possibilidades de reabilitação no território da mooca ipiranga cambuci

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MOOCA IPIRANGA CAMBUCI POSSIBILIDADES DE REABILITAÇÃO NO TERRITÓRIO DA MOOCA - IPIRANGA - CAMBUCI CAROLINE BETTI DA SILVA

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Trabalho Final de Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. O trabalho desenvolve a questão da requalificação urbana em antigas áreas industriais, que se encontram subutilizadas e degradadas, e busca, através da análise da área de estudo e de casos semelhantes em Barcelona, Paris e São Paulo, encontrar diretrizes e conceitos que sejam adequados à proposta de requalificação para a área escolhida: o antigo parque industrial dos bairros da Mooca, Cambuci e Ipiranga, inserido no perímetro da Operação Urbana Mooca - Vila Carioca.

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  • M O O C A I P I R A N G A C A M B U C I

    P O S S I B I L I D A D E S D E R E A B I L I T A O

    N O T E R R I T R I O D A M O O C A - I P I R A N G A - C A M B U C I

    CAROLINE BETTI DA SILVA

  • Caroline Betti da Silva

    Trabalho Final de Graduao apresentado Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito

    parcial obteno do grau de Bacharel em Arquitetura.

    POSSIBILIDADES DE REABILITAO NO TERRITRIO DA MOOCA - CAMBUCI -IPIRANGA

    Orientador: Prof. Dr. Carlos Leite de Souza

    So Paulo, 2014

  • Banca examinadora:

    Carlos Leite de SouzaOrientador

    Universidade Presbiteriana Mackenzie

    Daniela Cristina Vianna GetlingerConvidada interna

    Universidade Presbiteriana Mackenzie

    Alan Silva CuryConvidado externo

    Pontifcia Universidade Catlica de Campinas

    So Paulo, 10 de dezembro de 2014

  • minha famlia, especialmente minha me, Regina, e minha irm, Andria, pelo apoio, incentivo, ajuda e pacincia durante esses cinco

    anos.

    Aos meus colegas, por terem me acompanhado e apoiado durante essa jornada, compartilhando todos os momentos que passados. Vocs me

    ensinaram muitas coisas.

    Aos meus professores, especialmente aos meus dois orientadores durante todo esse ano, Prof. Carlos Leite e Prof. Sami Bussab, por terem

    acreditado em mim e me incentivado.

  • RESUMO

    O trabalho desenvolve a questo da requalificao urbana em an-tigas reas industriais, que se encontram subutilizadas e degradadas, e busca, atravs da anlise da rea de estudo e de casos semelhantes em Barcelona, Paris e So Paulo, encontrar diretrizes e conceitos que sejam adequados proposta de requalificao para a rea escolhida: o antigo parque industrial dos bairros da Mooca, Cambuci e Ipiranga, inserido no permetro da Operao Urbana Mooca - Vila Carioca.

    Dessa forma, procura-se entender os processos pelos quais pas-sou a rea de estudo e os impactos que eles tiveram na sua configurao atual. Trata-se de uma antiga rea industrial, importante no processo de industrializao da cidade de So Paulo no sculo XIX, mas que hoje se encontra subutilizada do ponto de vista funcional e degradada do ponto de vista material. Como toda rea industrial, possui estrutura viria desenvol-vida (pois sem ela no seria possvel o escoamento da produo) e con-solidada, com a caracterstica especfica, nesse caso, de estar localizada no limite da rea central da cidade de So Paulo. Ou seja, uma rea com grande potencial, mas no aproveitado.

    As possibilidades de transformao que existem nessa rea j foram identificadas pelo poder pblico, uma vez que est implantada ali uma Operao Urbana Consorciada, em fase de estudos e discusses at o presente momento. As Operaes Urbanas so importantes instrumentos catalisadores de investimentos para a requalificao de reas degradas e so utilizadas em diversos pases, cada qual com sua caracterstica indi-vidual. A anlise de casos semelhantes em Barcelona e Paris permite ver como essas cidades, que passaram por um processo de industrializao semelhante, mas muito anterior ao nosso, lidaram com esse problema. Quais foram os problemas e conquistas de suas intervenes. J a anlise de casos semelhantes na cidade de So Paulo, nos permite ver que tipo de interveno mais adequada para a cidade. A simples transposio de aes executadas em pases com cultura, histria e costumes diferentes no capaz de recriar o sucesso (ou fracasso) alcanado originalmente.

    Vistas as dinmicas do territrio e as formas possveis de inter-veno, prope-se um projeto de requalificao da rea, com o objetivo de revitaliz-la, criar empregos e moradias e, principalmente, garantir que a

    nova populao encontre equipamentos que supram as suas necessidades bsicas.

    9

  • 11

    SUMRIO

    Introduo 13

    1. A Estruturao do Territrio: Diagnstico

    1.1 O Processo de Concentrao de Desconcentrao Industrial 19

    1.2 Leitura do Territrio 20

    2. A Reestruturao Produtiva nos Grandes Territrios Urbanos

    2.1 O Caso de Paris: ZAC Paris Rive Gauche 35

    2.2 O Caso de Barcelona: Plano 22@ Barcelona 43

    3. As Operaes Urbanas Consorciadas

    3.1 Uma Nova Forma de Planejamento na Cidade de So Paulo 53

    3.2 Operao Urbana Consorciada gua Branca 55

    4. Uma proposio

    4.1 Operao Urbana Consorciada Mooca Vila Carioca 71

    4.2 Master Plan para o Territrio da Mooca | Unidade de Pronto Atendimento 77

    Consideraes Finais 101

    Referncias 105

  • Introduo

    13

    INTRODUO

    O objeto de pesquisa deste trabalho a rea delimitada pela Operao Urbana Consorciada Mooca Vila Carioca, definida pelo Plano Diretor Estratgico da cidade de So Paulo em 2002 e que se encon-tra em fase de discusses e audincias pblicas para apresentao da proposta idealizada pelo Consrcio responsvel. Trata-se de um territ-rio que foi de extrema importncia para a cidade durante o processo de industrializao que aconteceu no incio do sculo 20, mas que hoje se encontra estagnado e degradado, consequncia das mudanas na lgica da produo fabril na metade do sculo e do pesado investimento em rodovias por parte do governo federal na poca.

    O territrio localiza-se na regio centro-sudeste de So Paulo, incluindo bairros centrais em seu permetro, como o Cambuci. Possui infraestrutura farta, sendo cortado pela Linha 10 da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), pelo Expresso Tiradentes, pela Linha 2-Verde do Metr e pela Avenida do Estado, importante via da cidade e grande potencial construtivo, apesar dos problemas de drenagem urbana.

    O objetivo deste trabalho , portanto, entender como se formou esse territrio, quais so seus pontos fortes e deficincias e buscar alter-nativas para a ocupao atual atravs de um projeto urbano. Para isso, a pesquisa foi organizada da seguinte forma: anlise do territrio; anlise de projetos urbanos em situaes semelhantes em Paris e Barcelona; anlise do instrumento da Operao Urbana Consorciada e da Operao Urbana Consorciada gua Branca; e proposta.

    Na primeira parte, pretende-se entender como foi formado o territrio da Operao Mooca Vila Carioca, principalmente o seu parque industrial e o que levou s indstrias a deixarem essa regio. So analisa-das tambm as condies de drenagem, de conservao das edificaes e quais so os meios de acesso rea dentro do contexto da municipa-lidade. Procura-se construir uma base slida de conhecimento sobre a rea de forma a projetar da forma mais adequada e condizente com o entorno.

    Na segunda parte, so analisados os projetos urbanos ZAC Paris Rive Gauche, em Paris, e 22@ Barcelona, em Barcelona, exemplos de projetos de requalificao urbana em antigas reas industriais obsoletas e degradadas. A cidade de Paris buscou ativar a rea atraindo empresas e, principalmente, construindo equipamentos de cultura e educao para criar um novo polo na cidade. J Barcelona procurou alcanar o sucesso da operao investindo em infraestrutura tecnolgica de ponta para atrair empresas da nova economia, que tem como base para a sua produo o conhecimento e a tecnologia. Ambos so projetos que ainda esto em desenvolvimento, mas em estgio muito mais avanado do que a Ope-rao Urbana Consorciada gua Branca, analisada na terceira parte do trabalho, e que prope uma ocupao e desenvolvimento da rea mais interessante do que a observada em outras operaes paulistas como Faria Lima e gua Espraiada.

    O instrumento das Operaes Urbanas Consorciadas tambm objeto de estudo na terceira parte. Definido pelo Estatuto da Cidade em 2001, que regularizou as operaes urbanas e delegou a ela um carter social-econmico, buscando evitar o processo de gentrificao e expulso da populao local. A Operao Urbana Consorciada gua Branca, com lei aprovada pela Cmara Municipal de So Paulo, , atual-mente, uma inovao com relao s executadas anteriormente. Em sua lei foram especificados diversos mecanismos para criar uma paisagem urbana de qualidade, com diversidade de tipologias, mais reas verdes, populaes de diversas faixas de renda atravs de mecanismos que ga-rantem a permanncia da populao mais carente, espao para meios de transporte alternativo e incentivo a eles.

    Essa tendncia nas operaes visvel, tambm, na Opera-o Mooca Vila Carioca, centro de todo o trabalho. Vemos na ltima parte do trabalho que as diretrizes sociais e ambientais da gua Branca tambm esto sendo aplicadas na Mooca. A operao ainda est em fase de discusses e, portanto, passvel de alteraes, mas j demonstra uma mudana na mentalidade por trs das transformaes propostas na cida-

  • Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

    14

    de de So Paulo.

    Por fim, apresentada a proposta de um Master Plan para um trecho da Operao Urbana Consorciada Mooca Vila Carioca que busca, a partir de todo o conhecimento adquirido a partir da anlise dos trs (3) casos apresentados, propor uma ocupao que priorize o espao pblico conectado com as reas verdes ao mesmo tempo em que abre espao para novos postos de trabalho e moradias, criando uma nova centralidade na cidade, alternativa s existentes atualmente, concentradas no setor sudoeste da cidade e na rea central.

    Alm de propor uma paisagem urbana de qualidade, a in-teno principal desse trabalho que a populao atrada por essa nova centralidade tenha todo o apoio e suporte necessrio para ter uma boa condio de vida, ou seja, que tenha servios de educao, sade e lazer adequados. Para isso, um conjunto de equipamentos bsicos foi pro-jetado na rea, com destaque para a Unidade de Pronto Atendimento, detalhada posteriormente.

  • A ESTRUTURAO DO TERRITRIO: DIAGNSTICO

    CAPTULO 1

  • A Estruturao do Territrio: Diagnstico

    19

    1.1. O PROCESSO DE CONCENTRAO E DES-

    CONCENTRAO INDUSTRIAL

    A cidade de So Paulo surgiu como um plo centralizador entre os vrios caminhos que conectavam o interior de So Paulo aos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro e ao Porto de Santos. A construo da So Paulo Railway (antiga Santos-Jundia) em 1867, o primeiro corredor de exportao entre o interior paulista e o Porto de Santos, reforou a sua caracterstica de plo, marcou o incio do processo de desenvolvimento do sistema ferrovirio no estado de So Paulo e concentrou os investi-mentos nas suas imediaes. Criou-se, assim, um ambiente propcio para o processo de industrializao pelo qual passou a cidade no sculo XX. (BIDERMAN; GROSTEIN; MEYER: 2004; MENEGON:2008)

    A ocupao industrial aconteceu, primeiramente, ao longo do sistema ferrovirio implantado ao longo das vrzeas dos rios Tiet e Tamanduate. As indstrias buscavam reas que atendessem a trs (3) variveis: gua abundante e barata para a disposio de resduos, lotes generosos e sistema virio para escoamento da produo. As reas de vrzeas, ainda no ocupadas e, portanto, baratas, com pouco controle ambiental e cortadas pela ferrovia eram ideais para a planta industrial. (BIDERMAN; GROSTEIN; MEYER: 2004; MENEGON: 2008)

    Dessa forma, formou-se um extenso parque industrial nas re-gies que hoje formam os bairros da Lapa, Barra Funda, Bom Retiro, Brs, Mooca, Cambuci e Ipiranga. Nas reas prximas a essa grande concen-trao de fbricas, formaram-se vilas e cortios, construdas pelos pr-prios trabalhadores. Sem nenhum tipo de planejamento ou ordem, essas vilas no possuam condies adequadas de saneamento, estrutura viria ou moradia. Eram lugares insalubres, que tinham sua situao agravada pela contaminao do solo e da gua por conta prpria atividade indus-trial. (VALENTIM: 2007)

    Na dcada de 1950, o parque industrial paulistano j estava consolidado. O governo federal investia intensamente na indstria de bens de consumo e produo e na abertura de rodovias. Os investimen-tos atraram mais fbricas para So Paulo, que se j se viam obrigadas a se instalarem em reas mais distantes, como a Vila Leopoldina, onde

    estavam os nicos terrenos disponveis. Ao mesmo tempo, as ferrovias deixaram de receber tanta ateno do poder pblico, que passou a inves-tir na construo das rodovias intermunicipais e interestaduais, o que al-terou a lgica na escolha dos novos stios industriais. (MENEGON: 2008)

    As indstrias, que antes buscavam o eixo das ferrovias para implantar suas instalaes, passaram a buscar o eixo das rodovias, prin-cipais vias de transporte e escoamento da produo a partir daquele mo-mento. As novas fbricas j no procuravam mais o tradicional, e satu-rado, eixo do Rio Tamanduate e algumas antigas empresas comearam a transferir suas instalaes. At as grandes indstrias que escolheram permanecer na rea diminuram o quadro de funcionrios, acarretando em muitas reas vazias dentro dos prprios galpes. (ROLNIK, 2000 apud MENEGON: 2008)

    O processo de desconcentrao industrial (mais visvel a partir da dcada de 1970), no entanto, no aconteceu de forma uniforme. Uma vez que o eixo ordenador da ocupao industrial passou a ser as rodovias, a abertura de vias expressas nos fundos de vale, como a Avenida do Esta-do, deu a alguns bairros uma espcie de sobrevida. Os bairros da Mooca, Cambuci e Ipiranga, vizinhos Avenida do Estado, apesar da forte ten-dncia de abandono dos bairros centrais, passaram por esse processo com menor intensidade. (ROLNIK: 2000 apud MENEGON: 2008. P.23)

    Ao mesmo tempo, a evoluo da tecnologia alterava as formas de produo fabris. Com maior participao da informtica na comunica-o informacional e maquinrio mais evoludo, tornou-se possvel uma maior flexibilizao produtiva. Esses dois fatores em conjunto flexibili-zao produtiva e interesse em novas reas de implantao da indstria permitiram que, apesar do deslocamento dos setores produtivos, as empresas mantivessem em So Paulo os seus setores administrativos e de apoio. (BIDERMAN; GROSTEIN; MEYER: 2004; VALENTIM: 2007)

    A cidade de So Paulo tornou-se, novamente, o plo centraliza-dor, o n entre a economia local e o mercado internacional, concentrando

  • Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

    20

    em seu territrio um grande nmero de empresas multinacionais, cujas atividades se concentram nos servios especializados. Passando a ter uma nova vocao, a de cidade prestadora de servios, dando incio a uma nova fase de desenvolvimento econmico. (CARVALHO: 2000, apud MENEGON: 2008)

    Apesar do novo cenrio, os antigos bairros industriais no foram includos no processo. O crescimento da cidade prestadora de servios foi feito a partir do desenvolvimento e ocupao de novas regies da cidade (seguindo o vetor sudoeste) para que essas assumissem o lugar dos bairros consolidados, ao invs de as complementarem. Os antigos bairros industriais ficaram, ento, estagnados e se degradaram. (VALEN-TIM: 2007)

    Dessa forma, temos hoje uma vasta dentro do centro expandido da cidade, equipada com infraestrutura desperdiada. O desenvolvimento da cidade de So Paulo aconteceu atravs do espraiamento da mancha urbana, e no do adensamento. Sem o controle do poder pblico sobre o preo das reas equipadas pela infraestrutura, a populao de baixa renda buscou moradia em terrenos cada vez mais distantes, que no so atendidas pelos novos projetos de infraestrutura e desenvolvimento exe-cutados pelo poder pblico. Esta situao sobrecarrega ainda mais o in-suficiente sistema virio urbano e ocasiona o que temos hoje: a total de-sorganizao do funcionamento das reas metropolitanas. (BIDERMAN; GROSTEIN; MEYER: 2004)

    1.2. LEITURA DO TERRTRIO

    Considerando o processo pelo qual passou a rea de estudo, a avaliao de sua situao atual, suas potencialidades e deficincias pode ser melhor efetuada atravs das imagens e esquemas que seguem.

    LOCALIZAO ESTRATGICA: A LINHA DE TREM

    E A AV. DO ESTADO

    Como vimos, a posio estratgica de So Paulo (e de sua rea central) foi um importante fator para a escolha dos bairros centrais como stio para a implantao da infraestrutura urbana, principalmente de transportes, e, consequentemente, do parque industrial. Mesmo aps o processo de desconcentrao industrial, a rea se mantm como regio estrategicamente localizada dentro da cidade de So Paulo. A antiga So Paulo Railway deu lugar Linha 10 Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) no trecho entre Rio Grande da Serra e a Estao da Luz e faz conexes com as linhas 1 Azul e 3 Vermelha do Metr, facilitando o acesso regio central da cidade e outras regies. A presena da Linha 2 Verde do Metr e do Expresso Tiradentes, que per-corre junto a Avenida do Estado, ajudam no deslocamento da populao da regio do ABC paulista a So Paulo. A Avenida do Estado, via expressa que acompanha o trajeto do Rio Tamanduate, conecta a Marginal Tiet s Rodovias Anchieta e Imigrantes e s cidades do ABC paulista, passando pelos bairros centrais e pela rea de estudo. Alm de toda a infraestrutura de transportes, a rea muito prxima aos bairros da S e Repblica, onde se encontram grande parte dos postos de trabalho, segundo a Se-cretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano em Informe Urbano de Dezembro de 2011.

  • PARQUE DA ACLIMAO

    PARQUE DAINDEPENDNCIA

    HELIPOLIS

    PARQUE D.PEDRO II

    LINH

    A 10 - TU

    RQ

    UESA

    (CP

    TM)

    RIO

    TAM

    AN

    DU

    ATE / A

    V. DO

    ESTAD

    O

    PARQUE DO IBIRAPUERA

    PARQUE DO ESTADO

    PARQUE DA INDEPENDNCIA

    CAMPO DE MARTE

    PARQUE DA LUZ

    PARQUE ECOLGICO DO TIET

    PARQUE DA GUA CA

    AEROPORTO DE CONGONHAS

    PARQUE ECOLGICO VILA PRUDENTE

    PARQUE DA JUVENTUDE

    PARQUE D. PEDRO II

    PARQUE TRIANON

    PARQUE DA ACLIMAO

    DIADEMA

    FAVELA DO HELIPOLIS SO BERNARDO

    DO CAMPO

    A Estruturao do Territrio: Diagnstico

    21

    Imagem 01: Permetro da Operao Urbana (em amarelo) na cidade de So Paulo.Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth em maio de 2014.

    Imagem 02: rea de interveno (em laranja) dentro do permetro da Operao Urbana e os eixos estruturadores da rea, o Rio Tamanduate/Avenida do Estado e a Linha de trem.Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth em maio de 2014.

  • AV. DO ESTADOAV

    . DO

    M P

    EDRO

    i

    AV. R

    ICAR

    DO J

    AFET

    AV. AL

    CNTA

    RA

    MACH

    ADO

    R. DAS JU

    NTAS

    PROVIS

    RIAS

    AV. SALIM FARAH

    MALUF

    AV. N

    AZAR

    AV. PAES DE BARROS

    R. DA MOOCA

    Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

    22

    LINHA 2 - VERDE DO METR

    EXPRESSO TIRADENTES

    LINHA 10 - TURQUESA DA CPTM

    LINHA 6 - LARANJA DO METR

    LINHA 3 - VERMELHA DO METR

    LINHA 11 - CORAL DA CPTM

    Diagrama 01: Macro acessibilidade na rea da Operao: as vias estruturais esto repre-sentadas com linha espessa. Em amarelo est a rea de interveno.Fonte: Elaborao prpria sobre mapa da SEMPLA.

    Diagrama 02: Linhas de transporte pblico de massa encontradas rea atualmente ou projetadas. Em amarelo est a ea de interveno.Fonte: Elaborao prpria sobre mapa da SEMPLA com base nos dados disponibilizados pela Se-cretaria de Desenvolvimento Urbana em sua publicao Diretrizes para projeto: Operao Urbana Consorciada Mooca - Vila Carioca.

  • A Estruturao do Territrio: Diagnstico

    23

    Imagem 03: Fotografia tirada a partir da Estao C. A. Ypiranga do Expresso Tiradentes. Nela visvel trs dos principais elementos estruturadores da rea: o Expresso Tiradentes esquerda, o Rio Tamanduati no centro e a Avenida do Estado correndo ao longo das duas margens do rio. direita est o galpo de armazena-mento da Elog Logstica.Fonte: Acervo pessoal

  • Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

    24

    GRANDE POTENCIAL CONSTRUTIVO

    Mesmo com boa parte dos lotes e galpes em funcionamento, existe tambm um bom nmero de construes vazias na rea de estu-do, que colaboram para o estado de degradao e abandono no qual se encontra a regio. Apenas as reas subutilizadas j compe uma grande rea com potencial para a construo de novos edifcios. Ao estender essa rea ao lotes que hoje esto em funcionamento, esse potencial au-menta consideravelmente.

    Imagem 04: Parque industrial da Mooca, cortado pela ferrovia (Linha 10 - Turquesa da CPTM), esquerda, e pela Avenida Henry Ford, direita. uma grande rea com enorme potencial construtivo.Fonte: SO PAULO, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. Diretrizes para projeto: Operao Urbana Consorciada Mooca - Vila Carioca.

  • A Estruturao do Territrio: Diagnstico

    25

  • Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

    26

    Diagrama 03: Parque industrial, se estende por boa parte da ferrovia.Fonte: Elaborao prpria sobre mapa da SEMPLA.

    Diagrama 04: Identificao dos lotes que ainda esto em atividade (verdes) ou abandona-dos (cinza). V-se que, mesmo aps o processo de desconcentrao pelo qual passou a cidade, muitas indstrias permaneceram na regio ou tiveram seus terrenos reutilizados para outros usos. Um dos motivos para isso seria a implantao da Avenida do Estado, que deu uma espcie de sobrevida para essa regio.Fonte: Elaborao prpria sobre mapa da SEMPLA com base nos dados disponibilizados pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente em sua publicao Planejamento urbano e integrado e participao social na recuperao e reintegrao de reas degradadas: Lies aprendidas do Projeto Piloto INTEGRATION na regio Mooca - Vila Carioca

  • A Estruturao do Territrio: Diagnstico

    27

    Imagem 05: Vista da Av. Presidente Wilson e seu conjunto industrial.Fonte: UNA ARQUITETOS. Requalificao Urbana da Mooca - Ipiranga.

    Imagem 06: Vista da Av. Henry Ford, possvel ver algumas fbricas em funcionamento.Fonte: Acervo pessoal.

    Imagem 07: Parque industrial da Mooca, visto a partir de edificio na Avenida Dom Pedro I, no Cambuci. Em primeiro plano est o Expresso Tiradentes.Fonte: Acervo pessoal.

  • Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

    28

    Imagem 08: Antigo edifcio da antiga Companhia Antrctica Paulista na Av. Presidente Wilson. Mesmo com mais da metade das fbricas em funcionamento, aquelas que no esto se encontram abandonadas e degradadas.Fonte: SO PAULO ANTIGA. Antarctica Paulista

    Imagem 09: Galpo industrial abandonado no encontro entre a Avenida do Estado e Avenida Presidente Wilson.Fonte: Acervo pessoal

    Imagem 10: Fbrica Labor, em processo de tombamento.Fonte: SMDU: 2012

  • A Estruturao do Territrio: Diagnstico

    29

    QUESTO AMBIENTAL: DRENAGEM E REAS

    VERDES

    A populao residente no permetro da rea de estudo convive com as enchentes do Rio Tamanduate desde o incio da ocupao da sua vrzea, ou seja, os problemas de drenagem da regio no so recentes. A negligncia com relao aos cursos dgua e a falta de reas verdes em quantidade e qualidade apenas agravam o problema.

    Alm disso, o tipo de ocupao no entorno do rio e as aes do poder pblico (como a construo do Expresso Tiradentes, a canalizao do rio e o tamponamento do mesmo no trecho entre a Praa Alberto Lion e a Estao Pedro II do Metr) no s agravam o problema como tambm criam um ambiente inspito, sem qualidade urbana ou ambiental.

    Imagem 11: Rio Tamanduate canalizado e poludo com uma de suas margens ocupada pelos pilares de sustentao do Expresso Tiradentes.Fonte: UNA ARQUITETOS. Requalificao Urbana da Mooca - Ipiranga

  • Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

    30

    RIO TAMANDUATE

    RIO

    IPIR

    ANGA

    AV. DOM

    PEDRO I

    PQE. DA ACLIMAO

    PQE. DA INDEPNCIA

    Diagrama 05: Rios principais e crregos da regio.Fonte: Elaborao prpria sobre mapa da SEMPLA com base nos dados disponibilizados pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Disponvel em < http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/umapaz/caderno_das_aguas/index.php?p=24598> em 10/05/2014

    Diagrama 06: reas verdes principais, elas so escassas e concentradas, dificultando a drenagem urbana.Fonte: Elaborao prpria sobre mapa da SEMPLA

  • A Estruturao do Territrio: Diagnstico

    31

    Imagem 12: Rio Tamanduate canalizado e poludo. Em poca de chuvas, o rio invade as pistas da Avenida do Estado, causando transtornos na regio.Fonte: Acervo pessoal

    Imagem 13: Calada da Av. Presidente Wilson alagada. importante mencionar que chovia fraco no dia em que a foto foi tirada, o que no deveria inundar o passeio. Fica evidente a gravidade do problema da drenagem urbana.Fonte: Acervo pessoal

    Imagem 14 : Incio da pista expressa da Avenida do Estado, na altura da Praa Alberto Lion, que corre sobre o leito do rio.Fonte: Acervo pessoal

  • A REESTRUTURAO PRODUTIVA NOS GRANDES TERRITRIOS URBANOS

    CAPTULO 2

  • A Reestruturao Produtiva nos Grandes Territrios Urbanos

    35

    2.1 O CASO DE PARIS: ZAC PARIS RIVE GAUCHE

    A ZAC Paris Rive Gauche uma operao urbana desenvolvida numa rea de 130 ha dentro do 13 arrrondissement de Paris. A regio, ocupada por grandes galpes industriais, passou por um processo de abandono e degradao ao longo do sculo 20, devido evoluo das formas de produo e s decises do prprio governo parisiense que incentivou, por exemplo, o desenvolvimento do setor financeiro em La Defense, no oeste da cidade. (VIEIRA: 2012)

    A rea, degradada e ocupada pelos trilhos dos trens, isolava os bairros do entorno com relao ao restante da cidade, ento, em 1991, foi aprovada a ZAC Paris Rive Gauche. As ZACs so instrumentos urbansticos que permitem a flexibilizao da legislao urbanstica vigente, podendo ser utilizadas para implementar operaes variadas como renovao e reabilitao urbana, realizao de novos bairros residenciais, implantao de atividades industriais, comerciais, tursticas ou de servios, ou reali-zao de instalaes de equipamentos coletivos pblicos ou privados. Defi-nindo reas passveis de projetos de desenvolvimento e transformao ur-bana. (MALERONA: 2010)

    Em geral, as ZACs so administradas por sociedades de economia mista (pblico e privado), criadas para esse fim. Este tipo de sociedade consegue formar parcerias mais facilmente, sem que seja retirada da coletividade a importncia sobre as decises da operao. No caso da ZAC Paris Rive Gauche, a admi-nistrao do territrio foi delegada SEMAPA Socit dconomie Mixte dAmnagemet de Paris -, responsvel por desenvolver, planejar e implemen-tar os projetos urbanos, principalmen-

    te, as obras pblicas de infraestrutura, revender os terrenos adquiridos para a iniciativa privada e coordenar o restante. (MALERONA: 2010)

    Junto a SEMAPA existe o CPC Comit Permanent de Con-certation que rene agentes pblicos, representantes de conselhos de bairro, organizaes no governamentais, estudantes, trabalhadores e instituies pblicas e privadas. Seu objetivo garantir um espao aberto para debates, visando sempre evoluo do projeto. As alteraes feitas esto previstas na lei das ZACs pois, dessa forma, garante-se que, mesmo um projeto feito para atender as lgicas de mercado, possa ser controlado e direcionado pelo poder pblico, que ir sobrepor o interesse pblico sobre o privado quando necessrio. (MALERONA: 2010)

    Imagem 15: rea da ZAC Paris Rive Gauche na dcada de 1990, a Biblioteca Nacional da Frana da estava concluda.Fonte: SCOT, Marie. 1986-1996: Mirages immobiliers Sciences Po, Paris, 1997. Disponvel em em 20/11/2014

  • PARQUE DE BERCY

    LIMITE DE MUNICPIOSPARIS - VAL-DE-MARNE

    PONTE CHARLES DE GAULLE

    RIO SENA

    JARDIM DAS PLANTAS (JARDIM

    BOTNICO)

    ESTAO DE AUSTERLITZ

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    por conta deste espao aberto s discusses que a ZAC uma operao que tem como principais objetivos melhorar a conexo desse trecho com o restante da cidade e as cidades perifricas, aumentar a quantidade de reas verdes e criar uma dinmica urbana variada abrigan-do diversos usos, atraindo grandes multinacionais, trazendo habitaes de interesse social e estudantil para o centro urbano da cidade e integran-do a universidade cidade. A inteno inicial era criar um bairro de es-critrios, somente, o que foi alterado aps diversos debates. (SEMAPA: 2013) (MALERONKA: 2010)

    A integrao com o restante do tecido da cidade norteou o de-senvolvimento do projeto. Para tanto, construiu-se uma grande laje de 26 ha sobre a linha frrea sobre a qual se criou a Avenue de France, novo eixo estruturador local que parte da Gare dAusterlitz e se estende por 3 km at o Boulevard Massena, e a base para a insero de novas quadras. (SEMAPA: 2013)

    Alm disso, seis pontos determinam a construo do entorno e o seu funcionamento: traado virio organizado paralelamente ao curso

    do Rio Sena; edifcios com gabaritos limitados de acordo com parme-tros definidos a partir da largura do leito carrovel, de modo que a in-solao no passeio e nas fachadas seja sempre otimizada e o skyline de Paris no seja muito alterado; reabilitao de edifcios histricos; sistema de transporte pblico eficiente; interveno setorizada e grandes equipa-mentos de infraestrutura. (DURVAL-ZAC: 2006 apud MALERONKA: 2010)

    A rea da ZAC organizada em 4 grandes bairros estruturados por um projeto ncora cada, que do visibilidade para a interveno e atraem importantes investimentos. Cada setor, por sua vez, dividido em quadras. Essas quadras, aps todo o investimento feito pela SEMA-PA, so delegadas a um arquiteto-coordenador responsvel pelo desen-volvimento de um plano de massas detalhado que atenda s diretrizes determinadas pelo rgo administrador. A prpria Avenue de France, inclusive, foi delega a um arquiteto-coordenador. O projeto dos edifcios fica a cargo de outros escritrios, que recebem do arquiteto coordena-dor as diretrizes de ocupao elaboradas por ele. Dessa forma, diversas instncias so responsveis pelo desenvolvimento da ZAC em diferentes escalas e no concentrado o poder de deciso em apenas uma organi-zao. (SEMAPA: 2013)

    Imagem 16: Permetro da ZAC e seu entorno.Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth

  • QUARTIER

    AUSTERLITZQUARTIER

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    BRUNESSEA

    A Reestruturao Produtiva nos Grandes Territrios Urbanos

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    PARIS RIVE GAUCHE (SEMAPA: 2013)

    130 ha de interveno

    585 000 m de unidades habitacionais;

    745 000 m de escritrios;

    405 000 m de comrcios e servios;

    665 000 m de equipamentos;

    55 000 m de equipamentos locais.Imagem 17: rea da ZAC ainda em desenvolvimento. A operao ainda est em desenvolvimento, mas em estgio avanado.Fonte: SEMAPA. Paris Rive Gauche. 2013

    Imagem 18: Quartiers (setores) da ZAC e Avenue de France (em preto).Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth.

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    Imagem 19: Plano Urbanstico para a interveno: os escritrios esto concentrados no limite da Avenue de France e no Quartier Austerlitz, onde a oferta de transporte pblico mais farta; os equipamentos pblicos esto concentrados no Quartier Massena, para ati-var o setor; j as habitaes no se concentram em um nico lugar, mas possvel notar que ao lado do rio e no Quartier Massena elas existem em maior nmero. Isso acontece pela necessidade de oferecer habitao estudantil nas proximidades da Universidade e pela inteno de criar uma relao mais prxima entre os moradores e o Rio Sena. Fonte: Arquivo cedido pelo escritrio Triptyque Projetos LTDA.

    Habitao Escritrio Equipamentos pblicos Equipamentos culturais

    Imagem 20: Esplanada em frente ao edifcio Grand Moullins, transformado em Univer-sidade.

    Fonte: SEMAPA. Paris Rive Gauche. 2013

  • QUARTIER

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    A Reestruturao Produtiva nos Grandes Territrios Urbanos

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    Os 4 bairros que compe a ZAC e seus respectivos projetos ncora so: Quartier Auterlitz com a renovao da Estao de Trem de Austerlitz; o Quartier Tolbiac com a Biblioteca Nacional da Frana, de Do-minique Perrault; o Quartier Massena-Bruneseau com o projeto da Uni-versidade Paris-Diderot Paris VII, construda a partir da renovao dos antigos galpes do Grands Moullins e Halle aux Farines, um dos pontos principais da interveno, e o Quartier Bruneseau, com a construo de um boulevard perifrico de conexo com a periferia. (SEMAPA: 2013)

    Cada quartier, por sua vez, dividido em quadras organizadas a sul ou a norte da Avenue de France, basicamente. Sero detalhadas 3 quadras, todas voltadas para o rio Sena e a Avenue de France.

    AUSTERLITZ NORD

    Todos os quarteires do setor Austerlitz possuem uma maior quantidade de escritrios do que de edifcios residenciais ou equipa-mentos culturais. Isso se deve proximidade dos quarteires Gare dAusterlitz, que concentra duas estaes de metr e uma de trem. Como um dos objetivos principais da ZAC atrais sedes de empresas interna-cionais para essa rea, importante que as estaes de trabalho estejam localizadas prximas a esses meios de transporte de massa.

    Outro objetivo do projeto urbano melhorar a relao dos fran-ceses com o rio Sena, criando equipamentos e passeios que faam a populao ir at ele. Por isso, existem passagens internas na quadra que fazem a ligao entre a Avenue de France e o rio, algumas so pblicas e outras privadas, restritas aos edifcios de escritrio, mas que so abertas ao pblico durante o horrio comercial. Alm disso, foi feito o Docks on Seine, um projeto que revitalizou um antigo depsito industrial do incio do sculo XX e que agora abriga o Instituto Francs de Moda e diversas atividades ligadas moda e design, inclusive desfiles e eventos. A co-bertura do antigo depsito foi transformada em um terrao que abriga os mais variados usos durante o dia: festas, oficinas, restaurantes durante o dia e a noite, etc. (SEMAPA: 2013)

    Imagem 21: Quadra Austerlitz Nord, em vermelho.Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth

    Imagem 22: Praa pblica e boulevard em frente ao Rio Sena. Ao fundo, o Docks on Seine.Fonte: SEMAPA. Paris Rive Gauche. 2013

    Imagem 23: Docks on Seine visto do Rio Sena.Fonte: SEMAPA. Paris Rive Gauche. 2013

  • QUARTIER

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    TOLBIAC NORD

    O quarteiro Tolbiac Nord foi o primeiro a ser entregue e a Bi-blioteca Nacional da Frana, de Dominique Perrault, teve um papel muito importante neste feito. O programa, na verdade, no havia sido conside-rado nos primeiros estudos da ZAC, mas foi responsvel por dar visibi-lidade a operao. Com a Biblioteca finalizada em 1995, a interveno ganhou credibilidade e atraiu diversos investidores que viabilizaram fi-nanceiramente as moradias, a extenso do metr e a instalao de outros equipamentos pblicos no entorno. (MALERONKA: 2010)

    Alm de abrigar a Biblioteca Nacional, o projeto utilizado, tambm, para travessias. A grande praa central projetada permite a co-nexo entre a margem do Sena e a Avenue de France por um nvel mais baixo. J a grande praa seca superior recebe uma das pontas da passa-rela Simone de Beauvoir, que faz a conexo entre as duas margens do rio, chegando ao Parque de Bercy do outro lado.

    Outra soluo encontrada para melhorar a relao da populao com o rio Sena foi concentrar a maioria das residncias na face voltada para ele e os escritrios na Avenue de France. Essa uma forma de criar uma ligao diferente com rio, pois o morador vai entender o Sena como parte da sua casa e cuidar mais dele.

    Ao mesmo tempo, foram criadas duas praas internas no meio da quadra (uma de cada lado da biblioteca) que fazem uma passagem entre a Avenue de France e o rio Sena. Essas praas possuem uma escala menor e se tornam, alm de passagem, um espao de permanncia, ar-borizado e mais reservado. possvel perceber a importncia dada ao rio Sena neste projeto, a todo o momento so vistas conexes que trazem a cidade ao Sena e vice-versa.

    Imagem 24: Quadra Tolbiac Nord, em vermelho.Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth

    Imagem 25: Biblioteca Nacional da Frana (BNF) vista a partir do Rio Sena.Fonte: SEMAPA. Paris Rive Gauche. 2013

    Imag em 26: Passarela Simone-de-Beauvoir. Ao fundo, a BNF.Fonte: SEMAPA . Paris Rive Gauche. 2013

    Imagem 27: Praas internas.Fonte: SEMAPA . Paris Rive Gauche. 2013

  • QUARTIER

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    MASSNA NORD

    O quarteiro Mssena-Nord teve como arquiteto responsvel Christian de Portzamparc. Nesse quarteiro, o arquiteto implantou o seu conceito da quadra aberta1, ou seja, no determinou um plano de massas rgido como feito por outros arquitetos responsveis, mas criou regras que permitissem variadas tipologias, aberturas e fechamentos de modo a formar espaos internos de pequena e mdia escala, pblicos e semi--pblicos. Para manter a unidade entre os imveis (apesar da diversida-de), alguns parmetros so comuns como gabarito e alinhamento.

    Esse quartier foi escolhido para abrigar o novo polo universi-trio da regio. Foi criada a Universidade Paris Diderot e a Escola de Arquitetura do Vale do Sena, atravs da reabilitao de alguns galpes industriais e da construo de alguns novos edifcios. Como possvel ver na implantao, a praa central faz a ligao entre a universidade e as residncias e escritrios do entorno que tm como pano de fundo o Rio Sena. Novamente, cria-se um elemento que estabelece uma relao mais prxima entre os moradores e o rio, estreitando-a.

    A instalao da Universidade no permetro do projeto, no en-tanto, encontrou dificuldades, principalmente por parte dos investidores (comerciantes e incorporadores imobilirios) que temiam que a rea fi-casse esvaziada nas frias e fins de semana. Ainda hoje, h dificuldade para encontrar pessoas que queiram se instalar perto da universidade. (ASCHER: 2004 in MALERONKA:2010)

    1 A quadra aberta por essncia um elemento hbrido con-ciliador. Permite a diversidade, a pluralidade da arquitetura contempornea. Ela recuperar o valor da rua e da esquina da cidade tradicional, assim como entende as qualidades da autonomia dos edifcios modernos. A relao entre os distintos edifcios e a rua se d por alinhamentos parciais, o que possibilita aberturas visuais e o acesso mais generoso do sol. Os espaos internos gerados pelas relaes entre as distintas tipologias podem variar do restritamente privado ao generosamente pblico, sem desconsidera as nuances entre o semipblico e o semiprivado. (FIGUEROA: 2006)

    Imagem 28: Quadra Massena Nord, em vermelho.Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth

    Imagem 29: Universidade Paris-Diderot.Fonte: SEMAPA. Paris Rive Gauche. 2013

    Imagem 30: Quadra aberta.Fonte: ARTHITECTURAL. Atelier Christian de Portzamparc|Quartier Massena. Disponvel em < http://www.arthitectural.com/atelier-christian-de-portzamparc-quartier-massena/ > em 20/10/2013

  • QUARTIER

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    AVENUE DE FRANCE

    A avenida principal da interveno tambm foi delegada a um nico arquiteto. A avenida foi projetada com ciclovias dos dois lados da rua, caladas arborizadas e com, no mnimo, 4m de largura para o pas-seio, o que pode ser varivel, em diversos trechos ao norte, onde o sol mais fraco, o passeio pode chegar a at 8 metros para permitir maior incidncia de luz. O gabarito dos edifcios foi limitado para coincidir com o skyline do resto da cidade de Paris e permitir a melhor insolao dentro do edifcio e no passeio.

    Imagem 31: Canteiro central da Avenue de France, espao generoso para pedestres.Fonte: SEMAPA. Paris Rive Gauche. 2013

    Imagem 32: Vista da Avenue de France a partir do canteiro central.Fonte: SEMAPA. Paris Rive Gauche. 2013

    Imagem 33: Avenue de France, em vermelho.Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth.

    Imagem 34: Vista da Avenue de France a partir do canteiro central.Fonte: SEMAPA. Paris Rive Gauche. 2013

    Imagem 35: Corte de um projeto implantado na quadra Tolbiac-Chevaleret, construda sobre a linha de trem, assim como a Avenue de France, direita.Fonte: Arquivo cedido pelo escritrio Triptyque Projetos LTDA.

  • PRAA DAS GLRIAS CATALS

    CATEDRAL DE BARCELONA

    AV. DIAGONAL

    RONDA LITORAL

    LIMITE DE MUNICPIOSBARCELONA - BADALONA

    A Reestruturao Produtiva nos Grandes Territrios Urbanos

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    2.2 O CASO DE BARCELONA: PLANO 22@ BARCELONA

    O Plano 22@ Barcelona um projeto de revitalizao para uma regio de aproximadamente 200 ha no bairro de Poblenou, distrito de Sant Mart, em Barcelona. O bairro se tornou, a partir de 1850, no grande parque industrial da cidade, crescendo de tal maneira que era conside-rada a Machester Catal, em comparao com a cidade inglesa que foi protagonista no processo da 1 Revoluo Industrial. A partir dos anos 60, no entanto, esse intenso processo de industrializao desacelerou e deu incio a um processo de degradao e desvalorizao da rea. (VIEI-RA:2012)

    A rea permaneceu expectante at que, em 1992, os Jogos Olmpicos de Vero realizados em Barcelona impulsionaram a renovao de diversas reas subutilizadas da cidade, principalmente a rea da Vila Olmpica, bairro prximo a Poblenou. Desde ento, a poltica urbanstica da cidade tem buscado o equilbrio e a recuperao de partes desatuali-zadas da cidade, situao na qual se encontra o bairro. (SALES: 2008)

    Sendo assim, foi aprovado em 2000 o Plano 22@ Barcelona, que deu incio ao processo de transformao dessa rea. Sua inteno criar clusters2 de setores considerados estratgicos atualmente, como mdia, tecnologia da informao e comunicao, tecnologias mdicas, 2 Segundo Porter (1998), um cluster a concentrao geogrfica de empresas e instituies interconectadas em torno de um determinado setor. So estruturas econmicas ativas compostas por fornecedores de componen-tes, maquinrio e servios e dispem de ampla infraestrutura especializada. [...] Muitos clusters tem a presena de instituies como universidades, associaes e centros de treinamento, que promovem educao, informao, pesquisa, trei-namento especializado e suporte tcnico, alm de receberem o apoio de foras governamentais, que fomentam seu desenvolvimento na forma de incentivos e programas diversos. (LEITE: 2012: P. 108) O ponto central dessa dinmica entre empresas a relao de mutualismo, cooperao e competio entre elas, que cria um ambiente propcio para o surgimento de novas ideias criativas e inova-doras.

    Imagem 36: Permetro da interveno 22@ Barcelona (em amarelo), o distrito Sant Mart (em vermelho) e pontos importantes do entorno.Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth.

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    energia e design. Setores da chamada indstria do conhecimento, forma-da por atividades que utilizem a informao como matria prima e cujo resultado seja a produo do conhecimento (SALES: 2008: P.242).

    Ao mesmo tempo, deseja-se criar um ambiente urbano com-pacto, diversificado e de qualidade, fazendo com que as empresas e in-dstrias coexistam com habitaes, equipamentos e reas verdes. Essa estrutura multifuncional favorece a diversidade social, a vitalidade do espao pblico e permite que moradia e trabalho fiquem mais prximos. (BARCELONA: 2012)

    A partir dessas duas premissas, pretende-se devolver cidade de Barcelona sua importncia econmica. O protagonismo econmico, antes alcanado atravs da manufatura, se dar, agora, com a transfor-mao da regio do Poblenou em uma importante plataforma cientfica, tecnolgica e cultural, atrativa para empresas envolvidas com as novas formas produtivas baseadas na tecnologia. (BARCELONA: 2012; SALES: 2008)

    Esse tipo de atividade exige uma reflexo sobre a organizao de um espao urbano capaz de abrigar e articular essas novas funes com as redes mundiais. Para tanto, foi necessria a reviso do Plano Geral Metropolitano, que vigorava desde 1976. Dessa ao resultaram mudanas importantes: melhorias na infraestrutura local, alteraes nas leis urbansticas e criao de instrumentos especiais de gesto. (LEITE: 2012; SALES: 2008)

    Com relao a infraestrutura, a cidade de Barcelona j possui uma vantagem: a malha urbana projetada por Cerd em 1859. Ela tem

    a capacidade de receber atualizaes sucessivas sobre si mesma e su-portar situaes de grande carregamento de trnsito. Alm disso, a pr-pria malha foi complementada com o prolongamento da Av. Diagonal, a criao do Parque Diagonal Pere e 29km de ciclovias. Houve tambm o desenvolvimento de um novo plano de mobilidade com melhorias no transporte pblico. (SALES: 2008)

    As redes tambm foram melhoradas. Uma infraestrutura subter-rnea de redes de fibra tica e rede eltrica com 5 vezes mais capacidade do que a anterior foi instalada para dar suporte s atividades @3, que dependem desse tipo de rede para o seu bom funcionamento. A atualiza-o da infraestrutura como um todo foi essencial para que o Plano 22@ Barcelona fosse implantado. (BARCELONA: 2012; LEITE: 2012)

    Alm das intervenes dentro do permetro definido pelo Plano, outros 3 projetos, de maior porte, o estruturam: a Estao Intermodal de La Sagrera, a Praa das Glrias Catals - que teve a estrutura viria que a cercava soterrada, ganhou a maioria das habitaes sociais no seu entorno e recebeu 17.000 m de reas - e a renovao da orla do bair-ro de El Bsos i el Maresmee com a construo do Frum Universal das Culturas, novo centro de convenes, hotis e campus universitrio. (BARCELONA: 2012)

    As mudanas nas leis urbansticas se relacionam com a altera-o da qualificao da rea e do coeficiente de aproveitamento. Antiga-mente, a qualificao urbanstica do bairro do Poblenou era 22a, determi-nando uma ocupao exclusivamente industrial, seguindo a antiga lgica de organizao do territrio por meio da setorizao. Com a reviso do Plano Geral Metropolitano essa qualificao foi modificada para a 22@, que mantm a vocao industrial do bairro, mas a adapta s novas tec-nologias, j que se trata de um territrio central da cidade, dentro do permetro urbano consolidado. A qualificao 22@ tambm permite a ocupao do solo por outros usos como oficinas, habitaes, comrcios, equipamentos pblicos e atividades @, possibilitando um trecho de ci-dade multifuncional. (LEITE: 2012; SALES: 2008)3 As atividades @ se relacionam com os usos que utilizam tecnologia da informao e comunicao, empregam mo-de-obra qualificada, podendo trabalhar com desenho, edio, cultura, gesto de dados e mdia e ocupam me-nos espao do que as empresas tradicionais. (BARCELONA: 2012)

    Imagem 37: Redes de fibra tica e eltrica subterrneas instaladas.Fonte: BARCELONA: 2012

  • 22@ BARCELONA (BARCELONA:2012) 200 ha de interveno

    Potencial construtivo de 4 000 000 m 3 200 000 m de atividades produtivas; 800 000 m para outros usos;

    4 614 habitaes requalificadas; 4 000 novas habitaes; 150 000 novos empregos;

    114 000 m de reas verdes.

    A Reestruturao Produtiva nos Grandes Territrios Urbanos

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    Imagem 38: rea de interveno (em azul) e os trs projetos estruturadores do permetro.Fonte: BARCELONA: 2012

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    J o coeficiente de aproveitamento da rea sofreu um aumen-to, passou de 2,0 para 2,2 como compensao ao empreendedor pelo repasse de custos das melhorias na infraestrutura. Pela nova vocao definida para a rea, estabeleceu-se uma adicional de 0,5 a ser somado aos 2,2 anteriores que deveria ser destinado s atividades @. E, por fim, mais um adicional de 0,3 no coeficiente foi estabelecido, que deve ser destinado municipalidade, que o usar para construir habitaes de interesse social e novas reas verdes. Dessa forma, cria-se um mecanis-mo que induz as novas construes da iniciativa privada a um modelo idealizado pelo poder pblico. (VIEIRA: 2012)

    A gesto da interveno, segundo Sales (2008), feita atravs de um sistema flexvel de planejamento. Foram criados dois tipos de planos: os Planos Predeterminados ou Planos Especiais de Reforma Inte-rior, desenvolvidos pelo poder pblico, e o Planejamento Derivado, que pode ser desenvolvido pela iniciativa pblica ou privada.

    O primeiro tipo ser aplicado em 6 reas pr-determinadas, regies consolidadas da cidade onde a interveno dever ser feita de forma gradual, adaptando-se ao entorno. So elas: Campus Audiovisual, Eixo Llacuna, Llull Pujades Ponent, Llull Pujades Levant, Parque Central e Per-Pere IV, que pretendem ser os motores que impulsionaro a trans-formao na regio. (VIEIRA:2012)

    O segundo tipo define diferentes tipos de interveno: planos por quadras, planos para lotes com mais de 2.000 m, planos para edif-cios industriais consolidados, planos para edifcios de especial interesse e planos para frentes consolidadas de habitao. Esses planos podem ser desenvolvidos de forma livre, mas esto sujeitas a aprovao do po-der pblico. Criando, dessa forma, condies para que cada projeto seja desenvolvido para adaptar-se s pr-existncias. (LEITE: 2012; SALES: 2008)

    O respeito ao entorno, inclusive, um forte conceito dentro do Plano 22@ Barcelona. Segundo ele, as novas propostas devem ter o entorno e os elementos histricos como ponto de partida, ao invs de se sobreporem a eles. Seguindo essa ideia, as moradias pr-existentes fo-ram todas mantidas e em 2006 foi aprovado o Plano Especial de Proteo ao Patrimnio Industrial de Poblenou, que prev a conservao de 114 edifcios e conjuntos industriais remanescentes a serem reformados, em diferentes nveis, de acordo com o poder pblico, e que tero seus usos revisitados, podendo abrigas sedes de novas empresas, universidades, hotis e habitaes. (BARCELONA: 2012)

    Essa questo, no entanto, no parece estar aplicada segundo crticas da prpria comunidade. De acordo com a matria Cidade C-clica da revista Pgina 22, o projeto [22@] fechou as portas para a participao to logo os planos foram aprovados pela Prefeitura (DERIVI, 2011). Contrariando a tradio da cidade, que com o seu Modelo Barce-lona de fazer a cidade a partir do debate, descentralizao dos projetos e participao cidad, tornou-se referncia para outras cidades do mundo.

    A melhora na qualidade da paisagem urbana da cidade in-questionvel, reconhecida tambm pela comunidade, principalmente o aumento de reas verdes. No entanto, a vida urbana ainda tmida, a maioria das novas pessoas atradas vai apenas para trabalhar, no se mudou para no bairro e no utiliza o espao pblico. O que pode estar relacionado com a forte crise econmica pela qual passou a Espanha nos ltimos anos. O alto ndice de desemprego fez com que muitos jovens migrassem para outros pases, pblico alvo do projeto.

    Imagem 39: Ilustrao das mudanas propostas no coeficiente de aproveitamento e ocupao do solo.Fonte: BARCELONA: 2012

  • PEI PARC CENTRAL

    PEI LLULL-PUJANT LLEVANT

    PEI PER-PERE IV

    PEI EIXLLACUNA

    PEI CAMPUS AUDIOVISUAL

    PEI LLULL-PUJADES PONENT

    A Reestruturao Produtiva nos Grandes Territrios Urbanos

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    A soluo talvez fosse no focar apenas no setor do conheci-mento e tecnologia, mas tambm em cooperativas e Terceiro Setor, como disse Ramon Ribera-Fumaz para a reportagem. Abrindo, assim, vrias possibilidades e atraindo uma maior variedade de pessoas para criar um ambiente mais diverso.

    Isso, no entanto, no algo que seja possvel planejar. Segundo Carlos Leite, a formao dos clusters acontece com o tempo e de forma espontnea, pois as classes criativas vo aonde estiver a vivacidade ur-bana genuna. Ou seja, sero necessrios mais alguns anos para que o 22@ seja concludo plenamente, no s suas construes, mas sua vida urbana.

    Imagem 40: Localizao dos seis (6) Planos Especiais de Reforma Interior.Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth

  • Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

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    Imagem 41: Abertura da Av. Diagonal para melhorar a conexo da regio com o restante da cidade, em primeiro plano est a Praa das Glrias Catals.Fonte: BARCELONA: 2012

    Imagem 42: Vista da rea do Campus Audiovisual, uma das seis (6) reas reservadas para a interven-o do poder pblico. Nota-se a verticalizao no setor e no restante de rea.Fonte: BARCELONA: 2012

  • AS OPERAES URBANAS CONSORCIADAS

    CAPTULO 3

  • As Operaes Urbanas Consorciadas

    53

    3.1 UMA NOVA FORMA DE PLANEJAMEN-TO NA CIDADE DE SO PAULO

    As operaes urbanas so instrumentos urbansticos utilizados para promover melhorias estruturais, urbanas e sociais em reas obsole-tas ou degradas nos territrios urbanos atravs de parceria pblico-priva-da. Na cidade de So Paulo, esse tipo de ao discutido e implantado desde a dcada de 1970, a partir da teoria sobre o solo criado desenvol-vida na poca, e vem sofrendo modificaes desde ento. (MALERONKA: 2012)

    A primeira operao proposta na cidade aconteceu na dca-da de 1990 e, desde ento, se transformou no principal mecanismo de viabilizao de intervenes pblicas, trazendo larga experincia para o poder pblico municipal e, tambm, muitas crticas. Muitas delas, rela-cionadas com a Operao Urbana Faria Lima, uma das trs (3) primeiras operaes institudas em So Paulo. (MARICATO; WHITAKER: 2002)

    Segundo Maricato e Whitaker (2002, p. 9), no caso dessa operao, o elemento motivador [...] no [foi] um plano urbanstico mais amplo elaborado pelo Poder Pblico e no qual se encaixe a necessidade de uma parceria para revitalizao urbana dentro de prioridades por ele estabele-cidas, [...] mas simplesmente uma resposta s demandas especficas do setor imobilirio. [...] Em outras palavras, o que motiva a operao urbana o interesse imobilirio, que encontra respaldo do poder pblico.

    J existia uma presso imobiliria sobre a rea antes mesmo da aprovao da operao urbana, a lei que a instituiu apenas afirmou essa tendncia. Ento, se tomarmos como referncia o interesse dos inves-tidores na rea, ela pode ser considerada um sucesso, visto a quantia arrecadada com a venda de CEPACs. Do ponto de vista urbanstico e so-cial, no entanto, no se pode dizer a mesma coisa: o resultado sofrvel. (MARICATO; WHITAKER: 2002)

    Apesar do fracasso como instrumento de promoo de me-lhorias sociais, o texto da Operao foi tomado como exemplo para o

    desenvolvimento do Estatuto da Cidade, em 2001, devido ao sucesso do ponto de vista imobilirio. (MALERONKA: 2012) De acordo com o texto da lei:

    Considera-se operao urbana consorciada o conjunto de intervenes e medidas coordenadas pelo Poder Pblico municipal, com a participao dos proprietrios, moradores, usurios permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcanar em uma rea transformaes urbansticas estru-turais, melhorias sociais e a valorizao ambiental. (BRASIL: 2001, art. 32)

    Ou seja, a lei definiu objetivos mais claros, acrescentando os aspectos social e ambiental deixados de lado na Operao Faria Lima -, e previu medidas como a modificao de ndices e caractersticas de parcelamento e uso e ocupao do solo e subsolo.

    Foi instituda, pelo Estatuto, a obrigatoriedade de se definir um programa bsico de ocupao para a rea, um programa de atendimento econmico e social para a populao diretamente afetada pela operao, um estudo de impacto da vizinhana, definir a contrapartida (CEPAC4 ou no) a ser exigida dos proprietrios e investidores pelos benefcios trazi-dos pela alterao na legislao, que dever ser investida exclusivamente em obras da prpria operao e a gesto compartilhada com participao da sociedade civil. (BRASIL: 2001, art. 32) A gesto , inclusive, o meio para garantir o sucesso da operao nos aspectos social e urbano, e no s econmico-financeiro, dividindo a responsabilidade com o projeto urbano. E o fato de este controle ser compartilhado entre o Estado e a so-ciedade civil , segundo Bovaiard (2004 apud MALERONKA: 2012, p.12) um passo no sentido do estabelecimento de parcerias colaborativas.4 A CEPAC (Certificado de Potencial Adicional de Construo) visa an-tecipar os recursos obtidos com o pagamento de outorga onerosa do direito de construir (MANNA: 2007) para investimento em obras de infraestrutura dentro do permetro da interveno. Seu preo mnimo definido pela Prefeitura, que organiza leiles para realizar as vendas desses certificados que podem atingir preos variados. (MALERONKA: 2012)

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    Assim, so estabelecidos, de forma clara, os mecanismos permitidos para a implantao de uma operao urbana e os principais pontos a serem considerados durante o processo. A definio de trans-formaes estruturais e melhorias sociais como objetivos do instrumento indica que uma operao deve estar bem fundamentada em suas justifi-cativas e intenes e ciente dos impactos sociais trazidos por ela, com solues para neutraliz-la. (MALERONKA: 2012)

    Dessa forma, a dimenso do projeto passa a ser mais valoriza-da, como possvel ver nos editais das novas operaes em So Paulo. Elas cobram estudos econmicos, ambientais e de comunicao alm dos estudos urbansticos, deixando claro que todos eles sero a base para a formulao dos projetos de lei das respectivas operaes. Criando mais um mecanismo de controle e ordenao da atuao do setor privado no territrio. (MALERONA: 2012)

  • PARQUE DO IBIRAPUERA

    JOCKEY CLUB

    PARQUE DO ESTADO

    PARQUE DA INDEPENDNCIA

    CAMPO DE MARTE

    PARQUE DA LUZPARQUE DA GUA

    BRANCA

    AEROPORTO DE CONGONHAS

    PARQUE ECOLGICO VILA PRUDENTE

    PARQUE DA JUVENTUDE

    PARQUE D. PEDRO II

    PARQUE TRIANON

    PARQUE DA ACLIMAO

    DIADEMA

    FAVELA DO HELIPOLIS SO BERNARDO

    DO CAMPO

    QUE DA ENDNCIAQ

    INDEPENDNCIAENDNCIA

    As Operaes Urbanas Consorciadas

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    3.2 OPERAO URBANA CONSORCIADA

    GUA BRANCA

    A regio da OUC gua Branca se desenvolveu de forma muito semelhante regio da OUC Mooca Vila Carioca: a partir da instalao de indstrias ao longo da orla ferroviria - atradas pela facilidade de es-coamento da produo, gua abundante (no caso, do Rio Tiet) e grandes reas compatveis com as exigncias da planta industrial no incio do sculo 20 e posterior processo de desconcentrao industrial a partir da dcada de 60 e 70.

    Assim, criou-se uma rea subutilizada e degradada, formada por grandes lotes que no incentivam o percurso a p, com micro-acessi-bilidade deficitria e truncada e [...] problemas de drenagem. (MAGA-LHES Jr.: 2005 apud MORAES: 2010, p. 84) No entanto, a infraestrutura viria de grande porte e os modais de transporte de massa existentes so suficientes, e h a oferta de equipamentos de lazer e cultura como o Memorial da Amrica Latina, o Sesc Pompia e o Allianz Parque. Ou seja, uma regio que se encontra dentro dos limites do chamado centro ex-pandido de So Paulo, prxima ao centro histrico, com muito potencial no explorado, como acontece com a regio da Mooca.

    Essa potencialidade foi notada pelo poder pblico que, desde o Plano Diretor de 1985, estudou as possibilidades nessa rea. Foi diag-nosticada uma vocao para estender as atividades tercirias da regio central da cidade e do sub-centro da Lapa, que seria facilitado pela baixa densidade e pela infraestrutura existentes. Ento, em 1995, durante a gesto do prefeito Paulo Maluf, foi promulgada a Lei 11.774/1995 que instituiu a Operao Urbana gua Branca. (MORAES: 2010)

    Foram listados como objetivos da Operao a promoo e desenvolvimento urbano atravs de melhorias na infraestrutura, a qua-lidade ambiental, a valorizao da paisagem urbana e o incentivo ao adensamento, atravs da ocupao dos vazios urbanos. Dessa forma, foram estabelecidas obras virias aliadas drenagem para melhoras na infraestrutura (IMAGEM P. 88) e proposto o parcelamento das grandes

    Imagem 43: Permetro da Operao Urbana (em amarelo) na cidade de So Paulo, a Operao Urbana Mooca-Vila Carioca pode ser vista em cinza.Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth

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    glebas, abrindo novas vias, priorizando a ocupao do solo com usos residenciais e comerciais e reservando trechos para a implantao de novas reas verdes e equipamentos de cultura e lazer. (MORAES: 2010)

    A rea, no entanto, no despertou o interesse esperado no mer-cado imobilirio, que promoveu poucas mudanas desde o incio da operao. Com a aprovao do Estatuto da Cidade em 2001, foi desen-volvido o Plano Diretor de So Paulo, que reafirmou o interesse do poder pblico na Operao gua Branca. Ela, agora, tinha mais um propsito: o de ser um contraponto ao tipo de ocupao visto na regio da Operao Urbana Consorciada Faria Lima, que sofreu um processo de gentrificao pela alta valorizao imobiliria, fruto da prpria Operao. (BIDERMAN; SANDRONI: 2005 apud MORAES: 2010)

    Para tentar reverter o desinteresse pela rea, foi organizado, em 2004, o Concurso Bairro Novo, que tinha como objetivo responder a questo de como deveria ser o bairro ideal em So Paulo no sculo 21. O projeto vencedor seria o ponto de partida para o desenvolvimento de um plano urbanstico detalhado e posterior reviso da antiga lei da Operao. Com essa estratgia, buscava-se evitar o que aconteceu na Operao Urbana mencionada acima, onde a falta de um plano mais detalhado, permitiu a construo de uma cidade com base nas leis de mercado, sem considerar o desenho urbano de uma forma mais ampla. (MORAES: 2010)

    A iniciativa no teve sucesso esperado, uma vez que o resultado do concurso foi revisto e o contrato com o escritrio vencedor encerrado. As incorporadoras, no entanto, passaram a enxergar melhores oportu-nidades na regio da gua Branca depois da realizao do concurso. Encerrado o contrato com o escritrio ganhador, vrias propostas foram encaminhadas para a aprovao da Prefeitura, nenhuma delas ia de en-contro com os objetivos da Operao. (MORAES: 2010)

    Com a compra da antiga gleba da Telefnica pela incorporadora Tecnisa, verificou-se urgente a necessidade de elaborao de um plano urbanstico que desse as diretrizes necessrias para a ocupao desse e de outros grandes terrenos existentes na rea. Em 2008, foi proposto um conjunto de diretrizes para a reviso da Lei da Operao Urbana gua Branca, levando em considerao as novas legislaes Estatuto da Ci-

    dade e Plano Diretor e inserindo novos instrumentos: Gesto Compar-tilhada, CEPACS e Estudo de Impacto Ambiental. (EMURB: 2008 apud MORAES: 2010)

    O Plano Urbanstico se baseou em quatro (4) princ-pios:

    melhorar as condies de mobilidade para veculos e pedes-tres no interior da rea;

    reurbanizar a orla da ferrovia;

    reas para concesso urbanstica5

    viabilizando a implantao de HIS e HMP

    implantar um sistema de reas verdes associado ao sistema de drenagem;

    recuperar referenciais paisagsticos. (SMDU: 2009)

    5 De acordo com a Lei 14.917/2009, Art. 2. [...] concesso urbans-tica o contrato administrativo por meio do qual o poder concedente, mediante licitao, na modalidade concorrncia, delega a pessoa jurdica ou a consrcio de empresas a execuo de obras urbansticas de interesse pblico, por conta e risco da empresa concessionria, de modo que o investimento desta seja remu-nerado e amortizado mediante a explorao dos imveis resultantes destinados a usos privados nos termos do contrato de concesso, com base em prvio projeto urbanstico especfico e em cumprimento de objetivos, diretrizes e prioridades da lei do plano diretor estratgico.

  • VIADUTO POMPIA VIADUTO ANTRTICA

    VIADUTO PACAEMBU

    ALLIANZ PARQUEMEMORIAL DA

    AMRICA LATINA

    CASA DAS CALDEIRAS

    JARDIM DAS PERDIZES (EM CONSTRUO)

    TERMINAL BARRA FUNDA

    ESTAO GUA BRANCA (CPTM)

    SESC POMPIA

    As Operaes Urbanas Consorciadas

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    Imagem 44: Vias estruturais da rea (em branco); as transposies do rio (em laranja) e da ferrovia (em amarelo) existentes; e os principais equipamentos de transporte, cultura e lazer.Fonte: Elaborao prpria sobre base fornecida por SP URBANISMO em Operao Urbana Consorciada gua Branca. So Paulo, 2013.

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    Imagem 45: Gleba Pompia no primeiro plano, herana do processo industrial pelo qual passou a cidade de So Paulo no incio do sculo XX.Fonte: SP URBANISMO: 2013

    FERROVIA

    POMPIA

    VIADUTO POMPIA

    PARQUE DA GUA BRANCA

  • FERROVIA

    As Operaes Urbanas Consorciadas

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    Imagem 46: Gleba Pompia e Gleba da Telefnica, hoje Jardim das Perdizes (em construo).Fonte: SP URBANISMO: 2013

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    MELHORAR AS CONDIES DE MOBILIDADE PARA VECULOS E PEDESTRES NO INTERIOR DA REA

    A conformao territorial da gua Branca foi um dos principais problemas identificados pelo poder pblico, j na dcada de 1980, como obstculo para uma urbanizao de qualidade na rea. Os grandes lotes oriundos da antiga ocupao industrial dificultam a micro acessibilidade, tanto para carros quantos para pedestres. Criar uma malha urbana condi-zente com a nova ocupao que se prope para a rea seria, portanto, o passo mais importante dessa interveno.

    REURBANIZAR A ORLA FERROVIRIA

    Nos primeiros anos da Operao Urbana gua Branca, foi cons-truda a Avenida Auro Soares de Moura Andrade acompanhando o trajeto da ferrovia no trecho que vai do Memorial da Amrica Latina at a Casa das Caldeiras. A inteno era a de que essa via prosseguisse at a Esta-o gua Branca da CPTM, o que se torna invivel sem a realocao dos trilhos do trem. (MORAES: 2010)

    Props-se, ento, a realocao dos trilhos desde a Casa das Caldeiras at a Estao Lapa da CPTM, o que tornaria possvel a conti-nuao da Av. Auro Soares de Moura Andrade, a transposio em desn-vel da Av. Santa Marina (sob a linha de trem) e a liberao do solo que fica entre os trilhos. Alguns terrenos resultantes da nova estrutura viria proposta seriam reservados para concesso urbanstica e outros, prxi-mos s vias de maior fluxo, ficariam reservados para HIS e HMP. (SMDU: 2009)

    IMPLANTAR UM SISTEMA DE REAS VERDES ASSOCIADO AO SISTEMA DE DRENAGEM

    Como j foi mencionado, as reas de vrzea (planas) prximas aos rios facilitavam a implantao das ferrovias e atraram as indstrias pela facilidade de escoamento da produo, pela gua abundante e pelos grandes terrenos. No entanto, como acontece em toda rea de vrzea, as inundaes so frequentes e problemticas quando existe ocupao, o que no seria diferente na regio. Dessa forma, foi proposto um sistema de reas verdes que direcionasse o sistema de drenagem da rea, criando

    um nico sistema.

    RECUPERAR REFERENCIAIS PAISAGSTICOS

    Segundo Moraes (2010), a definio dos referenciais ser de-finida com a publicao do Estudo de Impacto Ambiental, que no havia sido elaborado at ento.

    Imagem 47: Novas vias propostas (em amarelo).Fonte: SMDU: 2009

    Imagem 48: Proposta de realocao da linha frrea.Fonte: SMDU: 2009

  • As Operaes Urbanas Consorciadas

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    O Plano Urbanstico desenvolvido passou por diversas revises com o tempo, aps discusses com a populao local. Levando em con-ta os quatro (4) conceitos originais foram definidos cinco (5) objetivos claros, que levaram a um desenho de cidade proposto pela SP Urbanis-mo, empresa subordinada Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de So Paulo.

    Transporte coletivo e mobilidade no motorizada;

    Incluso e diversidade social;

    Adensamento com uso misto;

    Ordenamento e valorizao da paisagem;

    Melhorias ambientais e na infraestrutura. (SMDU: 2012)

    TRANSPORTE COLETIVO E MOBILIDADE NO MOTORI-ZADA

    O transporte de massas a principal estratgia para tentar ame-nizar o problema da mobilidade reduzida na cidade, assim como o incen-tivo ao adensamento, de uso misto, nas reas mais centrais. Para isso, prev-se maior investimento no sistema e controle sobre a quantidade de vagas ofertadas para os novos empreendimentos residenciais, que ter limite de at trs (3) vagas gratuitas por unidade residencial em apenas um (1) andar de subsolo nos setores limitados pelo Rio Tiet ou dois (2) andares de subsolo nos setores restantes.6

    Para incentivar o uso de outros modais de transporte, so pro-jetados uma extensa rede de ciclovias e passeios mais largos, e incenti-vados edifcios de uso misto que criem espaos de uso pblico voltados para a calada, as chamadas fachadas ativas, criando uma dinmica mais interessante. Nestes casos, as reas de circulao que totalizem at 20% da rea construda total no sero computadas.7 Uma forma de atrair in-vestidores, financeiramente, para este tipo de empreendimento.

    Dessa forma, a questo da mobilidade trabalhada em duas

    6 De acordo com a Lei n 15.893, de 07 de novembro de 2013.7 De acordo com a Lei n 15.893, de 07 de novembro de 2013.

    frentes: tentando diminuir a necessidade de realizar grandes desloca-mentos para tarefas cotidianas, que seriam locadas nos trreos dos em-preendimentos de uso misto e oferecendo mais opes de transporte pblico quando grandes distncias tiverem de ser percorridas, de modo a reduzir a utilizao do transporte motorizado individual.

    Imagem 49: Novas vias propostas (em marrom). No geral, as duas propostas (2009 e 2013) so muito semelhantes, mesmo que no sejam idnticas. A nica grande diferena o desmembramento da gleba onde esto os CTs dos clubes do Palmeiras e So Paulo (canto superior esquerdo) que tinha sido ignorada no plano antigo.Fonte: SP URBANISMO: 2013

    Imagem 50: Sistema de ciclovias (em roxo) proposto ao longo de praticamente todas as novas vias planejadas e ao longo da Av. Marqus de So Vicente, uma das principais vias da rea.Fonte: SP URBANISMO: 2013

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    INCLUSO E DIVERSIDADE SOCIAL

    Um dos objetivos dessa Operao evitar um processo de gen-trificao, como ocorreu na Operao Urbana Consorciada Faria Lima. (MORAES: 2010) Para isso, sero reservados 22% dos recursos arreca-dados para a construo de Habitaes de Interesse Social em terrenos pr-determinados e reurbanizao de favelas no permetro estendido da Operao e um nmero mximo de CEPACs para a construo de usos residenciais que no correspondam unidade habitacional incentivada, que deve ter entre 45 e 50 m e possuir, no mximo, um sanitrio e uma vaga de estacionamento.8 Garantindo, assim, que as leis de mercado no determine o tipo de construo em todo o permetro da interveno.

    ADENSAMENTO COM USO MISTO

    A Operao Urbana definiu dois tipos de CEPAC: residencial e no residencial. Com essa atitude garante-se que ocorrer um adensa-mento populacional na rea e no apenas um adensamento construtivo, como aconteceu na Operao Faria Lima, onde a grande parte dos novos empreendimentos so torres de escritrios. Alm disso, a reserva de uma quantidade de CEPACs para a unidade habitacional incentivada e a cria-o de mecanismos na lei que tornam a construo de empreendimentos de uso misto menos custosa so mecanismos que garantem que mais unidades habitacionais por andar sero construdas, criando condies para o adensamento diversificado, com populao de diversas faixas.

    8 De acordo com a Lei n 15.893, de 07 de novembro de 2013.

    ORDENAMENTO E VALORIZAO DA PAISAGEM

    A verticalizao, ordenada, ocorrer ao longo de eixos pr-de-terminados no Plano Urbanstico. Esse mecanismo permite que sejam criadas referncias visuais para os usurios, facilitando o reconhecimen-to e a localizao do espao. Alm disso, ordena a ocupao e a direcio-na para que seja feita da forma como foi proposta pelo poder pblico.

    Imagem 51: Esquema genrico do conceito da fachada ativa, que cria uma dinmica mais interessante na rua.Fonte: SP URBANISMO: 2013

    Imagem 52: Exemplos de verticalizao ordenada, criando referncias visuais claras.Fonte: SP URBANISMO: 2013

    Imagem 53: Eixos principais determinados pela Operao, onde gabaritos mais elevados sero permitidos. No restanto das quadras, o gabarito dever ser menor.Fonte: SP URBANISMO: 2013

  • As Operaes Urbanas Consorciadas

    63

    Imagens 54 a 57: Ilustrao dos quatro eixos principais.Fonte: SP URBANISMO: 2013

    EIXO 1 EIXO 2 EIXO 3 EIXO 4

    Imagem 58: Vista geral do plano urbanstico proposto, em branco esto os novos edifcios.Fonte: SP URBANISMO: 2013

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    MELHORIAS AMBIENTAIS E NA INFRAESTRUTURA

    planejado um sistema de reas verdes conectados por cor-redores verdes em todo o permetro da interveno, que melhora a qua-lidade do ar, alm de ajudar na drenagem das guas da chuva. Novas vias cortando os grandes terrenos existentes tambm sero abertas, com passeios generosos, facilitando a permeabilidade do terreno para os pe-destres e auxiliando na implantao do sistema de drenagem.

    A restrio da quantidade de subsolos, alm de ser uma forma de restringir o nmero de carros nas ruas, uma estratgia para ameni-zar os problemas de drenagens, visto que a construo de um segundo subsolo s permitida se no houver rebaixamento de lenol fretico.

    Os equipamentos institucionais tambm foram previstos no Pla-no Urbanstico. Por se tratar de uma Operao que pretende um grande adensamento com populaes de vrias rendas, importante que cre-ches, UBS (Unidade Bsica de Sade), escolas, ginsios, etc. sejam projetados.

    Imagem 59: Perspectiva ilustrada da proposta: espaos pblicos conectados gua e rea verde.Fonte: SP URBANISMO: 2013

    Imagem 60: Sistema de reas verdes conectadas por corredores verdes ao longo das prin-cipais vias (existentes e projetadas). Os grandes parques pblicos sero implantados nas glebas da antiga Telefonica (atual Jardim das Perdizes) e onde esto os CTs dos clubes do Palmeiras e So Paulo.Fonte: SP URBANISMO: 2013

    Imagem 61: Ruas predominantemente comerciais ao longo dos principais eixos/corre-dores verdes.Fonte: SP URBANISMO: 2013

  • As Operaes Urbanas Consorciadas

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    Em reportagem Revista Carta Capital, o vereador Nabil Bon-duki ressaltou os avanos obtidos com relao Operao Urbana Con-sorciada gua Branca, quando comparada com as j realizadas em So Paulo. A Operao passou por trs (3) anos de discusses e audincias pblicas com participao da sociedade civil, onde as suas sugestes foram incorporadas ao Plano Urbanstico pelo Legislativo, um avano na justia social que, segundo ele, deve ser notado.

    Todos os aspectos da Operao descritos acima, como a facha-da ativa, o uso misto, a unidade habitacional incentivada, a destinao obrigatria de parte da arrecadao para a construo de HIS, os pas-seios generosos e vias projetadas pensando em ciclovias, e tantos ou-tros, so citados como extremamente positivos e demonstram o poder do instrumento da Operao Urbana no processo de garantir a justia social, incluso territorial e transparncia.

    No processo de votao do Projeto de Lei, no entanto, houve uma forte presso por parte de alguns parlamentares e entidades empre-sariais para a alterao de trs (3) pontos: o aumento do nmero mximo de vagas por unidade habitacional, de duas (2) para trs (3) vagas; o aumento no nmero de andares de subsolo permitido em parte da Ope-rao, de um (1) andar para dois (2) andares; e o aumento do gabarito mximo no miolo das reas, de 42m para 80m.

    A justificativa para a incluso dessas mudanas era a de que elas eram necessrias para viabilizar os empreendimentos na regio do ponto de vista comercial e aumentariam a arrecadao das CEPACs. O sucesso dessa presso foi fortemente criticado, por incentivar o produto imobilirio tradicional que gera uma verticalizao com baixo adensa-mento e valorizao do automvel.

    De qualquer forma, o balano final da Lei aprovada positivo. Nabil Bonduki ressalta:

    A Operao Urbana Consorciada gua Branca rompe com a tradicional excluso socioterritorial que carac-teriza as operaes urbanas em So Paulo. Os benefcios devero ser distribudos por um amplo territrio externo ao permetro da operao, com intervenes de carter social e

    redistributivo. A populao de baixa renda que habita a rea ser beneficiada e permanecer no local. (BONDUKI: 2013)

  • Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

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    Imagem 62: Permetro da interveno, a imagem de satlite anterior ao incio das construes do empreendimento Jardim das Perdizes.Fonte: SP URBANISMO: 2013

  • As Operaes Urbanas Consorciadas

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    Imagem 63: Proposta geral para a rea.Fonte: SP URBANISMO: 2013

  • UMA PROPOSIO

    CAPTULO 4

  • PARQUE DO IBIRAPUERA

    PARQUE DA INDEPENDNCIA

    CAMPO DE MARTE

    PARQUE DA LUZ

    AEROPORTO DE GONHAS

    PARQUE ECOLGICO VILA PRUDENTE

    PARQUE DA JUVENTUDE

    PARQUE D. PEDRO II

    PARQUE ANON

    PARQUE DA ACLIMAO

    FAVELA DO HELIPOLIS SO BERNARDO

    DO CAMPO

    Uma Proposio

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    4.1 OPERAO URBANA CONSORCIADA MOOCA - VILA CARIOCA

    A anlise do entorno do parque industrial da Mooca, feita no Captulo 1, mostrou a potencialidade da rea para se tornar uma nova centralidade na cidade de So Paulo. Visto isso, a Prefeitura determinou no Plano Diretor Estratgico de 2002 a Operao Urbana Consorciada Diagonal Sul, posteriormente desmembrada em Operao Lapa - Brs e Operao Mooca - Vila Carioca, o permetro total da antiga Operao era definido pela unio entre as duas manchas vistas ao lado. A Operao est, atualmente, em fase de discusses e audin-cias pblicas nas Subprefeituras dos quatro (4) bairros que abrangem o seu permetro: Mooca, Cambuci, Ipiranga e Vila Prudente. A proposta desenvolvida pelo Consrcio responsvel foi apresentada para a socie-dade civil no primeiro semestre de 2014 e est, agora, sendo revisada em conjunto com a SP URBANISMO para novas discusses.

    Os objetivos apresentados para a rea de interveno so:

    Ordenar o desenvolvimento equilibrado da regio;

    Criar e requalificar reas verdes, equipamentos e es-paos pblicos;

    Implantar habitao de interesse social;

    Otimizar o uso e aproveitamento de reas subutili-zadas;

    Melhorar as condies gerais de mobilidade;

    Qualificar a paisagem urbana;

    Atrair novas atividades econmicas. (CONSRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014)

    Imagem 64: OUC Mooca - Vila Carioca (em amarelo) e OUC Lapa-Brs (em cinza), as duas formavam a Operao Urbana Diagonal Sul.Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth.

  • Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

    72

    Assim, foram determinadas diretrizes para a ocupao e propos-tas de interveno gerais. possvel notar muitas semelhanas entre os objetivos e diretrizes da Operao Mooca - Vila Carioca e da Operao gua Branca, demonstrando o sucesso das ideias desta ltima. Foram propostas a fachada ativa, o incentivo ao uso misto, novas vias projetadas favorecendo o pedestre e as ciclovias e novas reas verdes conectadas por corredores verdes.

    A grande diferena entre as duas propostas o foco dado questo da drenagem. No caso da OU Mooca - Vila Carioca, Foi apresen-tada uma soluo mais evoluda e concreta, ainda que sem grandes de-talhamentos, do sistema a ser implantado, conectando-o s novas reas verdes propostas, criando um nico sistema. (CONSRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014)

    INFRAESTRUTURA

    As grandes glebas industriais na rea sero desmembradas para criar uma escala mais prxima do pedestre e permitir uma maior permea-bilidade. As principais vias sero requalificadas e readequadas e a pista expressa da Av. do Estado que corre sobre do Rio Tamanduate, mostrada no Captulo 1, ser retirada, liberando o leito.

    Destamponamento do Rio Tamanduate

    Readequao das vias existentesNovas vias propostas

    LEGENDA:

    Imagem 66: Diretrizes para a interveno: cidade compacta, moradia prxima do emprego; reas verdes a 15 minutos de percurso; fachadas ativas/uso misto; integrao de tipologias, convivncia entre tecido existente e novas edificaes; mais mobilidade, mais qualidade urbana.Fonte: CONSRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 a

    Imagem 67: Novas vias propostas.Fonte: CONSRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 a

  • Uma Proposio

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    Sero implantas ciclovias e ciclofaixas ao longo das principais vias (projetadas e existentes), com paradas nos parques propostos e es-taes de metr e fura fila (projetadas e existentes). Criando espaos adequados para a circulao de diferentes meios de transporte e incenti-vando-o.

    Ciclovias

    CiclofaixasCiclorrotas

    LEGENDA:

    Passarela para pedestres

    reas verdes existentes

    Arborizao de viasreas verdes projetadas

    LEGENDA:

    Imagem 68: Ciclovias propostas e os pontos de parada (bicicletrios).Fonte: CONSRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 a

    REAS VERDES

    O defcit em reas verdes uma das maiores deficincias identi-ficadas na regio. Para contornar esse problema, foi proposto um sistema de parques urbanos ao longo da rea, complementando as reas verdes existentes, conectados atravs de corredores verdes, e a arborizao das vias em alguns trechos determinados.

    Imagem 69: Parques urbanos.Fonte: CONSRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 a

  • Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

    74

    DRENAGEM URBANA

    A drenagem da rea muito falha atualmente. Qualquer volume de gua maior que incida sobre a rea alaga os passeios, mesmo que o leito do Rio Tamanduate no esteja acima da sua capacidade.

    A proposta do Consrcio desenvolver um sistema de drenagem que esteja conectado s reas verdes e tornar algumas delas parte desse sistema atravs de reas indundveis ao longo dos parques urbanos. Cri-ando, assim, um nico sistema. (CONSRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014)

    ADENSAMENTO

    Da mesma forma que a Operao Urbana gua Branca, o aden-samento e a verticalizao dentro do permetro da OUC Mooca - Vila Carioca ser concentrado em trechos determinado, criando referncias visuais.

    Imagem 70: Canais de drenagem associados a reas verdes na Praa Silveira da Mota, Parque Porto de Areia e Parque Avenida Dianpolis e a reas inundveis no Parque Foz do Ipiranga. No canto inferior direito, est o Piscino Guaramiranga, obra do Governo do Estado de So Paulo, atualmente em obras, que auxiliar o sistema de drenagem.Fonte: CONSRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 a

    Imagem 71: Cenrio de adensamentoFonte: CONSRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 b

  • Uma Proposio

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    Imagem 72: Plano urbanstico geral.Fonte: CONSRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 a

  • Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

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  • LINHA 10 - CPTM

    ESTAO MOOCA

    ESTAO ALBERTO LION

    EXPRESSO TIRADENTES

    AV

    . PR

    ES

    IDE

    NT

    E W

    ILS

    ON

    AV

    . DO

    ES

    TA

    DO

    AV. ARNO

    Uma Proposio

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    4.2 MASTERPLAN PARA O TERRITRIO DA MOOCA|UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO

    A partir das anlises feitas ao longo deste trabalho, foi proposto um Master Plan para um trecho da rea da Operao Urbana Mooca - Vila Carioca. O trabalho consiste em duas etapas: projeto urbano do trecho e projeto da uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O objetivo que a rea esteja preparada para receber a nova populao de todas as formas: com transporte adequado; paisagem urbana de qualidade; e equipamen-tos bsicos de suporte.

    A rea escolhida para receber a interveno engloba duas grandes quadras, que totalizam aproximadamente 30 ha, ocupadas por antigos galpes, que variam em seu estado de conservao e utilizao, entre os quais est o conjunto antiga Companhia Antarctica Paulista. margeada pela Avenida do Estado e abriga em seu permetro a Estao Mooca da CPTM, a Estao Alberto Lion do Expresso Tiradentes e a futura Estao Alberto Lion da Linha 6 Laranja do Metr.

    O desenvolvimento do Master Plan teve trs (3) diretrizes prin-cipais: criar reas verdes, desenvolver uma relao mais prxima entre as pessoas e o rio/gua e fazer com que o espao pblico fosse o local de encontro desse trecho de cidade, dando vitalidade a ele. Para isso, foi adotada a proposta, apresentada pelo Consrcio CMCV e SP URBANIS-MO, de retirar o tampo de concreto que hoje existe sobre o leito do Rio Tamanduate, sobre o qual correm a pista expressa da Avenida do Estado, j mencionada, e o Expresso Tiradentes. Ao retirar o tampo, cria-se um problema: por onde correr o Expresso Tiradentes? A soluo adotada foi promover um alargamento de cinco (5) metros da Avenida do Estado no trecho atualmente vedado para acomod-lo em uma nova faixa criada na margem do Rio. Dessa forma, cria-se um contato visual entre a populao e a rio, o que no garante a sua despoluio, mas traz a gua para o dia-a-dia, criando aos poucos uma relao mais prxima e estimulando o cuidado.

    Imagem 73: Vista area da rea de interveno.Fonte: Elaborao prpria sobre base fotogrfica do Google Earth

  • 0 50 100 200 400 500Tampo sobre o Rio Tamanduate Alargamento da Av. do Estado

    LEGENDA:Estao Mooca - CPTMExpresso Tiradentes Tampo sobre o Rio Tamanduate Alargamento da Av. do Estado

    Estao Mooca - CPTMExpresso Tiradentes

    Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

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    DESTAMPONAMENTO DO RIO TAMANDUATE.

  • Uma Proposio

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    MUDANA DE TRAJETO DO EXPRESSO TIRADENTES 0 50 100 200 400500

  • Possibilidades de Reabilitao no Territrio da Mooca - Cambuci - Ipiranga

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    Como a rea escolhida possui uma grande rea pouco perme-vel no sentido da circulao de veculos e pedestres, o desmembramento dessas duas glebas foi necessrio. O processo partiu da escolha das construes que seriam mantidas, como forma de manter uma parte da histria ali registrada, e a partir delas foram definidos dois novos eixos principais (um longitudinal, paralelo Av. do Estado, e um transversal) e vias secundrias do projeto. O eixo longitudinal conecta toda a extenso do projeto com um corredor verde e cria, ao mesmo tempo, uma alter-nativa para o trfego intenso da Av. do Estado. O eixo transversal marca a entrada do projeto, a via mais larga e pretende ser o caminho do pedestre at as estaes do Expresso Tiradentes e Metr.

    A locao da futura Estao Alberto Lion do Metr foi feita numa nova quadra criada a partir da juno de duas, sendo uma delas a quadra de acesso Estao do Expresso Tiradentes. Dessa forma, criou-se uma conexo entre os dois sistemas de transporte pelo nvel da rua, de forma segura. Ao longo do permetro da interveno e das avenidas (existentes e projetadas) de maior fluxo, foi reservada uma faixa de 2,60m para a implantao de ciclovias, incentivando a utilizao de meios alternativos de transporte.

    Com a estrutura viria das glebas definida, desenvolveu-se a proposta de ocupao das quadras. As trs premissas mencionadas foram combinadas para criar os espaos principais do projeto: praas de escala urbana espalhadas pela rea que tem como ponto central lagoas de conteno e so ativadas por atividades comerciais no trreo dos edifcios em seu entorno.

    Assim, as reas verdes principais do projeto so distribudas por toda a rea, ao invs de criar apenas um grande parque, transformando as lagoas nos elementos mais importantes do projeto. Elas tm dupla fun-o: ser parte de um sistema de drenagem que tem como objetivo aliviar o fluxo de gua que cai no Rio Tamanduate - canalizado e com suas margens intensamente ocupadas - em pocas de chuva e levar a gua para o dia-a-dia da populao, o que no foi feito com os rios da cidade, criando uma conscincia sobre a preservao e cuidado com a gua. J as atividades comerciais no trreo dos edifcios que compes essas

    praas criam um destino, ativam a praa e fazem com que a proposta de aproximar a populao da gua se concretize.

    Alm das reas verdes principais, foram projetadas pequenas praas ao longo de toda a rea, criando respiros e reas de encontro. Os edifcios no entorno dessas praas tambm possuem atividades co-merciais no trreo ativando as praas. Dessa forma, pretende-se atender a demanda diria por produtos e lazer da populao com espaos de qualidade. A ocupao efetiva das quadras foi feita seguindo parmetros simples: num raio de 400m a partir das estaes do trem, metr e Ex-presso Tiradentes foram concentrados os edifcios de escritrio, e alm desse raio, os edifcios residenciais, respeitando a proporo de 1,2 entre postos de trabalho e moradores definida pela Prefeitura. O gabarito foi limitado a 30m nas quadras da Av. Presidente Wilson, de