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1 Prática de Leitura e Escrita O menino do pijama listrado, de John Boyne 1 Ensino Médio Justificativa Como manifestações culturais, a Literatura e a Arte não devem ser reduzidas a meras listagens de escolas, autores e suas características. No ensino das diversas linguagens artísticas, não se pode mais abandonar quer o eixo da produção (eixo poético), quer o da recepção (eixo estético), quer o da crítica. (Proposta Curricular do Estado de São Paulo. SEESP, 2008. p. 38.) Fruir um texto literário é perceber essa recriação do conteúdo na expressão e não meramente compreender o conteúdo; é entender os significados dos elementos da expressão. No texto literário, o escritor não apenas procura dizer o mundo, mas recriálo nas palavras, de modo que, nele, importa não apenas o que se diz, mas o modo como se diz. (PLATÃO, Francisco; FIORIN, José Luiz. Para entender o texto – Leitura e redação. São Paulo: Ática, 2001. p. 20.) Propiciar a formação de um leitor literário é um dos objetivos da educação básica. Para tanto, é preciso que ao longo da sua escolaridade o aluno possa ter experiências significativas de leitura de livros e possa se apropriar de conhecimentos necessários para fazer apreciações, valorações e escolhas. Nesse sentido, entendemos que os conhecimentos da teoria literária, diferente de ser um fim em si mesmo, devem ser convocados a serviço da fruição do texto pelo leitor, na direção apontada por Platão e Fiorin na passagem que serve como epígrafe do presente texto. Assim, fazse necessário promover o desenvolvimento da competência leitora por meio da mobilização de procedimentos e capacidades, quais sejam: Capacidades de compreensão 2 , que envolvem: ativar conhecimentos prévios sobre o que será lido; levantar hipóteses sobre os conteúdos ou propriedades dos textos; checar hipóteses; localizar e/ou copiar informações; comparar informações; generalizar; produzir inferências. Capacidades de apreciação e réplica 3 , que envolvem: recuperar o contexto de produção do texto; ter claras quais são as finalidades e metas da atividade de leitura; perceber relações de intertextualidade e de interdiscursividade; perceber outras linguagens como elementos constitutivos dos sentidos dos textos; perceber efeitos de sentido decorrentes de escolhas feitas pelo autor em diferentes níveis; elaborar apreciações estéticas e/ou afetivas e apreciações relativas a valores éticos e/ou políticos. 1 Elaborado por Shirley Jurado. 2 Adaptado de ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. Texto integrante do CD que acompanha o material didático do Programa Ensino Médio em Rede, SEESP/CENP, 2004. 3 Ibidem.

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Prática de Leitura e Escrita

O menino do pijama listrado, de John Boyne1 Ensino Médio

Justificativa

Como manifestações culturais, a Literatura e a Arte não devem ser reduzidas a meras  listagens de escolas, autores e  suas características. No ensino das diversas  linguagens artísticas, não se pode mais abandonar quer o eixo da produção (eixo poético), quer o da recepção (eixo estético), quer o da crítica. (Proposta Curricular do Estado de São Paulo. SEE‐SP, 2008. p. 38.) Fruir um texto literário é perceber essa recriação do conteúdo na expressão e não meramente  compreender  o  conteúdo;  é  entender  os  significados  dos elementos da  expressão. No  texto  literário,  o  escritor  não apenas  procura dizer o mundo, mas recriá‐lo nas palavras, de modo que, nele,  importa não apenas o que se diz, mas o modo como se diz.  

(PLATÃO, Francisco; FIORIN, José Luiz. Para entender o texto – Leitura e redação. São Paulo: Ática, 2001. p. 20.) 

 

Propiciar a formação de um leitor literário é um dos objetivos da educação básica. Para tanto, é preciso que ao longo da sua escolaridade o aluno possa ter experiências significativas de leitura de livros e possa se  apropriar  de  conhecimentos  necessários  para  fazer  apreciações,  valorações  e  escolhas.  Nesse sentido, entendemos que os conhecimentos da teoria  literária, diferente de ser um fim em si mesmo, devem ser convocados a serviço da fruição do texto pelo leitor, na direção apontada por Platão e Fiorin na passagem que serve como epígrafe do presente texto. Assim, faz‐se necessário promover o desenvolvimento da competência leitora por meio da mobilização de procedimentos e capacidades, quais sejam:  

Capacidades de compreensão2, que envolvem: ativar conhecimentos prévios sobre o que será lido; levantar hipóteses sobre os conteúdos ou propriedades dos textos; checar hipóteses; localizar e/ou copiar informações; comparar informações; generalizar; produzir inferências. 

Capacidades de apreciação e réplica3, que envolvem: recuperar o contexto de produção do texto; ter  claras  quais  são  as  finalidades  e  metas  da  atividade  de  leitura;  perceber  relações  de intertextualidade  e  de  interdiscursividade;  perceber  outras  linguagens  como  elementos constitutivos dos  sentidos dos  textos; perceber efeitos de  sentido decorrentes de escolhas  feitas pelo autor em diferentes níveis; elaborar apreciações estéticas e/ou afetivas e apreciações relativas a valores éticos e/ou políticos. 

                                                            1 Elaborado por Shirley Jurado. 2 Adaptado de ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de  leitura para a cidadania. Texto  integrante do CD que acompanha o material didático do Programa Ensino Médio em Rede, SEE‐SP/CENP, 2004.  3 Ibidem.

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Essa  é  exatamente  a  finalidade  maior  da  proposição  do  presente  Projeto  de  Leitura:  promover  o desenvolvimento de capacidades  leitoras, colocando os conhecimentos da  teoria  literária a serviço da fruição. 

Objetivos

Espera‐se que por meio desta atividade os alunos:  

• ampliem  sua  proficiência  para  a  leitura  de  textos  mais  extensos,  ou  de  complexidade  maior, atribuindo‐lhes sentidos adequados; 

• façam  uso  do  diário  como  uma  forma  de  registro  que  pode  auxiliar  na  sistematização  de  suas impressões pessoais e análises literárias da obra; 

• se posicionem criticamente, reconhecendo posições ideológicas presentes no texto;  

• demonstrem interesse pela literatura, considerando‐a forma de expressão da cultura de um povo; 

• façam uso dos conhecimentos de teoria literária para compreender o romance como uma produção estética situada; 

• se interessem por trocar impressões e informações com outros leitores.  

Procedimentos metodológicos

Este  projeto  de  leitura  propõe  a  organização  de  uma  situação  didática  baseada  no  trabalho  com  a leitura  programada4.  Esta  forma  de  organização  do  trabalho  é  altamente  indicada  para  se  discutir coletivamente um  título  considerado difícil para os  alunos porque permite um  acompanhamento do processo  de  compreensão,  possibilitando mediações  do  professor  ao  longo  do  processo,  reduzindo parte da complexidade da tarefa e compartilhando a responsabilidade.  

Neste  tipo  de  organização  do  trabalho  de  leitura,  define‐se  um  título, monta‐se  um  cronograma  de leitura, distribuindo um certo número de capítulos ou páginas em um certo período. Ao  final de cada período, organiza‐se uma situação didática em que se discute o trecho lido. 

A esta forma de organização associamos a ideia da leitura colaborativa5: antecipando diferentes focos de  observação,  ao  longo  do  processo  de  leitura,  espera‐se  que  os  alunos  façam  uma  leitura  com objetivos prévios e organizam‐se momentos de reflexão e compartilhamento das experiências de leitura e das  compreensões dos  textos. Portanto,  a  cada  semana, diferentes  formas de organização da  sala estão previstas: 

 4  Ver  a  esse  respeito:  BRÄKLING,  Kátia.,  Leitura  e  formador  de  leitores.  2003.  Disponível  em: <http://educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=oassuntoe.interna&id_tema=9&id_subtema=2>.  Acessado  em:09  set  2009.  E  também FERREIRA,  Norma  A.  S.  Dos  amores  difíceis:  uma  leitura  compartilhada  na  aula  de  Língua  Portuguesa.  Disponível  em: <www.fe.unicamp.br/alle/textos/NSAF‐DosAmoresDificeis.pdf>. Acessado em: 09 set 2009. 5 Ibidem.

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• aula  expositiva  dialogada  para  a  apresentação  do  projeto,  contextualização  da  leitura  proposta  e ativação de conhecimentos prévios sobre o tema da obra; 

• aulas com discussões em grupo ou coletivas, quando serão compartilhadas as anotações pessoais de cada um, leituras de trechos feitas no coletivo pelo professor ou pelos alunos. 

Também está prevista a articulação com outras linguagens – cinema, pintura, fotografia etc.  

O  trabalho com a  leitura do  livro proposto exigirá cerca de cinco aulas da disciplina, que deverão ser distribuídas ao longo do mês (uma aula por semana, por exemplo).

Recursos necessários

• Livro: O menino do pijama  listrado, de  John Boyne. Cia. das Letras, 2008, para  todos os alunos de uma classe (valor aproximado por unidade R$ 32,00). 

• Livro: A personagem, de Beth Brait. Série Princípios. Ática, 1985, para o professor (valor aproximado: R$ 18,90). 

• Filme: A lista de Schindler. 

• Papel sulfite A4. 

• Cartucho de tinta preta, cartucho de tinta colorida ou toner para imprimir: 

projeto para o professor; 

fotos de campos de concentração – 24 páginas  (há a possibilidade alternativa de os alunos verem as fotos na internet); 

cópias para todos os alunos dos roteiros de leitura.  

Cronograma e ações

Aula 1

1º PASSO – Apresentação do projeto 

• Reserve uma aula para fazer a apresentação do projeto e a leitura do primeiro capítulo da obra para os alunos acompanharem em seus livros.  

• Se for possível, peça que os alunos sentem‐se em círculo.  

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• Inicie  a  aula  com  algum  tipo  de  atividade  que  possibilite  aos  alunos  ativarem  seus  conhecimentos prévios sobre o Holocausto – tema de fundo do livro que será lido. Você poderá iniciar, por exemplo, com  exploração  de  imagens  sobre  o  assunto  em http://viagem.uol.com.br/album/polonia_marcha_album.jhtm6.  Se  tiver  oportunidade,  deixe  que acessem  o  endereço  e  naveguem pelas  fotos  ou projete‐as para  eles.  Se não  for  possível,  imprima algumas  delas  e  deixe‐as  circulando  pela  sala  (sugestão  de  fotos:  1,  18,  19,  20,  23,  25,  32  e  35). Pergunte qual a sensação que sentem ao olhar para as fotos. Peça para que  imaginem como deveria ser a vida nesse  lugar. Se possível, passe uma das cenas  finais do  filme A  lista de Schindler, quando Schindler se despede dos mais de mil judeus que foram salvos pela sua iniciativa – uma vez acontecida a  rendição da Alemanha, ele, como alemão e membro do partido nazista, passaria a ser perseguido como  criminoso  (cena  37.  Você  poderá  encontrar  esse  trecho  do  filme  também  no  YouTube,  no endereço  http://br.youtube.com/watch?v=N3FoRfwLRRs&feature=related7).  Partindo  de  uma  dessas opções, pergunte aos alunos o que sabem sobre o Holocausto, que filmes já viram sobre o assunto, em que momento da história aconteceu etc.  

• Depois dessa conversa inicial, faça a apresentação do projeto de leitura programada: anuncie o livro, o nome do escritor – John Boyne8 (escritor irlandês com cinco romances já escritos, famoso em seu país). Esse livro projetou o escritor mundialmente e já virou filme, de mesmo nome, que estreou no exterior  em  2007  e  aqui  no  Brasil  em  dezembro  de  2008.  Conte  que  em  alguns  países  o  livro  é considerado  juvenil  e,  em  outros,  para  adultos,  o  que  não  deixa  de  colocar  um  desafio  para  os alunos. Você poderá propor que  levantem hipóteses  sobre o  título do  texto: O menino do pijama listrado. Por que tal título? Qual a relação do título com o assunto abordado pelo romance? Pijamas ou roupas listradas remetem a quê? Quem poderá ser a personagem protagonista dessa história?  

• Converse com os alunos sobre como será o processo de leitura do livro: o restante do livro será lido em partes em  casa, pois  cada um vai  receber um exemplar, que deverá  ser devolvido ao  final do trabalho. Se você dispuser de mais aulas, pode também lê‐lo em sala de aula, continuando do trecho anteriormente lido. Esse é um bom procedimento, já que pode ajudar a manter o interesse pelo livro e  “resgatar”  alunos  que,  porventura,  tenham  abandonado  a  leitura.  Deixe  claro  que  não  haverá nenhuma prova a respeito do livro. O que se pretende é verificar como se posicionam em relação a ele: o que apreciam ou não na história e na  forma como é contada e por quê; o que pensam em relação à situação vivida pelas personagens etc. Enfim, desafie‐os a se colocarem perante a história (a  do  livro  e  a  real):  Vocês  seriam  capazes  de  dialogar  com  o  livro,  de  emitir  uma  opinião fundamentada sobre ele? 

2º PASSO – Leitura do capítulo 1 pelo professor 

• Na sequência, distribua os livros. Você pode “ritualizar” a entrega do livro, se achar que é o caso e se sentir‐se à vontade para isso. Convide‐os e/ou desafie‐os para a leitura e diga algo como: Vocês estão prontos? Então, quem quiser, pode vir pegar o livro. Um de cada vez...  

• Deixe que explorem o  livro  livremente: que o toquem, vejam a capa, a contracapa,  leiam a orelha, folheiem, vejam o número de páginas etc.  

                                                            6 Acessado em: 5 out. 2008. 7 Acessado em 5 out. 2008. 8 John Boyne nasceu na Irlanda, em 1971. É autor dos romances The thief of times, The congress of rough riders e Crippen. Na sua terra natal, O menino do pijama listrado passou cerca de um ano como o livro mais vendido do país. Você poderá encontrar uma entrevista com o escritor na página <http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=301583&edicao=11954&anterior=1>. Acesso em: 5 out. 2008.

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• Inicie a  leitura do primeiro capítulo, após o que  todos poderão  resgatar as hipóteses  levantadas e checarem algumas – e  levantarem outras a respeito da personagem e da história que será contada. Pense o que seria melhor: planejar algumas pausas para discussão ao longo do capítulo ou então ler todo  o  capítulo  e  “provocar”  troca  de impressões e compreensões sobre o que foi lido ao final.  

• Por fim, esclareça o que está previsto numa leitura  programada:  a  leitura  da  obra  por partes,  com  uma  aula  semanal  para discussão da parte  lida; a produção de um Diário  de  Leitura  em  que  apresentarão  as suas  impressões  pessoais  e  registrarão  as observações  sobre  o  modo  como  se constituem  os  elementos  da  narrativa  no romance a ser lido. 

• Também  seria  importante  neste momento que  você  apresentasse  à  turma, previamente,  o  processo  de  avaliação  do projeto. Esclareça que o aluno será avaliado pela  sua  participação  nas  aulas  e  pelo simples fato de ter se proposto a escrever o diário e ler o livro.  

• Disponibilize  na  lousa,  em  cartolina,  impresso  ou  em  PowerPoint  o  cronograma  de  leitura apresentado no anexo 1. Você poderá, também, imprimir para os alunos para que eles possam colar no caderno..

Obs.:  O  Cronograma  sugere  uma  divisão  em  cinco  aulas, mas  caberá  ao  professor,  se  assim  julgar necessário, redimensionar o número de aulas estabelecido para a execução do projeto de acordo com suas necessidades. 

3º PASSO – Roteiros para organizar o registro do Diário de Leitura 

Imprima  para  todos  os  alunos  o  Roteiro  1  do  Diário  de  Leitura  do  Romance (Anexo 2) e explique como deverá ser feito. Esclareça que: 

1. os roteiros ajudarão a produzir o diário, uma vez que pode ser uma experiência nova para eles; 

2. todos os roteiros apresentam 3 itens que orientam o registro: 

Item 1 – Propõe o registro das impressões gerais de cada um, em que cabe anotar trechos que  achou  interessantes,  incoerências  que  tenham  percebido  entre  as  personagens, características  da  linguagem,  expressões  ambíguas  ou  não  compreendidas,  impressões pessoais sobre o texto, efeitos que provocou em si próprio, relações com a vida pessoal de cada um etc. 

Item 2 – Sempre propõe a observação de aspectos relativos à teoria literária. Esclareça que, em todo roteiro, logo no início haverá a antecipação do que será foco de discussão na sala, 

AAtteennççããoo,,  pprrooffeessssoorr::  ÉÉ  iimmppoorrttaannttee   ffiiccaarr   ccllaarroo   qquuee  oo DDiiáárriioo  ddee   LLeeiittuurraa  éé  uumm   rreeggiissttrroo  ddoo  aalluunnoo  ppaarraa  oo   aalluunnoo!!  

EEmmbboorraa   vvooccêê   vváá   oollhháá‐‐lloo,,   nnããoo   hháá   nneennhhuummaa   iinntteennççããoo  ddee  

ttoorrnnáá‐‐lloo   uumm   iinnssttrruummeennttoo   ddee   ccoonnttrroollee   oouu   aavvaalliiaaççããoo   ddaa  

lleeiittuurraa..   OO   aalluunnoo   ddeevvee   eexxppeerriimmeennttaarr   ttaall   rreeggiissttrroo   ccoommoo  

uummaa  pprrááttiiccaa  ddee  aappooiioo  aaoo  sseeuu  pprroocceessssoo  ddee  ccoommpprreeeennssããoo  

ee  ssiisstteemmaattiizzaaççããoo  ddaass   lleeiittuurraass  qquuee  ffaazz  ee  ccoommoo  aappooiioo  ppaarraa  

aass   ssuuaass   ppaarrttiicciippaaççõõeess   dduurraannttee   aa   lleeiittuurraa..   PPaarraa   aalléémm   ddoo  

ssuuggeerriiddoo   nnoo   rrootteeiirroo,,   eellee   ppooddee//ddeevvee   rreeggiissttrraarr   sseeuuss  

qquueessttiioonnaammeennttooss,,   rreefflleexxõõeess,,  aannggúússttiiaass  ee   ttuuddoo  mmaaiiss  qquuee  

aa   lleeiittuurraa   ddoo   lliivvrroo   ffoorr   ssuusscciittaannddoo..   DDêê   eexxeemmppllooss   ddee  

aannoottaaççõõeess   qquuee   vvooccêê   ppoossssaa   tteerr   ffeeiittoo   ppoorr   ooccaassiiããoo   ddaa  

lleeiittuurraa   ddoo   pprriimmeeiirroo   ccaappííttuulloo   ppaarraa   qquuee   eelleess   ppoossssaamm  

ccoonnccrreettiizzaarr   ddoo   qquuee   ssee   ttrraattaa..   EEssttiimmuullee‐‐ooss   aa   ssee   ccoollooccaarr,,  

mmaass   ssee   vvooccêê   aacchhaarr   qquuee   oo   ddiiáárriioo   eessttáá   pprroovvooccaannddoo  

ddiiffiiccuullddaaddeess   eexxttrraass,,   vvooccêê   ppooddee   aabbaannddoonnaarr   eessssaa   iiddeeiiaa   ee  

ffaazzeerr   aass   ddiissccuussssõõeess   eemm   aauullaa,,   eexxpplloorraannddoo   oorraallmmeennttee   ooss  

iitteennss  ddoo  rrootteeiirroo..  

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considerando os capítulos  sugeridos para o período e que  será  sobre esse  foco que  serão feitos os registros, neste segundo item. 

Item  3  –  Para  ser  feito  sempre  durante  ou  logo  depois  das  discussões  de  grupos  ou coletivas. Entram nesse registro final o que foi socializado por todos: o que você alteraria ou complementaria  com relação às suas anotações anteriores. 

Aula 2

1º PASSO – Sobre as impressões pessoais 

• Inicie a aula resgatando com os alunos as anotações pessoais sobre os capítulos que leram. Aproveite você também para colocar suas  impressões. É  importante que os alunos o vejam como um  leitor – assim  como  eles  –  que  faz  apreciações  pessoais  sobre  o  que  lê.  Neste  momento,  evite  fazer referência aos aportes teóricos para que essas  impressões não se configurem como uma análise de “conteúdo escolar”. Estimule os alunos a justificarem as possíveis relações que venham a estabelecer entre o que acabaram de ler e outras leituras feitas, filmes assistidos... 

2º PASSO – Observando o narrador e a personagem do romance 

• Após a conversa sobre as impressões pessoais, prossiga com a discussão sobre o foco de observação para uma análise  literária do  romance. Lembre‐se de que  tal análise  tem como objetivo ampliar a compreensão  da  obra  e  oferecer  aporte  teórico  para  as  apreciações  críticas.  Portanto,  não  deve haver demasiada preocupação com o uso de nomenclaturas: o fim é a uma melhor compreensão dos sentidos e melhor apreciação da obra e não o uso de nomenclaturas teóricas.  

• Para discutir os aspectos sugeridos no Roteiro, propomos que faça isso no coletivo e oralmente, com registro das discussões feitas por você, na lousa.  

• Comece perguntando se as anotações pessoais ajudaram a pensar sobre os aspectos focados nessa segunda parte de observação e análise proposta no roteiro. Pergunte se eles conseguiram identificar o conflito do romance nos capítulos lidos; peça para indicarem onde aparece.  

• Para  iniciar uma análise com mais acuidade, será necessário recorrer à  leitura de trechos do  livro A personagem9, de Beth Brait.  Selecione os  trechos em que  se  fala do narrador  (O narrador  é uma câmera  –  os  dois  últimos  parágrafos)  e  sobre  como  se  constrói  as  personagens  (A  câmera  finge registros e constrói as personagens – os dois primeiros parágrafos). 

• Oriente‐os a, durante a leitura, grifar trechos ou fazer anotações sobre o que acharem relevante ao longo do texto. Providencie cópias dos fragmentos indicados no item acima.  

                                                            9 BRAIT, Beth. A personagem. São Paulo: Ática, 1985. p. 53‐56. Série Princípios. 

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• Após a  leitura, pergunte se eles acham que as  informações do texto pode nos ajudar a analisar os recursos  que  o  autor  usou  para  construir  o  romance.  Em  seguida,  verifique  o  que  os  alunos conseguiram compreender sobre o texto teórico.  

• Para articular o texto lido com o romance retome questões do roteiro e proponha outras perguntas que possam provocar discussão sobre o livro, do tipo: 

a. Como o narrador se posiciona na narração? 

b. Como o narrador se relaciona com o discurso das personagens?  (Usa de que discurso: o direto,  dando  a  voz  para  a  personagem;  o  indireto,  falando  o  tempo  todo  pela personagem, ou o indireto livre, misturando a voz da personagem com a sua própria voz, de modo que se confundem?) 

c. Até o momento, que aspectos da construção das personagens chamam a atenção em: 

i. Bruno – o protagonista da história 

ii. Gretel – a irmã 

iii. a mãe 

iv. o pai 

d. Que ideia Bruno tem sobre as coisas que estão acontecendo a sua volta? 

e. Qual a relação entre o conflito que está sendo vivido por Bruno e o momento histórico no qual parece estar situada a narrativa (tempo e espaço da história/fábula)?  

• Para  discutir  uma  das  questões  propostas  (a  questão  b),  será  importante  garantir  que  os  alunos saibam diferenciar os  três  tipos de discurso. Se  for necessário, dê exemplos de um mesmo  trecho escrito  de  três  formas  diferentes,  de  acordo  com  o  tipo  de  discurso,  e  peça  para  eles  tentarem classificá‐los. Pode ser algo simples como este exemplo: 

Discurso  indireto: A porta  se  fechou e depois de um  longo  suspiro  Jorge olhou para o  seu anfitrião e desculpou‐se pela saída abrupta da esposa. 

Discurso direto: A porta  se  fechou.  Jorge olhou para o  seu  anfitrião e depois de um  longo suspiro disse: 

– Perdoe a retirada abrupta de minha esposa.  

Discurso  indireto  livre: A porta se fechou. Jorge olhou para o seu anfitrião enquanto tentava controlar  a  sua  ira  contra  aquele  ato  inconsequente  da  esposa. O  que  podia  tê‐la  levado àquela atitude? Ninguém mais que ela sabia que seu emprego dependia da sua boa relação com o anfitrião. Depois de um longo suspiro, desculpou‐se pela saída abrupta da esposa.

Atenção,  professor:  É  importante  garantir  que  este  momento  seja  de  uma  discussão  oral.  Não transforme  essas  questões  em  exercícios  de  pergunta  e  resposta  escritos.  A  ideia  é  construir  um momento em que se possa conversar sobre o que se leu e o que se pode observar sobre a obra. 

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Comentários sobre tais questões e considerações sobre este momento de interação 

A narrativa tem início já no conflito (cap. 1): Bruno chega da escola e descobre que a família toda está de mudança para um  lugar desconhecido,  longe de Berlim. Deve  ficar claro ao grupo que o narrador assume  o  ponto  de  vista  de  um  observador.  Portanto,  narra  os  fatos  em  terceira  pessoa.  Caso  haja dificuldades, retome trechos de qualquer dos capítulos lidos para colocar em discussão o ponto de vista assumido pelo narrador. Trata‐se de um observador onisciente – que tudo sabe sobre as personagens. 

Lembre‐se de garantir que os alunos  consigam diferenciar os  tipos de discurso. No  caso da obra em questão, predominam dois tipos de discurso: o narrador onisciente faz uso do discurso direto (sempre quando as personagens assumem as próprias vozes, sempre representadas no texto pelo uso das aspas) e do  indireto  livre (quando se aproxima mais da personagem e revela suas  impressões, sentimentos e ideias  sobre as pessoas  com quem  se  relaciona e os momentos que  vivem). Os exemplos do uso do discurso direto estão em toda parte do romance, como se pode ver na pág. 15:  

“Sinto muito, Bruno”, disse a mãe, “mas os seus planos terão de esperar. Não há escolha quanto a isso.”  

As falas estão marcadas pelas aspas e a voz do narrador aparece separada delas, conforme se percebe na parte que destacamos em negrito. 

Também o uso do discurso  indireto (a aproximação da “câmera” como em um close  interior) pode ser percebido em toda a narrativa, como em uma passagem na pág. 18: 

Quando Bruno viu a casa nova pela primeira vez, seus olhos se arregalaram, a boca fez o formato de um O, e os braços penderam estendidos ao  lado do corpo novamente. Tudo parecia ser o oposto da casa antiga, e ele não podia acreditar que eles iriam de fato morar lá. 

Nessa passagem vemos, no primeiro período, o narrador relatando sobre o que é visível, exterior, que qualquer observador poderia ver. Já no segundo período o narrador se aproxima, penetra no interior da personagem e revela seus pensamentos e impressões sobre o que está vendo. 

Semelhante movimento  faz o narrador em  relação às outras personagens, como se pode observar na pág. 34, quando comenta a reação de Gretel ao ver as pessoas de que falava Bruno: 

Gretel concordou. Ela não queria continuar olhando, mas era difícil voltar os olhos para outra direção. Até então,  tudo o que vira  fora a  floresta diante de sua própria  janela, que parecia um pouco escura, mas um bom lugar para piqueniques, se houvesse uma clareira mais adiante. Mas daquele lado da casa, a vista era bem diferente. 

Nesse  trecho  apenas  a primeira  frase  se  refere  a  algo observável externamente. Todo o  restante do parágrafo é um discurso interno que conhecemos pela “câmera” que é o narrador, nesse romance. 

Apesar de nos dar essa visão das várias personagens, o narrador focaliza a narrativa na perspectiva de Bruno:  se  aproxima mais  do  universo  dessa  personagem  e,  a  partir  da  sua  relação  com  o mundo externo, constrói a história (ou fábula). 

Quando estiverem discutindo este tópico, será importante que os próprios alunos apontem exemplos e expliquem esse movimento da “câmera”, do exterior para o interior.  

Quanto à imagem que construímos das personagens por meio desse narrador, nessa altura do romance, faça‐os justificarem com passagens do texto as características que conseguem atribuir a elas. Veja se a essa  altura  eles  já  conseguem  perceber  a  diferença  entre  Bruno  e Gretel  e  entre  o  pai  e  a mãe  na relação com os outros. Chame especial atenção o final do capítulo 5, quando ao ser questionado sobre quem  seriam  as  pessoas  do  lugar  distante,  o  pai  do  garoto  refere‐se  àquelas  pessoas  como  “não 

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pessoas”: “Ah, aquelas pessoas”, disse o pai, acenando com a cabeça e  sorrindo  levemente. “Aquelas pessoas... Bem, na verdade elas não são pessoas, Bruno”. 

Aproveite para explorar esse trecho todo, perguntando sobre o que sentiram quando leram o trecho. 

Coloque  em  discussão,  ainda,  quanto  o  menino  parece  ingênuo,  ensimesmado  com  os  próprios problemas que não se dá conta de “ler” o que vê como parte do horror de uma guerra.

3º PASSO – Registro final e orientação para a próxima etapa da leitura

• Finalize  a  aula  propondo  que  eles  observem  seus  próprios  registros  e  complementem  o  que  foi contribuição da discussão coletiva, conforme solicitado no item 3 do roteiro: 

3. Resultado da discussão do grupo (Entram aqui as anotações finais sobre o que você alterou ou complementou com relação às suas anotações anteriores, durante as discussões em sala.) 

• Conclua a aula fazendo uma avaliação sobre o que acharam do trabalho e orientando para a leitura da próxima semana. Não se esqueça de distribuir o Roteiro 2 (Anexo 2) para a segunda semana de leitura (capítulos 6 a 9).  

• Se houver  tempo,  seria  interessante a  leitura coletiva do  início do capítulo 6, nesta ou numa aula próxima. 

Aula 3

1º PASSO – Trocando as impressões pessoais 

Nesta aula, você pode experimentar uma organização diferente da sala, com três momentos: coletivo, grupos, coletivo. Num primeiro momento, a turma socializaria, no coletivo, as  impressões pessoais em relação aos capítulos  lidos. Procure estimular a contribuição de todos os alunos ao  longo das aulas de discussão. 

2º PASSO – O tempo na/da narrativa e a construção das personagens 

• Em  um  segundo momento  proponha  a  formação  de  pequenos  grupos  (três  ou  quatro  pessoas, conforme achar mais produtivo) para os quais apresentaria as questões propostas a seguir, itens do roteiro  acrescidos  de  outras  perguntas,  para  discussão. Depois  disso,  os  grupos  apresentariam  as considerações sistematizadas. 

a. Vamos observar como a narrativa se constrói no tempo. Para tanto, observe e indique: 

i. Em que época se passa a história? 

ii. Como o narrador organiza a sequência dos fatos na narrativa ao  longo dos capítulos lidos?  A  ordem  dos  capítulos  corresponde  à  ordem  natural  dos  acontecimentos  ou não? Explique a sua resposta.  

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b. Considerando todos os capítulos  lidos até o momento, a sua sensação é de que se passou muito ou pouco tempo na vida dos habitantes de “Haja Vista”?  

i. Há marcas ou pistas no texto que confirmem a sua sensação? Explique. 

c. Sobre as personagens, considerando todos os capítulos lidos: 

i. Que imagem Bruno constrói das personagens Maria, Pavel e tenente Kotler?  

ii. Há alguma diferença entre as imagens que Bruno tem dessas personagens e a que o leitor constrói?  Identifique  recursos  usados  pelo  narrador  que  ajudaram  a  construir  essas imagens das personagens. 

iii. Qual a opinião da avó sobre o pai de Bruno? Em que se baseia essa opinião?  

iv. Analisando as imagens que as personagens têm de si e as que você, como leitor, também está construindo delas, o que pode se constatar sobre elas: são todas coerentes em relação ao que pensam e ao modo de agir ou não? Explique. 

• Avalie se não seria o caso de, em vez de todos os grupos discutirem todas as questões, dividi‐las e distribuí‐las  para  os  grupos,  de  modo  que  cada  um  refletisse  sobre  apenas  uma  ou  duas  das questões. Considerando que não são muitas questões, você poderia distribuir uma mesma questão ou grupo de questões para dois ou três grupos. Com essa estratégia e organização da sala é possível otimizar o tempo e garantir maior concentração dos grupos na socialização final, uma vez que haverá grupos discutindo aspectos diferentes.  

3º PASSO – Apresentação das sínteses dos grupos  

• A  socialização  das  discussões  dos  grupos  deve  ser  organizada  de modo  que  os  participantes  se responsabilizem  pela  apresentação  do  resultado  da  discussão,  expondo  para  os  demais  da  sala  o tópico  de  discussão  e  recorrendo  a  trechos  do  romance  para  demonstrar  em  que  se  baseiam  os resultados  da  análise  construída  pelo  grupo.  Como,  possivelmente,  vários  grupos  analisarão  um mesmo tópico, organize a apresentação de modo que todos que refletiram sobre a mesma pergunta falem na sequência, sem a necessidade de repetir o que já foi dito. Oriente‐os a apenas acrescentar ou contestar o que o outro disse, se  for o caso, sempre se apoiando no texto  lido. Veja que nesse momento o seu papel de mediador/a é  importante para garantir consensos ou possibilitar revisões de posição dos grupos em relação às análises feitas. 

• Peça‐lhes  que  registrem  em  seus  diários  de  leitura  o  que  considerarem  relevante  sobre  a socialização. 

Comentários sobre tais questões e considerações sobre este momento de interação 

A história  se  inscreve na época da 2ª Guerra Mundial e  se passa ora em Berlim, ora em “Haja‐Vista” (Auschwitz, Polônia). Esse é o tempo histórico (e o espaço). O discurso  literário é construído no tempo da história, que dura cerca de um ano, de forma não linear. Ou seja, o narrador apresenta os fatos – no tempo e espaço da história – sem respeitar nem o tempo da história, nem o tempo cronológico. 

• Se considerada  toda a obra, podemos dividi‐la em dois momentos para observar o  tempo: os dez primeiros capítulos assumem um ritmo mais lento de narrativa, focada no sofrimento de Bruno por 

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ter saído de Berlim e deixado seus amigos e a casa de que tanto gostava. A narrativa se estende na exploração  desse  “sofrimento”,  na  comparação  constante  entre  o  que  a  personagem  tinha  em Berlim  e  o  que  não  tem  em  “Haja‐Vista”  (o  conforto,  as  amizades,  os  avós...);  se  arrasta  na observação das novas  relações pessoais que  tem de estabelecer  com os  soldados,  com Pavel e o novo professor. Em razão da constante comparação, os flashbacks da vida que tinha em Berlim e dos acontecimentos que antecederam a saída de lá são constantes. O último retorno que faz ao tempo passado acontece  logo depois que conhece Shmuel, do outro  lado da cerca. Exatamente o capítulo 11, quando é narrada a visita do “Fúria” (Führer) a sua casa e, enfim, decide‐se deixar Berlim. 

Quanto à  imagem que Bruno constrói das personagens citadas é  importante garantir na discussão que Bruno diferencia o caráter das personagens pelas suas ações e pelo que elas dizem. Já nós, os leitores, construímos a imagem dessas personagens pela voz do narrador, pela “câmera” que além de mostrar o externo,  o  visível,  mostra  também  o  que  essas  personagens  pensam  sobre  as  coisas.  Com  as informações que nos traz o narrador, somadas às dos nossos conhecimentos de mundo, conseguimos discriminar os mundos socioideológicos representados por cada personagem, nessa trama: de um lado as atitudes dos soldados e do pai guiadas pelo ideal nazista; de outro a submissão de Maria e de Pavel, que fazem parte de outro mundo social, o dominado; de outro a avó de Bruno, que é a voz que protesta contra o nazismo; de outro, ainda, a  ingenuidade e oscilação do modo de ser e pensar de Bruno e de Gretel.  É  nesse  sentido  que  se  diz  que  as  personagens  de  um  romance  são  verdadeiros  vetores ideológicos: pelas suas ações e  falas “transmitem”,  fazem surgir na obra diferentes vozes sociais, que demonstram ser movidas por ideais diferentes em relação aos fatos. 

Neste ponto da  reflexão  será  importante  colocar em discussão o efeito desse  recurso  sobre o  leitor. Faça esta pergunta à turma: Qual o efeito desse movimento para nós,  leitores? E, ainda, por meio de outras perguntas, ajude‐os na análise de que, sempre partindo da perspectiva de Bruno – e também em certos  momentos  se  aproximando  do  universo  das  outras  personagens  –,  o  narrador  constrói  as personagens que  fazem parte da trama e nós,  leitores,  ficamos em situação privilegiada em relação à personagem Bruno, porque por meio do discurso indireto livre passamos a conhecer as impressões, os sentimentos e ideias dos demais personagens.

4º PASSO – Registro final e orientação para a próxima etapa da leitura 

• Conclua a aula fazendo uma avaliação sobre o que acharam do trabalho e orientando para a leitura da  próxima  semana. Não  se  esqueça  de  distribuir  o  Roteiro  3  para  a  terceira  semana  de  leitura (capítulos 10 a 14).  

• Se houver tempo, seria  interessante a  leitura coletiva do  início do capítulo 10, nesta ou numa aula próxima. 

Aula 4

1º PASSO – Outras impressões sobre a obra 

Novamente,  está  previsto  para  o momento  inicial  da  aula  que  os  alunos  e  você  compartilhem  suas impressões pessoais sobre a obra. 

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2º PASSO – Tempo e verossimilhança 

Considere o  foco proposto para os capítulos  lidos e, para a discussão,  retome questões do roteiro ou proponha perguntas do tipo:  

a. Nos capítulos 10, 11 e 12, como o narrador apresenta a sequência de fatos?  

i. Houve alguma mudança no “ritmo” da narração? Explique. 

ii. Houve alguma mudança de foco em relação ao universo de preocupações de Bruno? Explique. 

b. Você acha possível duas crianças em condições tão diferentes se tornarem amigas?  

i. Como você  justificaria a escolha do autor:  criar uma história  sobre um vínculo de amizade entre essas duas crianças?  

c. A  esta  altura  da  leitura,  você  já  deve  ter  observado  que  o  escritor  faz  uso  frequente  de  duas expressões  “Haja‐Vista”  e  “O  Fúria”.  Sabendo que  o  romance  se  refere a um  tempo  e  espaço da história da 2ª Guerra Mundial, você reconhece algum paralelo que a ficção deseja estabelecer com a realidade histórica? 

Comentários sobre tais questões e considerações sobre este momento de interação 

O tratamento do tempo na narrativa é um dos temas mais complexos nos estudos literários e não cabe neste projeto dar conta dessa complexidade. O que nos parece essencial que o aluno compreenda neste momento é que há um  tempo que se  refere à época em que é situada a história  (2ª Guerra); há um tempo que se refere à duração da sequência dos  fatos da história  (nesse caso, o narrador afirma nos últimos  capítulos que  se passou quase um  ano) e há o  tempo  construído no discurso  literário, pelo narrador (que consiste na forma e ordem como ele apresenta os fatos ao leitor). 

Em  relação  a  esse  último  tempo,  no  romance  lido,  é  interessante  que  o  aluno  observe  que  esse movimento  de  ir  e  vir  na  primeira metade  –  de  um  suposto  presente  da  história  para  um  passado imediato – produz esse efeito de “alongamento” do tempo, comentado nos itens acima. 

Depois do capítulo 11, não há mais flashbacks e o foco da narrativa passa a ser não mais a saudade da vida em Berlim, mas a nova amizade com o menino do pijama listrado. Isso confere à narrativa um ritmo mais  acelerado  e  há  alguns  indícios  de  que  os  últimos  nove  capítulos  narram  um  tempo maior  da história do que os 11 primeiros capítulos. O narrador dá saltos no tempo, de um capítulo para o outro passam‐se semanas, meses... 

A  discussão  do  item  b,  proposto  acima,  antecipa  uma  das  questões  fundamentais  da  literatura  –  a construção  da  verossimilhança.  Alguns  dos  fragmentos  de  texto  propostos  para  leitura  na  AULA  5 podem ser de grande valia para alimentar essa discussão. Avalie a pertinência de oferecer a primeira página para leitura, durante a discussão desta questão.  

A questão proposta no item c é apenas para explicitar o recurso do escritor de “mascaramento” do fato real – Auschwitz se transfigura em “Haja‐Vista” e Führer em “Fúria”, algo possível porque apoiado no fato de a criança não conseguir pronunciar corretamente tais palavras. Veja o que o escritor diz sobre isso, em entrevista disponível no link: 

<http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=301583&edicao=11954&anterior=1.> 

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3º PASSO – Registro final e orientação para a próxima etapa da leitura 

• Conclua a aula fazendo uma avaliação sobre o que acharam do trabalho e orientando para a leitura da  próxima  semana.  Não  se  esqueça  de  distribuir  o  Roteiro  4  para  a  quarta  semana  de  leitura (capítulos 15 a 20).  

• Se houver tempo, seria  interessante a  leitura coletiva do  início do capítulo 15, nesta ou numa aula próxima. 

Aula 5

1º PASSO – Finalizando a análise do romance 

• Inicie  a  conversa  com  as  impressões pessoais dos  alunos  sobre o  final do  romance. Você poderá fazer perguntas sobre o que acharam do final; se eles esperavam que terminasse dessa maneira; o que o pai do menino deve ter pensado sobre tudo o que fez, sobre seu trabalho, quando desvendou o sumiço do filho; quais foram as sensações que o final provocou neles etc.  

• Em seguida esclareça que agora, então, será feita uma apreciação final sobre a obra, com o apoio de uma  leitura:  a  seleção  de  trechos  do  ensaio  A  verdade  das mentiras,  do  escritor  peruano Mario Vargas Llosa (autor do romance Pantaleão e as visitadoras, que teve a sua versão cinematográfica) – conferir Anexo 3.  

• Antes de proceder  à  leitura do  texto,  lembre‐se do  foco de discussão previsto para  a  leitura dos capítulos finais do romance:  

a relação entre a realidade e a ficção – fazendo o “balanço” da obra; 

a moral/as morais da fábula; 

as escolhas do escritor e os efeitos de sentido produzidos. 

• Peça que compartilhem o que registraram sobre esses aspectos da obra. Em seguida, proponha uma questão: Afinal, o que lemos neste romance é verdade ou é mentira?  

• Deixe que discutam um pouco o assunto e, em seguida, proponha a leitura da seleção de trechos do texto de Vargas  Llosa. É  importante esclarecer que  se  trata de  recortes de um  texto que procura responder a essa grande questão que acabaram de discutir e a outras mais. Nesse ensaio o escritor discute a natureza da literatura, a nossa relação com ela e o lugar que ocupa na nossa vida.  

• Forneça cópia do texto. Explique que o texto deverá ser lido tendo em vista os aspectos comentados por  eles  no  registro  do  diário.  Trecho  a  trecho,  proponha  que  os  alunos  grifem  informações  que consideram importantes e, caso desejem, que façam paradas para relacionar o lido ao dito. Aproveite o potencial do texto para refletir com eles sobre questões do tipo: 

a. Como se constrói na obra a relação entre o fato histórico no qual se baseia e a ficção da fábula de Bruno?  

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b. Que efeitos o romance pode causar no leitor?  

i. Qual a importância da construção de uma personagem como Bruno para os efeitos que a história pode causar no leitor? 

c. O escritor  John Boyne refere‐se ao seu romance como uma  fábula. Há moral ou morais que se pode depreender dela? Para pensar sobre isso considere pelo menos duas perspectivas: 

i. a relação entre Bruno e Shmuel; 

ii. a relação entre o fato histórico e o final da história.

2º PASSO – Resgatando e sistematizando as impressões pessoais 

Sugira que eles comentem as qualidades finais da obra: o trabalho de construção da narrativa feita pelo escritor, as apreciações políticas, éticas e estéticas possibilitadas pela obra etc. Também é o momento de indicar possíveis pontos de fragilidade da obra, caso entendam que haja. 

Sugestão para finalizar o projeto 

Para  este momento,  seria  interessante propor que os  alunos buscassem na  internet  comentários de outros  leitores  sobre  a  obra.  Seria muito  interessante  para  o  aluno  poder  produzir  o  seu  próprio comentário sobre a obra e disponibilizar em algum site. Por exemplo, o site da Livraria Cultura tem um espaço para comentários dos leitores (acesse <www.livrariacultura.com.br>, faça uma busca pelo título da obra e será aberta a página com as referências do  livro: é só clicar sobre o título que outra página será aberta com acesso à sinopse do livro e aos comentários de leitores). Lá eles poderão ter acesso ao que outros leitores acharam da obra e comparar com as próprias apreciações. 

Avaliação do projeto 

Ao longo do projeto, avalie a participação do grupo. Observe as dificuldades recorrentes no processo e reflita sobre  formas de  reorganizar o seu  trabalho, de modo a  trabalhar sobre  tais dificuldades. Você pode acompanhar, com os alunos, elaborando instrumentos escritos de acompanhamento dos registros e  discussões.  À  semelhança  do  que  é  sugerido  por  Kátia  Bräkling  no  texto  Leitura  e  formação  de leitores10 e apresentado a seguir: 

 

 

 

 

                                                            10 Disponível em: <www.educarede.com.br>. Acessado em: 09 set 2009.   

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DIÁRIO DE LEITURA 

DATA  TRECHO LIDO DIFICULDADES ENCONTRADAS

FACILIDADES DE LEITURA 

COMENTÁRIOS PESSOAIS 

         

         

         

         

Ao  final  do  projeto,  faça  uma  avaliação  com  eles.  Isso  poderá  ser  feito  de  modo  mais  informal, solicitando que eles comentem o que acharam da experiência de ler um livro desta forma: fazendo um diário e discutindo o livro durante a leitura. 

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Anexo 1

CRONOGRAMA DE LEITURA DO ROMANCE O MENINO DO PIJAMA LISTRADO, DE JOHN BOYNE 

  Semana 1  Semana 2  Semana 3  Semana 4 

Distribuição dos capítulos no período 

Capítulos 

1 a 4 

Capítulos 

5 a 9 

Capítulos 

10 a 14 

Capítulos 

15 a 20 

Aula 1  Aula 2  Aula 3  Aula 4  Aula 5 

Apresentação do projeto de leitura e leitura do capítulo 1 feita pelo professor e acompanhada pelos alunos. 

Foco de discussão: 

A história (ou fábula) e a realidade. 

O narrador e o discurso literário. 

As personagens. 

Foco de discussão:

A trama: a construção do tempo e do espaço na primeira parte do romance. 

A construção das personagens como “vetores” ideológicos. 

Foco de discussão: 

A trama: a construção do tempo e do espaço na segunda parte do romance. 

O limite entre a verdade e a mentira da história – a construção da verossimilhança. 

Foco de discussão: 

Realidade e ficção. 

Escolhas do escritor e os efeitos de sentido. 

 

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Anexo 2  

DIÁRIO DE LEITURA DO ROMANCE O MENINO DO PIJAMA LISTRADO, DE JOHN BOYNE 

ROTEIRO 1  

REFERENTE AOS CAPÍTULOS 1 A 5  

1. A notícia de que a família se mudaria de Berlim; a conversa de Bruno com a mãe. 

2. A chegada à nova casa e as primeiras impressões em comparação com a casa de Berlim; a conversa com Maria; a visão dos meninos de pijama. 

3. A  pausa  para  falar  da  relação  com  a  irmã;  a  ida  ao  quarto  dela;  a  visão  dos meninos  de  pijama também pela irmã. 

4. A observação do campo pelos dois e as hipóteses que levantaram sobre quem poderiam ser aquelas pessoas e o que poderia ser aquele lugar. 

5. A conversa de Bruno com o pai. 

AAtteennççããoo!!  DDuurraannttee  aa  lleeiittuurraa  ddooss  ccaappííttuullooss,,  oobbsseerrvvee  aallgguummaass  ccaarraacctteerrííssttiiccaass  ddoo  rroommaannccee  qquuee  sseerrããoo  ffooccoo  ddee  ddiissccuussssããoo  eemm  aauullaa::    

Sobre o que fala a história e qual a sua relação com a realidade. Sobre o que fala a história e qual a sua relação com a realidade. 

Como o narrador constrói o discurso literário (qual o ponto de vista adotado para narrar a história? E Como o narrador constrói o discurso literário (qual o ponto de vista adotado para narrar a história? E qual (ou quais) o(s) tipo(s) de discurso(s) adotado(s)? Discurso direto? Indireto?; qual (ou quais) o(s) tipo(s) de discurso(s) adotado(s)? Discurso direto? Indireto?; 

Que  imagem  é  possível  ter  das  personagens  pela  expressão  de  suas  ações,  sentimentos  e  ideias Que  imagem  é  possível  ter  das  personagens  pela  expressão  de  suas  ações,  sentimentos  e  ideias dados a conhecer? Como você descreveria Bruno, Gretel, a mãe e o pai? dados a conhecer? Como você descreveria Bruno, Gretel, a mãe e o pai? 

1. Registro das impressões pessoais 

(Durante e depois da leitura faça anotações sobre suas dúvidas ou pontos de interesse. Não se esqueça de  identificar as passagens  importantes,  referindo‐se aos  capítulos em que  se encontram. Aqui, cabe registrar  trechos  interessantes, possíveis  incoerências nas ações e nos  sentimentos das personagens, características da linguagem, expressões ambíguas ou não compreendidas, impressões pessoais sobre o texto, efeitos que provocou em si próprio, relações com a vida pessoal de cada um, por exemplo.)   

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2. Registro da observação e análise de alguns elementos do romance 

(Entram aqui as observações que você conseguir fazer sobre o foco da discussão, destacado no quadro sombreado acima.) 

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3. Resultado da discussão do grupo  

(Entram  aqui  as  anotações  finais  sobre  o  que  você  alterou  ou  complementou  com  relação  às  suas anotações anteriores, durante as discussões em sala.) 

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 DIÁRIO DE LEITURA DO ROMANCE O MENINO DO PIJAMA LISTRADO, DE JOHN BOYNE 

ROTEIRO 2  

REFERENTE AOS CAPÍTULOS 6 A 9 –  

6. A conversa de Bruno com Maria sobre o pai. 

7. A conversa de Bruno com o  jovem soldado; o tratamento dado ao Pavel; o acidente de Bruno e a revelação de Pavel. 

8. A discussão do pai com a avó no dia de Natal. 

9. A exploração do ambiente por Bruno. 

AAtteennççããoo!!  AAnntteess  ddee  lleerr  ooss  ccaappííttuullooss,,  vveejjaa  oo  qquuee  sseerráá  ffooccoo  ddee  ddiissccuussssããoo  eemm  aauullaa::    

Como o narrador organiza a sequência dos fatos na narrativa ao longo dos capítulos lidos? A ordem Como o narrador organiza a sequência dos fatos na narrativa ao longo dos capítulos lidos? A ordem dos capítulos corresponde à ordem natural dos acontecimentos ou não? dos capítulos corresponde à ordem natural dos acontecimentos ou não? 

Como as personagens Maria, o pai e o tenente Kotler são vistas por Bruno? Como as personagens Maria, o pai e o tenente Kotler são vistas por Bruno? 

Como é a relação do pai de Bruno com a avó? Como é a relação do pai de Bruno com a avó? 

1. Registro das impressões pessoais 

(Durante e depois da leitura faça anotações sobre suas dúvidas ou pontos de interesse. Não se esqueça de  identificar as passagens  importantes,  referindo‐se aos  capítulos em que  se encontram. Aqui, cabe registrar  trechos  interessantes, possíveis  incoerências nas ações e nos  sentimentos das personagens, características da linguagem, expressões ambíguas ou não compreendidas, impressões pessoais sobre o texto, efeitos que provocou em si próprio, relações com a vida pessoal de cada um, por exemplo.) 

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2. Registro da observação e análise de alguns elementos do romance 

(Entram aqui as observações que você conseguir fazer sobre o foco da discussão, destacado no quadro sombreado acima.)  

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3. Resultado da discussão do grupo  

(Entram  aqui  as  anotações  finais  sobre  o  que  você  alterou  ou  complementou  com  relação  às  suas anotações anteriores, durante as discussões em sala.) 

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 DIÁRIO DE LEITURA DO ROMANCE O MENINO DO PIJAMA LISTRADO, DE JOHN BOYNE 

ROTEIRO 3  

Referente aos capítulos 10 a 14  

10.  O encontro de Bruno com Shmuel, na cerca que separa a casa do campo. 

11.  A visita do “Fúria” para o jantar. 

12.  A história de Shmuel antes do campo. 

13.  O jantar na casa de Bruno e o tratamento dado a Pavel pelo tenente Kotler. 

14.  A “revelação” sobre o seu novo amigo. 

AAtteennççããoo!!  AAnntteess  ddee  lleerr  ooss  ccaappííttuullooss,,  vveejjaa  oo  qquuee  sseerráá  ffooccoo  ddee  ddiissccuussssããoo  eemm  aauullaa::    

Nos capítulos 10, 11 e 12 como o narrador apresenta a sequência de fatos?  Nos capítulos 10, 11 e 12 como o narrador apresenta a sequência de fatos?  

Houve alguma mudança no “ritmo” da narração? Explique. Houve alguma mudança no “ritmo” da narração? Explique. 

Houve alguma mudança de foco em relação ao universo de preocupações de Bruno? Explique. Houve alguma mudança de foco em relação ao universo de preocupações de Bruno? Explique. 

• Você acha possível duas crianças em condições tão diferentes se tornarem amigas? Você acha possível duas crianças em condições tão diferentes se tornarem amigas?

1. Registro das impressões pessoais 

(Durante e depois da leitura faça anotações sobre suas dúvidas ou pontos de interesse. Não se esqueça de  identificar as passagens  importantes,  referindo‐se aos  capítulos em que  se encontram. Aqui, cabe registrar  trechos  interessantes, possíveis  incoerências nas ações e nos  sentimentos das personagens, características da linguagem, expressões ambíguas ou não compreendidas, impressões pessoais sobre o texto, efeitos que provocou em si próprio, relações com a vida pessoal de cada um, por exemplo.)  

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2. Registro da observação e análise de alguns elementos do romance 

(Entram aqui as observações que você conseguir fazer sobre o foco da discussão, destacado no quadro sombreado acima.)  

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3. Resultado da discussão do grupo  

(Entram  aqui  as  anotações  finais  sobre  o  que  você  alterou  ou  complementou  com  relação  às  suas anotações anteriores, durante as discussões em sala.) 

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 DIÁRIO DE LEITURA DO ROMANCE O MENINO DO PIJAMA LISTRADO, DE JOHN BOYNE 

ROTEIRO 4 

Referente aos capítulos 15 a 20  

15.  A ida de Shmuel à casa de Bruno e o conflito com o soldado. 

16.  Piolho na cabeça das crianças e a explosão da mãe. 

17.  A decisão sobre a volta da família a Berlim. 

18.  O sumiço do pai de Shmuel e o plano para a despedida de Bruno. 

19.  A execução do plano de visita ao campo. 

20.  O encerramento da fábula – a descoberta sobre o ocorrido. 

Atenção! Antes de ler os capítulos, veja o que será foco de discussão em aula:  

Qual a  importância da construção de uma personagem como Bruno para os efeitos que a história pode causar no leitor? 

• O escritor John Boyne refere‐se ao seu romance como uma fábula. Há moral ou morais que se pode depreender dela? Para pensar sobre isso considere pelo menos duas perspectivas: 

o a relação entre Bruno e Shmuel; 

o a relação entre o fato histórico e o final da história. 

1. Registro das impressões pessoais 

(Durante e depois da leitura faça anotações sobre suas dúvidas ou pontos de interesse. Não se esqueça de  identificar as passagens  importantes,  referindo‐se aos  capítulos em que  se encontram. Aqui, cabe registrar  trechos  interessantes, possíveis  incoerências nas ações e nos  sentimentos das personagens, características da linguagem, expressões ambíguas ou não compreendidas, impressões pessoais sobre o texto, efeitos que provocou em si próprio, relações com a vida pessoal de cada um, por exemplo.)  

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2. Registro da observação e análise de alguns elementos do romance 

(Entram aqui as observações que você conseguir fazer sobre o foco da discussão, destacado no quadro sombreado acima.)

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3. Resultado da discussão do grupo  

(Entram  aqui  as  anotações  finais  sobre  o  que  você  alterou  ou  complementou  com  relação  às  suas anotações anteriores, durante as discussões em sala.) 

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Anexo 3

 TEXTO APOIO PARA DISCUSSÃO FINAL – AULA 5 

PROJETO LEITURA LITERÁRIA DO LIVRO O MENINO DO PIJAMA LISTRADO, DE JOHN BOYNE 

Sobre a relação entre ficção e realidade no romance – a construção da verossimilhança11 

Shirley Goulart de Oliveira García Jurado 

De  fato, os  romances mentem – não podem  fazer outra  coisa – porém, essa é  só uma parte da história. A outra é que, mentindo, expressam uma curiosa verdade, que somente pode se expressar escondida, disfarçada do que não é. 

Mario Vargas Llosa. 

O texto em epígrafe  faz parte do ensaio A verdade das mentiras, do escritor Mario Vargas Llosa. Para discutir a essência da ficção e a sua relação com o real, o romancista afirma que é fato que os romances mentem porque eles não têm o compromisso com a produção fidedigna da história.  

Mesmo quando o romance se apropria de um fato real, a apropriação desse fato é feita a partir de uma perspectiva, da escolha de um fio, dentre tantos fios, que compõe o fato. Ou seja, ao se apropriar de um fato real, o escritor escolhe certo aspecto do fato e recria‐o a partir desse ponto. 

A referência ao fato histórico é apenas um recurso para que o  leitor se  identifique com aquele mundo ficcional;  para  que  o  leitor  consiga  ver  algo  nesse  mundo  que  reconheça  como  possível,  como verdadeiro. E partindo disso, o escritor  recria e  conta a  sua história  transportando o  leitor para uma nova história possível de  acontecer. E essa história  recriada,  resultado do  jogo entre o  conhecido  (o fato) e o novo (a criação do autor), encarna um lado da história que representa a subjetividade de uma época – as grandezas e misérias compartilhadas entre nós, parte da memória da história.  

E  fisgados por  esse  jogo  entre o  real e  a  recriação,  a nossa  relação  com  a  ficção  é de  cumplicidade porque de  certa  forma nos  reconhecemos nela: quando  estamos diante de um  romance não  somos apenas nós, mas também passamos a viver o que os seres criados pensam e sentem, reagimos a eles como possíveis seres da existência real: as ações, os sentimentos expressos por eles são possíveis de ser vividos por pessoas do mundo real. A esse jogo dá‐se o nome de verossimilhança: o escritor articula os fatos de tal forma que se tornam coerentes e plausíveis aos nossos olhos.

...nos enganos da literatura não existe nenhum engano. [...] E não existe engano porque, quando  abrimos  um  livro  de  ficção,  acomodamos  nosso  ânimo  para  assistir  a  uma representação  na  qual,  sabemos  muito  bem,  nossas  lágrimas  ou  nossos  bocejos dependerão exclusivamente da boa ou da má feitiçaria do narrador, para nos fazer viver como verdades, suas mentiras, e não da sua capacidade para reproduzir fidedignamente o vivido. [...] 

 11 Texto baseado em fragmentos do ensaio A verdade das mentiras, de Mario Vargas Llosa. In: A verdade das mentiras. São Paulo: Editora ARX, 2003. p. 15‐30. 

 

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Porque as fraudes, os enganos e exageros da literatura narrativa servem para expressar verdades profundas e inquietantes, que somente dessa maneira enviesada vêm à luz.  

Passamos, então, a  tomar aquela  recriação como verdade, como verossímil porque passamos a viver uma  ilusão,  passamos  a  ser  outros  e  a  acreditar  na  experiência  das  personagens  como  uma possibilidade da experiência humana.  

Para  Vargas  Llosa,  quando  o  escritor  não  consegue  esse  pacto  com  o  leitor,  aí  sim,  o  romance  é verdadeiramente mentiroso.