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+ PESQUISAR · SAVE · PRINT · SAIR 6.out.2015 N.660 www.aese.pt NOTÍCIAS · AGENDA · OPINIÃO · PANORAMA · DOCUMENTAÇÃO NOTÍCIAS PANORAMA DOCUMENTAÇÃO O Papa Francisco e os EUA AGENDA Os refugiados e a Alemanha Portugal sobe 13 posições, em dois anos, no ranking mundial de competitividade (do 51.º para o 38.º lugar) O que fazer no pós-MBA Bem-vindos refugiados, se vierem No Líbano, mais refugiados que em toda a Europa The Customer Experience Lisboa, 19 de outubro de 2015 A importância da imagem: Do’s & Dont’s Lisboa, 15 de outubro de 2015 A situação financeira e o setor imobiliário Lisboa, 27 de outubro de 2015 A informação e o silêncio: duas faces da moeda de uma mente sã Value selling in B2B Markets Lisboa, 12 de outubro de 2015 Os bispos perante a administração Obama: acordos e desacordos Media “Poema eleitoral” entre outros… A relação entre a ética e inovação social Lisboa, 21 de outubro de 2015 Porto Palácio Congress Hotel & Spa, 22 de outubro de 2015 6.º Torneio de Golf Alumni AESE-IESE Belas Clube Campo, 17 de outubro de 2015 O Agente da U.N.C.L.E.

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NOTÍCIAS

6.out.2015N.660

www.aese.pt

NOTÍCIAS · AGENDA · OPINIÃO · PANORAMA · DOCUMENTAÇÃO

NOTÍCIAS PANORAMA DOCUMENTAÇÃO

O Papa Francisco e os EUA

AGENDA

Os refugiados e a Alemanha

Portugal sobe 13 posições, em dois anos, no ranking mundial de competitividade (do 51.º para o 38.º lugar)

O que fazer no pós-MBA

Bem-vindos refugiados, se vierem

No Líbano, mais refugiados que em toda a Europa

The Customer ExperienceLisboa, 19 de outubro de 2015

A importância da imagem: Do’s & Dont’sLisboa, 15 de outubro de 2015

A situação financeira e o setor imobiliárioLisboa, 27 de outubro de 2015

A informação e o silêncio: duas faces da moeda de uma mente sã

Value selling in B2B MarketsLisboa, 12 de outubro de 2015

Os bispos perante a administração Obama: acordos e desacordos

Media

“Poema eleitoral”entre outros…

A relação entre a ética e inovação socialLisboa, 21 de outubro de 2015Porto Palácio Congress Hotel & Spa, 22 de outubro de 2015

6.º Torneio de Golf Alumni AESE-IESEBelas Clube Campo, 17 de outubro de 2015

O Agente da U.N.C.L.E.

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Portugal desceu de 36.º para 38.ºentre 140 países, no RelatórioGlobal de Competitividade (2015--2016) do World Economic Forum.Os resultados foram dados aconhecer, no dia 30 de setembro,pela PROFORUM e pelo FAE, nasessão pública realizada, como jávem sendo habitual na AESE.Estiveram presentes cerca de 120empresários e dirigentes, numasessão que culminou com umponto de situação do Secretário deEstado Adjunto e da Economia,Leonardo Mathias.

Na verdade, o Ranking de Compe-titividade de Portugal, após umperíodo longo de deterioração(2006 a 2013), conseguiu finalmen-te em 2014 subir 15 posições (de51.º para 36.º). Mas, em 2015, foiultrapassado por dois países euro-peus (a República Checa e a

Lituânia), passando para 38.º lugarnum ajuste técnico na suapontuação de Competitividade para4,52 (em 7), equivalente a 79 % daSuíça, líder nos últimos sete anos.

Portugal registou uma subidasubstancial na eficiência do merca-do de bens (mais 40 posições), nomercado do trabalho (mais 60posições), no impacto das regrasdo IDE (mais 71 posições) e napolítica de custos agrícolas (mais62 posições).

Segundo o WEF, há maisevidências do surgimento de umadivisão na Europa entre os paísesreformistas e os outros. Em França,Irlanda, Itália, Portugal e Espanhaobserva-se uma melhoria significa-tiva nas áreas de concorrência nomercado e de eficiência do mer-cado de trabalho, graças às refor-

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Portugal sobe 13 posições, em dois anos, no ranking mundial de competitividade (do 51.º para o 38.º lugar)

ÍNDICE · NOTÍCIAS · AGENDA · OPINIÃO · PANORAMA · DOCUMENTAÇÃO

Lisboa, 30 de setembro de 2015PROFORUM e FAE apresentam Relatório da Competitividade Mundial do World Economic Forum na AESE,

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Leonardo Mathias, Secretário de Estado Adjunto e da Economia

André Macedo (DN), Luís Filipe Pereira (FAE), Ilídio Serôdio (PROFORUM) e Jorge

Ribeirinho Machado (AESE)

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mas que foram implementadasnesses países. Por outro lado, oChipre e a Grécia não conseguirammelhorar nestes pilares. Na Euro-pa, Espanha, Itália, Portugal eFrança têm feito progressos signifi-cativos no reforço da compe-titividade.

Graças a pacotes de reformasdestinadas a melhorar o funcio-namento dos mercados, a Espanhae a Itália subiram dois e seislugares, respetivamente. Melhoriassemelhantes no mercado de bens ede trabalho na França (22.º) ePortugal (38.º) são penalizadas porum enfraquecimento do desem-penho noutras áreas. A Gréciapermanece na posição 81 este ano,com base em dados recolhidosantes do resgate de junho. A ligeiraqueda de Portugal neste rankingrevela, apesar de tudo, segundo oWEF, uma consolidação dos sinaispositivos resultantes do programade reformas estruturais adotadonos últimos anos, mais evidentesem áreas relacionadas com ofuncionamento do mercado debens.

Ainda segundo o WEF, Portugalcontinuou a registar melhorias emaspetos importantes como onúmero de dias para a criação denegócios, área em que ocupa a 4.ªposição (em 2006, estávamos em89.º lugar), e obteve ganhos naflexibilização do mercado laboral(114.º lugar), o mesmo sucedendorelativamente a áreas como ainfraestrutura (15.º lugar) e aformação profissional superior (28.ºlugar).

O WEF aconselha ainda Portugal anão abrandar o seu esforçoreformista com vista a ultrapassarconstrangimentos macroeconómi-cos, como sejam, um elevadodéfice (103.º lugar) e uma enormedívida pública (135.º lugar),propondo intervenções no fortaleci-mento do acesso ao crédito (107.ºlugar), bem como no incremento daqualidade da Educação (40.º lugar)e da capacidade de Inovação (35.ºlugar).

AESE nos mediaQueda de competitividade? “O BES teve um efeito muito grande aqui, não há dúvida”OBSERVADOR - 30.9.2015

Portugal está menos competitivo do que há um ano JORNAL DE NEGÓCIOS ONLINE -30.9.2015

Portugal está menos competitivo do que há um anoSABADO.PT - 30.9.20153 CAESE outubro 2015

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“O excesso de informação e océrebro humano” foi o temadebatido na AESE, numa sessãode continuidade, em que AlexandreCastro Caldas, Diretor do Institutode Ciências da Saúde da UCP,Pedro Afonso, médico psiquiatra,José Manuel Fernandes, publishere fundador do jornal digital Obser-vador, e Fernando Leal da Costa,Secretário de Estado Adjunto doMinistro da Saúde, foram os orado-res convidados.

Do excesso de informação aovalor notíciaO excesso de informação paraJosé Manuel Fernandes, é “umaquestão muito importante paraquem exerce a profissão de jorna-lista.” Contando com a experiênciano Expresso e da fundação doPúblico e do Observador, o oradorexplicou a necessidade de haverum critério para distinguir entre o

fundamental e o acessório. “Noessencial, o jornalista seleciona oque merece ser noticiado. Antiga-mente, era necessário um interme-diário entre as fontes de informaçãoe os destinatários finais. Hoje, háuma ligação cada vez mais diretaentre as duas partes.”

O primado do homem sobre amáquina“A humanidade não evoluiu assimtanto.” Esta é a opinião do Prof.Alexandre Castro Caldas, recordan-do que “se o excesso de informa-ção fosse nocivo para o cérebro,tínhamos parado de evoluir. Acapacidade de adaptação do serhumano – a sua plasticidade - émuito grande. Há um mecanismoadaptativo que não representa umrisco. Pessoalmente, não acreditoque os computadores sozinhosinventem informação.” Para o Pro-fessor, “as máquinas são veículos

A informação e o silêncio: duas faces da moeda de uma mente sã

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Lançamento do livro “Quando a mente adoece" do Prof. Pedro Afonso

Lisboa, 22 de setembro de 2015

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Pedro Afonso e Alexandre Castro Caldas

José Manuel Fernandes e Fernando Leal da Costa

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de informação. Acredito que conti-nuará a ser do domínio da naturezahumana a adaptabilidade, semrisco, criando estratégias de lidarcom os problemas.”

Um campo por explorar“Temos de olhar para o tema doexcesso de informação com algu-ma humildade. A psiquiatria temainda poucas respostas sobre esteassunto”, afirmou Pedro Afonso,autor do livro “Quando a menteadoece”, entre outros.

“Há um momento em que temos deutilizar filtros para limitar a informa-ção, porque informação excessivapode gerar frustração. As pessoaspodem achar-se incapazes de uti-lizar a informação e daí a neces-sidade de aprenderem a selecionarinformação útil. A sobrelotaçãode informação comporta conse-quências. A interrupção sistemáticado trabalho obriga-nos a ser multi-tasking.” O especialista acrescentatambém a pressão vigente “pararespondermos de forma mais céle-re às solicitações. Causa mais des-gaste, aumentando o cortisol, o

stress, e diminuindo a eficácia.Depressão, ansiedade e défice deatenção são patologias associadasà utilização abusiva da Internet.”

Pedro Afonso alertou ainda para oefeito provocado pela redução dacirculação de livros entre os públi-cos mais jovens e adultos, cau-sando a perda de vocabulário e oconsequente empobrecimento dasrelações sociais. Este prejuízo écrasso, na justa medida em que,através de um léxico enriquecido, oHomem tem mais capacidade detransmitir as suas emoções.”

Outro aspecto importante da suaintervenção foi a referência à im-portância do ócio, através de umacaminhada a pé, de um passeio debicicleta, de momentos de descon-tração em que estamos desliga-dos… É nesses instantes que“reconectamos connosco mesmose encontramos soluções para osproblemas. A introdução de mo-mentos de silêncio, sem sermosobjetos recetores de informação, éfundamental para nos esvaziarmose tornarmo-nos disponíveis para a

clarificação dos pensamentos.”

A informação é preciosaHabituado há muitos anos a nãoadormecer sem ouvir música e lerlivros que nada têm a ver comtrabalho, Fernando Leal da Costaconta como lida com o conceito de“information overload”.

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“O excesso é relativo… A informa-ção interessa, porque para que amedicina e a política sejam exerci-das com responsabilidade, é preci-so decidir e assumir o risco dadecisão, com base no rigor de umdiagnóstico, que só o acesso aosdados permite.” “Aquilo que não énoticiado, não existe”. A criação defactos informativos surge, frequen-temente, devido à necessidade decriar uma realidade.

“Quando há escassez ou excessode informação, o bloqueio do poderde decisão pode acontecer. A máinterpretação dos dados pode, in-clusivamente, desencadear erros,que em matéria de saúde são muitograves”.

Após a discussão em plenário, se-guiu-se o lançamento do livro quemereceu as felicitações de Leal daCosta. “Parabéns à AESE comoescola de gestão, por se debruçarsobre a questão da saúde e dasaúde mental, em particular”, tra-zendo-a à atenção de dirigentes eexecutivos.

O Secretário de Estado fez umarevisão crítica do índice, referindoaspetos a complementar na obra,destacando a maestria do autor nodesenvolvimento dos temas pro-postos. Elogiou o trabalho muitoqualificado e a escrita escorreita dePedro Afonso. “Quando a menteadoece” é uma manifestação dofacto de que “se não começarmospor querer compreender as pes-soas como elas são, dificilmenteseremos capazes de lidar com elase dirigi-las.”

AESE nos mediaSaúde mental: "Prescrição médica: uma noite por semana à luz da vela" PÚBLICO - 22.9.2015

AESE discute “ O excesso de... HRPORTUGAL.PT - 23.9.20156 CAESE outubro 2015

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Após a entrega dos diplomas, aAESE organizou um encontro detrabalho e convívio para o 13.ºExecutive MBA AESE. O Capstoneteve lugar na Casa de Santa Maria,em Cascais, no dia 19 de setembrode 2015.

O encontro reuniu praticamentetodos os Alumni desta edição, queresponderam ao desafio de pensarna sua missão pessoal e profis-sional, depois dos dois anos deformação. Para além disso, o grupoteve oportunidade de refletir sobrea relação intra-turma, com a AESEe os seus Alumni.

Na parte da manhã, João Cortês deLobão, falou aos participantes so-bre “Desafios na carreira internacio-nal”, tendo em conta a sua expe-riência como empresário, depois deser jornalista e bancário.

Pedro Ferreira, Diretor Automóvel

no Banco Cetelem, 9.º ExecutiveMBA AESE, contou as oportuni-dades que foram surgindo no seucaso, tendo em conta “Uma vida, [eas] várias histórias”.

Miguel Pinto Luz, Vereador na Câ-mara Municipal de Cascais e 10.ºExecutive MBA AESE, trouxe àdiscussão o tema da gestão da Coi-sa Pública, um desafio apaixonan-te.

A seguir ao almoço, coube ao

Capelão da AESE, o Padre Gonça-lo Portocarrero, lançar pistas parauma aula especial sobre “O Mestree o mestrado”, considerando osprincípios cristãos que subjazem àformação integral que a AESE ofe-rece, inspirada na Doutrina Socialda Igreja.

Ao trabalho de grupo, sucedeu-seuma sessão com a Prof. Maria deFátima Carioca, Dean da AESE,que deu por encerrada a jornada.

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O que fazer no pós-MBA?

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Cascais, 19 de setembro de 2015Capstone do 13.º Executive MBA AESE

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AGENDA

8 CAESE outubro 2015

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Eventos

SeminárioThe Customer ExperienceLisboa, 19 de outubro de 2015Saiba mais >

Seminários

SeminárioA relação entre a ética e inovação socialLisboa, 21 de outubro de 2015Saiba mais >Porto Palácio Congress Hotel & Spa, 22 de outubro de 2015Saiba mais >

Evento 6.º Torneio de Golf Alumni AESE-IESEBelas Clube Campo, 17 de outubro de 2015Saiba mais >

Sessão de continuidadeA situação financeira e o setor imobiliárioLisboa, 27 de outubro de 2015Saiba mais >

EventoA importância da imagem: Do’s & Dont’sLisboa, 15 de outubro de 2015Saiba mais >

Sessões de continuidade

SeminárioValue selling in B2B MarketsLisboa, 12 de outubro de 2015Saiba mais >

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Zhuangzi (c.369—286 aC) não éuma referência óbvia para aspróximas eleições legislativas. Estádistante de mais de nós no espaçoe no tempo: era chinês e morreu hájá muito tempo. Era filósofo, umdos mais importantes da suageração e da sua escola, e sefosse grego seria categorizadocomo cínico, uma versão sínica deDiógenes de Sinope (412—323a.C.), um campeão em impopula-ridade. Era de vida austera porconvicção política e filosófica, umsuperlativo de José Mujica, e paramais era também poeta, tendoescrito boa parte da sua crítica aoconfucionismo e ao mohísmo emverso.

No entanto, Mestre Zhuang não erauma nulidade na arte da política ena gestão das finanças públicas,numa nação onde o engenho nogoverno, conjuntamente com a boa

administração do erário real,sempre foi considerado a disciplinamais importante e elevada. Emprova disto conta-se que, tendoouvido el-rei Wei (?—329 a.C.), doestado de Chu, do discernimento ecompetência de Zhuangzi, lhe terápedido para se tornar primeiro--ministro do seu governo, tendo-lhepara tal oferecido, em sinal inicialde gratidão, título nobiliárquico emil libras de prata. Um dos motivosda fama de Mestre Zhuang, entregerações posteriores daquelesmenos ligados a filosofias e maisatentos ao que é episódico na vidapolítica, é o seu discurso de re-jeição ao convite e ao presente.Depois de comparar ministros abois de engorda e os corredores dopoder a antros de depravação,termina dizendo aos dignatáriosreais: "Ide-vos embora depressa enão me conspurcais mais com avossa presença. Prefiro chafurdar

num charco de lama a emporca-lhar-me com os humores e capri-

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Poema eleitoral

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In “Observador”, 23 de setembro de 2015

AESE nos Media

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chos da real corte. Firmemente medecidi a nunca mais aceitar qual-quer cargo para assim poder gozarmais livremente da minha própriacarga".

Para pôr em perspetiva estarecusa, será bom considerar que acarreira política, na China do séculoquarto antes de Cristo, tal como noPortugal de hoje, era uma daquelasque melhor podia assegurar o gozoda materialidade da vida, istoapesar de todos os riscos que oseu exercício envolvia. O poder depôr e dispor e a capacidade derequisitar e gozar de um ministroeram contrabalançados muitotenuemente pela possibilidade futu-ra e incerta de uma demissão porum capricho do soberano, seguidade acusação de corrupção, prisão,e outras experiências mais dolo-rosas. Tal lá como cá.

Parece pois apropriado e oportuno,neste período eleitoral, uma peque-na infusão da sabedoria de Zhuan-gzi, que poderá relembrar algumasverdades básicas ao nosso sobera-no aparente, o povo, e aos can-didatos a ministros do soberano.

Não sob a forma de um programa,que o soberano não teria paciênciapara ler, mas de um poemaeleitoral, sem lirismos de promes-sas, mas com o realismo decauções, fresco hoje como há2 400 anos atrás:Gong-Wen Xuan viu um funcionárioreal manco,Que, consequência da má fortunapolítica,Mais não tinha que o apoio de umpé."Que tipo de homem é esta mons-truosidade?" perguntou ele,"De quem é a culpa? Do Céu, oudo Homem?"

"Do Céu", respondeu o outro."Quando o Céu me deu a vida,Desejou que me destacasse dosoutros,Enviou-me para o governo,Para me poder distinguir.Olha como sou diferente: um só pé"

O faisão dos pântanos,Tem de saltar dez vezes,Para debicar um grão,E tem de dar cem passos,Para engolir um gole d'água.

Mas nunca pede que lhe deemguarida num galinheiro,Embora lá pudesse ter tudo o quepoderia desejar.Prefere correr e pular,Procurar por si o seu sustento,A viver engaiolado.(Zhuangzi, Volumes Interiores, 3-3)

Mestre Zhuang escreveu estepoema, do princípio ao fim, apensar nos candidatos a ministro. Alembrar-lhes que as teias do podersão uma prisão tipo galinheiro. Noentanto, parece que ele pode servirigualmente bem para inspiração aopovo soberano no próximo atoeleitoral. O voto é a arma do povo.Mas depois de votar, o povo ficadesarmado e indefeso, também elenuma gaiola, preso por políticasque o alimentam com apoios aoinvestimento, subsídios dereinserção e reformas douradas,como dourado é o milho paragalináceos. Preso, por algumtempo…

José Miguel Pinto dos SantosProfessor de Finanças, AESE

AESE nos media, clique aqui.

10 CAESE outubro 2015

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Queda de competitividade? “O BES teve um efeito muito grande aqui, não há dúvida”OBSERVADOR - 30.9. 2015

Portugal está menos competitivo do que há um ano JORNAL DE NEGÓCIOS ONLINE - 30.9.2015

Portugal está menos competitivo do que há um anoSÁBADO.PT - 30.9.2015

Será que já saímos da crise? ECONÓMICO.PT - 30.9.2015

Vitor Rodrigues lidera divisão de grandes empresas da Microsoft IMAGENSDEMARCA.PT - 29.9.2015

Poema eleitoral OBSERVADOR.PT - 28.9.2015

Será que já saímos da crise? DIÁRIO ECONÓMICO /UNIVERSIDADES E EMPREGO- 28.9.2015

O triunfo da cidade EXPRESSO /ECONOMIA- 26.9.2015

Missão inacabada EXPRESSO /E- 26.9.2015

AESE discute “ O excesso de... HRPORTUGAL.PT - 23.9.2015

AESE nos Media

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De 5 a 30 de setembro de 2015

11 CAESE outubro 2015

Como reposicionar um produto tradicional no mercado? HIPERSUPER.PT - 22.9.2015

Saúde mental: "Prescrição médica: uma noite por semana à luz da vela" PÚBLICO - 22.9.2015

Devbhumi PÚBLICO - 22.9.2015

Debate entre Passos e Costa; Sócrates apoia António Costa“CONSELHO CONSULTIVO”, ECONÓMICO.PT – 9.9.2015Intervenções do Prof. Jorge Ribeirinho Machado00:08:17 – 00:11:2600:16:56 – 00:18:13

Adaptação à mudançaVISÃO /CADERNO ESPECIAL – 10.9.2015

Mudanças nos departamentos de... HRPORTUGAL.PT - 8.9.2015

Contributo das atividades culturais para a riqueza nacional - Pt.1“COMISSÃO EXECUTIVA”, ECONÓMICO.PT – 7.9.2015 Intervenções do Prof. Diogo Ribeiro Santos00:16:52 – 00:20:07Pt.200:02:33 – 00:03:5200:17:37 – 00:18:15

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AESE nos Media

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De 5 a 30 de setembro de 2015 (continuação)

12 CAESE outubro 2015

Qual o impacto do adiamento da operação de venda do Novo Banco? -Pt.1Intervenções do Prof. Diogo Ribeiro Santos00:02:52 – 00:06:3300:12:42 – 00:15:5200:22:10 -00:25:18Pt.200:07:36 – 00:12:27

Escravaturas PÚBLICO - 7-9-2015

AESE debate a reestruturação das empresas no pós-crise DIÁRIO ECONÓMICO /UNIVERSIDADES & EMPREGO- 7-9-2015

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PANORAMA

Os refugiados e a AlemanhaA Alemanha converteu-se nodestino europeu mais atrativo paraos refugiados por conflitos bélicosou perseguições. É o país euro-peu com mais pedidos de asilo,seguido pela Suécia. Em 2014,recebeu 202 815 pedidos, e desdejaneiro deste ano já ultrapassouos 200 000, calculando o governoalemão que poderiam chegar até800 000.

Enquanto decorrem os trâmites dopedido de asilo, processo que po-de durar seis meses, de quevivem as pessoas e as famíliasque chegam da Síria, do Afega-nistão, da Somália ou do Iraque?

Até há meses, a lei alemã deprestações para os requerentes

de asilo aprovada em 1993, pre-via dois tipos de ajuda acu-muláveis até 224 euros: em espé-cie (comida, roupa, produtos dehigiene, medicamentos…) e emdinheiro. Era-lhes fornecido aloja-mento com aquecimento e tinhamassistência de saúde básica.

O montante das prestações me-lhorou com a reforma de 2014,após o Tribunal Constitucionalalemão ter sentenciado, em julhode 2012, que as ajudas deviamgarantir aos refugiados um míni-mo de sobrevivência digno, deacordo com os critérios socioeco-nómicos da Alemanha, e não comos dos países de origem. OBundesrat acabou por elevar omontante para 352 euros.

As prestações são recebidas gra-dualmente. Enquanto vivem noscentros de acolhimento, recebem130 euros mensais em dinheiropara as suas necessidades quoti-dianas, além de ajuda em espé-cie. Depois, uma vez alojados,passam a receber mensalmenteesses 352 euros e é-lhes propor-cionada educação para os jovense formação profissional para osadultos.

Segundo um relatório do Depar-tamento Federal das Migrações eRefugiados (Andreas Müller, “TheOrganization of Reception Faci-l i t ies for Asylum Seekers InGermany”, Working Paper 55,2013), em 2013, uma pessoa ca-sada ou a viver em união de

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13 CAESE outubro 2015

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facto, recebia 318 euros por mês,somadas as ajudas em espécie(195 euros) e em dinheiro (123euros); uma mãe ou pai solteiros,354 euros por mês no total. Alémdisso, as famílias recebiam 210euros por cada filho menor de 6anos; 242 pelos de 6 a 14 anos e274 pelos de 15 a 18.

As prestações são muito atrativasem comparação com as de outrospaíses. Um artigo do “El País”(“España, una etapa en el caminohacia Alemania”, 2.9.2015) apre-senta alguns dados: a Suécia, ou-tro país muito generoso para comos refugiados, proporciona aloja-mento e 250 euros por mês emdinheiro para gastos por cadaadulto e um pouco menos porcada criança. Em Espanha, po-dem permanecer seis meses numcentro para refugiados, com um

montante de 50 euros mensaiscomo dinheiro no bolso. Depois,têm de se defender.

A reforma alemã, pensada parabeneficiar os verdadeiros refugia-dos, também tenta travar a chega-da de cidadãos de países daantiga Jugoslávia que solicitam oasilo para ficar na Alemanha emelhorar as suas condições devida. Dos quase 200 000 pedidosque houve até finais de julhodeste ano, 42 % eram de imigran-tes desses países, segundo umareportagem publicada na “DerSpiegel” (“Mass Migration: What IsDriving the Balkan Exodus?”,26.8.2015).

Agora, a lei presume que a Sérvia,a Bósnia e Herzegovina e a Repú-blica da Macedónia são paísessem ameaça de perseguição polí-

tica e, portanto, os seus nacionaisnão têm direito a asilo. O governode Merkel estuda a possibilidadede fazer o mesmo com a Albânia,o Montenegro e o Kosovo, paraque venham em menor quantida-de para a Alemanha.

Mas, na prática, a Alemanha jáera relutante a conceder o asiloaos cidadãos destes países. Se-gundo a reportagem da “DerSpiegel”, em 2014, apenas conce-deu asilo a 1,1 % dos kosovaresque o pediram; a 2,2 % dosalbaneses; a 0,2 % dos sérvios…

Por que continuam a vir então?Que lhes oferece a Alemanhapara que neste ano (até há pouco)tenham pedido asilo 30 000 koso-vares, 29 353 albaneses, 11 642sérvios, 5 514 macedónios, 2 425montenegrinos?...

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A reportagem dá algumas pistas.Os casos que refere, seguem umpadrão similar: os recém-chega-dos de países considerados “nãoseguros” solicitam o asilo e, atéresolver o pedido, recebem asprestações previstas pela lei.Como o processo dura 6 meses, aespera permite-lhes poupar…pouco para o que é a Alemanha emuito para os países de origem.

Em pleno debate sobre imigração,avivado pelos ataques xenófobose pelo crescente fluxo de refugia-dos, 60 universidades alemãs de-cidiram envolver-se por iniciativaprópria na crise do Mediterrâneo.Oferecem a refugiados e a reque-rentes de asilo, a possibilidade defrequentar gratuitamente os cur-sos livres, na qualidade de estu-dantes visitantes, ou de assistir acursos específicos para eles.

“A imigração é tarefa de toda asociedade, e as universidades de-vem envolver-se”, declarou ao“Handelsblatt” (“German CollegesOpen Up to Refugees”, 19.8.2015)Wolfgang-Uwe Friedrich, reitor daUniversidade de Hildesheim, naBaixa Saxónia.

A decisão destes 60 reitores éimportante para contrariar a men-sagem anti-imigração dos radi-cais. Segundo dados de agosto doMinistério do Interior alemão, noprimeiro semestre deste ano hou-ve 199 ataques contra centros derefugiados, mais do dobro que nosseis primeiros meses de 2014.

Desde outubro de 2014, as univer-sidades públicas já são gratuitasem toda a Alemanha para o pri-meiro curso, também para osalunos estrangeiros. Mas os re-

querentes de asilo não podemcomeçar o curso até serem reco-nhecidos como refugiados.

Os refugiados têm de contar igual-mente com algumas condições.Por exemplo, não podem solicitarbolsas de estudo até terem resi-dido quatro anos no país. Emjaneiro de 2016, este limite seráreduzido para 15 meses.

Além de se inscreverem nos cur-sos livres lado a lado com osestudantes alemães e estrangei-ros, os refugiados e os requeren-tes de asilo podem participar emcursos de alemão e receber assis-tência psicológica, jurídica e so-cial. As universidades mais gene-rosas também lhes financiam otransporte até ao campus e ofere-cem-lhes bolsas para comprarlivros didáticos.

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Num artigo publicado no “TheWashington Post” (“Why someGerman universities will educaterefugees for free”, 20.8.2015),Rick Noack salienta o desinteres-se destas universidades: “A Ale-manha acabou com as propinaspara os que residam legalmenteno país, porque necessita de atrairmais trabalhadores qualificados(…). Mas à grande maioria derefugiados [e requerentes de asilo]não se permitirá ficar de formapermanente. Cada estudante cus-ta ao governo alemão 10 000dólares por ano. Por outro lado, asuniversidades do país já estãorepletas com os estudantes ale-mães. Abrir as portas aos refugia-dos fará com que as universida-

des fiquem ainda mais massifi-cadas”.

Os reitores não são os únicos quese envolveram neste assunto.Segundo explica o “Handelsblatt”,o programa existe graças aosfundos extra adiantados pelospatrocinadores das universidades.Outros atores chave são os estu-dantes alemães, que se oferecemcomo voluntários em diversastarefas.

A Moussa, um jovem de 33 anosproveniente do Sudão, os volun-tários da Universidade de Hil-desheim ensinaram a circular nocampus e a tirar o cartão dabiblioteca. Vários estudantes de

universidades de Frankfurt passa-ram três dias com jovens daEritreia, Síria e Argélia proporcio-nando-lhes uma volta pela cidade.

À medida que aumente o númerode voluntários, o programa irá ofe-recendo mais coisas. As uni-versidades da Baixa Saxónia que-rem implementar tutorias de re-forço ministradas pelos própriosalunos alemães. As tutorias servir--lhes-ão como créditos para o seucurso e horas de estudo.

J. M. e “Aceprensa” (62/15)

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PANORAMA

No Líbano, mais refugiados que em toda a EuropaEnquanto a Europa se alarmadiante da avalanche de refugiadossírios, não se deve esquecer quea grande maioria teve abrigo nospaíses vizinhos. O Líbano, comuma população de 4 a 5 milhões,recebeu 1,2 milhões de sírios.

Segundo os últimos dados daagência das Nações Unidas paraos Refugiados (ACNUR), a guerracivil na Síria expulsou para fora dopaís mais de 4 milhões de pes-soas e causou outros 7,6 milhõesde deslocados no interior do país.

Os milhões de deslocados de hojesão os que não se juntaram aoscombates para se defenderem deBashar al-Assad, ou dos rebeldesou dos extremistas, e os que ven-

do a impossibilidade de tirar algode bom de tudo isto, decidiramretirar-se e proteger as suas fa-mílias.

Os que fogem são pessoas delíngua árabe e de confissão reli-giosa, na sua maioria, muçulmanasunita. Logicamente, sentem-semais à vontade onde possamfazer-se entender e compreenderpelos outros e onde possampraticar a sua religião num meiopropício. O melhor refúgio seria,pois, o dos países árabes.

Os refugiados encontraram umlugar provisório onde ficar nospaíses vizinhos, na Turquia, naJordânia e no Líbano, por todo opaís, entre libaneses, em casas,

em campos de refugiados, portodo o lado.

Destes três países, o mais pobre,pequeno e superpovoado, o Líba-no, é o que recebeu a maiorquantidade.

O Líbano é um país com umcomprimento de 210 km e umalargura máxima de 80 km, com amaioria dos seus habitantes aviver em edificios construídos nasmontanhas, com pouco urba-nismo.

Os serviços públicos são precá-rios, inclusivamente para os liba-neses. Os cidadãos têm acesso aeletricidade somente nalgumashoras do dia, consoante a região

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onde vivam, e para completar oresto do dia utilizam um geradorque funciona com combustível.

A água que chega às casas não épotável: é só para uso externo,limpeza, necessidades fisiológi-cas, etc. Para beber, há que com-prar água purificada.

O sistema político é composto pordiferentes partidos confessionaisque não conseguem chegar aacordo no assunto mais elementarda organização do país, produzin-do uma enorme sensação defrustração. Reflexo disto é a atitu-de do governo desde o início doconflito no país vizinho. Deixaramentrar toda a gente, mas não háregistos oficiais e não ajudam asONGs para evitar que essas pes-soas se instalem no Líbano.

Isto pode explicar-se porque oLíbano é um país que não sebasta a si próprio, tem muitosproblemas internos e se lhe faltamrecursos para abastecer os seuspróprios cidadãos, não se lhepode exigir que ajude mais osrefugiados. Ainda assim, existeminúmeras organizações privadasque procuram fundos no exteriorpara assistir os refugiados. A faltade coordenação oficial entre elase a escassez de recursos faz comque compitam para obter fundos econtinuar a ajudar.

No Líbano, há 1,2 milhões de pes-soas de nacionalidade síria regis-tadas pelo ACNUR, e milhares deiraquianos que não deixam dechegar desde 2003, quando o seupaís ficou submerso no desastregovernamental e no terrorismo.

Aos registos oficiais haveria queacrescentar as centenas de milha-res de sírios não registados, pre-ferindo manter-se ao abrigo dealguma ONG, ou trabalhar porconta própria. Estas pessoas es-colhem o anonimato normalmen-te por serem opositoras ao regi-me e que ficariam em perigo sedessem os seus nomes e morada.Por isso, o número que se admitenão oficialmente, é de uns doismilhões de refugiados sírios.

Os não registados pelas NaçõesUnidas não vivem em tendas decampanha nem recebem ajuda deorganismos internacionais. Vivemem edifícios em construção, semágua nem casa de banho, com aúnica segurança de que o pai defamília é o pedreiro nesta obra elhe é permitido instalar-se até aca-bar a construção.

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Inúmeros outros foram acolhidosem casas de aluguer pelosprimeiros que se refugiaram em2011, juntando várias famílias emespaços reduzidos, com a conse-quente falta de intimidade.

A atitude dos libaneses foi umpouco difícil a princípio, porqueainda existe a recordação dainvasão síria no final da guerracom Israel e as suas nefastasconsequências para os que seopuseram. Mas, pouco a pouco,nalgumas zonas foi mudando aatitude, juntaram-se muitos maisvoluntários às ONGs, existemmais campanhas para ajudar e ofacto de participarem nas escolase nas universidades libanesas, faz

com que os jovens descubramoutros jovens também cheios deideais e que têm uma história. Oenriquecimento é mútuo. Os jo-vens estão a estreitar laços queos seus pais não tiveram.

Os refugiados que podem, tentamemigrar para a Europa. Isto sus-cita uma grande interrogação:Porquê fugir para países que nãopartilham a sua língua, nem a suareligião e que estão a tentar sairdas suas próprias crises econó-micas, como os países da UniãoEuropeia? Por que não tentamchegar a países ricos da região –como a Arábia Saudita ou osEmiratos Árabes Unidos – com osquais partilham língua e religião

sunita e que, além disso, teriam acapacidade económica para aju-dá-los?

Recentemente, os países do Golfoforam acusados de falta de cola-boração no problema dos refugia-dos, ao que responderam expli-cando os milhões de dólares des-tinados à causa desde o início doconflito. Concretamente, dizem terdado 530 milhões de dólares re-partidos entre Turquia, Líbano eJordânia. E asseguram que rece-beram mais de 100 000 síriosdesde 2011.

J. M.

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PANORAMA

Bem-vindos refugiados, se vieremNo tema migratório, a opinião pú-blica europeia demonstra ser volá-til e emocional. Até há semanas, apreocupação essencial dos gover-nos era garantir aos cidadãos quenão se ia baixar a guarda nocontrolo das fronteiras. As regrasdo espaço Schengen deviam serrespeitadas. Preocupava o cresci-mento dos partidos que faziamuma bandeira da política anti--imigração, e havia que demons-trar estar o governo firme contra aimigração ilegal. Impunha-se dis-tinguir claramente entre o reque-rente de asilo – vítima da per-seguição ou do conflito bélico –, eo emigrante económico.

De repente, em escassas sema-nas, o clima dominante na opinião

pública alterou-se. As imagens domenino afogado, dos imigrantesasfixiados num camião, dos refu-giados assaltando arames farpa-dos e dispostos a lançar-se pelasestradas rumo a Norte, comove-ram a opinião pública. Já antestinha havido imagens lancinantesde afogados e de pessoas deses-peradas para pôr um pé naEuropa, mas agora a comoçãoprovocou uma mobilização daspessoas, e obrigou os governos aabrir portas que até agora procu-ravam fechar.

Um crescente número de pessoasem diversos países europeus es-tão a oferecer o seu apoio aosrefugiados ou declaram-se dispos-tas a fazê-lo. Deram dinheiro, ali-

mentos, roupa, ou o seu tempo,para ajudar os que têm necessi-dades absolutas e, sobretudo,criaram um clima de opinião quefez do “indocumentado” um refu-giado merecedor de apoio.

Em Espanha, municípios, comuni-dades autónomas, ONGs e orga-nismos de ajuda da Igreja decla-raram-se dispostos a acolher refu-giados. Os partidos políticos rivali-zam em declarar-se mais solidá-rios do que os outros, e exigem aogoverno que pormenorize quantosmilhares está disposto a acolher.Quantos mais, melhor. O municí-pio de Madrid, governado por umaesquerda rápida em desembai-nhar o tweet e a bandeira, colocouna sua fachada um grande cartaz:

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“Refugees, welcome”, até agoramais visto por turistas do que porrefugiados sírios.

A verdade é que a pergunta quepoucos fazem é: Haverá real-mente muitos refugiados dis-postos a seguir para Espanha?Até ao momento, os refugiadosque entraram pelo sul da Euro-pa só querem ir para o norte, paraessa nova terra prometida que,para eles, se trata da Alemanha.Se se tenta detê-los antes noutropaís, revoltam-se e fogem. Mo-tivos não lhes faltam, pois sabemque num país rico como aAlemanha, os refugiados conse-guem encontram ajudas muitomais generosas do que noutros,desde alojamento a uma pres-tação de pelo menos 352 eurospor mês per capita.

Não é estranho que, em 2014, aAlemanha tenha tido 202 000pedidos de asilo, número que esteano poderia multiplicar-se porquatro. Em comparação, a Es-panha teve 5 600. E não poucosdos que obtêm asilo em Espanhao que fazem é continuar a viagempara o norte da Europa. A Comis-são Europeia quer uma repartiçãoequitativa dos refugiados entre osdiversos países da UE. Mas ve-remos se os requerentes de asilose deixarão repartir a gosto deoutros.

A Espanha é hoje um país poucoatrativo para que queiram ficar porlá muitos refugiados. As ajudassão mínimas e o que de maisnecessita um refugiado – um em-prego – é o que mais escasseiaaté para os espanhóis. Nos quatroCentros de Acolhimento de Refu-

giados de Espanha, há apenas900 lugares e estão cheios. Osque conseguem o estatuto derefugiados têm direito a uma ajudapara habitação, manutenção etransporte durante meio ano. De-pois, têm de ir à luta. O panoramanão é muito atrativo.

De qualquer forma, o facto daopinião pública estar disposta aajudar o refugiado em vez deconsiderá-lo uma ameaça é umamudança positiva. Do receio do“efeito chamada”, passámos derepente a chamar o necessitado.Enquanto se espera que venham– se é que virão – poderíamoscomeçar por tratar melhor os quejá cá estão e que não se encon-tram na mira das câmaras.

I. A.

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PANORAMA

O Agente da U.N.C.L.E.”“The man from U.N.C.L.E.”

Realizador: Guy RitchieAtores: Henry Cavill, ArmieHammerDuração: 116 min.Ano: 2015

Um filme de suspense e ação ba-seado numa série televisiva dadécada de 60... Trata-se de umahistória de espionagem do períododa “Guerra Fria”, envolvendo osEstados Unidos contra a UniãoSoviética. Um espião americanoda CIA vê-se obrigado a cooperar

com um espião russo da KGBcom o objetivo de evitar que abomba atómica seja utilizada porum grupo terrorista. Para os aju-dar nesta tarefa, precisam derecorrer ao auxílio de uma rapa-riga alemã que possui as únicaspistas sobre o caso.

Toda a história se vai entãocentrar na complexidade dasrelações humanas. Os dois es-piões querem provar ao seupróprio país que são os melhores.Ao mesmo tempo, querem tam-bém provar à rapariga que são osmerecedores da sua admiração.

No entanto, constatam que aoagirem cada um por sua conta,nada conseguem. Além disso,atuando dessa forma, tambémnão impressionam a rapariga quesó vê nas atitudes e gestos deles“superficialidade e fachada”, semautenticidade. Surge assim aquestão da “confiança”. Só quan-do resolvem confiar um no outro edeixar de viver para “a imagem”, éque cumprem a missão, alcan-çando objetivos muito para lá doprevisto...

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22 CAESE outubro 2015

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Tópicos de análise:

1. Procurar apenas a glória pes-soal limita as potencialidadesindividuais.

2. A confiança conquista-se egera-se através de pequenosgestos.

3. Lutar por um objetivo comumfortalece a união das pessoas.

Hiperligação

Paulo Miguel MartinsProfessor da AESE

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23 CAESE outubro 2015

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DOCUMENTAÇÃO

O Papa Francisco e os EUASerá o Papa Francisco um Papa“frio” para com os Estados Uni-dos? Esta é uma das perguntasque os meios de comunicaçãosocial deste país têm feito apropósito da sua primeira visita aopaís que, queira-se ou não, liderao mundo ocidental. Simultanea-mente, o Papa Francisco é o pri-meiro pontífice latino-americano, eé filho de emigrantes. E visitouuma Igreja na qual os hispânicostêm cada vez mais força.

O Papa Francisco nunca haviaestado nos Estados Unidos. Des-de logo como pontífice. Mas tam-bém não como cardeal, arcebispode Buenos Aires, ou provincial dosjesuítas. Nem sequer como estu-dante.

Isto é surpreendente quando sepensa nos últimos papas: comoPrefeito da Doutrina da Fé, ocardeal Ratzinger manteve contí-nuos contactos com líderes ecle-siásticos norte-americanos e via-jou para esse país, pelo qualmanifestou a sua simpatia, poisaprecia que seja um país nascidoe fundado “sobre a verdadeevidente de que o Criador dotoucada ser humano de direitosinalienáveis”. Quanto a S. JoãoPaulo II, sendo arcebispo deCracóvia, foi várias vezes aosEstados Unidos, sobretudo paraestar com a emigração polaca e,em 1976, passou lá um verão pormotivos pastorais e académicos.E não se pode duvidar do seuafeto, correspondido pelos norte-

-americanos: três presidentes es-tiveram no seu funeral.

Falta de sintonia

A poss íve l f r i e za do PapaFrancisco nasce, segundo alguns,da sua or igem – o Papa éargentino – e da sua opiniãocrítica dos excessos do capita-lismo. Que, por seu turno, provocadistância entre os norte-ameri-canos. A visão do pontífice de queo sistema económico global cen-trado na maximização dos lucrosestá a destruir os pobres e oambiente, provocou polémica numpaís considerado a sede mundialdo capitalismo. “É evidente que oPapa encara os Estados Unidoscomo parte do problema, tanto

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como da solução”, diz John Allen,comentarista de temas eclesiás-ticos, para quem, muitos dosprincipais críticos do Papa Fran-cisco “são norte-americanos, tantode dentro como de fora da Igreja”.

Segundo um dos principais conse-lheiros do pontífice, o argentinomonsenhor Marcelo SánchezSorondo, o Papa está conscienteda sua falta de sintonia com osEstados Unidos, embora não sepossa afirmar que lhes tenhaantipatia. Admira a América doNorte – afirma Mons. SánchezSorondo – pelos princípios dosPais Fundadores, que tiveraminfluência no movimento de inde-pendência da Argentina. Mastambém é verdade que na suavisão pesam as repercussõesnegativas de algumas políticasdos EUA na América Latina.

Quando o capital se converteem ídolo

Na sua recente viagem aoEquador, Bolívia e Paraguai, oPapa Francisco fez uma críticamuito dura do capitalismo desen-freado. Referiu-se “às múltiplasexclusões e injustiças” na ativi-dade laboral, em cada bairro, emcada território (…) realidades des-truidoras que correspondem a umsistema que se tornou global, que“impôs a lógica dos lucros aqualquer preço, sem pensar naexclusão social ou na destruiçãoda Natureza”.

Depois seguiu-se a frase talvezmais citada pela imprensa quandose referiu “ao que Basílio deCesareia – um dos primeiros teó-logos da Igreja – chamava ‘oesterco do diabo’, a ambição de-

senfreada pelo dinheiro que go-verna. (…) Quando o capital seconverte em ídolo e dirige asopções dos seres humanos, quan-do a avidez pelo dinheiro tutelatodo o sistema socioeconómico,arruína a sociedade, condena ohomem (…)”

Estas palavras provocaram algumalarme nos Estados Unidos. Mas,para o Papa, não se trata de outracoisa a não ser a doutrina desempre: “O que disse aos movi-mentos populares é um resumoda doutrina social da Igreja”,respondeu ao jornalista que ointerrogava sobre o tema no voode regresso a Roma.

Pois, como explica o economistaAntonio Argandoña, as críticas doPapa ao capitalismo “não têm sidodirigidas ao mercado livre, nem à

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livre empresa, nem à liberdade deiniciativa, mas às motivações dosseus protagonistas, concretamen-te ao que ele designa pela lógicados lucros a qualquer preço”.Argandoña explica no artigo “Elcapitalismo, la pobreza y el PapaFrancisco”: “parece-me que o queestá a dizer Francisco, é que esseformidável sistema económico,que trouxe uma prosperidade semprecedentes ao mundo capitalista,depara com problemas, e iniciouum tortuoso caminho que nãopode acabar bem, caso não hajaretificação a tempo. E retificar nãotem a ver com impostos, nem comdespesa social, nem com regula-mentações, nem com mais Esta-do, nem com planeamento comu-nista, mas com mudança de valo-res. O Papa di-lo claramente:‘sabemos dolorosamente que umamudança de estruturas não acom-

panhada por uma sincera conver-são do coração termina a longo oua curto prazo por se burocratizar,corromper e sucumbir. Tem de semudar o coração’”. Aquilo quefalha no sistema, conclui o profes-sor Argandoña, “não é o mercado,mas a cultura e a ética”.

Os pobres, primeiro

Sendo um dado adquirido que asafirmações do Papa sobre temasde justiça social estão na con-tinuidade com todo o Magistériodesde a “Rerum Novarum” deLeão XIII em 1891, a questão éporquê este Papa insistir nestestemas. Para Allen, tem de seobservar o seu background: “co-mo primeiro Papa proveniente domundo em vias de desenvolvi-mento, Francisco traz consigouma especial preocupação com a

pobreza, do mesmo modo que asfases iniciais do pontificado deJoão Paulo II estiveram centradasno comunismo, e as de Bento XVIno relativismo”.

Claro que isto lhe está a afetarnos números de popularidade nosEstados Unidos. Segundo uminquérito da Gallup de julho desteano, 59 por cento dos norte--americanos têm opinião favorávelsobre Francisco, enquanto no anopassado eram 76 por cento. Osque mais mudaram de opiniãosobre este papa são os conser-vadores, dos quais agora somente45 por cento lhe são favoráveis,enquanto que 68 por cento dosliberais estão a seu lado. Con-tinuando com as sondagens, oscatólicos são-lhe favoráveis emmassa – 89 por cento. 80 porcento dos católicos pensam que o

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Papa compreende as suas neces-sidades, e dois terços acreditamque o Papa Francisco irá con-seguir levar as pessoas a regres-sar à fé.

Encontro com as famílias

O motivo específico da viagem foio Encontro Mundial das Famílias,realizado em Filadélfia. O Papaparticipou na Festa das Famílias ena Vigília da Oração no sábado26, e presidiu à Missa do domingo27 de setembro. Milhares emilhares de pessoas acorreram aesses atos. Os Encontros Mun-diais das Famílias foram criadospor João Paulo II e têm vindo arealizar-se em cada três anosdesde 1994.

Mas os dias de Filadélfia cons-tituíram a parte final da visita. OPapa Francisco entrou nos EUApela capital, Washington, aondechegou a 22 de setembro ido deCuba. A 23, visitou o presidenteObama na Casa Branca e canoni-zou Frei Junípero Serra no San-tuário Nacional da ImaculadaConceição. Na quinta-feira 24, fa-lou ao Congresso dos EUA, sendoo primeiro papa na História adirigir-se a congressistas e sena-dores em sessão conjunta, e via-jou para Nova Iorque, onde no diaseguinte pronunciou um discursonas Nações Unidas e teve umencontro inter-religioso no memo-rial do Ground Zero. À tarde,celebrou Missa no Madison Squa-re Garden. No sábado, de manhã,deslocou-se para Filadélfia.

Na viagem, houve atos especiais,como o encontro com os “semabrigo” de Washington e a visita auma escola católica de Harlem(Nova Iorque), onde se reuniucom crianças e famílias imigran-tes. Também foi importante odiscurso feito no IndependenceMall de Filadélfia à comunidadehispânica e outros imigrantes.

Uma viagem com sotaque latino

A viagem teve muito sotaquelatino, não só porque o Papa pro-nunciou vários discursos emcastelhano – e incluindo algunsimprovisos na sua língua mãe –,como também porque a comu-nidade hispânica tem cada vezmais peso na Igreja católica nosEstados Unidos.

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Como gosta de recordar oarcebispo de Los Angeles, Mons.José Gómez, na sua diocesebatizam-se anualmente mais de100 000 crianças, a maioria delasconstituída por filhos de his-pânicos, o que significa umnúmero superior ao das criançascatólicas batizadas em NovaIorque, Chicago, Washington eFiladélfia juntas. “O centro degravidade do catolicismo nosEstados Unidos está a deslocar--se de Leste para Oeste e de Nor-te para Sul”, conclui o arcebispode Los Angeles. Em 2013, forambatizadas na Igreja católica, nosEstados Unidos, 713 302 crian-ças, enquanto que no mesmo anoo fizeram outros 64 121 menores

de idade e 38 042 adultos. As“aceitações em comunhão plena”foram 66 413. Nos semináriosnorte-americanos ensina-se o cas-telhano, enquanto aos cerca de500 sacerdotes que são ordena-dos todos os anos, se acrescen-tam outros 300 provenientes deoutros países, muitos deles latino--americanos.

A brasa e a sardinha

Dentro da própria Igreja norte--americana, existiu igualmente po-larização em torno da viagem. Eos ativistas de um e outro campotentaram captar a atenção dopontífice. Como praticamente to-dos os católicos norte-americanos

o apreciam muito, um mínimoacento do Papa Francisco a umtema ou outro, “uma piscadela doPapa, poderia gerar um maravi-lhoso efeito no campo da visi-bilidade, e os grupos eclesiaisprepararam-se para consegui-lo”,afirma um artigo de “Crux”, umapágina web do “Boston Globe”.

A Women’s Ordination Conferen-ce, por exemplo, organizou emFiladélfia uma reunião interna-cional algns dias antes da chega-da do Papa, dispostas a trazer àbaila o assunto da ordenação demulheres.

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Também estiveram em Filadélfiarepresentantes da Equally Bles-sed, uma coligação de organi-zações pró-direitos LGTB, quequer que a Igreja seja mais abertaa estes grupos, e inclua osacramento do casamento paracasais do mesmo sexo. No total,foram 12 famílias católicas dosmesmos. “O principal objetivo danossa peregrinação é assegurarque a voz dos católicos LGTBQ ea das nossas famílias serãoouvidas num momento em que hámuita atenção aos temas da fa-

mília na Igreja”, afirma MarianneDuddy-Burke, diretora de umadestas organizações.

Como costuma acontecer nestescasos, estes grupos encontrameco significativo na imprensa. Masa realidade é que muitas outrasorganizações e fiéis que defen-dem a doutrina da Igreja mobili-zam muitas mais pessoas.

Por outro lado, Fr. Frank Pavone,diretor da Priests for Life, umaorganização de sacerdotes em

defesa da vida, declarou a im-portância do Papa Francisco sereferir a este tema. “Embora nãoseja assim, as pessoas podempensar que o Papa se está aesquecer do aborto. Por isso, onosso papel é insistir com cortesiasobre a prioridade de defender osnão nascidos”.

M. C.

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DOCUMENTAÇÃO

Os bispos perante a administração Obama: acordos e desacordosOs bispos norte-americanos e aAdministração Obama têm man-tido duros debates em torno dodireito à vida, do casamento ou daliberdade religiosa. Mas tambémtem havido pontos de encontro apropósito da reforma migratória,da luta contra a desigualdade e apobreza ou a melhoria da saúdepara todos, assuntos nos quais osbispos têm estado mais próximosdos democratas do que dosrepublicanos.

A promessa de Obama de eliminarcertas restrições ao aborto nacampanha presidencial e o seuhistorial de votações como sena-dor, motivaram a posição da Con-

ferência Episcopal após a suavitória em 2008: colaboração emmuitos temas, mas sem conces-sões na defesa da vida.

Precipitaram-se os bispos? A res-posta chegou nos dez primeirosdias do seu mandato, quandoObama levantou o veto ao finan-ciamento federal para organi-zações que promovem o abortono estrangeiro. E menos de doismeses depois, suprimiu os limitesao financiamento federal das in-vestigações com células estami-nais embrionárias.

Obama recorreria a seguir à re-tórica do “terreno comum” entre

defensores e adversários do abor-to. Mas viu-se rapidamente que asua cordial mensagem não ex-cluía o apoio a um dos lados dodebate. “Nunca pudemos imaginarque um presidente pudesse elo-giar o trabalho da Planned Paren-thood com tanto orgulho e perantetantos milhões de pessoas” de-clarou, em 2012, uma das suasdirigentes.

A conceção do casamento foi ou-tro dos grandes debates em que aadministração democrata e osbispos entraram em choque. Asiniciativas saídas da Casa Brancadesde fevereiro de 2011, reve-laram o empenho de Obama em

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legalizar o casamento entrepessoas do mesmo sexo, umprocesso que culminou em junhoúltimo com a decisão do SupremoTribunal dos EUA de legalizar oscasamentos gays em todo o país.

Reafirmar a liberdade religiosa

Os bispos deram-se conta ra-pidamente de que as mudançasna conceção do casamentopodiam abrir a porta a possíveisações legais contra as pessoas eas organizações que, alegando

motivos de consciência, se ne-gavam a prestar os seus serviçosem casamentos gays.

A premonição revelou-se acer-tada. E, por isso, apoiaram oscongressistas que começaram apromover iniciativas legais emdefesa da liberdade religiosa,como a Marriage and ReligiousFreedom Act, ou a exigir amanutenção das já existentes,como a Religious FreedomRestoration Act de 1993.

Outra batalha chave em torno daliberdade religiosa foi o chamado“mandato anticoncecional”, anorma do Ministério da Saúde queobriga os empregadores – aprincípio, também as instituiçõesde inspiração religiosa – afinanciar às suas empregadas umseguro de saúde com anti-concecionais, pílula do dia se-guinte e esterilização.

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Um sistema migratório justo ehumano

Mas isso não significa que osbispos se oponham em bloco aoprojeto de reforma da saúde, poisdefendem que ninguém fique sematendimento médico por falta deseguro de saúde. Kathy Salie,diretora de Desenvolvimento So-cial Nacional da ConferênciaEpiscopal, salientava em 2009:“Estamos de acordo em queninguém deveria ser abandonadosimplesmente por cair doente.Esta é a razão pela qual os bispostêm vindo a trabalhar durante

décadas para conseguir umatendimento médico digno paratodos”.

Outro grande tema de acordo coma administração Obama foi oempenho por impulsionar umareforma integral das leis deimigração, bloqueada pelos re-publicanos do Congresso desdeos tempos de Bush Jr. Nesteponto, os bispos tiveram palavrasmuito firmes a favor de um siste-ma migratório justo e humano,fazendo-o com marchas e prega-ções a partir do púlpito.

Obama encontrou a mão es-tendida em muitos outros as-suntos, que vão desde os pro-gramas de ajuda aos pobres, apromoção do emprego e dosalário mínimo, ou as medidaspara que todos tenham umahabitação digna, até à atenção pe-rante a mudança climática, pas-sando pelas numerosas inter-venções contra a pena de morte ea intercessão a favor dos presosde Guantánamo.

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