portuguese tribuna #2

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA Ano XXIX - No. 1051 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual 1ª Quinzena de Novembro de 2008 portuguesetribune@sbcglobal.net Começaram as obras dos novos Estúdios da Rádio KSQQ de San José, do Grupo Batista Vieira. Esta obra poderá ser inaugurada no mês de Janeiro de 2009, dependendo do tempo. Ficará com uma área de 1500 pés quadrados, terá 3 estúdios e três escritórios., É um passo importante para que esta Estação, que cobre a Área da Baía, tenha maiores oportunidades de se poderem usar vários estúdios ao mesmo tempo, para gravar programas não directos e outros eventos, além de ficar com maior espaço para entrevistas a grupos de pessoas, quando for necessário. RADIO KSQQ de San José vai ter novos Estúdios TRANSPORTES SATA Internacional movimentou 5,800 pessoas Nuno Puim, responsável pela Azores Express conta-nos numa entrevista ao nosso jornal que a SATA Internacional movimentou 5,800 pessoas em 2008, número um pouco inferior ao de 2007. Também nos disse que espera que a SATA quando renovar a sua frota seja capaz de comprar um avião com a capacidade de voar directamente de Oakland –Terceira, sem paragens no Canadá. Disse que gostaria de ter ”a hipótese de aumentar o número de passageiros nas épocas baixa e intermédia, visto que é o «calcanhar de Aquiles» do mercado em que estamos inseridos.” Pág 12 A Portuguese Heritage Publica- tions, na continuação do seu objectivo de revelar os muitos valores literários na nossa comu- nidade, apresenta o livro de poe- sia O Cântico do Silêncio da autoria de José Luís da Silva na próxima Sexta-feira, dia 7 de Novembro, pelas 7 horas da noite, no Portuguese Athletic Club de San Jose. José Luís da Silva, cuja obra poética se encontra dispersa por alguns periódicos e antologias, é professor de por- tuguês em San Jose High Academy, um dos mais im- portantes programas de português em escolas secundárias nos Estados Unidos. Pág. 6 CULTURA José Luís da Silva lança livro de Poesia Regresso da imagem de Nossa Senhora de Fátima depois da procissão à sua Capela Pág. 15 a 18, 31

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Page 1: Portuguese Tribuna #2

Q U I N Z E N Á R I O I N D E P E N D E N T E A O S E R V I Ç O D A S C O M U N I D A D E S D E L Í N G U A P O R T U G U E S A

Ano XXIX - No. 1051 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual

1ª Quinzena de Novembro de 2008 [email protected]

Começaram as obras dos novos Estúdios da Rádio KSQQ de San José, do Grupo Batista Vieira. Esta obra poderá ser

inaugurada no mês de Janeiro de 2009, dependendo do tempo. Ficará com uma área de 1500 pés quadrados, terá 3 estúdios e três escritórios., É um passo importante para que esta Estação, que cobre a Área da Baía, tenha maiores oportunidades de se poderem usar vários estúdios ao mesmo tempo, para gravar programas não directos e outros eventos, além de ficar com maior espaço para entrevistas a grupos de pessoas, quando for necessário.

RADIO

KSQQ de San José vai ter novos Estúdios

TRANSPORTES

SATA Internacional movimentou 5,800 pessoas

Nuno Puim, responsável pela Azores Express conta-nos numa entrevista ao nosso jornal que a SATA Internacional movimentou 5,800 pessoas em 2008, número um pouco inferior ao de 2007. Também nos disse que espera que a SATA quando renovar a sua frota seja capaz de comprar

um avião com a capacidade de voar directamente de Oakland –Terceira, sem paragens no Canadá. Disse que gostaria de ter ”a hipótese de aumentar o número de passageiros nas épocas baixa e intermédia, visto que é o «calcanhar de Aquiles» do mercado em que estamos inseridos.” Pág 12

A Portuguese Heritage Publica-tions, na continuação do seu objectivo de revelar os muitos valores literários na nossa comu-nidade, apresenta o livro de poe-sia O Cântico do Silêncio da autoria de José Luís da Silva na próxima Sexta-feira, dia 7 de Novembro, pelas 7 horas da

noite, no Portuguese Athletic Club de San Jose. José Luís da Silva, cuja obra poética se encontra dispersa por alguns periódicos e antologias, é professor de por-tuguês em San Jose High Academy, um dos mais im-portantes programas de português em escolas secundárias nos Estados Unidos. Pág. 6

CULTURA

José Luís da Silva lança livro de Poesia

Regresso da imagem de Nossa Senhora de Fátima depois da procissão à sua Capela Pág. 15 a 18, 31

Page 2: Portuguese Tribuna #2

EDITORIAL

Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 SEGUNDA PÁGINA 2

Year XXIX, Number 1051 Nov 1st, 2008

ENTIDADES CONDECORADAS PELO ESTADO PORTUGUÊS NA CALIFORNIA

Leonel Rosa (San Diego) — Ofi-cial da Ordem de Benemerência Antonio Rosa (San Diego) — Ofi-cial da Ordem de Benemerência Manuel Silva (San Diego) — Ofi-cial da Ordem de Benemerência Manuel Labrincha (San Diego) — Oficial da Ordem de Benemerëncia Luis Batista (Los Angeles) Almirante Langille (San Diego) — Medalha Vasco da Gama Mary Giglitto (San Diego) — Dama da Ordem de Infante D. Hen-rique; Ordem da Instrução Pública Mary Moniz (San Diego) - Oficial da Ordem do Infante D. Henrique Alberto Lemos — Comendador da Ordem do Infante D. Henrique Jack Gonçalves - Oficial da Or-dem de Benemerência 1978 Eduardo Mayone Dias — Comen-dador da Ordem do Infante D. Hen-rique Décio de Oliveira - Comendador da Ordem de Benemerência Carlos Macedo — Comendador e Ordem de Benemerência António de Sousa Bettencourt — Cavaleiro da Ordem do Infante D. Henrique 1980 Ramiro Dutra — Colar do Mérito Agrícola e Comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada Carlos Almeida — Comendador da Ordem do Infante D. Henrique 1983 Albert Soares — Oficial da Ordem de Benemerência Benjamin Woodbridge — Comendador da Ordem do Infante D. Henrique

1985 Helter Martins — Oficial da Or-dem do Infante D. Henrique 1986 Arthur Askins — Comendador da Ordem do Infante D. Henrique Frank Dias — Oficial da Ordem de Benemerência 1987 Rodrigo Alvernaz — Comendador da Ordem de Mérito Fatima Avila — Oficial da Ordem de Mérito 1988 Maria Amelia Carreira das Ne-ves — Oficial da Ordem de Mérito José Mauricio Lomelino Alves — Comendador da Ordem de Mérito 1989 Batista Sequeira Vieira — Comendador da Ordem de Mérito Joe D ‘Alessandro — Cavaleiro da Ordem do Infante D. Henrique Maria Hortência Silveira - Oficial da Ordem de Mérito Fernando M. Soares Silva — Comendador da Ordem do Infante D. Henrique Heraldo da Silva — Comendador da Ordem do Infante D. Henrique Federação Fraternal Luso-American — Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique Irmandade do Divino Espírito Santo — Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique 1990 Eduardo Eusebio — Comendador da Ordem do Infante D. Henrique Adriano Sales da Silva — Comen-dador da Ordem do Infante D. Hen-rique 1991 Berta Yvonne Ormond d ‘Avila Madeira - Oficial da Ordem de Mérito John Henry Felix — Grande Ofi-cial da Ordem do Infante D. Henri-

que. Manuel Bem Barroca — Comen-dador da Ordem do Infante D. Hen-rique William Silveira — Comendador da Ordem do Infante D. Henrique Carlos Miguel Didier de Mattos Fernandes — Comendador da Or-dem de Mérito Rebecca Catz — Oficial da Ordem do Infante D. Henrique Leonel Caldeira Noia — Oficial da Ordem de Mérito Marion Reupsch - Dama da Or-dem do Infante D. Henrique 1995 Antonio Pereira Goulart— Comendador da Ordem de Mérito 1997 John Vasconcellos — Comenda-dor da Ordem do Infante D. Henri-que 1999 Nathan Oliveira - Comendador da Ordem do Infante D. Henrique 2000 S.P.R.S.I. (Sociedade Portuguesa Rainha Santa Isabel) - Placa 2001 Manuel Fontes de Sousa — Comendador da Ordem do Infante D. Henrique UP.P.E.C. (União Portuguesa Protectora do Estado da Califor-nia) - Placa 2002 Manuel da Silva Bettencourt — Comendador da Ordem de Mérito 2004 Benildo (Bernie) Dinis Ferreira — Medalha da Ordem de Mérito Adalberto (Al) Manuel Pinheiro - Oficial da Ordem de Mérito João Carlos Martins — Medalha da Ordem de Mérito 2008 Elmano Costa - Comendador da Ordem de Instrução Pública

Até quando é que a….

E ducação da Língua Portuguesa na América vai dar pano para mangas? Já quantos Coorde-

nadores é que tivemos? Já quantas ideias brilhantes é que foram discutidas e nenhuma delas pouco ou nada resultaram? Já se passaram 34 anos depois do 25 de Abril e até hoje ninguém entendeu qual o modelo mel-hor para que os resultados sejam sustentáveis e não dependam das mudanças de política dos governos em Portugal. Saudamos a nova Coordenadora do Ensino de Portu-guês nos EUA, Fernanda Costa, que ficará sediada no Consulado Geral de Portugal em Boston, esperando que, de uma vez por todas, se resolva este problema para bem de todos. Já é tempo de parar com esta ima-gem de ninguém ser capaz de decidir. A maioria de vós quando receber este jornal já saberá qual o novo Presidente da América para os próximos quatro anos. O Mundo espera com ansiedade esta mu-dança. É preciso e necessário que tenhamos na Casa Branca um homem com sentido de mudança, para este grande País e para o que depende de nós em ajudar o resto do mundo. É necessário ter um plano ambicioso para acabar com uma guerra sem sentido, que já matou quase cinco mil dos nossos filhos e netos. E para de-fender o quê? Mesmo depois do Iraque ainda temos o grave problema do Afeganistão, que é mais complexo do que o Iraque. José Luís da Silva vai reformar-se, mas antes disso vai lançar um livro de Poesia e prosa no mês de Novem-bro. Há três anos, depois de perder as eleições para José Sócrates, Pedro Santana Lopes perguntado o que é que ia fazer, respondeu: “Vou andar por aí”. Isto para dizer que desejamos que José Luís da Silva, também ande por aí e mesmo estando fora do seu ambiente escolar no dia-a-dia, possa continuar a ser um farol e um guia para toda a nossa juventude.

jose avila

Sr. José Avila Mui Digno Director do Jornal Tribuna Portuguesa Desde já agradeço-lhe o espaço que me possa conceder no seu conceituado jornal para fazer o seguinte esclarecimento: Lendo a notícia publicada no TRIBUNA da 2ª quinzena de 2008 do corrente mês de Outubro, dizendo que Monsenhor Manuel Vieira Alvernaz (de saudosa memória), teria afastado as rainhas da festa de Nossa Senhora de Fatima da Igreja do Sagrado Coração de Turlock para que não houvesse comparação com os cortejos ou paradas das festas do Espírito Santo. O articulista não disse a verdade, natural-mente por não estar dentro do assunto, ou, por ter sido mal informado. Embora a aprovação tenha tido o consen-timente do Monsenhor Alvernaz (que de facto, o contrário, não tinha qualquer sentido), a ideia inicialmente, partiu do Presidente da Festa daquele ano em que as rainhas foram afastadas, mediante proposta do mesmo presidente à Co-missão da Festa e com o acordo unânime de todos, foi a proposta aprovada. Então a partir desse ano, as rainhas deix-aram de participar na procissão, tendo para o efeito sido convidadas todas as instituições, das quais, faziam parte as mesmas rainhas para apenas fazerem-se representar com os estandartes ou bandeiras das suas irmandades. Concretizadas e aceites todas as diligên-cias efectuadas, verificou-se que a Pro -

cissão passou a ter um aspecto mais digno de decoro e religiosidade, mostrando assim a devoção que os fiéis devem e deviam prestar nas procissões que se realizam em honra de Nossa Sen-hora de Fátima. A finalizar este esclarecirnento, chamo a atenção para o artigo de José Raposo, publicado no TRIBUNA, também de 15 do corrente mês de Outubro, a quem fe-licito pela coragern e visão humanista e esclarecida ao abordar um assunto que as nossas comunidades deveriam ter mais cuidado com as celebrações das nosss festas religiosas.

Leitor do TRIBUNA PORTUGUESA

Nota do Editor - há dois ou três anos estávamos na Festa de Nossa Senhora de Fátima de Turlock, quando a procissão estava quase a chegar ao parque e junto de nós estariam talvez umas seis sen-horas que ajudam aquela festa. Uma delas disse quão diferente em número de pessoas era a festa de agora comparada com as anteriores, quando havia rainhas. Perguntámos porquê e a resposta foi que Monsenhor Alvernaz teria solicitado para que as rainhas não participassem mais na festa. Esta carta vem desfazer e bem esta ideia simples, mas não totalmente verdadeira que nos foi confiada. Somos de opinião que as festas dos nos-sos padroeiros ou similares deveriam manter-se como uma profunda tradição herdada das nossa Ilhas e deixar as nos-sas rainhas embelezaram as bonitas Fes-tas do Espírito Santo, como já é tradi-cional há quase cem anos.

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1 de Novembro de 2008 COLABORAÇÃO 3 Tribuna Portuguesa

G aspar Frutuoso, ao descrever a passagem

de D. António Prior do Crato pela ilha Terceira em 1582, anotou que D. António assistiu à missa celebrada na ermida de Nossa Senhora dos Remédios, “ermida que mandou fazer António Pires do Canto, na freguesia de Nª.Sª. da Conceição, na qual (ermida) está enterrado Pedreanes do Canto”. (Saudades, Livro VI, pg. 66, Ed. 1998). A essa ermida, adentro da cidade de Angra e anexa ao Palácio dos Remédios ou Solar dos Cantos, são atribuídas diversas datas no respeitante à sua construção original. Assim, Pedro de Moreira apontou ter sido a er-mida fundada na dezena de 1530, mas o padre Alfredo Lucas esclareceu ter sido edificada pe-los anos de 1560. Por sua vez, Valdemar Mota afirmou que a ermida ficou con-cluída em 1540, enquanto

António Cordeiro deu a entender que essa ermida teria sido “nobremente reedificada e or-nada” nos anos 1670 ou 1680. O certo é que a referida ermida ficou seriamente danificada pelo sismo de 1980, e o Orfanato Beato João Baptista Machado, instalado no Solar dos Remédios desde 1904, foi transferido p’ró Centro Juvenil em Penha de França, Pico da Urze, nos subúr-bios de Angra. Convém sublinhar que António Pires do Canto era filho de Pedro Anes do Canto, natural de Gui-marães, donde transitou p’rà Madeira e dali p’rà Terceira, onde casou com Joana Abarca, nos fins do século 15 ou princípios do século 16. Na opinião de Alfredo Lucas, é legitimamente aceitável presumir que a construção da ermida dos Remédios partiu da iniciativa de António do Canto, após o faleci-mento em 1556 de Pedro do Canto. (As Ermidas da Ilha Ter-ceira, pg. 14, Ed. 1976).

Na Praia da Vitória, na Rua da Graça, encontra-se a ermida de Nª .Sª. dos Remédios, desconhe-cendo-se o nome do fundador e a data da sua erecção. No entanto, sabe-se que sofreu prejuízos pro-vocados por terramotos em 1641, 1755 e 1841. No Porto Martins ergue-se uma ermida da Senhora dos Remédios, fundada por Beatriz Ferreira. Já existia em 1690 e foi reedificada em 1887. Nas Lajes levanta-se a ermida dos Remédios, construída em 1797 por um pedreiro de nome José Vieira d’Areia. Era natural da ilha do Pico, tendo-se refu-giado na Terceira, que percorreu de lés-a-lés, perfazendo um pe-ditório de verbas e esmolas, a fim de angariar dinheiro sufi-ciente não só p’rà construção da ermida, mas também p’ra casas destinadas p’ra albergue dos romeiros. Três anos após a inauguração, a ermida foi arruinada por ter-ramotos. Feitos os consertos e

reparadas as ruínas, novo ter-ramoto desmoronou a ermida quarenta anos depois. Presume-se que Maria Madalena, viúva de José Vieira d’Areia, teria sido a mais directa responsável na nova construção da ermida em 1843. Finalmente, na ilha de Santa Maria, mais precisamente no lugar da Praia pertencente à freguesia da Almagreira, vamos deparar com uma ermida do sé-culo 16, dedicada à Senhora dos Remédios e referida por Frutu-oso nos seguintes termos: “Nesta aldeia da Praia, que será de quinze vizinhos, está uma ermida de Nossa Senhora dos Remédios, onde os tiveram muitos enfermos que, ali em romaria, alcançaram saúde”. (Saudades, Livro III, pg. 29, Ed. 1998). Frutuoso referiu-se igualmente à existência duma fonte salobra, caindo duma bica, “onde se têm lavado muitos enfermos e co-bram saúde, e por isso e por estar ali perto da ermida, lhe chamam todos a Fonte de Nossa Sen-hora”. Além da Ribeira de Nossa Sen-hora dos Remédios (página 28), Frutuoso revelou também um milagre ocorrido na Fonte da Praia de Nossa Senhora dos Remédios, “dando a Senhora remédio e saúde a um moleiro chamado Pedro Afonso, morador em Valverde, que era muito en-fermo e estava de cama havia três anos”. Como está transcrito, (páginas

43 e 44), o indivíduo pediu p’ra ser transportado ao local su-pracitado, deu entrada na ermida onde se encomendou a Nossa Senhora, seguindo depois p’rà fonte onde bebeu muita água, acabando por lancer pela boca um bicho da feição de eiró. A Senhora dos Remédios Mora em baixo lá na Praia; A Boa Morte no Sul, A dos Prazeres é na Maia. Ó Senhora dos Remédios, A todos os que vos vão ver, Dai água das vossas fontes, Pois vinho não deveis ter. Ó Senhora dos Remédios, Vinde ver toda esta gente; Senhora dai-lhe saúde Qu’ela toda vem doente. Ó Senhora dos Remédios, Meu copinho d’aguardente, Dai saúde ao meu amor, Que está na cama doente.

Tribuna da Saudade

9 às 3 pm

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Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 COLABORAÇÃO 4

O que é a Música?

Alguns conceitos básicos de teoria musical para aqueles que não conhecem o significado de todos os “rabiscos” numa peça musical

F oi com o mais profundo pesar que recebi a notí-

cia do falecimento do grande Amigo e conterrâneo Dias de Melo. Faço minhas as palavras sensibilizadoras do Amigo José Rodrigues que logo me contactou, via e-mail, quando soube da triste notícia. “Morreu hoje Dias de Melo. Com ele acabou-se a geração dos escritores que “bebiam” a sua inspiração na luta da vida quotidiana do povo dos Açores. Apagou-se uma estrela que deixa uma enorme lacuna no firmamento literário dos Açores.” Mantive correspondência com Dias de Melo durante mais de vinte anos, começando quando escrevi no Tribuna sobre o livro “Vida Vivida em Terras de Baleeiros” e que depois con-tinuei a escrever sobre algumas das suas obras que tanto admiro e que ocupam lugar de honra na minha modesta biblioteca. Os últimos livros que li foram: “Poeira do Caminho” e “A Montanha Cobria-se de Negro”, que vale a pena ler e guardar. Passei os últimos dias a reler as suas longas e interessantes car-tas que guardo com muito carinho. Resolvi, então, como sentida homenagem, transcrever alguns excertos que talvez os nossos estimados leitores gostem de ler e apreciar.

“Vou-lhe contar como virei para os temas da nossa terra. Inicialmente, como a maioria, escrevia coisinhas...Palavras rebuscadas, até palavras que nem existiam no léxico por-tuguês, assuntos que já muitos tinham tratado, ao fim e ao cabo autênticos plágios, se não na forma, no conteúdo. De onde em onde, escrevia sobre a nossa terra. Lembro-me de uma crónica, saíu n’ “O Telégrafo”, em que me punha a sachar ba-tatas doces. As pessoas gosta-vam do resto – mas entusi-asmavam-se com isto... E quando abordava problemas sociais. De um modo muito ingénuo, claro: andava pelos dezasseis, dezassete anos,

menos talvez. Um dia, li, em Garrett, este pensamento, as palavras não serão e x a c t a m e n t e a s mesmas, mas a ideia é: ”Deixemos em paz gregos e romanos e sejamos nós mesmos no nosso próprio país”. Isto ficou-me cá dentro. E continuei a escrever. Sim, já temá-tica local, mas muito misturada ainda com o que já disse e com muito romantismo. O mau romantismo. Que não vamos ficar com ideias erradas, o ro-mantismo é uma coisa séria, há nele muito de bom. Nem sequer deixa de ser realismo. Se dá preferência aos sen-timentos, à interio-ridade humana, é uma realidade. E evi-dentemente, os senti-mentos, a interioridade humana, continuou, não podia deixar de

continuar com o realismo, que não se pode falar do homem sem falar deles. Fiquei com aquele pensamento do Garrett na cabeça, fui escrevendo, até que, mais tarde, muito mais tarde, descobri Aquilino. E nele, a Beira, principalmente a Beira Alta. As personagens, a paisagem, a linguagem – tanto que deparava com palavras e mais palavras de que não sabia o significado no dicionário. A princípio, fiquei quase escandalizado. Até que pus Aquilino de parte e só, muito mais tarde, voltei a ele. E aqui é que pensei: se Aquilino trata assim os temas da Beira, porque é que eu, à minha medida, pois que não sou Aquilino, não hei-de tratar os temas do Pico? E aí se deu a minha grande viragem. Hoje, não me ocupo exclusivamente com temas do Pico, é certo. Mas daí parti.”

“...Percorremos toda a Beira Litoral, entrámos um pouco na parte centro-norte da Beira Alta, paisagens lindas, realizou-se um dos meus maiores sonhos – visitar a Casa em que nasceu Ferreira de Castro - , faltam-me dois: Casa de Camilo e a Casa de Aquilino. Estou certo de que, historicamente, as raízes de muitos de nós, os que somos do Pico, se encontram naquelas zonas, tão lindas, deste nosso País. Desta nossa Pátria. Pelos nossos usos. Pelas nossas construções. Pelas nossa ono-mástica. Melo, por exemplo: é um nome essencialmente beirão.”

“Quanto ao título do meu livro, “Pedras Negras”. Nem de perto nem de longe fui a qualquer Alberto Lemos (Lajes) de trazer por casa buscá-lo. Nasceu, esse título assim,: Inicialmente, o livro estava para se chamar “Seca”. Desisti dele: Seca tanto se pode ler sêca como séca: vendo o livro, com tal título, numa montra, não faltaria quem não fizesse chacota, por exemplo, “que grande séca (massada)”... Andava sem saber por que optar, quando, uma tarde, falando com um sujeito de finanças, que trabalhara na Madalena e ficara enfeitiçado do Pico, a certa altura ele disse,” aquelas pedras negras”: e foi aí, exactamente aí, nesse preciso momento, que surgiu aquele título. Mas se o senhor Alberto diga o que disser, que me importa? Vozes de burro não chegam ao céu – e vozes de senhor Alberto podem chegar,

mas não chegam para ficar a parte nenhuma. A não ser aos da sua igualha – e isso não interessa nada. Quando escrevi o “Pedras Ne-gras (que teve seis versões) e ele foi entregue na editora – entregue e aceite – recebi uma carta do director (e pro-prietário) dela, não impondo, mas sugerindo que lhe reduzisse o número de páginas. Argumentos justificativos: que, como estava (cerca de 300 páginas dactilografadas em A4) ia até para as 350... 400.., que levaria o livro para um preço em excesso (nesse tempo um livro de $50.00 já era caro) elevado e que isto, tratando-se de um escritor desconhecido, dificultaria muito a venda. E aí me meti aos cortes – tantos que as 300 páginas vieram para cento e tal, não me lembro exactamente, suponho que 150. Ao terminar fiquei pro-fundamente surpreendido: o livro perdia muito, mesmo muito, em pormenor, mas não perdia nada do que nele dizia e ganhava imensamente na intensidade dramática.” “...é crime ir para construções de estilo moderno encurraladas e em total desarmonia com conjuntos arquitectónicos típicos de uma época – e esse crime é o pão nosso de cada dia no Pico: o que não significa que se não construam edfícios novos, mesmo com novas linhas, - mas que não destoem e que partam daquelas que já existem no meio; os edifícios intei-ramente modernos ficam para novas áreas a urbanizar – nas cidades, por exemplo, na periferia dos velhos núcleos para os quais as cidades se vão alargando. E por aí, pela ar-quitectura, fica escrita a história de cada cidade, de cada povoado, através dos séculos. O que se tem feito no Pico, neste domínio, nomeadamente na Manhenha, mais que um absurdo, são actos de autêntica selvajaria. Desculpe dizer-lhe isto, mas tenho que ser sincero.”

(conclui na próxima edição)

Traços do Quotidiano

Da Música e dos Sons

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Page 5: Portuguese Tribuna #2

Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 COLABORAÇÃO 5

A os amigos do con-tinente que me visi-

tam nas ilhas, costumo chamar-lhes “portugueses”. Sabedor de que gostam de sentir-se viajan-tes, nunca, em podendo, perco a oportunidade de vincar o exo-tismo e a aventura das suas fé-rias em minha casa – e sugerir-lhes que eles estão noutro país é uma das piadas recorrentes. Mas ainda uma piada. Na verdade, poucos portugueses haverá tão portugueses como os açorianos. Querem um exemplo, mesmo comezinho? Daqui mesmo, desta latada sob a qual vos escrevo, contemplo placidamente um. Na rua onde fico, uma estrada estreitinha e sem passeios por onde caminham diariamente crianças de toda a freguesia, os automóveis costumam circular a velocidades absurdas, apitando aos miúdos para que se desviem e cumprimentando em volta com um pião abrilhantado pelo mega bass das suas colunas Pioneer. Há quatro anos, iniciei com a Câmara Municipal um diligente processo destinado a instalar bandas sonoras na zona. Respo s t a do s v iz inho s , chamados a assinar o abaixo-assinado: “Lombas aqui no nosso cantinho, para partir os amortecedores dos nossos carros? Tem paciência, Joel, mas não assino…” Portugueses, claro. Portugueses os que aqui vêm fazer derrapagens iguai-zinhas às que poluem a província do continente – e portugueses, naturalmente, aqueles que, mais do que as suas crianças, querem proteger o seu carrinho. Não vale a pena disfarçar: em cada um de nós há um homem apaixonado pelo seu carrinho. Portanto, somos portugueses. E,

porém, não é essa a opinião das nossas companhias aéreas ou das autoridades que as regulam. No mesmo ano em que os madei-renses passaram a poder visitar o continente (ou os continentais visitar a Madeira) com recurso a bilhetes ida-e-volta de 120 euros, os açorianos que queiram visitar o continente (ou os continentais que queiram visitar os Açores) continuam a ter de desembolsar quantias que ultrapassam regularmente os 200 euros, que poucas vezes ficam abaixo dos 300 e que em repetidas ocasiões se aproximam mesmo dos 400. Basicamente, e recorrendo a uma companhia low cost, pode ir-se cinco vezes à Roménia e outras tantas à Irlanda com esse din-heiro. Problema: as companhias low cost já começaram a viajar para a Madeira, mas aparen-temente não viajarão nunca para os Açores. Porquê? Porque os Açores têm uma companhia aérea regional – e, como têm uma companhia aérea regional, são forçados a continuar a viver, não sob o monopólio da SATA (o que remotamente ainda po-deria aceitar-se, visto que a SATA é um dos maiores empre-gadores da região e uma das companhias de que os açorianos mais devem orgulhar-se), mas sob um oligopólio que compre-ende a SATA e a TAP, num obsceno code-share que cobre todas as viagens entre o conti-nente e as diferentes ilhas. Duas companhias que lhes cobram um balúrdio, que nem uma só vez aceitaram vender em promoção os muitos lugares vazios de que dispõem nos seus voos diários, que nunca foram capazes de alugar uma manga no aeroporto de Lisboa para que não fossem eles os únicos portugueses a

apanhar sempre o avião no pátio dos fundos – e que, claro, também não evitaram que eles fossem engrossar as fileiras do Terminal 2 da Portela, onde não há uma hospedeira de terra ou uma loja decente, um restaurante condigno ou sequer uma casa de banho em condições. Acham que eu estou preocupado com o turismo nas ilhas? Pois não estou – estou é preocupado com os aço-rianos. O turismo nas ilhas, posso eu dizer-vos com segurança, centra-se agora em visitantes suecos, holandeses ou franceses que, sub-vencionados pelo Go-verno Regional dos Açores (leram bem: subvencionados pelo Governo Regional dos Açores), pagam muitas vezes pouco mais de 500 euros por um pacote que inclui viagem de e para os países de ori-gem, mais hotel e pequeno-almoço – e que, finda uma semana de refastelo, saíram três vezes do hotel num au-tocarro fechado, sem parar sequer para fazer uma refeição ou beber um pirolito nas tascas da terra. Naturalmente, os açorianos ripostam: das reuniões de sindicato às c o m p e t i ç õ e s desportivas, das viagens

pa ra consu l t a r méd icos especialistas às acções de formação sobre o impacte dos três acordes da chamarrita na personalidade melancólica dos

ilhéus – cada um tem o seu própr io expediente para conseguir viagens pagas pelo patrão, pelo Serviço Regional de Saúde ou pelo erário público em gera l . São por tugueses , obviamente. Mas acreditem: nisto (e só nisto) de bom grado deixariam de sê-lo, assim Portugal não os tratasse como portugueses de segunda.

[email protected] In Revista NS

Muito Bons Somos Nós

A Judite Teixeira irá manter esta coluna para responder aos nossos assinantes e não só, so-bre assuntos referentes à Segu-rança Social, e outros serviços dependentes, tais como Medi-care, Seguro Suplementar, Re-forma, Aposentação por In-validez, Seguro Médico e Hos-pitalar. As perguntas dirigidas à Judite Teixeira podem ser enviadas para “Portuguese Tribune - P. O. Box 579866, Modesto, CA 95357-5866. A vossa correspondência será respondida através desta col-una. Quantas pessoas vão se refor-mar nos próximos 20 anos? Pelo menos 80 milhões. Os meus filhos tem a internet, eles podem me ajudar a ver como posso planear a minha reforma? Sim! Você pode visitar: w w w . s o c i a l s e c u r i t y . g o v /estimator que vos dá uma estima-

tiva e dá vá-rios cenários da vossa re-forma (quando é o melhor ano para se refor-mar! Quanto

vai receber!) Eu sei que o seguro social tem deposito automático, mas o que é que se faz se eu não tenho uma conta bancária? Você pode assinar por ter cartão que se chama "o cartão ex-presso". Este novo cartão serve como um cartão de débito e dá accesso ao seus beneficios. Com este programo, o seguro social deposita os seus beneficios direc-tamente no seu cartão. Os seus beneficios são disponsiveisl no dia do seu pagamento. Pode usar o seu cartão para fazer compras, pagar as suas contas, e tirar din-heiro "cash". E não paga nada. Para mais informação, visite: www.socialsecurity.gov/deposit o chame 1-877-212-9991 ou nu-mero para o Cartão Expresso. Eu tenho 67 anos e estou tra-balhando. Eu devo reportar o meu salário ao seguro social? Os meus beneficios do seguro social vão ser reduzidos?

Não e nãao. Se você tem a idade completa para receber o maximo seguro social, não perde benefi-cios quando trabalha. Se estava recebendo beneficios antes de chegar aos anos completos, por exemplo, você reformou-se com 62 anos, os seus beneficios vão reduzir baseado na quantia do seu salario. Visite: www.socialsecurity.gov, chame 1-800-772-1213 ou visite o es-critório mais próximo de si. Quando eu me reformar, o meu beneficio vai ser o mesmo para o resto da minha vida? Quando começar a receber o seus beneficios, cada ano vai receber um aumento baseado no custo da vida. Se trabalhar, você vai con-tinuar a pagar taxas do seguro social mesmo que recebe benefi-cios. Porque paga taxas, o seguro social vai contar o seu salario e vai aumentar o seus beneficios no futuro.

Judy Teixeira 916-373-1112 ext. 200

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Pergunte à Judite

Folclore Português na California: Carta de Esclarecimento Este é um esclarecimento nosso sobre a razão pela qual o Rancho Folclórico À Portuguesa (RFAP) não se tem exibido na comunidade, encontrando-se actualmente inactivo. Isto representa as preocupações da maioria dos antigos membros do grupo. Tivemos conhecimento, por várias ocasiões, de que a comunidade portuguesa pensa que os membros e dançarinos do RFAP já não querem actuar como grupo. Infelizmente é com muita tristeza que dizemos que já não nos é possível participar como grupo. Sentimo-nos profundamente entristecidos com o decorrer dos acontecimentos que o grupo tem enfrentado no último ano. Em Novembro de 2007, os membros e directores foram surpreendentemente informados pelo director principal que o grupo ficaria num ponto de espera. Não poderíamos ensaiar mais juntos, actuar ou mesmo usar o nome RFAP. O nosso grupo tem superado várias lutas no passado; porém, desta vez, não foi o grupo a decidir chegar a um fim. Fecharam-nos, afinal, as portas e jamais poderíamos partilhar da nossa cultura, tradição e paixão de dançarmos com a comunidade. Fecharam as portas ao grupo sem qualquer indicação de quando elas se reabririam, o que nos levou a todos, antigos membros do grupo, incluindo os que isto lêem, a indagar quando e se o RFAP irá actuar de novo. É lamentável ouvir dizer que aquilo por que membros, directores e familiares muito trabalharam, chegaria a um fim sem absolutamente qualquer consideração para com os nossos pensamentos e sentimentos. É lamentável descobrir que um “grupo” possa ter marca registada por apenas um indivíduo, despojando os restantes membros do seu nome, logótipo e todos os bens pertencentes ao RFAP - um nome que todos julgávamos pertencer a todos os que têm por ele deitado lágrimas, derramado suor e até noites sem dormir. Segundo os Estatutos do grupo, o dinheiro pertencente ao RFAP é para ser distribuído por todos os actuais Grupos Folclóricos da Califórnia, caso o RFAP deixe de existir, e só nos resta esperar que este estatudo seja cumprido. É com enorme descontentamento que já não podemos actuar como grupo e desejamos o melhor a todos os grupos e organizações de dança. Lembrem-se que um grupo é um GRUPO e não deveria pertencer a uma única pessoa. Exortamos veemente todas as organizações a que redijam um código de ética, como uma acção preventiva para que, de futuro, um grupo não possa ser rompido ou posto de lado só porque um indivíduo não tem a fé, o entusiamo ou o optimismo para ver a habilidade do futuro do grupo.

Atenciosamente, Antigos Dançarinos/Membros/Pais, do RFAP

«As viagens entre o continente e os Açores custam quantias que ultrapassam regularmente os 200 euros, poucas vezes ficam abaixo dos 300 e em repetidas ocasiões se aproximam dos 400. Os turistas europeus vão às ilhas uma semana por 500 euros, incluindo avião e hotel»

Page 6: Portuguese Tribuna #2

Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 COMUNIDADE 6

Portuguese Heritage Publications of California vai levar a efeito a apresenta-ção da sua nova e mais recente publicação O Cântico do Silêncio, um livro de poemas da autoria do Professor José Luís da Silva, na sexta-feira, dia 7 de Novembro do corrente ano na sede do Portuguese Athletic Club, 1401 E. Santa Clara Street, San José. O Cântico do Silêncio é o sexto volume da colecção Décima Ilha, toda ela dedicada à publicação de obras em português por residentes da California. Este novo livro, O Cântico do Silêncio, vem acompanhado de um prefácio pelo professor Diniz Borges. O Professor José Luís da Silva é natural de Ponta Delgada, Ilha de S. Mi-guel, de onde emigrou para a California em 1969. A sua preparação univer-sitária nos Estados Unidos incluiu passagem pela California State Univer-sity, Hawyard, onde obteve dois diplomas: B.A. em Francês em 1974 e B.A. com especialização dupla em Português e Espanhol em 1975. Em 1982 completou o mestrado em Espanhol em San Francisco State Uni-versity, seguindo-se outro mestrado em Francês em 1986 de San Jose State University. Desde 1986 que é professor em San Jose High Academy, a se-gunda escola secundária mais antiga na California, fundada em 1863, onde tem leccionado Português no programa de Bacharelato Internacional. Foi já agraciado como “Professor do Ano” daquela instituição por três vezes.

CONVITE O lançamento do novo livro terá lugar na sede do Portu-guese Athletic Club, San José, sexta-feira, dia 7 de Novem-bro, com o seguinte programa: 7 pm: Convívio Social 7:30 pm: Jantar Seguindo-se a apresentação do livro pelo Prof. Diniz Borges Entretenimento: Nelson Ponta Garça e Roberto Lino Admissão: $35.00 (inclui um exemplar do livro a apresentar) Todos bem-vindos Para marcações e reservas até ao dia 3 de Novembro, ligue 408-287-3313 or 408-272-1222

Normalmente este tipo de foto-grafia é tirada com os pais do bébé, mas neste caso o casal Charles e Jennifer Harrison, de-cidiram que os pai da Jennifer, Gualter e Manuela Torres, tom-ariam a sua vez. Jacob Torres Harrison, nasceu em Fort Worth Texas, com 9 libras e 2 onças e 21,2 polegadas. Os avós paternos do Jacob é o casal Charles e Cam Harrison. Tribuna Portuguesa sauda toda a família Torres e Harrison

José Enes deslocou-se mais uma vez aos Açores e Madeira para tirar mais foto-grafias panorâmicas. Desta vez, Jose Enes até teve a ideia de alugar um avião de dois lugares para poder fotografar algumas das nossas belas Ilhas do ar. Quem se deslocou às Festas de Thornton e Hilmar, já poude ver alguns exemplos das novas panorâmicas de rara beleza. Levamos uma vida a ver as nossas fregue-sias e cidades da altura dos nossos olhos e agora vê-las de 400 ou 500 metros de alti-tude é uma sensação muito diferente e até vimos algumas pessoas terem dificuldade em visualizar a sua própria freguesia. Vale mesmo a pena visitar o Estúdio do José Enes.

José Mendes, no dia 9 de Agosto fez 80 anos e a Família, esposa Maria, filhos e filhas surpreen-deram-no com uma festa no Salão do Espírito Santo de San Leandro, com muitos familiares e ami-gos. Filomena Rocha e Manuel Mendes (Duo Ilha) abrilhantaram a bonita festa.

Se for à POSSO de manhã pode ver precisamente o que está aqui representado nestas fotografias. Os homens a jogarem às cartas e as senhoras a fazer crochet, depois de terem comido um bom pequeno almoço. Perto de meio-dia, o movimento é muito maior porque se serve almoço, com co-mida à portuguesa, como se estivessemos nas nossas ilhas. Se puderem, visitem-os no dia 14 de Novembro a partir das 5:30 pm, e poderão assistir à inauguração da nova cozinha.

Page 7: Portuguese Tribuna #2

F ez este Outubro trinta anos que cá cheguei.

Lembro-me bem como se fosse hoje que, apesar de jovem entu-siasmado e com imensa vontade de singrar na vida, aterrei de orelha murcha e com ar meio desconsolado. Seja lá em que altura for, não é facil deixar as nossas ilhas assim sem mais nem menos. Muito menos ainda quando se trata de embarcar com passagem de ida – sem volta. Custou-me imenso porque para trás ficavam as gratas lembran-ças da juventude, os beijos fres-cos da namorada e todo o incon-fundivel fascinio da minha doce ilha mãe. Fiz-me forte e, contente por abraçar o futuro, parti – descon-tente, porem, por desertar a Ilha na flor da idade. Descontente por um dia ter emi-grado, no entanto, é coisa que hoje de forma alguma me passa pela cabeça. Não trocaria por (quase) nada esta fabulosa ex-periência de poder expandir os meus migrantes horizontes para alem dos nublados céus ilhéus d’outrora. Quando cá cheguei, em Outubro de 78, com Jimmy Carter à frenta dos destinos desta opu-lenta nação – as coisas (postas em pratos limpos) não andavam lá muito famosas. As queixas contra as politicas em curso e

contra os politicos em linha, incluindo o presidente, avolu-mavam-se. O descontentamento era notório. E, quando os refens americanos de olhos vendados foram enxovalhados pùblica-mente nas ruas de Teerão, a pa-triótica moral desta Toda Po-derosa America andou mesmo de rastos. A crise foi aguda de-mais para ser ignorada nas urnas pouco tempo depois quando Ronald Reagan acabou por de-volver aos seus votantes a confi-ança e orgulho então extrema-mente feridos. Ferida maior na história mod-erna destes magnificos Estados Unidos – ataque porventura mais devastador e debilitante na moral desta America de todos nós – o rude golpe de Bin Laden…desferido aos olhos do mundo inteiro no coração deste benemérito país que nos acolhe…superou tudo. E ainda dói. Aliás, está para doer. De facto, há oito anos atrás – com as Torres Gémeas a arderem em terror – centenas de vidas inocentes em cinzas – o mundo civilizado inteiramente em choque – ninguem imagi-naria dores maiores para o povo americano em geral. Talvez – porque muito poucos devem ser já os que paralela-mente se lembrem da Grande Depressão de1929 – ninguem seja mesmo capaz de imaginar hoje bem ao certo quanto as gri-

tantes dores financeiras da cor-rente crise económica ameaçam minar milhares e milhares de familias inteiras sem saberem presentemente para onde se vi-rarem. O descontentamento actual é por demais visivel. Se nos virarmos para as politicas que nos tramam e para os politi-cos que no-las propõem, quase entramos em desespero. Tanto em Sacramento como em Wash-ington, o que vemos são (nas palavras do meu vizinho) uma data de incompetentes – mal eleitos mas bem pagos – inca-pazes de nos porem a tempo as contas em dia. E – (porque as contas não batem certo, o déficit desanda, o desemprego dispara, o mercado estoira, a fome aperta, o povo crama…mas a resposta não varia) – paga Zé povinho. Paga…e ve lá se não refilas! Só que o povo, normalmente amorfo e adormecido nestas coisas da politica, tambem tem vindo a refilar. Não está satis-feito com a guerra que não acaba nem com a crise que se agiganta. Descontente, por conseguinte, com a grosseira irresponsabili-dade dos politicos que de algum modo ajudaram a encravar a deplorável situação em que nos encontramos, e apesar de às vezes parecer dormir na forma, o povo americano aguarda com acrescida ansiedade esta sua determinante ida às urnas. Estas, na verdade, são eleições decisivas demais para serem

ignoradas à toa. Fala-se de “status quo” e fala-se de “mudança”. Fala-se do “mesmo e mais fraco” e fala-se de “esperança à vista”. Fala-se de “pessimismo” presente e pas-sado e fala-se em eleger urgente-mente uma “visão optimista” do futuro. A escolha é obvia. (O absenti-smo não se aceita). Desencantado com o discurso repetitivo e enganador dos politi-

cos de carreira que dizem tudo e mais alguma coisa para serem eleitos… – farto de muitas promessas vãs e de tantas pa-lavras ocas – contente por ser americano mas descontente com o actual rumo da politica ameri-cana – …oxalá que o povo acorde antes que as urnas fechem. Depois não se queixem.

Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 COLABORAÇÃO 7

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Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 COLABORAÇÃO 8

Santo Antonio em Artesia Os tradicionais festejos em honra deste popular santo, foram realizados no ultimo fim de semana do pretérito mês de Setem-bro com um magnífico programa ex-celentemente concluido. No Sábado, dia 27, um pequeno cortejo de recolha de oblates, onde tomaram parte a Filarmónica de Artesia, directores, rainhas e respectivas aias, o grupo do pézinho, grupo folclórico de Artesia, carros alegóricos e, evidentemente, a imagem do Santo festejado. Após a chegada à Sociedade houve a tra-dicional cantoria à porta da Capela, pelo grupo do pézinho, composto por Alberto Sousa, Mário Sales e Manuel Ourique. Seguiu-se um concerto pela filarmonica local, arrematações e bodo leite com massa sovada. Pelas seis horas teve lugar mais uma grande tourada, abrilhantada pela filarmónica local. Esta tourada foi realizada com seis toiros da ganadaria de Candido Costa e como é habitual agradou a todos os presentes. Pelas nove horas, teve início um baile ao ar livre ao som do conjunto “Hynes 57”. Domingo, dia 28, pelas 13:00 horas foi celebrada missa ao ar livre no recinto da sociedade, a cargo do jovem padre, Rui Nunes e cantada pelo Grupo Coral de Ar-tesia. Perante uma satisfatória assistência, este jovem padre pronunciou um excelente sermão sobre a vida de Santo Antonio, primeiro, Fernando de Bolhões, mais tarde mudou de nome vindo a ser um dos santos portugueses mais populares. Seguiu-se a Procissão com a imagem de santo homenageado, filarmónicas do Chino e Artesia, directores e padre Rui Nunes, alguns carros alegóricos, grupo folclorico “Retalhos Antigos”, algumas representações e publico em geral. É noto-rio que em todas as festas, as presenças continuam a diminuir. Uma das causas é que o calor continua intenso pelo sul do Estado e, muita gente, prefere ficar em casa do que se sujeitarem a um sofrimento que pode ser evitado. Após o regresso da parade, as filarmoni-cas procederam aos cumprimentos da praxe, tendo sido servido, de seguida, um jantar, oferecido a todos os presentes, fei-

joada com carne assada, que realmente estava tudo delicioso, tudo muito bem regado com cerveja e tinto. Um jantar sempre apreciadíssimo pelos portugueses. Durante a tarde houve concertos pelas filarmónicas presentes e arrematações. Pelas 19:00 horas, exibição do grupo fol-clorico “Retalhos Antigos”, de Artesia e pelas 20:00 horas, actuou o grupo juvenil da Luso American Federation. Parabéns à Direcção do Artesia D.E.S., pelo êxito obtido durante dois dias de festejo, também desejamos lembrar aos responsáveis pelas palavras proferidas, que a imprensa portuguesa também esteve presente nos festejos. Comandante Vasco Rodrigues Pela segunda vez tivemos o prazer de con-versarmos com esta simpática família, o piloto da Continental Airlines, Vasco Rodrigues, esposa Julia Rodrigues e filha Corina. Por coincidência, durante um jantar no Artesia D.E.S., ficamos na mesma mesa. Após várias conversas, concluimos que tinhamos sido apresentados, pelo consul Edmundo Macedo, durante uma festa na mesma sociedade. São portugueses nascidos em Goa, sentem-se orgulhosos de serem portugue-ses e de falarem tão bem, a língua de Camões. Optaram por viverem em Portugal, na pitoresca linha do Estoril, onde conclui-ram os seus estudos e viveram vários anos, até partirem para a California, onde residem na cidade de Signal Hill, vizinha cidade de Long Beach. Este comandante, além de outras viagens, todas as semanas visita Lisboa e é sempre com prazer, que toca nos aparelhos para aterrar no aeroporto da Portela. É membro do Artesia D.E.S. e sempre que lhe é possível, juntamente com a sua fa-milia, atende aos diversos eventos e como eles próprios o dizem, sítio ideal para se consolarem a falar português. Sempre que lhe seja possível, bem vindo à nossa e sua comunidade, senhor coma-dante e família.

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Logo que comecei a ler Capelinhos: As Sinergias de um Vulcão, tive logo a sensação que seria necessário estudar este livro mais a fundo. Não só apreciei a riqueza de substância, vi logo que es-tava lendo sobre a minha própria história pessoal, o meu passado, a comunidade e as pessoas com quem convivo. Ao ler as suas impressões, maneira de pensar, relatos e histórias, senti-me muito mais unida a todos nós. A meu ver, Capelinhos: As Sinergias de um Vulcão é, sobretudo, um livro sobre a emigração e sobre imigrantes. A nossa emigração-imigração. Este livro é acerca de como nós —“…emigrantes dos Açores para a América no período pós-Capelinhos.”, distantes e espalhados por todos os Estados Unidos—nos defini-mos. É o testemunho de como e porquê abandonámos a ilha, alguns ainda crian-ças, uns já adolescentes, e outros muito mais tarde na vida. É uma tentativa de preservar o nosso passado, a nossa reali-dade tal como a lembramos. A escritora Barbara Raskin , escreveu algures, que “É necessário que cada geração con-corde em lembrar certas coisas de uma certa maneira e ter cuidado em preser-var a nossa história, senão haverá sem-pre alguém que tentará corrigir as nos-sas memórias. E então como saberemos quem fomos ou quem somos agora?” Ao lermos, muito em particular, as histórias pessoais e testemunhos de resi-dentes na Costa Leste e Califórnia, é evidente que compartilhamos muitas das mesmas experiencias e emoções. Nunca esquecerei o alvoroço em casa dos meus avós quando chegava uma saca de roupa da América, decerto cosida à máquina tal como o fazia a avó de Susan Vargas Murphy, e do “cheirinho a América” que emanava por toda a casa durante uns dias, onde fosse que se encontrasse uma peça de roupa americana. Quem entre nós não se lembra das “gamas” e choco-lates vindos da Base das Lajes, ou das lindíssimas casas dos cartões de Natal americanos de que nos fala Manuela da Costa? Também apostaria que muitos de nós ainda nos arrepiamos ao ouvir um cão a uivar, principalmente durante a noite, ou o terror que sentimos ao lem-brar quando, alguns ainda crianças, rezámos o acto de contricção e nos pre-parámos para morrer como o descreve Dionísio da Costa. Quem ainda se lem-bra de jogar à bola com a bexiga de porco durante as festas de matança e de dormir em colchões de folha de milho e

comer soupas de leite? Alguns de-certo também tiv-eram dificuldade em esconder a sua de-cepção, ao encon-trarem-se nos Esta-dos Unidos, vivendo

em casas muito inferiores às representa-das nos cartões de Natal, como o admite corajosamente Judite Soares Goulart. Quem hoje em dia nunca se sentiu fora de lugar tanto nos Estados Unidos como em Portugal ou compreendeu alarmado que quanto mais “americanizado”, mais difícil se torna manter as nossas raízes portuguesas, como o confessa Simão Ávila? Para muitos, imigrar para os E.U. sig-nificou subir um ou dois degraus na es-cala social. Abundam casos de grandes sucessos, o Antonino Pascoal, por exem-plo, após muito trabalho, dificuldades, e até escárnio, conseguiu uma formação universitária, algo reservado à classe privilegiada e fora do seu alcance nos Açores. Outros, porém, viram o trabalho nas leitarias, fábricas, canarias, pomares, e construção, substituir os seus estudos universitários e o sonho de uma vida académica, tal como foi o caso do meu amigo José Goulart. Alguns vieram e voltaram quase no mesmo avião; outros chegaram, ganharam algum dinheiro e regressaram mal julgaram ter o sufi-ciente para viver desafogadamente nos Açores; muitos ficaram mas sempre pensando voltar; os restantes decidiram logo que esta seria a sua nova Pátria. Uns consideram-se americanos, outros açoreanos ou portugueses, alguns luso-americanos. Uns pensam que estamos muito americanizados, outros que não somos americanos bastante. O curioso é que vivemos, pelo menos com um pé, na LUSAlândia de Onésimo Almeida. Suspeito que todos os emigrantes dos Açores para a América têm a sua história — na maioría dos casos por contar — onde descrevem as memórias doutro tempo, outro mundo, a vida que viveram nos Açores antes de emigrar. Ou então, os seus sonhos e anseios, difi-culdades e medos, os esforços que fize-ram para adaptar-se à sua nova vida e como desenvolveram. Capelinhos: As Sinergias de um Vulcão oferece-nos um meio para que muitas destas histórias sejam ouvidas. Convida-nos a reflectir e a discutir a nossa história e a dos nossos amigos. Espero que continue a incenti-var outros a escrever e a analisar quem fomos para melhor compreender quem somos e para onde vamos. Obrigada a todos os que tão franca e honestamente compartilharam a sua história. Mais uma vez a nossa comunidade está em dívida para com o coordenador deste livro, Tony Goulart, e a Portuguese Heritage Publications of California.

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Page 9: Portuguese Tribuna #2

Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 COLABORAÇÃO 9

A fama do povo brasileiro de ser alegre, que ri da própria

desgraça, não é bem assim. Depende, porque o que para uns não tem nenhuma graça e chega a ser trágico, para outros, é pura comédia. É o caso do marido traído que aqui como em outras partes do mundo, também é chamado de corno e já virou folclore. Se em algumas regiões do Brasil é motivo para anedotas, galhofas, confraterniza-ções, festas, campeonatos e ninguém se chateia com as brincadeiras e segue a vida como se nada tivesse acontecido, em outras regiões, quem é traído, mata e morre para defender sua honra. E não só os homens, muitas mulheres traídas também matam. Não sei quando isso de ser traído passou a ficar engraçado e encarado com bom humor, por estas bandas, mas desconfio que foi com a chegada de Dona Carlota Joaquina, filha dos reis de Espanha, esposa de D. João VI que, ao longo do casamento, como nos conta a História, teve vários amantes, hábito que manteve ao se transferir para o Brasil. D. João sempre fez “vista grossa”, preferindo morar em casas separadas e manter o casamento. A palavra que vem do latim “cornu”, que significa o apêndice duro e recurvo que guarnece a fronte de alguns animais, na nossa terra, na linguagem chula, é o nome que designa o marido da mulher adúltera,

cabrão. Atualmente, já se tem a versão feminina: mulheres traídas são chamadas de “cornas”. São muitos os casos engraçados. Em Acopiara, no Ceará, cidade pequena, com mais mulheres do que homens, como a maioria das cidades do nordeste, os maridos traídos fazem campeonato para eleger o corno do ano. A cidade pára e se diverte com as histórias contadas. A brincadeira começa com uma passeata de motocicletas que convida o povo para a festa do “boião”. No bar, concentração de homens que se dizem traídos e afirmam que 99,9% dos maridos da cidade já levaram cornos. Uns dizem que o chifre é hereditário, passa de pai para filho e toda cidade sabe quem o tem. Claro, nunca admitem que foi pela esposa atual e sim por namoradas, amantes e ex-esposas. Na farra dos traídos surge uma moral dife-rente: eles acham sempre que a mulher é que foi atrás do homem, do amigo. Depois do show, os candidatos sobem ao palco e contam suas historias. E a brin-cadeira termina com um campeão muito orgulhoso, que recebe uma coroa enfei-tada com um par de chifres. Ainda no Ceará, na sua capital, Fortaleza, existe um bairro bem calmo, o Zé Walter, onde os homens não se importam de ser chamados de cornos e as pessoas que fazem a brincadeira explicam que lá as casas são todas muito parecidas, uma cidade dormitório e que é muito fácil (até desculpável) um homem, ao voltar para casa, tarde da noite, errar o caminho e

entrar na casa alheia. Em outra cidade, Porto Velho, capital de Rondônia, existe uma associação com o nome de “ascron” (associação dos cornos de Rondônia), que promove churrascos para os encontros, dão carteirinha de sócios e com ela se obtém descontos em estabelecimentos comerciais e até em táxis e contam com mais de sete mil associados. Há casos inusitados sobre os cornos, como foi o de um marido que tatuou no próprio braço o nome do amante da esposa, depois de matá-lo e explicou: “pensei em que quando eu for para a cadeia ele vai comigo e quando eu morrer ele vai morrer comigo”. Um outro caso aconteceu na Câmara de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro. Um vereador ficou famoso por tentar criar o “dia do corno”, um projeto que nasceu da solicitação do Clube do Corno, inspirado no episódio do desempregado que seqües-trou um ônibus e fez reféns seus passageiros, durante um dia inteiro, porque queria que a ex-esposa, que ele havia acusado de traição e colocara para fora de casa, reatasse o casamento. O projeto criou tanta polemica e tanta chacota que acabou retirado da pauta pelo vereador. Entretanto, o que para muitos é brincadeiras, para alguns é algo muito sério e acham que é motivo para matar, lavar a honra, como dizem, já tendo sido registrados, aqui, casos de absolvição dos

assassinos ou réus condenados a penas bem leves. Temos, ainda, histórias de homens que não matam, mas morrem de vergonha de serem chamados de cornos. Mudam de cidades e de Estados, deixam para trás os filhos, netos, bens, etc., quando des-cobrem que foram traídos. Somem para não passar pela humilhação das galhofas dos amigos e parentes. Para eles a perversidade da brincadeira a que são submetidos é pior do que a da traição. No entanto, tudo é uma questão de ponto de vista, cultural, porque o mesmo homem que tem pavor de chifres, de ser chamado corno quando passa na rua, já se fartou de trair e botar cornos na sua parceira. Os traídos afirmam que quem entra para o “clube” tem que saber rezar e ensinam a reza: “Fazei com que eu não seja corno. Se eu for, que eu não sinta. Se eu sentir, que eu não saiba. Se eu souber, que eu não acredite. Se eu acreditar, que eu não veja e se eu ver, que eu me conforme. Amém!”. Tudo pode ser muito engraçado, motivo de anedotas e risos para quem está de fora, porém, só quem é preterido, quem sofre o abandono, a humilhação e a rejeição do amor, sabe o quanto é doloroso sentir o coração despedaçar-se e a alma apagar-se, lentamente, até que outro ciclo se inicie, um novo amor aconteça e a vida volte a florescer.

Sabor Tropical

R esolvi este ano ir, novamente, à festa de

Thornton. Na Sexta-feira fui aos fados. Sabia que a Jesualda ia cantar, mas não sabia quais eram os outros fadistas. Ela, como sempre, marcou presença no palco e mesmo que alguém diga que está muito vista, o que é bom nunca é demais. Abriu a noite com "Reliquias de um emigrante", escrito por Abel Raposo. E já agora dou os meus parabéns ao Helder Carvalheira, ao Manuel Escobar e ao João Cardadeiro. Estão a tocar cada vez melhor. Os acordes dos seus instrumentos galgaram as encos-tas das sete colinas e ao desce-rem ecoaram nos vales e pla-nícies das nossas almas onde criam profundas raizes. O segundo fadista da noite, o Sr. Jeremias, teve azar. Com o papel à frente, a pedir a Santo Estevão para que os fados voltassem ao cruzeiro do adro, nem assim Nossa Senhora de Fátima o salvou. No entanto, isso não impediu que eu o congratulasse pela bela voz que tem. E, por favor, Sr. Jeremias, não pare de cantar. O que tem que fazer é cantar mais vezes, mas, prepare-se, não esteja um ano sem cantar e, tenho a certeza, para a próxima, vai-se sair melhor. E tu, Nathalie Pires, marcaste presença, novamente, e os Portu-gueses da Califórnia mostraram que sabem escutar-te com a atenção que mereces, quer os fados sejam grátis ou pagos. O à vontade com que te apresentas,

promete um futuro risonho e, na minha opinião, és capaz de representar a nossa língua e o nosso país, em qualquer parte que cantes. Meu primo Abel ao escutar-te, pela primeira vez, fez esta quadra. “Ouvi o fado de Portugal Tal como ele nasceu. Agora digo, afinal A Amália não morreu.” Vi vários amigos e todos me convidaram ou para provar um petisco ou para uma boa refeição. Vinho, Angélica, aguardente de várias qualidades, pão de milho e lapas e o coração a dizer para não comer muito por causa do colesterol. Comi o bastante para poder provar e o mínimo para me não fazer mal. Havia prometido que iria à tourada e fui. Quase no fim da primeira parte eu não podia estar sentado, com dores nas pernas e nos joelhos. Depois do intervalo fui cumprimentar o meu amigo José Ávila e perguntei ao Sr. Vice Presidente da festa se poderia ficar ali de pé, ao que ele nem só disse que sim, como ainda disponibilizou uma cadeira para quando eu me quisesse sentar. Não me recordo se foi ele quem disse que aquele lugar ali era para os velhinhos e doentes e eu que tenho 58 anos, não fiz comentário... Só agradeci a gentileza. Entretanto, o Sr. Padre José Rodrigues, olha para mim e pergunta-me se eu era o

José Raposo, ao que eu disse que sim. Diz ele: dou-lhe os meus parabéns pelo artigo que escreveu sobre as rainhas. Estivemos um bom bocado a conversar e gostei mais de falar com ele “tête à tête” do que escutar o seu sermão que achei muito repetitivo. Essa coisa de touradas para mim é um paradoxo porque eu não gosto de ver maltratar os animais. Gosto, sim, de ver a habilidade do toureiro e confesso que se o touro ganha até fico satisfeito. O amigo José Ávila bem me tentou explicar os erros que os toureiros cometiam ou quando a coisa saía bem para os mesmos, mas, para mim, aquilo era Chinês. Eu não me admiro nada quando um toureiro leva uma boa cornada, nem quando um forcado fica estatelado na arena e o touro lhe passa por cima. Para mim a cavaleira Sonia Matias mostrou ser superior ao toureiro eqüestre, cujo nome não me lembro. À noite, como habitual, fui ouvir cantoria. O José Plácido e Vasco Aguiar mostraram, perfeitamen-te, o seu calibre. Gostei muito de escutar o Sr. João Ângelo a cantar com o José Ribeiro. Não achei necessidade alguma do José Ribeiro cantar com o Vasco e como a hora já ia avançada, fui embora. No Domingo vi chegar a procissão e quando a Filarmónica de Livingston che-gou, fui dar os meus parabéns ao presidente e à mestre Elisa Flores. Para já, a Elisa vinha fardada o que não é o que acontece com alguns mestres que teimam em não usar a farda da Filarmónica que dirigem. Será que fazem isso para dar nas

vistas ou têm vergonha de vestir a mesma. A Lira Açoriana de Livingston, que na sua maioria é composta por jovens, vinha bem formada, com o passo certo, fardas e sapatos limpos e ao chegar deu meia volta à direita, ficando virada para a Igreja e alinhada impecávelmente. Que grande lição para alguns mais velhos, de outras Filarmó-nicas, que passam uma vida inteira a marchar nas nossas paradas e nunca são capazes de

acertar o passo. Chegam aos locais completamente desalinha-dos, desorganizados, um dos músicos que se acha com o direito e saber, manda-os chegar mais para a frente, enquanto outro os manda chegar para trás. Ficam zangados, param de tocar música, enfim uma vergonha autêntica. E ainda há quem diga que os novos não sabem, quando muitas vezes são os velhos que não os deixam.

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Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 COLABORAÇÃO 10

E screvo este texto a uma semana antes das elei-

ções de 4 de Novembro de 2008. Dentro de oito dias saber-se-á quem será o próximo presidente dos Estados Unidos da América. Quem conduzirá o destino do país mais poderoso do mundo. Quem guiará a América e o seu relacionamento com o mundo. Quem dirigirá os Estados Unidos no processo, absolutamente ne-cessário, do país reencontrar-se, redimir-se dos pecados capitais cometidos pela administração Bush-Cheney (ou Cheney-Bush) durante os últimos os últimos oito anos, enfrentar os dilemas económicos motivados pelas políticas desastrosas desta admi-nistração, quer dentro, quer fora do país. Todos os actos eleito-rais são processos inportantes na construção de estados democrá-ticos, porém esta eleição, depois de uma que foi roubada pelo Supremo Tribunal, a eleição de 2000, e das irregularidades, ainda hoje por resolver, em estados como o Ohio, no ano de 2004, esta é de suma impor-tância. Mais do que uma simples vitória eleitoral, estamos perante um momento histórico. O terceiro acto eleitoral do século XXI, para a eleição do próximo presidente dos Estados Unidos da América, é um piná-culo na história deste poderoso país. É um momento crucial numa ideia em progresso que é a América. Pelos Republicanos está John McCain. Um homem corajoso, como se pôde verificar pelo seu serviço no Vietname. Em 25 anos de labor no Congresso norte-americano, McCain tem rompido, várias vezes, com o seu

próprio partido e com o presidente Bush, particularmente em questões do ambiente, finan-ciamento de campanhas políti-cas, despesas governamentais, e o uso de tortura nos prisioneiros de guerra. É que apesar de ter concordado em 90% com Bush-Cheney, McCain, teve a coragem de enfrentar este duo que governou o país utilizando meias-verdades e o pavor, entre outras tácticas, e de discordar com eles em 10%---o que numa era de disciplina partidária não é nada mau. Apesar de ser um homem com dignidade, não tendo, infelizmente, dirigido uma campanha honrada, McCain está ultrapassado. Neste decisi-vo momento de mudança nos EUA, o Senador de Arizona é a pessoa errada. A sua actuação durante esta campanha foi de uma incon-sistêcia incrível. Foi mais do que óbvio que John McCain está fora de órbita no que concerne às principais questões que afectam a sociedade estadunidense. As respostas que tem dado à presente crise económica não passam de velhos clichés da direita, tais como: reduções nos impostos, na actuação governa-tiva e nas despesas públicas. Diga-se, a bem da verdade, que o cansaço intelectual manifes-tado por McCain é sintomático da fatiga que o país vive em relação à revolução ideologica de Ronald Reagan. O país necessita de novas ideias. O mundo está diferente e os EUA não podem ficar enclausurados no passado. Esse não é o espírito americano. Se a velha Europa, pouco a pouco se liberta do seu peso histórico, a América tem por obrigação, para si e para o mundo, ser essa lufada de ar fresco que, sucessivamente, tem sido.

Na política estrangeira, McCain propôs mudança na continui-dade, ou seja: amplificar a política beligerante de Bush II, ficando no Iraque 100 anos, bombardeando o Irão e recu-sando o diálogo com países menos amistáveis. Acredita que se deve retirar a Rússia do grupo G8 e humilhar a China, ex-cluindo-a do mesmo fórum mun-dial. A política internacional de McCain é , essencialmente, uma retrogradação ao século vinte, à guerra fria do século vinte. Para além da substância há ainda que referir o temperamento do Senador de Arizona. Ao longo da campanha foi extramente impulsivo, por vezes contra os conselhos dos seus próprios assessores. É que a campanha de McCain mudava de men-sagem como quem muda de cuecas, diariamente – e por vezes várias vezes ao dia. No começo, tudo estava alicerçado na experiência. Mais tarde, quando os barões do seu partido o forçaram a omitir a escolha do seu amigo Joe Liberman para vice-presidente, McCain escolhe Sarah Palin, uma ultra-conser-vadora, que para além de ter pouca experiência governativa(retirando-lhe o argumento da experiência em relação a Barak Obama), possui um conhe-cimento elementar dos principais dilemas que nos afectam. Quem mais se esquecerá, que numa das primeiras entrevistas à televisão nacional, para além de provar que nem tão pouco sabia o que era a doutrina Bush, enalteceu os seus conhecimentos sobre polí-tica estrangeira dizendo que: “duma ilha na ponta do Alaska vê-se a Rússia, um país que teremos que vigiar, sempre.” Por outro lado está Barack Obama, que tem conduzido uma campanha consistente, discipli-nada e sem receio de assaltar as mentiras semeadas pelos Republicanos. A sua análisec e os seus comentários sobre a economia, têm sido sensatos. Logo no início da crise nos mercados financeiros, apoiou as medidas do Secretário das

Finanças Henry Paulson, mas com modificações, transforma-ções que a própria administração Bush concordou dias mais tarde. Em assuntos tão pertinentes como: a saúde, o ensino público, a economia, o desemprego, Obama tem planos concretos, os mesmos que estão na plataforma do seu partido e que não têm mudado como a flor do álamo. Na política internacional tem mostrado bom senso e cuidados, nunca fugindo à sua visão de que a nação americana, para voltar a ser a América com a qual se sonha em todo o mundo, tem que ter outro comportamento, tem que apostar no diálogo, no entendimento entre os povos, nas relações baseadas no respeito pela paz. No momento em que escrevo este texto, a uma semana da mesma, as sondagens dão entre 10 a 11 pontos percentuais de vantagem para o Senador Obama, daí que se não houver o “efeito Bradley” (a histórica eleição para governador do estado da Califórnia há cerca de duas décadas em que as sondagens davam a vitória ao antigo presidente da Câmara de Los Angeles, um afro-americano, e o qual acabou por perder por uns escassos pontos percentuais - vítima, obvia-mente, do racismo instituido na idiosincrasia americana) é muito provável que o Senador de Illinois seja o próximo inquilino da Casa Branca. Porém, inde-pendentemente de quem ganhar este acto eleitoral, há que a partir de Janeiro de 2009 (quando o próximo presidente for empos-sado) reflectir algumas reali-dades e instituir algumas mudanças. Temos que olhar de caras para o nosso comportamento como sociedade. É que, e em parte graças ao cowboísmo de Bush Filho, estamos a transformamo-nos num país extremamente egoísta. Em tudo queremos ter mais do que a nossa porção. Em gasolina, em géneros alimen-ticios, em plásticos, etc. A nível pessoal estamos muito gordos,

gastamos em demasia, temos dívidas avolumadas. Uma grande parte do que se passa nos mercados financeiros está directamente conotado com querer mais do que se pode ter e optarmos por lucros fictícios. Na média, o cidadão comum americano deve mais de 3 mil dólares em cartões de crédito, tem prestações mensais de carros, sistemas de som, móveis e um hipoteca que quase o estrangula. Como sociedade temos uma dívida colectíva na ordem dos 10 triliões de dólares – montante que jamais esta geração poderá pagar. Temos ainda que reflectir a nossa atitude perante a violência. Somos um dos países mais violentos do chamado mundo desenvolvido. Não apenas nas guerras que começamos em várias partes do globo, mas também em casa. Matamo-nos a um nível assustador. Segundo a Children’s Defense Fund, nos Estados Unidos uma criança é morta de três em três horas, ou seja: oito crianças por dia. É que uma sociedade não é apenas julgada pelo que tem, mas pelo que faz, particularmente pelos marginalizados. A nossa morta-lidade infantil é das mais altas no mundo ocidental. Segundo a mais notável activista dos direitos das crianças, Marian Wright Edelman, temos mais de 9 milhões de crianças sem seguro de doença, a vasta maioria só vê um médico quando vai à urgência do hospital. Enquanto, mesmo os mais liberais, se sentam no Starbucks, por vezes até discutindo a justiça social, bebendo os nossos lattes de 3 dólares cada, enquanto cerca de metade dos cidadão deste planeta vivem com menos de três dólares por dia.

1 – Quem tem medo da sombra do futuro? Diria que as boas notícias são como oásis de alegria fresca na inospitalidade tórrida do quotidiano mundanal que persegue a humanidade. Como não sou adepto do clube do patetismo político da moda, a minha breve conversa espera merecer a adesão daqueles compatriotas da diaspora que não temem a sombra do futuro. Falta dizer que não fui surpreendido pelo trambolhão do sistema financeiro divinizado pelo reaganismo, e nos últimos anos crucificado pela gatunagem neo-conservadora da administração Bush. Como podem imaginar, também aqui, na Califórnia, o prazer e a dor não se descuidam de exercer a sua tirania clássica. Se procurarmos descortinar o farsantear da prosperidade do baronato capitalista (aqui e ali disfarçada pela pomposidade hedonista do carnaval empresarial vigente) ficaríamos talvez mais sensíveis à realidade tétrica dos nossos concidadãos que estão a ‘fintar’ a morte no charco da miséria: aqui mesmo ao lado, na área de Los Angeles, cerca de 75.000 desalojados vivem cerceados pelo infortúnio, na circunstância ligeiramente minimizado pela discreta solidariedade da Union Rescue Mission – prestimosa institução de pendor cristão que até Setembro passado conseguiu distribuir,

gratuitamente, cerca de 950.000 refeições...

Aceitemos a bem-aventurada ilusão de sermos filhos legítimos do Criador para reclamarmos o nosso quinhão na ‘herança’’ do planeta. É óbvio que o raciocínio atrás sugerido não passa de mussitação teológica. Todavia, até mais ver, a imaginação não paga imposto: se um dia o planeta se transformar em propriedade colectiva dos seus habitantes, a igualdade deixaria de significar uniformidade para instaurar o milagre da ‘equidiferença’ humana baseada na inviolável dignidade individual. 2 – quem deseja, nos Açores, a responsabilidade de vencedor eleitoral? Sem clamores de novidade, diria que estamos em vésperas de ver confirmada mais uma vitória cesarista, no panorama político dos Açores. Penso não ter cometido lapso linguístico. Explico-me: como alguns observadores terão eventualmente reparado, raramente me deixei enfeitiçar pelo perfil governativo e/ou pelas prioridades tectónicas da vigente administração açoriana. Todavia cons ide ro a permanênc ia da administração ‘cesarista’ nos próximos quatro anos, imperativo dialéctico para consolidar a maturidade democrática regional. Lembraria que o cesarismo vigente (embora oriundo duma matriz claramente centro-esquerda) teve a clarividência política de inaugurar uma peregrinação

‘despartidarizada’ rumo ao santuário constitucional duma Autonomia de feição presidencialista. Está bem entendido que a minha ausência de um quarto de século não me confere poderes especiais para decifrar o futuro; quanto muito, sugere-me perspectivas que a distância ajuda a decifrar. Penso que, ao longo do tempo, o pudor cívico de cultivar lealdade à camisola partidária foi desbotado pela ditadura da necessidade. A tarefa ético-politica de treinar o estômago para resistir às manjedouras do servilismo, implica opções, sacrifícios e suores! Todo aquele que, decididamente, incorre no risco de enfrentar amarguras na senda olímpica dos seus princípios, fica sujeito a ser chacoteado pelos profissionais do anedotário local. Na esfera da política financeira internacional, não é difícil prever que os próximos anos não vão ser fáceis. Ademais, a demografia é uma das mais salientes vulnerabilidades da Europa; daí que ela tenha de aprender a ser pluriétnica e multicultural. Por outro lado, o arraial açoriano do facilitismo financeiro está a gemer os últimos acordes. Há alguns indícios que apontam para a hipótese de que a idolatria tecnológica vai entrar em clausura. Diria entre parêntesis que os nossos filhos e netos exigem que as ilhas deixem de ser colchões de descanso para traficantes de drogas ilegais. E mais: os Açores não merecem o vexame de serem promovidos ao estatuto de ‘sala-de-

espera’ de luxo da enfermaria política europeia; nem queremos ver o arquipélago transformado em ‘oasis atlântico’ para as cruzadas messiânicas do neo-capitalismo euro-atlântico. Não me parece tarde demais para relembrar que, para os socialistas açorianos da minha geração, o conturbado período revolucionário 1974-1980 não permitiu aprofundar muitas das especificidades inéditas da Autonomia política. Como se viu, a prioridade da militância socialista da época foi centrada na garantia da irreversibilidade do p ro ce sso d e mocr á t i co g loba l . Pessoalmente, não seria elegante rejeitar o facto de que (durante 20 anos,1976-1996), a maioria dos eleitores insulares puniu (demoradamente, a meu ver) a metodologia então assumida pelo Partido Socialista Açoriano. Está mais que visto que a Democracia não é um fim em si, mas sim um instrumento valioso de recurso para amaciar as arestas sociais do pluralismo politico das comunidades. Em função do resultado apurado nas próximas eleições regionais (com ou sem maioria absoluta) a administração dos Açores será conferida àquela equipa política que merecer a enorme responsabilidade que lhe espreita. Em democracia representativa, não é conveniente menosprezar a dor inevitável da vigilância mútua. Boa sorte, Açores!

Reflexos do Dia-a-dia

Memorandum

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Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 COLABORAÇÃO 11

Com o potencial risco de mais um ano de seca, como habitualmente a agricultura é sempre o alvo prefer-ido para cortes neste precioso líquido Esta não é a primeira vez que dedicamos este nosso trabalho à pos-sivel realidade de um ano seco, quando as reservas de água no Estado da California estão acen-tuadamente baixas aproximando nu-meros negativos recorde, e enquanto uma boa parte da população, e os Tribunais, estão advogando mais água para os peixes poderem nadar rio-acima, enquanto algumas col-heitas estão morrendo de sede. Uma sub-comissão do Congresso dos Estados Unidos reuniu-se recente-mente em Fresno, California, para se informar da crise da água no Estado Dourado. O processo informativo normalmente tem sucesso, mas daí até resolver o problema é habitual-mente uma longa jornada, especial-mente um problema desta magnitude, além do facto de que nos aproxima-mos do terceiro ano de menos que o normal de chuvas. Nas últimas quatro décadas não se construíu nen-hum grande projecto para aumentar a nossa capacidade de reserva de água. Apenas cerca de um terço das águas e nevões caídos neste Estado são aproveitadas, os outros dois terços vão directamente para o Oceano, criando escassez, não só para a agri-cultura, mas maioritáriamnete nas

áreas metropolitanas ao Sul de San Joaquim Delta. Um oficial encarregado da sua dis-tribuição, indicou que as águas que vão para o Sul, das grandes bacias do Delta têm um impacto económico de cerca de $400 biliões de dólares. Nos anos de racionamento, quando a quantidade de água adequada não vai para o Sul, as culturas morrem, os postos de trabalho diminuem e a área metropolitana do Sul da California não pode matar a sede. Nesta conferência, os dois Con-gressistas do Vale Central, Devin Nunes, R-Visalia e Jim Costa, D-Fresno, falaram da falta de capaci-dade de reservas para água, acrescen-tando unânimamente, (nós temos um sistema de reserva construído para uma população de 20 milhões e hoje temos uma população de mais de 38 milhões, prevista para mais de 50 milhões em 2030). Tom Birmingham, gerente de “Westlands Water District”, disse que 23% da força de trabalho agrícola perderão os seus postos de trabalho na produção agrícola, quando os agricultores abandonarem algumas das suas culturas nas terras mais sequiosas, devido a uma ordem do Tribunal que direciona a água para os peixes e não para as terras lavradias. Uma grande operação agri-cola nesta região do vale central já reduziu para dois terços a sua força de trabalho a tempo inteiro. O Congressista George Radanovich,

R-Mariposa, comentou que vem complicar o estado das coisas quando os Juizes dos Tribunais se transfor-mam em Senhores dos Rios, acres-centando ainda que de “Endangered Species Act” está exagerada e com falta de nova legislação para uma completa reforma. Enquanto a mentalidade de muitos cidadãos continuar radicalmente a exagerar, para um lado ou outro, os problemas continuarão sem ser re-solvidos. Durante um recente pro-testo, individuos traziam sinais que diziam em Inglês, “Save a fish. Screw a farmer” . Pensei que no fu-turo se alimentariam só a peixe, mas de repente ocorreu-me que eles não sabem pescar. Géneros alimentícios, incluindo o leite e produtos do mesmo, têm uma tremenda importância nas vidas das pessoas e animais, e os politicos que nos representam terão que crescer para as ocasiões. A presente crise financeira é apenas o principio das crises, a próxima pode ser a dos ali-mentos que vem para as nossas me-sas, porque ao contrário do que al-guns ainda pensam, estes não crescem nos prateleiros dos Super-mercados.

Temas de Agropecuária

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CONVERSA COM JESUS Converse com Jesus todos os dias, durante nove dias orar: Meu Jesus em Vós depositei toda a minha confiança. Vós sabeis de tudo, Pai e Senhor do Universo, sois o Rei. Vós que fizestes o paralítico andar, o morto vol-tar a viver, o leproso sarar, Vós que vedes minhas angústias, minhas lágrimas, bem sabes, Divino Amigo, como preciso alcançar do Vós esta grande graça: (pede-se a graça com fé). A minha conversa conVosco, Mestre, dá-me ânimo e alegria de viver. Só de Vós espero com fé e confiança (pede-se a graça com fé). Fazei, Divino Jesus, que antes de ter-minar esta conversa que terei conVosco durante nove dias, eu alcance esta graça que peço com fé. Com gratidão publicarei esta oração para que outros que precisem de Vós aprendam a ter fé e confiança na tua misericórdia. Ilumine meus passos, assim como o Sol ilumina todos os dias o amanhecer e testemunha a nossa conversa. Jesus, tenho confiança em Vós, cada vez mais aumenta a minha fé, por graças alcançadas. CS

Toadas à Graciosa num guardanapo de papel Graciosa doce e calma Tão serena, graciosa. Fico contigo na alma, Que, longe, fica ciosa. Ilha branca, tão maneira Na Praia, em Santa Cruz, Nas entranhas da Caldeira, Na claridade da Luz. Nas águas do Carapacho Ou nas do Barro Vermelho Fico tão jovem que acho Que nunca mais serei velho. Porto Afonso vermelho Negro o ilhéu da Baleia Serra das Fontes espelho De verde e alma bem cheia. Do Farol a vista é larga: Terceira, S. Jorge e Pico O Faial mais à ilharga E eu varado me fico. Dei-te a volta no teu seio, Dei-te a volta pelo mar. Fiquei preso no teu meio, Já não sei senão voltar. Quem não sabe como és, Não entende este cantar, Este sentar-me a teus pés, Este sentir-me ficar. Quem só no mapa te viu E nunca em ti se quedou, Não devia dar um pio, E, se falar, que falou? O teu silêncio é brando Azul suave, mas fundo. Tem essa paz que eu ando Em vão buscando no mundo. Cantar-te assim soa a falso Eu sei, mas culpa não tens. Estas rimas que eu te faço É que não valem vinténs. Porque se eu fosse capaz De cantar-te como és, Vinha todo o mundo atrás, Ter contigo a sete pés. Deixa-te só, não faz mal. Sorri p'ra dentro e goza Essa paz porque afinal Quem tem graça é graciosa. Por isso o bom é calar, Manter p'ra nós o segredo. Deixar o mundo pensar Que estar em ti é degredo. Versos escritos num guardanapo No Restaurante português "O DINIS" East Providence, Rhode Island, EUA 23 de Junho de 2008

Onésimo Teotónio Almeida

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Visite a webpage da Portuguese Heritage Publicatiosn

of California www.Portuguesebooks.org

Acha que valeu a pena a Azores Ex-press investir no mercado da saudade da California? Apraz-nos reportar que não se trata de um mercado puramente «da saudade», pois já começamos a encontrar novos viajantes nos nossos voos, embora se reconheça que ainda é um mercado muito de-pendente daquela vertente. Assim sendo, cremos que não só valeu, mas continuará a valer a pena investir na referida rota. Como é que tem respondido a SATA Air Acores? Com um sistema de rotas domésticas complexo, operando cerca de 12,000 voos por ano entre as 9 ilhas dos Açores, a SATA tem procurado oferecer as mel-hores soluções para o passageiro que se desloca inter-ilhas. Para os passageiros que originam nos EUA e Canada e que se destinam a outras ilhas para além de S.Miguel e Terceira, foi criada uma tarifa única; foram reduzidas as tarifas pratica-das para o transporte de excesso de ba-gagem; foram melhorados os horários por forma a minimizar o tempo de espera do passageiro até ao seu destino final nos Açores; foram disponibilizados todos os voos da empresa através dos vários GDSs utilizados neste mercado; de um modo mais geral, foi decidida a renovação da frota, o que representa um investimento muito significativo para a dimensão da empresa; enfim, apenas uma série de medidas que mostra que a SATA é uma empresa moderna, atenta, e que se adapta às necessidades do mercado onde opera. Os 30% de desconto propostos pelo Governo Regional dos Açores alguma vez entrou em vigor? Sim, está em vigor desde que foi promul-gado pelo GRA. Aplica-se para o período Setembro-Maio. De notar que é apenas uma percentagem do total de lugares em cada voo que são disponibilizados àquela tarifa promocional. Naturalmente, e como qualquer outra promoção, são tarifas que têm muita procura e por isso esgotam

mais depressa. Se está em vigor, como é que se proc-essa esse desconto? Da parte do passageiro não é preciso fazer nada de especial, uma vez que os lugares ficam disponibilizados nos sistemas de vendas. Ou seja, qualquer agente (ou pas-sageiro) pode em qualquer altura verificar se ainda existem lugares disponíveis àquela tarifa promocional. No caso dos agentes através dos variados sistemas que utilizam, e no caso dos passageiros ligando directemante para os nossos es-critórios, ou mesmo até através da nossa página da internet sata.pt. Está a SATA a pensar comprar um avião capaz de fazer a rota California-Açores sem paragem em Hamiltom, Canada? Depois da renovação da frota da SATA Air Açores, a SATA Internacional provávelmente irá equacionar a hipótese de renovação da sua frota de aviões de longo curso. Eventualmente, é possível que alguma das aeronaves que fique ao serviço da SATA possa fazer o referido percurso sem paragem para reabasteci-mento. Uma familia para viajar para os Acores paga os "olhos da cara". Que boas notícias podemos esperar para o ano, mesmo sabendo da instabilidade dos mercados? É preciso ter em consideração que esta-mos perante rotas extremamente penali-zadas pela sazonalidade e, portanto, com hipótese de diluição de custos muito limi-tada. Assim sendo, as tarifas praticadas pela SATA nos EUA são as tarifas comensuráveis às companhias aéreas que operam em sectores cuja duração de voo se assemelha. Vive-se uma crise geral no sector da aviação civil, e os efeitos da mesma já se notaram num agravamento das tarifas publicadas pelas transportado-ras. Contudo, temos introduzido, ao longo do ano, uma matriz tarifária mais flexível

e estamos confiantes que para no pro-grama para 2009 trazemos soluções ape-lativas. Como é que define os resultados da campanha de 2008? Quantos pas-sageiros movimentou? Cremos que os resultados foram aceitáveis dada a sazonalidade do pro-grama. Trata-se de um programa muito curto onde qualquer falha é extremamente penalizante. Movimentamos cerca de 5,800 passageiros, o que representa um pequeno decréscimo em relação ao ano de 2007. Fale-nos um pouco da Azores Express. Trata-se de um operador turístico ameri-cano sediado e fundado nos EUA em 1986, sendo o Grupo SATA detentor de 100% do capital. Tem como missão «fazer a ponte» entre as comunidades

Portuguesas dos EUA e os Açores, Ma-deira e Portugal, bem como procurar outras oportunidades de negócio a favor do Grupo SATA, nomeadamente ao que se refere ao mercado turístico e seus de-rivados. O que é que faria de diferente nestas viagens se tivesse o poder de o fazer? Estamos conscientes que poderemos sem-pre fazer mais e melhor e continuamos a trabalhar justamente para isso. Se tivesse o poder para fazer algo diferente escolhe-ria, sem margem de dúvida, a hipótese de aumentar o número de passageiros nas épocas baixa e intermédia, visto que é o «calcanhar de Aquiles» do mercado em que estamos inseridos. Com esse fluxo extra, abrir-se-iam, certamente, outras oportunidades de melhorar todos os ser-viços oferecidos, bem como a hipótese de praticar um tarifário mais variado.

Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 ENTREVISTA 12

Nuno Puim é o responsável pela Azores Express, sediada em Fall River. Desde 2006 que esta empresa de capital açoriano (a SATA detém 100 %), tem sido a transportadora dos nossos semi-directos voos de Oakland para a Terceira. Mesmo num ano de crise económica desfavorável, o mercado da “Saudade” ainda movimentou 5,800 pessoas.

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Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 COLABORAÇÃO 13

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Agua Viva

S o recordar é viver, como dizem, então estou certa de que também será um bom motivo de entretenimento e terapia para a solidão e nos-talgia e as experiências de vida contadas po-

dem ser exemplos a seguir. O importante é conseguir transmitir essa vivência que sempre poderá ser luz no caminho de quem nem conhecemos. Para mim, é absolutamente gratificante saber que entre Portugueses na Diáspora, temos quem nos pode servir de exemplo. E bem perto de nós, mas que por vezes são tão humildes que apenas os vemos nos lugares que cuidam de nós, quando mais necessitamos: nos hospi-tais! E hoje vou precisamente falar de uma pessoa que tem sido deveras importante para os Portugueses. Chama-se Benvinda Dias, nasceu na Ilha Terceira, tirou o Curso de Enfermeira Geral na Escola de Enfermagem de Ponta Delgada, São Miguel em 1963 e ao regressar à sua Ilha, trabalhou durante cinco anos no Instituto Ma-terno-Infantil, um programa governamental de preven-ção para as mulheres grávidas e crianças até aos 7 anos de idade, e ao mesmo tempo durante um ano no Hospi-tal de Angra do Heroísmo. Mas o destino e a maioria dos familiares já residentes na California, assim como o desejo de emigrar do marido Manuel, fizeram com que Benvinda fizesse uma das mais difíceis decisões da sua vida: partir, temendo pelo seu maior sonho desde criança que era o de ser enfermeira, uma profissão li-gada à medicina e saúde, e a missão de ajudar os seus semelhantes. Os primeiros tempos do emigrante são sempre um de-safio, sobretudo pelo idioma, e inúmeras vezes se pensa que não se é capaz de ultrapassar essa barreira, mas apesar de ter dois filhos pequenos e um por nascer, Benvinda, não se conformou. Primeiro, via o “Sesame Streat” com os filhos e depois resolveu que devia lutar de novo pelo seu sonho. E para que fosse possível ob-ter em Inglês as suas licenças estaduais de Enfermeira, começou por trabalhar numa casa de convalescença, depois ingressando no Emanuel Medical Center, um hospital da cidade de Turlock, cidade de acolhimento, e ao mesmo tempo que estudava, exercendo enfermagem em diversos departamentos, desde emergência, cuida-dos intensivos, e em muitos casos como intérprete, não só para a comunidade portuguesa como para a hispânica, e ainda pessoal médico. Todo o seu em-penho e esforço não passaram despercebidos aos seus superiores que depressa lhe deram altos cargos admin-istrativos, como House Supervisor, com 600 fun-cionários de enfermagem à sua conta, onde tudo tem de funcionar na perfeição, uma enorme responsabilidade com exigência na qualidade de liderança, supervisão diária, capacidade de resolver problemas de crise. A par da sua profissão de Enfermeira, fez cursos que lhe permitem ser professora de enfermagem e monitora de estagiários no hospital, e ainda cursos de gerência, Fei-ras da Saúde, rastreio de doenças, assistência e apoio social a famílias carenciadas. Porque não esqueceu as suas raízes, Benvinda sabe que hoje em dia se dá muita importância à cultura dos po-vos no seu tratamento, e que no Emanuel Medical Cen-ter de Turlock, esse é um dos atributos sobre os quais ela fez muitas palestras, pôde também transmitir aos seus superiores de medicina o sentir dos açorianos quando nas horas mais difíceis, constantemente se la-mentam dizendo “ai Jesus, ai Jesus!” , coisa que não entendiam: “a forma de buscar alívio para a dor ou a incerteza da cura”, e foi mais fácil para o pessoal médico lidar com esses doentes e entendê-los”. Após 32 anos de serviço prestado neste mesmo Hospi-tal, onde muitos a chamaram de Anjo caído do Céu, Benvinda Dias, (Benny para pessoal médico, de enfer-magem e amigos), no passado dia 10 de Outubro, foi alvo de bonita homenagem de aposentação, por todos quantos a estimam e guardam dela as melhores lem-branças que neste pequeno rectângulo não cabem para contar. Pela sua constância, força e exemplo de Mulher deste Tempo, Felicidades e Parabéns merecidos. Para esta minha visinha da Ilha, amiga de infância, comadre pelo baptismo da minha filha, o meu incon-tido orgulho, pois se é verdade que recordar é estar em comunhão com o passado, o meu presente ficou mais enriquecido.

Rádio Clube Português

Director: João Vidal Cardadeiro Produtor: José C. Rosa

Aos Sábados das 2:05 às 5 da tarde

Estação: KNRY - 1240 AM www.knry.com

Monterey, CA

Telefones: 408-259-2988 San José

Benvinda com as irmãs e filho - Lourdes Costa, Madre de Deus e Humberto Contente e filho Mike Dias

Benvinda Dias (ao centro) com amigas e colegas de serviço, algumas delas que a acompanharam durante 32 anos como enfermeira no Emanuel Medical Center em Turlock

Please join us in celebrating the completion of our Kitchen

Renovation Project

Friday, November 14, 2008 5:30 to 8:00 PM

Portuguese Community Center 1115 East Santa Clara Street

San Jose, California

Wine and hors d’oeuvres will be served

Page 14: Portuguese Tribuna #2

Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 COLABORAÇÃO 14

P ode afirmar-se que foi a 25 de Outubro de 1147 que se iniciou

o período medieval, cristão, da cidade de Lisboa. Animado pela conquista de Santarém, D. Afonso Henriques lança-se sobre Lisboa, empresa difícil dadas as excelentes condições de defesa do burgo. O ataque cristão inicia-se nesse ano de 1147. As forças reais haviam sido re-forçadas pelos componentes de uma ar-mada de 160 navios, transportando uns 10 000 cruzados ingleses, bretões, flamengos e alemães que se dirigiam à Terra Santa e que durante uma escala no Rio Douro foram persuadidos pelo bispo do Porto a colaborar na conquista de Lisboa. Os cruzados, entrados pelo Tejo, encon-traram-se com as forças de D. Afonso Henriques, 1 000 lanças e peonagem, num total de cerca de 5 000 homens. Am-bas hostes iniciaram então uma série de recontros com os mouros na zona onde hoje se situa a Baixa lisboeta. Por fim, ocupadas as cercanias, e incendiado o casario, foi posto cerco à cidade. Os sitiados lançavam frequentes sortidas, enquanto que as sete catapultas dos si-tiantes flagelavam os defensores das mu-ralhas com grossos pedregulhos. Em Ou-tubro os alemães concluíram a escavação de uma mina sob as muralhas. Um pano destas abateu mas os muçulmanos resisti-ram encarniçadamente na brecha. Entretanto os ingleses haviam construído uma torre de madeira da altura dos adarves, que aproximaram das muralhas. Embora os mouros tivessem conseguido incendiar esta torre e danificado algumas catapultas, ante a iminência de um com-bate corpo-a-corpo, exaustos e famintos, os defensores capitularam a 24 de Outu-bro. O assédio durara quase vinte semanas. D. Afonso Henriques entrou a 25 na ci-dade, já então impiedosamente saqueada por alemães e flamengos. Este saque con-stituia parte do acordado com o rei portu-guês, uma recompensa pelos serviços prestados pelas forças estrangeiras. A 1 de Novembro a mesquita da cidade foi sagrada como Sé Catedral, mais tarde encabeçada por D. Gilberto de Hastings, um dos cruzados. Após a conquista começaram a erguer-se igrejas e mosteiros pela cidade e colinas circunvizinhas. Logo no ano seguinte foi construído o mosteiro de S. Vicente de Fora, entregue à Ordem de Santo Agostinho. Junto à Sé encontra-se o local onde por volta de 1195 nasceu Fernando de Bul-hões, filho de um abastado mercador. Entrando como noviço aos quinze anos no mosteiro de S. Vicente de Fora, fez-se mais tarde frade franciscano Morreu em Pádua a 13 de Junho de 1231 e foi can-

onizado no ano seguinte. Santo António é o pa-droeiro de Lisboa e ainda hoje o povo lisboeta o

celebra no mês de Junho com alegres festejos em Alfama. No tempo de D. Afonso III, feitos aterros e encanado um braço do Tejo, o centro da cidade desloca-se para sudoeste, portanto para a beira do rio. É aí que se fixam ar-tesãos e pescadores, estes habitando Cata-que-farás, o moderno Cais do Sodré, e surge a Rua dos Mercadores, ligando a cidade velha ao Rossio, artéria que em breve se torna a mais importante do novo aglomerado populacional. Contudo, como eixo da cidade, foi mais tarde de-stronada pela Rua Nova, ou Rua Nova dos Mercadores, paralela à Ribeira das Naus. A cidade tornara-se o centro nevrálgico do país. Assim, após D. Afonso Henri-ques lhe haver concedido foral em 1179, em 1255 D. Afonso III transfere a capi-tal de Coimbra para Lisboa. Empurrados os mouros para fora da an-tiga medina amuralhada, fixaram-se estes em duas encostas, a de Al-hama, hoje Alfama, e a que ainda preserva o nome de Mouraria, então zona de hortas. As duas áreas já eram aliás arrabaldes mouriscos antes da conquista. Muitos judeus viviam na antiga Lisboa mourisca. Com o posterior desenvolvi-mento urbano surgiram na Lisboa cristã quatro judiarias. A da Pedreira, nas ime-diações do actual Largo do Carmo, desac-tivou-se em 1317. A Judiaria Pequena foi demolida no tempo de D. Fernando. Situava-se perto do extremo sul da pre-sente Rua do Ouro. A de Alfama estava localizada na parte baixa do bairro, cerca da igreja de S. Pedro. Curiosamente ainda hoje se pode aí ver a assim denominada Rua da Judiaria. A maior era a Judiaria Grande ou Judiaria Velha, que ocupava o espaço agora compreendido entre a igreja da Madalena e as de S. Nicolau e S. Julião, portanto a zona um pouco ao norte da actual Praça do Comércio ou Terreiro do Paço. As ruas que davam acesso às judiarias e mourarias eram “tapadas”, isto é, fecha-das após o toque de Avé-Marias. A partir dessa hora nem os moradores podiam sair (com excepção dos físicos judeus) nem os cristãos eram autorizados a penetrar nesses bairros. Talvez em 1290, portanto durante o re-inado de D. Dinis, numas casas junto a Alfama, foram instalados os Estudos Gerais, ou seja, a primeira universidade do país, que iria minimizar a necessidade de jovens escolares portugueses terem de frequentar universidades estrangeiras. Mais tarde o Infante D. Henrique cedeu aos Estudos Gerais novas casas, a S. Tomé, criando-se assim o chamado bairro dos escolares. Devido a pestes que assolaram a capital e a numerosos conflitos entre estudantes e populares, a universidade oscilou cinco

vezes entre Lisboa e Coim-bra, acabando por se esta-belecer definitivamente nesta última cidade no sé-culo XVI. 1370 marca o ano em que a voz do povo se faz sentir pela primeira vez em Lis-boa. D. Fernando havia tomado por amante D. Leonor Teles, a mulher de um seu vassalo, e pretendia casar com ela, o que escan-dalizou a população da capital. Então uns 3 000 homens armados, conduzi-dos pelo alfaiate Fernão Vasques, dirigem-se ao paço real para exigir ao monarca que, nas palavras da crónica de Fernão Lopes, não “tomasse mulher alhea que era cousa que nom aviam de consentir”. O rei convoca-os para uma reunião no dia seguinte, no adro da igreja de S. Domin-gos para lhes expor o caso mas entretanto sai secretamente de Lisboa com D. Leonor Teles. O resultado final foi a execução de Fernão Vasques e de outros cabecilhas do levantamento. Ante a expectativa de uma invasão castel-hana, tornou-se necessário erigir em Lis-boa muralhas defensivas, que proteges-sem os novos bairros. A chamada Cerca Nova ou muralha fernandina foi pois con-struída entre 1373 e 1375 e passou a fixar os agora mais alargados limites do burgo. Com um perímetro superior a cinco quilómetros, a nova cerca abrangia uma área de cem hectares. As muralhas esta-vam dotadas de várias portas, como as de Santo Antão , da Mouraria e de Santo André, assim como a oriente a porta de Santa Cruz (na hodierna zona de Santa Apolónia), a ocidente a de Santa Catarina e a sudoeste, a de Cata-que-farás. Estas fortificações foram postas à prova quando, em Março de 1384, os castel-hanos avançaram até Lisboa, que cer-caram, ao mesmo tempo que as suas galés procuravam impedir as comunicações fluviais. A defesa da capital foi organizada pelo Mestre de Aviz, o futuro rei D. João I. Perante a aproximação das hostes inimi-gas, grande parte do povo dos arredores buscou abrigo dentro das muralhas. Foi então ordenado que saíssem barcas e batéis para a Margem Sul e para o Ribatejo com o fim de trazer pão, carne, que depois era salgada, e outros manti-mentos que se desembarcavam em Enxo-bregas, hoje Xabregas . Dentro da cidade foram constituídas “quadrilhas” de defensores, cada uma encarregada de um sector das muralhas. Dotadas estas de sinos, na iminência de um ataque podia-se assim pedir auxílio aos restantes moradores, que prontamente se armavam e corriam ao local. Em algu-mas torres foram instalados trons, as primitivas peças de artilharia, que dis-

paravam pedras. Em outras torres eram guardados lençóis destinados a ser feitos em tiras para vendar feridas, assim como grande quantidade de triaga, ou seja os medicamentos do tempo. As forças de D. João I de Castela optaram por uma táctica de desgaste, esperando que a escassez de alimentos levasse à capitulação. Os resultados não se fizeram esperar. Em breve os defensores foram forçados a abater o gado cavalar existente no burgo e até a comer pão de bagaço de azeitona, queijo de malvas e raízes de ervas. Pelo terreiro do antigo mercado, adultos e crianças esgaravatavam as gre-tas do solo metendo avidamente na boca os raros grãos de trigo que conseguiam achar. Os poucos alimentos que ainda restavam ou os trazidos pelas embarca-ções que podiam romper o bloqueio cas-telhano atingiam preços astronómicos, Para tentar de algum modo aliviar estas carências, o Mestre ordenou a expulsão dos que não pudessem contribuir acti-vamente na defesa, incluindo os judeus e aquelas que Fernão Lopes designou como “mancebas mundanairas”. A princípio estas gentes acolheram-se ao arraial cas-telhano mas pouco depois começaram a ser reenviadas à cidade. O assédio foi finalmente levantado. A peste havia atingido o campo inimigo, onde em alguns dias chegavam a morrer duzentos homens. A própria rainha havia sido contagiada e D. João de Castela foi forçado a retirar-se. Restabelecida a paz, a cidade continuou a progredir. Em 1395 regularizaram-se as actividades comerciais e artesanais por meio de ruas reservadas a estabelecimen-tos de determinados mesteres. Pelos fins do século XIII fora já grande-mente incrementada a actividade marí-tima e o estuário do Tejo coalhava-se de navios. Afluiram a Lisboa, na expressão de Fernão Lopes, “estantes de muitas ter-ras”, ou seja mercadores da Itália, Es-panha e outras regiões. Estava assim aberto o caminho para a expansão ultra-marina que iria fazer de Lisboa uma das mais prósperas cidadesda Europa renas-centista.

[email protected]

Minha Língua Minha Pátria

S empre que vejo report-agens dos Açores e

mesmo sempre que os visite, alegro-me com o progresso at-ingido, pois sociedade que não avança com o tempo, sociedade que não muda consoante as ne-cessidades e ansejos dos seus cidadãos, é sociedade sem fu-turo. Os Açores tem crescido e tem mudado para melhor, é claro com algumas excepções, uma das quais e que me faz escrever estas linhas são as nossas touradas à corda.Sei que a minha

juventude teria sido muito mais fácil sem os preconceitos e as mil e uma restrições impostas ao cidadão e sobretudo à mulher, mas quando vejo através a RTPa as actuais touradas na nossa querida ilha, vejo que há mudan-ças que teriam que ser mais dis-cretas. Sei que de nada serve viver no passado, mas pensar nas touradas do meu tempo alegra-me o espírito e aquece-me o coração. Sei que ainda existe entre os leitores da nossa Tribuna, muito boa gente que como eu se lembra das touradas do nosso tempo. Dia de tourada

era dia de festa, no verdadeiro sentido da palavra, não era coisa banal que acontecesse todos os dias, era o que assinalava o fim das celebrações das festas da freguesia. O arraial começava cedo com a chegada das mulheres que en-chiam as janelas e os balcões formando um quadro das mais diversas cores e beleza, que nen-hum pintor se atreveria a pintar. No caminho os homens menos aventureiros procuravam alguma pa rede ou balcão que lhes ofere-cesse alguma segurança. Os mais jovens ficavam passeando, inter-essados nas moças disponíveis, enquanto estas iam dando al-guma esperança ao marialva que mais as atraia. Muitos casamen-tos resultavam de namoros ini-ciados assim, enquanto outros acabaram numa cena de ciume quando algum mais atrevido tentava roubar a moça compro-

metida...escusado será dizer que isto quase sempre acabava com a famosa " briga", um dos elemen-tos da tourada que nada me agradava. Como vêm ainda não falei no principal da festa...o senhor toiro. Quando o foguete se ouvia, todas as actividades paravam para dar lugar ao espec-taculo....sim, podia chamar-ser espectaculo. No meio do caminho o toiro mostrava a sua força, beleza e superioridade, enquanto alguns homens " os capinhas " o estudavam a ver se descobriam alguma vulnerabili-dade, para depois mostrarem as suas habilidades, que por vezes os tornavam famosos na ilha. Ainda recordo alguns nomes de capinhas famosos : O Frisa, o Chinelo, o Burra Branca, o João dos Ovos e mais tarde o Dimas Alves que elegantemente pas-sava o toiro com a sua varinha mágica. Eram homens corajosos

que conheciam e respeitavam o toiro. Era uma tarde de beleza, arte e emoção. Estas são algu-mas das minhas memórias da toirada à corda de outrora. O que vejo agora é um animal desorientado a servir de brin-quedo a dezenas de jovens, que não têm a mínima noção da no-breza daquele animal. Tambem me surpreende um arraial com muitas janelas fechadas, en-quanto as mulheres estão disper-sas por paredes e balcões pobre-mente seguros. Enfim coisas do tempo, mas o pior é ver o toiro sem a mínima possibilidade de mostrar a sua bravura e o seu valor. Será que ainda existem toiros famosos? Parece-me que cheguei ao fim desta corrida e espero alguém tenha revivido comigo uma das tradições mais queridas da Ter-ceira Até à volta

Coisas da Vida

Page 15: Portuguese Tribuna #2

Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 FESTAS 15

Jeremisas Macedo, Nathalie Pires (grande voz, grande presença desta jóvem de New Jer-sey), João Pinheiro, Jesualda Azevedo e o Grupo de Guitarras “7 Colinas” com Helder Carvalheira, Manuel Escobar e João Cardadeiro.

Comissão de Festas, Artistas, pregador da festa, todos juntos a celebrarem uma bela noite de fados

Page 16: Portuguese Tribuna #2

Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 FESTAS 16

Bodo de Leite com variados carros alegóricos - Páscoa, Homenagem às Forças Armadas da América, Nascimento de Cristo, Thanksgiving. Para o ano está prometido um Bodo de Leite com um tema nunca visto na California.

Rainhas de 2008 - Rainha Grande Carolina Vargas, aias Ashley Silveira e Melissa Villanueva - Rainha Pequena Delilah Vieira, aias Rachel Chaves e Makaila Lourenço

Presidente Richard e Blanca Edwards, padre José Rodrigues (de Bragança, Portugal), Hermínia Inácio Embaixo (esq) - Manuel dos Santos, José Ribeiro, João Pinheiro, João Angelo, José Plácido, Vasco Aguiar e Luís Nunes. Dir: mais parecia a cozinha de um barco de cruzeiro do que a da Festa de Thornton. Serviram-se mais de 5000 almoços, que passaram pelas mãos destes homens e mulheres. E ainda aqui faltam os da outra cozinha.

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Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 THORNTON 17

Missa Campal. Embaixo: Coroação da Rainha da Festa Carolina Vargas

Presidente Richard e Blanca Edwards no momento de serem coroados

Vice-Presidente João e Hermínia Inácio, Blanca e Richard Edwards, Presidente

Rainha Grande Carolina Vargas com as suas aias Ashley Silveira e Melissa Vilanueva Rainha Pequena Delilah Vieira e aias Rachel Chaves e Makaila Lourenço

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Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 THORNTON/PATROCINADORES 18

Servindo o Vale desde 1984

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Aspecto da Missa Campal - Presidente e Vice-Presidente depois da Procissão

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Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 COMUNIDADE 19

A família de José A Rocha deseja agradecer à Azores Band of Escalon pela organização de um jantar a favor de Joe B. Rocha, como é do conhecimento de todos vós. O jantar foi um grande sucesso, bem como a arrematação de centenas de ofertas dadas por tantos amigos. Não temos palavras para agradecer a todos que de boa vontada par-ticiparam no jantar e a todos aqueles que o fizeram possível. Também queremos agradecer a todos as pessoas que rezaram, mandaram cartões, desde o norte ao sul da California pelas melhoras do Joe. A tanta e tanta gente amiga, muito e muito obrigado, mil vezes obrigado em nome da família de José A Rocha e que Deus vos pague um dia no reino celestial. Thank you.

Segundo noticia o Jornal do Pico, Cristiano da Rosa, de San Diego, ofereceu ao Museu da Indústria Baleeira uma réplica do rebocador de baleias “Cachalote” à escala de 1:50. O Director do Museu, Manuel Francisco Costa agradeceu a doação, numa cerimónia simples, na presença de alguns familiares de Cristiano da Rosa. A miniatura foi eleborada por José Vitorino Silva, natural de Santo Amaro, a residir na California. Cristiano da Rosa antes de emigrar para a California foi maquinista do rebocador, enquanto o seu pai, Cristiano Garcia da Rosa (Januário), natural de São Roque, foi mestre. O “Cachalote” é sem dúvida uma embarcação em-blemática da baleação. Construída em 1944 por Manuel José da Silveira, rebocava desde a Ilha do Faial até São Roque do Pico, à rampa junto à Fábrica da Baleia, os cetáceos capturados. Com matrícula SR-56-TL, pertencia à Sociedade Baleeira ”Armações Baleeiras Reunidas, Lda” e sofreu três tranformações na sua estrutura, aca-bando por ser vendida ao vizinho arquipélago da Madeira, já como atuneiro. In jornal do pico

Ana Vieira reside em Moun-tain View. Nasceu em For-tuna, California. Foi para os Açores com os seus pais quando tinha dois anos e meio, onde ficaram a residir por dezassete anos. Os pais eram da freguesia da Serreta. Regressou à California com 19 anos, e dois anos depois casou com Joe Vieira e daí nasceram o Joe, Albert e Madalena. Ana Vieira tem seis netos e onze bisnetos. Tribuna Portuguesa sauda a amiga Ana Vieira por este tão celebrado aniversário.

Ana Vieira com toda a sus família

Ana Vieira com seus pais - Guilherme Dutra de Sousa e Alexandrina Nunes de Sousa

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I.D.E.S. - Irmandade do Divino Espirito Santo do Estado da CA. Um grupo de 46 excursionistas sairam de Oakland na SATA Internacional com destino à Terceira na Terça-Feira, dia 24 de Junho por intermédio da Hilmar Travel Agency e Agente, José Peres, actual Pre-sidente Supremo da I.D.E.S. Foi iniciada a excursão em Angra do Heroismo nas Festas de Sanjoaninas, du-rante 4 dias. Em seguida visitararn as Ihas do Faial e Pico por mais algums dias. Na Ilha da Madeira, e no dia 3 de Julho houve a Homenagem à Associação Ma-deirense que se incorporou na T.D.E.S. em 1999, com a apresentação de uma placa comemorativa que foi colocada na Biblioteca da Cidade de Funchal num espaço dedicado aos seus Emigrantes. No dia 6 de Julho na Ilha de São Miguel houve a Homenagem Póstuma ao Rev. Albano Oliveira com a apresentação da Coroa do Espírito Santo original da Igreja de Todos Os Santos de Hayward, CA.. Houve Missa celebrada na Igreja Baptis-mal do Sr. Pe. Oliveira pelas 12:30, cele-

brada pelo Rev. Edmundo Pacheco, com a presença do Sr. Vasco Cordeiro, repre-sentando o Governo Regional dos Açores, e o Sr. Ricardo da Silva, Presidente da Câmara da Ribeira Grande, na Igreja Ma-triz de Nossa Sra. da Estrela. Depois da Missa, e no Jardim da Igreja houve urn jantar de Sopas e Carne, e à tarde, Procissão com a participação de todas as Coroas, e Bandeiras do Espirito

Santo daquele Conselho, e abrilhantada por 4 Filarmónicas da Ilha. A nossa Homenagem ao Rev. Oliveira aconteçeu no dia do Encerramento das Festas do Espirito Santo da Ribeira Grande. O Grupo também teve oportunidade de assistir a inauguração das Portas do Mar em Ponta Delgada. Tambem em grupo foram visitar no Faial, Os “Capelinhos” e o sítio da erupção vulcanica de há 50

anos. Terminou a excursão no dia 7 de Julho, algums voltaram a Terceira, à Praia da Vitoria para novamente embarcar na SATA Internacional com destino a Oak-land. Outros foram para outras Ilhas, no nosso caso, voltámos para a Ilha do meu marido, a Ilha do Pico, e à freguesia de Santa Bárbara das Ribeiras, para passar mais um mês, e depois para a Terceira

(ilha das minhas raízes) para assistir às lindas Festas da Praia da Vitória, regres-sando à California no dia 12 de Agosto.

Joanna V. Carnara, Secretaria da Co-missão I.D.E.S. Excursão., 2008 3520 Oakes Dr. Hayward, CA. 94542 510-538-7982

Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 COMUNIDADE 20

Cidade do Funchal - Homenagem à antiga Sociedade - Associação Madeirense. Ao centro a Dra. Maria João Delgado, representante do Governo Regional da Madeira

Igreja Matriz da Ribeira Grande. Presidente da Câmara Ricardo Silva com a Coroa

Busto do Co-Fundador da I.D.E.S. Rev. Manuel Francisco Fernandes, em Santa Cruz das Ribeiras, Pico

PROGRAMA

6:00 - 7:30 Hora Social, com provas de vinhos e queijo 7:30 Jantar 9:00 Entretenimento Musical 10:00 Baile

Artistas Convidados

Zé Duarte Ilda Maria Ramos

Manuel Cabral Grupo “Saudades da

Terra”

Para compra/ reservas de bilhetes

Contactar:

Manuel Eduardo Vieira 209-761-0691 Lucia Noia 559-960-5974 António Aguiar 562-402-9448 Donativo: $50.00 por pessoa

Uma Noite para partilhar amizades

Page 21: Portuguese Tribuna #2

Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 PATROCINADORES 21

Genuino a navegar para Durban Rota Prevista Açores - Cabo Verde - Brasil - Uruguai - Argentina - Cabo Horn (Chile) - Chile - Ilha de Páscoa - Polinésia Francesa - Samoa - Fiji - Austrália - Timor - Indonésia - Maurícias - Madagascar - África do Sul - Ilha Sta Helena - Açores.

Page 22: Portuguese Tribuna #2

DESPORTO 1 de Julho de 2001 Tribune DESPORTO 15 de Maio de 2001 Tribune DESPORTO 15 de Abril de 2001 Tribune DESPORTO 1 de Março de 2001 ACTUALIDADE 15 de Fevereiro de 2001

Triunfo histórico coloca Leixões na liderança Liga portuguesa: Os matosinhenses venceram no Estádio do Dragão por 3-2 e infligiram a primeira derrota na prova ao FC Porto. Bruno Braga bisou e ajudou a equipa a ultrapassar o adversário no topo da classificação. Depois de ter perdido (1-0) em casa na terça-feira diante do FC Dynamo Kyiv, na UEFA Champions League, o FC Porto voltou a decepcionar no Estádio do Dragão ao ser derrotado pelo Leixões, por 3-2, em partida da sexta jornada da Liga portuguesa.

Liderança isolada O matosinhense Bruno Braga marcou dois golos e ajudou sobremaneira a infligir o primeiro desaire na prova ao campeão português, num encontro em que a equipa de José Mota também tirou a liderança do campeonato ao adversário. Os leixonenses podem, no entanto, ser alcan-çados pelo Nacional e Estrela da Amadora, caso vençam os respectivos jogos frente a Setúbal (domingo) e Sport-ing de Braga (segunda-feira). Golo madrugador Em 23 partidas, o Leixões apenas ganhara uma vez no reduto do FC Porto, em 1972/73 (1-0), e desde então somente conseguira empatar (1-1) em 1974/75, mas en-trou nesta sexta jornada no grupo dos segundos classifi-cados, a um ponto apenas do líder FC Porto. E não podia ter começado melhor a partida do Dragão, pois logo aos três minutos, na sequência de um pontapé de canto da esquerda e perante a apatia da defesa portista, Bruno China inaugurou de cabeça o marcador. Lisandro e Rolando perdulários A formação de Jesualdo Ferreira podia ter sofrido o se-gundo tento numa jogada semelhante, à passagem do quarto-de-hora, mas Elvis errou por pouco o alvo. O FC Porto partiu então em busca do empate e viu Lisandro López rematar à figura de Beto aos 19 minutos, antes de Rolando cabecear por cima da barra na zona da pequena área, após cruzamento de Hulk, aos 28. Defesa portista apática Contundo, no minuto seguinte, Joel desmarcou Braga e o médio leixonense, descaído para o lado direito da área e sozinho perante Nuno, voltou a bater o guardião com um forte remate cruzado. Jesualdo trocou imediatamente o defesa-esquerdo Lino pelo jovem avançado Daniel Candeias e, pouco depois, Cristián Rodríguez obrigou Beto a desviar pela linda fundo um violento pontapé. Lucho e Lisandro certeiros A pressão do conjunto da casa produziu efeitos aos 36 minutos, altura em que Lucho González converteu uma grande penalidade a castigar falta de Joel sobre Hulk. Após o reatamento, Beto quase introduziu a bola na sua própria quando escorregou e deixou fugir a bola na se-quência de um remate de Bruno Alves. Mais rápidos do que na etapa inicial, os “dragões” voltaram a marcar aos 61 minutos. Bem lançado pela esquerda, Lisandro tocou a bola para o centro da área com um toque de pé esquerdo em habilidade, que tirou Joel do caminho, e rematou com o direito para o fundo das redes matosin-henses. Bis de Braga O Leixões viu um golo anulado a Zé Manel aos 66 minutos por alegada posição irregular. O FC Porto re-spondeu e, imediatamente a seguir, numa boa troca de bola do ataque, Hulk obrigou Beto a aplicar-se no-vamente, antes de Iorlando Marques atirar ligeiramente ao lado da baliza de Nuno. O Leixões nunca desistiu e, aos 79 minutos, Braga voltou a surpreender Nuno com um remate colocado com o pé esquerdo, enquanto na derradeira oportunidade de golo dos portistas, a dois

minutos do final, Lucho atirou ao poste. Benfica ganhou O Benfica ascendeu ao terceiro lugar da Liga portuguesa ao derrotar a Naval por 2-1, em partida da sexta jornada reali-zada no Estádio da Luz, enquanto o Sporting empatou na Mata Real, frente ao Paços de Ferreira. Cardozo salvador

Depois do nulo ao intervalo, Luisão quebrou a resistência da equipa da Figueira da Foz aos 71 minutos, correspon-dendo da melhor forma de cabeça ao livre apontado por José Antonio Reyes. No entanto, o conjunto de Ulisses Morais chegou ao empate nove minutos depois, quando Marcelinho concluiu ao segundo poste um cruzamento da direita desviado por Carlitos na área. A divisão de pontos perfilhava-se no horizonte mas, a quatro minutos do fim, uma falha de marcação da defesa figueirense permitiu a Óscar Cardozo, entrado a substituir David Suazo aos 66, cabecear à vontade, na sequência de centro largo de Jorge Ribeiro. Sporting a cair O triunfo permitiu à formação de Quique Sánchez Flores, a única ainda invicta no campeonato, ultrapassar o Estrela da Amadora – que na segunda-feira se desloca ao reduto do Sporting de Braga – e o FC Porto, ocupando agora o terceiro posto com 12 pontos, menos um do que o surpreendente duo de líderes constituído por Nacional e Leixões. Em Paços de Ferreira, o Sporting dominou o encontro e dispôs de várias oportunidades para marcar, mas a boa exibição do guarda-redes Cássio Anjos e al-guma falta de eficácia dos seus jogadores impediram o marcador de funcionar. Os "leões" não vencem há três jornadas e viram fugir o rival de Lisboa na tabela, partil-hando agora a quinta posição com o Estrela da Amadora que, caso vença no Minho, junta-se a Nacional e Leixões. Nacional retoma liderança Na Madeira, um penalty de Nené a 12 minutos do final permitiu ao Nacional derrotar o Vitória de Setúbal, por 1-0. O resultado colocou os insulares na frente da classifi-cação com 13 pontos, em igualdade com o Leixões, que, no sábado, derrotara por 3-2 o FC Porto, anterior líder. Também nos ilhéus, um tento de Baba aos 87 minutos anulou o golo inaugural de Niquinha (75) e resgatou um ponto ao Marítimo frente ao Rio Ave, num encontro em que houve uma expulsão para cada lado depois do em-pate dos vilacondenses: o guarda-redes forasteiro Márcio Paiva e Olbderam.

uefa.com

Liga Classificação Equipa J V E D Ptos 1 Nacional 6 4 1 1 13 2 Leixões 6 4 1 1 13 3 Benfica 6 3 3 0 12 4 Porto 6 3 2 1 11 5 Sporting 6 3 1 2 10 6 E. da Amadora 6 3 1 2 10 7 Vitória SC 6 2 3 1 9 8 Braga 6 2 2 2 8 9 CS Marítimo 6 2 2 2 8 10 Naval 1° Maio 6 2 2 2 8 11 Académica 6 2 2 2 8 12 Vitória FC 6 2 1 3 7 13 Rio Ave 6 1 3 2 6 14 Belenenses 6 0 3 3 3 15 P.de Ferreira 6 0 2 4 2 16 Trofense 6 0 1 5 1

A elevada contribuição de Cristiano Ronaldo para o duplo sucesso do Manchester United FC, em Inglaterra e na Europa, foi reconhecida pelos seus pares, pois o extremo português venceu a votação da FIFPro, o Sin-dicato Internacional dos Futebolistas Profissionais, para eleger o melhor jogador da época 2007/08. Votação Ronaldo recebeu o galardão em Manchester esta se-gunda-feira, numa eleição em que participaram os 57,500 membros da FIFPro espalhados pelo globo e sucede assim ao brasileiro Kaká. O internacional portu-guês marcou 31 golos em 34 jogos realizados na Pre-mier League, ganha pelos "red devils", tendo sido igualmente figura de relevo na conquista da UEFA Champions League. "Fantástico" Autor de 42 tentos em todas as competições, o jogador de 23 anos afirmou: "É fantástico ser reconhecido pelos meus companheiros de profissão espalhados pelo Mundo. Quero agradecer o apoio aos meus colegas de equipa e treinadores, bem como a toda a gente do Man-chester United e da selecção portuguesa, à minha família e aos amigos. Agradeço igualmente à FIFPro por este prémio e pelo trabalho desenvolvido na pro-tecção dos interesses e bem-estar dos jogadores".

uefa.com

Sporting Clube de Portugal

Page 23: Portuguese Tribuna #2

Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 1 de Novembro de 2008 23

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Page 24: Portuguese Tribuna #2

Não é fácil ter uma Feira com duas corridas de toiros e em ambas haver um coefi-ciente de sucesso muito apreciável. Aconteceu em Thornton e estamos todos de parabéns - organização, artistas, aficio-nados e público em geral, além de que a estreia do novo Grupo de Forcados de Merced é sempre de aplaudir.

Quarto Tércio

Thornton, 18 de Outubro de 2008 Festa de Nossa Senhora de Fátima de Thornton Cavaleiros - Rui Fernandes, Sónia Ma-tias Matador - José Ignacio Ramos Grupos de Forcados do Aposento de Turlock e de Merced (estreia) Director da Corrida - José Sózinho Banda de Tracy Praça cheia e com muito sol. Curro diferente do escolhido por mo-tivos vários (três toiros) Ver uma corrida de toiros ao Sol é qualquer coisa de bonito e é por isso que nas terras taurinas de verdade as corridas são sempre de dia. O cartel estava bem posto. Dois cavaleiros portugueses de gabarito e um matador espanhol, um dos mais sérios profissionais que jamais pisaram arenas californianas. Dois grupos de forcados da terra, com a estreia em corridas formais do novo Grupo de Merced, capitaneado pelo João Victor Azevedo, mais conhe-cido pelo “Café”, cavalos de duas coude-larias com nome feito e toiros de uma das melhores ganadaria da América. Que mais se poderia exigir? Que houvesse sorte, arte, técnica e profissionalismo. E tudo isso apareceu a seu tempo. Nas corridas onde participa a ganadaria de Manuel de Sousa & Filhos é hábito aparecerem os “nietos”, neste caso, jov-ens que vem buscar as chaves do curro para que a corrida possa começar. É um hábito espanhol. Pena que tivessem en-trado dez minutos antes do tempo da fun-ção. Rui Fernandes no seu primeiro toiro, um saro, bonito, com idade e peso, n° 425, esteve a “aquecer”, digamos assim, nos compridos. Sem citar o toiro cravou dois ferros sem

garra. É interessante que quando o toiro não se queria desligar do cavalo, não houve participação alguma dos bandarilheiros em dar um sinal para que o toiro parasse. Entretanto quando o cava-leiro foi mudar de cavalo, os seus peões de brega “entretiveram-se” a dar capotazos no toiro sem dó nem piedade mostrando mais uma vez estarem a cumprir ordens do seu cavaleiro. Numa praça de trinta e tal metros e com toiros deste quilate não é preciso fazer aquilo que eles fazem e muito mal. Já tenho dito e redito que os bandarilheiros eram uma classe de artistas de alto gabarito. Tenho pena que estes jóvens bandarilheiros com muito valor não pos-sam mostrar tudo aquilo que sabem e aprenderam, vendo-se obrigados a fazer trabalho de segunda classe, que só prejudica a festa. O povo protestou e muito por causa destes gestos dos bandarilheiros. Voltando ao Rui Fernan-des, podemos dizer que nos curtos esteve muito toureiro.

O primeiro curto foi bom e depois deste ferro o bandarilheiro entrou na arena e deu mais uns capotazos num toiro que já estava meio parado, com muitos assobios de protesto. Cravou mais quatro ferros, sendo os últimos três os melhores. Rui Fernandes deu-nos a ideia que é cavaleiro que vai aquecendo quanto mais toureia. O toiro que começou bem, foi descaindo aos poucos e andando atrás do toiro sem garra, sem “fiereza” como se diz em es-panhol. Boa pega do Júnior, do Grupo do Aposento de Turlock à primeira tentativa. Sónia Matias toureou o toiro n° 506, que teve uma saída alegre, negro bragado. Nos compridos de destacar o segundo. Nos curtos teve uma característcia inter-essante - toureou sempre de curto, no

mesmo lugar e com cravação um tanto baixa. Pega boa e fácil do João Azevedo “Café”, do novo grupo de Merced. Terceiro toiro negro, médio de peso para José Ignácio Ramos. Ramos recebeu-o por verónicas, não mostrando nada de especial nos primeiros capotazos. O matador levou-o para o meio da arena e com navaras e chicuelinas acabou assim o primeiro tércio sem muito excitamento. Primeiro par de bandarilhas muito bem cravado. Na segunda bandarilha, foi colhido sem muita gravidade. Com alguns “doblones” tentou fixar o toiro. Boa série pela direita. O toiro foi-se deix-ando tourear sem ser brilhante. O toiro não era tanto franco pela esquerda como pela direita, mas Ramos, foi-lhe ensinando o caminho. Humilhava bem quando se entusiasmava um pouco. O toiro serviu a função e pela direita poude Ramos sair-se bem. Foi uma faena de valor, com um toiro um tanto ou quanto parado. Grande profissional, este artista de nome José Ignácio Ramos. Dava a ideia que os artistas estavam a aquecer para uma boa segunda parte. Segunda parte de bom toureio Quarto toiro (o melhor para cavalo), n°311, médio de peso e com idade, propor-cionou o triunfo ao Rui Fernandes. Nos compridos de salientar o primeiro ferro. Nos curtos esteve em grande, recriando-se com o toiro, que era bravo e nobre, cravando bem e rematando ainda melhor. Rui Fernandes é um cavaleiro que toureia muito em Espanha mas veio a Thornton tourear à boa maneira clássica Portu-guesa. Frontal, poder a poder, tentando dar primazia ao toiro, foi alegre e teve sempre o público consigo. Estava ganho o dia. Boa e valente pega à segunda tentativa do Donaldo Moura, do Aposento de Tur-lock. Na primeira tentativa, o toiro des-viou-se para a esquerda e o forcado foi para a direita. Uma bela finta do toiro. Sonia Matias recebeu bem o seu segundo

toiro com o n° 502, e desta vez usou os terrenos todos da arena e não se confinou a um curto espaço como no seu primeiro toiro. Esteve alegre, cravou razoávelmente bem, embora tenha de evitar sair em falso tan-tas vezes. É alegre, comunica muito bem com o público e quando as coisas lhe cor-rem bem, como aconteceu neste toiro mais para o fim, Sónia transcende-se e tenta ainda fazer melhor. O seu melhor ferro foi quando não conseguiu cravar a violino e mudou para frontal. Belo ferro com o toiro a tocar-lhe a casaca. O toiro portou-se bem. Pega alta de Emanuel Oliveira (Canada) bem ajudada pelo cabo “Café” que o aguentou na cabeça até o grupo todo se fechar. Foi uma boa estreia do novo Grupo de Merced. Sexto toiro, médio de peso, negro, alegre na saída. José Ignácio recebeu-o por verónicas templadas e ouviu-se os primeiros olés. Bela série com o toiro a responder bem. Mais uma série de muito valor, dando a sensação de haver toiro para a muleta. Muitos olés. No primeiro par de bandarilhas cravando muito bem, o toiro bateu forte no peito com um corno e o matador mandou mu-dar de tércio. Aí começou uma sinfonia de bem tourear. Ajoelhado na trincheira, Ramos recebeu o toiro e ensinou-lhe a investir suave. Foi mudando de terrenos e o toiro seguia-o com vontade, com bravura e com muita nobreza. Séries pela direita e pela esquerda segui-ram-se por largos minutos. Não contei quantos passes Ramos deu neste toiro, possívelmente mais de sessenta. Toiro digno da Ganadaria de Manuel Sousa & Filhos. Ti’Manuel na primeira fila dos Céus devia estar contente por ver um toiro desta classe, o melhor da tarde.

José Sózinho esteve técnicamente bem. Só não percebemos porque é que os “nietos” entraram 10 minutos antes do tempo. Foi uma segunda parte de muito nível. Estamos todos de parabéns.

T iro o meu chapéu à organi-zação tau-

rina de Thornton pelos resultados al-tamente positivos da Feira Taurina.

Tiro o meu chapéu aos aficionados e público em geral que encheram nos dois dias a bonita Praça de S. João de Thornton. Também pelos muitos protestos que fizeram por causa dos capotazos a mais.

Enfio o meu chapéu até aos pés ao ver os peões de brega, a mando dos cavaleiros, tourearem os toiros à saída do curro. Querer destruir o trabalho que um ganadero teve em criar um toiro durante quatro anos, é mau serviço à festa. É o que se faz em Portugal, dizem os mais crentes. Que se lixe o Portugal taurino se eles assim lá o fazem e permitem. Antigamente a desculpa era que não tínhamos cavalos bons e era preciso controlar os toiros. E agora? Agora são só desculpas de mau pagador, e ainda por cima de quem ganha milhares (muitos milhares, acreditem-me) de dólares por meia hora de actuação. João Fol-que de Mendonça, dono da Ganadaria Palha, foi o único Director de Corrida que não autorizou tal “malandrice” na Praça de Gustine com o Luís Rouxi-nol a tourear. Um grande abraço de saudade para ele.

Tiro o meu chapéu ao novo Grupo de Forcados de Merced pela sua estreia, esperando que estes jovens possam honrar e bem a jaqueta de ramagens que vestem.

Atiro o meu chapéu ao ar, pego na pistola do “security guard” e com cinco tiros desfaço-o aos bo-cados, pela tristeza que senti ao ver 108 pessoas entre barreiras e por algumas delas estarem debruçadas como se estivessem a ver uma tourada à corda. Agora tenho que comprar um novo chapéu e mando a conta aos que mais abusaram da paciência da organização, por sorrateiramente terem entrado para um lugar a que não têm direito algum. Será que eles sabem que o seguro da praça não os cobre?

Grupo de Forcados de Merced

Page 25: Portuguese Tribuna #2

Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 1 de Novembro de 2008 25

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Page 26: Portuguese Tribuna #2

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O Vale dos Pioneiros estende-se ali para as bandas do Oeste de Massachusetts nas margens do rio Connecticut. De entre as suas povoações mais famosas conta-se Amherst, onde Emily Dickinson viveu no século XIX, deixando no imaginário americano uma inspiradora marca de força feminil. A região fez-se conhecida também por se ter transformado num conglomerado universitário de alto nível, com um total de cinco universidades, públicas e privadas, que estabeleceram entre si um regime de cooperação notável ao longo dos anos e acabaram por exercer uma profunda influência cultural na área. Comunidades portuguesas há duas de tamanho significativo – Ludlow and Chicopee – que portugueses por todo o Massachusetts é o que menos falta. Daí que um conhecedor da geografia física e social da Nova Inglaterra, mas desatento ao mais, naturalmente se interrogue sobre o título deste livro. No Vale dos Pioneiros há afinal um quase solitário pioneiro português, açoriano, terceirense, catedrá-tico de Literatura Portuguesa na Univer-sity of Massachusetts Amherst, o principal campus da universidade esta-dual que inclui outros três – Lowell, Boston, Dartmouth – e ainda uma faculdade de Medicina em Worcester. Ao Vale dos Pioneiros foi portanto parar o autor destas narrativas, Francisco Cota Fagundes, uma vez obtido o seu dou-toramento na igualmente prestigiosa University of Califórnia, Los Angeles, depois de uma marcante experiência de imigração no Vale de San Joaquin, cenário do seu baptismo americano, mal arribado que fora da Agualva, na sua ilha Terceira. Esses seus anos duros de imigrante foram por ele magistralmente narrados numa autobiografia que seria um romance, se o autor não insistisse sobre não estar a fazer ficção mas a escrever na primeira pessoa o que a memória lhe ditara. Hard Knocks: An Azorean-American Odyssey é na verdade a odisseia de um moço como milhares de outros dos Açores saídos já com anos de rodagem na labuta da terra sobre os quatro anos de escolaridade que o salazarismo generosamente nos concedia. No relativamente magro elenco das autobiografias relatando as experiências da nossa emigração, essa obra de Francisco Cota Fagundes ocupa um lugar cimeiro, a grande distância do segundo lugar. Ainda não editada em português por decisão do autor, ela constituirá um acontecimento assinalável quando um dia for publicada em Portugal, sobretudo hoje que finalmente o gosto português se começou a habituar ao género biográfico e autobiográfico. Autobiográficas são também estas estórias, ou narrativas, como o autor escolheu chamar-lhes, mas referem outra fase da sua vida. Hard Knocks termina quando cessam as grandes lutas que Francisco Cota Fagundes teve de travar para conseguir inserir-se numa univer-sidade exigente e funcionar entre os colegas como se toda a vida tivesse sido estudante igual aos demais colegas. Estas novas estórias são, por isso, as da vida de um académico de carreira, perfeitamente integrado nas estruturas da universidade e das organizações profissionais, reconhe-cido por alunos como excelente professor e pelos colegas como scholar de gabarito, com extensa obra publicada em livros, coordenação de volumes e ensaios dispersos em inúmeras revistas e obras colectivas, cuja temática se estende de Fernando Pessoa a Jorge de Sena, de Branquinho da Fonseca a Miguel Torga,

de Vitorino Nemésio à literatura da diáspora portuguesa nos Estados Unidos, com traduções diversas de permeio também publicadas em livro, escrevendo tanto em inglês como em português, exemplo paradigmático de bilinguismo. Posicionado entre dois mundos, um olhar de relance pela sua produção torna evidente que Francisco Fagundes não abandonou os ossos de português ilhéu porque, tendo emigrado já adulto, assim veio da ilha. Daí a acumulação de experiências brotadas do confronto natural entre a cultura que o recebeu e a que ainda traz sob a pele, apesar da sua adaptação gradual, e já longa, ao novo meio. Ou aos novos meios, porque ele emigrou duas vezes, primeiro para a Califórnia e depois para Massachusetts, talvez melhor, primeiro para o Vale de San Joaquin e depois para o Vale dos Pioneiros. Ou ainda, se quisermos, primeiro para as dairies californianas e depois para o mundo académico. Não precisam de introdução estas nar-rativas. Auto-explicam-se no folhear das páginas, algo que se faz com crescente entusiasmo até terminarem sem autorização do leitor que, aposto, não terá intenções de chegar tão depressa à contracapa. São às vezes pequenas

estórias do dia a dia de que o autor se serve para nos fazer mergulhar numa faceta da vida de um português em choque com a cultura americana, outras vezes exactamente o contrário, incidentes com certos portugas visitantes, arrogantes e convencidos – normalmente um académico pensando-se em terra inculta e estatelando-se sem dar por isso porque não chega a ter tempo ou discernimento para assessorar o seu ridículo. Num caso, trata-se mesmo de “um pénis ilustre lusitano” que não se apercebe de estar a pisar terreno sob o patrocínio e protecção de Emily Dickinson e portanto pouco receptivo a auto-convencidos machos lusos. O leque é diversificado. Uma estória segue-se a outra saltitando de lugar e de tema. Pode ocorrer tanto no Cape Cod como num autocarro a caminho da universidade, num museu em Washington, em Tulare da Califórnia, no Rio de Janeiro, nos Açores ou em Coimbra, afinal o universo do autor sediado no Vale dos Pioneiros, o centro aonde as narrativas regressam sempre, com um contraponto em Portugal, particularmente nos Açores a que ficou inevitavelmente ligado. Mas também podem debruçar-se sobre a dificuldade da comunicação humana (“Gaguez” é um exemplo tão estranho como notável), ou sobre o irritante legalismo da bitchy Gertrudis Eisenmenger, funcionária da universidade, ou ainda aventurar-se pela

experiência do Man’s Resource Center onde homens vão chorar profusamente as suas mágoas. O olhar penetrante nas situações, nas ironias da vida, no ridículo que por vezes ataca com veia sarcástica, evoca Jorge de Sena, seu grande mentor e de cuja obra se tornou profundo estudioso. Há ainda retratos magistrais como o do sogro António e da sogra Rosa, que convidou para viverem numa repartição anexa a sua casa “a troco da língua açoriana para o filho”, mas que afinal acabou venerando em páginas de comovente humanidade. O retrato pode, entretanto, ser o da gatinha cujo convívio perdeu para sempre, que é recordada em pinceladas carinhosas escritas como quem afaga o macio e morno pêlo dela, a lembrar esse outro magnífico relato da morte da cadelinha Girafa no Raiz Comovida, de Cristóvão de Aguiar. No Vale dos Pioneiros é uma janela aberta sobre o mundo de um universitário português nos Estados Unidos, viajando entre os dois lados do rio Atlântico mas também saltitando entre a L(USA)lândia e o imenso universo americano, aparando choques aqui, evitando embates acolá, enfrentando ostracismos e sobrancerias, ou desculpando ignorâncias de um e de outro lado e tentando remediá-las. Há de tudo nestes casos contados de alma escancarada, saradas já as antigas feridas, escritos da perspectiva de quem acumulou muitos anos de sabedoria aprendida no percurso. Há inclusive páginas pungentes sobre dolorosas experiências de graves doenças na família. As marcas do escritor ressaltam destas linhas. São as referências aos “invernos infernais” da Nova Inglaterra; as conver-sas com o Pedro-cubano, “que vivia a metros da minha casa e a centímetros da minha língua”; “o laguinho daquele cho-rar”; a Baía de Copacabana com “beleza que daria para meia dúzia de cidades americanas”; o brasileiro Olavo que “mentirava muito”; “a biblioteca do pal-adar”; “é de ilusões que nos alimentamos e vivemos na diáspora. E são as reali-dades que nos matam”; “Camões – um Milton português que preferiu falar de Vénus e Baco, a discorrer sobre Deus e o Diabo”; e por aí fora no entremeio de estórias das quais não poderei deixar de destacar a da Mrs. Townsend, no Cape Cod, que lá sabia a razão das saudades que tinha desse grande capitão português, o Manny Zora. (E eu, que numa estória escrita há anos referi o anúncio comercial visível, num placard da estrada do Outer Cape sobre os areais das imediações de Provincetown – “Over the dunes with Joe Nunes” –, vim a aprender que o Joe Nunes tinha afinal muito para contar.) Para além do professor catedrático, do ensaísta, do tradutor, do escritor em inglês, temos agora o escritor português, a presentear-nos com flashes iluminando de vários ângulos um retrato multifacetado,

complexo e rico da personalidade do seu autor. A Agualva exportou para os Esta-dos Unidos um bocado de mármore esfar-rapado dos caminhos do mato, batido pelas ventanias e a cobrir-se de musgo nas frestas húmidas. Recebe agora uma escultura burilada e polida que deveria ficar no imaginário da terra e da ilha como modelo da possibilidade humana. Providence, Rhode Island, 9 /2/2008

Apenas Duas Palavras Esta Maré Cheia é dedicada a um dos mais prestigiados académicos de origem portuguesa nos Estados Unidos, Francisco Cota Fagundes. É com um texto de outro distinto catedrático, Onésimo Almeida, o prefácio de No Vale dos Pionerios -narrativas da minha diáspora -que apresentamos o novo livro do Professor Doutor Francisco Cota Fagundes. Natural da freguesia da Agualva, na ilha Terceira, este homem da escrita, este exímio investigador das letras, tem uma carreira académica e uma obra impressionantes. Conheci Francisco Cota Fagundes através do simpósio Filamentos da Herança Atlântica, e foi através do mesmo que tomei conhecimento da sua autobiografia, Hard-Knocks, a qual é para mim uma das melhores obras autobiográficas de autores açorianos. Foi através dos simpósios que conheci não só o académico, mas também o escritor e o homem. Agora com esta nova obra ficamos a conhecer uma outra faceta deste açor-americano. E esta não será a única vez que a Maré Cheia falará do novo livro de Francisco Cota Fagundes, já que em breve teremos aqui um texto do poeta Álamo Oliveira sobre este mesmo livro assim como outros escritos, que focam este académico que viveu alguns anos aqui na Califórnia, onde, inclusivamente, fez toda a sua formação académica, incluindo o seu doutoramento na Universidade da Califórnia em Los Angeles, a UCLA. Abraços diniz

Onésimo Almeida

Francisco Cota Fagundes

Page 27: Portuguese Tribuna #2

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Page 28: Portuguese Tribuna #2

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As you receive this edition of The Portuguese Tribune, new excit-ing life is being created — first, a new US President has been voted into office; and second, our dear Tribuna is now available online at www.portuguesetribune.com and www.tribunaportuguesa.com. A new day for America and a new day for Portuguese-American community journalism. Both events bring new ideas, new tech-nologies, and significant change. And thank goodness for that… After eight never-ending years of leaderless politics in the world stage, it was definitely a time for a change. To demonstrate that the United States can be a true political, economic, and social partner to all nations on earth not just a select few.

To demonstrate that peaceful, yet forceful diplomatic negotia-tions are better than military interventions. To demonstrate that Main Street and the middle class and the disenfranchised have access to adequate health care, the best educational system available, and the right to affordable hous-ing. To demonstrate that anyone – regardless of race, gender, na-tional background, religious beliefs — who has the drive, the educational background, the self-esteem, and the novel ideas to become our nation’s Presi-dent. What a day for America and

what a day for all of us, many of whom only heard from our par-ents and grandparents about similar excitement during the 1960 election when a young Catholic — who had helped thousands of our fellow Azoreans be admitted legally to the US — make the annals of history. As the Tribuna gets closer to its 30th anniversary in 2009, we’re reaching out to our Portuguese-American communities across the United States — from Alaska to Florida, from Hawaii to Puerto Rico — to demonstrate what best exists among us. To demonstrate that a handful of dedicated community leaders and regular columnists can every two weeks publish the most positive yet realistic community newspaper in the Portuguese-speaking world. To demonstrate that without government subsidies or other finan-cial grants, the oldest Portuguese-American newspaper on the West Coast of the United States can reach thousands of readers through its paper version, hundreds of thousands through the “Minuto do Tribuna” (Tribune’s Minute) on Contacto California on RTPi-TV, and now even more thousands of new and current readers on its online version. The future is here! The future is today! There is indeed change in the air. Graças a Deus!

Santa Maria, the southernmost and third-smallest island (18 km long and almost 10 km wide; surface approx. 97 sq. km) of the Azores archipelago, belongs to the ‘eastern group’ and is located about 85 km south of São Miguel. Embellished by a myriad of hues, the island of Santa Maria, evokes a living aquarelle, painted by wide green pastures, yellow crops, the dark ochre of the soils, flowers in multiple colours, pretty white-washed houses and the azure of the ocean in the backdrop. Santa Maria boasts many deep bays, lined with para-disiacal, deserted white sand beaches - considered the most beautiful of the archipelago - and charming, softly undulating landscapes where a serene tranquility is reigning. Also of volcanic origin, Santa Maria is the only is-land in the Azores that has areas of sedimentary origin, explaining the presence of calcareous outcrops (of which a good example can be seen in the bay of São Lourenço) where marine fossils can be found, proofs of successive phases of sub-mersion and emersion since the Miocene. It is also a hilly island, its highest point being the twin peak of Pico Alto (590 m), which flattens out towards the west coast. There are no calderas on the island, whose coastline is predominantly steep, dotted with many cliffs and cut by deep bays and breaches. The exact date of Santa Maria’s discovery is uncer-tain, but it is widely believed that it was the first island of the archipelago to be discovered by the Portuguese between 1427 and 1432. A known fact is also that it was the first island to be populated, with Portuguese set-tlers arriving from the Algarve, Alentejo and Beiras in 1439. Due to the richness of its soils,

the island prospered rapidly, which led to the settlement of Vila do Porto on the southwest coast being granted the first mar-k e t town

charter in the Azores in 1472. During the first centuries after settlement, the island’s richness was based primarily on the culti-vation and exportation of cereals to the mainland and the Portu-

guese strongholds in North Af-rica. Then, it was the exports of pastel and lichen to Flanders, Spain and England, on which the island’s economy relied com-pletely by the end of the 18th century, this lasting until the pastel experienced a strong com-petition with the indigo coming from India and Brazil and, the

lichen, with the introduction of the chemical dyes. Today, the island’s around 5,600 inhabitants make their living mainly with agriculture - the major crops

being vines, corn, potatoes and cereals - cattle rais-

ing and fishing and, on a miner scale, in the pottery industry. Due to its strategic location in the Atlan-tic, in 1944, the American Air Force constructed an airport for military purposes on Santa Maria’s

western coast and for a long time, until the airplanes could make the traverse of the Atlantic without refueling, all transatlan-tic planes had to make an obliga-tory stopover on Santa Maria.

Since the Americans closed their bases, the airport has lost its importance, and today, it only serves for SATA inter-island flights assuring the daily connec-tion with São Miguel. Dur-ing the summer months, the island can also be reached by a regular ferry service, about twice a week, from São Miguel. About 35 km north of Santa Maria lies the Formigas bank, an underground back-bone, whose peaks rise as a number of bare cliffs, called Rocas Formigas (‘Ants Rocks’), up to 11 m above sea level. A privi-leged nesting area for many seabirds, the Formigas have been declared ‘natural re-serve’ and their surround-ing waters are extremely rich with marine life, which makes it also a very attrac-

tive location for big-game fish-ing. Boasting the sunniest and driest climate of all the Azores islands, Santa Maria is a genuine alterna-tive for beach holidays for eve-rybody looking for paradisiacal tranquility!

In Azores-Islands.info

Top: Baía de São Lourenço Bottom: Praia Formosa

Page 29: Portuguese Tribuna #2

Nov 1st, 2008 ENGLISH SECTION 29 Portuguese Tribune

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THORNTON, October 18-20

T hornton’s feira taurina in celebration of Nossa Sen-

hora de Fátima provided an out-standing finish to a season of Cali-fornia’s bloodless bullfights. Two of the toureiros announced for Oc-tober 20, cavaleira Ana Batista from Portugal and matador Israel Tellez from Mexico, were unable to per-form due to injuries at the last mo-ment. So the cartel from Saturday was repeated on Monday, giving aficionados the opportunity to see Rui Fernandes, Sónia Matias, and José Ignácio Ramos in two corridas. Three forcado groups rounded out the programs – Amadores de Tur-lock, Aposento de Turlock, and Amadores de Merced. And, to en-sure exciting and artistic perform-ances by all, Thornton brought bulls from three of the top ganadarias – six from Manuel Sousa, three from Manuel Costa, and three from Açoriana.

Brave Bulls Provide Emotion and Art

Bulls are the basic element of a corrida de toiros. So, it follows that for a corrida to be a success, the bulls must be brave. But “brave” is a term with many nuances, and afi-cionados need to understand how to interpret the bravery displayed by bulls in the praca. For some aficio-nados, a brave bull is one that charges smoothly and allows the toreiro, whether on horseback or on foot, to perform with artistic style. For others, the bravest bull is one that charges so aggressively that the most a toureiro can hope for is to avoid its horns. In actual fact, the fighting bull should be a mix of both extremes. Without a strong aggressive nature, bulls fail to trans-mit the sense of danger. And with-out danger, no matter how beauti-fully the toureiros perform, bull-fighting is a second-class ballet or horse-show. But the bulls must have some nobility, the term used to describe bulls that are easily led by the cape. Without some nobility, a bullfight can become a white-knuckle experience as spectators hold their breath while they watch the toreiro struggle to dominate the animal. The success of Thornton’s feira was that all 12 toiros supplied various mixes of both characteris-tics, giving plenty of emotion. And, when the toureiros understood their

animals and took the risks to tri-umph, these bulls allowed artistic toureiro.

Saturday, October 18 – six bulls from Manuel Sousa

Rui Fernandes opened the afternoon with a bull that was more noble than aggressive, yet the cavaleiro failed to understand the potential of the animal and allowed his peões de brega to excessively cape the ani-mal rather than use his horseman-ship to control the bull. Fernandes’ second bull charged from afar, a characteristic that offers a cavaleiro the opportunity to triumph. But the cavaleiro was slow to recognize its potential, and it was only in the final part of the fight that he cited the bull from the proper distance and placed two ferros al quiebro. Sónia Matias’ first bull charged from one side of the ring to the other with abandon, and, to her credit, Matias kept the peões de brega out of the ring so she could show her skill and valor. Placing ferros and ferros compridos, includ-ing one short one, Matias was in control of her horse as well as the bull. Her second bull was one of the best of the afternoon and al-lowed Matias to put on an impres-sive show. In addition to opening with two ferros compridos, the cavaleira placed six ferros. The fourth was done “al violin” and numbers five and six were curtos. The third bull of the afternoon, for the Spanish matador José Ignácio Ramos, was a brave but difficult animal with limited nobility. Ramos showed his skill with capote and muleta at handling uncoopera-tive bulls. He attempted to place bandarilhas on this erratic animal and was severely tossed for his ef-forts. Ramos’ second bull was a truly brave animal with nobility, but it was the mix of aggressiveness and nobility that requires an equally brave matador. In less capable hands, this toiro could have become treacherous, yet Ramos’ ability and valor forced the bull to follow the cloth in a varied and well structured faena that began with passes sitting on the estribo, continued with clas-sical derechazos and naturales, and ended with an artistic kirikiri. The forcados had a good night with all bulls. For the Aposento de Tur-lock group, Junior Machado and Donald Mota made the grabs, while Raymond Oliveira handled the tail

for both bulls. His work with the tail on the fourth bull was excep-tional as the bull spun first in on direction and then the other. John “Café” Azevedo and Manuel Oliveira made the pegas for the Amadores de Merced, and Dennis Espinosa worked the tail on both animals.

Monday, October 20 – three bulls from Açoriana and three from Manuel Costa

Rui Fernandes had an excellent day. His first bull was good and he fought it well. He even placed pairs of ferros compridos, holding one ferro in each hand and guiding his mount with his legs rather than the reins. His second bull was less ag-gressive, and Fernandes worked hard to coax charges from a hesitant animal. Sónia Matias failed to connect with her first animal. She tried hard, but seemed unsure of herself and failed to understand the bull. The crowd recognized her effort, but Matias showed her professionalism when she came out to greet the forcado and insisted he take the volta alone as she retired from the ring. With her second bull, Matias was back on track, working her horses well and placing ferros a violin and ferros curtos. José Ignácio Ramos again showed he is a master toureiro. With the capote, his opening verónicas and quites were done with classical grace on both animals. His ban-darilhas were outstanding, and with the muleta Ramos again proved he is able to dominate brave bulls with grace and style. With the muleta, his faenas were examples of how faenas should be structured. There were no wasted muletazos. Every pass was made for a reason, leading the bull’s horns past the matador’s body and guiding the bull to the proper position for the next pass or to end the series. The Forcados Amadores de Turlock faced four bulls with their usual ability. In spite of their experience and practice, a couple of the large animals required more than one try and several forcados had to be car-ried from the ring. Mike Lopes made a good grab on the first, and Tiago handled the second. Jason McDonald and Gary Rocha made exceptional pegas on the fourth and fifth bulls.

Jim Verner [email protected]

Pela Primeira Vez Nesta Praça

POSSO will be celebrating the completion of its Kitchen Reno-vation Project on Friday, No-vember 14, 2008, from 5:30 to 8:00 PM. POSSO is located at the Portu-guese Community Center, 1115 East Santa Clara Street, in San Jose, California. Wine and hors

d’oeuvres will be served. With the community’s generous support, POSSO’s reno-vated kitchen provides a safe and healthy facility for pre-paring the nutritious meals that help the senior members of the community maintain their health and independence. The new kitchen has also enabled the expansion of the nutrition program to four days per week. To attend the grand opening, RSVP by November 10th to [email protected] or by calling 408.293.0877.

Choose LaSalette Restaurant in Sonoma, CA, to host your holiday gathering. They offer a warm, cozy atmosphere, genuine friendly staff, and delicious unique Portuguese food. Make this year's holiday party one to remember. The restaurant can accommodate parties from 12-45 peo-ple. We have 2-5 course lunch menu options and 3-6 course dinner menu options available. Or we can custom-ize a menu to suit your holiday wishes. If you are hosting holiday parties at home, remember to call the restaurant to pre-order your LaSalette Rolls. Our rolls are made with wheat and white corn flour, olive oil and Portuguese spices, and will be a deli-cious addition to your holi-day meal. You've done your civic duty, now come into LaSalette wearing your "I Voted" sticker on election day for a complementary glass of wine with your lunch or dinner. Unwind and relax as you ponder your decision and hope the next four years of our new President in office brings the economy around. For availability and more information, contact Mike Faulk at 707-938-1927 or by email: [email protected]. LaSalette Restaurant 452-H First Street East Sonoma, CA 95478 707.938.1927 www.lasalette-restaurant.com Chef Manuel Azevedo

The exhibit and the book, coordi-nated by João de Brito, showcase works of Nathan Oliveira, Mel Ramos, John Mattos and João de Brito and mark the 50th Anniversary of the eruption of the volcano Cape-linhos in Faial, Azores, and the mass exodus and emigration to America t h a t e n s u e d . Both are a celebration through art and pay tribute to the endurance, enterprise, spirit and imagination of a people who, in the wake of disas-ter, started anew on this side of the Atlantic, bringing with them their hopes, ethos of hard work and crea-tivity, as well as a strong sense of the land and culture they had left behind. The initiative grew out of a desire on the part of the artists to recognize and celebrate their land of origin, and to share with the Portuguese American community, their Bay

Area home and the larger multicul-tural world which is America, an artistic perspective of this journey. Beautifully produced, with text/interviews by Paul Karlstrom, qual-ity reproductions of the four artists' exhibit work and vintage photo-

graphs of the volcano and the Atlan-tic crossing from the Azores to the United States, this book is a valuable historical document, while at the same time it helps to spotlight the Portuguese American presence in the a r t w o r l d . Ashes to Life – A Portuguese American Story in Art Book Hardbound version $60.00 each Softbound version $40.00 each Shipping – $15.00 per book Copies of the book can be purchased by contacting hconcept.ca@gmail. Com or mailing a check to: HConcept P.O. Box 1260 Capitola, CA 95010 Email: [email protected]

Page 30: Portuguese Tribuna #2

I n pagan Europe, parsley was consid-ered to be a magic herb associated

with the dead and capable of appeasing restless spirits. It was used as garnish for meats to mollify the spirit of the butch-ered animal. Just the mention of the word parsley was thought to be an effective protection against vengeful ghosts, which is why it often occurs in charms and the choruses of folk songs. The Greeks deco-rated tombs with parsley, possibly to keep the dead in. place. (Barbara Walker, Sym-bols S. Sacred Objects, 1988 EdItion). Plutarch, (Greek historian, biographer & philosopher, 46-120 AD), told of an army that turned tail and fled from battle upon seeing an ass carrying sacks of parsley. To the soldiers it represented an omen of death. Crowns of parsley were worn by victors at the Nemean names, one of the great national festivals of ancient Greece. Those games were held at Nemea, (a val-ley in southeast Greece), in the second and fourth year of each Olympiad. Apparently, the victors’ crowns identified parsley with the hero cult, and may ex-plain its connection with the martyred dead. It kept the same connection in Christian tradition, suggest-ing that parsley must be planted in any day but Friday, the day of Christ’s death. In ages past, people believed it to be unlucky to transplant parsley, for it would result in death in the immediate family, and the devil would take charge of the garden. To be in need of parsley meant to be at death’s door. According to folk tales, we should never cut parsley if we are in love. If we give it away, we give away our luck. Neither should we accept

it as a gift. If we must have it, we simply steal it. (Funk & Wagnalls Standard Dic-tionary of Folklore, Mythology & Leg-end). Among other superstitious beliefs associ-ated with the usage of parsley are these that claim it renders the fumes of wine harmless, and parsley thrown in ponds is the sure cure for sick fish. The leaves of parsley distilled in water make a potion wich removes superfluous hair, and its roots powdered and drunk in wine promote a sound brain, perfect memory and purify the blood. In England, the leaves, roots and seeds of parsley are still used medicinally for a drug recom-mended for kidney disorders and dropsy’. Actually, parsley is numbered among the best known of all herbs, and has been grown all over the world for thousand of years. The herb had a high reputation among the Greeks, and the Romans used it freely in their cooking. It was thought to stimulate the appetite and promote good humor. It also proved to be an ex-cellent way for sailors to ward off scurvy. Still considered a diuretic, parsley also provides relief in reducing fever, and it is routinely used for flavor and decorative garnish on meat dishes. (Maguelonne Toussaint-Samat, History of Food). Sage, another well-known herb, was used in Greece and Rome from early times for the seasoning of rich meats. Seven sage leaves, eaten on an empty stomach, for seven mornings was an old remedy for ague. It was believed that it promoted longevity and strengtened the brain as well as the muscles, it was also used for epilepsy, fevers, palsies and laryngitis. Sage vinegar was once used as protecton from the plague, but is now used mostly as a gargle or to whiten the teeth. Sage tea

has been recommended for rheumatism, colds, colic and stiff joints. In some rural sections of the United States sage leaves are often used to keep ants away. According to Erwin Gudde, (California Place Names, 1998 Edition), the presence of sage or of the similar sagebrush has heen the reason for a number of names, in the state. Until 1912 there was a post of-fice named Sage in Riverside County. A mining camp in 1860 in Kern County was called Sageland. A railroad station in Las-sen County and seyeral physical features were named for the sage hen, the popular name for the sage grouse. From the lone standing value attached to the healing properties of sage, an ancient proverb says simply “Why should a man die who has sage in hs garden?” In Provence, France a similar proverb assures us that; “He who has sage in his garden needs no doctor.” In the Azores

Islands,, the local people sttill revere the old adage; “To have sage in the garden, is like having a doctor next door.”

California Chronicles

Sextas-feiras às 11:30 pm Sábados às 11:30 am e 6:30 pm Próximos programas: 8 e 22 Nov

Poderá ver o Contacto em: ww1.rtp.pt/multimedia/index.php?tvprog=19756

Portuguese Tribune Nov 1st, 2008 ENGLISH SECTION 30

Terreno à venda na Terceira

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Editor’s Note: In the Oct. 1st column of our distinguished contribu-tor Ferreira Moreno, there were two articles about the Sacrament of the Holy Or-ders by Robert C. Broder-ick and Matthew Bunson. Those articles were not meant to be part of that column. Our apologies.

Page 31: Portuguese Tribuna #2

Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 NEGÓCIOS 31

Bolsas de

A Festa de Nossa Senhora de Fátima de Thornton além da parte religiosa, tem uma particularidade muito interessante - é das festas onde o nosso comércio está mais bem representado - Fernandes Lin-guiça, de Tracy; Padaria 9 Ilhas, Rohnert Park; Avila Imports, de Sacramento; Matos Cheese Factory, de Santa Rosa e Quinta das Castanhas, de Modesto. Possívelmente haveria outros que não notámos, porque os nossos amigos mexi-canos, também já se aperceberam que esta festa movimenta milhares de pes-soas e também trazem as suas tendas para tentarem vender os seus produtos. Esta festa é uma grande oportunidade para o nosso pequeno comércio poder ser conhecido por tanta gente. É importante que a nossa comunidade compreenda que, se quer ter comércio português, tem de ajudar, tem de com-prar, tem de partilhar com outros as nos-sas coisas. Para o ano teremos mais.

Maria Fagundes e seu filho Greg (mestre da Banda de Petaluma) da Padaria Nove Ilhas de Rohnert Park

George Avila, de Avila Imports - desde santinhos até barros, camisolas, etc. Tudo a fazer recordar Portugal.

Queijo de Santa Rosa - o queijo mais apreciado na California, muitas vezes superior àquele que vem das Ilhas. Na foto, Maria Ramos e Lúcia Matos, esposa de José Matos, o dono da Fábrica de Queijo Joe e Jenni Avila, da Quinta das Castanhas, Modesto

Família Fernandes, de Tracy, uma presença constante na Festa de Thornton

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Tribuna Portuguesa 1 de Novembro de 2008 ULTIMA PAGINA 32

De dois em dois anos este grupo comunitário sediado na cidade de Santa Clara leva a efeito a Noite dos Candidatos à Câmara Municipal de Santa Clara. É um dos actos mais bonitos em democracia, quando todos os candidatos tem a oportunidade de exporem as suas ideias à comunidade portuguesa. Que pena não termos este tipo de forum em todas as cidades onde residem portugueses. Seria um grande passo para a melhor integra-ção de todos nós na vida política de-ste grande Estado. As organizações que suportam este Forum são diversas, desde a S.E.S. Corporation, Brotherhood of St. An-thony, Santa Clara Sporting Club, Maritimo Sport Club, The Portu-guese-American Citizenship Project, Luso-American Foundation, Our Lady of Fatima Society, Supreme Council of S.E.S., Portuguese Union Philharmonic Society. Parabéns a todos.

Will Kennedy, Mary Emerson, Mario Bouza, Kevin Moore, Karen Hardy, Jamie Matthews, Brian Lowery, Jamie McLeod, Ciaran O’Donnell, Chuck Blair - todos a concorrerem para vereadores da Câmara Municipal de Santa Clara, uma cidade de 115,503 mil habitants e de 19.3 milhas quadradas de área.

Manny Oliveira e Maria Fernanda Ricardo, responsáveis pelas cinco perguntas a cada candidato, sobre variadíssimos temas que interessam à comunidade de Santa Clara

Consul Geral de Portugal António Carvalho e esposa Teresa Sotto-Mayor Carvalho, assisti-ram uma vez mais a este importante acto da nossa democracia

Responsáveis do Forum com convidados. Esq/dir: José Agelo de Oliveira, Manuel de Oliveira, João Arruda, Eduardo Correia, Manuel Mad-ruga, Deodato Constantino, Teresa de Carvalho, António Alves de Carvalho, Maria Fernanda Ricardo, Pedro Ricardo, Steve Lodge