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Praga das mil e uma faces

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Reportagem sobre a cidade de Praga, República Checa.

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Praga das mil e uma faces

É injusto só ter dois olhos quando chegamos a esta cidade. Porque, dentro desta, há muitas mais. O tempo foi passando e deixou em cada rua, uma igreja, um edifício ou um monumento cheios de histórias e pormenores que, quando voltamos a olhar, já não são o que eram – são mais.

Pedro Miguel Santos José Carlos Carvalho

IAM, BRINCAVAM OU FAZIAM A POSE DO MOMENTO para o fotógrafo que os perseguia. O branco puro do vestido dela contrastava com o negro do fato dele. Contrastava com as cores escuras das estátuas que se empoleiram à entrada do Novo Palácio Real. Contrastavam ainda mais com as altaneiras tor-res da Catedral de São Vitus, Venceslau e Adalberto. Eles, os noivos, andavam por ali como se o mundo fosse só deles e pararam a contemplar a vista da cida-de. Não podiam ter escolhido sítio melhor: os domínios do Castelo de Praga.

O maior castelo medieval do mundo tem a particularidade de, como a cidade, não ser apenas um castelo. Quando chegamos à Colina Hradčany

e começamos a invadir os seus territórios não temos noção do que nos espera. Há uma pequena urbe ali dentro que vive das mais extremadas

oposições mas onde tudo parece fazer sentido. As pontiagudas torres góticas da Catedral de São Vitus dominam a paisagem e

parecem dizer: «o céu é por aqui». Apesar da supremacia R Kafka é como o Castelo ou a ponte D. Carlos. Não

precisamos de estar sempre a vê-los para saber que

estão lá. São memória e património da cidade. Não

dos checos mas de toda a humanidade.

Existem museus, lojas, cafés e até um chá

a honrar a sua vida e obra

A luz da cidade é mágica e omnipresente.

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de pedra e metal da catedral, a Igreja de São Jorge, situada precisamente atrás, nasceu primeiro e é um dos mais importantes exemplares românicos da República Checa. O contraste não está só no tamanho, está também na cor: onde uma exibe negro e dourado, a outra mostra tons de terra e branco. Duas casas de Deus, de dois tempos distintos mas que se completam.

Se seguirmos a rua ao lado da Igreja de São Jorge, e virarmos à esquerda, mais uma surpresa: a Rua Dourada. O nome deixa antever grandiosidade, pensei. E pensei mal. Não pode haver rua mais singela, mais despida de adornos e sumptuosidade. As casas foram construídas encostadas à muralha e fazem lembrar um alpendre que foi ganhando forma de habitação. Albergaram, em tempos, as ofi cinas

dos ourives e serventes da corte e no número 22 morou, temporariamente, o celebrado escritor checo Franz Kafka. A noção de habitação é realmente um coisa fantástica, se pensarmos que o espaço útil daqueles casinhotos não é maior que um qualquer quarto das nossas casas.

Volto atrás na rua, que afi nal é uma beco, e resolvo ir em direcção aos jardins que rodeiam toda a fortaleza. Pelo caminho passo na Praça central do Castelo e observo a bandeira checa, a esvoaçar no cimo do Novo

Palácio Real, a residência ofi cial do Presidente da República. Apesar de não o ver, sei que está no palácio – a bandeira está totalmente subida. Se estivesse a meia haste queria dizer que não estava ali, mas por outro lado qualquer do país; se estivesse quase descida saberia que andava pelo estrangeiro. Bela

No Castelo de Praga os noivos vivem o dia mais feliz

das suas vidas. Também por lá viveu Kafka, no

pequeno casinhoto, número 22, da Rua Dourada. Hoje

transformado em loja de livros e recordações em

homenagem ao autor

Envolve tudo e todos

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maneira, esta, que os checos encontraram de obrigar o seu chefe de estado a «picar ponto». Na mesma praça vejo os guardas do castelo avançarem em direcção à entrada: é o render da guarda, que acontece todas as horas num sincopado ritmo militar. O curioso é que a solenidade do acto não impede os guardas de olhar e até sorrir, de soslaio, para quem os observa. Afi nal, não são nenhuns homens-estátua. Prossigo para os Jardins Reais, deixando atrás os guardas, e passo a ponte de madeira para entrar num outro mundo de imponência – o da natureza. Entrar nos Jardins Reais é ver uma alameda ladeada de frondosas árvores por onde se esgueiram velozmente os esquilos e os pássaros. Aqui e ali há fl ores e fontes, num sítio onde não há a multidão de turistas que passeia a apenas alguns metros no castelo. Um sítio para passear mas, sobretudo, para pensar e contemplar a vida.

afka dizia que a Staré Město (Cidade Velha) era «a mais bo-nita decoração de todos os tempos», descontando-se o facciosismo não há-de andar muito longe disso. Há, em Praga, um constante elogio à verticalidade, uma espécie de desígnio que obriga qualquer cúpula ou telhado a tentar chegar mais alto, a terminar num qual-quer símbolo de metal dourado. O centro não pode ser real, porque parece que o tempo não passa pelos edifícios. As muitas esplanadas de cafés e restaurantes, com os seus vasos de fl ores, dão vontade de sentar e não sair dali mais. Quase não há edifícios cobertos de publicidade e as ruas estão limpas, quase imaculadas. É bom lembrar que a cidade sobreviveu a duas guerras mundiais e foi considerada património da humanidade – pelos vistos os checos percebem a responsabi-lidade dessas dádivas.

Há centenas de turistas a passear pelas mais famosas atracções da Staré Město, sobretudo concentrados junto ao Relógio Astronómico, que está colado ao edifício da antiga câmara municipal. Não percebia muito bem o porquê da aglomeração de tantas centenas de pessoas a olhar para o alto do relógio. Pelos vistos, à hora certa, (quando a concentração de turistas de pescoço esticado é maior) doze apóstolos saem de duas janelas que estão incrustadas no Relógio. Ao mesmo tempo, dos lados, mexem-se – quase nada, diziam os mais desiludidos – quatro figuras: Esqueleto,

As marionetas e as suas lojas são como os turistas,

não acabam. Sobretudo quando a hora bate

certa e os forasteiros se concentram frente ao

Relógio Astronómico para ver as fi guras dos doze

apóstolos, que o rodeiam, a mexer e o galo a cantarK É mais fá

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Turco, Avarento e Vaidoso. Depois do desfile dos apóstolos ouve--se o canto do Galo e o relógio põe-se a bater. Um espectáculo que demora menos de um minuto, mas tem o dom de, de hora a hora, conseguir ser elevado a acontecimento da cidade.

De aglomeração em aglomeração ando pelo centro, entre as lojas de marionetas e cristal da Boémia, com o objectivo de chegar à Ponte D. Carlos, que não demoro muito a identifi car. Pelo caminho, na rua Karlova, salta à vista uma pequena placa de madeira trabalhada que atravessa a rua de uma ponta à outra e anuncia a ópera Don Giovanni, em marionetas. Está em cena há nove anos consecutivos, todos os dias, e o sucesso deve-se ao facto de Mozart a ter composto em Praga. Mais à frente, só a 30 metros da ponte, os objectos de madeira continuam a ter destaque mas, desta vez, no Museu de Instrumentos de Tortura Medieval. Depois de uma visita é impossível não querer entrar rapidamente na ponte para lavar a alma, e as vistas.

Quinhentos e dezasseis metros é quanto mede a mais antiga ponte da cidade, que une a Cidade Velha (Staré Mesto) à Cidade Pequena (Malá Strana). Andar sobre o rio Vltava é como passear numa galeria ao ar livre: há vendedores de fotografi as, artesanato, fazedores de caricaturas e retratos em carvão; há grupos de música com o chapéu no chão à espera das moedas; há grupos de fotógrafos, amadores e profi ssionais, de tripés montados para apanhar o melhor ângulo do castelo; há vida, muita vida. E as trinta estátuas de santos e madonnas que se espalham pela Karluv most (o nome checo da ponte) e observam, atentas, todo este pulsar, que é tão intenso de dia, como de noite. Passo a torre que entra na Cidade Pequena e procuro a famosa Igreja de São Nicolau. A sua cúpula esverdeada não engana e vai-me orientando até a descobrir. É um dos mais perfeitos exemplares da arquitectura barroca na República Checa. Lá dentro, depois de me admirar com o pormenor e perfeição dos frescos que ocupam todo o abobadado tecto, da rica decoração dourada do órgão, das paredes amplamente ornamentadas numa mistura de mármore falso e verdadeiro, da luz que inunda todo o espaço, achava que mais nada me podia impressionar. Mas, na capela lateral perto da saída, sorrio e noto que havia ali algo que me trazia de volta a Portugal – uma pequena imagem de Santo António. É reconfortante encontrar um bocadinho do que é nosso, assim, sem estarmos à espera. Saio e resolvo ir sem direcção, mas depressa a memória me levou até ao castelo – mais uma noiva andava por ali, segurando o seu vestido e sentando-se numa esplanada para a típica foto. As noivas assentam bem na magia da cidade. Continuo e resolvo entrar numa igreja. Os pedintes, à porta, mostravam que devia ser concorrida, fi quei mais tarde a saber que era o templo de Nossa Senhora da Vitória e do Menino Jesus de Praga. Estava à espera de mais um edifício de culto amplamente decorado, e era. Mas o que me prendeu a atenção não foi só isso. Estava a rezar-se missa e, de repente, o ouvido começa a ouvir mais e mais e reconhece aqueles sons. A missa era em português e estava a ser dada por um padre brasileiro. Praga tem realmente algo de mágico e distinto.

s fácil sentir a cidade no alto de uma esplanada

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a Cidade Pequena há, no desembocar da ponte Legií, um edifício grandioso que marca a imagem da cidade – é o neo-renascentista Teatro Nacional. Um edifício colado ao rio que, de noite, tem uma das mais bonitas ilu-minações de Praga. Mas não é só este imponente palco que ganha outra vida de noite – observados daqui, a ponte D. Carlos e o Castelo têm um halo brilhante que fi ca gravado na memória. Quem certamente não esquece Praga é o seu mais atento observador, o rio Vltava. Nas suas

margens são vários os restaurantes e esplanadas que aproveitam a oportuni-dade de poder vê-lo correr calmamente. Sobre as suas águas há um constante bulício de aves e peixes aos saltos e, entre estes, os barcos e as gaivotas (daque-las que não voam e se pedalam) fazem bailados sem nexo a apreciar as vistas.

O que também não pára é o ponteiro gigante situado na colina do lado opos-to à ponte Chechuv, que desemboca no famoso Bairro Judeu (Josefov). Antes, no seu lugar, estava uma gigantesca estátua de Estaline. Mas, porque é o tem-po que deve imortalizar os homens, a estátua caiu e, no seu lugar, está o pen-dular ponteiro vermelho, como que a dizer: «o tempo passa e só permanece o que vale a pena». E vale a pena visitar o Bairro Judeu. São muitos os templos que povoam esta zona da cidade, com destaque para a sinagoga Velha-Nova, a mais antiga de Praga e a mais importante para a comunidade judaica. Um estranho edifício que se foi alterando desde que começou a construir-se, no século XIII, até aos dias de hoje. Outro incontornável símbolo desta zona é o Cemitério Velho Judeu, um campo com mais de 12 mil desordenadas lajes que parecem nascer da terra em misturas de estilos que vão do gótico ao rococó.

Mistura é defi nitivamente uma constante nesta cidade, e nem só de edifi ca-ções antigas vive Praga. Há, aliás, ícones do presente a lembrar esta génese de heterogeneidade. Na Cidade Pequena, próxima da ponte D. Carlos, é impos-sível não reparar numa fi la de seres amarelos, que vêm de uma esplanada. Por mais estranho que pareça são pinguins gigantes e, olhando com atenção para o edifício de onde partem, reparo num crocodilo roxo na fachada e, antes dele, no meio do rio, uma cadeira gigante. Não, não estou a endoidecer. Todas estas instalações pertencem ao Kampa Museu de Arte Moderna que está situado em Kampa, numa verde área de Malá Strana, que faz margem com o rio.

Percorrendo mais alguns metros das suas margens, em Praga 2, em frente

D O Café Duende, em cima, é bem exemplo de como Praga acolhe a diferença: tem de se entrar para sentir. Como não se pode deixar de recordar o sabor da Svícková ou a cor que o Projecto Tijolo dá ao centro histórico da cidade. Frank Gehry fez também com que a Casa Dançante não saia do imaginário de quem visita a cidade do Vlatva.

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à ponte Jiráskuv, surge um dos mais aclamados exemplares de arquitectura contemporânea da cidade. Quando vejo a Casa Dançante inquieto-me com a desordem geométrica. É um típico modelo da arquitectura desconstrutiva, da autoria do americano Frank Gehry. Uma espécie de grito do presente a intro-meter-se na centenária arquitectura de Praga. Uma construção que impres-siona pelo jogo de materiais e formas que a compõem: com janelas desorde-nadas e «braços-de-ferro» entre metal e vidro. Metal e vidro são, igualmente, dois dos principais componentes do melhor miradouro sobre a cidade. É em Mahlerovy sady 1, em Praga 3, que se ergue a Torre de Televisão de Praga, um construção que impressiona pela sua peculiaridade. Um colosso de 216 metros e quase doze mil toneladas que serve de transmissor a programas de televisão e rádio e, ao mesmo tempo, é um miradouro a 360º, um bar, um restaurante e, acima de tudo, um brinquedo. Pelo menos é torre acima que, há anos, brincam meia dúzia de bebés gigantes (esculturas, é claro) sem se preocuparem muito com a altura mas não esquecendo, certamente, a vista panorâmica.

Como não se esquece a magia da Praça da Cidade Velha, nem a beleza dos Jardins Reais, muito menos os quadros da ponte D. Carlos. Como certamente, noiva e noivo, não esquecerão o dia em que disserem sim e imortalizaram o momento, no lindíssimo Castelo de Praga. W

Praga não teria a mesma magia sem a presença judaica

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Como irA TAP voa diariamente para Praga. Fora da época alta é mais fácil encontrar preços acessíveis, a partir de €217, mas nos meses de férias não espere pagar menos de €300. Swiss Air, Lufthansa, Brussels Airlines e Iberia também voam para a capital da República Checa.

O que saberENTRADA. Como país da União Europeia o Bilhete de Identidade ou o Passaporte são apenas o necessário, não necessita de qualquer tipo de visto.

LÍNGUA. A língua ofi cial é o checo mas o inglês é falado fl uentemente nos principais centros turísticos. Com jovens a comunicação é mais fácil.

MOEDA. A moeda é a coroa checa €1 = 23 Kr. Tenha atenção às taxas de câmbio e ao sítio onde troca dinheiro, pode ser mais seguro um banco que uma casa de câmbio, devido às comissões que as últimas cobram. Como os caixas Multibanco estão generalizadas e os cartões de débito são aceites talvez seja mais vantajoso levantar divisas em vez de as trocar.

SAÚDE. É sempre desejável que faça um seguro de saúde antes de sair de Portugal, para que possa cobrir eventuais despesas com tratamentos médicos ou medicamentos. Os números de emergência são: 158 (polícia), 155 (ambulância), 150 (bombeiros),

TRANSPORTES. O aeroporto de Praga Ruzyne dista cerca de 17 quilómetros do centro e a disponibilidade de autocarro ou táxi estão assegurados. Por via rodoviária também não terá grandes problemas a entrar na cidade e a viajem não demora mais que 20 minutos. É muito fácil mover-se no centro já que a densa rede de eléctricos tem uma frequência que lhe permite ir onde quiser a qualquer hora. Tem também ao seu dispor a rede de metro com três linhas que fazem a ligação com as principais estações de autocarros que servem os subúrbios, mas que encerram à meia-noite. Os bilhetes são válidos para andar em qualquer um destes meios durante um determinado período de tempo. Quanto aos táxis deve ter atenção já que não existe uma tarifa legal defi nida – pergunte sempre quanto custa ir até onde deseja e peça sempre factura. A companhia mais segura e mais barata é a AAA (233 113 311).

TELEFONES. Para ligar para a República Checa marque 00420, se for para Portugal o indicativo é o 00351. As três operadoras portuguesas de telemóveis têm contratos de roaming com os operadores checos e não precisa de marcar o indicativo se quiser ligar para um número móvel.

ELECTRICIDADE. A corrente é de 230 V e 50 Hz. Não precisa de levar adaptador de tomada.

CUIDADOS ESPECIAIS. As autoridades checas advertem para a presença de grupos de carteiristas nos principais locais turísticos e nos transportes públicos, especialmente metro e eléctricos em hora de ponta. Tenha cuidado com grandes aglomerações ou súbitas confusões à entrada ou saída dos transportes. Ainda assim, Praga é uma cidade segura.

INFORMAÇÕES: Embaixada de Portugal na República ChecaPevnostní 9160 000 Praga 6Segunda a Sexta das 09h00 às 16h00Tel: (00420) 257 311 230; 257 311 231

Fax: (00420) 257 311 [email protected]

Fazer e verPraga tem tanto para oferecer que vai depender de si explorar e descobrir todas as suas riquezas. Ainda assim é incontornável visitar o Castelo na colina Hradčany. Da Catedral de São Vitus aos Jardins Reais, passando pela Rua Dourada e pelo Mosteiro de São Jorge tem tanto um mundo de coisas para ver. Na Cidade Velha (Staré Město) andar à descoberta dos locais é o melhor. Mesmo assim, veja o Relógio Astronómico (colado ao antigo edifício da Câmara Municipal) e a Igreja de Nossa Senhora de Týn, na Praça Antiga da Cidade. Se é amante de Kafka vá também ao museu que se situa lá perto. Se o que gosta mesmo é de música, a programação da Casa Municipal (nám. Republiky 5, Praga 1. www.obecnidum.cz) – um belíssimo edifício de concertos e espectáculos de estilo arte nova praguense – é variada e para todos os gostos. Lá mesmo ao lado não deixará certamente de reparar na escura Torre

Guia do viajante

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de Pólvora. No meio destes dois importantes monumentos há uma praça que todos os anos acolhe, nos meses de Verão, o «Projecto Tijolo» - só tem de comprar e pintar um tijolo e está a ajudar uma associação de defi cientes mentais. Todos os tijolos fi cam expostos na praça, o que dá um colorido muito interessante a toda a zona.Voltando para junto do Vltava faça um passeio de gaivota e veja toda a beleza da ponte D. Carlos e das torres que ladeiam o seu início, nas duas margens. Ainda em Staré Město observe a grandiosidade do Teatro Nacional (no fi nal da ponte Llegií) e do Rodolfi num (fi m da ponte Manesuv), uma obra do mesmo estilo, que alberga a Casa dos Artistas e a Filarmónica Checa. Logo a seguir a este edifício, em Josefov (Bairro Judeu), as diversas sinagogas e o cemitério são pontos de passagem obrigatórios. Do lado da Cidade Pequena (Malá Strana), não falhe a Igreja de São Nicolau e a do Menino Jesus de Praga e o Kampa Museu de Arte Moderna. Mais afastados do centro surpreenda-se com a originalidade da Casa Dançante de Frank Gehry (Praga 2, saída da ponte Jiráskův) e da Torre de Televisão de Praga (Mahlerovy sady 1, Žižkov, Praga 3).

ComerSe não gosta de comidas muito pesadas é melhor mentalizar-se para os sabores da cozinha checa. Os molhos e temperos são uma constante na maioria dos pratos e privilegia--se sobretudo a carne. Encontrar peixe fresco não é habitual e é caro. Talvez seja por isso que existem tantos restaurantes italianos onde pode reavivar os sabores mediterrânicos com pizzas ou massas. Ainda que os sabores sejam intensos, não deve esquecer que tem sempre a ajuda da cerveja, e a variedade é muita. Aliás, é comum encontrar cerveja caseira em alguns restaurantes. Não se esqueça é que é preciso estômago para aguentar o tamanho do copo normal, meio litro. Não deixe de provar duas das especialidades mais típicas da república Checa: svíčkova e guláš. O primeiro é um delicioso e fi no bife de vaca um amarelado e delicioso molho de natas com frutos vermelhos silvestres. O segundo, é o típico prato de carne de vaca estufada com legumes e pimento, comum a toda a região eslava mas, ao contrário do congénere húngaro, os bocados de carne são grandes. Se não dispensa um belo café, está tramado. O expresso a que estamos habituados raramente o é verdadeiramente e, por mais que especifi que, vai ter a sensação que está a beber café da avó numa chávena de bica.

EXPERIMENTE ALGUNS DESTES LOCAIS:U LabutiHradčanské náměstí 11, Praga 1. Tel: 220 511 191. www.ulabuti.cz. Situa-se na praça em frente à entrada do Novo Palácio Real, o escritório ofi cial do Presidente da República, no Castelo de Praga. Tem um pátio interior com uma esplanada muito agradável e sossegada onde deve aproveitar para descansar da visita à fortaleza e beber uma bela cerveja.

U Zlaté KonviceStaroměstské náméstí 26, Praga 1. Tel: 224 225 293. www.ukonvice.cz. Fica mesmo em frente ao Relógio Astronómico, no centro da Praça da Cidade Velha e o preço também refl ecte isso, ainda assim, tem uma Svickova que não pode perder. As suas catacumbas fazem-no recuar até à Idade Média.

Hotel U PrinceStaroměstské náméstí 29, Praga 1. Tel: 224 213 807. www.hoteluprince.com/terasa. É um segredo bem guardado. Um terraço, no cimo do hotel, que passa completamente despercebido, mesmo no centro da cidade. Ideal para jantar à luz das velas, aproveitar a carta de cocktails com mais de 100 aliciantes ofertas ou se pode deliciar com vinhos brancos e tintos portugueses enquanto aprecia a beleza da vista para o Castelo.

U BudovceTýnská 7, Praga 1. Tel: 222 325 908. Uma pizzaria com jazz, ao vivo, todas as noites, onde a decoração e ambiente acolhedor o fazem querer passar ali a noite, até acabar a música.

DuendeKaroliní Světlè, Praga 1. Tel: 775 186 077. www.duende.cz. Um café bar diferente de todos os que possa encontrar em Praga. Um verdadeiro hino à multiculturalidade que pode apreciar na decoração e nas pessoas de todas as nacionalidades que o frequentam.

Televizní vez Praha Mahlerovy sady 1. Praga 3 – Žižkov. Tel: 242 418 778. O restaurante panorâmico da Torre de Televisão de Praga. Onde pode fortalecer o estômago e alma, com a impressionante vista.

DormirAlchimist Grand Hotel and SpaTržiště 19, Malá Strana, Praga 1. tel: 257 286 011. www.alchymisthotel.com. Visto de fora parece apenas uma pitoresca casa barroca bem

preservada, mas é muito mais que isso. Se quiser sentir-se da realeza por um dia tem de entrar neste luxuoso hotel de charme muito próximo da Igreja de São Nicolau, na Cidade Pequena. Toda a decoração sugere um verdadeiro conto de fadas.

Hastal Prague Old TownHastalska 1077/16, Praga 1, Tel: 222 314 335, www.hastal.com. Num típico edifício do séc. XIX, onde outrora funcionou uma cervejaria e um bar que Kafka frequentava, pode instalar-se a 5 minutos dos principais monumentos. A partir de €52 com acesso gratuito à Internet sem fi os.

Archibald At the Charles BridgeNa Kampě 15, Praga 1, Tel: 257 531 430, www.archibald.cz. Com uma vista privilegiada sobre o Vltava pode fi car literalmente colado ao rio e, ao mesmo tempo, à ponte D. Carlos. Ali ao lado tem também o Parque Kampa e o Kampa Museu de Arte Moderna. Um pitoresco hotel com um pátio interior fantástico para tomar o pequeno-almoço.

Hostel AtlasVe Smečkách 13, Praga 1, Tel: 222 210 500, www.hostelatlas.cz. Situado junto ao Museu Nacional e ao monumento de São Wenceslao tem metro e a principal estação de comboios de Praga a 5 minutos.

ComprarO famoso cristal da Boémia e a porcelana fi gurativa estão presentes um pouco por todo o lado e não pode vir de Praga sem, pelos menos, apreciar a perfeição destas peças. Pode também fi car-se apenas pelo simples vidro e celebrar o gosto pela cerveja trazendo os «baldes» de meio litro. Se os trabalhos manuais lhe despertam simpatia traga na mala uma marioneta ou algum dos muitos brinquedos e artigos de madeira, falta de escolha não terá. Para nunca se esquecer da rua do seu hotel ou da praça que mais gostou, tem sempre à venda as típicas placas toponímicas vermelhas, que salpicam todos os edifícios checos com a sua forma côncava. Não pode deixar de trazer algum dos muitos quadros que se vendem na ponte D. Carlos e se quiser uma maior oferta não deixe de visitar uma pequena galeria, nos pilares da ponte, do lado da Cidade Pequena. Na maioria das lojas vai encontrar produtos da Fun Explosive, que quase já são a imagem de marca dos souvenirs de Praga: T-shirts, azulejos, canecas, copos, etc. com divertidas ilustrações dos principais ícones da cidade.

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