços com os consumidores que o desejarem. A referência aos usos e costumes deve ser interpretada com prudência e cautela, considerando, especialmente, o caráter político- teleológico da principiologia inaugurada pela Constituição de 1988 e estampada no CDC. Quando da decisão dos casos concretos, o juiz não pode se aferroar aos usos e costumes de certa localidade per

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Prticas abusivas -art.39

Doutrina CDC Prticas Abusivas (art. 39 II, IX)

O CDC no cuidou em definir a prtica abusiva, apenas tipificando as mais corriqueiras. A doutrina costuma defini-las como aes que o fornecedor de produtos ou servios comete em desajuste aos direitos do consumidor, prejudicando-o de maneira real.So prticas comerciais abusivas todas as condutas tendentes a ampliar a vulnerabilidade do consumidor .Antnio Carlos Efing assim define, so comportamentos, tanto na esfera contratual quanto margem dela, que abusam da boa-f ou situao de inferioridade econmica ou tcnica do consumidor. (Antnio Carlos Efing. Fundamentos do direito das relaes de consumo 2 ed. Curitiba : Juru, 2004.)----- Trata o inciso II, do art.39 da recusa de contratar pelo fornecedor. Esse inciso impe ao fornecedor o dever de concluir negcio jurdico com os consumidores, em conformidade com os usos e costumes e na medida exata de suas disponibilidades em estoque. O fornecedor ao oferecer, no mercado de consumo, produtos e servios, no pode arbitrariamente escolher consumidores, vendendo a este e no aquele. Se isso ocorrer, tal prtica ser considerada abusiva. (SOUSA, Bruno. http://brunosouza-adv.blogspot.com.br/2010/05/praticas-comerciais-abusivas-art-39-do.html)

Obrigao de o fornecedor contratarII - recusar atendimento s demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;IX - recusar a venda de bens ou a prestao de servios, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediao regulados em leis especiais;Considera-se prtica abusiva a recusa de atendimento ao desejo de consumo do consumidor, o que estabelece a proibio, salvo justa causa, de imposio de limites quantitativos, e mesmo da recusa aquisio da menor unidade exposta a consumo. Os fornecedores possuem a obrigao de contratar seus produtos e servios com os consumidores que o desejarem.A referncia aos usos e costumes deve ser interpretada com prudncia e cautela, considerando, especialmente, o carter poltico-teleolgico da principiologia inaugurada pela Constituio de 1988 e estampada no CDC. Quando da deciso dos casos concretos, o juiz no pode se aferroar aos usos e costumes de certa localidadeper siconsiderados, j queo CDC surgiu exatamente para transformar os usos e costumes de consumo em nossa sociedade, passando a proteger o consumidor, at ento desprovido de tutela especial. O papel transformador e conformador do direito aqui colocado em relevo, devendo-se interpretar o final do inciso II no sentido de que os usos e costumes possibilitam a restrio na medida em que estejam de acordo com os princpios de proteo da coletividade de consumidores.O inciso IX acrescenta a noo de que a obrigao de o fornecedor contratar existe quando o consumidor se prope a efetuar o pronto pagamento, o qual poder ser realizado atravs de qualquer forma que seja admitida pelo fornecedor, como carto de crdito, carto de dbito em conta corrente, cheque, p.ex., alm do pagamento em papel moeda de curso forado.A obrigao de contratar ainda uma inerncia ao princpio da igualdade, ao fraquear o consumo a qualquer consumidor interessado que se prontifique a efetuar o pagamento, no havendo autonomia privada para o fornecedor direcionar o consumo para as pessoas de sua preferncia.Retirado do site: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10574 Autor: Srgio Vallado FerrazSe existe disponibilidade de estoque, o fornecedor obrigado a vender a mercadoria, independentemente da existncia de oferta.Neste sentido, o art. 39, inc. II do CDC estabelece claramente ser vedado a recusa de atendimento demandas dos consumidores, conforme os a disponibilidade de seu estoque, e ainda com os usos e costumes.

Por esse dispositivo legal vislumbramos nitidamente a harmonizao da teoria do abuso de direito e os bons costumes. O artigo em apreo pautado nos bons costumes, o qual para Meneses Cordeiro surgem como algo exterior, exprimindo a moral social, a ponto de expressar regras impeditivas de comportamentos que no recebem consagrao expressa por determinada coletividade. (CORDEIRO, Antnio Manoel da Rocha Meneses, cf. Da boa-f no Direito Civil. p.1213.)Conforme as lies do autor Cristiano Chaves de Farias Assim, possvel inferir, desde logo, que a caracterizao do ato abusivo atrela-se, estreitamente, ao estabelecimento de limites para o exerccio dos direitos subjetivos, sujeitando aquele que ultrapassa-los a correspondentes sanes civis, por ingressar no plano da antijuridicidade. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito Civil: Teoria Geral. ed. 9. Rio de Janeiro: 2011. p.670.)