post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

16

Click here to load reader

Upload: dru-de-nicola-macchione

Post on 25-Jun-2015

219 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

357

POSTHUMAN TANTRA: PROJETO MULTIMÍDIA SCI-FI AMBIENT

Dr. Edgar Franco Faculdade de Artes Visuais & Mestrado em Cultura Visual / UFG

Resumo

O Posthuman Tantra é um projeto multimídia baseado na “Aurora Pós-humana” - universo ficcional inspirado pelas possibilidades futuras dos avanços da tecnociência e a possível emergência transumana, além de aspectos tecnognósticos desse futuro hipertecnológico. Ele foi criado em 2004 pela necessidade de gerar ambiências sonoras para os meus trabalhos artísticos em múltiplas mídias e acabou tornando-se um novo canal de expressão artística que funde música experimental de base digital, criação de imagens híbridas, vídeos, HQtrônicas e web arte. Esse artigo destaca os conceitos básicos geradores dos processos criativos envolvidos na produção das obras do Posthuman Tantra, sobretudo o primeiro CD “Neocortex Plug-in” lançado pela gravadora suíça Legatus Records. Palavras-chave: Arte e tecnologia, Pós-humano, Ficção Científica, Música Eletrônica, HQtrônica. Abstract

Posthuman Tantra is a multimedia project based on the "Posthuman Dawn" - a fictional universe inspired by the future possibilities technoscience's advances bring about and the possible transhuman rise and technognostic aspects of this hypertechnological future. It was created in 2004 by the necessity of generating sound environments for my artistic work in multiple medias, and turned out to be a new channel of artistic expression which mends experimental music of digital basis to the creation of hybrid images, videos, HQtrônicas (Electronic Comics) and web art. This article underlines the basic concepts that generate the creative processes involved in the production of Posthuman Tantra's work, specially its first CD "Neocortex Plug-in", released by the Swiss label Legatus Records. Key words: Art & Technology, Posthuman, Science Fiction, Electronic Music, e-comics.

O Posthuman Tantra no contexto da “Aurora Pós-humana”.

O Posthuman Tantra pretende ser um casamento constante entre as criações

artísticas em múltiplas mídias de Edgar Franco & o universo da música

eletrônica. Desde sua criação o projeto já participou de dezenas de

compilações em três continentes e lançou álbuns em parceria com a banda

francesa Melek-tha, além dos CDs Pissing Nanorobots (Independente, 2004) e

Neocortex Plug-in, lançado pelo selo suíço Legatus Records em 2007, sendo

que o Posthuman Tantra foi um dos primeiros projetos de música eletrônica

ambient do Brasil a assinar com um selo europeu. A one-man-band tem

recebido resenhas positivas em importantes veículos como na revista Judas

Kiss da Inglaterra, no site bielorusso The Machinist (no qual Pissing

Nanorobots recebeu nota 9) e na revista brasileira Rock Hard Valhalla (a qual

Page 2: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

358

incluiu entrevista e resenha de Neocortex Plug-in – também com nota 9).

Atualmente o Posthuman Tantra está finalizando o seu novo álbum que, além

das músicas, envolve um trabalho conceitual plástico nas ilustrações do CD,

um vídeo clipe exclusive e faixa multimídia composta por uma nova narrativa

híbrida hipermídia (HQtrônica).

O trabalho será lançado pela Legatus Records (Suíça) em 2009. O estilo

musical praticado pelo projeto pode ser classificado como Sci-Fi Ambient, ou

seja, “música ambiental de ficção científica”. Toda a música é gerada

digitalmente a partir de múltiplos softwares e plug-ins musicais, além de

teclados controladores.

O Posthuman Tantra surgiu de minha necessidade intrínseca de pensar todos

os aspectos relativos à “Aurora Pós-humana”, um universo ficcional multimídia

inspirado pela emergência transumana e criado para ambientar minhas

criações artísticas em múltiplas mídias, das histórias em quadrinhos à

instalação interativa. A partir de uma experiência anterior com música e do

encontro com as sonoridades eletrônico-digitais decidi criar um projeto musical-

multimídia que gerasse as ambiências sonoras para minha ficção e que

corroborasse a visão prospectiva sobre esse futuro pós-humano em sua

concepção lírica.

O projeto iniciou como algo menor no contexto de minha produção artística

multimídia, mas aos poucos foi crescendo e atualmente é um trabalho para o

qual dedico muito de meu tempo. É importante esclarecer que desde o início o

projeto nasceu com uma proposta multimidiática, não é simplesmente a música

experimental eletrônico-digital que o engendra, a parte visual composta por

minhas ilustrações, cards que acompanham os CDs e toda uma performance

multimídia – construída a partir de meus desenhos e narrativas intermídia –

comporá as apresentações ao vivo do projeto que estão em fase de

preparação. A faixa multimídia presente no primeiro CD Neocortex Plug-in é um

exemplo importante dessa minha proposta – ela não é simplesmente um vídeo

clipe, é em si um trabalho de arte conceitual interativo, uma HQtrônica.

Page 3: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

359

O nome Posthuman Tantra apresenta esse paradoxo poético curioso: qual

seria a dinâmica energético-sexual tântrica para essas novas criaturas híbridas

pós-humanas? Também funde tecnologia & transcendência, numa espécie de

“tecnomística”, como destaca Erik Davis:

A tecnologia tem ajudado a desmistificar o mundo, forçando as redes simbólicas ancestrais a abrirem caminho para os confusos e seculares planos de desenvolvimento econômico e progresso material. Mas os velhos fantasmas e questionamentos metafísicos não desapareceram, muitas vezes eles estão mascarados no underground infiltrando-se na cultura, psicologia e motivações mitológicas que formam o mundo moderno. Os impulsos místicos, algumas vezes estão incorporados nas muitas tecnologias que supostamente ajudariam a livrar-se deles. Esses são os impulsos tecnomísticos, muitas vezes sublimados, ou mascarados nos detritos pop da ficção científica e dos videogames (DAVIS, 1998:5).

A “Aurora Pós-humana” é um universo ficcional futurista inspirado por artistas,

cientistas e filósofos que refletem sobre o impacto das novas tecnologias:

bioengenharia, nanotecnologia, robótica, telemática e realidade virtual sobre a

espécie humana. A base bibliográfica para o desenvolvimento da “Aurora Pós-

humana” envolve o estudo das obras e artigos de artistas como Stelarc, Roy

Ascott, Natasha Vita-more, Eduardo Kac, Mark Pauline, Orlan, H.R.Giger,

Diana Domingues; de filósofos, cientistas e sociológos como Max More, Ray

Kurzweil, Laymert Garcia, Hans Moravec, Vernon Vinge, James Lovelock,

Teilhard de Chardin, Maturana e Varella, Stanislav Grof, entre outros. Para sua

criação também me inspirei no reflexo desses questionamentos na cultura de

massa, com o surgimento de filmes (Matrix, 13º Andar, Gattaca, A.I. –

Inteligência Artificial) e de seitas como as dos “Extropianos”, “Prometeístas”,

“Transtopianos” e “Raelianos”. Esses últimos, por exemplo, crêem na clonagem

como possibilidade de acesso à vida eterna, nos alimentos transgênicos como

responsáveis futuros pelo fim da fome no planeta, e na nanotecnologia e

robótica como panacéia que eliminará o trabalho humano, liderados pelo

pseudo-guru Raël, um hedonista que constrói todo seu discurso a partir das

previsões mais otimistas da ciência.

As discussões levantadas por filósofos e cientistas sociais tomam muitas vezes

como base os vislumbres da ficção científica e muitos movimentos que têm

aflorado no seio da cibercultura chamam de estágio “transhumano” o momento

que estamos atravessando com destino à pós-humanidade. Uma das

características principais desses movimentos é o seu caráter dogmático,

demonstrando que ao contrário do que possa parecer, a cibercultura é um

Page 4: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

360

campo fértil para o desenvolvimento de novas visões místicas e

transcendentes. Como bem ressalta Francisco Rüdiger:

De Hans Moravec e Danny Hillis a Ray Kurzweil e Olliver Dyens não tem faltado pregadores cada vez menos disfarçados de cientistas defendendo que, num futuro próximo, a experiência humana registrada pelo córtex cerebral será transferida para os computadores. O cérebro, defendem, deverá se tornar a interface da rede. A síntese dialética entre cultura e natureza se dará com nosso ingresso no estágio da vida artificial: caberá à máquina a condição de morada do ser da qual falava Heidegger (RÜDIGER, 2002: 35).

A idéia básica da “Aurora Pós-humana” foi imaginar um futuro, não muito

distante, no qual a maioria das proposições da tecnociência de ponta

tornassem-se uma realidade trivial, e a raça humana já tivesse passado por

uma ruptura brusca de valores, de forma (física) e conteúdo

(ideológico/religioso/social/cultural). Imaginei um futuro em que a transferência

da consciência humana para chips de computador seja algo possível e

cotidiano. Nele milhares de pessoas abandonarão seus corpos orgânicos por

novas interfaces robóticas; imaginei também que neste futuro hipotético a

bioengenharia tenha avançado tanto que permita a hibridização genética entre

humanos, animais e vegetais, gerando infinitas possibilidades de mixagem

antropomórfica, seres que em suas características físicas remetem-nos

imediatamente às quimeras mitológicas. Finalmente imaginei que estas duas

"espécies" pós-humanas tornaram-se culturas antagônicas e hegemônicas

disputando o poder em cidades estado ao redor do globo enquanto uma

pequena parcela da população, uma casta oprimida e em vias de extinção,

insiste em preservar as características humanas, resistindo às mudanças.

Dessas três espécies que convivem nesse planeta terra futuro, duas são o que

podemos chamar de pós-humanas, sendo elas os "Extropianos" (seres

abiológicos, resultado do upload da consciência para chips de computador) e

os "Tecnogenéticos" (seres híbridos de humano e animal, frutos do avanço da

biotecnologia e nanoengenharia), tanto “Extropianos”, quanto “Tecnogenéticos”

contam com o auxílio respectivamente de "Golens de Silício" – robôs com

inteligência artificial avançada (alguns reivindicam a igualdade perante as

outras espécies) e "Golens Orgânicos" – robôs biológicos, serventes dos

Page 5: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

361

“Tecnogenéticos”. A última espécie presente nesse contexto é a dos

"Resistentes", seres humanos no "sentido tradicional", espécie em extinção

correspondendo a menos de 5% da população do planeta.

Este universo tem sido aos poucos detalhado com dezenas de parâmetros e

características, trata-se de um work in progress que toma como base todas as

prospecções da tecnociência e das artes de ponta para reestruturar seus

parâmetros, a partir dele já foram desenvolvidos uma série de trabalhos

artísticos em diversas mídias e suportes e atualmente outras obras estão em

andamento.

Já foram criados para a hipermídia: o site “Neomaso Prometeu (Menção

honrosa no 13º Festival Videobrasil), o trabalho em CD-ROM “Ariadne e o

Labirinto Pós-humano” (integrante da mostra SESC SP de artes - 2005), o site

de vida artificial “O Mito Ômega” (em desenvolvimento), a faixa multimídia

“Game-o-tech 2.0” (incluída no CD Neocortex Plug-in). Nos quadrinhos

desenvolvo a trilogia “BioCyberDrama” (parceria com o quadrinhista Mozart

Couto), com o primeiro álbum lançado pela editora Opera Graphica (que

recebeu o prêmio Ângelo Agostini de melhor desenho de 2003) e também a

revista em quadrinhos “Artlectos e Pós-humanos” que já teve 3 números

publicados. Atualmente estou desenvolvendo, em parceria com os artistas

Fábio Oliveira Nunes e Soraya Braz, a ciberinstalação “Alice 2.0”. Além desses

trabalhos, todos os lançamentos do Posthuman Tantra são obras conceituais

que tomam como base aspectos diversos da “Aurora Pós-humana”.

Pissing Nanorobots: Ensaio sonoro-digital sobre sexualidades pós-humanas.

Pissing Nanorobots (Figura 1) foi o primeiro CD demo do Posthuman Tantra

lançado de forma independente em 2004. O trabalho foi concebido como uma

reflexão conceitual sobre as possíveis sexualidades renovadas e reformatadas

no contexto da “Aurora Pós-humana”, incluindo 14 faixas. Em meu universo

conceitual pós-humano a evolução tecnológica e da consciência possibilitou a

migração psicossexual dos desejos da atual era Freudiana - estruturada sobre

Page 6: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

362

traumas e tabus sexuais, além dos desejos reprimidos -, avançar para uma era

Junguiana - acesso ao inconsciente das espécies -, e finalmente mergulhar em

uma era Grofiana (Stanislav Grof), caracterizada pela penetração no

inconsciente universal. Mas nos estágios iniciais de aceleração tecnológica a

sexualidade em transformação produzirá novas perversões e múltiplas

insanidades como robô-copulações doentias, a criação de andróides escravos

sexuais e a degeneração de alguns humanos que vibram só nas baixas

freqüências. Mas ao longo das décadas a liberação sexual pós-humana terá

resultados positivos, pois liberará a humanidade do estigma Freudiano.

Figura 1 – Capa do CD Pissing Nanorobots. Fonte: O Autor (2004).

No Japão os robôs de companhia estão sendo desenvolvidos e existe uma

grande preocupação em duplicar expressões humanas neles, fazê-los quase

humanos, ou seja, humanóides. Mas na falocracia norte americana a maioria

dos robôs continuam inumanos e burros, monstros metálicos feitos para a

guerra. Na “Aurora Pós-humana” é do extremo oriente que surgem os primeiros

escravos sexuais pós-humanos, robôs como no filme A.I. (2001, EUA,

Spielberg & Kubrick). Em minha ficção, nos primórdios transumanos ainda

existe uma grande resistência à clonagem e criação biotecnológica, portanto as

bonecas biotecnológicas sexuais – de carne e osso – mas com o cérebro

Page 7: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

363

positrônico, surgem apenas em uma segunda fase. Em minha FC tento

projetar-me no futuro, realizar um verdadeiro salto quântico para vestir a pele

desses seres que habitam um mundo hipotético, ao mesmo tempo refletir

metaforicamente sobre a realidade contemporânea da imbricação homem-

tecnologia. Eu coloco um pouco de mim e de todos os meus questionamentos,

incertezas, vicissitudes e contradições em cada um de meus seres, minhas

personagens são múltiplas frações de minha alma, retratos fractais holográficos

daquilo que está no meu interior.

No contexto da “Aurora Pós-humana” a sexualidade das criaturas é a mais

variada e iconoclasta. Imagine que existem os mais diversos humanimais,

como híbridos de mulher e golfinho, homem e cavalo, e todos podem ser

hermafroditas, possuindo múltiplos órgãos sexuais masculinos e femininos.

Você pode colocar um pênis de asno em sua testa e sua parceira uma vagina

de baleia entre os olhos. Na “Aurora Pós-humana” a genética está tão

avançada que consegue produzir essas aberrações e irrigá-las, além de gerar

novas conexões neuronais múltiplas, ampliando a região cerebral responsável

pelo orgasmo. Os tabus e taras sexuais podem ser quebrados e vividos

livremente. No contexto de meu universo essa total liberação sexual propõe

que as amarras sexuais nunca foram um problema real, toda a moral era

simplesmente um bloqueio ancestral baseado em dogmas arcaicos. E com a

liberação e realização completa dos desejos sexuais as criaturas podem

finalmente concentrar seu pensamento e desejo em uma verdadeira evolução

da consciência na busca da transcendência.

O álbum Pissing Nanorobots parte dessa concepção de sexualidades pós-

humanas como conceito instigador para a geração das músicas, faixas como

Cum Nanochips e Cloneborg Chamaleon’s Body traduzem em sons industriais

ambientais as múltiplas formas de copulação nesse contexto ficcional pós-

humano. A faixa Penetrate the Virgin Bioport é um tema deliberadamente

criado com inspiração no filme eXistenZ (Canadá, 1999) do cineasta

canadense David Cronenberg, nele, a “bioborta” é um orifício aberto na base

da coluna vertebral para receber o plugue de um game biológico que é

Page 8: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

364

alimentado a partir do sangue do jogador que flui através dele. No filme a

bioporta tem esse duplo sentido, ao mesmo tempo que abre a conexão para

esse mundo de ilusões virtuais também é um novo orifício corpóreo com

conotações sexuais, algo como um segundo ânus. Existe algo de grotesco e ao

mesmo tempo curioso nessa fascinação de Cronenberg por orifícios

tecnológicos, uma espécie de tecnofetichismo que também aparece em outro

de seus grandes filmes Videodrome (Canadá, 1983). Penetrate the Virgin

Bioport é uma elegia musical inspirada por esse fetichismo pós-humano.

Também em Pissing Nanorobots existe outra homenagem explícita a

Cronenberg, a faixa Allegra Geller’s Memorial, composta em memória da

programadora de jogos do filme eXistenZ que se chama Allegra - em um de

seus jogos você literalmente é Deus, esse é o seu papel no game - uma

estranha e brilhante proposta de neo-transcendência, viver como Deus em um

universo de realidade virtual, passar toda sua vida lá, numa matrix divinatória.

A boa repercussão de Pissing Nanorobots permitiu ao Posthuman Tantra

assinar o contrato com a gravadora suíça Legatus Records para o lançamento

de Neocortex Plug-in, primeiro álbum oficial do projeto.

Neocortex Plug-in: Tecno-transcendência.

Neocortex Plug-in (Figura 2), primeiro álbum oficial do Posthuman Tantra, foi

lançado na Suíça pela gravadora Legatus Records. O Posthuman Tantra já

havia lançado uma demo e participado de coletâneas na Itália, Austrália e

Brasil, além de ter produzido em parceria com a lendária banda francesa de

death ambient Melek-Tha os álbuns Kelemath Trilogy & Asylum of Slaves,

lançados na França. Com a boa recepção desses trabalhos o projeto assinou

contrato com a Legatus Records para o lançamento de seu debut, tornando-se

uma das primeiras bandas brasileiras do gênero ambient a assinarem contrato

com um selo europeu. Neocortex Plug-in é o primeiro full-lenght do Posthuman

Tantra e conta com uma produção excelente tendo sido masterizado na Suíça

no renomado estúdio BWS, onde foram masterizados álbuns de bandas como

Lordren, Rod's'in Molly, Scush, Gargula Valzer, Infinite Dreams, Black Jade,

Page 9: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

365

Morgat, Delirium, Dark Moon & Chapter Seven. O álbum conta com

participações muito especiais de músicos da cena darkwave e industrial como

Lord Evil do Melek-Tha, e o músico e renomado escritor cyberpunk japonês

Kenji Siratori, além de Mike Vonlanthen da respeitada banda suíça de EBM

TransZendenZ, entre outros convidados especiais como o quadrinhista autoral

brasileiro Gazy Andraus que colobora brevemente nos vocais de uma faixa.

Figura 2 – Capa do CD Neocortex Plug-in. Fonte: O Autor (2007).

A temática de todas as músicas do CD envolve o embate entre os possíveis

caminhos da nossa relação com os avanços tecnológicos e a transcendência.

O álbum sofreu forte influência conceitual da obra de artistas visionários que

refletem sobre a iminente condição pós-humana, como Orlan, H. R. Giger,

Mark Pauline, Natasha Vita-More, Stelarc, Roy Ascott, Diana Domingues,

Eduardo Kac, David Cronenberg, e alguns aspectos de movimentos como The

Extropy, Transhumanism & Immortalism. Já a visão tecno-transcendentalista é

inspirada por pensadores como R.A.W., Terence MacKenna, Buckminster

Fuller, Teilhard de Chardin, Aldous Huxley, Madame Blavatsky, John C. Lilly,

Tim Leary, Giordano Bruno, John Dee, Gurdjief, A.O.Spare, William Blake,

Rupert Sheldrake, Ken Wilber, P.K.Dick, Crowley, Stanislav Grof, entre outros.

Page 10: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

366

Toda a concepção lírica de Neocortex Plug-in parte do universo ficcional da

“Aurora Pós-humana”, apresentando múltiplas possibilidades para esse futuro

hipertecnologizado. Aliadas a esses aspectos ficcionais eu incluo minhas

investigações e experiências de transcendência e tecnognose, além de minhas

buscas como magista caótico. Cada faixa envolve um conceito principal dentro

desse contexto. Abaixo destaco os conceitos que engendraram os aspectos

líricos e sonoros de todas as faixas presentes no álbum, inclusive a HQtrônica

Game-o-tech 2.0:

1 - The Omega Neocortex: Faixa que abre o CD, com forte clima onírico &

transcendente. Música instrumental na qual tentei capturar a essência da

proposta do visionário Teilhard de Chardin, ele anteviu o surgimento de uma

rede global que conectaria a consciência de todos os homens e seres vivos do

planeta, chamou essa rede de “Noosfera”. Quando ela estiver completa Gaia

acordará como um planeta consciente e nós seremos seus trilhões de

neurônios, neurônios do grande “Neocortex ômega de Gaia”.

2 - Visions From The Abyssal Neurogenetic Circuit: Faixa instrumental baseada

nas possibilidades de transe através de realidades virtuais computacionais,

transes tecnológicos semelhantes aos dos enteógenos. Transes que poderão

fazer com que alcancemos as verdades universais através de nosso circuito

neurogenético (presente no DNA). Trata da possível descoberta da consciência

cósmica com auxílio da tecnologia. É inspirada nas reflexões de Roy Ascott &

Robert Anton Wilson.

3 - Glorification of our Nanotechpain: Música densa e obscura com várias

participações vocais (entre elas a de Kenji Siratori – escritor cyberpunk

Japonês & Mike, mentor da banda suíça TransZendenZ). O conceito que a

engendrou trata das ameaças possíveis como a criação de nanorobôs que

inicialmente serão gerados para erradicação de doenças, mas depois passarão

a ser produzidos em larga escala de forma clandestina para inocular novas

doenças e fazer uma poderosíssima indústria farmacêutica do futuro lucrar com

Page 11: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

367

a venda de “nanorobôs antídoto”. É o continuísmo, a alta tecnologia aliada ao

velho mercantilismo e egoísmo humano.

4 - Downloading my Universal Conscience Through Cyber Pulmonary's

Pranayama: A técnica milenar do “Pranayama” utilizada em conexão com os

novos dispositivos de imersão em realidades virtuais objetivando o alcance da

consciência universal. É mais uma faixa tecnognóstica que propõe estas

possibilidades.

5 - Biotech Antenna to Receive Morphic Resonances from the Mu Continent:

Esta faixa - que funde atmospheric, noise e industrial em sua sonoridade - trata

de implantes biotecnológicos, unindo chips de silício a conexões neuronais. A

criação de dispositivos tecnológicos que simulem realidades vegetais e

possibilitem uma ligação neuroatómica com os circuitos ancestrais da

humanidade, bebendo do conhecimento das primeiras raças cônscias que

habitaram o planeta Terra, como a raça do extinto continente de Mu, descritas

por Madame Blavatsky. Também envolve o conceito de “ressonância mórfica”

definido pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake.

6 - The Biocybershamans' Cosmic Vortex Cult: Essa é sobre xamanismo

tecnológico, buscas de minha estrutura de pensamento como magista caótico.

Para mim é uma das faixas mais densas e hipnóticas de Neocortex Plug-in, foi

composta quase que instantaneamente, numa espécie de transe criativo.

7 - My Eternal Avatar: Uma criatura digital que nos represente em um mundo

de realidade virtual poderá viver eternamente, continuar existindo, carregando

nossas memórias e desejos mesmo depois que nosso corpo biológico fenecer.

É a faixa mais antiga do álbum e também a mais curta, foi a primeira que

gravei, trabalhei em meus vocais por algum tempo para chegar à textura que

desejava.

8 - Revelations of the Absinthe Simulator's Nanochip: Essa trata também de

possibilidades de fuga através de universos virtuais, a degradante busca

Page 12: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

368

tecnológica de simular sensações primitivas e corruptoras do sistema nervoso

central. O escapismo que sempre esteve ligado ao universo da maioria das

drogas sendo repetido pelos processos tecnológicos, é uma faixa “nigredo”,

abissal, mostra o lado obscuro da tecnologia, seu continuísmo egóico, o

caminho que poderá levar a humanidade à extinção.

9 - Hymn in Praise of the New Hyper Conscience Receptacles - The Flesh

Rottens and Disappears, Image and Memory Still Remain: Às vezes sentimos

uma estranha distância entre o que fomos no passado e o que somos agora.

Olhamos fotos, ouvimos nossa voz gravada e não nos reconhecemos. A cada

sete anos nossos átomos são substituídos completamente, nossa matéria não

contém mais nada do que éramos, mas a memória permanece e nos dá

identidade. Se conseguirmos transplantar essa memória e a mente com sua

rede de ressonâncias mórficas universais, poderemos viver eternamente.

Talvez seja minha faixa preferida de todo o álbum, abre com uma gravação que

recuperei de uma velha fita cassete, eu e meu pai conversando no ano de

1976, eu tinha 5 anos de idade. Fecha com minha mãe entoando uma das

canções que adorava cantar quando eu era criança. No meio dela ainda incluí

as risadas de minha esposa – uma das coisas mais agradáveis do mundo para

mim. Não consigo escutar essa faixa sem me emocionar.

10 – Insonho: Esta faixa surgiu a partir de um poema quântico-alquímico que

havia escrito há algum tempo, ele é dividido em 5 partes. A música tem algo de

mantrico e foi construída segundo meus princípios pessoais de magia do caos.

É a mais longa do álbum e a única cantada em português. Segue a letra,

incluindo suas subdivisões: (Parte 1) O Taciturno Tabulador de Falsas

Realidades: Hemisférios amarrados / sinapses guardiãs do ilusório / neurônios

cegos / hipotálamo reacionário / montículos de carne no cerne da matéria /

tabulando realidades / obstruindo a essência / sempre? (Parte 2) O

Inconquistável Reino da Verdade Indefinível: A nossa fantasia de carne / não

mais possui olhos / eles foram perfurados pelo apelo mesquinho da existência/

esquecidos pelo brinquedo chamado consciência. (Parte 3) Os Mistérios

Insondáveis das Falsas Coincidências: Ao mesmo tempo/ mil borboletas azuis /

Page 13: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

369

pousaram sobre a testa de mil garotas virgens / nos mais distantes pontos da

terra / e ninguém percebeu. (Parte 4) A Ninfa-desejo da Pseudo-realidade

Contra a Interna Pureza Eterna: Sonho que sonha sonhando / sonho que

antecede o sonhador / sonho que persiste ao sonhador / sonho que não é /

insonho. (Parte 5) Sincrônica Sinfonia: Antes do delírio do Big-Bang / além da

ilusão curva do Universo / através dos quarks e das infinitas partículas que os

engendram / dentro da geratriz dos fractais / paralelamente às chaves do DNA /

sobre a ilusão da consciência / sob o magma obtuso da morte / cantam

abraçados em uma cópula eterna o nada e o tudo / procriando jovens

realidades tão voláteis quanto doces.

11 - The Immortalist’s New Horizon: Faixa instrumental que fecha a parte

musical do álbum (já que a faixa 12 é uma experiência multimídia). Traz uma

atmosfera meio espacial, algo setentista com ecos de Vangelis e Klaus

Schulze. É simplesmente uma homenagem a todos os iconoclastas grandes

pensadores das possibilidades de expansão da consciência e dos arautos da

pós-humanidade. No CD cito todos os homenageados pela faixa que são fonte

de inspiração para meu trabalho artístico: Dimas Franco (meu pai e eterno

guru), R.A.W., Terence MacKenna, Buckminster Fuller, Teilhard de Chardin,

Aldous Huxley, Madame Blavatsky, John C. Lilly, Tim Leary, Giordano Bruno,

John Dee, Gurdjieff, A.O.Spare, William Blake, Rupert Sheldrake, Ken Wilber,

P.K.Dick, Crowley, Stanislav Grof, Orlan, H. R. Giger, Mark Pauline, Max More,

Stelarc, Roy Ascott, Eduardo Kac, David Cronenberg, Enki Bilal, Caza, Wilhelm

Reich, Gunther Von Hagens, Arcimboldo, André Carneiro, M.C. Escher, Joseph

Campbell, Hans Moravec, Ray Kurzweil, Vernon Vinge & Francisco de Assis.

12 – Game-o-tech 2.0 (Faixa Multimídia): Trata-se de uma faixa interativa

criada a partir de meus desenhos e montada no software Flash, no trabalho

contei com o auxílio do web artista Fábio FON e ainda com participações

especiais na guitarra e vocais. O título é um trocadilho/neologismo – utilizando

o termo “brinquedoteca” e trocando o “Q” pelo “G”, criando Game-o-tech

(brinGuedoTeCA em português – em uma versão do trabalho incluída na

revista multimídia objeto “Nóisgrande”), no qual as letras G, T, C & A fazem

Page 14: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

370

referência explícita às bases de nucleotídeos do DNA - guanina, timina, citosina

e adenina. Já o 2.0 refere-se à essa nova versão de uma brinquedoteca infantil

– um playground pós-humano.

No trabalho as criaturas híbridas “humanimais” e os andróides são

apresentados como produtos, objetos vivos patenteados para servirem como

brinquedos para as crianças nesse contexto futuro. As brincadeiras desse novo

playground são sádicas e cruéis, envolvendo sofrimento e dor das criaturas

vivas – meros objetos de diversão para seus interlocutores – eles metaforizam

os brinquedos tecnológicos contemporâneos, sobretudo o universo dos games

de computador tão repleto de violência sanguinolenta coreografada.

A destruição sádica dos avatares inimigos nos games é substituída na

brinGuedoTeCA pela vivissecação dos novos brinquedos biotecnológicos

patenteados pelas multinacionais. As antigas coreografias virtuais tornam-se

novas experiências de crueldade divertida para essas crianças de moralidade

reestruturada pelos processos tecnológicos. No final o prazer do poder sobre

as “vidas híbridas coisificadas” confunde-se com um orgasmo.

O trabalho reflete sobre a aceleração da coisificação da vida através dos

processos de criação e patenteamento de seres vivos híbridos, trata também

de possíveis reestruturações na ordem moral e ética humana a partir dos ditos

avanços tecnológicos.

Considerações Finais.

O que procuro retratar na maioria das letras e conceitos das músicas do

Posthuman Tantra são as incessantes contradições da espécie humana.

Muitas vezes apresento um mundo ficcional hiper-tecnologizado do futuro no

qual os problemas básicos continuam os mesmos: ódio racial, pretensa

superioridade cultural e religiosa, desamor, assassinatos e egoísmo-

egocentrismo. Estou refletindo até que ponto os avanços da tecnociência não

continuarão sendo apenas avanços superficiais que não modificarão a

Page 15: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

371

consciência da espécie. Por outro lado, em muitas músicas proponho

possibilidades de alcançarmos a transcendência através dos processos

tecnológicos. Essas possibilidades são sugeridas nas reflexões de pensadores

como R.A.W. & Ray Kurzweil.

Particularmente acredito que temos a possibilidade de reverter a tendência

entrópica da espécie humana através de nossa produção de conhecimento - a

aceleração tecnológica, só que para isso será preciso acordarmos o sentimento

mais nobre e valoroso que existe: o amor. Amor por nossa espécie, amor pelo

planeta, amor pela galáxia, amor pelo Universo. O racionalismo cartesiano

afastou o conhecimento do amor, desconectando o homem da natureza, o

resultado é uma técnica/tecnologia sem ética.

A música do Posthuman Tantra procura demonstrar como a tecnologia presa

ao mundo cartesiano irá sempre levar-nos ao eterno uroboros (a cobra que

morde o rabo) da autocomiseração e autodestruição, mas ao mesmo tempo

propõe de forma poética as possibilidades de escaparmos a essa entropia da

espécie (tendência à total aniquilação). Isso dependerá da forma como nos

desvencilharmos dos velhos paradigmas mecanicistas racionalistas, aliando

uma visão transcendente holística da vida e do Universo aos avanços da

tecnologia. Sem essa união a tecnologia continuará inócua e atendendo aos

interesses egóicos de indivíduos e corporações.

Referências Bibliográficas:

ASCOTT, Roy. “Quando a Onça se Deita com a Ovelha: a Arte com Mídias Úmidas e a Cultura Pós-biológica”, in: Arte e Vida no Século XXI – Tecnologia, Ciência e Criatividade (Diana Domingues org.), São Paulo: Editora Unesp, 2003, pp.273-284.

CHARDIN, Pierre Teilhard de. O Fenômeno Humano, São Paulo: Cultrix, 2001.

DAVIS, Erik. Techgnosis - Myth, Magic and Mysticism in the Age of Information, New

York: Harmony Books, 1998.

FELINTO, Erick. A Religião das Máquinas – Ensaios sobre o Imaginário da

Cibercultura, Porto Alegre: Sulina, 2005.

FRANCO, Edgar. HQtrônicas: Do Suporte Papel à Rede Internet, São Paulo:

Annablume/Fapesp, 2ª Edição, 2008.

GROF, Stanislav. A Mente Holotrópica: Novos Conhecimentos Sobre Psicologia e

Page 16: Post human tantra projeto multimidia scci-fi ambient by edgar silveira-franco

18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia

372

Pesquisa da Consciência, Rio de Janeiro: Rocco, 1994.

KURZWEIL, Ray. A Era das Máquinas Espirituais, São Paulo: Aleph, 2007.

RÜDIGER, Francisco. Elementos para a Crítica da Cibercultura, São Paulo: Hacker

Editores, 2002.

SANTAELLA, Lucia. Culturas e Artes do Pós-Humano: Da Cultura das Mídias à

Cibercultura, São Paulo: Paulus, 2003.

Edgar Silveira Franco é mestre em multimeios pela Unicamp e doutor em artes

pela USP. Autor do livro “HQtrônicas”, sua pesquisa de doutorado,

“Perspectivas Pós-Humanas nas Ciberartes”, foi premiada no programa Rumos

2003 do Itaú Cultural SP. Além disso, é artista multimídia com trabalhos em

múltiplos suportes e professor do Mestrado em Cultura Visual da UFG.