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1 POTENCIALIDADES DO PROGRAMA ESTADUAL DE MICROBACIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO EM GESTÃO TERRITORIAL MUNICIPAL Lucas Antonio Providelo, prefeitura municipal de Tambaú SP, [email protected] Magda Adelaide Lombardo, UNESP Rio Claro, [email protected] O Estado de São Paulo em parceria com o Banco Mundial - B.I.D e Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - B.I.R.D desenvolveu em 1997 o Programa de Estadual de Microbacias Hidrográficas - P.E.M.B.H, que utiliza categoria bacia hidrográfica como região de planejamento, apoiado por um diagnóstico sócio ambiental de cada unidade produtiva (UPA),inseridas na malha fundiária da MBH. O estudo das bacias hidrográficas, frente a gestão dos recursos, incorpora conceitos relacionados aos sistemas ambientais e principalmente, às novas tecnologias voltadas para a análise e representação da informação espacial, como o sensoriamento remoto e os sistemas de informações geográficas, como suporte a tomada de decisões. No município de Tambaú, o PEMBH, enquadrou em seus parâmetros a MBH1 :Córrego Arrependido e MBH 2 : Córrego do Tijuco Preto. Entretanto a MBH1, atuação inicial do PEMBH, não pode se apoiar nas diretrizes do PDMT ou pelas Ferramentas de Geotecnologia, retardando e dificultando as ações previstas e desenvolvidas pelo mesmo, principalmente naquelas voltadas proteção, conservação e recuperação ambiental. Produzir um Plano de Recuperação apoiado nas informações do PEMBH e as variáveis espaciais apontadas no P.D.T. (2006), como Cavas de Argila, Cavas de Argila em A.P.P, Voçorocas, Cobertura Vegetal e Ocupação em AP.P., utilizando Ferramentas de Geotecnologia. A analise corológica vertical conduziu a pesquisa, para diferenciar regiões (Unidade Produtivas) justificadas pela desigualdade na distribuição das mesmas na superfície da MBH1, sendo possível descrever as características específicas, de cada uma sintetiza -las a partir de seus componentes e relações, combinando os fenômenos espaciais como, hidrografia, vegetação, mineração e legislação. Ampliação do BDGG Municipal com os dados do PEMBH, Produção Cartográfica de ações estratégicas e um mapa síntese da MBH, que embasou a proposta do Plano de Recuperação da MBH1, utilizando os instrumentos de caráter preventivo, repressivo, educacional e econômico (incentivos), federais estaduais e municipais. Palavras chaves: microbacias, geotecnologia, gestão territorial

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POTENCIALIDADES DO PROGRAMA ESTADUAL DE MICROBACIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO EM GESTÃO

TERRITORIAL MUNICIPAL

Lucas Antonio Providelo, prefeitura municipal de Tambaú SP, [email protected] Magda Adelaide Lombardo, UNESP Rio Claro, [email protected] O Estado de São Paulo em parceria com o Banco Mundial - B.I.D e Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - B.I.R.D desenvolveu em 1997 o Programa de Estadual de Microbacias Hidrográficas - P.E.M.B.H, que utiliza categoria bacia hidrográfica como região de planejamento, apoiado por um diagnóstico sócio ambiental de cada unidade produtiva (UPA),inseridas na malha fundiária da MBH. O estudo das bacias hidrográficas, frente a gestão dos recursos, incorpora conceitos relacionados aos sistemas ambientais e principalmente, às novas tecnologias voltadas para a análise e representação da informação espacial, como o sensoriamento remoto e os sistemas de informações geográficas, como suporte a tomada de decisões. No município de Tambaú, o PEMBH, enquadrou em seus parâmetros a MBH1 :Córrego Arrependido e MBH 2 : Córrego do Tijuco Preto. Entretanto a MBH1, atuação inicial do PEMBH, não pode se apoiar nas diretrizes do PDMT ou pelas Ferramentas de Geotecnologia, retardando e dificultando as ações previstas e desenvolvidas pelo mesmo, principalmente naquelas voltadas proteção, conservação e recuperação ambiental. Produzir um Plano de Recuperação apoiado nas informações do PEMBH e as variáveis espaciais apontadas no P.D.T. (2006), como Cavas de Argila, Cavas de Argila em A.P.P, Voçorocas, Cobertura Vegetal e Ocupação em AP.P., utilizando Ferramentas de Geotecnologia. A analise corológica vertical conduziu a pesquisa, para diferenciar regiões (Unidade Produtivas) justificadas pela desigualdade na distribuição das mesmas na superfície da MBH1, sendo possível descrever as características específicas, de cada uma sintetiza -las a partir de seus componentes e relações, combinando os fenômenos espaciais como, hidrografia, vegetação, mineração e legislação. Ampliação do BDGG Municipal com os dados do PEMBH, Produção Cartográfica de ações estratégicas e um mapa síntese da MBH, que embasou a proposta do Plano de Recuperação da MBH1, utilizando os instrumentos de caráter preventivo, repressivo, educacional e econômico (incentivos), federais estaduais e municipais. Palavras chaves: microbacias, geotecnologia, gestão territorial

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CAPABILITIES OF THE PROGRAM OF STATE WATERSHED OF SÃO PAULO STATE IN TERRITORY ADMINISTRATION

MUNICIPAL Lucas Antonio Providelo, prefeitura municipal de Tambaú SP, [email protected]. Magda Adelaide Lombardo, UNESP Rio Claro, [email protected]. Introduction the state of São Paulo in partnership with the World Bank - IDB and the International Bank for Reconstruction and Development - IBRD developed in 1997 the Program of State Watershed of - PSW that uses category basin as the planning region, supported by a diagnostic social environment of each productive unit (PU) into the mesh of land watershed. The study of river basins, as opposed to resource management, incorporating environmental concepts related to systems and especially for new technologies devoted to the analysis and representation of spatial information, such as the remote sensing systems and geographic information, such as support for making in decisions. The conty of Tambaú the PSW fall within its parameters to Watershed1: stream Arrependido Watershed 2: stream do Tijuco Preto. However the Watershed1, the initial PSW activity, may not support or City master plan the guidelines of the Geotechnology the tools, delaying and hindering the actions envisaged and developed by it, especially geared protection, conservation and environmental recovery. Have a plan supported the recovery of information and the spatial variables PSW out in City Master Plan (2006), as mining the Clay, mining in APP, erosion, vegetation cover and Occupation in AP.P. using Geotechnology tools. The analysis methods lead to vertical core research to differentiate regions (Production Unit) justified by inequality in the distribution of them in the Watershed 1 area, and can describe the specific characteristics of each of them summarizes from its parts and relationships, combining the spatial phenomena such as hydrography, vegetation, and mining legislation. Extension of the Municipality BDGG of PSW figures, production Cartographic of actions and a strategic map of Watershed synthesis, Embase that the proposed recovery plan for Watershed 1 by using the tools that are preventive, repressive, educational and economic (incentives), Federal State and Municipal. Keywords: watershed, geotechnology, territory administration.

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Introdução:

Segundo IBGE, (2000) o Brasil é 81,2% urbanizado e a projeção desses dados

estatísticos, apontam que essa porcentagem passaria para 90% em 2010, e antes

de 2030, a população rural estaria extinta, sendo o Brasil um país 100% urbanizado.

Essa projeção segundo Veiga (2002) é explicada pela definição que se dá ao

conceito de urbanização no Brasil, considerado uma sede de município de 18

habitantes como urbano, o que dificulta o desenvolvimento de políticas públicas

direcionadas ao espaço rural. Pois apenas 455 municípios, nos quais se encontram

57% da população brasileira, não fariam parte da rede urbana.

Para Abramovay (2000) as relações que uma sociedade estabelece com suas

áreas rurais é um termômetro entre sociedade e natureza , já que nas áreas rurais

existe um interconhecimento entre as pessoas que tende a ser cada vez mais

valorizado nas sociedades contemporâneas. Entretanto, a partir da década 60

devido ao grande impulso na produção agrícola com a introdução de novos insumos

tecnológicos, esse ativo sócio ambiental ficou relegado a segundo plano, permitindo

o surgimento de graves problemas sociais e ambientais.

Dentre os problemas gerados por este modelo segundo a Coordenadoria de

Assistência Técnica Integral – C.A.T.I. (2001), está o intenso processo de erosão,

contaminação química das terras, dos produtos e das pessoas, diminuição da

cobertura florestal, degradação os recursos hídricos e estabeleceu um novo padrão

de concentração fundiária e empobrecimento da população rural.

Este modelo adotado não consegue, por sua vez, nos dias atuais incrementar

os rendimentos físicos das culturas principais, criando a necessidade de uma

reordenação tecnológica, visando aumentar a potencialidade produtiva do solo

aliada às técnicas de proteção de recursos naturais.

No estado de São Paulo após a década de 70 que as transformações foram

extremas, segundo C.A.T.I (2001, p.21):

“Intenso processo de urbanização, associado à abertura da economia nacional para o mercado exterior, à implementação de um complexo agroindustrial de transformação e insumos e uma indústria de máquinas e equipamentos agrícolas, que viabilizaram ampla diversificação agropecuária, visando atender á crescente demanda externa e interna.”

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Assim, a agricultura paulista passa por um intenso processo de modernização,

com acentuadas mudanças na composição das culturas e aumento no grau de

especialização regional, criando uma dependência de adoção de novas tecnologias

e serviços ligados a administração e gerenciamento da produção agrícola e adoção

de técnicas de manejo.

Neste sentido, segundo C.A.T.I (2007), o estado de São Paulo em parceria

com o Banco Mundial - B.I.D e Banco Internacional para Reconstrução e

Desenvolvimento - B.I.R.D desenvolveu em 1997 o programa de Estadual de

Microbacias Hidrográficas - P.E.M.B.H, que visa ter um efeito perdurável no tempo e

com grande efeito multiplicador no espaço. Tendo a C.A.T.I como uma agência de

Desenvolvimento Rural, através de seus Escritórios de Desenvolvimento Regional –

E.D.R.s e das Casas de Agricultura como agente local.

O programa estabelece um contraponto ao modelo atual, adota como unidade

de Gerenciamento e Gestão microbacias hidrográficas, realiza um diagnóstico sócio

ambiental mapeando dados sociais, econômicos e ambientais de cada Unidade

Produtiva - U.P.As, estimula o trabalho comunitário, à organização rural para

enfrentar o mercado através da formação de associações, capacitação,

conscientização e melhoria ambiental e com o plantio de matas ciliares, manejo

adequado de solo e adequação das estradas rurais.

Atualmente, segundo a C.A.T.I (2007), o programa, atinge 509 municípios com

925 microbacias das quais 609 possuem planos de ação em execução e 316 estão

em fase de levantamento de dados, e até 2007, a meta é chegar a 1.200

microbacias no Estado. Sendo que o investimento para tais ações está em 8,1

milhões de reais em incentivos diretos aos agricultores de pequeno e médio porte ou

9,9 mil atendimentos no campo.

Entre as práticas apoiadas pelo Programa, ressalta a C.A.T.I (2001), estão nas

seguintes medidas estruturais: doações de mudas para recomposição da mata ciliar,

o incentivo ao controle da erosão do solo, calagem, construções de cercas para

proteção de mananciais, aquisição de equipamentos por grupos de produtores,

cessão de equipamentos para plantio direto para associações de produtores,

construção de abastecedouro comunitário, construção de fossa séptica e adequação

de estradas rurais. Quanto as medidas não estruturais: programa de educação

ambiental para os produtores, disponibilização de material didático de educação

ambiental para secretária municipal de educação.

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Estas praticas é uma estratégia de ordenamento territorial para melhorar e

disciplinar as relações entre os componentes ecológicos e sócio-econômicos do

espaço geográfico. Esse processo implica em conceber e executar, segundo

Sanchez & Silva (1995), um projeto ambiental de recuperação, construção e manejo

do território, assumindo o espaço geográfico como um processo de transformações

contínuas.

Trata-se de fazer do território um conjunto de paisagens estimulantes e

capazes de conservar ou desenvolver uma identidade que expresse as

necessidades e expectativas da sociedade.

Isso significa, conforme Branco (1989), projetar o território como um cenário

múltiplo, compreendendo e valorizando a história, a realidade atual e

potencialidades ecológicas e sócio-econômicas das paisagens nas quais se

estrutura e se articula o território.

Pois ações voltadas a compreensão e planejamento das bacias hidrográficas,

revelam como uma unidade bastante eficiente no que diz respeito a um efetivo

ordenamento territorial, onde a execução dos zoneamentos através do mapeamento

multi escalar e multi temático das potencialidades da paisagem, sejam

compreendidas e realmente implementadas, a fim de alcançar diretrizes

consistentes e satisfatórias voltadas ao planejamento territorial.

No município o critério de priorização para a escolha da microbacia caberá ao

Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, identificando num máximo possível

de 35 pontos as M.B.H, em ordem decrescente de pontuação os parâmetros

estabelecidos, como mostra as tabelas 1 e 2 a seguir.

Tabela 1: Tabela dos Parâmetros da Microbacia (Fonte: C.A.T.I, 2001).

Parâmetro Peso Nível de degradação 1 1 a 5 Concentração de produtores 2 0 a 5 Explorações Predominantes 3 1 a 5 Manciais de abastecimento de água 4 1 a 5 Receptividade por parte dos produtores 5 1 a 5 Área de MBH dentro ou próxima de Unidade de Conservação de Uso Indireto, parque ou reserva florestal 6

1 a 5

Maior % de área de preservação permanente na MBH 7 1 a 5

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Tabela 2: Tabela Descrição dos Pesos (Fonte: C.A.T.I,2001).

1 – Definir maior pontuação em MBH onde a degradação ambiental seja mais intensa. 2 – a MBH que apresentar porcentual menor que 65% de pequenos produtores será atribuído peso 0 acima desse porcentual, os pesos de 1 a 5 serão proporcionais À concentração de pequenos produtores da MBH. 3 –Idem para priorização de município 4 – Conferir maior pontuação para MBH que possua curso de água destinado ao abastecimento humano, em conformidade ao tamanho da população que se beneficia diretamente do mesmo. 5 - Deve-se considerar o interesse e a disposição dos produtores em participar do Programa. 6 – Peso maior para MBH com maior área de unidades de Conservação de Uso Indireto em seu próprio interior ou em seu entorno, parques e reservas florestais. 7 - Peso maior para MBH com maior área de preservação permanente

O PEMBH, enquadrou em seus parâmetros no município de Tambaú

localizado a Nordeste do estado de São Paulo, em 2004 a microbacia hidrográfica

Córrego Arrependido (MBH1) e em 2006 microbacia hidrográfica Córrego do Tijuco

Preto (MBH2), Demonstrado no Mapa 1: Mapa de Atuação do Programa Estadual de

Microbacias Hidrográficas

Entretanto a MBH1, atuação inicial do PEMBH, não pode se apoiar nas

diretrizes do PDMT como Zoneamento Ambiental ou pelas Ferramentas de

Geotecnologia, retardando e dificultando as ações previstas e desenvolvidas pelo

mesmo, principalmente naquelas voltadas proteção, conservação e recuperação

ambiental.

Deste modo este trabalho teve por objetivo, produzir um Plano de Recuperação

para microbacia hidrográfica Córrego Arrependido (MBH1), apoiado as variáveis

espaciais apontadas no P.D.T. (2006), como Cavas de Argila, Cavas de Argila em

A.P.P, Voçorocas, Cobertura Vegetal e Ocupação em AP.P, utilizando Ferramentas

de Geotecnologia, para produção cartográfica multi temática e multi escalar a partir

de um Banco de Dados Georrealcional.

A análise e representação destas informações permitem o suporte à tomada

de decisões, para ações estratégicas e a compilação de mapa síntese da MBH,

que embasou a proposta do Plano de Recuperação da MBH1, utilizando os

instrumentos de caráter preventivo, repressivo, educacional e econômico

(incentivos), federais estaduais e municipais.

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Mapa 1:

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Material e Método:

Materiais: 1 - Fotografias áreas: Fotografias áreas para ilustrar os resultados e checagem

de informações;

2 - Imagens de Satélite: As imagens utilizadas foram retiradas do vizualizador

Google Earth 2007, para ilustrar os resultados , checagem de informações e

orientar o trabalho de campo;

3 - Fotografias: utilizadas para ilustrar os resultados;

4 - Softwares: “Arcview 9.1”, pertencente a família dos Sistemas de Informação

Geográfica (SIG); permitem criar e associar bancos de dados com informações

espaciais na forma de mapas digitalizados, identificando e associando os mesmos a

uma determinada região geográfica, sua versatilidade foi empregada para consultar,

editar e ler o Banco de Dados Georrelacional, ( B.D.G.G) da Prefeitura Municipal de

Tambaú SP, composto por um conjunto de dados descritivos (tabelas) e dados

geométricos espaciais (linhas, pontos, polígonos e imagens) que auxiliou executar

as seguintes operações:

Simplificar a manipulação de dados (entrada, edição e exclusão)

Servir de Banco de Dados

Produzir Gráficos e mapas

Método:

A busca do entendimento do espaço geográfico não somente como um todo,

mas, como também as inter-relações estabelecidas entre os fatos geográficos nele

inserido, segundo Medeiros (2000), necessita da manipulação de uma grande

quantidade de dados e informações de diversas naturezas, organizadas

corretamente para que se possa estabelecer diferentes correlações entre os

mesmos, sendo assim, a utilização de tecnologias voltadas para a coleta e

manipulação dos mesmos, agrupados em um conjunto de técnicas matemáticas e

computacionais denominadas de Geoprocessamento, já estão inseridas na maioria

da ciências voltadas para o entendimento do espaço geográfico.

Dentre as tecnologias mais sofisticadas utilizadas pelo Geoprocessamento

está o Sistemas de Informações Geográficas - S.I.G que de acordo com Druck.;

Carvalho; Câmara; Monteiro (2004 p.1) um SIG é definido como: “Um conjunto

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poderoso de ferramentas computacionais que possibilitam a entrada,

armazenamento, manipulação (consulta e análise) e saída de dados

georeferenciados"; sendo possível localizar os elementos gráficos ou “fatos

geográficos” no espaço.

Entretanto, Ferreira (2003) argumenta que a utilização de tecnologias

voltadas para coleta e tratamento de da informação espacial com técnicas de

Geoprocessamento, perpassa pela capacidade de abstração da paisagem real em

paisagem digital, e que todo agrupamento de dados em um S.I.G, depende da

entrada eficiente dos mesmos, sendo necessário estabelecer uma projeção

cartográfica para georreferecia-los, a fim de compatibilizar as escalas do modelo

digital com o modelo analógico, e que as informações dispostas em SIG sejam

representados de acordo com convenções internacionais e preceitos da semiologia

gráfica.

A abstração da paisagem real em ambiente digital para este estudo, partiu da

consulta B.D.G.G._REGIONALIZAÇÃO_MBH_TAMBAU_SP_2006, figura 1: Espelho

de parte B.D.G.G do município de Tambaú, que integra diferentes dados oriundos

de três fontes distintas: Plano Diretor Municipal de Tambaú (2006); Relatório

Técnico do Aprimoramento da Competitividade do Arranjo Produtivo Local – A.P.L

Minero Cerâmico de Tambaú (2006) e Programa Estadual de Micro Bacias da CATI

(2004), que conta com informações diversas sobre o território municipal como Mapa

de Uso e Ocupação das Terras, Geologia, Pedologia, Declividade, Hidrografia, Risco

Erosão, Voçorocas, Cavas de Argila, Sistema Viário, Altimetria, Aptidão Agrícola,

Malha Fundiária do PEMBH e Áreas Urbanas.

Todos os produtos foram desenvolvidos com escala de 1: 50.000, Projeção

Universal Transversal de Mercator (U.T.M), sobre a Base Topográfica 1:50.000

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - I.B.G.E do ano de 1968.

Ao trabalhar sobre MBH 1 Córrego Arrependido , utilizou-se o pensamento

corológico de análise vertical, que através distribuição das características fisco

territoriais como cobertura vegetal, sistema viário, voçorocas, área urbana,

hidrografia e altimetria apresentou, assim a substância de microbacia, na forma de

um mapa síntese.

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Figura 1: Espelho de parte B.D.G.G do município de Tambaú

Para encontrar um indicador através da cobertura vegetal foi utilizado o

mapa de Uso e Ocupação das Terras em três operações de geoprocessamento:

1. Utilização do polígono da MBH como mascara para recortar o Uso e

Ocupação das Terras para identificar a classe de Usos da Terras predominante.

2. Geração de um Buffer de 30 metros ao redor da malha hidrográfica,

fora utilizada como mascara para recortar o mapa de Uso Ocupação da Terras da

MBH e encontrar porcentagem de ocupação de APP,

3. O Fatiamento das classes de uso, para seleção da cobertura vegetal

natural agrupadas na classe fragmentos florestais o que gerou a porcentagem de

Fragmentos Florestais da MBH.

No sentido de ampliar as possibilidades de apresentar indicadores mais

pontais e ordenar por prioridade atuação do PEMBH nas UPAs, para a aplicação

dos incentivos de preservação e conservação do PEMBH como Terraciamento,

Plantio de Mata ciliar e Reflorestamento por Eucalipto e outras praticas

conservacionistas, foi considerado os seguintes fatos geográficos : Risco Erosão

Alto, Nascentes, Ocupação de APP, Falta de Fragmentos Florestais, Cavas de

Mineração e Voçorocas.

E por meio da distribuição e conforme a maior concentração dos mesmos na

superfície da MBH limitados pela malha fundiária, foi possível descrever as

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características específicas de cada UPA e classifica-las em ordem decrescente

para aplicação dos investimentos do PEMBH, partindo da cores quente para frias.

Resultados e Discussões: Resultados :

A seleção de informações para a produção do mapa síntese do MBH 1

Córrego Arrependido, Mapa 2: Mapa Síntese apresentou o comportamento espacial

dos fatos geográficos neste sistema, o que permitiu visualizar a distribuição,

quantidade e relações dos mesmos frente à questão de qualidade ambiental.

Sendo visualizada uma situação critica, com vários processos erosivos,

atividades minerarias ativas ou abandonadas, em área de APP ou não, sem

cobertura vegetal somando-se a isso ela é o manancial de abastecimento urbano

cuja a lagoa de captação vem sendo assoreada.

Nos resultados demonstrados no Mapa 3: Coleção de Mapas de Uso e

Ocupação das Terras, obtidos na extração o Uso e Ocupação das Terras no Buffer

de 30 metros, identificou-se que 70 % da APP esta ocupada principalmente por

pastagem seguida por cana de açúcar.

Já na operação de fatiamento e agrupamento das classes de cobertura

vegetal mata ciliar, cerrado e floresta de encosta, na classe fragmentos florestais

localizados fora da APP demonstrou, que 92 % da área esta antropizada restando

8% de cobertura vegetal em fragmentos esparsos sem conectividade localizados em

declividades acentuadas.

O ordenamento decrescente de prioridade para atuação do PEMBH,conforme

o Mapa 4: Mapa de Indicação de prioridade de atuação do PEMBH, estabeleceu um

parâmetro para 8 classes de prioridade, sendo as UPAs com maior expressão

territorial categorizada como prioridade 1 por agrupar todas as variáveis analisadas

porem com pouca unidades, as de prioridade 8 apresentou grande quantidade

unidades com apenas uma das expressões analisadas.

O intervalo de prioridade configurou-se discrepante entre classes, resultado

da pequena quantidade de elementos classificadores versus a grande quantidade de

unidades a ser classificadas.

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Mapa 2: Mapa Síntese

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Mapa 3: Coleção de Mapas de Uso e Ocupação das Terras

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Mapa 3:

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Resultados :

Becker (2002), afirma que se faz urgente, a elaboração de estudos que visem

a formulação de um plano de gestão fundamentado no conhecimento de quais são

os atributos oferecidos pela paisagem, de acordo com suas capacidades, limitações

e dinâmicas próprias. Tal proposta confirma a necessidade por concepções de

planejamento e gestão que levem em consideração os múltiplos aspectos

relacionados à dinâmica territorial.

O s resultados obtido pela a manipulação dos dados que compõem o BDGG

do município de Tambaú, e inclusão de dados do PEMBH, através de técnicas de

geoprocessamento permitiu a visualização de fatos geográficos restringidos

primeiramente na MBH1 Córrego Arrependido e posteriormente nas UPAs, sendo

possível assim traçar uma estratégia de atuação e disposição de recursos,

facilitando o monitoramento das ações.

O estudo reafirmou que o PEMBH é uma política publica eficaz na

identificação da MBH a ser escolhida , para o emprego os instrumentos de caráter

preventivo, repressivo, educacional e econômico (incentivos), federais estaduais e

municipais, pois demonstrou a situação grave de degradação ambiental da MBH1

Córrego Arrependido e a necessidade de mudança do modelo utilização dos

recursos naturais nela encontrada por ser o manancial de abastecimento de 20 mil

pessoas da área urbana.

Assim o Plano de Recuperação ambiental da MBH terá como estratégia,

utilização de ferramentas de geotecnologias apresentada neste estudo, orientado a

tomada de decisão, na atuação pontual das ações do programa em cada UPA,

através de medidas estruturais e não estruturais.

Deste modo as potencialidades de extensão da metodologia do PEMBH, com

o apoio de geotecnologias para todo território de Tambaú, se torna viável pois

conduz ao município a apropriação do espaço através do conhecimento dos

atributos oferecidos pela paisagem, formulando políticas públicas de conservação

preservação dos recursos naturais e desenvolvimento sócio econômico.

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Referências:

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