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Prática Civil Prática Civil Prática Forense Prof. Brunno Pandori Giancoli

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Page 1: Pratica Civil

Prática CivilPrática Civil

Prática Forense

Prof. Brunno Pandori Giancoli

Page 2: Pratica Civil

Conteúdo da AulaConteúdo da Aula

Responsabilidade CivilNoções Gerais sobre PosseAção de Reintegração de PosseAção de Manutenção de PosseInterdito ProibitórioNunciação de Obra Nova* (arts. 934-

940 do CPC).

Page 3: Pratica Civil

Noções Gerais sobre PosseNoções Gerais sobre Posse

Teorias sobre a posseTeoria subjetiva de Savigny – Caracteriza-se pela

conjugação de dois elementos: o corpus (detenção física da coisa) e o animus (intenção de exercer sobre a coisa um poder no interesse próprio)

Teoria objetiva de Ihering – Basta o corpus para a caracterização da posse (conduta de dono). Para esta teoria o animus está incluído no corpus.

Art. 1.196 do C.C – Considera-se possuidor todo aquele que Art. 1.196 do C.C – Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedadepoderes inerentes à propriedade

Page 4: Pratica Civil

Noções Gerais sobre PosseNoções Gerais sobre Posse

Concepção Social da Posse – Art. 5o., XXIII da CF: A propriedade atenderá a sua função socialA propriedade atenderá a sua função social

Posse versus DetençãoArt. 1.198 do C.C – Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação Art. 1.198 do C.C – Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação

de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.cumprimento de ordens ou instruções suas.

Art. 1.198 do C.C – Não induzem posse os atos de mera permissão ou Art. 1.198 do C.C – Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.

O possuidor exerce o poder de fato em razão de um interesse próprio; o detentor, no interesse de outrem. Ex. de detenção: Caseiros. Somente a posse gera efeitos jurídicos (pretensões possessórias)

Page 5: Pratica Civil

Noções Gerais sobre PosseNoções Gerais sobre Posse

Classificação da PossePosse Direta e IndiretaArt. 1.197 do C.C – A posse direta, de pessoa que tem a coisa Art. 1.197 do C.C – A posse direta, de pessoa que tem a coisa

em seu poder, temporariamente, em virtude de direito em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.contra o indireto.

Observação: Tanto o possuidor direto como o indireto podem invocar a proteção possessória contra terceiro, mas só o segundo pode adquirir a propriedade em virtude da usucapião.

Page 6: Pratica Civil

Noções Gerais sobre PosseNoções Gerais sobre Posse

Classificação da PossePosse Exclusiva e ComposseExclusiva é a posse de um único possuidor (direta

ou indireta). Composse é a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa.

Art. 1.199 do C.C – Se duas os mais pessoas possuírem coisa Art. 1.199 do C.C – Se duas os mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.compossuidores.

Page 7: Pratica Civil

Noções Gerais sobre PosseNoções Gerais sobre Posse

Classificação da PossePosse Justa e InjustaJusta é a posse isenta de vícios. Portanto, por

oposição, injusta é aquela adquirida viciosamente.

Art. 1.200 do C.C – É justa a posse que não for violenta, Art. 1.200 do C.C – É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.clandestina ou precária.

Observação 01: Os três vícios mencionados correspondem às figuras definidas no CP como roubo (violência), furto (clandestinidade) e apropriação indébita (precariedade).

Observação 02: A concessão de posse precária é lícita. Enquanto não chegado o momento de devolver a coisa, o possuidor tem posse justa. O vício se manifesta quando fica caracterizado o abuso de confiança. No instante em que se recusa a restituí-la, sua posse torna-se viciada e injusta.

Page 8: Pratica Civil

Noções Gerais sobre PosseNoções Gerais sobre Posse

Classificação da PossePosse de boa-fé e posse de má-féArt. 1.201 do C.C – É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora Art. 1.201 do C.C – É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora

o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.Parágrafo Único. O possuidor com justo título tem por si a Parágrafo Único. O possuidor com justo título tem por si a

presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.a lei expressamente não admite esta presunção.

Observação: A boa-fé não é essencial para o uso das ações possessórias. Basta que a posse seja justa. Ainda que de má-fé, o possuidor não perde o direito de ajuizar a ação possessória competente para proteger-se de um ataque à sua posse. A boa-fé somente ganha relevância, com relação à posse, em se tratando de usucapião.

Page 9: Pratica Civil

Noções Gerais sobre PosseNoções Gerais sobre Posse

Classificação da PossePosse nova e posse velhaNova é a de menos de ano e dia. Velha é a de ano e

dia ou mais.

Observação: Não se deve confundir posse nova com ação de força nova, nem posse velha com ação de força velha. Classifica-se a posse em nova ou velha quanto à sua idade. Todavia, para saber se a ação é de força nova ou velha, leva-se em conta o tempo decorrido desde a ocorrência da turbação ou do esbulho. É possível, assim, alguém que tenha posse velha ajuizar ação de força nova.

Page 10: Pratica Civil

Proteção PossessóriaProteção Possessória

A proteção dá-se de dois modos:1- Legítima defesa e desforço imediato – o

possuidor pode manter ou restabelecer situação de fato pelos seus próprios recursos.

2- Ações Possessórias (Interditos Possessórios)

Art. 1.210 do C.C – O possuidor tem direito a ser mantido na posse Art. 1.210 do C.C – O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestadoviolência iminente, se tiver justo receio de ser molestado

§ 1o- O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou § 1o- O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contando que o faça logo; os restituir-se por sua própria força, contando que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posseindispensável à manutenção, ou restituição da posse..

§ 2o- Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação § 2o- Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.

Page 11: Pratica Civil

Características das Ações PossessóriasCaracterísticas das Ações Possessórias

Rito Especial (Força Nova – art. 920 e ss do CPC) e Rito Ordinário (Força Velha)

Fungibilidade (Art. 920 do CPC) Possibilidade de Cumulação de Pedidos (Art. 921 do CPC)

– As cumulações possíveis são: a) perdas e danos; b) cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; e c) desfazimento de construção ou plantação.

Natureza Executiva– Dessa natureza decorrem dois efeitos: a) inexistência de embargos à

execução; e b) ausência de efeito suspensivo no recurso de apelação contra sentença que defere a tutela possessória.

Natureza Dúplice (Art. 922 do CPC)– A proteção à posse do réu depende, sempre, de expresso

requerimento na contestação, não podendo o juiz conhece-la ex officio.

Fungibilidade (Art. 920 do CPC)

Page 12: Pratica Civil

Características das Ações PossessóriasCaracterísticas das Ações Possessórias

Ação de Reintegração de Posse– “ o possuidor tem direito a ser (...) restituição no caso de

esbulho” (art.1210 do C.C.)– Esbulho: perda, despojamento, privação, tirar a posse.

Ação de Manutenção de Posse– “ o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de

turbação” (art.1210 do C.C.)– Turbação: alterar, perturbar, revolver, agitar, inquietar,

desassossegar a posse.

Interdito Proibitório (art.932 e 933 do CPC)– “ o possuidor tem direito a ser (...) segurando de violência

iminente, se tiver justo receio de ser molestado” (art.1210 do C.C.)– Ameaça: pôr em perigo, dar mostras ou indícios, anunciar

malefício, procurar intimidar.

Page 13: Pratica Civil

Estrutura das Ações PossessóriasEstrutura das Ações Possessórias

Foro Competente

Legitimidade

Procedimento

Requisitos Específicos

Concessão Liminar da Tutela Possessória

Valor da Causa

Page 14: Pratica Civil

Foro CompetenteForo Competente

Regra Geral: Foro da Situação da Coisa Imóvel (art. 95 do CPC)

Observações:Versando sobre coisas imóveis, a ação possessória correrá

no foro do domicílio do réu (art. 94 do CPC)Os JECs também têm competência para o processamento e

julgamento de ações possessórias.Art. 3o. Da Lei 9099-95: O Juizado Especial Cível tem competência para Art. 3o. Da Lei 9099-95: O Juizado Especial Cível tem competência para

conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:complexidade, assim consideradas:

I- as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;I- as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;(...)(...)IV- As ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao IV- As ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao

fixado no inciso I deste artigo.fixado no inciso I deste artigo.

Page 15: Pratica Civil

ProcedimentoProcedimento

Força nova (01 ano e dia) – Rito Especial – art. 926 e seguintes (vide art. 924)

Força Velha (mais de 01 ano e dia) – Rito Ordinário (vide art. 924)

Art. 924 do CPC: Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de Art. 924 do CPC: Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.perdendo, contudo, o caráter possessório.

Page 16: Pratica Civil

LegitimidadeLegitimidade

Legitimidade Ativa (autor): Possuidor Direito ou Indireto.

Art. 10 do CPC: O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro Art. 10 do CPC: O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários:para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários:

I- as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;I- as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;(...)(...)§ 2o.§ 2o.- Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu - Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu

somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados.praticados.

Legitimidade Passiva (réu): Aquele que praticou a ofensa à posse, ainda que também seja possuidor.

Page 17: Pratica Civil

Requisitos Específicos da InicialRequisitos Específicos da Inicial

Requisitos Gerais do art. 282 do CPC

Requisitos Específicos do art. 927 do CPC– A posse (exibição do título de habilitação);

– Demonstração da turbação ou do esbulho;

– Data da turbação ou do esbulho;– Continuação da posse (ação de manutenção) e

a perda da posse (ação de reintegração).

Page 18: Pratica Civil

Concessão Liminar da Tutela PossessóriaConcessão Liminar da Tutela Possessória

Liminar inaudita altera parte (art. 928, caput, 1o. parte) – comprovação do autor dos requisitos específicos (art. 927)

Liminar após a audiência de justificação prévia (art. 928, caput, 2o. parte)

Art. 928 do CPC: Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz Art. 928 do CPC: Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor o justifique ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor o justifique previamente o alegado, citando-se para comparecer à audiência que for previamente o alegado, citando-se para comparecer à audiência que for designada.designada.

Parágrafo únicoParágrafo único- Contra as pessoas jurídicas de direito público não será - Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.respectivos representantes judiciais.

Page 19: Pratica Civil

Valor da CausaValor da Causa

O valor da causa deve ser equivalente ao do bem objeto do litígio. Tratando-se de bem imóvel, deve-se utilizar a estimativa oficial para lançamento do imposto (IPTU), ordinariamente denominado “valor venal”.

Page 20: Pratica Civil

Roteiro Geral das Ações PossessóriasRoteiro Geral das Ações Possessórias

Endereçamento Qualificação Os Fatos O Direito Cumulação de Pedidos (art. 921)* Concessão de Pedido Liminar Os Pedidos

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Os FatosOs Fatos

A narrativa dos fatos deve explicar os incisos do art. 927.

1o. Parágrafo – A qualidade de possuidor do autor e a violação dela pelo réu.

2o. Parágrafo – A espécie de violação, a data da ocorrência, e o estado atual dela.

Observação: A eventualidade de pedido cumulado desdobra esse parágrafo em dois.

3o. Parágrafo - A impossibilidade de solução amigável e pacífica e a conseqüente necessidade de interferência do Poder Judiciário para solucionar o litígio.

Page 22: Pratica Civil

O DireitoO Direito

No direito demonstra-se que o autor tem direito à proteção possessória.

1o. Parágrafo – Explicação do art. 1210 do C.C e 926 do CPC.

2o. Parágrafo – Explicação da Importância social de proteção da posse (art. 5o. XXIII da CF).

Observação: A eventualidade de pedido cumulado desdobra esse parágrafo em dois.

3o. Parágrafo – Da prova dos incisos do art. 927 do CPC 4o. Parágrafo – Reforço Jurisprudencial e doutrinário sobre

a proteção possessória.

Page 23: Pratica Civil

A Concessão do Pedido LiminarA Concessão do Pedido Liminar

No liminar demonstra-se o cumprimento do art. 927 e o direito assegurado pelo art. 928 do CPC.

Reforço argumentativo:Reintegração de posse: a continuidade da perda;

Manutenção de posse: a perturbação e possibilidade de transformação em esbulho;

Interdito Proibitório: a concretização da ameaça iminente.

Page 24: Pratica Civil

Os PedidosOs Pedidos

1- LiminarConcessão da liminar inaudita altera parte com expedição do mandado

(reintegração, manutenção, proibitório) em favor do autor

OU

Antes da apreciação da liminar seja realizada audiência de justificação (CPC, art. 928) ou mesmo diligência do Sr. Oficial de Justiça, por meio de mandado de constatação, para que este verifique a situação do imóvel.

2- Citação da ré (réu) por Oficial de Justiça

3- Confirmação da liminar e procedência do pedido, para conseqüente (reintegração,manutenção, cessação da ameaça) e Pedido Cumulado* (921, I e II)

5- Aplicação do art. 920

6- Multa (Art. 921, II)

7- Produção de Provas

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Ação ReivindicatóriaAção Reivindicatória

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Responsabilidade CivilResponsabilidade Civil

Elementos de caracterização Dano material Dano moral Estrutura da Ação Indenizatória Elementos de caracterização Propriedade Base legal Estrutura da Petição Inicial