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Instituto de Educação Infantil e Juvenil 9º ANO Outono, 2017. Londrina, ______ de ____________________. Nome: __________________________________________________ PORTUGUÊS - SINTAXE (ESTUDO DIRIGIDO) ANTÔNIO VIEIRA Hora de início: ___________________ Reproduzimos aqui um pequeno trecho do famoso Sermão da Sexagésima. Nele, Vieira, com base na parábola do semeador (Mateus, 13: 4-23), na qual Cristo compara a pregação à semeadura, desenvolve um arrazoado sobre o ato de pregar. O padre Vieira é a principal expressão do Barroco em Portugal. Sua obra pertence à literatura portuguesa e também brasileira. Parte I Naquele dia, saiu Jesus e sentou-se à beira do lago. Acercou-se dele, porém, uma tal multidão, que precisou entrar numa barca. Nela se assentou, enquanto a multidão ficava à margem. E seus discursos foram uma série de parábolas. Disse ele: Um semeador saiu a semear. E, semeando, parte da semente caiu ao longo do caminho; os pássaros vieram e a comeram. Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque a terra era pouco profunda. Logo, porém, que o sol nasceu, queimou-se, por falta de raízes. Outras sementes caíram entre os espinhos: os espinhos cresceram e as sufocaram. Outras, enfim, caíram em terra boa: deram frutos, cem por um, sessenta por um, trinta por um... ... Ouvi, pois, o sentido da parábola do semeador: quando um homem ouve a palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele que recebeu a semente à beira do caminho. O solo pedregoso em que ela caiu é aquele que acolhe com alegria a palavra ouvida, mas não tem raízes, é inconstante: sobrevindo uma tribulação ou uma perseguição por causa da palavra, logo encontra uma ocasião de queda. Terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que ouviu bem a palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutuosa. A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende, e produz fruto: cem por um, sessenta por um, trinta por um. Parte VI ... Uma árvore tem raízes, tem tronco, tem ramos, tem folhas, tem varas, tem flores, tem frutos. Assim há de ser o sermão: há de ter raízes fortes e sólidas, porque há de ser fundado no Evangelho; há de ter um tronco, porque há de ter um só assunto e tratar uma só matéria; deste tronco hão de nascer diversos ramos, que são diversos discursos, mas nascidos da mesma matéria e continuados nela; estes ramos hão de ser secos, senão cobertos de folhas, porque os discursos hão de ser vestidos e ornados de palavras. Há de ter esta árvore varas, que são a repreensão dos vícios; há de ter flores, que são as sentenças; e por remate de tudo, há de ter frutos, que é o fruto e o fim a que se há de ordenar o sermão. De maneira que há de haver frutos, há de haver flores, há de haver varas, há de haver folhas, há de haver ramos; mas tudo nascido e fundado em um só tronco, que é uma só matéria. Se tudo são troncos, não é sermão, é madeira. Se tudo são ramos, não é sermão, são maravalhas. Se tudo são folhas, não é sermão, são versas. Se tudo são varas, não é sermão, é feixe. Se tudo são flores, não é sermão, é ramalhete. Serem tudo frutos, não pode ser; porque não há frutos sem árvore. Assim que nesta árvore, à que podemos chamar «árvore da vida», há de haver o proveitoso do fruto, o formoso das flores, o rigoroso das varas, o vestido das folhas, o estendido dos ramos; mas tudo isto nascido e formado de um só tronco e esse não levantado no ar, senão fundado nas raízes do Evangelho: Exit, qui seminat, seminare sêmen [saiu quem semeia a semear a semente]. Eis aqui como hão de ser os sermões, eis aqui como não são. E assim não é muito que se não faça fruto com eles. Temos aí um pequeno exemplo do vigor argumentativo da eloquência de Vieira. O objetivo do sermão é ensinar como fazer uma pregação eficiente. Entre os requisitos para isso, Vieira coloca a necessidade de o sermão tratar de um só assunto. Se multiplica-los, só poderá gerar confusão.

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Page 1: PORTUGUÊS - SINTAXE (ESTUDO DIRIGIDO) - ieij.com.br · PORTUGUÊS - SINTAXE (ESTUDO DIRIGIDO) ... parte da semente caiu ao longo do caminho; os pássaros ... A posição mais comum

Instituto de Educação Infantil e Juvenil 9º ANO Outono, 2017. Londrina, ______ de ____________________. Nome: __________________________________________________

PORTUGUÊS - SINTAXE (ESTUDO DIRIGIDO)

ANTÔNIO VIEIRA

Hora de início: ___________________

Reproduzimos aqui um pequeno trecho do famoso Sermão da Sexagésima. Nele, Vieira, com base na parábola do semeador (Mateus, 13: 4-23), na qual Cristo compara a pregação à semeadura, desenvolve um arrazoado sobre o ato de pregar. O padre Vieira é a principal expressão do Barroco em Portugal. Sua obra pertence à literatura portuguesa e também brasileira.

Parte I

Naquele dia, saiu Jesus e sentou-se à beira do lago. Acercou-se dele, porém, uma tal multidão, que

precisou entrar numa barca. Nela se assentou, enquanto a multidão ficava à margem. E seus discursos foram

uma série de parábolas. Disse ele: Um semeador saiu a semear. E, semeando, parte da semente caiu ao longo

do caminho; os pássaros vieram e a comeram. Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita

terra, e nasceu logo, porque a terra era pouco profunda. Logo, porém, que o sol nasceu, queimou-se, por falta

de raízes. Outras sementes caíram entre os espinhos: os espinhos cresceram e as sufocaram. Outras, enfim,

caíram em terra boa: deram frutos, cem por um, sessenta por um, trinta por um...

... Ouvi, pois, o sentido da parábola do semeador: quando um homem ouve a palavra do Reino e não

a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele que recebeu a semente à

beira do caminho. O solo pedregoso em que ela caiu é aquele que acolhe com alegria a palavra ouvida, mas

não tem raízes, é inconstante: sobrevindo uma tribulação ou uma perseguição por causa da palavra, logo

encontra uma ocasião de queda. Terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que

ouviu bem a palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam

infrutuosa. A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende, e produz fruto: cem por um,

sessenta por um, trinta por um.

Parte VI

...

Uma árvore tem raízes, tem tronco, tem ramos, tem folhas, tem varas, tem flores, tem frutos. Assim

há de ser o sermão: há de ter raízes fortes e sólidas, porque há de ser fundado no Evangelho; há de ter um

tronco, porque há de ter um só assunto e tratar uma só matéria; deste tronco hão de nascer diversos ramos,

que são diversos discursos, mas nascidos da mesma matéria e continuados nela; estes ramos hão de ser secos,

senão cobertos de folhas, porque os discursos hão de ser vestidos e ornados de palavras. Há de ter esta árvore

varas, que são a repreensão dos vícios; há de ter flores, que são as sentenças; e por remate de tudo, há de ter

frutos, que é o fruto e o fim a que se há de ordenar o sermão. De maneira que há de haver frutos, há de haver

flores, há de haver varas, há de haver folhas, há de haver ramos; mas tudo nascido e fundado em um só

tronco, que é uma só matéria. Se tudo são troncos, não é sermão, é madeira. Se tudo são ramos, não é

sermão, são maravalhas. Se tudo são folhas, não é sermão, são versas. Se tudo são varas, não é sermão, é

feixe. Se tudo são flores, não é sermão, é ramalhete. Serem tudo frutos, não pode ser; porque não há frutos

sem árvore. Assim que nesta árvore, à que podemos chamar «árvore da vida», há de haver o proveitoso do

fruto, o formoso das flores, o rigoroso das varas, o vestido das folhas, o estendido dos ramos; mas tudo isto

nascido e formado de um só tronco e esse não levantado no ar, senão fundado nas raízes do Evangelho: Exit,

qui seminat, seminare sêmen [saiu quem semeia a semear a semente]. Eis aqui como hão de ser os sermões,

eis aqui como não são. E assim não é muito que se não faça fruto com eles.

Temos aí um pequeno exemplo do vigor argumentativo da eloquência de Vieira. O objetivo do sermão é ensinar como fazer uma pregação eficiente. Entre os requisitos para isso, Vieira coloca a necessidade de o sermão tratar de um só assunto. Se multiplica-los, só poderá gerar confusão.

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1. Escreva o que você entendeu sobre as Partes 1 e 2.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Vieira enaltece a variedade de discursos que um sermão pode ter, mostrando que se trata de diferentes enfoques da mesma matéria e não de várias matérias. Para ilustrar esse argumento, compara o sermão a uma árvore. Escreva como foi feita essa comparação.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. O texto é rico em paralelismos sintáticos (a repetição de uma mesma estrutura), que são um recurso retórico comum na construção de discursos e sermões: repete-se a estrutura como modo de reforçar o jogo argumentativo e encantar a audiência pelo ritmo que se pode obter desse modo. Copie, do trecho Parte 6, um exemplo de paralelismo sintático.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. ORDEM DIRETA E ORDEM INVERSA

Num enunciado completo, sempre nos é dada uma informação a respeito de alguém ou de alguma coisa – sujeito e predicado.

A posição mais comum do sujeito é no início da oração. Quando isso ocorre, dizemos que a oração está em ordem direta. Nada impede, porém, que o sujeito venha depois do predicado ou nele intercalado. Quando isso ocorre, dizemos que a frase está na ordem inversa (ou indireta).

Analise a frase em destaque: Naquele dia, saiu Jesus e sentou-se à beira do lago.

A FRASE está em ordem direta ou ordem inversa? Explique.

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. CONCORDÂNCIA ENTRE VERBO E SUJEITO

Sempre haverá concordância em número e sujeito, tanto na ordem direta como na ordem inversa.

Tu estavas tão linda. Fabiana estava tão linda.

Naquela região ocorreram fenômenos inexplicáveis.

Identifique o sujeito das orações acima e explique a concordância do verbo com cada sujeito.

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5. NÚCLEO

Núcleo é a palavra que funciona como base do significado de um termo da oração. Quando o sujeito é formado por mais de uma palavra (desde que não seja um nome composto, por ex: Maria Fernanda), apresentará sempre uma que funciona como núcleo, em torno da qual giram outras subordinadas a ela. A identificação do núcleo do sujeito é fundamental porque será com ele que se estabelecerá a concordância entre sujeito e verbo.

Aqueles simpáticos vizinhos do terceiro andar viajaram.

Identifique o sujeito: ___________________________________________________________________

Identifique o núcleo do sujeito:_________________________________________________________

Identifique o predicado: ______________________________________________________________

6. MORFOSSINTAXE DO SUJEITO

O sujeito é normalmente representado por um substantivo (ou vários substantivos).

Verduras, frutas e legumes tiveram aumento de preço.

Qual é o sujeito? ____________________________________________________________________

A que classe gramatical pertencem as palavras? _____________________________________________

Quando o sujeito não for um substantivo, será representado por termos equivalentes a ele.

a) Eles não compareceram à reunião. Sujeito= _____________________________________________

classe gramatical: pronome substantivo, porque _____________________________________________

_________________________________________________________________________________

b) Um é pouco. Sujeito: ______________________________________________________________

classe gramatical: _______________________________________ porque _________________________ _________________________________________________________________________________

c) Sambar é muito divertido. Sujeito: ____________________________________________________

classe gramatical: ___________________________________________________________________

d) Ordem e progresso é o lema da bandeira. Sujeito: _________________________________________

frase nominal porque ________________________________________________________________

e) É urgente que você venha.

Oração subordinada substantiva porque trata-se de uma oração (tem verbo); substantiva porque substitui um substantivo (urgência).

7. TIPOS DE SUJEITO

O sujeito pode ser determinado ou indeterminado, dependendo da possibilidade ou não de identifica-lo. No caso de sujeito determinado, ele poderá ser simples ou composto, dependendo do número de núcleos que possua. Quanto ao número de núcleos, o sujeito se classificará como:

a) sujeito simples: possui um só núcleo.

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b) sujeito composto: possui mais de um núcleo.

Classifique o sujeito determinado:

Muitos atletas brasileiros atuam na Europa.

_____________________________________________ porque ____________________________________

_________________________________________________________________________________

Bois, vacas e bezerros andavam misturados.

_________________________________________ porque __________________________________

_________________________________________________________________________________

Em alguns casos, por elegância ou concisão, o sujeito simples não aparece expresso na oração, mas pode ser facilmente identificado por estar implícito na desinência verbal. Esse tipo de sujeito é chamado de oculto, implícito na desinência verbal ou elíptico.

Acreditei nessa conversa. Sujeito: ___________________, identificado porque o verbo ______________ _________________________________________________________________________________

O sujeito indeterminado é aquele que ocorre quando a informação contida no predicado se refere a um elemento que não pode (ou não se quer) identificar.

Falaram muito mal de você na reunião.

Sujeito ___________________________________ porque _____________________________________ ________________________________________________________________________________

Acredita-se na existência de discos voadores.

Sujeito ________________________________porque________________________________________

_________________________________________________________________________________

Há, em português, duas formas de indeterminar o sujeito:

- com o verbo na terceira pessoa do plural sem fazer referência a um sujeito expresso no contexto.

- com o verbo na terceira pessoa do singular, seguido do índice de indeterminação do sujeito se.

Anunciaram que o mundo ia se acabar.

Sujeito ____________________________________ porque o verbo está ________________________ _________________________________________________________________________________

Precisa-se de digitadoras.

Sujeito__________________________________porque o verbo está______________________________

seguido da ________________________________________________________________________

8. ORAÇÃO SEM SUJEITO

Quando a informação veiculada pelo predicado não se refere a um sujeito gramatical, temos uma oração sem sujeito. Nesses casos, a oração se constituirá apenas de um predicado. Quando a oração não possuir sujeito, o verbo deve permanecer na terceira pessoa do singular. As oraçoes sem sujeito ocorrem com verbos impessoais. São eles:

a) verbos que exprimem fenômenos naturais (chover, ventar, anoitecer, amanhecer, relampejar, trovejar, nevar, etc).

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b) verbos ser e estar na indicação de tempo ou clima.

c) verbos haver, fazer e ir quando indicam tempo decorrido.

d) verbo haver no sentido de existir.

e) certos tipos de frase, como: Basta de férias!; Chega de saudade; Passava das cinco.

Classifique as orações sem sujeito, de acordo com a circunstância expressa.

- Nevou nas serras gaúchas. Oração ______________________________________porque o verbo _____ _________________________________________________________________________________

- Está frio. Oração __________________________________________________porque o verbo ______ _________________________________________________________________________________

- Agora é tarde. Oração ___________________________________________porque o verbo ________ _________________________________________________________________________________

- Há dois meses que não o vejo. Oração ______________________________porque o verbo _________ _________________________________________________________________________________

Faz dois anos que ele saiu. Oração _________________________________porque o verbo __________

_________________________________________________________________________________

Havia cinco alunos na biblioteca. Oração ______________________________porque o verbo ________ _________________________________________________________________________________

9. As frases a seguir estão em ordem inversa. Sua tarefa consistirá em:

a) colocá-las na ordem direta. b) classificar o sujeito. c) destacar o núcleo.

I. No beco escuro explode a violência.

Ordem direta: ________________________________________________________________________

Sujeito:___________________________________________________________________________

Núcleo do sujeito: ___________________________________________________________________

II. Apareceu no jardim da casa de Ana Maria um ramalhete de flores.

Ordem direta: ________________________________________________________________________

Sujeito:___________________________________________________________________________

Núcleo do sujeito: ___________________________________________________________________

III. Chegou ontem em São Paulo o presidente da FIFA.

Ordem direta: ________________________________________________________________________

Sujeito:___________________________________________________________________________

Núcleo do sujeito: ___________________________________________________________________

IV. Aconteceram, naquela cidade, muitos fenômenos inexplicáveis.

Ordem direta: ________________________________________________________________________

Sujeito:___________________________________________________________________________

Núcleo do sujeito: ___________________________________________________________________

Hora de término: __________________________