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POSTO VÍRGULA Augusto Simões

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Posto Vírgula por Augusto Simões

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Page 1: Posto Vírgula

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

P O S T OVÍRGULA

Augusto Simões

Page 2: Posto Vírgula
Page 3: Posto Vírgula

Pos to V í r gu laAugus to S imões

Agora Somos ................................................................12Às Metáforas ....................................................................8Bom Fim .................................................................... 14Canção Para Clarear ..........................................................15Certo ou Errado ..............................................................4Devaneios .......................................................................6Enriqueça o Amor e Seja Pobre ............................................5Eras demais ....................................................................19Flor ..........................................................................16Inerte ...........................................................................14 Ligações .....................................................................11Memórias ........................................................................7Meu Último Primeiro Beijo ................................................12Olhos Nossos ...................................................................17Ontem, Hoje, Nunca Mais... ...............................................18Piegas ...........................................................................18Pobre Poeta ..................................................................6Pelas Bocas ......................................................................9Por Onde Andas em Mim ...................................................10Parte de Mim... Sou Pouco ...................................................10Posto Virgula ................................................................13Passagem .......................................................................14Ser-se .........................................................................5Se Peço Mais ...................................................................19Sob Medida ......................................................................7Só Melancolia Moribunda Meu Amor .....................................16Teríamos ........................................................................15Tonta .........................................................................17Todo Amor .......................................................................8Talvez Seja Por Isso Que Não Te Vejo Mais ..............................11Um Tico de Tanto ...............................................................4Vivamos ......................................................................13

INDICE

Page 4: Posto Vírgula

Pos to V í r gu laAugus to S imões

Page 5: Posto Vírgula

Pos to V í r gu laAugus to S imões

4Certo ou Errado

Parece tão incerto,De certo modo,Que aparenta até ser.

De certo é errado,Mas se errado é incerto,Certo pode ser errado.

Num certo modo,De modo incerto,Não é certo ou errado.

Um Tico de Tanto

Meu tanto, meu bemÉ um tico de tudoÉ um toque, tambémÉ um tareco do mundoÉ um tiquinho mais além

Meu tico, tambémÉ um tanto absurdoO tato, ou alémUm tema profundoTão pouco, meu bem

Meu todo é alémDe um tico noturnoEsse tanto, meu bemEsse toque seguroÉ seu tudo, também

Meu tudo, meu bemTem um nada de turvoTem um quê de alémÉ, trocando em miúdos,Isso que a gente tem.

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

5Ser-se

Deixar-se serSevero, sincero,Apenas ser já é dignoAparências enganam, já o serSer é, e apenas éNão finge, não aparenta.Ser é saber-seDeixar-seSer-seNada é mais difícil

Deixe-se, sem aparentarFazer de conta é para os contosO ser sempre apareceE se não se sabe serQuando se tem de serTristemente, desapareceAdormeceDeixa-se de terAparentarNada é mais fácil

Deixe-me serEscolher, acolher,Deixe-me merecerPoder ser quem souPosto que não sei quem não souApenas por serPor apenas serNem só por merecerConviverTanto mais difícil

Deixe-se aparecerPosto que é só vocêFeita como há de serApenas quem pode merecerSer tudo o que é você

Enriqueça o Amor e Seja Pobre

Não me troque em palavras miúdasSeres humanos não combinamSeres humanos compartilham,Ou não, suas pobres idas e vindas

Não combine pessoas, mas toalhasPratos com talheres de prataUma roupa com uma botaNunca alguém que lhe valha

Combine sim palavras em versosSonetos e redondilhasFolguedos e quadrilhasCombine sempre os versos mais ternos

Não evada o sentimento nobreNada de descontentamentoNem mesmo sofrimentoEnriqueça o amor e seja pobre

Pobreza de espírito não tem curaNão alimente riquezaPerca sua nobrezaPois o carinho, só, te segura.

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

6Devaneios

Lá de onde vem todo vento da genteToda corrente de arLá onde voam as aves carentesDe um ninho para pousarHora me sinto tão triste, sedentoSó porque não sei voarSe bem que às vezes consigo se pensoComo é bonito sonhar

Lá de onde vem todo vento da genteToda corrente de arLá se maquiam arco-íres e nem sempreSão fáceis de enxergarDe que adianta beleza tão puraSe não consigo olhar?Mas se o céu fosse todo às escurasQue sol iria raiar?

Lá de onde vem todo vento cortanteToda avalanche de arLá tão incerto, inquieto, inconstanteOnde nunca quis estarDe um lado os raios, energia tremendaNada de se esperarPenso que toda essa grande tormentaDá sentido ao acalmar

Lá onde falta o vento inocenteQue horas pode se culparOnde não sopram as brisas, correntesNão existe o arejarE eu reclamando de um ar tão presenteComo é que eu vou respirarSe sem você, minha brisa cortante,Só posso me sufocar

Lá de onde vem toda brisa da genteA que nos faz respirarOnde as tormentas que encontram-se quentesTentaram nos resfriarE se lhe soprar as palavras ardentesE seu arco-íris brotarSinto que após, se o ar nos pertencePodemos nos refrescar

Pobre Poeta

Pobre de um poeta que não tem capitalPois se vivesse de poemas, certamente morreriaPobre de um poeta que não tem capitalPois as musas não são baratas e, sem elas, como faria?Pobre de um poeta sem inspiraçãoPois se sem capital é difícil, sem idéias como sê-lo?Pobre do poeta sem aspiraçãoPois tuberculose já não é mais moda, é só aperreioPobre do poeta sem mágoasPois que lembranças haveria este de contar?Pobre do poeta sem lágrimasPois, sem sofrimento, o que iria lamen-tar?Pobre do poeta sem rimasPois sem soar, não haveria de ser citadoPobre do poeta sem linhasPois, ops! Ora! Sem estas ainda está a salvoPobre do poetas sem crençasEsse sim, vive desesperadoPobre do poeta sem veiaPois, como seria tão ajustado?Pobre de mim, poeta disfarçadoPobre, sem musas, inspiração ou idéiasPobre de mim, poeta descaradoSem aspirações, magoas ou lamentaçõesPobre de mim, poeta saudávelSem lágrimas, rimas ou prosopopéiasPobre de mim, poeta inflamadoSem vergonha de ser poeta sem condições

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

7Memórias

Lembro precisamente do peso do teu corpo.Lembro dos teus cabelos no meu rosto.Lembro do teu rosto alisando o meu.

Lembro do teu jeito disposto.Lembro do teu cheiro, teu gosto.Lembro, com muito gosto, que já foi meu.

Lembro do calor das suas coxas.Lembro das pernas envoltas.Lembro o calor no meu quadril.

Lembro das risadas soltas.Lembro das unhas postas.Lembro quando quase caiu.

Lembro das velocidades.Lembro das obscenidades.Lembro de apelidos que deu.

Lembro das freqüentes novidades.Lembro de idéias selvagens.Lembro de uns hábitos seus.

Lembro do sussurro breve.Lembro do sono leve.Lembro da hora de acordar.

Lembro da face inerte.Lembro do “me aperte”.Lembro de tanto gostar.

Lembro dos olhos.Lembro dos sonhos.Lembro de ti.

Lembro o que foste.Lembro que foste.Lembro do fim.

Sob Medida

Meça-me as curvas dos cachos.Meça-me dos lábios às suasMaçãs do rosto aos sorrisosMuda-me, sincera, a silhueta.Meça-me os cílios das bochechasQue se caíssem, meus seriam.Meça-me se ela diz:“Amor”Meu merecimento.Mais linda moçaBela moça, agora minha.Meça-me agoraMeu amor por elaQue pesará

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8Todo Amor

Minhas cores são tuas cores, amorColore a mim que te dou corOu faz-me só amor

Minha arte é tua arte, amorMeu ar te parte em torporE transforma-te em amor

Minha letra é tua letra, amorMe lê, traz e leva a dorQue esta também é do amor

Minha melodia é tua melodia, amorTodo meu dia soa se estouExposto ao tal do teu amor

Minha parte és tu, amorÉ pra ti, querida, que douE só assim se completa o amor Às Metáforas

Ando meio romântico, admitoMas não consigo usar tantas metáforas pra descreverEntão uso somente o que sintoNão gosto de dar muitas voltas para me escrever

Não admiro metáforas, não as sintoE uso muito de romantismo pra me de-screverAlgumas vezes até dou voltas, admitoMas não é por nada. É só porque sinto tanto quanto costumo escrever

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

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Minha moçaBeijei outraOutra bocaNão a tuaBela moçaOutra moçaBoa bocaNão a suaTriste bocaBoca nuaDe tu moça

Tua bocaLinda moçaBoca lindaBoca outraBeijei boboSem pra queQuero a suaBoca minhaNão a outra

Mas a tuaBoa moçaBoca minhaÉ de outro

Bela moçaBoca minhaBeijou ontemBoca outraBeijou breveBoca tuaPensando beijarQueria beijarBeijou outraBeijando tuMoça minha

Deixa o outroBoca minha

Não deixaBoca minha

Pois já deixeiBoca outraPela bocaBela minhaBoca tuaBela moçaMoça minha.

Pelas Bocas

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

10Por Onde Andas em Mim

Pra onde eu olho te vejoQuando me vejo te achoEncontro-te em todo cantoEm olhos, olhares, olhadasAcho-te, também, em mimPois te vejo parte de mimVejo-te em tudo que háÉs presente em mimEstás em tudo o que vejoE me cerco de tu com prazerTodo dia e o dia todoAté que, enfim vejo-me em tuEu tu te vês em mim, nos vendoO que faltava se completaCompletos, não vemos maisPois, agora, só sentimosE fechamos os olhos.

Parte de Mim... Sou Pouco

À parte de mim,És tanto e tão pouco. Só és.Pois sou poucoSó somo o bastante

A parte de mim [que]És tanto e, tampouco, só és.Pois sou poucoSó somo o bastante

Ah, parte de mim,És tanto. Então, pouco, só és.Pois sou poucoSó somos o bastante.

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

11Ligações

Mostra-me quem és, amor.Agora, nem sei com quem estou.Não sou desses que figura o amor.Prefiro saber bem com quem estou.Diz-me, amor, que te dou todo amor.Sabes que quando chamar, lá estou.Afinal, já te neguei amor?Faz o favor de entender como estou.É difícil não saber quem merece meu amor.Interessante saber-me feliz onde estou.Estou contente por amar desconhecendo meu amor.Saiba, sem dúvidas, que é com você que estou.Seja como for, terás o meu amor.

Seja como for, terás o meu amor. [Sim,] saiba, sem dúvidas, que é com você que estou [e ainda] estou contente por amar desconhecendo meu amor. [Por mais que seja] interessante saber-me feliz onde estou [...] é difícil não saber quem merece meu amor. Faz o favor de en-tender como estou [!] Afinal, já te neg-uei amor? Sabes que quando chamar, lá estou [! Então] diz-me, amor, que te dou todo amor [pois] prefiro saber bem com quem estou [e] não sou desses que figura o amor. Agora, nem sei com quem estou [! Por favor!] Mostra-me quem és, amor.

Talvez Seja Por Isso Que Não Te Vejo Mais

Talvez seja por isso que não te vejo mais.Detive todo meu pensamento em vocêEstive composto e disposto pra vocêMas, não é bem por isso que não te vejo mais.

Talvez seja por isso que não te vejo mais.Todo meu suado esforço foi por vocêCada palavra, cada verso veio de vocêMas, não é bem por isso que não te vejo mais.

Talvez seja por isso que não te vejo mais.Fui ausente de mim quando sem vocêFui presente só quando estive com vocêMas, não foi bem por isso que não te vejo mais.

Talvez seja por isso que não te vejo mais.Nunca nem ousaria em deixar vocêE não deveria me arriscar e voltar a vocêMas, é sim, bem... por isso que não te vejo mais.

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

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Agora Somos

Ela me lê,Eu a leio,Interpretamo-nos, então.Ela da sua forma,Eu da minha forma,Ela, então me forma, sob sua visão,E eu, faço o mesmo.Achamos, imaginamos,Deformamo-nos na forma que achamos correta.E nos formamos, nos fazemos, aos pou-cos.E, aos poucos, tomamos formas novas,Transformamo-nos, um ao outro,E formamos um só, agora.E, agora, nos lemos,De várias formas,Sem fôrmas,Formando-nos,Deformando-nos,Transformando-nos,Pois agora somos.

Meu Último Primeiro Beijo

Por hora contemploE somente, quieto, a vejoPassa, leve, o tempoFriozinho na barriga, desejo

Uma vez, eu tentoMe tremem as pernas, almejoAinda me sustentoEla corresponde e sim, festejo

Converso atentoE pouco a pouco, histórias, manejoConvido, sentoOutra vez aceita, palpito, pelejo

Sorrisos, lamentosRomances contados sem ensejoMarcamos outro momentoPassam dias e horas, anseio

Enfim o acontecimentoE ela não falta, sim, a vejo!E, agora sim, me contento.Meu último primeiro beijo.

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

13Vivamos

Vivemos o que é leveO que é de gostoO que dá gosto de viver

Vivemos a vida breveSem qualquer esforçoSem fazer força pra viver

Vivemos o que nos serveSó o que nos cabeE, se não couber, pra que viver?

Vivemos o que se deveSó o que se sabeE pra saber, é bom viver.

Posto Virgula

Posto pontoFindo frasesFaço finsPasso o ponto.

Posto reticênciasRetorno, paroPenso, reparoRumo para...

Posto virgulaPauso velozProcuro, vejo e...Pronto, voltei,

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

14Bom Fim

E se o amor não vingasse? E se sumisse o amor? E fosse aonde fosse, ele se escond-esse? Onde haveria de ir o amor? Será que entre outros ou sumiria de vez? Partido, o amor se soltaria no mundo em pedaços e sumiria daqui. O amor evaporaria e se iria aos ventos, como um vírus, assim seria o amor. Não seria mais nosso. O amor seria daquele que o respirasse. E nosso adeus ao amor seria o fim de nós. O início de out-ros. Então, só assim, não seria ruim o fim do nosso amor.

Inerte

SecoInerte

SeguindoInerte

SigoInerte

Cego.Inerte

Merda!Inerte

Passagem

Caso chegasse como viesse,Quem dera que partisse de onde fosseQue me ouvisse ou me falasseO que fosse triste ou mesmo doce

Se me viesse como chegasse,Que somente fosse quando partisseE me falasse e ouvisse...Mesmo que nada doce, o que fosse triste.

Se me fosse quando partisseQue me chegasse como viesseFosse doce ou tristeMesmo que nada falasse ou ouvisse

Mas partiste quando fostePois vieste e te chegasteHora doce, hora tristeE, de tanto que falaste, nada ouviste.

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Teríamos

Como não se tem maisNão me tensNão te tenhoNão nos temosMas, teremosSim, teremosOs teremosNos teremosNão teremosSim, teríamosSe teríamosE como teríamosMas, não temosNão, não temosNão, teríamosNão tivemosNão, não nos tivemos

Canção Para Clarear

É como andar num lugar sem pisar...Em um mundo seu......Mar é repleto de cores......Que coloriu...

Com amigos, viagens, amores......Que há de fazer......Pessoas felizes por onde quer que passar......Sempre haverá novos braços para abraçar.

É como andar num lugar sem pisar...Em um mundo seu......Mar é repleto de cores......Que coloriu...

Um céu de estrelas cadentes pra desejar...... Um mundo bonito e alegre pra se morar...... Em seu coração, que é enorme, é só pedir...... Sorrisos sinceros e então logo abrirá.

É como andar num lugar sem pisar......Em um mundo seu......Mar é repleto de cores......Que coloriu...

Esta canção é a forma que eu tenho...... Pra te dizer...... Quanto aprendi sobre o amor graças a você.Espero um dia voltar a te encontrar......E assim quem sabe meu mundo vai clarear.

Esta canção é a forma que eu tenho...... Pra te dizer...... Quanto aprendi sobre o amor...

Esta canção é a forma que eu tenho...... Pra te dizer...... Que eu aprendi que amar

...É como andar num lugar sem pisar...Em um mundo seu......Mar é repleto de cores...

... A colorir...

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

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Flor

Lá vem ela, a flor.Olha como estáRosa, iluminadaEncontrando razões pra sonharNossa, cheira bem.Algum dia eu vouBeijar, abraçarA florzinha sem a machucarInocente oh! florLonge do habitatÁvida de conhecerRazões para se amarImensa estrada a correrNesse caminho a trilharAnimada vaiDoce a encantarPovos e poetasAstros, estrelas, luar.Novamente vaiOlhar para mim

Lá vem ela, aquela flor.Olha só como ela estáRosa, iluminadaEncontrando razões pra sonhar

Só Melancolía Moribunda Meu Amor

Não me ame. Não sou amável, não sou amado. Sem amor. Sem amabilidades. Não amo. Não gosto de amar. Não sei o que é o amor. Não sou amante. Não sou quem ama. Mas o amor me ama. E amar não é de mim. Não amo. Não sou amável e o amor me ama. Ama como se nem sei do amor? Ama-me assim mesmo e eu nem amo o amor. Não me ame. Sem amabilidades, sem mimos, sem mais. Só não ame. Amar mata. Amar quase me mata. Amor é morte e morte é o que não se vê no amor. Amei. Não amo mais. Sem mais amor. Sem mais a morte. Sou mais minha melancolía mori-bunda e esmigalhada de memórias de amor. Amor? Na memória é o bastante. Não me ame. Não sou amável. Já quase morri pelo amor. Não amo mais. Não me ame.

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

Tonta

Não te demora tanto moçaTonta, não vês que tento tonta!Torno, teu, e tento outraTopas meu bem, também toda

Topas de um tudo, loucaTens tênto só se se tomaNão têma; tropeçou tontaTraga tudo, dama, pela boca

Tua toca, teu lar, casaTenta ter-me todo, tolaTroca tuas trancas, soltaTenta criar tuas asas

Tênua, troca as pernasTropeça, trilha a cordaTateia, tonta, traga, tortaTrebata e tonta te entregas

Olhos Nossos

Quando teus olhos me enxergamTeus olhos não negamPrecisam dos meus

E se teus olhos se entregamTeus olhos me cegamSe perdem os meus

Depois meus olhos confusosSe alternam em turnosPra não te perder

Olham, sempre bem segurosTeus olhos escurosSem nem se mexer

Quando teus olhos me pegamTeus olhos sossegamJá não correm mais

E se teus olhos sossegamTeus olhos me pegamE não tenho paz

Depois meus olhos felizesBem como aprendizesDecifram os teus

Lendo tudo que eles dizemJá sei que eles vivemPara os olhos meus

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

18Piegas

Não me ignoreNão adoreNem me imploreSó diga que sim, gostaSe, de fato, gostar

Não me amoleSou moleNão me enroleSe me disser que gostaPosso acreditar

Não faço médiaSem rédeasE sem comédiasLeio até enciclopédiasPara me declarar

Se não te cabesTe abresEu movo maresCanto por todos baresSó pra te cortejar

E se revelasTe entregasFico piegasFaço milhões promessasQue vou mesmo honrar

E quando juntosAbsurdosAbsolutosSeremos um conjuntoQue não vai se separar

Ontem, Hoje, Nunca Mais...

Hoje, ela já não é a mesmaPassa o tempo e com certezaFaz todo mundo mudar

Ontem, sofri até sem razãoPensando na emoçãoQue um dia já senti

Hoje ela já não é a mesmaSim, manteve a belezaMas não sabe mais cantar

Ontem, amei até sem razãoE escrevi uma cançãoPra fazer ela sorrir

Hoje, ela já não é a mesmaPerdeu tanto da purezaQue me ensinou a amar

Ontem, sorri até sem razãoPois bastava a sensaçãoDe vê-la, ali, dormir

Hoje, ela já não é a mesmaPerdeu aquela levezaPerdeu o hábito de voar

Ontem, pulei até sem razãoDeixei minha solidãoTive ela só pra mim

Hoje, ela já não é a mesmaEla não é ela mesmaVirou alguém, sabe lá

Ontem, perdi até sem razãoAchei ser a soluçãoMas foi ali que morri

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Pos to V í r gu laAugus to S imõesPo s to V í r gu la

Augus to S imões

19Eras demais

Esperei tanto que foste quem erasE, de tanto que foste tu mesma, foste demaisPor demais mais ser-te, te vi além do que erasPortanto eras tu. Só tu. Porque és sim-ples demaisE aos poucos achei quem tanto erasSim, a imagem que tanto foi. Mesmo que nada demaisPor fim, agora, somente erasMesmo porque, pra mim, já foste demais

Se peço mais

Por mais escassos que sejam seus abraçosMe faço em seus braços, quando posso estar.Entre os espaços, dos abraços, até disfarçoFinjo não serem escassos, mas mal posso esperar.

Por mais velozes que sejam esses seus beijosOuço a voz, beijo após beijo, quase a me ninar.Entre os espaços, dos beijos, até me façoCom os sons depois pelejo pra voltar a beijar.

Por mais raros que sejam os seus carinhos,Não são tão caros nem difíceis que não possa ganhar. Se faço esforço, trabalho, só um pouquinho, Não há um só carinho que não possas me dar.

Acho velozes e raros, até escassos,Às vezes até acho que te peço demais.Mas tenho tanto e tanto, tanto mais peço, Pois sei o bem que tanto teu carinho me traz.

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Ainda sem revisões. Apenas uma idéia sendo formatada.

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Pos to V í r gu laAugus to S imões

P O S T OV Í R G U L A

Augusto Simões