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POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE NOVAS CROMONAS E XANTONAS Dissertação do 2º Ciclo de Estudos Conducentes ao Grau de Mestre em Controlo de Qualidade Carina Isabel Coelho Proença Trabalho realizado sob a orientação da Professora Doutora Clementina Maria Moreira dos Santos e co-orientação da Professora Doutora Eduarda das Graças Rodrigues Fernandes maio de 2015

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Page 1: POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE NOVAS …...cromonas e as xantonas são compostos heterocíclicos de oxigénio cujas propriedades bioativas se encontram amplamente reportadas na literatura,

POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE NOVAS

CROMONAS E XANTONAS

Dissertação do 2º Ciclo de Estudos Conducentes ao Grau

de Mestre em Controlo de Qualidade

Carina Isabel Coelho Proença

Trabalho realizado sob a orientação da Professora Doutora

Clementina Maria Moreira dos Santos e co-orientação da Professora

Doutora Eduarda das Graças Rodrigues Fernandes

maio de 2015

Page 2: POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE NOVAS …...cromonas e as xantonas são compostos heterocíclicos de oxigénio cujas propriedades bioativas se encontram amplamente reportadas na literatura,

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA

DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO,

MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A

TAL SE COMPROMETE.

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AGRADECIMENTOS

É com muito gosto que expresso aqui o mais profundo agradecimento a todos aqueles

que me ajudaram, direta ou indiretamente, a cumprir os meus objetivos e a realizar esta

etapa da minha formação académica.

À minha orientadora, Professora Doutora Clementina Santos, pelo grande apoio,

dedicação, rigor, incentivo e cordialidade com que me recebeu e pela confiança que

depositou em mim em todas as fases que levaram à concretização deste trabalho.

À Professora Doutora Eduarda Fernandes, co-orientadora desta dissertação, pelo

apoio, disponibilidade, pelos conhecimentos que me transmitiu, pelas opiniões e críticas

construtivas e pela total colaboração no esclarecimento de dúvidas e resolução de

problemas. O seu incentivo desde o início foi determinante na elaboração desta

dissertação de mestrado.

Ao Professor Doutor Félix Carvalho, coordenador do Mestrado em Controlo de

Qualidade, pela sua disponibilidade durante todo o período em que decorreu este

mestrado.

Aos meus colegas da FRAU, Marisa, Daniela e Renan, pela disponibilidade constante

no esclarecimento de dúvidas e pela simpatia com que me receberam no laboratório de

Química Aplicada. O bom ambiente de trabalho proporcionado foi fundamental para a

minha integração no grupo.

Ao laboratório de Química Aplicada da Faculdade de Farmácia da Universidade do

Porto, na pessoa do Professor Doutor José Luís Fontes da Costa Lima, pelo acolhimento

e pelas condições disponibilizadas para a concretização deste trabalho.

Ao Departamento de Química da Universidade de Aveiro, na pessoa do Professor

Doutor Artur Silva, pela cedência dos compostos que serviram como objeto de estudo

para esta dissertação de mestrado.

Ao meu namorado, o meu profundo obrigada pelo modo como me acompanhou,

apoiou e estimulou ao longo deste mestrado. Pelas alegrias, momentos felizes,

desânimos e sobretudo pela compreensão.

Ao meu avô, por estar presente nas minhas alegrias e conquistas ao longo de todo o

meu percurso académico. E à minha avó, que já partiu, mas que estará eternamente no

meu coração e será sempre recordada pelo carinho e preocupação que teve para

comigo, até ao último momento.

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A todos os meus amigos e familiares, que me ajudaram a ser quem sou, que

depositam total confiança em mim e para os quais me resta afincadamente não desiludir.

Muito obrigada…

À minha mãe e ao meu pai, a quem dedico esta dissertação, pelo amor, paciência,

compreensão e apoio incondicional ao longo de todas as etapas da minha vida. Obrigada

por acreditarem sempre em mim, mesmo nos momentos mais difíceis e frustrantes. Serei

eternamente grata por ter os melhores pais do mundo.

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RESUMO

No âmbito desta dissertação de mestrado foram aplicadas metodologias com deteção

espetrofotométrica, fluorimétrica e quimioluminimétrica, em leitor de microplacas com o

objetivo de avaliar a atividade captadora de espécies reativas de oxigénio (ERO) e

espécies reativas de azoto (ERA) por novos derivados de cromona e xantona. As

cromonas e as xantonas são compostos heterocíclicos de oxigénio cujas propriedades

bioativas se encontram amplamente reportadas na literatura, constituindo assim um

desafio a procura de novos derivados, quer naturais quer sintéticos, com vista à avaliação

das suas atividades biológicas.

Em concentrações baixas ou moderadas as ERO e ERA encontram-se envolvidas em

diversos processos fisiológicos. No entanto, a perda de equilíbrio entre a sua formação e

eliminação, causada por um aumento da concentração destas espécies, pode resultar em

danos nas biomoléculas, nomeadamente nos lípidos, proteínas, ADN e glícidos. A defesa

antioxidante é responsável por evitar esses danos, sendo indispensável para o normal

funcionamento do organismo. Das inúmeras propriedades biológicas atribuídas a

derivados de cromonas e xantonas, destaca-se o seu elevado poder antioxidante.

Considerou-se assim relevante proceder à avaliação do efeito captador de ERO e ERA

de novos derivados sintéticos de cromona e xantona que apresentam substituintes

hidroxilo em diferentes posições dos seus núcleos base.

Os ensaios de avaliação de atividade captadora de ERO e ERA incidiram sobre: o

radical anião superóxido (O2•-), o peróxido de hidrogénio (H2O2), o ácido hipocloroso

(HOCl), o oxigénio singleto (1O2), o radical peroxilo (ROO•), o óxido nítrico (•NO) e o anião

peroxinitrito (ONOO-).

No presente estudo, todos os derivados de cromona e xantona demonstraram ser

captadores de ERO e ERA em concentrações na ordem dos μM, excepto no caso do O2•-,

em que não foi possível calcular o IC50 das cromonas, e no caso do H2O2, em que uma

das xantonas testadas (composto 5a) não apresentou capacidade de captação desta

espécie. Em relação às outras espécies reativas (ER), não se verificou um

comportamento homogéneo dos compostos testados, variando a atividade captadora de

cada um com a espécie em questão.

Palavras-chave: espécies reativas de oxigénio (ERO), espécies reativas de azoto

(ERA), atividade antioxidante, cromonas, xantonas.

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ABSTRACT

In this work, spectrophotometric, fluorescence and chemiluminescence methodologies

were conducted in a microplate reader and applied to evaluate the scavenging activity of

novel chromone and xanthone derivatives against reactive oxygen species (ROS) and

reactive nitrogen species (RNS). Chromones and xanthones are oxygen-containing

heterocyclic compounds which bioactive properties are widely reported in the literature,

being a challenge the search for new derivatives, natural and synthetic, in order to

evaluate their biological activities.

In low or moderate concentrations, the ROS and RNS are involved in many

physiological processes. However, the imbalance between formation and elimination,

caused by an increased concentration of these species may result in damage to

biomolecules, in particular to lipids, proteins, DNA and carbohydrates. The antioxidant

defense is responsible for preventing such damages and it’s essential for the normal body

function. One of the many biological activities attributed to chromones and xanthones are

related to their antioxidant properties. So, the aim of this work was to evaluate the

scavenging activity of ROS and RNS of new synthetic chromone and xanthone derivatives

which possess hydroxyl substituents in different positions of their skeletons.

The scavenging activity assays of ROS and RNS were focused on: superoxide anion

radical (O2•-), hydrogen peroxide (H2O2), hypochlorous acid (HOCl), singlet oxygen (1O2),

peroxyl radical (ROO•), nitric oxide (•NO) and peroxynitrite anion (ONOO-).

In the present study, all chromones and xanthones are scavengers of ROS and RNS at

concentrations of μM except for O2•-, which was not possible to calculate the IC50 values of

chromones, and in the case of H2O2, which one of the tested xanthones (compound 5a)

didn’t show any scavenging capacity. Concerning the other reactive species, there wasn’t

a homogeneous behavior of the tested compounds and it was observed a variation of the

scavenging activity according to the specie under study.

Keywords: reactive oxygen species (ROS), reactive nitrogen species (RNS),

antioxidant activity, chromones, xanthones.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................. 1

Preâmbulo ..................................................................................................................... 1

Objetivo do trabalho e estrutura da dissertação ............................................................ 1

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 3

1.1. Agentes pró-oxidantes ............................................................................................ 4

1.2. Espécies reativas de oxigénio (ERO) ..................................................................... 4

1.2.1. Radical anião superóxido (O2•-) ........................................................................ 5

1.2.2. Peróxido de hidrogénio (H2O2) ......................................................................... 8

1.2.3. Radical peroxilo (ROO•) e radical alcoxilo (RO•) ............................................... 9

1.2.4. Ácido hipocloroso (HOCl) ................................................................................10

1.2.5. Oxigénio singleto (1O2) ....................................................................................11

1.3. Espécies reativas de azoto ....................................................................................13

1.3.1. Óxido nítrico (•NO) ..........................................................................................14

1.3.2. Anião peroxinitrito (ONOO-) ............................................................................16

1.4. Stresse oxidativo/nitrosativo ..................................................................................19

1.4.1. Danos nas biomoléculas .................................................................................20

1.5. Antioxidantes .........................................................................................................22

1.5.1. Antioxidantes exógenos ..................................................................................23

1.6. Cromonas ..............................................................................................................26

1.6.1. Classificação de cromonas .............................................................................27

1.6.2. Síntese de cromonas ......................................................................................27

1.6.3. Atividades biológicas de cromonas .................................................................28

1.7. Xantonas ...............................................................................................................29

1.7.1. Classificação de xantonas ..............................................................................30

1.7.2. Síntese de xantonas .......................................................................................31

1.7.3. Atividades biológicas de xantonas ..................................................................33

2. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 34

2.1. Materiais ................................................................................................................35

2.1.1. Reagentes ......................................................................................................35

2.1.2. Equipamento ...................................................................................................36

2.2. Métodos ................................................................................................................36

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2.2.1. Avaliação da atividade captadora de O2•- ........................................................36

2.2.1.1. Geração do O2•- ........................................................................................36

2.2.1.2. Fundamento do método ...........................................................................36

2.2.1.3. Ensaio ......................................................................................................37

2.2.2. Avaliação da atividade captadora de H2O2 ......................................................38

2.2.2.1. Preparação do H2O2 .................................................................................38

2.2.2.2. Fundamento do método ...........................................................................38

2.2.2.3. Ensaio ......................................................................................................39

2.2.3. Avaliação da atividade captadora de HOCl .....................................................39

2.2.3.1. Obtenção do HOCl ...................................................................................39

2.2.3.2. Fundamento do método ...........................................................................39

2.3.3 3. Ensaio ......................................................................................................40

2.2.4. Avaliação da atividade captadora de 1O2 ........................................................41

2.2.4.1. Geração de 1O2 ........................................................................................41

2.2.4.2. Fundamento do método ...........................................................................41

2.2.4.3. Ensaio ......................................................................................................42

2.2.5. Avaliação da atividade captadora de ROO• .....................................................42

2.2.5.1. Geração de ROO• .....................................................................................42

2.2.5.2. Fundamento do método ...........................................................................43

2.2.5.3. Ensaio ......................................................................................................44

2.2.6. Avaliação da atividade captadora de •NO........................................................45

2.2.6.1. Geração de •NO .......................................................................................45

2.2.6.2. Fundamento do método ...........................................................................45

2.2.6.3. Ensaio ......................................................................................................46

2.2.7. Avaliação da atividade captadora de ONOO– ..................................................47

2.2.7.1. Síntese de ONOO– ...................................................................................47

2.2.7.2. Fundamento do método ...........................................................................47

2.2.7.3. Ensaio ......................................................................................................47

3. RESULTADOS ....................................................................................................... 49

3.1. Atividade captadora de O2•- ...................................................................................50

3.2. Atividade captadora de H2O2 .................................................................................51

3.3. Atividade captadora de HOCl ................................................................................52

3.4. Atividade captadora de 1O2 ....................................................................................53

3.5. Atividade captadora de ROO• ................................................................................54

3.6. Atividade captadora de •NO ...................................................................................56

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3.7. Atividade captadora de ONOO- .............................................................................57

4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................................................................... 60

4.1. Avaliação da atividade captadora de O2•- ..............................................................62

4.2. Avaliação da atividade captadora de H2O2 ............................................................63

4.3. Avaliação da atividade captadora de HOCl ...........................................................64

4.4. Avaliação da atividade captadora de 1O2 ...............................................................66

4.5. Avaliação da atividade captadora de ROO• ...........................................................67

4.6. Avaliação da atividade captadora de •NO ..............................................................68

4.7 Avaliação da atividade captadora de ONOO- .........................................................69

5. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 72

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 75

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Estrutura das cromonas (4a-4c) e xantonas (5a-5c) sintéticas testadas para

avaliação do seu potencial antioxidante. .................................................................... 1

Figura 2: Mecanismo de formação do 1O2. ......................................................................12

Figura 3: Formação de ERO. ..........................................................................................13

Figura 4: Decomposição do ONOOCO2- em CO2 e NO3

- e •NO2 e CO3•-. .........................17

Figura 5: Formação de ERA. ..........................................................................................19

Figura 6: Peroxidação lipídica e seus produtos. ..............................................................20

Figura 7: Principais fontes e danos provocados pelas ERO e ERA .................................21

Figura 8: Principais classes de antioxidantes exógenos naturais . ..................................24

Figura 9: Cromona – estrutura base e numeração. .........................................................26

Figura 10: Estrutura base de flavonoides (flavona e isoflavona). ....................................26

Figura 11: Síntese de cromonas a partir de orto-hidroxiarilalquilcetonas ........................28

Figura 12: Atividades biológicas de cromonas. ...............................................................29

Figura 13: Xantona – estrutura base e numeração. ........................................................30

Figura 14: Síntese de xantonas pelo método de Grover, Shah e Shah. ..........................32

Figura 15: Síntese de xantonas via benzofenona e via éter diarílico. ..............................32

Figura 16: Atividades biológicas de xantonas. ................................................................33

Figura 17: Síntese dos derivados de cromona (4a-4c) e xantona (5a-5c) testados nos

ensaios de captação de ERO e ERA. .......................................................................35

Figura 18: Geração de O2•- através do sistema NADH/PMS/O2 ......................................36

Figura 19: Redução do NBT em formazano pelo O2•- . ....................................................37

Figura 20: Reação entre a lucigenina e o H2O2 com formação de metilacridona e

consequente emissão de luz . ...................................................................................38

Figura 21: Oxidação da DHR a RD por reação com o HOCl. ..........................................40

Figura 22: Termodecomposição do NDPO2 a NDP e geração de 1O2 a 37ºC . ................41

Figura 23: Geração de ROO• através da termodecomposição do AAPH a 37ºC. ............43

Figura 24: Oxidação da fluoresceína pelo ROO• com formação de um produto não

fluorescente. .............................................................................................................43

Figura 25: Reação do •NO com a DAF-2, na presença de O2, originando DAF-2T. .........45

Figura 26: Atividade captadora de O2•- dos compostos testados.. ...................................50

Figura 27: Atividade captadora de H2O2 dos compostos testados.. .................................51

Figura 28: Atividade captadora de HOCl dos compostos testados.. ................................52

Figura 29: Atividade captadora de 1O2 dos compostos 4a, 4b e 4c.. ...............................53

Figura 30: Atividade captadora de 1O2 dos compostos 5a, 5b e 5c.. ...............................54

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Figura 31: Evolução ao longo do tempo do sinal de fluorescência resultante da oxidação

da fluoresceína pelo ROO• na ausência de qualquer composto captador e na

presença do composto 5b (7; 5; 4; 2,5; 1,25; 0,625 e 0,3125 μM). ...........................55

Figura 32: Evolução ao longo do tempo do sinal de fluorescência resultante da oxidação

da fluoresceína pelo ROO• na presença de trolox (5; 4; 2,5; 1,25; 0,625; 0,3125 e

0,156 μM). ................................................................................................................55

Figura 33: Atividade captadora de •NO dos compostos testados.. ..................................57

Figura 34: Atividade captadora de ONOO- dos compostos testados, na ausência de

NaHCO3.. ..................................................................................................................58

Figura 35: Atividade captadora de ONOO- dos compostos testados, na presença de

NaHCO3.. ..................................................................................................................59

Figura 36: Estrutura das cromonas (4a, 4b e 4c) e xantonas (5a, 5b e 5c) testadas. .....61

Figura 37: Estrutura das 2,3-diarilxantonas (6a-6c) testadas por Santos et al., 2010......63

Figura 38: Estrutura das 2-estirilcromonas (7a-7c) testadas por Gomes et al., 2007. .....64

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Principais espécies reativas de oxigénio (ERO). .............................................. 5

Tabela 2: Principais espécies reativas de azoto (ERA). ..................................................14

Tabela 3: Exemplos de antioxidantes exógenos segundo o seu mecanismo de ação. ....23

Tabela 4: Exemplos de antioxidantes endógenos segundo o seu mecanismo de ação. ..23

Tabela 5: Classificação de cromonas e respetivas características. .................................27

Tabela 6: Classificação de xantonas e respetivas características. ..................................31

Tabela 7: Atividade captadora de O2•- (IC50±erro padrão da média). ................................50

Tabela 8: Atividade captadora de H2O2 (IC50±erro padrão da média)...............................51

Tabela 9: Atividade captadora de HOCl (IC50±erro padrão da média). ............................52

Tabela 10: Atividade captadora de 1O2 (IC50±erro padrão da média). ..............................54

Tabela 11: Valores ORAC dos compostos testados calculados do declive (média±erro

padrão da média) das respetivas retas de regessão. ................................................56

Tabela 12: Atividade captadora de •NO (IC50 ±erro padrão da média). ............................57

Tabela 13: Atividade captadora de ONOO- na ausência e na presença de NaHCO3

(IC50±erro padrão da média). ....................................................................................59

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ABREVIATURAS E FÓRMULAS QUÍMICAS:

AAPH – Dicloridrato de 2,2’-azobis-2-amidinopropano

AUC – Área sob a curva

ADN – Ácido desoxirribonucleico

ARN – Ácido ribonucleico

mARN – ARN mensageiro

BBr3 – Tribrometo de boro

CAT – Catalase

CO3•- - Radical anião carbonato

COMT – Catecol-O-metiltransferase

DAF-2 – 4,5-Diaminofluoresceína

DAF-2T – 4,5-Triazolofluoresceína

DHR – Di-hidrorodamina 123

DMF – Dimetilformamida

DMSO – Dimetilsulfóxido

ER - Espécie reativa

ERA – Espécie reativa de azoto

ERO – Espécie reativa de oxigénio

λEx – Comprimento de onda de excitação

λEm – Comprimento de onda de emissão

GPx – Glutationa peroxidase

GR – Glutationa redutase

GSH – Glutationa reduzida

GSSG – Glutationa oxidada

H2O2 – Peróxido de hidrogénio

Hb-O2 – Oxi-hemoglobina

HCl – Ácido clorídrico

HCO3- - Anião bicarbonato

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4-HHE – 4-Hidroxi-2-hexenal

4-HNE – 4-Hidroxi-2-nonenal

HNO2 – Ácido nitroso

HO• - Radical hidroxilo

HO2• - Radical hidroperoxilo

IC50 – Concentração capaz de inibir 50% do efeito avaliado

MAO – Monoamina oxidase

MDA – Malonildialdeído

MEM - metoxietoximetilo

met-Hb – Metahemoglobina

MPO – Mieloperoxidase

NAD(P)H – Fosfato de dinucleótido de nicotinamida e adenina (forma reduzida)

NAD+ - Dinucleótido de nicotinamida e adenina (forma oxidada)

NADH – Dinucleótido de nicotinamida e adenina (forma reduzida)

NaHCO3 – Bicarbonato de sódio

NaNO2 – Nitrito de sódio

NaOCl – Hipoclorito de sódio

NaOH – Hidróxido de sódio

NBT – Azul de nitrotetrazólio

NDP – 3,3’-(1,4-Naftaleno)bispropanoato de sódio

NDPO2 – Endoperóxido de 3,3’-(1,4-naftaleno)bispropanoato de sódio

•NO – Óxido nítrico

N2O3 – Óxido nitroso

NO2- - Anião nitrito

NO2 – Dióxido de azoto

NO3- - Anião nitrato

NOC-5 – 3-(Aminopropil)-1-hidroxi-3-isopropil-2-oxo-1-triazeno

O2•- - Radical anião superóxido

1O2 – Oxigénio singleto

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Δ 1O2 – Oxigénio singleto delta

Σ 1O2 – Oxigénio singleto sigma

O3 - Ozono

ONOO- - Anião peroxinitrito

ONOOCO2- - Anião nitrosoperoxicarbonato

ONOOH – Ácido peroxinitroso

ONS – Óxido nítrico sintetase

cONS – Óxido nítrico sintetase constitutiva

iONS – Óxido nítrico sintetase indutível

ORAC – Do inglês “Oxygen Radicals Absorbance Capacity”

8-OxodG – 7,8-Di-hidro-8-oxo-2’-desoxiguanosina

PMS – Metossulfato de fenazina

PO• - Radical fenólico

POH – Compostos fenólicos

R• - Radical lipídico

RD – Rodamina 123

RL - Radical livre

RO• - Radical alcoxilo

ROO• - Radical peroxilo

ROOH – Hidroperóxido lipídico

SNC – Sistema nervoso central

SNP – Sistema nervoso periférico

SOD – Superóxido dismutase

Trx-(SH)2 – Tiorredoxina

Trx-px – Tiorredoxina peroxidase

UV – Ultravioleta

XO – Xantina oxidase

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INTRODUÇÃO GERAL

Preâmbulo

Os antioxidantes desempenham um papel fundamental na desfesa do organismo

contra espécies reativas de oxigénio (ERO), e espécies reativas de azoto (ERA), quando

presentes em elevadas concentrações. Estas espécies encontram-se associadas a danos

nas biomoléculas dando origem diversas patologias, tais como doenças cardiovasculares

e neurodegenerativas e cancro. As cromonas e xantonas são compostos heterocíclicos

oxigenados que apresentam diversas propriedades biológicas, destacando-se a elevada

atividade antioxidante. Com base nestes factos, é de elevado interesse e importância a

procura de novas cromonas (4a-4c) e xantonas (5a-5c) de modo a proceder à avaliação

da sua capacidade antioxidante (Figura 1).

Cromonas

4a: R1 = R2 = H

4b: R1 = H, R2 = OH

4c: R1 = OH, R2 = H

Xantonas

5a: R1 = R2 = H

5b: R1 = H, R2 = OH

5c: R1 = OH, R2 = H

Figura 1: Estrutura das cromonas (4a-4c) e xantonas (5a-5c) sintéticas testadas para avaliação

do seu potencial antioxidante.

Objetivo do trabalho e estrutura da dissertação

O objetivo deste trabalho foi a avaliação in vitro, em sistemas não celulares, da

atividade captadora de ERO e ERA de novas cromonas e xantonas sintéticas.

Esta dissertação encontra-se dividida em seis capítulos principais. O primeiro,

designado de Introdução, consiste num enquadramento teórico em que se caracterizam

as ERO e ERA estudadas neste trabalho. Também neste capítulo encontram-se

resumidos os danos nas biomoléculas resultantes do stresse oxidativo/nitrosativo e o

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papel dos antioxidantes na desfesa do organismo. Para finalizar este capítulo, definem-se

cromonas e xantonas, assim como, se faz referência às diversas propriedades biológicas

que lhes estão associadas. No segundo capítulo encontram-se descritos os Materiais e

métodos utilizados na fase experimental deste trabalho. Os Resultados obtidos são

apresentados no terceiro capítulo e a Discussão dos resultados encontra-se presente

no quarto capítulo. No quinto capítulo, são apresentadas as Conclusões do trabalho e no

sexto e último capítulo encontram-se as Referências bibliográficas consultadas e que

sustentaram o desenvolvimento da presente dissertação de mestrado.

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1. INTRODUÇÃO

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1.1. Agentes pró-oxidantes

Agentes pró-oxidantes são agentes que podem, direta ou indiretamente, oxidar

moléculas, podendo estes ser radicais livres (RL) ou espécies não radicalares. Um radical

livre é um átomo ou molécula, que contém numa das suas orbitais mais externas, um ou

mais eletrões desemparelhados. Os RL são bastante reativos e possuem um tempo de

semi-vida curto (Li et al., 2013; Burton e Jauniaux, 2011; Ferreira e Abreu, 2007; Dato et

al., 2013; Ferreira et al., 2013; Halliwell e Gutteridge, 1984; Ribeiro, 1989). As espécies

não radicalares são espécies químicas com forte potencial de oxidação (ex: ácido

hipocloroso) ou que favorecem a formação de oxidantes fortes (ex: ferro e cobre)

(Halliwell e Gutteridge, 2007).

Os RL são classificados segundo o átomo portador do(s) eletrão(ões)

desemparelhado(s) e podem ser encontrados na natureza, associados aos átomos de

carbono, enxofre, azoto e oxigénio. Um RL é indicado por um ponto em sobrescrito

relativamente ao átomo onde está centrado. No caso de um RL ser uma espécie

carregada, o ponto é colocado e, em seguida, a carga. Exemplos: radicais centrados no

carbono (•CCl3, •CH3); radicais centrados no enxofre [radical tílio (RS•)]; radicais centrados

no azoto (•NO,•NO2) e radicais centrados no oxigénio (O2•−, HO•). Como os RL possuem

um ou mais eletrões desemparelhados, tornam-se instáveis e têm tendência a interagir

com outras moléculas próximas, através da captação (oxidantes) ou da cedência

(redutores) de eletrões e/ou átomos de hidrogénio (Ferreira et al., 2007).

A designação “espécies reativas” é mais genérica e engloba os RL e outras moléculas

que apesar de não possuírem átomos com eletrões desemparelhados, são agentes

fortemente oxidantes ou potenciais formadoras de oxidantes (Burton e Jauniaux, 2013;

Poljsak, 2011). As espécies reativas (ER) mais importantes, nos organismos aeróbios, a

nível fisiopatológico são as espécies reativas de oxigénio (ERO) e espécies reativas de

azoto (ERA) (Ferreira et al., 2007).

1.2. Espécies reativas de oxigénio (ERO)

As ERO são derivadas do oxigénio molecular com atividade redox, apresentando

maior reatividade do que este. O termo ERO engloba não apenas os RL, mas também

espécies não radicalares. Entre os RL, destacam-se o radical anião superóxido (O2•-), o

radical hidroperoxilo (HO2•), o radical hidroxilo (HO•), o radical peroxilo (ROO•), o radical

alcoxilo (RO•) e o radical anião carbonato (CO3•-), sendo que o ácido hipocloroso (HOCl),

o peróxido de hidrogénio (H2O2), o oxigénio singleto (1O2) e o ozono (O3) são espécies

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não radicalares (Tabela 1) (Dato et al., 2013). Nos processos celulares normais, as ERO

são geradas continuamente em pequenas quantidades. Por outro lado, a exposição a

determinados fatores como alguns xenobióticos, agentes infeciosos, poluição, luz

ultravioleta (UV), fumo de cigarro e radiação, demonstrou ter a capacidade de aumentar a

produção destas ER (Halliwell e Gutteridge, 2007).

Tabela 1: Principais espécies reativas de oxigénio (ERO).

Espécies Reativas de Oxigénio (ERO)

Espécies Radicalares Espécies Não Radicalares

Radical anião superóxido (O2•-)

Radical hidroperoxilo (HO2•)

Radical hidroxilo (HO•)

Radical peroxilo (ROO•)

Radical alcoxilo (RO•)

Radical anião carbonato (CO3•-)

Peróxido de hidrogénio (H2O2)

Ácido hipocloroso (HOCl)

Oxigénio singleto (1O2)

Ozono (O3)

1.2.1. Radical anião superóxido (O2•-)

Devido ao facto de não ter restrição de spin, quando o O2 capta um eletrão a pH

neutro, converte-se no O2•-. Este radical é hidrofílico, não tendo capacidade de atravessar

as membranas celulares (apenas via canais aniónicos) e consequentemente, fica

confinado próximo do seu local de produção. No entanto, pode desencadear reações

químicas com os ácidos gordos dos fosfolípidos e alterar a organização membranar,

indispensável para o funcionamento normal da célula (Ribeiro, 1989; Alfadda e Sallam,

2012). Este radical é normalmente considerado a ERO “primária” e embora não seja um

radical muito reativo, pode interagir com outras moléculas e dar origem a outras ER,

geralmente designados de ERO “secundárias” (Ferreira e Abreu, 2007).

A formação de O2•- no organismo humano acontece essencialmente através de

mecanismos de fagocitose, de auto-oxidação das catecolaminas, da ação da enzima

xantina oxidase (XO) e citocromo P450 e também através da cadeia respiratória

mitocondrial (Kalyanaraman, 2013).

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Fosfato de dinucleótido de nicotinamida e adenina (NADPH) oxidase

Na presença de um organismo patogénico, a ativação de células fagocitárias estimula

a produção de O2•- por ação da enzima NADPH oxidase. Esta enzima, catalisa a

transferência de um eletrão da forma reduzida do NADPH para o O2, formando o O2•-

(Bejma e Ji, 1999; Grob et al., 2013).

Auto-oxidação das catecolaminas

O catabolismo normal das catecolaminas é realizado através de duas vias enzimáticas

principais: a enzima mitocondrial monoamino oxidase (MAO) e a catecol-O-

metiltransferase (COMT) (Eisenhofer e Kopin, 2004). No entanto, em determinadas

condições, podem sofrer auto-oxidação com formação de ERO. Na oxidação das

catecolaminas, ocorre cedência de eletrões que podem ter o O2 como aceitador de

eletrões e consequentemente formar O2•- (Miyasaki e Asanuma, 2008).

Ação da enzima xantina oxidase (XO)

Por transferência de eletrões para o dinucleótido de nicotinamida e adenina (forma

oxidada) (NAD+), a xantina desidrogenase metaboliza a hipoxantina em xantina, e a

xantina em ácido úrico (Li et al., 2013; Ferreira et al., 2007).

Em casos de isquemia/reperfusão muscular ou durante a prática de exercício físico

agudo exaustivo, a xantina desidrogenase pode converter-se, por ação proteolítica em

XO, passando a utilizar o oxigénio adjacente como recetor de eletrões e promovendo a

formação de O2•- (Ferreira et al., 2007).

Ação do sistema enzimático citocromo P450

O citocromo P450 constitui um dos principais sistemas enzimáticos que atua sobre

xenobióticos. Localiza-se no retículo endoplasmático liso, mitocôndrias e outras

membranas e encontra-se intimamente ligado a outro componente vital do sistema:

NADPH citocromo P450 redutase. Este sistema catalisa a oxidação de xenobióticos e

diversos compostos endógenos. Quando frações celulares de retículo endoplasmático

liso de vários tecidos são incubadas com NADPH, verifica-se a produção rápida de O2•- e

H2O2. Este fenómeno deve-se à redução acidental de O2 a O2•- e H2O2 pelo citocromo

P450, em vez de utilizar o O2 para reduzir substratos (Sangar et al., 2010).

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Cadeia respiratória mitocondrial

Estima-se que cerca de 90% do O2 total utilizado pelo organismo seja consumido

pelas mitocôndrias, sendo a principal fonte de energia das células eucarióticas através da

fosforilação oxidativa (Ferreira e Abreu, 2007). Neste processo, a mitocôndria utiliza a

energia obtida na cadeia de transporte de eletrões para bombear protões da matriz para

o espaço transmembranar. Deste modo, para além da formação de um gradiente

eletroquímico transmembranar, origina-se água como produto final. No entanto, existe a

possibilidade de uma pequena parte dos eletrões reagir diretamente com o oxigénio

molecular, levando à formação de O2•- e H2O2. Estes eletrões reduzem o O2 a O2

•-, no

lugar de reduzir o O2 a H2O. Estima-se que essa “fuga” ocorra em aproximadamente 1 a

3% dos eletrões que passam pela cadeia respiratória mitocondrial (Ferreira et al., 2007).

O facto do O2•- poder ser convertido em vários compostos reativos, a sua eliminação é

um importante mecanismo de destoxificação. Este processo envolve a conversão deste

radical em H2O2, por ação da enzima superóxido dismutase (SOD) (Equação 1). A

concentração intracelular de SOD é influenciada por diversos fatores. A sua concentração

geralmente é baixa, sendo a síntese desta enzima induzida pelo aumento da tensão de

O2 (Poljsak, 2011).

Equação 1:

O O2•- tem igualmente um importante papel na formação de HO•, através da reação de

Fenton ou Haber-Weiss. Esta reação requer a presença de metais de transição, sendo o

ferro especialmente ativo. Implicitamente, a disponibilidade em ferro dos locais de

formação desses compostos é um fator importante na toxicidade in vivo do O2•- e do H2O2

(Halliwell e Gutteridge, 1984; Kalyanaraman, 2013). Na reação de Fenton, este metal é

reduzido pelo O2•-, e depois oxidado pelo H2O2. Deste modo, a redução de complexos

contendo Fe3+ forma Fe2+, um potente indutor na formação do HO• a partir do O2•- e H2O2

(Equação 2 e 3). Na reação de Haber-Weiss, há também formação de HO• a partir do O2•-

e H2O2, sendo esta reação catalisada pelo Fe2+ (Equação 4) (Vieira, 2006).

Equação 2:

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Equação 3:

Equação 4:

1.2.2. Peróxido de hidrogénio (H2O2)

O H2O2 é das ERO mais estáveis, não sendo um RL pois não possui nenhum eletrão

desemparelhado. A redução bivalente do O2 pode ser responsável pela produção de

H2O2. Neste caso a reação é catalisada por oxidases que se encontram nos

peroxissomas, e que transferem dois eletrões para o O2 (Conway, 1987) (Equação 5).

Esta ERO pode também ser formada por via enzimática a partir da dismutação do O2•-,

por ação da SOD, como referido anteriormente (Ribeiro, 1989) e por ação da MAO

(Bianchi, 2003; Vindis, 2001; Simonson, 1993).

Equação 5:

O H2O2 tem a capacidade de se difundir facilmente através da célula, podendo reagir

com iões ferro(II) ou cobre(I) para dar origem a espécies mais reativas, como o HO•.

Agentes redutores como o ascorbato, podem também reduzir os metais, o que significa

que o H2O2 pode gerar HO• sem a presença de O2•- (Halliwell e Gutteridge, 2007).

Embora determinados danos celulares possam surgir de forma direta pelo H2O2 - como

danos diretos na gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase, enzima interveniente numa das

etapas da glicólise do processo respiratório - a oxidação de lípidos, proteínas, ácido

desoxirribonucleico (ADN) e glícidos não se deve à sua ação isolada (Aruoma, 1998).

A enzima catalase (CAT) converte o H2O2 intracelular em H2O e O2 (Equação 6), e a

sua atividade encontra-se localizada essencialmente nos peroxissomas. Embora muito

reduzida, a atividade da CAT é também encontrada nas mitocôndrias e retículo

endoplasmático. Esta enzima está presente em praticamente todos os órgãos e

particularmente concentrada nos eritrócitos e fígado (Ferreira e Abreu, 2007).

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Equação 6:

No processo de neutralização das ERO, a glutationa peroxidase (GPx) tem um papel

relevante pois é a enzima mais importante na conversão do H2O2 a H2O. A GPx possui

maior afinidade para o H2O2 que a CAT, pois em concentrações baixas desta ER, a

enzima é mais ativa na sua neutralização. O seu funcionamento depende da presença de

selénio na sua constituição e da disponibilidade de H2O2, com intervenção da glutationa

reduzida (GSH) como dador de eletrões, originando glutationa oxidada (GSSG) e H2O

(Equação 7). A GPx encontra-se distribuída pela mitocôndria e citoplasma (Ferreira e

Abreu, 2007).

Equação 7:

A tiorredoxina peroxidase (Trx-px) é outra enzima que catalisa a redução do H2O2 a

H2O, com intervenção da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Li et al., 2013) (Equação 8). Esta

enzima pertence à classe das peroxirredoxinas, antioxidantes endógenos ou proteínas de

sinalização que estão presentes em altas concentrações no citoplasma e mitocôndrias

(Yoshihara et al., 2014; Serrato et al., 2013).

Equação 8:

1.2.3. Radical peroxilo (ROO•) e radical alcoxilo (RO•)

O processo químico em cadeia que é ativado por ER como o H2O2 e o HO• na

presença de O2 e envolve a abstração de átomos de hidrogénio nos ácidos gordos

insaturados é denominado de peroxidação lipídica. Este processo é tóxico para as células

que possuem estes lípidos incorporados nas suas membranas, comprometendo a sua

função e integridade. Este facto deve-se à acumulação de hidroperóxidos lipídicos

(ROOH) e RO• e ROO• formados (Reiter, 1995; Manett, 1990).

Quando o HO• entra em contacto com as membranas celulares, constituído por lípidos

insaturados, ocorre a abstração de um átomo de hidrogénio das ligações duplas dos

ácidos gordos, iniciando-se o processo de peroxidação lipídica. O radical lipídico formado

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(R•) é convertido a ROO• (Equação 9) pela entrada de O2. O ROO• remove outro

hidrogénio de um ácido gordo vizinho, dando origem a ROOH e outro R• (Equação 10)

(Marnett, 1990; Reiter, 1995).

Equação 9:

Equação 10:

A decomposição de peróxidos orgânicos pode formar novos radicais, causando a

propagação cíclica e contínua deste processo. Isto acontece em particular pela ação de

metais de transição, através da reação de Fenton (Equações 11, 12 e 13) (Reiter, 1995).

Equação 11:

Equação 12:

Equação 13:

A fragmentação dos peróxidos pode ainda formar aldeídos como o 4-hidroxi-2-nonenal

(4-HNE) e o malonildialdeído (MDA), e hidrocarbonetos como o etanol. Os ROO• e os

aldeídos podem provocar modificações na fluidez, permeabilidade e integridade das

membranas e “cross-linking” das proteínas das membranas celulares. A acumulação de

ROOH na membrana celular pode ainda provocar morte celular (Reiter, 1995).

1.2.4. Ácido hipocloroso (HOCl)

Assim como a produção de H2O2 constitui um passo intermédio para a produção de

HO•, também a produção de H2O2 é responsável pela formação de HOCl. A ativação de

neutrófilos e monócitos leva à secreção da enzima mieloperoxidase (MPO), que utiliza o

H2O2 para oxidar os iões Cl- a HOCl (Equação 14) (Arnhold, 2004; Furtmuller et al., 2000).

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Equação 14:

O HOCl é um forte agente antimicrobiano, podendo destruir as bactérias por

halogenação ou por peroxidação de lípidos e proteínas (Thomas, 1979).

A reação desta ERO com o O2•- leva à produção de HO• (Equação 15), que pode

também ser desencadeada através da reação do HOCl com Fe(II) (Equação 16) (Prutz,

1996).

Equação 15:

Equação 16:

Doentes com artrite reumatóide possuem níveis elevados de HOCl, que auxilia na

desregulação da cartilagem, por perda do equilíbrio protease/antiprotease. Esta ER

inativa os inibidores das enzimas serina proteases, como a α1-antitripsina e a α2-

macroglobulina (Shabani et al., 1998). Além disso, o HOCl pode igualmente contribuir

para a destruição das articulações por degradação direta da N-acetilglucosamina e por

clivagem dos proteoglicanos (Whiteman et al., 2003; Woods e Daves, 2003).

O HOCl reage com lípidos, peroxidando-os ou formando cloridrinas. Estas reações são

dependentes do pH e da presença de hidroperóxidos, contribuindo para a patologia das

doenças inflamatórias. O HOCl ataca as duplas ligações dos ácidos gordos insaturados e

o colesterol. Pode também induzir a oxidação de polissacarídeos e de proteínas, através

da reação com resíduos de cisteína, metionina, lisina e tirosina (Spickett et al., 2000). Os

alvos preferenciais desta ERO são os grupos tióis e os tioésteres pelo que apenas após

estes serem consumidos é que os grupos amina e anéis aromáticos das proteínas são

afetados (Spickett et al., 2000; Peskin e Winterbourn, 2001).

1.2.5. Oxigénio singleto (1O2)

O O2 no seu estado fundamental possui dois eletrões desemparelhados com o mesmo

número quântico de spin, isto é, com spins na mesma direção comportando-se como um

birradical. O facto de ambos os eletrões terem o mesmo spin, limita a oxidação de outras

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substâncias por parte do oxigénio, pois isso implicaria que a outra substância possuísse

também dois eletrões desemparelhados com spin semelhante de modo a “encaixar” na

molécula de O2 (Ribeiro, 1989; Koppenol, 1997, Kalyanaraman, 2013). Esta condição

imposta pela restrição de spin faz com que a nível fisico-químico, o oxigénio possa reagir

por ativação fotodinâmica com produção de 1O2 ou por redução sequencial de um eletrão

até quatro eletrões (Gillie e Sigler, 1995).

O 1O2 é uma molécula bastante eletrofílica e é produzida quando o O2 absorve uma

significativa quantidade de energia, causando a mudança de um dos dois eletrões

desemparelhados do mesmo spin para uma posição orbital de maior energia, com

inversão do spin de um dos eletrões (Figura 2) (Fantone et al., 1982). Enquanto o O2 está

no estado tripleto, com dois eletrões desemparelhados e pouco reativo com outras

moléculas, o 1O2 não possui eletrões desemparelhados e os dois eletrões ocupam a

mesma orbital, deixando uma orbital livre para reagir com componentes biológicos

(Kalyanaram, 2013).

Quando o eletrão excitado forma um par eletrónico, é gerado o oxigénio singleto delta

(Δ 1O2). O Δ 1O2 é relativamente estável, tendo um tempo de semi-vida na água de

aproximadamente 2 microsegundos. Quando o eletrão excitado permanece

desemparelhado (ocupando uma orbital diferente), é formado o oxigénio singleto sigma

(Σ 1O2). O Σ 1O2 é menos estável que o Δ

1O2 e possui um tempo de semi-vida menor

(Fantone et al., 1982). Assim, os eletrões π* (antiligantes) têm spin antiparalelos, tendo

sido obtida através do O2 no estado fundamental após absorção de energia. O 1O2 não

tem restrição de spin, possuindo uma considerável capacidade oxidante. Quando o 1O2

volta para O2, a energia é libertada no momento em que o eletrão excitado retorna à sua

configuração termodinamicamente estável. Este processo resulta em reações com outras

moléculas com a histidina, fosfolípidos insaturados e proteínas; libertação de energia

térmica ou emissão de luz a determinados comprimentos de onda (Fantone, 1982;

Kalyanaram, 2013).

O • •

• • • • •

• • • • O O •

• • • • •

• • • • O O

• • • • •

• O • • • •

Energia Espontaneamente

O2 no estado

fundamental

1

O2

1

O2

Figura 2: Mecanismo de formação do 1O2.

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Na Figura 3, é apresentado um esquema resumido da formação de ERO descritas

anteriormente.

Figura 3: Formação de ERO.

1.3. Espécies reativas de azoto

As ERA são derivadas do óxido nítrico (•NO). O termo ERA engloba não apenas os RL

mas também espécies não radicalares tal como acontece com as ERO (Tabela 2). Entre

as ERA estão incluídos o •NO, óxido nitroso (N2O3), ácido nitroso (HNO2), anião nitrito

(NO2-), anião nitrato (NO3

-), dióxido de azoto (NO2) e o anião peroxinitrito (ONOO-). Os

efeitos indiretos relacionados com o •NO estão relacionados com o seu metabolismo e a

formação de novas ER. O •NO não ataca de forma direta o ADN, mas pode reagir com o

O2•- formando o ONOO-. É o ONOO- que pode sofrer reações secundárias, produzindo

compostos capazes de nitrar aminoácidos aromáticos, como a tirosina gerando a

nitrotirosina, e as bases do ADN, sobretudo a guanina, cujo produto principal é a 8-

nitroguanina (Halliwell e Gutteridge, 2007; Eiserich et al., 1996). O stresse nitrosativo é o

fenómeno associado à sobreexposição de ERA e pode conduzir à nitrosação de

proteínas, inibindo a sua função (Ferreira e Abreu, 2007).

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Tabela 2: Principais espécies reativas de azoto (ERA).

Espécies Reativas de Azoto (ERA)

Espécies Radicalares Espécies Não Radicalares

Óxido nítrico (•NO)

Óxido nitroso (N2O3)

Ácido nitroso (HNO2)

Anião nitrito (NO2-)

Anião nitrato (NO3-)

Anião peroxinitrito (ONOO-)

Anião nitrosoperoxicarbonato

(ONOOCO2-)

1.3.1. Óxido nítrico (•NO)

O •NO é um gás moderadamente solúvel em água e bastante solúvel em solventes

orgânicos, tendo propensão in vivo em concentrar-se nas membranas e difundir-se entre

as células (Beckman e Koppenol, 1996). É um radical e uma molécula paramagnética

pois possui um eletrão desemparelhado na orbital π2p antiligante (Halliwell e Gutteridge,

2007).

O •NO é formado através do metabolismo do aminoácido L-arginina. As enzimas que

catalisam esta reação são designadas de óxido nítrico sintetases (ONS). As ONS

convertem a L-arginina em L-citrulina e •NO (Equação 17) (Hughes, 1999).

Equação 17:

As isoformas de ONS abrangem duas categorias: as constitutivas (cONS) e as

indutíveis (iONS). As cONS são dependentes dos iões de cálcio e de calmodulina e as

iONS são produzidas por macrófagos e outras células ativadas por citoquinas (Marletta,

1994; Moncada, 1991).

As cONS estão presentes no endotélio vascular, nas plaquetas e em alguns neurónios

do sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP). As formas constitutivas produzem

quantidades baixas de •NO, e a sua ativação depende da interação com a calmodulina,

que por sua vez, é controlada pelos níveis de cálcio (Dusse et al., 2003). O •NO

produzido pelas cONS funciona como molécula de sinalização numa grande variedade de

processos fisiológicos, tais como mecanismos de defesa, regulação da resposta

imunitária, neurotransmissão e regulação da pressão sanguínea (Moncada, 1991).

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As iONS, quando ativadas, produzem maior quantidade de •NO do que as cONS. O

•NO produzido pelas iONS possui atividade citotóxica e citostática, promovendo a

destruição de bactérias, parasitas e células tumorais. A citotoxicidade do •NO resulta da

sua ação direta ou da sua reação com outros compostos libertados durante o processo

inflamatório. A base bioquímica para a ação direta do •NO consiste na sua reação com

metais (em especial o ferro) presentes nas enzimas do seu alvo. Assim, enzimas cruciais

para a síntese de ADN, para o mecanismo de proliferação celular, para o ciclo de Krebs e

para a cadeia de transporte de eletrões são inativadas. Em situações de infeção, células

endoteliais e células ativadas de macrófagos e neutrófilos segregam simultaneamente

•NO e intermediários reativos de oxigénio (Dusse et al., 2003; Pacher et al., 2007). A ação

citotóxica do •NO resulta da sua reação com esses intermediários. A reação de •NO com

o O2•- resulta na produção de ONOO-, um forte agente nitrosante de proteínas (Bartosz,

1996; Xia e Zweier, 1997) (Equação 18).

Equação 18:

Na presença de O2, o •NO autoxida-se e forma •NO2 (Equação 19). A reação de •NO2

com outra molécula de •NO produz o N2O3, um poderoso agente nitrosante (Equação 20).

O N2O3, em fase aquosa, hidrolisa-se para formar NO2-, o produto de decomposição

principal de •NO em soluções tampão (Equação 21) (Grob et al., 2013).

Equação 19:

Equação 20:

Equação 21:

O NO• é removido dos vasos sanguíneos essencialmente através da sua reação com a

oxi-hemoglobina (Hb-O2), ocorrendo a formação de metahemoglobina (met-Hb) e ião

NO3- (Equação 22) (Dusse et al., 2003).

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Equação 22:

Os efeitos tóxicos de •NO e dos seus produtos de oxidação resultam em patologias

como tuberculose, esclerose múltipla, doença de Alzheimer, asma, artrite reumatóide,

lesões ateroscleróticas e gastrite induzida por Helicobacter pylori (Dusse et al., 2003).

1.3.2. Anião peroxinitrito (ONOO-)

A formação de ONOO- resulta da reação do •NO com o O2•-, como referido

anteriormente. Apesar de não ser um RL, o ONOO- é bastante mais reativo do que os

radicais responsáveis pela sua formação (Hughes, 1999). Esta reação é muito rápida [k =

(4,3-6,7) x 109 M-1 s-1], sendo ainda mais rápida do que a reação do O2•- com a SOD (k =

2,3 x 109 M-1 s-1) (Bartosz, 1996). Porém, em condições fisiológicas o O2•- tem maior

tendência para reagir com a SOD do que com o •NO. Isto deve-se ao facto de a

concentração de SOD (cerca de 10 μM) ser mais elevada que a concentração de •NO

(0,1 μM). Nos casos em que a concentração de •NO chegue a 10 μM na vizinhança dos

fagócitos ativados, o O2•- reage principalmente com o •NO (Bartosz, 1996).

A formação in vivo de ONOO- ocorre em diversos tipos de células, incluindo células de

Kupffer, macrófagos, neutrófilos e células endoteliais (Bartosz, 1996). A geração de

ONOO- ocorre perto dos locais de geração de O2•-, uma vez que o •NO é um radical

neutro e hidrofóbico e com capacidade para atravessar as membranas e o O2•- é um

radical aniónico a pH neutro. O ONOO- tem um tempo de semi-vida de cerca de um

segundo e ocorre a formação do ácido peroxinitroso (ONOOH), a sua forma protonada

(Equação 23). Em comparação com o anião, o ONOOH é usualmente mais reativo e

pode ser responsável por grande parte das reações citotóxicas atribuídas ao ONOO-

(Hughes, 1999; Bartosz, 1996).

Equação 23:

Os produtos de decomposição produzidos a partir do ONOOH são poderosos agentes

oxidantes e nitrantes: HO•e •NO2 – por fissão homolítica - e H+ e NO3- – por fissão

heterolítica (Equação 24 e 25) (Bartosz, 1996).

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Equação 24:

Equação 25:

Em geral, as reações que envolvem o ONOOH são muito mais rápidas do que aquelas

que abrangem o ONOO-, com exceção da reação do ONOO- com o CO2. Grande parte do

CO2 dissolvido no plasma encontra-se em equilíbrio com o anião bicarbonato (HCO3-),

sendo o sistema CO2/HCO3- o mais importante dos sistemas tampão do sangue. Deste

modo, o ONOO- pode reagir com o CO2 originando um aducto aniónico bastante instável,

o nitrosoperoxicarbonato (ONOOCO2-) a uma constante de velocidade de 4,6 x 104 M-1 s-1

a 37 ºC (Equação 26) (Pacher et al., 2007; Bartosz, 1996).

Equação 26:

A decomposição de ONOOCO2- pode originar a formação de •NO2 e anião radical

carbonato (CO3•-) (cerca de 30%) e CO2 e NO3

- (cerca de 70%) (Denicola et al., 1996;

Veselá e Wilhelm, 2002) (Figura 4).

Figura 4: Decomposição do ONOOCO2- em CO2 e NO3

- e

•NO2 e CO3

•-.

A nitração e oxidação de proteínas, lípidos e ácidos nucleicos podem ser originados

pelo ONOO- e seus percursores (Pacher et al., 2007) Assim, o ONOO- é responsável pela

reação com:

metais de transição: modifica também proteínas contendo um grupo heme, tais

como a hemoglobina e a mioglobina (Pacher et al., 2007);

aminoácidos, como a nitração da tirosina e oxidação do triptofano, metionina e

histidina. A nitração da tirosina afeta a estrutura e funcionalidade da proteína,

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resultando na formação de epítopes antigénicas, modifica a atividade catalítica de

enzimas e afeta a sinalização celular (Pacher et al., 2007).

lípidos: o ONOO- é responsável pela peroxidação lipídica em membranas,

lipossomas e lipoproteínas através da abstração de átomos de hidrogénio dos

ácidos gordos polinsaturados. O ONOO- desempenha também um papel

importante nas doenças inflamatórias no sistema nervoso através da peroxidação

dos lípidos da mielina, intervindo no processo de desmielinização (Pacher et al.,

2007).

ácidos nucleicos: o ONOO- afeta o ADN podendo oxidar bases nucleicas. A base

que mais reage com o ONOO- é a guanina, tendo como produto de oxidação a 8-

oxoguanina. Além disso, a oxidação da guanina pelo ONOO- pode resultar na

fragmentação da guanina, causando processos de mutagénese e carcinogénese

(Pacher et al., 2007).

O ONOO- e seus intermediários podem ter ainda um papel importante na

neurotoxicidade, na esclerose amiotrófica lateral, na doença de Parkinson, lesões

ateroscleróticas, no dano tecidual na isquemia-reperfusão e no desenvolvimento de

patologias pulmonares (Bartosz, 1996).

Na Figura 5, é apresentado um esquema resumido da formação de ERO descritas

anteriormente.

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Figura 5: Formação de ERA.

1.4. Stresse oxidativo/nitrosativo

Como foi referido anteriormente, em concentrações baixas ou moderadas as ER

podem ter efeitos benéficos na célula, encontrando-se envolvidos em vários processos

fisiológicos, tais como a mediação da resposta inflamatória, a defesa celular, a

sinalização celular, a regulação da expressão de genes, a produção de energia e a

vasodilatação/regulação da pressão arterial (Ferreira et al., 2007; Alfadda e Sallam,

2012).

No entanto, a perda do equilíbrio entre a sua formação e eliminação, causada por um

aumento da concentração destas espécies, pode resultar em graves danos nas

biomoléculas (Li et al., 2013). A defesa antioxidante é responsável por evitar esses

danos, constituindo uma condição imprescindível para o funcionamento normal do

organismo. A alteração no equilíbrio entre ERO e ERA e antioxidantes, a favor das

primeiras, dá origem a um fenómeno denominado stresse oxidativo/nitrosativo (Burton e

Jauniaux, 2011). O stresse oxidativo/nitrosativo pode ter causas endógenas ou exógenas

e pode ocorrer devido a uma ação deficiente das defesas antioxidantes ou a uma

produção excessiva de ERO/ERA (Ferreira e Abreu, 2007; Poljsak, 2011). Deste modo, a

produção descontrolada de ER é responsável ou está associada a várias patologias

L-Arginina L-Citrulina + •

NO

O2

NO2

O2

•-

ONOO-

[ONOOCO2

-

] HCO

3

-

/CO2

ONS

ONOOH

NO3

-

30% 70%

70%

30%

NO2 CO

3

•-

+ +

+

+

NO3

-

CO2

H+

HO•

NO2

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como diabetes, doenças cardiovasculares, cancro e desordens do foro neurológico (Li et

al., 2013).

1.4.1. Danos nas biomoléculas

Como referido anteriormente, o stresse oxidativo/nitrosativo pode causar danos

importantes nas biomoléculas nomeadamente, nos lípidos, ADN, proteínas e glícidos.

A peroxidação lipídica ocorre, como referido anteriormente, como resposta ao stresse

oxidativo/nitrosativo e uma grande diversidade de aldeídos são formados durante a

quebra de peróxidos lipídicos (ROOH). Alguns desses aldeídos são altamente reativos e

são considerados como mensageiros secundários de toxicidade na peroxidação. Os

aldeídos mais estudados são o 4-HNE, o 4-hidroxi-2-hexenal (4-HHE) e o MDA (Catalá,

2013) (Figura 6).

Figura 6: Peroxidação lipídica e seus produtos (adaptado de Halliwell e Gutteridge, 2007).

A oxidação/nitrosação de membranas celulares resulta na alteração da fisiologia,

fluidez e dano membranar, como observado em neurónios, hepatócitos e macrófagos

(Catalá, 2013).

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A integridade genómica desempenha um papel crucial na expressão de genes e na

replicação do ADN. A sua perda modifica as atividades fisiológicas das células e pode

conduzir ao dano do ADN, erros na sua reparação e mutações, podendo levar ao

desenvolvimento de tumores (Lee et al., 2013). As alterações oxidativas na estrutura do

ADN ocorrem principalmente na guanina, sendo a 7,8-dihidro-8-oxo-2’-desoxiguanosina

(8-oxodG) um conhecido marcador oxidativo de dano no ADN, que se encontra, segundo

vários estudos, envolvido no processo de carcinogénese (transversões guanina-timina)

(Lee et al., 2013; Kakehashi et al., 2013). O dano a nível do ácido ribonucleico (ARN) é

também significativo, sendo que cerca de 50% do ARN mensageiro (mARN) é oxidado no

córtex frontal em pacientes com doença de Alzheimer (Venkataraman et al., 2013).

As proteínas também podem ser danificadas, tanto a nível estrutural como funcional.

Este processo ocorre através da formação de proteínas carboniladas e atinge os

aminoácidos lisina, arginina, prolina e treonina e sendo exemplos a anidrase carbónica III

e o fibrinogénio (Venkataraman et al., 2013). Pode também ocorrer a oxidação de grupos

sulfidrilo, a dimerização, a agregação e clivagem de proteínas, assim como a formação

de ligações cruzadas. Estes danos nas proteínas podem levar à inibição enzimática,

inibição de transportadores, modificação de recetores, alterações estruturais e ao

aumento da suscetibilidade à proteólise.

Na Figura 7, são referidas as principais fontes e danos provocados por ERO e ERA.

Figura 7: Principais fontes e danos provocados pelas ERO e ERA (adaptado Ferreira e Abreu, 2007)

Fontes:

- Poluentes atmosféricos

- Xenobióticos

- Iões metálicos

- Exercício físico excessivo

- Processos inflamatórios

ERO e ERA

Alvos:

- Lípidos membranares

- Ácidos nucleicos

- Glícidos

- Proteínas

Danos:

- Cancro

- Doenças cardiovasculares

- Doenças neurológicas

- Doenças pulmonares

- Diabetes

- Artrite reumatóide

- Envelhecimento

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1.5. Antioxidantes

A exposição a ER conduziu ao desenvolvimento de mecanismos de defesa pelo

organismo, de modo a eliminá-las. Estas defesas – antioxidantes – constituem a resposta

da evolução à inevitabilidade da existência de ERO e ERA em condições de vida aeróbia

(Ergin et al., 2013). Deste modo, um antioxidante é qualquer substância presente em

concentrações baixas quando comparada com os potenciais substratos oxidáveis, que

atrasa significativamente ou previne a oxidação desse mesmo substrato pelas ER (Sindhi

et al., 2013; Gutteridge, 1995).

Os antioxidantes podem apresentar diferentes propriedades protetoras e atuar em

diferentes etapas do processo oxidativo (Silva et al., 2010). Estas substâncias são

capazes de fornecer eletrões/átomos de hidrogénio às ER sem se transformarem em

moléculas instáveis (Ferreira et al., 2007). Os mecanismos de defesa dos antioxidantes

nos tecidos englobam sistemas enzimáticos e não enzimáticos e podem ser classificados

em função do seu mecanismo de ação principal (antioxidantes de prevenção, de

interceção, de quebra de cadeia e de reparação), da sua proveniência, seja de síntese

endógena (antioxidantes endógenos) ou da dieta (antioxidantes exógenos) e da sua

localização celular (antioxidantes intracelulares e extracelulares) (Tabelas 3 e 4) (Ferreira

et al., 2013). Os antioxidantes podem ainda ser classificados quanto à sua natureza

(natural ou sintética) e quanto às suas propriedades (hidrófila ou hidrófoba) (Glantzounis,

2005).

Os antioxidantes de prevenção criam condições favoráveis com o objetivo de evitar a

formação de ER. Os antioxidantes de interceção reagem diretamente com as ER e

transformam-nas em substâncias menos reativas ou até não reativas, impedindo danos

às estruturas celulares. Os antioxidantes de reparação removem os danos moleculares

causados pelas ER e são responsáveis pela estrutura e homeostasia celular. Os

antioxidantes de quebra de cadeia captam e destroem as ER, impedindo as reações em

cadeia provocadas por estas espécies (Ferreira et al., 2007).

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Tabela 3: Exemplos de antioxidantes exógenos segundo o seu mecanismo de ação.

Antioxidantes Exógenos

Prevenção

Zinco

Selénio

Interceção

Ácido Ascórbico

α-Tocoferol

Carotenoides

Tabela 4: Exemplos de antioxidantes endógenos segundo o seu mecanismo de ação.

Antioxidantes Endógenos

Extracelulares Intracelulares

Prevenção

Albumina

Bilirrubina

Ceruloplasmina

Ferritina

Mioglobina

Metalotioneína

Haptoglobulina

Prevenção

GPx

SOD

CAT

Glutationa Redutase (GR)

Interceção

Glutationa

Ácido Úrico

Coenzima Q

Reparação

Metaloenzimas

1.5.1. Antioxidantes exógenos

Para além dos antioxidantes endógenos, existe uma grande variedade de moléculas

naturais ou sintéticas com atividade antioxidante e que constituem o sistema de defesa

exógeno do organismo (Ferreira e Abreu, 2007). Existem diversas interações de

oxidação-redução entre os antioxidantes. Quando um agente antioxidante se oxida por

reação com uma ER ou metal de transição pode ser regenerado por outro antioxidante,

que se encontra reduzido e em excesso (Jacob, 1995).

Os antioxidantes exógenos englobam os carotenoides (Böhm et al., 2012), os

compostos fenólicos (Dai e Mumper, 2010), os alcaloides; os compostos azotados e os

compostos organossulforados (Figura 8). Os fitoquímicos mais estudados são os

compostos fenólicos e os carotenoides (Traber e Stevens, 2011).

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Figura 8: Principais classes de antioxidantes exógenos naturais (adaptado de Ferreira e Abreu,

2007).

Os compostos polifenólicos são um dos grupos de antioxidantes mais numerosos e

largamente distribuídos nas plantas, sendo que atualmente mais de 8000 estruturas

fenólicas são conhecidas (Gomez-Pinilla e Nguyen, 2012; Tsao, 2010). Estes compostos

provêm do metabolismo secundário da planta e representam um grupo variado de

fitoquímicos que derivam da fenilalanina e tirosina. São imprescindíveis nos processos de

crescimento e reprodução das plantas e formam-se sob condições de stresse como

infeções, ferimentos e radiações de luz UV. São igualmente agentes antimicrobianos e

participam na pigmentação. Os compostos fenólicos têm um papel relevante na cor,

sabor, odor, adstringência e estabilidade oxidativa dos produtos (Dai e Mumper, 2010).

Na sua estrutura base encontra-se pelo menos um anel aromático ao qual se ligam

substituintes hidroxilo ou metoxilo, proporcionando aos compostos fenólicos várias

conformações, desde moléculas simples até moléculas altamente polimerizadas

(Aberoumand, 2008). Podem encontrar-se nos vegetais na forma livre ou ligados a

açúcares (glicosídeos) ou proteínas.

Antioxidantes Exógenos

Alcaloides

Compostos Fenólicos

Ácidos Fenólicos

Ácidos hidroxibenzóicos

Ácidos hidroxicinâmicos

Taninos

Estilbenos

Cumarinas

Flavonoides

CROMONAS

Flavonas

Flavanonas

Isoflavonas

Isoflavanonas

Antocianinas

XANTONAS

Carotenoides

Compostos Azotados

Compostos Organosulfurados

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Os compostos fenólicos funcionam como interruptores de radicais livres através da

doação de átomos de hidrogénio ou eletrões, convertendo-os em produtos estáveis

(Gomez-Pinilla e Nguyen, 2012). Podem também quelatar iões metálicos envolvidos na

produção de RL (Dai e Mumper, 2010). Estes antioxidantes reagem preferencialmente

com o ROO•, pois é o radical mais prevalente na etapa de auto-oxidação. Deste modo, os

compostos fenólicos (POH) interferem na peroxidação lipídica e oxidação de outras

moléculas, doando rapidamente um átomo de hidrogénio a RL (Equação 27) (Dai e

Mumper, 2010; Gomez-Pinilla e Nguyen, 2012).

Equação 27:

O radical fenoxilo formado (PO•) é relativamente estável, impedindo nova reação

oxidativa. Além disso, o PO• pode também reagir com outros radicais, evitando a

propagação do stresse oxidativo (Equação 28) (Dai e Mumper, 2010).

Equação 28:

Por ação da luz ultravioleta e elevadas temperaturas, o composto formado pode gerar

novos radicais e comprometer a eficiência do antioxidante. A sua eficiência é

condicionada pelos grupos funcionais presentes, pela posição que ocupam no anel

aromático e pelo tamanho da cadeia desses grupos.

A elevada variedade estrutural dos compostos fenólicos confere-lhe numerosas

atividades biológicas, tais como atividade antioxidante, antitumoral, antibacteriana,

antiviral e anti-inflamatória (Wahlqvist, 2013). De modo geral, os compostos fenólicos têm

um poder antioxidante superior ao α-tocoferol, ácido ascórbico e os carotenoides mas

podem atuar sinergicamente com estes compostos (Dicko et al., 2006).

Ir-se-á dedicar os próximos subcapítulos ao estudo das famílias das cromonas e

xantonas. Esta divisão prende-se com o facto de realizar nesta dissertação de mestrado,

a avaliação da atividade captadora de ERO e ERA através de ensaios químicos, de

derivados de cromonas e xantonas. Torna-se então conveniente conhecer estas

importantes classes de compostos fenólicos.

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1.6. Cromonas

As cromonas são compostos heterocíclicos oxigenados que podem ser de origem

natural e sintética, e que consistem na fusão de um anel benzénico com um anel de

piran-4-ona (Keri et al., 2014). O composto mais simples desta família é a própria

cromona (4H-cromen-4-ona, 4H-1-benzopiran-4-ona) (Figura 9) (Keri et al., 2014; Gaspar

et al., 2014).

Figura 9: Cromona – estrutura base e numeração.

A estrutura base das cromonas encontra-se presente nas flavonas (2-arilcromonas) e

isoflavonas (3-arilcromonas) (Figura 10), e estas duas classes de compostos incluem-se

no grupo dos flavonoides (Gaspar et al., 2014).

Flavona

Isoflavona

Figura 10: Estrutura base de flavonoides (flavona e isoflavona).

As cromonas são metabolitos secundários que se encontram largamente distribuídos

no reino vegetal. Podem ser encontradas em todas as partes das plantas tais como

folhas, casca da árvore, caule, flores, frutos, sementes e raíz (Keri et al., 2014; Khadem e

Marles, 2012). Estes compostos foram igualmente encontrados em corais (Khadem e

Marles, 2012). As cromonas são compostos ativos em ciclos de numerosas plantas,

incluindo na regulação do crescimento e na estimulação da captação do oxigénio pelos

seus tecidos (Keri et al., 2014).

Este grupo de compostos heterocíclicos tem despertado um grande interesse na área

de Química Medicinal, devido à sua estrutura privilegiada. Por essa razão, o isolamento e

caracterização estrutural de novos derivados, o desenvolvimento de métodos de síntese

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e a avaliação das suas propriedades biológicas, têm sido objetos de estudo por parte de

vários grupos de investigação (Gaspar et al., 2014).

1.6.1. Classificação de cromonas

A diversidade estrutural da família das cromonas permite-nos a sua divisão em

cromonas simples, cromonas glicosiladas, cromonas preniladas, piranocromonas e

furanocromonas (Gaspar et al., 2014; Ellis, 1977) (Tabela 5).

Tabela 5: Classificação de cromonas e respetivas características.

Cromonas Características

Simples

Substituídas em todos os carbonos não quaternários com

grupos hidroxilo, alquilo, alcoxilo, arilo e halogénios.

Ex: apigenina.

Glicosiladas Esta classe de cromonas caracteriza-se por possuir um

açúcar. Ex: hiperimona A

Preniladas

São caracterizadas por possuir um substituinte hidrofóbico

com 5 átomos de carbono, o grupo prenilo.

Ex: heteropeucenina

Piranocromonas

Cromonas que se encontram fundidas no anel A com um anel

heterocíclico do tipo pirano, podendo apresentar substituintes

em todos os anéis. Ex: greveichromenol.

Furanocromonas

Cromonas que se encontram fundidas no anel B com um anel

heterocíclico do tipo furano, podendo apresentar substituintes

em todos os anéis. Ex: khellina.

1.6.2. Síntese de cromonas

Os objetivos principais da síntese de cromonas são, para além do estabelecimento de

novas rotas sintéticas, o desenvolvimento de mais diversificados e complexos compostos

bioativos permitindo a sua aplicação fotoquímica estabelecer relações de estrutura-

atividade (Keri et al., 2014). Muitos dos procedimentos para a síntese de cromonas são

conhecidos há vários anos e ainda utilizados atualmente devido à sua eficiência e

simplicidade (Gaspar et al., 2014).

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Existem assim diversos métodos para a síntese de cromonas descritos na literatura,

sendo um dos mais relevantes e clássicos, a síntese de cromonas a partir de orto-

hidroxiarilalquilcetonas (Figura 11) (Gaspar et al., 2014). As vias clássicas para a

obtenção de cromonas simples a partir destas cetonas englobam três métodos de

síntese: síntese via condensação de Claisen (condensação clássica de Claisen, reação

de Baker-Venkatamaran e reação de Kostanecki-Robinson), síntese via sais de

benzopirílio e síntese via reação de Vilsmeier-Haack) (Figura 11) (Gaspar et al., 2014).

Figura 11: Síntese de cromonas a partir de orto-hidroxiarilalquilcetonas (adaptado de Gaspar et al., 2014).

1.6.3. Atividades biológicas de cromonas

As cromonas e seus derivados possuem amplas atividades biológicas relacionadas

com a sua estrutura e dependentes da posição, do número e do tipo de substituintes

ligados ao núcleo básico da cromona (Phosrithong et al., 2012; Keri et al., 2014; Gaspar

et al., 2014). Este tipo de compostos é utilizado como princípio ativo em diversos

fármacos, tais como a “Cromolina” (ácido cromoglícico) (atua nos mastócitos em casos de

rinite alérgica, asma e conjuntivite), o “Nedocromil” (alocril) (utilizado na prevenção de

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problemas respiratórios em doentes asmáticos) e a “Diosmina” (usada no tratamento de

doenças venosas) (Keri et al., 2014).

Os mais relevantes e recentes estudos demonstraram que as cromonas possuem um

largo espetro de propriedades biológicas, referidas na Figura 12 (Keri et al., 2014; Gaspar

et al., 2014).

Figura 12: Atividades biológicas de cromonas.

A atividade antioxidante de cromonas deve-se principalmente a mecanismos de

captação de ERO e ERA (através da doação de átomos de hidrogénio), quelatação e

redução de metais, e atuação em sistemas enzimáticos responsáveis por gerar ER,

inibindo a sua formação (Phosrithong et al., 2012).

1.7. Xantonas

À semelhança das cromonas, as xantonas são compostos heterocíclicos oxigenados

que podem ser de origem natural ou sintética, e cuja estrutura de base é a dibenzo-γ-

pirona ou 9H-xanten-9-ona (Figura 13) (Sousa et al., 2005).

Antioxidantes Anticarcinogénicos Anti-inflamatórios e

Analgésicos Antimicrobianos

Antidiabéticos Anticonvulsivantes Protetores gástricos

Anti-histamínicos

Anti-hipertensivos

Agonistas/

Antagonistas de enzimas e recetores

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Figura 13: Xantona – estrutura base e numeração (El-Seedi et al., 2009).

Em relação à sua biossíntese, as xantonas podem ser geradas por duas vias: pela via

do acetato (anel A, carbonos 1-4) e pela via do xiquimato (anel B, carbonos 5-8) (El-Seedi

et al., 2009). A primeira xantona natural foi isolada em 1891, a gentisina, a partir da

planta Gentiana lutea. Desde então, um elevado número de xantonas foi isolado a partir

de plantas, líquenes, fungos e fetos (Fernandes, 1996; Gomes, 2005; El-Seedi et al.,

2009; Negi et al., 2013). A sua importância química e as suas propriedades biológicas,

assim como o facto destes compostos se poderem ligar a diferentes classes de recetores,

têm despertado grande interesse a grupos de investigação, com o objetivo de sintetizar

novos derivados de xantona (Pinto et al., 2005; El-Seedi et al., 2010; Hashim et al., 2012;

Azevedo et al., 2013).

1.7.1. Classificação de xantonas

As xantonas podem ser classificadas de acordo com os substituintes que estão

presentes nas posições 1 a 4 e 5 a 8 do núcleo central. Assim, estas estão divididas em

xantonas simples, xantonas glicosiladas, xantonas preniladas, xantonolignóides, bis-

xantonas e xantonas mistas (Tabela 6). Estes grupos podem ainda ser subdivididos de

acordo com o seu grau de oxigenação em não-, mono-, di-, tri-, tetra-, penta-, hexa- e

hepta-oxigenadas (El-Seedi et al., 2009). As xantonas naturais aparecem frequentemente

substituídas com grupos metoxilo, hidroxilo, alquilo, isopentenilo e glicosilo (Pinto et al.,

2005).

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Tabela 6: Classificação de xantonas e respetivas características.

Xantonas Características

Simples As xantonas simples apresentam funções com baixo peso

molecular, como o hidroxilo, metilo ou metoxilo. Ex: gentisina.

Glicosliadas

Esta classe de xantonas caracteriza-se por possuir um resíduo de

açúcar ligado ao núcleo da xantona por uma ligação C-C (C-

glicosilxantonas) ou por uma ligação C‒O (O-glicosilxantonas).

Ex: mangiferina e tricornosida-E.

Preniladas São caracterizadas por possuírem um substituinte hidrofóbico com 5

átomos de carbono, o grupo prenilo. Ex: α-mangostina.

Xantonolignóides

Os xantonolignóides são uma classe de compostos que apresenta

um lignóide (grupo fenilpropânico) ligado ao núcleo da xantona.

Ex: kielcorina.

Bis-xantonas As bis-xantonas são originadas quando dois núcleos de xantona se

unem formando dímeros. Ex: globuloxantona E.

Mistas

As xantonas mistas englobam xantonas que apresentam

substituintes diferentes dos que foram referidosanteriormente.

Ex: xantofulvina.

1.7.2. Síntese de xantonas

As xantonas de origem natural são limitadas relativamente ao tipo e à posição dos

substituintes impostos pelas vias biossintéticas, pelos elaborados e morosos processos

de extração e purificação e pelas baixas quantidades obtidas (Oliveira, 2012; Sousa,

2003; Pinto et al., 2005). Ainda assim, as propriedades biológicas apresentadas por esta

família de compostos levaram a que nas últimas décadas numerosos derivados tenham

sido isolados a partir de recursos naturais bem como se tenha procedido à sua síntese

em escala laboratorial e por vezes até a nível industrial (Oliveira, 2012).

Tendo em consideração o descrito anteriormente, a procura de novos métodos de

síntese deste tipo compostos, assim como de novas estruturas, mais diversificadas e

complexas, constitui um importante desafio para químicos orgânicos de síntese. Aliado a

este estudo, a síntese de novos derivados é importante pois permite estabelecer a

relação da estrutura das xantonas com as atividades biológicas apresentadas por estas

(Pinto et al., 2005). Um dos primeiros processos de síntese de xantonas foi realizado por

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Michael e Kostanecki, que envolve a destilação da mistura de fenol e ácido orto-

hidroxibenzóico em anidrido acético (Sousa e Pinto, 2005). A partir daí, diferentes

métodos foram desenvolvidos, sendo que três métodos clássicos podem ser usados na

síntese de xantonas:

Síntese de xantonas introduzida por Grover, Shah e Shah (reação GSS) (Figura

14) (Sousa e Pinto, 2005; Sousa, 2003).

Figura 14: Síntese de xantonas pelo método de Grover, Shah e Shah (Sousa e Pinto, 2005).

Síntese via intermediários de benzofenona (via acilação de Friedel‒Crafts ou

fotorearranjo de Fries) (Figura 15) (Sousa e Pinto, 2005; Sousa, 2003).

Síntese via intermediários de éter diarílico (síntese de Ullmann ou via rearranjo

de Smiles) (Figura 15) (Sousa e Pinto, 2005; Sousa, 2003).

Figura 15: Síntese de xantonas via benzofenona e via éter diarílico (Santos, 2007).

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1.7.3. Atividades biológicas de xantonas

Como referido anteriormente, as xantonas constituem uma importante classe de

compostos que possuem amplas propriedades biológicas (Figura 16), que estão

associadas à sua estrutura, e muito dependentes da posição, do número e do tipo de

substituintes ligados o núcleo básico da xantona (Fernandes, 1996; Gomes, 2005; Pinto

et al., 2005; El-Seedi et al., 2010). A figura seguinte enumera os principais efeitos que se

encontram reportados na literatura para derivados quer naturais quer sintéticos de

xantonas (Pinto et al., 2005; El-Seedi et al., 2010).

Figura 16: Atividades biológicas de xantonas (adaptado de El-Seedi et al., 2010).

A atividade antioxidante de xantonas, tal como de cromonas, deve-se sobretudo a

mecanismos de quelatação e redução de metais, captação de ER (através da doação de

átomos de hidrogénio), e atuação em sistemas enzimáticos que são responsáveis por

gerar ER inibindo assim a sua geração (Pinto et al., 2005; Panda et al., 2013).

Atividades Biológicas de

Xantonas

- Antioxidante

- Anti-aterosclerótica

- Efeito inibidor da hipotensão

- Efeito cardioprotetor

- Inseticida e anti-helmíntica

- Antimicrobiana

-Antiprotozoária

- Atividade anti-HIV

- Inibidor da colinesterase

- Inibidor da MAO e atividade

neuroprotetora

- Inibidor da glucosidase

- Anti-inflamatória

- Citotóxica e atividade

quimiopreventiva do cancro

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2. MATERIAIS E MÉTODOS

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2.1. Materiais

2.1.1. Reagentes

O dinucleótido de nicotinamida e adenina (forma reduzida) (NADH), o metassulfato de

fenazina (PMS), o azul de nitrotetrazólio (NBT), o dimetilsulfóxido (DMSO), a

dimetilformamida (DMF), a lucigenina, o hipoclorito de sódio (NaOCl), a quercetina, a di-

hidrorrodamina 123 (DHR), o 3-(aminopropil)-1-hidroxi-3-isopropil-2-oxo-1-triazeno (NOC-

5), a fluoresceína, o dicloridrato de 2,2’-azobis-2-amidinopropano (AAPH) e o trolox foram

adquiridos à Sigma-Aldrich. O H2O2 30% foi adquirido à Merck e a 4,5-

diaminofluoresceína (DAF-2) foi adquirido à Calbiochem. Todos os outros reagentes

tinham grau de pureza “pro analysis” e foram aquiridos à Sigma-Aldrich.

O endoperóxido de 3,3’-(1,4-naftaleno)bispropanoato de sódio (NDPO2) foi sintetizado

e caracterizado no Departamento de Química da Universidade de Aveiro (Costa et al.,

2007).

As cromonas e xantonas estudadas foram sintetizadas e caracterizadas no

Departamento de Química da Universidade de Aveiro, sendo a rota sintética destes

compostos apresentada de forma genérica na Figura 17 (Esteves et al., 2011).

Figura 17: Síntese dos derivados de cromona (4a-4c) e xantona (5a-5c) testados nos ensaios de captação de ERO e ERA.

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2.1.2. Equipamento

As leituras dos valores de absorvência, fluorescência e quimiluminescência foram

realizadas em leitor de microplacas (Synergy HT, BIO-TEK) com deteção

espetrofotométrica na região UV/visível, fluorimétrica e quimioluminimétrica, utilizando

microplacas de 96 poços específicas para cada tipo de leitura realizada.

2.2. Métodos

2.2.1. Avaliação da atividade captadora de O2•-

2.2.1.1. Geração do O2•-

O O2•- foi gerado através do sistema químico seguinte: NADH/PMS/O2 (Figura 18)

(Gomes et al., 2007).

Figura 18: Geração de O2•-

através do sistema NADH/PMS/O2 (Nishikimi et al., 1972; Raap, 1983;

Ponti et al., 1978).

2.2.1.2. Fundamento do método

O ensaio para avaliar a capacidade de captação do O2•- foi realizado através de uma

técnica de espetrofotometria com deteção na região do visível, na qual se monitoriza o

efeito dos compostos testados na redução do NBT pelo O2•- (Figura 19) (Gomes et al.,

2007).

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Figura 19: Redução do NBT em formazano pelo O2•- (adaptado de Baehner et al., 1976).

Um composto que possua um efeito captador desta ERO vai competir com o NBT na

reação com O2•-, originando assim uma diminuição do valor da absorvência a 560 nm.

2.2.1.3. Ensaio

A mistura reacional continha num volume final de 300 μL, os seguintes constituintes

nas concentrações finais indicadas e na seguinte ordem: os compostos a testar

dissolvidos em DMSO (25-200 μM), NADH (166 μM), NBT (43,3 μM) e PMS (2,7 μM)

dissolvidos em solução tampão fosfato (KH2PO4 19 mM a pH 7,4). As leituras das

intensidades de absorvência (A) foram realizadas a 560 nm, durante 5 minutos, à

temperatura ambiente.

Os resultados foram expressos em percentagem da atividade captadora de O2•-

segundo a Equação 29. Cada estudo correspondeu para cada composto no mínimo a

quatro ensaios realizados em triplicado. A quercetina foi utilizada como controlo positivo.

Equação 29:

• ( )

Aamostra Abranco

Acontrolo Abranco x 100

Aamostra – Absorvência do ensaio na presença do composto em estudo.

Acontrolo – Absorvência do ensaio na ausência do composto em estudo.

Abranco - Absorvência do ensaio na ausência do composto em estudo e agente oxidante.

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2.2.2. Avaliação da atividade captadora de H2O2

2.2.2.1. Preparação do H2O2

Para a obtenção do H2O2 a 1% (m/m) (concentração final) foi realizada a diluição

diretamente a partir do frasco de H2O2 a 30% para os poços da microplaca em que se

efetua a análise, sem preparação de uma diluição intermédia.

2.2.2.2. Fundamento do método

A avaliação da atividade captadora de H2O2 foi realizada através de uma técnica de

quimioluminescência monitorizando-se o efeito dos compostos testados na oxidação da

lucigenina pelo H2O2 (Costa et al., 2005).

A lucigenina é um luminóforo utilizado nas reações de quimioluminescência,

principalmente na deteção de O2•- (Münzel et al., 2002) e H2O2 (Costa et al., 2005). O

mecanismo da emissão de luz é dependente da sua oxidação pelas ER (neste caso o

H2O2), ocorrendo a formação de um composto instável, o dioxetano. Por sua vez, este

decompõe-se em metilacridona no estado fundamental e metilacridona no estado

excitado, quando esta última regressa ao estado fundamental, emite fotões (Figura 20)

(Afanas’ev et al., 2001).

Figura 20: Reação entre a lucigenina e o H2O2 com formação de metilacridona e consequente

emissão de luz (adaptado de Okajima e Ohsaka, 2003).

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O composto que possua uma atividade captadora de H2O2 irá competir com a

lucigenina na sua reação com o H2O2, dando origem a uma diminuição da intensidade da

luz emitida.

2.2.2.3. Ensaio

A mistura reacional continha, num volume final de 250 μL, os seguintes constituintes

nas concentrações finais indicadas: solução tampão Tris-HCl (50 mM a pH 7,4),

lucigenina (800 μM), os compostos a testar (31,25-1000 μM) dissolvidos em DMSO e

H2O2 a 1% (m/m). As leituras da intensidade de luminescência (L) foram efetuadas a

37ºC, após adição de todos os reagentes.

Os resultados foram expressos em percentagem de atividade captadora de H2O2

segundo a Equação 30. Cada estudo, para cada composto, correspondeu a pelo menos

cinco ensaios, efetuados em triplicado. A quercetina foi utilizada como controlo positivo.

Equação 30:

Lamostra – Lbranco

Lcontrolo Lbranco x 100

Lamostra – Intensidade de luminescência do ensaio na presença do composto em estudo.

Lcontrolo – Intensidade de luminescência do ensaio na ausência do composto em estudo.

Lbranco - Intensidade de luminescência do ensaio na ausência do composto em estudo e agente

oxidante.

2.2.3. Avaliação da atividade captadora de HOCl

2.2.3.1. Obtenção do HOCl

O HOCl foi preparado, diariamente, ajustando o pH de uma solução de 1% (m/m) de

NaOCl ao valor de 6,2 com H2SO4 diluído. A determinação da concentração de HOCl foi

realizada espetrofotometricamente, a um comprimento de onda de 235 nm (ε 100 M-

1cm-1) (Aruoma, 1997; Gomes et al., 2007).

2.2.3.2. Fundamento do método

A DHR é um composto não-fluorescente, que por oxidação dá origem a um produto

fluorescente, a rodamina 123 (RD) (Kooy et al., 1994). A avaliação da atividade captadora

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de HOCl baseia-se numa técnica de fluorescência, através da qual se deteta o HOCl por

monitorização da oxidação da DHR por esta ERO (Figura 21) (Rezsk et al., 2004, Gomes

et al., 2007).

λEx = 480±20 nm

λEm = 525±20 nm

Figura 21: Oxidação da DHR a RD por reação com o HOCl (adaptado de Crow, 1997).

Um composto que tenha capacidade para captar o HOCl irá competir com a DHR na

sua reação com esta ERO, provocando a diminuição da quantidade de RD formada e, por

conseguinte, a diminuição da intensidade da fluorescência.

2.3.3 3. Ensaio

Uma solução “stock” de 2,89 mM de DHR em DMF foi conservada em atmosfera de

azoto a –20 ºC As diluições de DHR preparadas a partir da solução “stock” foram

preparadas em solução tampão fosfato (Na2HPO4 50 mM a pH 7,4) imediatamente antes

de cada ensaio e colocadas no gelo e ao abrigo da luz.

A mistura reacional continha, num volume final de 300 μL, os seguintes constituintes

com as concentrações finais indicadas: solução tampão fosfato (Na2HPO4 50 mM a pH

7,4); os compostos a testar (6,25-400 μM) dissolvidos em etanol, DHR (5 μM) e HOCl (5

μM). As leituras de intensidade de fluorescência (F) foram efetuadas a 37ºC, no λEx de

480±20 nm e no λEm de 528±20 nm, após adição de todos os reagentes.

Os resultados foram expressos em percentagem da atividade captadora de HOCl

segundo a Equação 31. Cada estudo correspondeu para cada composto no mínimo a

quatro ensaios realizados em triplicado. A quercetina foi utilizada como controlo positivo.

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Equação 31:

Famostra Fbranco

Fcontrolo Fbranco x 100

Famostra – Intensidade de fluorescência do ensaio na presença do composto em estudo.

Fcontrolo – Intensidade da fluorescência do ensaio na ausência do composto em estudo.

Fbranco – Intensidade da fluorescência do ensaio na ausência do composto em estudo e agente

oxidante.

2.2.4. Avaliação da atividade captadora de 1O2

2.2.4.1. Geração de 1O2

Para este ensaio, o 1O2 foi gerado por termodecomposição do NDPO2, à temperatura

de 37ºC a 3,3’-(1,4-naftaleno)bispropanoato de sódio (NDP) (Figura 22). O 1O2 gerado é

captado pela histidina, que funciona como reservatório desta ERO (Costa et al., 2007).

Figura 22: Termodecomposição do NDPO2 a NDP e geração de 1O2 a 37ºC (Costa et al., 2007).

2.2.4.2. Fundamento do método

A avaliação da capacidade de captação do 1O2 pelos compostos testados foi realizada

através de uma técnica de fluorimetria, monitorizando-se a oxidação da DHR a RD por

esta ERO, como descrito em 2.2.3.2. para a avaliação da atividade captadora de HOCl

(Gomes et al., 2007).

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2.2.4.3. Ensaio

A mistura reacional continha, num volume final de 250 μL, os seguintes constituintes,

com as concentrações finais indicadas: os compostos a testar (compostos 4a, 4b e 4c:

0,3125-20 μM e compostos 5a, 5b e 5c: 0,625-80 μM) dissolvidos em DMSO, histidina

(10 mM), DHR (50 μM) e NDPO2 (1 mM), dissolvidos em solução tampão fosfato

(Na2HPO4 100 mM a pH 7,4). As leituras de intensidade de fluorescência (F) foram

efetuadas a 37ºC, após 30 minutos de incubação, nos λEx e λEm de 485±20 nm e 528±20

nm, respetivamente.

Os resultados foram expressos em percentagem da atividade captadora de 1O2

segundo a Equação 32. Cada estudo correspondeu para cada composto testado, a

quatro ensaios. A quercetina foi utilizada como controlo positivo.

Equação 32:

Famostra Fbranco

Fcontrolo Fbranco x 100

Famostra – Intensidade da fluorescência do ensaio na presença do composto em estudo.

Fcontrolo – Intensidade da fluorescência do ensaio na ausência do composto em estudo.

Fbranco - Intensidade da fluorescência do ensaio na ausência do composto em estudo e agente

oxidante.

2.2.5. Avaliação da atividade captadora de ROO•

2.2.5.1. Geração de ROO•

O ROO• foi gerado por termodecomposição de AAPH a 37ºC, formando R• que reage

com o O2 e origina ROO• (Figura 23) (Rodrigues et al., 2012).

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Figura 23: Geração de ROO• através da termodecomposição do AAPH a 37ºC (adaptado de Cao

et al., 1993).

2.2.5.2. Fundamento do método

O termo “Oxygen Radicals Absorbance Capacity” (ORAC) refere-se à capacidade de

captação do ROO•. Este ensaio consiste na monitorização da oxidação de uma sonda

fluorescente pelo ROO•, a que corresponde uma diminuição da fluorescência. No ensaio

ORAC, a inibição da oxidação por um antioxidante é uma medida de captação desse

composto perante o ROO•. A fluoresceína é uma molécula fluorescente que tem vindo a

ser utilizada por este método. A sua fluorescência diminui após oxidação por ER, como o

ROO• (Figura 24) (Huang et al., 2002). No ensaio ORAC a reação entre a sonda e o

ROO• é levada até à completa inibição da fluorescência, sendo que fazendo o cálculo da

área sob a curva (AUC) da reação permite quantificar essa inibição (Rodrigues et al.,

2012).

λEx = 485±20 nm

λEm = 528±20 nm

Figura 24: Oxidação da fluoresceína pelo ROO• com formação de um produto não fluorescente

(adaptado de Ou et al., 2001).

Fluoresceína

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2.2.5.3. Ensaio

A avaliação da atividade captadora de ROO• foi efetuada através de um método

fluorimétrico, em que se monitorizou a oxidação da fluoresceína por esta ERO (Rodrigues

et al., 2012).

A mistura reacional continha, num volume final de 200 μL, os seguintes constituintes,

nas concentrações finais indicadas: fluoresceína (61,2 nM) dissolvida em solução tampão

fosfato (KH2PO4 75 mM a pH 7,4); os compostos a testar (0,5-10 μM) dissolvidos em

DMSO e o AAPH (19 mM) dissolvidos em solução tampão fosfato (KH2PO4 75 mM a pH

7,4). O trolox (análogo da vitamina E, solúvel em água) foi utilizado como composto de

referência, na concentração de 1 μM, dissolvido em solução tampão fosfato (KH2PO4 75

mM a pH 7,4), sendo que para realizar os ensaios de captação de ROO• pelo trolox, a

mistura reacional contém os mesmos constituintes, nas mesmas concentrações, excepto

os compostos em estudo. As leituras de fluorescência, sob a forma de cinéticas, foram

efetuadas a 37ºC nos λEx e λEm de 485±20 nm e 528±20 nm, respetivamente, até que o

valor de fluorescência fosse menor ou igual a 0,5% da fluorescência inicial.

A atividade captadora relativa de ROO• foi calculada como a razão entre o declive da

curva representado pela concentração dos compostos em relação à net área sob a curva

(net AUC) (Damostra) e o declive da curva da concentração de trolox em relação à net AUC

(Dtrolox) segundo a Equação 33. A área sob a curva foi calculada segundo a Equação 34 e

a net AUC foi calculada pela diferença entre a AUC da amostra e a AUC do branco

(Rodrigues et al., 2012). Cada estudo correspondeu para cada composto testado, a três

ensaios. A quercetina foi utilizada como controlo positivo.

Equação 33:

Damostra – Declive da curva do composto em estudo.

Dtrolox – Declive da curva do trolox.

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Equação 34:

AUC = 1 + F1 /F0 + F2 /F0 + F3 /F0 + F4 /F0 + Fn /F0

em que: F0 = fluorescência inicial (fluorescência emitida após 1 minuto de incubação); Fn =

fluorescência emitida ao tempo n de incubação (tempo a que corresponde uma fluorescência

menor ou igual a 0,5% em relação à leitura de fluorescência inicial).

2.2.6. Avaliação da atividade captadora de •NO

2.2.6.1. Geração de •NO

O NOC-5 foi utilizado como gerador de •NO, libertando, em condições fisiológicas e

sem a necessidade de um co-fator, dois equivalentes de •NO a 37ºC (Kojima et al., 1998;

Nagata et al., 1999).

2.2.6.2. Fundamento do método

A reação entre a DAF-2, uma molécula praticamente não fluorescente, na presença de

O2 e ao reagir com o •NO, origina uma molécula com elevada fluorescência, a 4,5-

triazolofluoresceína (DAF-2T) (Planchet e Kaiser, 2006). Deste modo, quanto maior a

quantidade de •NO, maior a fluorescência emitida (Figura 25) (Nagata et al., 1999; Gomes

et al., 2006).

λEx = 485±20 nm

λEm = 528±20 nm

Figura 25: Reação do •NO com a DAF-2, na presença de O2, originando DAF-2T (adaptado de

Kojima et al., 1998).

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Deste modo, a avaliação da atividade captadora de •NO pode ser efetuada

monitorizando-se a fluorescência resultante da formação de DAF-2T (Nagata et al., 1999;

Gomes et al., 2006). Um composto que tenha capacidade para captar o •NO compete

com a DAF-2, na sua reação com esta ERA, provocando a diminuição da formação de

DAF-2T e consequente diminuição da fluorescência emitida.

2.2.6.3. Ensaio

A avaliação da atividade captadora de •NO baseia-se num método fluorimétrico,

monitorizando-se a oxidação de DAF-2 a DAF-2T por esta ERA (Kojima et al., 1998).

A solução “stock” de DAF-2 com uma concentração de 5 mM foi dissolvida em DMSO,

sendo que as diluições preparadas a partir da solução “stock” foram dissolvidas em

solução tampão fosfato (KH2PO4 50 mM, a pH 7,4).

A mistura reacional continha, num volume final de 300 μL, os seguintes constituintes

nas concentrações finais indicadas: DAF-2 (5 μM), as amostras a testar (0,25-8 μM)

dissolvidas em DMSO e NOC-5 (10 μM) dissolvido em solução tampão. As leituras de

fluorescência (F) foram realizadas a 37ºC, após uma incubação de 30 minutos, a λEx de

485±20 nm e a λEm de 528±20 nm.

Os resultados foram expressos em percentagem da atividade captadora de •NO

segundo a Equação 35. Cada estudo correspondeu para cada composto testado, a no

mínimo quatro ensaios, realizados em triplicado. A quercetina foi utilizada como controlo

positivo.

Equação 35:

• Famostra Fbranco

Fcontrolo Fbranco x 100

Famostra – Intensidade da fluorescência do ensaio na presença do composto em estudo.

Fcontrolo – Intensidade da fluorescência do ensaio na ausência do composto em estudo.

Fbranco - Intensidade da fluorescência do ensaio na ausência do composto em estudo e agente

oxidante.

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2.2.7. Avaliação da atividade captadora de ONOO–

2.2.7.1. Síntese de ONOO–

O ONOO- foi sintetizado, sendo preparadas no momento soluções de nitrito de sódio

(NaNO2) 0,66 M e de H2O2 0,6 M em HCl 0,7 M (Fernandes et al., 2003; Fernandes et al.,

2005; Ribeiro et al., 2007). Foram colocados 15 mL de cada solução em seringas

separadas, sendo injetado em simultâneo o conteúdo de cada seringa através de uma

junção em forma de Y, onde ocorre a reação. O ONOO- formado foi recolhido num

recipiente, colocado em gelo, que continha 10 mL de hidróxido de sódio (NaOH) 3 M sob

agitação, passando de uma solução incolor a uma solução de cor amarela. O

doseamento do ONOO- foi efetuada espetrofotometricamente a λ = 302 nm, em que se

dilui 400x o ONOO- em NaOH 0,05 M (Beckman et al., 1994). As soluções “stock” de

ONOO-, colocadas em alíquotas, foram armazenadas a -80ºC. O ONOO- foi doseado

diariamente antes de cada ensaio.

2.2.7.2. Fundamento do método

A avaliação da capacidade de captação de ONOO- foi efetuada através de um método

fluorimétrico, monitorizando-se a oxidação da DHR a RD por esta ERA, cujo princípio é

semelhante ao descrito em 2.3.3.2. para a avaliação da atividade captadora do HOCl.

2.2.7.3. Ensaio

Monitorizou-se a oxidação da DHR a RD por reação com o ONOO-, medindo-se a

fluorescência emitida (Fernandes et al., 2003; Fernandes et al., 2004).

Uma solução “stock” de DHR 2,89 mM foi dissolvida em DMF. As soluções de trabalho

preparadas a partir da solução “stock” foram diluídas em solução tampão (90 mM NaCl,

50 mM Na3PO4, 5 mM KCl) a pH 7,4.

Este ensaio foi realizado na ausência e presença de bicarbonato de sódio (NaHCO3).

A mistura reacional continha, num volume final de 300 μL, os seguintes constituintes nas

concentrações finais indicadas: DHR (5 μM), os compostos a testar (0,156-5 μM)

dissolvidos em DMSO e ONOO- (600 nM) dissolvido em NaOH (0,05 M). O ensaio na

placa na presença de NaHCO3 é efetuado adicionando-se este reagente na concentração

final de 25 mM. A mistura reacional foi incubada a 37ºC durante 2 minutos e as leituras

de fluorescência (F) foram efetuadas nos λEx e λEm de 485±20 nm e 528±20 nm,

respetivamente.

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48

Os resultados foram expressos em percentagem da atividade captadora de ONOO-

segundo a Equação 36. Cada estudo correspondeu para cada composto testado, a no

mínimo seis ensaios, realizados em triplicado. A quercetina foi utilizada como controlo

positivo.

Equação 36:

Famostra Fbranco

Fcontrolo Fbranco x 100

Famostra – Intensidade da fluorescência do ensaio na presença do composto em estudo.

Fcontrolo – Intensidade da fluorescência do ensaio na ausência do composto em estudo.

Fbranco - Intensidade da fluorescência do ensaio na ausência do composto em estudo e agente

oxidante.

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3. RESULTADOS

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50

3.1. Atividade captadora de O2•-

Os compostos estudados que apresentaram maior capacidade captadora de O2•- foram

os compostos 5a e 5c, apresentando valores de IC50 de 55±4 μM e 61±2 μM

respetivamente, com efeito dependente da concentração (Figura 26 e Tabela 7). Não foi

possível verificar o efeito captador dos compostos 4a e 4b devido à sua precipitação na

mistura reacional. Não foi igualmente possível calcular o IC50 do composto 4c,

apresentando uma percentagem de inibição de 36% na concentração máxima testada

(200 μM) (Figura 26). A ordem de potência captadora de O2•- foi a seguinte: 5a > 5c > 5b

> 4c (Figura 26).

0 5 0 1 0 0 1 5 0 2 0 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

C o n c e n tra ç ã o ( M )

Ati

vid

ad

e c

ap

tad

ora

de

O2

.- (

%)

4c

5a

5b

5c

Figura 26: Atividade captadora de O2•- dos compostos testados. Cada ponto representa valores

obtidos em pelo menos quatro ensaios, efetuados em triplicado (médiaerro padrão da média).

Tabela 7: Atividade captadora de O2•-

(IC50±erro padrão da média).

Composto IC50 μM

4a -A

4b -A

4c 36%200 μM

5a 55±4

5b 80±11

5c 61±2

Controlo positivo: quercetina

60±7

A- Não foi possível determinar devido à precipitação do composto em estudo na mistura reacional.

B- Atividade captadora de composto em estudo na concentração máxima testada (superior à linha).

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51

3.2. Atividade captadora de H2O2

Todos os compostos testados apresentaram atividade captadora de H2O2, exceto o

composto 5a, com efeito dependente da concentração (Figura 27). Os compostos que

apresentaram maior capacidade captadora foram os compostos 4a, 4b e 4c com um IC50

de 143±8 μM, 125±13 μM e 121±9 μM, respetivamente (Figura 27 e Tabela 8). Não foi

possível calcular o IC50 do composto 5a, tendo uma percentagem de inibição de 12% na

concentração máxima testada (1000 μM) (Figura 27). A ordem de potência captadora de

H2O2 dos compostos foi a seguinte: 4c > 4b > 4a > 5c > 5b > 5a (Figura 27).

0 2 0 0 4 0 0 6 0 0 8 0 0 1 0 0 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

C o n c e n tra ç ã o ( M )

Ati

vid

ad

e c

ap

tad

ora

de

H2O

2(%

)

4a

4b

4c

5a

5b

5c

Figura 27: Atividade captadora de H2O2 dos compostos testados. Cada ponto representa valores

obtidos em pelo menos cinco ensaios, efetuados em triplicado (médiaerro padrão da média).

Tabela 8: Atividade captadora de H2O2 (IC50±erro padrão da média).

Composto IC50 μM

4a 143±8

4b 125±13

4c 121±9

5a 12%1000μM B

5b 658±23

5c 518±26

Controlo positivo: quercetina

1338±42

B- Atividade captadora do composto em estudo na concentração máxima testada (superior à linha).

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52

3.3. Atividade captadora de HOCl

Todos os compostos testados apresentaram atividade captadora de HOCl, com efeito

dependente da concentração (Figura 28). Os compostos que apresentaram maior

capacidade de captação foram os compostos 4a, 4c e 5c, com IC50 de 32±3 μM; 17±3 μM

e 31±3 μM, respetivamente (Figura 28 e Tabela 9). A ordem de potência captadora dos

compostos foi a seguinte: 4c > 5c > 4a > 4b > 5b > 5a (Figura 28).

0 5 0 1 0 0 1 5 0 2 0 0 2 5 0 3 0 0 3 5 0 4 0 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

C o n c e n tra ç ã o ( M )

Ati

vid

ad

e c

ap

tad

ora

de

HO

Cl

(%)

4a

4b

4c

5a

5b

5c

Figura 28: Atividade captadora de HOCl dos compostos testados. Cada ponto representa valores

obtidos em pelo menos cinco ensaios, realizados em triplicado (média±erro padrão da média).

Tabela 9: Atividade captadora de HOCl (IC50±erro padrão da média).

Composto IC50 μM

4a 32±3

4b 94±15

4c 17±3

5a 158±18

5b 96±8

5c 31±3

Controlo positivo: quercetina

2,4±0,3

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53

3.4. Atividade captadora de 1O2

Todos os compostos testados apresentaram atividade captadora de 1O2, com efeito

dependente da concentração (Figura 29 e Figura 30). Os compostos que apresentaram

maior capacidade de captação foram os compostos 4a, 4b e 4c, com um valor de IC50 de

1,3±0,1 μM; 1,1±0,2 μM e 1,6±0,4 μM, respetivamente (Figura 29 e Tabela 10). A ordem

de potência captadora dos compostos foi a seguinte: 4b > 4a > 4c > 5a > 5c > 5b (Figura

29 e Figura 30).

0 5 1 0 1 5 2 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

C o n c e n tra ç ã o ( M )

Ati

vid

ad

e c

ap

tad

ora

de

1O

2 (

%)

4a

4b

4c

Figura 29: Atividade captadora de 1O2 dos compostos 4a, 4b e 4c. Cada ponto corresponde a

valores obtidos em quatro ensaios (média±erro padrão da média).

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54

0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

C o n c e n tra ç ã o ( M )

Ati

vid

ad

e c

ap

tad

ora

de

1O

2 (

%)

5a

5b

5c

Figura 30: Atividade captadora de 1O2 dos compostos 5a, 5b e 5c. Cada ponto corresponde a

valores obtidos em quatro ensaios (média±erro padrão da média).

Tabela 10: Atividade captadora de 1O2 (IC50±erro padrão da média).

Composto IC50 μM

4a 1,3±0,1

4b 1,1±0,2

4c 1,6±0,4

5a 4,4±0,7

5b 10±2

5c 7,3±0,6

Controlo positivo: quercetina

1,5±0,2

3.5. Atividade captadora de ROO•

Todos os compostos testados atrasaram, de uma forma dependente da concentração,

o decréscimo do sinal fluorescente da fluoresceína provocado por oxidação - através da

ação do ROO• - relativamente ao controlo, apresentando-se na Figura 31 o exemplo do

composto 5b. Isto significa que todos os compostos apresentaram atividade captadora de

ROO•. O trolox foi utilizado como padrão neste ensaio (Figura 32).

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55

y = 29350x + 25502 R² = 0,9966

0

50000

100000

150000

200000

0 2 4 6

Net

AU

C

Concentração (μM)

T e m p o (m in )

Un

id

ad

es

a

rb

itrá

ria

s

de

flu

ore

sc

ên

cia

0 3 0 6 0 9 0 1 2 0 1 5 0 1 8 0

0

2 0 0 0

4 0 0 0

6 0 0 0

8 0 0 0

c o n tro lo

7 M

5 M

4 M

2 ,5 M

1 ,2 5 M

0 ,6 2 5 M

0 ,3 1 2 5 M

Figura 31: Evolução ao longo do tempo do sinal de fluorescência resultante da oxidação da fluoresceína pelo ROO

• na ausência de qualquer composto captador e na presença do composto

5b (7; 5; 4; 2,5; 1,25; 0,625 e 0,3125 μM).

T e m p o (m in )

Un

ida

de

s a

rb

itrá

ria

s

de

flu

ore

sc

ên

cia

0 2 0 4 0 6 0

0

2 0 0 0

4 0 0 0

6 0 0 0

8 0 0 0

c o n tro lo

5 M

4 M

2 ,5 M

1 ,2 5 M

0 ,6 2 5 M

0 ,3 1 2 5 M

0 ,1 5 6 M

Figura 32: Evolução ao longo do tempo do sinal de fluorescência resultante da oxidação da

fluoresceína pelo ROO• na presença de trolox (5; 4; 2,5; 1,25; 0,625; 0,3125 e 0,156 μM).

Todos os compostos apresentam uma capacidade captadora de ROO• semelhante e

superior à do trolox (padrão), sendo a ordem de potência captadora a seguinte: 4c > 5c >

5a > 4a > 4b > 5b (Tabela 11). A quercetina apresenta uma atividade captadora

y = 30411x - 20064 R² = 0,989

0

50000

100000

150000

200000

250000

0 5 10

Ne

t A

UC

Concentração (μM)

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56

relativamente ao trolox (ORACROO•) de cerca de 3,4±0,3, sendo mais ativa que os

compostos em estudo (Tabela 11).

Tabela 11: Valores ORAC dos compostos testados calculados do declive (média±erro padrão da

média) das respetivas retas de regessão.

Composto ORACROO

• μM m s /μM

equivalentes trolox)

4a 1,4380±0,0005

4b 1,40±0,05

4c 1,63±0,09

5a 1,5±0,1

5b 1,1±0,1

5c 1,58±0,09

Trolox 1

Controlo positivo: quercetina

3,4±0,3

3.6. Atividade captadora de •NO

Todos os compostos testados apresentaram atividade captadora de •NO, com efeito

dependente da concentração (Figura 33). Os compostos que apresentaram maior

capacidade captadora foram os compostos 4a, 4b, 4c e 5c com um valor de IC50 de

0,82±0,07 μM; 1,23±0,08 μM; 1,42±0,09 μM e 1,08±0,05 μM, respetivamente (Figura 33 e

Tabela 12). A ordem de potência captadora dos compostos 4a > 5c > 4b > 4c > 5b > 5a

(Figura 33).

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57

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

1 2 0

C o n c e n tra ç ã o ( M )

Ati

vid

ad

e c

ap

tad

ora

de

. NO

(%)

4a

4b

4c

5a

5b

5c

Figura 33: Atividade captadora de •NO dos compostos testados. Cada ponto corresponde a

valores obtidos em no mínimo quatro ensaios, realizados em triplicado (média±erro padrão da média).

Tabela 12: Atividade captadora de •NO (IC50 ±erro padrão da média).

Composto IC50 μM

4a 0,82±0,07

4b 1,23±0,08

4c 1,42±0,09

5a 1,99±0,09

5b 1,5±0,1

5c 1,08±0,05

Controlo positivo: Quercetina

0,77±0,07

3.7. Atividade captadora de ONOO-

Ausência de NaHCO3

Todos os compostos testados apresentaram atividade captadora de ONOO- na

ausência de NaHCO3, com efeito dependente da concentração (Figura 34). Os

compostos que apresentaram maior capacidade captadora foram os compostos 4a, 4b e

4c, com um IC50 de 0,33±0,02 μM; 0,34±0,03 μM e 0,29±0,02 μM, respetivamente (Figura

34 e Tabela 13). A ordem de potência captadora dos compostos foi a seguinte: 4c > 4a >

4b > 5c > 5a > 5b (Figura 34).

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58

0 1 2 3 4 5

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

C o n c e n tra ç ã o ( M )

Ati

vid

ad

e c

ap

tad

ora

de

ON

OO

-

na

au

nc

ia d

e N

aH

CO

3 (

%) 4b

4c

5a

5b

5c

4a

Figura 34: Atividade captadora de ONOO- dos compostos testados, na ausência de NaHCO3.

Cada ponto corresponde a valores obtidos em seis ensaios, realizados em triplicado (média±erro padrão da média).

Presença de NaHCO3

Todos os compostos estudados apresentaram atividade captadora de ONOO- na

presença de NaHCO3, com efeito dependente da concentração (Figura 35). Os

compostos que apresentaram maior capacidade captadora foram os compostos 4a, 4c e

5a, com um IC50 de 0,34±0,05 μM; 0,30±0,04 μM e 0,35±0,05 μM, respetivamente (Figura

35 e Tabela 13). A ordem de potência captadora dos compostos foi a seguinte: 4c > 4a >

5a > 4b> 5b > 5c (Figura 35).

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59

4a

0 1 2 3 4 5

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

C o n c e n tra ç ã o ( M )

Ati

vid

ad

e c

ap

tad

ora

de

ON

OO

-

na

pre

se

a d

e N

aH

CO

3 (

%)

4b

4c

5a

5b

5c

Figura 35: Atividade captadora de ONOO- dos compostos testados, na presença de NaHCO3.

Cada ponto corresponde a valores obtidos em seis ensaios, realizados em triplicado (médio ± erro padrão da média).

Tabela 13: Atividade captadora de ONOO- na ausência e na presença de NaHCO3 (IC50±erro

padrão da média).

Composto

IC50 μM

Na ausência de NaHCO3

Na presença de NaHCO3

4a 0,33±0,02 0,34±0,05

4b 0,34±0,03 0,4±0,1

4c 0,29±0,02 0,30±0,04

5a 0,51±0,08 0,35±0,05

5b 0,57±0,08 0,56±0,07

5c 0,39±0,08 0,66±0,07

Controlo positivo: quercetina

0,45±0,07 0,68±0,09

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4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

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61

A avaliação da atividade antioxidante dos derivados de cromona (4a-4c) e xantona

(5a-5c) estudados (Figura 36) consistiu na realização de ensaios in vitro com o objetivo

de analisar a capacidade destes compostos captarem as ERO e ERA mais importantes

envolvidas na oxidação/nitrosação de biomoléculas.

Cromonas

4a

4b

4c

Xantonas

5a

5b

5c

Figura 36: Estrutura das cromonas (4a, 4b e 4c) e xantonas (5a, 5b e 5c) testadas.

Todos os compostos estudados apresentam um grupo catecol, referidos como anel B

nas cromonas e anel D nas xantonas. Estudos anteriores revelaram que este grupo

influencia a atividade antioxidante de compostos fenólicos, nomeadamente cromonas e

xantonas, aumentando a atividade captadora de ERO e ERA (Gomes et al., 2007; Santos

et al., 2010; Bors et al., 1990; Pietta, 2000; Panda et al., 2013). Um estudo de Rice-Evans

(2001) considerou os flavonoides como bons captadores de ROO• e inibidores da

peroxidação lipídica. Além disso, estes compostos têm a capacidade de interagir com

membranas, favorecendo a interrupção das reações em cadeia (Saija et al., 1995). Um

estudo de Heijen et al. (2001) sobre avaliação da atividade captadora de ONOO- em

compostos fenólicos e vários flavonoides confirma que para além do efeito captador ser

influenciado positivamente pela presença de grupos catecol, como referido anteriormente,

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62

também é influenciado de forma positiva pelo número de grupos OH presentes nestas

moléculas.

4.1. Avaliação da atividade captadora de O2•-

A avaliação da atividade captadora de O2•- foi efetuada através de um ensaio químico

ao invés do sistema enzimático hipoxantina/XO. Neste processo, ocorre a formação de

outras ER para além do O2•-, nomeadamente do H2O2 (Aggarwal et al., 2013; Gomes et

al., 2007). Assim, a execução de um ensaio químico através do sistema NADH/PMS/O2

permitiu evitar interferências de outras ER, observadas nos estudos de inibição da XO.

Como referido anteriormente, não foi possível avaliar a atividade captadora de O2•- dos

compostos 4a e 4b devido à sua precipitação na mistura reacional. O composto 4c

apresentou uma percentagem de inibição de 36% na concentração máxima testada (200

μM).

Os compostos que apresentaram maior capacidade captadora de O2•- foram os

compostos 5a e 5c com um IC50 de 55±4 μM e 61±2 μM, respetivamente. Os compostos

5a e 5c demonstraram possuir uma atividade semelhante à do controlo positivo, a

quercetina (IC50 60±7 μM), sendo que o composto 5a é ligeiramente mais ativo. O

composto 5b apresenta um IC50 de 80±11 μM. Estes resultados revelam que a inclusão

de um grupo OH na posição 8 (5b) ou na posição 6 (5c) do anel A da xantona, resulta

numa menor capacidade de captação de O2•- quando comparado com o composto 5a que

não possui nenhum grupo OH no anel A deste núcleo.

As 1-arilxantonas estudadas (5a-5c) demonstraram uma menor atividade captadora de

O2•- em comparação com as 2,3-diarilxantonas que possuem um grupo catecol na posição

2 do núcleo de xantona, analisadas por Santos et al. (2010) (compostos 6a-6c) (Figura

37). Isto demonstra que a adição do grupo catecol na posição 1, parece ter um menor

efeito na capacidade de captar O2•- do que a presença do grupo catecol na posição 2 ou 3

no núcleo da xantona.

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63

6a

6b

6c

Figura 37: Estrutura das 2,3-diarilxantonas (6a-6c) testadas por Santos et al., 2010.

4.2. Avaliação da atividade captadora de H2O2

Relativamente à avaliação da atividade captadora de H2O2, os compostos derivados

de cromona (4a-4c) demonstraram ser mais ativos do que os derivados de xantona (5a-

5c).

Dentro do grupo das cromonas estudadas, os compostos 4b e 4c, com um IC50 de

125±13 μM e 121±9 μM respetivamente, possuem maior capacidade de captar o H2O2

que o composto 4a (IC50 143±8 μM). Estes dados revelam que a adição de um grupo

OH na posição 5 (4b) ou na posição 7 (4c) do anel A aumenta o poder de captação desta

ERO comparativamente à ausência deste grupo funcional (composto 4a). O efeito

captador de H2O2 não parece ser influenciado pela posição do grupo OH no anel A, uma

vez que os compostos 4b e 4c possuem uma atividade semelhante. As cromonas

estudadas demonstraram ser bastante mais ativas que a quercetina (IC50 1338±42 μM).

Comparando as 2-estirilcromonas analisadas por Gomes et al. (2007) (compostos 7a-

7c) (Figura 38) com as cromonas testadas para esta dissertação de mestrado e que

possuem mais uma ligação dupla no grupo estirilo, o composto 4c possui uma atividade

semelhante à 2-estirilcromona que contém o grupo OH na posição 7 do anel A (7c),

levando a crer que a ligação dupla adicionada na posição 2 do composto estudado para

esta dissertação não influencia a sua capacidade de captação de H2O2. O composto 4b

possui uma atividade mais baixa que a 2-estirilcromona que contém também um grupo

OH ligado na posição 5 do anel A (7b). Deste modo, contrariamente à análise efetuada

anteriormente acerca dos compostos 4b e 4c, em que a posição do grupo OH no anel A

aparentemente não influencia a atividade de captação de H2O2, no estudo de Gomes et

al., o grupo OH na posição 5 aumenta a atividade captadora desta ERO,

comparativamente à presença do grupo OH na posição 7 do anel A. De modo

semelhante ao que acontece com as cromonas, a presença de um grupo OH no anel A

das 2-estirilcromonas aumenta o efeito captador, comparando com o composto que não

apresenta substituintes OH neste anel. Pode então concluir-se que a adição de uma

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64

ligação dupla nas cromonas não parece contribuir para o aumento da atividade captadora

de H2O2, quando comparado com os resultados obtidos com as 2-estirilcromonas 7a-7c.

7a

7b

7c

Figura 38: Estrutura das 2-estirilcromonas (7a-7c) testadas por Gomes et al., 2007.

Em relação às xantonas estudadas, não foi possível calcular o IC50 do composto 5a,

que apresenta uma percentagem de inibição de 12% na concentração máxima testada

(1000 μM). Os compostos 5b e 5c obtiveram um IC50 de 658±23 μM e 518±26 μM,

respetivamente. A partir destes dados pode concluir-se que o facto de o composto 5a não

possuir nenhum grupo OH no anel B o torna menos ativo que os outros derivados de

xantona estudados. O grupo OH na posição 6 do anel B (5c) parece ter uma influência

positiva no que diz respeito ao efeito captador de H2O2, em comparação com a sua

presença na posição 8 do mesmo anel (5b). As xantonas apresentaram, tal como as

cromonas uma atividade muito superior à da quercetina (IC50 = 1338±42 μM) na captação

de H2O2.

As 2,3-diarilxantonas estudadas por Santos et al. (2010) demonstraram não possuir

atividade captadora de H2O2 na concentração máxima testada (125 μM para os

compostos com um grupo catecol na posição 2 e 250 μM para o composto com um grupo

catecol na posição 2 e 3). Como estas diarilxantonas não possuem nenhum grupo OH no

anel B, conclui-se mais uma vez que a sua inclusão aparenta ser importante para

aumentar a sua capacidade de captação desta ERO. No entanto, o facto dos compostos

6a-6c não serem ativos pode também dever-se à presença dos grupos arilo nas posições

2 e 3.

4.3. Avaliação da atividade captadora de HOCl

Fazendo uma comparação global entre as cromonas e xantonas estudadas, o

composto com maior atividade captadora de HOCl é o composto 4c e o composto menos

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ativo é o composto 5a. Demonstrou-se também que todos os compostos testados

revelaram um menor efeito de captação de HOCl do que a quercetina (IC50 = 2,4±0,3

μM).

Relativamente ao efeito captador de HOCl das cromonas, o composto mais ativo é o

4c (17±3 μM), seguido do 4a (32±3 μM) e do 4b (94±15 μM). Neste caso, a presença de

um grupo OH na posição 7 do anel A aumenta a atividade captadora de HOCl,

comparativamente à sua presença na posição 5 ou à sua ausência neste anel. Por sinal a

ausência de grupos OH no anel A parece ser mais eficaz na captação de HOCl que a sua

presença na posição 5.

Fazendo uma comparação das cromonas testadas com as 2-estirilcromonas

estudadas por Gomes et al. (2007) pode verificar-se que a 2-estirilcromona sem grupos

OH no anel A (IC50 32,1±1,5 μM) (7a) tem uma atividade semelhante ao composto 4a.

O composto 4c tem igualmente uma capacidade de captação de HOCl parecida com o

composto 7c (18,0±1,8 μM). Com estes dados, pode concluir-se que a adição de uma

ligação dupla no grupo estirilo das cromonas testadas não parece ter influência no efeito

captador de HOCl. No entanto, no estudo de Gomes et al. verifica-se que a presença de

um grupo OH na posição 5 ou 7 do anel A resulta numa atividade captadora desta ERO

semelhante, contrariamente ao que se observa com as cromonas estudadas para esta

dissertação. Assim, o composto 7b apresenta um IC50 de 16,9±1,1 μM, sendo bastante

inferior ao IC50 do composto 4b.

Em relação aos derivados de xantona testados, o composto que apresentou maior

capacidade de captação de HOCl foi o composto 5c, com um IC50 = 31±3 μM. Os

compostos 5a e 5b possuem um IC50 de 158±18 μM e 96±8 μM respetivamente. Isto

indica que o grupo OH na posição 6 do anel B favorece a captação desta ERO

comparativamente à sua presença na posição 8 ou a ausência deste grupo funcional no

anel. Verifica-se também que a ausência de grupos OH no anel B leva a uma diminuição

do efeito captador comparando a atividade do composto 5a com os compostos com

grupos OH, independentemente da sua posição (5b e 5c).

Fazendo uma comparação das xantonas analisadas com as 2,3-diarilxantonas

testadas por Santos et al. (2010), os compostos 5a-5c demonstraram ser menos ativos

que os compostos 6a-6c, sendo o composto 6c o que apresenta maior atividade

captadora de HOCl. Conclui-se então que os grupos catecol na posição 2 e/ou 3

aumentam o efeito de captação desta ERO comparando com a presença deste grupo na

posição 1.

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66

4.4. Avaliação da atividade captadora de 1O2

Relativamente à capacidade de captação de 1O2, os derivados de cromona revelaram

ser bastante mais ativos que os derivados de xantona, sendo que os compostos 4a e 4b

apresentaram um efeito captador ligeiramente superior ao da quercetina (IC50 = 1,5±0,2

μM).

Em relação às cromonas testadas, estes compostos demonstraram possuir uma

atividade semelhante. No entanto, o composto 4b (IC50 = 1,1±0,2 μM) possui uma

capacidade de captação de 1O2 ligeiramente superior, seguida do composto 4a (IC50 =

1,3±0,1 μM) e 4c (IC50 = 1,6±0,4 μM). A partir dos dados obtidos conclui-se que o grupo

OH na posição 5 do anel A aumenta o efeito captador desta ERO em comparação à sua

presença na posição 7 ou à sua ausência neste anel. Comparando os compostos 4a e

4c, o facto de não existir grupos OH no anel A favorece a capacidade de captação de 1O2

em relação à sua presença na posição 7.

Fazendo uma comparação entre as cromonas analisadas e as 2-estirilcromonas

estudadas por Gomes et al. (2007), os compostos 4a-4c apresentaram uma atividade

captadora de 1O2 bastante superior do que os compostos 7a (IC50 7,9±0,9 μM), 7b (IC50

4,9±0,6 μM) e 7c (IC50 = 10,1±1,3). Isto indica que a adição de uma ligação dupla na

posição 2 dos compostos estudados para esta dissertação influencia claramente o efeito

captador desta ERO, aumentando a sua atividade. Os dados obtidos por Gomes et al.

revelam também que, como observado nos compostos 4a-4c, a presença do grupo OH

na posição 5 do anel A aumenta a sua capacidade de captação de 1O2. No entanto,

contrariamente ao observado nos compostos 4a-4c, o grupo OH na posição 7 do

composto 7c diminui o seu efeito captador quando comparado com a ausência deste

grupo no anel A (7a).

Relativamente à atividade captadora de 1O2 das xantonas testadas, o composto mais

ativo é o 5a (IC50 = 4,4±0,7 μM), seguido do composto 5c e 5b, com um IC50 de 7,3±0,6

μM e 10±2 μM, respetivamente. Estes dados demonstram que a ausência de grupos OH

no anel B aumenta a capacidade captadora de 1O2, comparando com a sua presença na

posição 6 ou 8 deste anel. No entanto, o grupo OH na posição 8 diminui o efeito captador

desta ERO, contrariamente ao que acontece se este grupo se encontrar na posição 6 do

anel B.

Comparando os compostos 5a-5c com as 2,3-diarilxantonas testadas por Santos et al.

(2010), os compostos 6a-6c apresentaram maior atividade captadora de 1O2 que as

xantonas estudadas para esta dissertação, com exceção do composto 5a, que é mais

ativo que o composto 6a (IC50 6,0±1,0 μM). No entanto o composto 6a é menos ativo

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67

que os compostos 6b e 6c, o que indica que a presença de um grupo OH na posição 4’’

do anel E ou a adição de um grupo catecol na posição 3 aumenta o efeito captador de

1O2. O facto de o composto 4a ser mais ativo que o composto 6a indica que a presença

de um grupo catecol na posição 1, aumenta a capacidade captadora de 1O2 em

comparação com a sua presença na posição 2, já que ambos os compostos não

apresentam grupos OH no anel B. Este facto também pode dever-se à presença do anel

benzénico na posição 3 do composto 6a, o que pode diminuir a sua atividade.

4.5. Avaliação da atividade captadora de ROO•

Os ensaios expressos em ORAC, realizados para avaliar a capacidade captadora de

ROO•, demonstram que todos os compostos testados possuem efeito captador deste RL,

relativamente ao trolox, utilizado como padrão neste ensaio. O composto 4c é o que

apresenta efeito superior (1,63±0,09) e o composto 5b o que tem menor atividade

captadora de ROO• (1,1±0,1). A quercetina revelou ser mais ativa que os compostos em

estudo (3,4±0,3). Em relação à capacidade de captação de ROO• das cromonas testadas,

o composto 4c apresenta maior atividade, seguido dos compostos 4a (1,4380±0,0005) e

4b (1,40±0,05), que possuem capacidade de captação semelhante. Isto revela que o

grupo OH na posição 7 do anel A tem uma influência positiva no efeito captador deste

RL. Os resultados também demonstram que, embora a diferença seja mínima, a ausência

do grupo OH no anel A aumenta a capacidade captadora relativamente à sua presença

na posição 5.

Comparando os compostos 4a-4c com os compostos estudados por Gomes et al.

(2007) os compostos 7a-7c são mais ativos no que diz respeito ao efeito captador de

ROO•. Com estes dados, pode concluir-se que a adição de uma dupla ligação na posição

2 da cromona diminui a capacidade de captação deste RL. Tal como verificado nos

compostos 4a-4c, o grupo OH na posição 7 do anel A do composto 7c aumenta a sua

atividade (7,17±0,15) relativamente ao composto 7a, que não possui grupos OH neste

anel (5,57±0,37) e ao composto 7b, que tem um grupo OH na posição 5 (6,23±0,09).

Relativamente à avaliação da capacidade captadora de ROO• dos derivados de

xantona testados, o composto 5c é o mais ativo (1,58±0,09), seguido dos compostos 5a e

5b, com valores ORAC de 1,5±0,1 e 1,1±0,1, respetivamente. Isto demonstra que o grupo

OH na posição 6 do anel B aumenta o poder de captação deste RL, contrariamente ao

que acontece quando este grupo se encontra localizado na posição 8 ou quando este

grupo não se encontra presente no mesmo anel. O composto 5a possui uma atividade

semelhante ao composto 5c, e este facto indica que a ausência de grupos OH no anel B

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influencia de forma positiva o seu efeito captador em relação à presença deste grupo na

posição 8, como acontece no composto 5b.

As 1-arilxantonas testadas apresentam maior capacidade de captação de ROO•,

quando comparadas com as 2,3-diarilxantonas 6a (0,76±0,01), 6b (0,88±0,12) e 6c

(0,28±0,03), estudados por Santos et al. (2010). Estes resultados revelam que o grupo

catecol na posição 1 aumenta a atividade dos compostos quando comparada com a sua

existência na posição 2 e/ou 3. De facto, Santos et al. (2010), concluiram que, ao

contrário do que sucede em ensaios de captação de outras ER, a introdução de um grupo

fenólico é mais eficiente na captação de ROO• que a adição de grupos catecol,

evidenciado quando se avalia a atividade captadora deste RL no composto 6c.

4.6. Avaliação da atividade captadora de •NO

A partir dos dados obtidos para a avaliação da atividade captadora de •NO, verificou-

se que o composto que apresenta maior efeito captador é o composto 4a (IC50 =

0,82±0,07 μM) e o que possui menor atividade é o composto 5a (IC50 1,99±0,09 μM).

Todos os compostos analisados têm menor capacidade de captação de •NO que a

quercetina (IC50 0,77±0,07 μM), embora o composto 4a possua uma atividade bastante

similar.

Relativamente aos derivados de cromona, o composto mais ativo é o 4a, seguido dos

compostos 4b e 4c, com um IC50 de 1,23±0,08 μM e 1,42±0,09 μM, respetivamente. Isto

revela que a ausência de grupos OH no anel A aumenta a atividade de captação de •NO

em relação à sua presença na posição 5 ou 7. No entanto, a introdução de um grupo OH

na posição 5 no anel A é mais eficaz na captação de •NO que a sua introdução na

posição 7 do mesmo anel.

Comparando os compostos 4a-4c com os compostos testados por Gomes et al.

(2007), verifica-se que os compostos 7a-7c são mais ativos que os compostos estudados

nesta dissertação de mestrado. Estes dados indicam que a introdução de uma dupla

ligação na posição 2 do anel B diminui a capacidade de captação de •NO. Ao contrário do

que se observa nos compostos 4a-4c, o composto 7a (IC50 0,34±0,09 μM) que não

possui grupos OH no anel A apresenta uma menor capacidade de captação deste RL em

comparação com os compostos 7b (IC50 = 0,24±0,04) e 7c (IC50 = 0,29±0,01), que contêm

um grupo OH na posição 5 e 7, respetivamente.

Em relação aos derivados de xantona, o composto mais ativo é o composto 5c (IC50 =

1,08±0,05 μM), seguido dos compostos 5b (IC50 = 1,5±0,1 μM) e 5a (IC50 = 1,99±0,09

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μM). Estes resultados demonstram que o grupo OH na posição 6 do anel B aumenta a

capacidade de captação de •NO em relação à sua presença na posição 8 ou à sua

ausência nesse anel. No entanto, pode verificar-se que a ausência de grupos funcionais

OH no anel B diminui o efeito captador de •NO, comparando com a sua presença na

posição 8.

Fazendo uma comparação entre os compostos 5a-5c e os compostos testados por

Santos at al. (2010), os compostos 5b e 5c possuem maior atividade que o composto 6a,

que apresenta um IC50 de 1,88±0,18 μM. No entanto, o composto 6a é menos ativo que

os compostos 6b e 6c, o que sugere que a introdução de um grupo fenólico ou outro

grupo catecol eleva a capacidade de captar •NO. Pode então concluir-se que esse facto é

determinante para aumentar o efeito captador deste RL, independentemente da posição

do grupo catecol ou da existência de grupos OH no anel B.

4.7 Avaliação da atividade captadora de ONOO-

De um modo geral, todos os compostos testados apresentam maior atividade

captadora de ONOO- na ausência de NaHCO3, exceto no caso dos compostos 5a e 5b.

Estas variações estão relacionadas com a formação de outros derivados de ONOO-

quando o NaHCO3 está presente no meio reacional em concentrações fisiológicas. Como

referido anteriormente, a reação rápida entre o ONOO- e o CO2 origina o ONOOCO2-,

sendo que a sua decomposição leva à formação de diferentes ER, incluindo os RL

altamente reativos •NO2 e CO3•-. A presença destes RL em solução afeta a capacidade de

captação do ONOO-, aumentando ou diminuindo o seu efeito (Squadrito e Pryor, 1998).

No entanto, os ensaios em que o NaHCO3 é adicionado proporciona, teoricamente, uma

melhor aproximação do que acontece num sistema biológico. De facto, várias das

reações do ONOO- in vivo são desencadeadas por derivados de ONOOCO2-, mais

reativos na nitrosação e oxidação de compostos que o ONOO- (Sqadrito e Pryor,1998;

Gomes et al., 2007).

Ausência de NaHCO3

Os compostos que apresentam maior efeito captador de ONOO- são os derivados de

cromona em comparação com as xantonas estudadas, na ausência de NaHCO3. Os

compostos 4a, 4b, 4c e 5c são mais ativos que o controlo positivo, a quercetina (IC50 =

0,45±0,07 μM).

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Relativamente à atividade captadora dos derivados de cromona, os compostos

apresentam um efeito semelhante, sendo que o composto 4c apresenta um IC50 de

0,30±0,04 μM e os compostos 4a e 4b possuem um IC50 de 0,33±0,02 μM e de 0,34±0,03

μM, respetivamente. Estes resultados indicam que o facto de o grupo OH se encontrar na

posição 5 ou 7 do anel A, ou a sua ausência nesse anel, não influencia de forma notória a

capacidade de captação de ONOO-.

Os compostos 4a-4c demonstraram ter uma capacidade de captação de ONOO-

bastante semelhante aos compostos 7a, 7b e 7c (IC50 = 0,24-0,30 μM) estudados por

Gomes et al. (2007). Estes dados demonstram que a adição de uma ligação dupla na

posição 2 do núcleo de cromona não conduz a um aumento da atividade captadora de

ONOO-. Além disso, tal como observado nos compostos 4a-4c, a ausência de grupos OH

no anel A ou a sua inclusão na posição 5 ou 7 desse mesmo anel, não possui uma

influência notória na captação deste anião.

Em relação à atividade captadora de ONOO- dos derivados de xantona, os compostos

5a (IC50 0,51±0,08 μM), 5b (IC50 0,57±0,08 μM) e 5c (IC50 = 0,39±0,08 μM)

apresentam, tal como as cromonas, uma atividade semelhante entre si, embora a

eficiência de captação de ONOO- do composto 5c seja ligeiramente superior. Isto indica

que a presença de um grupo OH na posição 6 do anel B aumenta sensivelmente a

atividade captadora de ONOO-, enquanto a ausência deste grupo ou a sua existência na

posição 8 do anel B não parece influenciar a capacidade de captação desta ERA.

Os compostos 5a-5c apresentam uma menor eficiência na captação de ONOO- que os

compostos 6a-6c estudados por Santos et al. (2010). No entanto, o composto 5c

apresenta uma atividade captadora desta ERA semelhante ao composto 6a, que tem um

IC50 0,40±0,03 μM. Estes dados revelam que a inclusão de um grupo fenólico na

posição 3 ou de um grupo catecol na posição 2 aumentam o efeito captador de ONOO-

relativamente à existência de apenas um grupo catecol na posição 1.

Presença de NaHCO3

O composto mais eficiente na captação de ONOO- na presença de NaHCO3 é o

composto 4c com IC50 de 0,30±0,04 μM e o composto que apresenta menor atividade

captadora desta ERA é o composto 5c, com um IC50 de 0,66±0,07 μM. Todos os

compostos testados demonstraram ser mais ativos que a quercetina (IC50 = 0,68±0,09).

Em relação às cromonas, os compostos com maior efeito captador de ONOO- são os

compostos 4c e 4a, com um IC50 de 0,30±0,04 μM e de 0,34±0,05, respetivamente, sendo

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71

que o composto 4b possui IC50 de 0,4±0,1 μM. Com estes dados, pode afirmar-se que o

grupo OH na posição 5 do anel A diminui a capacidade de captação de ONOO-,

relativamente à sua inclusão na posição 7 ou a sua ausência neste anel.

Fazendo uma comparação com os compostos 7a (IC50 0,44±0,2 μM), 7b (IC50 =

0,51±0,05 μM) e 7c (IC50 0,61±0,08 μM), os compostos 4a-4c demonstraram ser mais

ativos na captação de ONOO-. Com estes resultados, pode afirmar-se que a adição de

uma ligação dupla na posição 2 leva a um aumento do efeito captador desta ERA e que

em condições fisiológicas os compostos 4a-4c parecem ter uma maior atividade. Além

disso, ao contrário do que se verificou nos compostos testados para esta dissertação, a

existência de um grupo OH na posição 7 do anel A das 2-estirilcromonas leva a uma

diminuição da captação de ONOO- comparativamente à sua existência na posição 5 ou à

sua ausência neste anel.

Relativamente aos derivados de xantona, o composto mais ativo é o composto 5a com

um IC50 de 0,35±0,05 μM, seguido dos compostos 5b e 5c, que possuem um IC50 de

0,56±0,07 μM e 0,66±0,07 μM, respetivamente. Isto indica que a ausência de grupos OH

no anel B aumenta a eficiência de captação de ONOO- em comparação com a sua

inclusão na posição 6 ou 8 deste anel. No entanto, a presença do grupo OH na posição 8

do anel B leva a um maior efeito desta ERA do que a sua presença na posição 6.

Comparando os compostos 5a-5c com os compostos 6a (IC50 0,54±0,08 μM), 6b

(IC50 0,78±0,26 μM) e 6c (IC50 0,33±0,06 μM), o composto 5a possui uma maior

atividade captadora que os compostos 6a e 6b e uma atividade semelhante ao composto

6c. Isto indica que o composto 5a, sem grupos OH no anel B tal como as 2,3-

diarilxantonas, e o facto de ter o grupo catecol na posição 1, aumenta o efeito captador

de ONOO-, exceto no caso em que existe simultaneamente um grupo catecol na posição

2 e 3 (6c), em que o efeito é semelhante. Os compostos 5b e 5c apresentam uma maior

eficiência na captação de ONOO- que o composto 6b, indicando que o grupo fenólico

adicionado nesse composto leva a uma diminuição da sua atividade.

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5. CONCLUSÕES

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73

Relativamente à avaliação in vitro, em sistemas não celulares, da capacidade de

captação de ERO e ERA de novos derivados de cromona e xantona observou-se que:

Não foi possível avaliar a atividade captadora de O2•- dos compostos 4a e 4b

devido à sua precipitação na mistura reacional e não foi possível calcular o IC50 do

composto 4c, que apresentou 36% de inibição na concentração máxima testada

(200 μM). As xantonas testadas (5a-5c) apresentaram um efeito captador

dependente da concentração, sendo que o composto 5a possui o menor valor de

IC50.

Todos os compostos testados apresentaram atividade captadora de H2O2, exceto

o composto 5a, com uma percentagem de inibição de 12% na concentração

máxima testada (1000 μM). Os derivados de cromona (4a-4c) demonstraram ser

mais ativos que os derivados de xantona (5a-5c). Dentro do grupo das cromonas,

o composto com maior capacidade de captação de H2O2 foi o composto 4c e

dentro do grupo das xantonas o composto mais ativo foi o composto 5c.

Todos os compostos testados mostraram ser captadores de HOCl, com efeito

dependente da concentração, sendo o composto 4c o que possui o valor de IC50

mais baixo. Relativamente aos derivados de xantona, o composto 5a demonstrou

ser o mais ativo.

Em relação à atividade captadora de 1O2, todos os compostos apresentaram efeito

captador dependente da concentração, sendo que as cromonas revelaram ser

bastante mais ativas que as xantonas. O derivado de cromona com menor valor

de IC50 é o composto 4b e o derivado de xantona que apresenta o valor de IC50

mais baixo é o composto 5a.

Todos os compostos apresentaram capacidade de captação de ROO•, sendo que

dentro do grupo das cromonas o composto 4c é o que apresenta efeito superior e

dentro do grupo das xantonas, o composto mais ativo é o composto 5c.

Relativamente à capacidade de captação de •NO, todos os compostos estudados

demonstram possuir efeito captador dependente da concentração. O derivado de

cromona com menor valor de IC50 é o composto 4a e o derivado de xantona com

valor de IC50 mais baixo é o composto 5c.

De um modo geral, todos os compostos apresentaram maior atividade captadora

de ONOO- na ausência de NaHCO3, exceto no caso dos compostos 5a e 5b. Na

ausência de NaHCO3, os derivados de cromona revelaram maior atividade

captadora que os derivados de xantona. Em relação ao grupo das cromonas, o

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74

composto mais ativo é o composto 4c e em relação ao grupo das xantonas o

composto com maior efeito captador é o composto 5c. Na presença de NaHCO3, a

cromona com maior atividade captadora de ONOO- foi igualmente o composto 4c

e a xantona com maior capacidade de captação desta ERA foi o composto 5a.

Com os dados obtidos, é possível verificar que não existe um comportamento

homogéneo dos compostos na captação das ERO e ERA, havendo variação da sua

atividade conforme a ER em estudo. Exceto no caso do estudo da atividade captadora de

O2•-, em que não foi possível avaliar o efeito captador dos derivados de cromona, e no

caso do estudo da capacidade de captação de H2O2, em que não foi possível calcular o

IC50 do composto 5a, todos os compostos apresentaram efeito captador das diferentes

ERO e ERA, dependente da concentração, em concentrações na ordem dos μM. Com

base nestes ensaios químicos, os novos derivados de cromona e xantona testados

parecem ser promissores como agentes antioxidante. No entanto, seriam necessários

realizar outros ensaios in vitro e ensaios in vivo de modo a poder avaliar com maior

profundidade a sua capacidade antioxidante.

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