pra cá de teerã - questões de subjetividade no ciclo autoral de marjane satrapi

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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO JOÃO ARAÚJO JOÃO GALDEA LAIS VITA MARCEL AYRES MARCELO LIMA PRA CÁ DE TEERÃ: QUESTÕES DE SUBJETIVIDADE NO CICLO AUTORAL DE MARJANE SATRAPI DISCIPLINA: COMUNICAÇÃO E CULTURA CONTEMPORÂNEA PROFESSORA: ITANIA MARIA MOTA GOMES Salvador, Bahia 2010.1

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Artigo orientado por Itania Gomes na disciplina Comunicação e Culturas Contemporâneas (Facom - UFBA)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

JOÃO ARAÚJO

JOÃO GALDEA

LAIS VITA

MARCEL AYRES

MARCELO LIMA

PRA CÁ DE TEERÃ: QUESTÕES DE SUBJETIVIDADE NO CICLO AUTORAL DE

MARJANE SATRAPI

DISCIPLINA: COMUNICAÇÃO E CULTURA CONTEMPORÂNEA

PROFESSORA: ITANIA MARIA MOTA GOMES

Salvador, Bahia

2010.1

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Introdução

O presente artigo analisa a constituição das questões de subjetividade nos álbuns

de quadrinhos do ciclo autoral da novelista gráfica iraniana Marjane Satrapi, a primeira

autora de HQs de seu país a ser distribuída comercialmente. Composto por três obras:

Persépolis, publicada em quatro volumes entre 2000 e 2003; Bordados (Broderies,

2003) e Frango com Ameixas (Poulet aux prunes, 2004), elas foram lançadas pela

editora francesa L’Association. Persépolis, primeiro trabalho de Marjane, ganhou em

2001 e 2003 prêmios no Festival de Angoulême, na França. Frango com Ameixas, em

2005, também recebeu este prêmio, na categoria melhor álbum de quadrinhos do ano.

Persépolis foi eleita em 2004 a melhor HQ da Feira do Livro de Frankfurt e com

o sucesso (só na França foram comprados mais de 400.000 exemplares1) os direitos de

publicação foram revendidos para mais de 20 países. No Brasil, o álbum foi publicado

pela Cia. das Letras entre 2004 e 2007, ano em que foi adaptado para o cinema,

vencendo o Festival de Cannes e sendo indicado ao Oscar de Melhor Animação em

2008. Na esteira do êxito do longa e da tradução, a Cia. das Letras traduziu, em 2008,

Frango com Ameixas e – em 2010 – Bordados. A distribuição recente de Bordados em

português renova o interesse no trabalho da autora, tornando este um momento propício

para as análises. É importante mencionar que Marjane também publicou obras infantis,

por outras editoras, não incluídas no corpus por não pertencerem ao seu ciclo autoral.

As obras aqui analisadas adquiriram notoriedade – perceptível pelas premiações

e tiragens. Consideramos, porém, que o sucesso de Satrapi na França não pode ser

entendido isoladamente. Para compreendê-lo, é necessário situar a autora no contexto

do desenvolvimento do mercado de quadrinhos francês. Até os anos sessenta marcado

pelo pouco prestígio entre os críticos culturais do país, o campo dos quadrinhos não

levava em conta noções como a de autoria (a maioria dos trabalhos nem trazia os

créditos de produção). A partir daí, as bandas desenhadas começaram a estruturar um

mercado cada vez mais forte e ainda nos anos 70 a crítica cultural passa a tratar os

quadrinhos como objetos de interesse (ANDRADE, MARIA, NEVES, REIS, 1990). Hoje,

os álbuns franceses são consumidos por todas as camadas sociais e geracionais do país,

chegando a tiragens de três milhões de exemplares e ao lançamento anual de mais de

três mil títulos, muitos em acabamento de luxo2, priorizando produções autorais.

1http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12593, acessado a 13/06/2010

2 http://omelete.com.br/quadrinhos/industria-de-quadrinhos-francesa-bate-recordes/, acessado a 13/06/10

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O interesse francês pela obra de Marjane também se justifica pela força que o

pensamento orientalista teve na França, mas embora defendamos que ela tenha uma

visão em muitos aspectos ocidentalizada, justificada em parte pela vivência que teve no

Ocidente, não negamos a importância da experiência de desenvolvimento cultural,

pessoal, político, religioso, ético e estético que Marjane teve no Irã. Acreditamos que tal

vivência a ajude a se diferenciar do escopo de autores orientalistas tão trabalhados por

Said (1996). Isso porque, parafraseando a introdução de Cultura e Imperialismo (SAID,

1999, p. 23), “Não creio que os escritores sejam mecanicamente determinados pela

ideologia, pela classe ou pela história econômica, mas acho que estão profundamente

ligados à história de suas sociedades, moldando e moldados por essa história”.

Resumo dos enredos

Persépolis trata da história de vida e do desenvolvimento pessoal de Marjane

Satrapi. A narrativa faz uso de descrições das conjunturas dos meios familiar e social da

protagonista em vários momentos históricos para revelar ao leitor os modos como

situações externas a afetaram e acabaram por construí-la, formando a sua personalidade.

Nascida no Irã e criada por uma família liberal, a personagem relata como a mudança

para um país europeu mudou a forma como julgava a si mesma e à situação política e

cultural do seu país, e – por outro lado – como a volta para o Irã a desterritorializou.

.Frango com Ameixas nos conta de Nasser Ali, tio-avô da autora, que decide

morrer após sua esposa quebrar seu tar (instrumento musical persa) durante uma briga.

O objeto tem valor inestimável para ele, famoso em seu país pelo virtuosismo artístico.

A busca malsucedida pelo novo tar o leva a conflitos com a família e amigos. Apesar de

narrar os últimos dias do protagonista, entrecortados por lembranças, diálogos, desejos e

arrependimentos, a história é apresentada com traços de humor e ironia.

Bordados, no Irã, é um termo tanto relacionado com a gíria brasileira “tricotar”

como trocar fofocas, como à cirurgia de reconstituição do hímen, procedimento adotado

por várias iranianas por pressão para casar virgens. O quadrinho narra uma tarde de

conversas entre um grupo de mulheres que se encontram depois do almoço para tomar o

samovar – chá típico – e compartilhar experiências, em grande parte sobre homens.

Questões de Subjetividade

Aqui, entendemos que “o indivíduo é uma construção, e não um dado inerente

ao humano” (LOPES, 2002, p. 89), ou, dito de outro modo, “a identidade é uma

construção que se narra” (CANCLINI, 2005, p. 163). Isto não equivale a afirmar que as

identidades sejam mentiras, e se na vida cotidiana o “eu” só chega a outrem através de

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representações que fazemos de nós mesmos (GOFFMAN, 1995), nos produtos culturais

é ainda mais evidente que as identidades só nos chegam através de representações.

Consideramos a noção de autor empírico (BUESCU, s/d) como sujeito portador

de uma identidade biográfica e psicológica reconhecível extratextualmente, mas sem

deixar de considerar que somente a narrativa nos informa sobre aquilo que relata

(GENETTE, s/d, p. 26). Não pensamos, portanto, as histórias das HQs como reais.

Trata-se de verossimilhança. Em termos metodológicos, isso implica, para nós (SAID,

1996, p. 31-32) que “o que se deve procurar são os estilos, figuras de linguagem, os

cenários, mecanismos narrativos, as circunstâncias históricas e sociais, e não a correção

da representação, nem a sua fidelidade a um grande original” (grifo do autor). Isso não

significa dizer que desconsideramos os posicionamentos de Marjane enquanto autora,

mas que esses foram avaliados a partir de marcas de autoria (composição, traço,

narrativa, construção de personagens) e não pelas ações da Marjane personagem, ou ao

menos não como se estas indicassem uma verdade fiel à vida da autora.

Hall (1997, p. 17-19) discorre acerca de dois sistemas de representação, um

deles relativo à apreensão do mundo em conceitos, que leva à criação de mapas de

significado e o segundo, ao qual as próprias histórias em quadrinhos pertencem,

compreende a representação como concebida em sua dimensão significante, isto é como

um sistema sígnico. Consideramos, seguindo Foucault, que esses sistemas estão sempre

ligados a regimes foucaultianos de verdade (RABINOW, 1999) e pertencem a

formações discursivas de emergência histórica.

Óbvio que seja, as concepções de subjetividade com as quais dialogamos

rejeitam noções de indivíduos atomizados com identidades imutáveis. Entendemos os

sujeitos como fragmentários e suas identidades como transversais – gênero, classe,

geração, etnia, religiosidade, posição política, etc. se amalgamando como numa

“alquimia” (CASTRO, s/d, p. 8) multiforme, contraditória e polifônica. Condições

nunca idiossincráticas, mas sempre coletivas e relacionais, são consideradas como

constituintes das subjetividades, na medida em que interpelam os sujeitos como se lhe

falassem e que a própria identidade é ela mesma construída de modo relacional, o “eu”

definindo-se sempre em oposição a um “outro” que não sou (SILVA, 2000).

Este artigo não analisa apenas os modos como Marjane representa a si própria,

mas também aos outros personagens. Contudo, uma das razões para a escolha das HQs

do ciclo autoral da novelista gráfica como corpus deste exame é o aparecimento nas

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obras em questão – não verificado nos seus trabalhos infantis como um todo – dela

como personagem. Todas as HQs analisadas possuem caráter biográfico, apresentando

Primeiro, os “aspectos sociológicos do ser humano” – as relações com

outras pessoas, o padrão da vida cotidiana e a relação com o mundo

em que vive. Segundo, a psicologia: a natureza do desenvolvimento e

a estrutura da personalidade. Terceiro, a história: o encontro com o

mundo, o “objeto-mundo” compreendido ou incompreendido. Quarto,

a evolução dos três âmbitos anteriores (VILAS BOAS, 2002, p. 40).

Apesar de tradicionalmente serem classificados como gêneros literários,

compreendemos que biografias e autobiografias são gêneros híbridos que reúnem

elementos próprios de campos diferentes como literatura, história e do jornalismo,

sendo híbridas por natureza (VILAS BOAS, 2002, p.15).

Tomando Persépolis, podemos considerá-la uma autobiografia, definida por

Lejeune (2008, p. 14) como “narrativa retrospectiva em prosa3 que uma pessoa real faz

de sua própria existência, quando focaliza sua história individual”, embora a história

social ou política possam também ocupar espaço (p. 15). O que define uma

autobiografia é que a necessária identidade entre autor, narrador e protagonista – mesmo

que assumam diferentes nomes. Isto pode ser verificado no uso da primeira pessoa

(realizado por Marjane nas três obras). Segundo os autores Correia e Silva (s/d, p. 7),

“Persépolis também pode ser considerado um romance gráfico de aprendizagem,

embora com diferentes níveis de conhecimento. Familiar, sim; político, também”.

Embora Frango com Ameixas e Bordados não sejam romances gráficos de

formação, fica claro o caráter autobiográfico que assumem em alguns momentos. Em

Frango com Ameixas isso ocorre de modo peculiar, uma vez que a narração permanece

com as marcas características de onisciência e terceira pessoa até certo ponto da trama,

quando abruptamente assume a primeira pessoa e revela ser a autora. Percebemos aqui o

que Groensteen (1999, p. 136) chama de redundância icônica, repetição de ícones

idênticos ao longo da narrativa (nesse caso, das narrativas). A aparição repetida de

Marjane servindo para identificá-la enquanto mediadora da narração.

Análise

O orientalismo é “um modo de escrita, visão e estudo regularizado (ou

orientalizado), dominado por imperativos, perspectivas e preconceitos ideológicos,

ostensivamente adequados ao Oriente” (SAID, 1996, p. 209). “O oriente que aparece no

orientalismo, portanto, é um sistema de representações enquadrado por todo um

3 Atualizando o autor, por estarmos trabalhando com quadrinhos, entendemos aqui narrativa em prosa

como quaisquer obras que recorram a uma narração.

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conjunto de forças que introduziram o Oriente na cultura ocidental” (idem). Seria

errôneo, porém, pensar o orientalismo como dogmático e normativo. Ao contrário, “o

orientalismo é melhor entendido como um conjunto de coações e limitações ao

pensamento que como simplesmente uma doutrina positiva” (p. 52). Por analogia, o

conceito pode ser associado àquele de determinação apresentado por Williams (1979, p.

87 a 92) como limites e pressões (p. 91) sobre aqueles que escrevem sobre o Oriente.

Analiticamente, são essenciais os dispositivos metodológicos apresentados por

Said (1996, p. 31) de localização estratégica como posição em que se coloca o autor em

relação ao material sobre o qual escreve e formação estratégica como relação entre um

grupo de textos e o modo como ganham densidade e poder referencial.

A respeito da localização estratégica em que se coloca Marjane, uma fala sua

em Persépolis é exemplar: “Minha calamidade se resumia numa frase: eu não era nada.

Era uma ocidental no Irã, uma iraniana no Ocidente, não tinha identidade alguma. Não

via nem mesmo porque estava viva” (2007, p. 274). Aqui, Marjane esclarece seu

deslocamento identitário e torna patente a sensação angustiante em que se encontrava.

Essa posição e a tensão entre a cultura iraniana e ocidental atravessam todas as obras.

O estilo adotado pelos trabalhos pertence ao que se entende como tradição

franco-belga de quadrinhos: quadros retangulares (a exceção a isso é Bordados, onde os

limites dos quadros não são evidenciados, embora sejam percebidos), imagens que

respeitam as bordas, narrativas lineares4 etc. Este dado, que diz respeito à formação

estratégica composta pelas obras, nos diz da localização estratégica da autora, uma vez

que Marjane assume assim uma ocidentalidade no próprio modo de compor, embora

não se negue iraniana, por exemplo, no que diz respeito à escolha de referências à

iconografia persa. Mais uma vez, fica claro o tensionamento das posições da autora.

Aproximação aos personagens, humor e ironia conotam uma posição estratégica

declaradamente parcial em relação aos episódios que relata nos livros. Livros que se

diferenciam entre si quanto ao grau de contundência com que abordam as questões que

lhes são pertinentes. Bordados é marcado por uma simplicidade – o que não significa

que não trate de questões sérias ou importantes – enquanto um pesar toma conta de

Frango com Ameixas e em Persépolis a densidade, tensão e angústia chegam a limites.

Apesar disso, mesmo nas duas últimas há espaço para o humor, e situações extremas

(como cenas de tortura) são atenuadas pela iconicidade dos traços.

4 O recurso a fatos do “passado da narrativa” não interrompe a linearidade do discurso narrativo.

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Outra questão a se reparar é o modo como as obras representam aquilo que foi

chamado por Hall (2008) de tradição e tradução. Tradição entendida no sentido de

Williams como “uma força ativamente modeladora, (...) sempre mais do que um

seguimento inerte e historicizado” (1979, p. 118) e tradução como incorporação pelos

sujeitos de elementos de culturas diferentes daquelas nas quais foram criados, mas não

só, como também modos que os sujeitos adquirem, quando imersos em outras culturas,

de viver as próprias tradições da sua cultura de origem – mantendo a analogia com

Williams (1979), poderíamos entender a tradução como o agregar, por comunidades

migratórias de certos grupos étnicos, elementos culturais emergentes (de aparição

relativamente recente) ou mesmo o surgir de estruturas de sentimento (sensibilidades

coletivas não cristalizadas em formas sociais) no seio dessas comunidades migratórias.

Os costumes cotidianos são os preferidos por Satrapi ao lidar com questões de

tradição. O tar, em Frango com Ameixas; o samovar, em Bordados; o véu, em

Persépolis. Esses elementos são compreendidos pela autora de modo plural: enquanto

emostra carinho pelo hábito de tomar samovar (chega a nos explicar que não se trata de

uma infusão, mas de um chá cozido) e compara a qualidade de um tar com

correspondentes ocidentais (violino stradivarius), ela se sente reprimida pelo véu,

apresentando essa coerção de formas múltiplas – de discursos articulados ao sarcasmo

da imagem de crianças brincando com véus, sem entender a razão de usá-los.

As traduções apresentadas pela autora são também diversas, a mais patente delas

sendo a representação icônica de uma espécie de Disneylândia com motivos persas em

Persépolis. Uma coleção de exemplos pode ser tirada das relações das personagens de

Bordados com o Ocidente, como a da vizinha Azzi, que se via como dançarina da MTV.

O importante a se notar é que para Marjane, os elementos de tradução são

incorporados aos poucos. Isto fica claro em Persépolis, quando a personagem primeiro

apenas finge que se droga para se dar bem com seu grupo de amigos e mais tarde se

torna uma quase viciada. O modo como ela enxerga a tradução é sofisticado, em

consonância com as descrições de Williams. Por exemplo, quando criança, em

Persépolis, a protagonista se pensa como uma profeta e conversa com Deus, apresentado

iconicamente, e não como uma voz etérea, usualmente associada à divindade.

Em Frango com Ameixas, algo semelhante ocorre quando Nasser conversa com

Azrael, curiosamente anjo da morte nas tradições judeu-cristã e islâmica. Outro aspecto

revelador do modo com Marjane encara a religião, em Frango com Ameixas, é a fala de

Nasser, na página 13, que diz “Caro amigo, a vida passa. Com Deus ou sem ele”. Aqui,

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é importante mencionar que ao contrário de Marjane, ele não tem na obra contato com o

Ocidente, o que contrapõe a visão orientalista do mulçumano como fanático religioso. O

próprio misticismo, aliás, elemento comumente associado ao Oriente exótico, é tratado

nas obras de modo semelhante aos misticismos ocidentais: Em Persépolis, há uma

comunidade de místicos anarquistas que muito lembra uma aldeia hippie. Hippies, aliás,

também parecem os místicos de Frango com Ameixas. Em Bordados, uma praticante de

“magia branca” aparece em uma das subtramas, associada aos charlatanismos das

representações ocidentais (falsa adivinhação, simpatias, figurino berrante etc.).

As concepções de família apresentadas por Marjane são construídas de maneiras

variadas. Em Persépolis, verifica-se entre a figura de Marjane e a de outros membros de

sua família nuclear o que Groensteen chama de solidariedade icônica (1999, p. 21-24), a

repetição de elementos imagéticos em ícones diferentes, a exemplo de personagens

diversos com semelhantes formas do rosto, indumentárias e marcas corporais (cabelo,

postura etc.). É importante notar que a relação de Marjane com seus pais, avó e poucos

tios é retratada com idílio; a ancestralidade sendo valorizada – a exemplo do falecido

avô, um príncipe no governo anterior ao do Xá, que teve bens confiscados depois da

ascensão daquele ao poder. Aqui se verifica um forte vínculo familiar, sendo a família

da personagem um elemento libertador dentro de uma cultura opressora, valorizados o

respeito aos mais velhos e o heroísmo de certos membros, como o tio revolucionário.

Em Frango com Ameixas, onde curiosamente não se verifica a mesma

solidariedade icônica, a família do tio-avô de Marjane é apresentada como sem

estruturas sólidas. A família é co-responsável pela ruína do protagonista. Aqui, percebe-

se que a concepção de família é construída em contraposição a tensão com aquela de

Persépolis. Em Bordados, a concepção de família já é menos nuclear e mais alargada,

contemplando vizinhos mais próximos e amigos.

Quanto às famílias ocidentais, Marjane as representa em Persépolis de dois

modos definidos: um, modelo tradicional, permite embate entre pessoas de diferentes

gerações, caracterizado pela colega de classe de Marjane, Julie, e sua mãe, a quem Julie

não respeita. A narradora crê inconcebível essa falta de respeito pelos mais velhos, o

que considera um valor fundamental. O outro, um modelo alternativo, é apresentado na

comunidade anarquista da qual fazem parte amigos do primeiro namorado de Marjane.

Há tensão também nos modos de representar indivíduos de diferentes gerações:

as posições políticas compreendidas como “de resistência”, ligadas a manifestações de

agenciamento – “capacidade mediada socioculturalmente de agir de modo propositado

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(e, por vezes, criativo) diante de imposições coercivas e estados de dominação,

impedindo, fornecendo ou catalisando mudanças em normas, sanções e hierarquias

sociais e culturais” (FREIRE FILHO, 2007, p. 13) – são, nos personagens mais velhos,

assumidas através de uma sintonia com o comunismo e nos mais jovens apresentam

formas mais variadas, desde a adesão a um visual punk à formação de comunidades

alternativas e grupos de universitários. Em ambos os casos, a resistência é representada

por vezes como prioritariamente simbólica, o que é ironizado por Marjane, ou fruto de

um ativismo político engajado tradicional, valorizado pela autora. Exemplos:

a) Esquerdistas mais velhos que apresentam resistência meramente simbólica:

Huchang, em Bordados, mulherengo que foge para a Europa quando o Xá retoma o

poder em 1953 e trai a esposa e Abdi, em Frango com Ameixas, irmão comunista de

Nasser cuja família teve que dilapidar a fortuna para que ele pudesse “brincar de herói”.

b) Esquerdistas mais velhos que apresentam um ativismo político realmente

engajado: os amigos do pai de Marjane que foram presos e torturados e Anuch, tio herói

da protagonista em Persépolis que ajudou a proclamar uma republica na província

iraniana do Azerbaijão ainda no regime do Xá.

c) Esquerdistas jovens que apresentam resistência meramente simbólica: os

amigos punks da Áustria – para quem tudo o que importa é ler, esquiar ou fazer sexo – e

o grupo anarquista que não faz muito mais do que brincar de esconde-esconde que ela

conhece Enrique, ambos os exemplos tirados de Persépolis.

d) Esquerdistas jovens com um ativismo político engajado: amigos estudantes

politizados que faz ainda na Áustria e que freqüentam passeatas.

As representações do modo como os posicionamentos políticos são defendidos

pelos personagens são mais plurais em Persépolis do que nas outras obras. Acreditamos

que a centralidade da guerra (Revolução Iraniana, Guerra Irã-Iraque) na narrativa desse

livro e o seu caráter de formação são de salutar relevância para isso. Verifica-se que,

apesar da pluralidade das representações de personagens politicamente ativos, a autora

valoriza mais as concepções tradicionais de ativismo político (como a organização de

passeatas), do que formas mais contemporâneas, embora estas apareçam na narrativa.

A apresentação de sequências de quadros retratando aspectos do consumo

cultural é recorrente nas três obras. Em geral, nestas cenas mais do que mercadorias se

mostra o consumo de bens simbólicos, em sintonia com o modo como Canclini (1997)

compreende o ato de consumir. Isso é perceptível uma vez que as situações onde o

consumo entra como destaque são indicativas da tensão entre o Irã e o Ocidente,

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especialmente em Persépolis e Bordados. No primeiro, são comuns imagens de Marjane

jovem usando ao mesmo tempo véu e maquiagem, havendo mesmo quadros em que é

desenhada com um broche do Michael Jackson, jaqueta jeans e tênis Nike. Peripécias

relacionadas a contrabandear pôsteres do Iron Maiden e da Kim Wilde da Turquia para

o Irã também têm vez na narrativa. Em Bordados, outras formas de consumo cultural

(aulas de dança, cirurgias plásticas etc.) ganham relevo. Já em Frango com Ameixas, os

filmes de Sophia Loren são temas de conversa entre Nasser e o irmão.

Acerca de Frango com Ameixas, é preciso mencionar, entretanto, que o

consumo de elementos próprios da cultura persa – em geral de fácil correspondência

com elementos culturais ocidentais –, como o ópio, o tar e pratos saborosos, são

destacados. Merece particular atenção o ópio, que em um momento da narrativa Nasser

chega a misturar ao leite do filho para diminuir sua agitação durante uma viagem e em

Bordados a avó de Marjane mistura um pouco ao seu samovar para melhorar seu humor

de manhã cedo. A naturalidade com que se consome o ópio nessas duas obras só é

contraposta em Persépolis pelo uso recreativo, mais associado ao prazer, que se faz de

maconha no Ocidente. Destaca-se, porém, que nos dois contextos o consumo de drogas

não é marcado enquanto “combate contra si mesmo como ascese, abstinência e auto-

vigilância” (CARNEIRO, 2008, p. 66) e, ao contrário, positivado.

Falta-nos abordar as questões de gênero5 imbricadas nas obras. Vale mencionar

que esta análise tem por base uma teoria performativa do gênero, o que significa dizer

que nos filiamos à noção de que ele só é constituído através da evocação reiterativa de

normas que materializam o próprio sexo biológico (BUTLER, 2001). Em Persépolis,

percebemos tanto a apropriação de certas normas de gênero por parte da protagonista,

mesmo quando não evocadas por outras personagens: sonho de encontrar um amor

romântico, preocupação com a aparência conotada no uso de maquiagem, recato com

relação ao sexo etc. e o questionamento de outras normas: a noção de que só homens

podem ser profetas, o uso do véu, o silêncio sobre o desejo feminino no Irã – ela faz

isso através de uma lógica de inversão: não negando que as mulheres não provoquem

desejo nos homens, mas argumentando que os homens também lhe provocam desejo.

Ela até mesmo questiona, com humor, as próprias críticas feministas a normas cujo

efeito material, caso fossem mudadas, seria fraco ou nulo, como o ato de urinar sentada.

5 A partir daqui, lido como “identidade de gênero”, e não no que diz respeito a estratégias de

comunicabilidade dos produtos culturais.

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Em Bordados, as normas que cada personagem evoca ou rejeita são numerosas,

sempre ligadas a questões de classe, geração, etnia etc. De forma mais ampla, o que

podem ser notadas é uma ideia de solidariedade de gênero: as mulheres se entendem e

se aconselham, embora haja discordância de posições; e uma tensão entre submissão e

empoderamento nas esferas pública e privada. Acreditamos que, a despeito das

clivagens entre as personagens, a solidariedade entre elas é o ponto de maior relevância

na obra. Frango com Ameixas, cujo protagonista pertence ao sexo masculino, apresenta

concepções de gênero mais hegemônicas: os arquétipos normativos da musa, da mulher

amada inatingível e da esposa-bruxa são evidenciados. Nas três publicações, a questão

de classe marca fortemente o gênero: em Persépolis, Mehri, empregada da casa de

Marjane, é impedida por sua condição social de casar com o vizinho a quem ama; em

Frango com Ameixas, Nasser não pode casar com o grande amor porque o futuro sogro

rejeita-o devido a ser músico, profissão via de regra pouco lucrativa, e em Bordados sua

tia Parvin enriquece ao enviuvar de um velho de quem fugiu na noite de núpcias.

Conclusão

A nossa pretensão não foi fazer uma enciclopédia de identidades representadas

no ciclo autoral de Marjane Satrapi. Se o fôssemos, diversas outras questões deveriam

ser postas em relevo (homossexualidade, desenvolvimento corporal, posicionamento

intelectual etc.). O que se deseja é apontar caminhos para prolongamentos analíticos.

Dito isso, compreendemos que de forma geral o modo como Marjane apreende as

questões de subjetividade nesses álbuns é caracterizado por tensionamentos, assunção

de posições por parte da autora – ela apresenta, por exemplo, juízos de valor acerca dos

grupos demagogos de identidade política contra-hegemônica e subversões em relação às

representações tradicionais: ela usa o termo Ocidente para se referir a algo monolítico

no curso de todas as edições, mas nunca usa Oriente, sempre especificando quando fala

do Irã, do Iraque, da Pérsia, da Arábia etc. Além disso, Marjane aponta falhas na

personagem que identifica como ela mesma, como quando mente sobre sua

nacionalidade iraniana, da qual depois afirma ter orgulho, ou quando aponta um homem

como tarado na rua sem este lhe ter feito nada, por medo dos guardiões da revolução a

perceberem de batom.

Por fim, vale dizer que também notamos uma pluralidade de representações das

categorias contra-hegemônicas às quais pertence (grupos políticos minoritários, gênero,

etnia) e representações menos matizadas, embora não hegemônicas, das categorias nas

quais ocupa posições privilegiadas: classe, orientação sexual etc.

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Referências Bibliográficas

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MEMORIAL – Artigo da disciplina

Comunicação e Culturas Contemporâneas 2010.1

Equipe: João Araújo, João Gabriel Galdea, Laís Vita, Marcel Ayres, Marlo Lima.

Artigo: Pra cá de Teerã: questões de subjetividade no ciclo autoral de Marjane Satrapi

Encontro do dia 12/05 (Presentes: Todos)

O grupo elaborou um cronograma interno com datas de reunião e metas de trabalho e

foi feita uma discussão preliminar sobre os possíveis pontos a serem abordados na

análise. Todos os membros já haviam lido pelo menos uma obra da autora para esta

reunião.

Ao longo da conversa, foi notado que a despeito de dúvidas individuais, o maior

desconhecimento coletivo era, de um lado, relacionado às identidades em jogo no Irã,

sobretudo ao que pensam feministas do país. Aqui, foi reconhecido também o

desconhecimento a respeito da relação Oriente/Ocidente, bem como sobre qual é a

situação do Irã nessa conjunção relacional. De outro lado, os alunos estavam também

cercados de dúvidas acerca do contexto de publicação das obras na França. E não só,

mas também sua repercussão nos outros países em que foram publicadas, incluindo no

Brasil; o modo como a própria autora encarava sua obra e seu público; a conjuntura

social da Áustria quando Marjane morou lá; a reação das críticas francesa e brasileira

de quadrinhos a cada uma das obras e à própria história política do Irã.

Decidiu-se, para próxima reunião, que todos teriam de ter lido as obras de Satrapi para

discussão mais acurada.

Encontro do dia 26/05 (Presentes: Todos)

A reunião foi iniciada com uma discussão sobre as obras da autora e listagem de

impressões obtidas durante a leitura dos livros;

Terminado o debate sobre a obra, partiu-se para uma conversa sobre metodologia de

trabalho e divisão de tarefas;

O grupo foi dividido da seguinte forma para pesquisa: 1) Linguagem de quadrinhos,

gênero autobiográfico e narrativa: Marcelo Lima; 2) Feminismo e islamismo: Lais Vita;

3) Oriente/Ocidente, questões geracionais, religiosas e políticas: Marcel Ayres e João

Edurado; 4) Dados histórico-geográfico-políticas acerca do Irá: João Galdea.

Seguem pontos considerados essenciais para pesquisar:

Page 16: Pra cá de Teerã - Questões de Subjetividade no Ciclo Autoral de Marjane Satrapi

15

Questões (internas à obra) relativas a:

1. História do Irã, sobretudo a Revolução Iraniana;

2. Grupos não-islâmicos opostos ao regime do Xá, como os comunistas: sua história, se

sequer se ouve falar deles etc.;

3. Manifestações pró e contra a obrigatoriedade do uso do véu nesse contexto;

4. Questões relacionadas aos mártires. Sua importância na história política do Irã,

inclusive;

5. O contexto político e social da Áustria nos anos 80

Questões (externas à obra) relativas a:

1. Contexto de publicação: Todos os dados possíveis sobre as edições originais na

França e as ao redor do mundo, sobretudo as edições brasileiras (nome da obra em

português, nome original, ano de publicação original, ano de publicação no Brasil,

editora original e editoras pelas quais foi traduzida mundo afora, línguas para as quais

foi traduzida [no caso brasileiro, tradutor, com um pouco de história de vida dele],

tiragens da primeira impressão de cada uma delas na França e no Brasil, dados de venda

na França e no Brasil, recepção das críticas francesa e brasileira, prêmios mundo afora,

preço de cada uma delas no Brasil no site da editora);

2. História de vida dela: inclusive o que ela faz hoje; coletar (se houver) dados sobre as

negociações com as editoras, entrevistas dela, sobretudo se houver alguma em que ela

descreva como concebe seu público.

Encontro do dia 09/06 (Presentes: Todos)

A equipe voltou a se reunir na quarta-feira, 09 de junho, para discutir a realização do

trabalho. Neste encontro, o grupo abordou diversos pontos da análise das obras e

propôs direcionamentos.

Foi redigido um esboço da introdução do artigo a partir das leituras prévias e grifos

trazidos pelos membros da equipe, conforme combinado via correio eletrônico.

A equipe chegou a um consenso sobre os autores e textos que deveriam ter maior

destaque na construção da base teórica e no processo de análise dos objetos

pesquisados.

Por fim, ficou decidido que três dos cinco membros teriam a incumbência da defesa

oral do trabalho.

Page 17: Pra cá de Teerã - Questões de Subjetividade no Ciclo Autoral de Marjane Satrapi

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Encontro do dia 13/06 (Presentes: Todos)

A equipe se reuniu presencialmente para discutir e concluir o referencial teórico do

trabalho.

Com o referencial pronto, iniciou-se o processo de elaboração da análise. Os membros

do grupo elencaram diversos pontos em cada uma das obras analisadas e discutiram a

pertinência das observações em relação aos conceitos apresentados no referencial.

Neste dia, foi elaborado um esboço dos slides que seriam apresentados em sala de

aula.

Encontro do dia 16/06 (Presentes: Todos)

Neste dia os membros da equipe se reuniram presencialmente durante mais de oito

horas para finalizar o artigo e preparar o material da apresentação;

Todos compararam as leituras realizadas individualmente sobre os temas pertinentes à

análise e levantaram as questões a serem trabalhadas;

De começo, os alunos partiram do referencial teórico que já havia sido construído e

escreveram sobre os pontos levantados para análise sem se preocupar com o tamanho

do texto e formatação recomendada para entrega do artigo;

Em seguida, o texto foi editado e revisado e se passou à montagem de slides para

apresentação;

Após finalização do artigo e dos slides de apresentação, os alunos responsáveis pela

defesa do artigo conversaram entre si, decidindo-se por uma apresentação sem

divisões de fala, num formato de conversa e debate.

Todos os integrantes estiveram presentes.

Encontro do dia 30/06 (Presentes: Todos)

Neste encontro, dia anterior à entrega do artigo, os alunos se reuniram virtualmente

para alterações propostas pela professora Itania Gomes durante apresentação do

trabalho;

Este último ponto do memorial foi escrito e unido aos textos já compostos

anteriormente, a cada fim de reunião;

O artigo recebeu última impressão e, assim, finalizou-se os trabalhos da equipe.