portuguÊs instrumental

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

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PORTUGUÊS

INSTRUMENTAL

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IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS DE BRASÍLIA

PRESIDENTE: Pr. Orcival Pereira Xavier

Faculdade Teológica da Assembléia de Deus de Brasília – FATADEB:

Diretor: Pr. Benedito Messias dos SantosAssistente: Salma MachadoCoordenadora: Elaísa SantosSecretária: Lilian Machado

Conselho Consultivo:Pr. Manoel XavierPr. Otaviano MiguelPr. Job CardosoPr. Sebastião NeyPr. Benedito Messias

Tiragem da 1a Edição: 500 exemplares.É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra.

Direitos reservados à FATADEB

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 03I. BREVE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 05II. LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA 12III. APRENDA A LER, ESTUDAR, ENTENDER E REDIGIR: COMO ORGANIZAR SUA CULTURA GERAL

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VI. TÉCNICA DE REDAÇÃO 261. Estrutura do parágrafo 262. Texto dissertativo 273. Redação 314. Redação da Introdução 325. Redação do Desenvolvimento 376. Redação da Conclusão 397. Períodos de Ligação 408. Expressões de Abertura 419. Revisão do Rascunho 4110. Passar a Limpo 4211. Modelos de Dissertação 42V. REDAÇÃO OFICIAL 531. O que é redação oficial 532. Pronomes de Tratamento 533. Fechos para comunicações 574. Conceito de Documentos Oficiais 57VI. NOÇÕES DE SEMÂNTICA 59VII. PONTUAÇÃO 73VIII. GRAMÁTICA 86IX. NOVAS REGRAS DE ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO GRÁFICA 104X. MORFOLOGIA 112XI. FORMAÇÃO DAS PALAVRAS 135XII. SINTAXE 140XIII. PRÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA 1601. Compreensão e interpretação de textos 1602. Coesão e coerência textuais 162

3. Tipologia textual. 1634. Ortografia oficial. Acentuação gráfica. 166XIV. ALGUMAS REGRAS DE ORTOGRAFIA 169XV. USO DA VÍRGULA 185XVI. ESTILÍSTICA 206APÊNDICE 212

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INTRODUÇÃO

A Faculdade Teológica da Assembleia de Deus de Brasília

– FATADEB oferecerá, a partir deste ano de 2009, nos Programas de

Convalidação de Bacharel em Teologia e de formação de Bacharel em

Teologia, conhecimentos essenciais da Língua Portuguesa segundo os

melhores autores lusófonos, já com a ortografia atualizada segundo o

Decreto nº 6.583, de 29 de setembro de 2008.

Esses estudos de Língua Portuguesa, especialmente

desenvolvidos pelo autor a pedido da FATADEB, foram intitulados de

Português Instrumental porque, além de oferecer oportunidade de

atualização nos aspectos essenciais da Língua Portuguesa, também se

destina a aperfeiçoar conhecimentos gramaticais, de linguagem e de

comunicação, considerados instrumentos de trabalho do teólogo.

O programa de Português Instrumental destaca os

aspectos que o autor entendeu como indispensáveis àqueles que

desejam escrever e falar corretamente a nossa língua. Foi

desenvolvido de forma compactada dado o seu objetivo e em

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consonância com o lapso temporal destinado ao estudo da Língua

Portuguesa nos cursos que não se situam na área de letras.

Outro aspecto levado em conta foi a exigência legal de se

formar bacharéis com conhecimentos de sua língua materna

correspondentes ao nível em que se situam na hierarquia cultural.

Assim, mãos à obra e bom proveito.

Taguatinga (DF), janeiro de 2009.

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I. BREVE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

O Surgimento

O surgimento da Língua Portuguesa está profunda e

inseparavelmente ligado ao processo de constituição da Nação

Portuguesa.

Na região central da Itália, o Lácio, vivia um povo que

falava o latim. Esse povo foi crescendo e anexando novas terras a seu

domínio. Naquela região, posteriormente, foi fundada a cidade de

Roma. Os romanos chegaram a possuir um grande império, o Império

Romano. A cada conquista, impunham aos vencidos seus hábitos, suas

instituições, os padrões de vida e a língua.

Existiam duas modalidades do latim: o latim vulgar

(sermo vulgaris, rusticus, plebeius) e o latim clássico (sermo

litterarius, eruditus, urbanus). O latim vulgar era somente falado. Era

a língua do cotidiano usada pelo povo analfabeto da região central da

atual Itália e das províncias: soldados, marinheiros, artífices,

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agricultores, barbeiros, escravos etc. Era a língua coloquial, viva,

sujeita a alterações freqüentes. Apresentava diversas variações.

O latim clássico, língua falada e escrita apurada, artificial,

rígida era o instrumento literário usado pelos grandes poetas,

prosadores, filósofos e retóricos. A modalidade do latim imposta aos

povos vencidos era a vulgar. Os povos vencidos eram diversos e

falavam línguas diferenciadas. Por isso, em cada região, o latim vulgar

sofreu alterações distintas, o que resultou no surgimento dos diferentes

romanços e posteriormente nas diferentes línguas neolatinas.

No século III a.C., os romanos invadiram a região,

iniciando-se, assim o longo processo de romanização da península

ibérica. A dominação não era apenas territorial, mas também cultural.

No decorrer dos séculos, os romanos abriram estradas ligando as

colônias à metrópole, fundaram escolas, organizaram o comércio,

levaram o cristianismo aos nativos. A ligação com a metrópole

sustentava a unidade da língua evitando a expansão das tendências

dialetais. Ao latim foram anexadas palavras e expressões das línguas

dos nativos das regiões conquistadas.

No século V da era cristã, a península sofreu invasão de

povos bárbaros germânicos (vândalos suevos e visigodos). Como

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esses povos bárbaros possuíam cultura pouco desenvolvida, os novos

conquistadores aceitaram a cultura e a língua peninsular mas

influenciaram a língua local acrescentando a ela novos vocábulos e

favorecendo sua dialetação, já que cada povo bárbaro falava o latim de

uma forma diferente.

Com a queda do Império Romano, as escolas foram

fechadas e a nobreza desbancada. Não havia mais os elementos

unificadores da língua. O latim ficou livre para modificar-se.

As invasões não pararam por aí. No século VIII, a

península foi tomada pelos árabes. O domínio mouro foi mais intenso

no sul da península. Formou-se, então, a cultura moçárabe, que serviu

por longo tempo de intermediária entre o mundo cristão e o mundo

muçulmano.

O árabes possuíam uma cultura muito desenvolvida mas

muito diferente da cultura local, o que gerou resistência por parte do

povo. Sua religião, língua e hábitos eram completamente diferentes. O

árabe foi falado ao mesmo tempo em que o latim (romanço). As

influências lingüísticas árabes se limitam ao léxico no qual os

empréstimos são geralmente reconhecíveis pela sílaba inicial AL –

correspondente ao artigo árabe: alface, almeirão, alcachofra, álcool,

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Alcorão, álgebra, alfândega. (Outros: bairro, berinjela, café, califa,

garrafa, quintal, xarope).

Embora os bárbaros e os árabes tenham permanecido

muito tempo na península, a influência que exerceram na língua foi

pequena, ficando restrita ao léxico, pois o processo de romanização foi

muito intenso.

Os cristãos, principalmente os do norte, nunca aceitaram o

domínio muçulmano. Organizaram um movimento de expulsão dos

árabes (a Reconquista). A guerra travada foi chamada de “santa” ou

“cruzada”. Isso ocorreu por volta do século XI. No século XV os

árabes estavam completamente expulsos da península.

Durante a Guerra Santa, vários nobres lutaram para ajudar

D. Afonso VI, rei de Leão e Castela. Um deles, D. Henrique, conde de

Borgonha, destacou-se pelos serviços prestados à coroa e por

recompensa recebeu a mão de D. Teresa, filha do rei. Como dote,

recebeu o Condado Portucalense. Continuou lutando contra os árabes

e anexando novos territórios ao seu condado, o qual foi tomando o

contorno do que é hoje Portugal.

D. Afonso Henriques, filho do casal, funda, então, a Nação

Portuguesa, que se torna independente em 1143. A língua falada nessa

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parte ocidental da Península era o galego-português, que com o tempo

foi se diferenciando: no sul, português, e no norte, galego, que foi

sofrendo mais influência do castelhano. Em 1290, o rei D. Diniz funda

a Escola de Direitos Gerais e obriga, em decreto, o uso oficial da

Língua Portuguesa.

A Expansão

Portugal ficou conhecido pelas grandes navegações. No

século XV e XVI, através dos movimentos colonialistas e de

propagação do catolicismo, espalhou pelo mundo a língua portuguesa.

O português era imposto às línguas autóctones como língua oficial ou

modificava-se dando origem aos dialetos crioulos. Foi assim que a

língua chegou à América, África, Ásia e Oceania.

O Domínio Atual

Atualmente, o português é a língua oficial de alguns países

(Portugal, arquipélago de Açores e Ilha da Madeira, Brasil, Guiné-

Bissau, Angola, Moçambique, Ilha de São Tomé e Príncipe,

arquipélago de Cabo Verde). Em outras regiões é falado por parte da

população como um dialeto (Macau, Goa, Damão e Timor). As

regiões que falam a língua portuguesa estão intimamente ligadas ao

processo colonizador de Portugal.

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O Português no Brasil

A Língua Portuguesa foi trazida ao Brasil no século XVI

através do descobrimento. Importante registrar que os indígenas

apresentaram grande resistência à imposição dos colonizadores. Além

das diversas línguas indígenas, misturaram-se também ao português o

espanhol e o francês (pelas invasões); as línguas africanas (pelo tráfico

negreiro) e, posteriormente, com a imigração, outras línguas européias

(o italiano, o alemão e o espanhol). A língua também sofreu, ainda,

influência dos veículos de comunicação, com isso absorvemos

palavras japonesas, francesas e principalmente inglesas.

Principais influências na língua portuguesa falada no Brasil

Influências Exemplos

TupiNomes de pessoas: Ubirajara, Iracema...Nomes de lugares: Ipanema, Copacabana...Nomes de animais e plantas: tatu, arara, caju, maracujá...

Dialetos africanos Acarajé, dendê, fubá, quilombo, moleque, caçula...Alemão Níquel, gás...Espanhol Bolero, castanhola...Japonês Karaokê, camicase...Francês Paletó, boné, matinê, capot (capô), abat-jour

(abajur), bâton (batom), cabaret (cabaré), buffet (bifê)...

Italiano – muitos termos relacionados às artes e à culinária

Macarrão, piano, soneto, bandido, ária, camarim, partitura, lasanha...

Inglês Show, software, sanduíche, hamburger...

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Vocabulário

Dialeto: variedade regional de uma língua

Línguas neolatinas: línguas românticas, novilatinas ou latinas.

Foram as línguas constituídas a partir do latim.

São línguas neolatinas: o Português, o Francês, o Espanhol, o

Italiano, o Romeno, o Catalão, o Sardo e o Provençal.

Romanço: fase de transição entre o latim e as línguas

neolatinas.

Conheça mais sobre a História da Língua Portuguesa/Bibliografia

Castro, Ivo de. Curso de História da Língua Portuguesa. Lisboa:

Universidade Aberta, 1991.

Cunha, Celso Ferreira. Gramática da Língua Portuguesa. 7 Ed., Rio de

Janeiro: FENAME, 1980.

Faraco, Carlos Emílio, MOURA, Francisco Marco. Língua e

Literatura. 15 Ed., São Paulo: Ática, 1995.

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II. LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA

O termo linguagem deve ser entendido como a faculdade

mental que distingue os humanos de outras espécies animais e

possibilita os modos específicos de pensamento, conhecimento e

interação com os semelhantes. É capacidade específica da espécie

humana de comunicar-se por meio de um sistema de signos, o qual é

denominado de língua.

A língua, pois, deve ser entendida como forma de

realização da linguagem; como sistema lingüístico necessário ao

exercício da linguagem na interlocução ou como instrumento do qual

a linguagem se utiliza na comunicação.

Apesar de a língua ser um sistema de signos específicos de

membros de uma mesma comunidade (Por exemplo: língua

portuguesa, língua inglesa), no interior de uma mesma língua são

importantes as variações . Dentro de uma mesma língua temos, então,

diversas modalidades: língua familiar; língua técnica, língua popular,

língua própria a certas classes sociais, a certos subgrupos, nos quais

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que se enquadram os diferentes tipos de gíria. Entre as variações

geográficas temos os dialetos (como as variações específicas das

diversas regiões do Brasil: nordeste, sul etc.) Alguns linguistas

preferem usar o termo dialeto para designar as variantes ou variações ,

de uma forma geral.

Repetindo, a língua é um sistema de símbolos pelo qual a

linguagem se realiza. Mas a linguagem se encontra relacionada a

outros sistemas simbólicos (sinais marítimos, código Morse) e torna-

se, assim, objeto da semiologia ou semiótica, que deve estudar “a vida

dos signos no seio da vida social”. Portanto, o termo linguagem tem

uma conotação bem mais abrangente do que o termo língua.

A fala, por sua vez, é um fenômeno físico e concreto, que

pode ser analisado seja diretamente, com ajuda dos órgãos sensoriais,

seja graças a métodos e instrumentos análogos aos utilizados pelas

ciências físicas. Em nós ouvintes, a fala é, com efeito, um fenômeno

fonético; a articulação da voz dá origem a um segmento fonético

audível imediatamente, a título de pura sensação. Esse fenômeno

implica o aparelho fonador e a produção dos sons da fala.

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III. APRENDA A LER, ESTUDAR, ENTENDER E REDIGIR:

COMO ORGANIZAR SUA CULTURA GERAL

A sua cultura geral é formada ao longo de sua existência.

Grande parte dos conhecimentos que irá adquirir será tirada dos livros

e preservada para o resto da vida. É a maior fortuna que você poderá

ter, pois jamais perderá o seu valor. Portanto, habitue-se a ler.

Tenha sempre à cabeceira um abajur e um livro. Leia por,

pelo menos, meia hora antes de dormir. Um bom rendimento, para

começar, é ter lido um livro por mês; depois, procure melhorar, lendo

um livro por quinzena.

"Um país se faz com homens e livros." (Monteiro Lobato)

Como entender melhor o que você lê

1) Concentre-se na leitura, expulsando as idéias e pensamentos

vagos, que nada têm a ver com o que você está lendo.

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2) Tenha à mão um lápis bicolor: sublinhe em vermelho o que

tem que guardar e em azul o que é bom guardar.

3) Quando se tratar de um livro, habitue-se a fazer anotações nas

margens das páginas.

4) Quando se tratar de revistas e jornais, você poderá recortar o

texto que lhe interessa para seu arquivo pessoal.

5) Após a leitura de um livro, organize um pequeno sumário que

sintetize aquilo que você leu.

6) Arquive este sumário numa pasta conveniente, para posterior

consulta.

7) Troque idéias com colegas sobre o assunto que você está

lendo.

8) Use o dicionário para tirar dúvidas sobre as palavras que

desconhecer.

9) A síntese de um livro é, normalmente, encontrada pela leitura

de suas orelhas e do sumário.

10) Dados sobre o autor do livro você encontrará no prefácio.

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“Um bom livro é aquele que você abre com curiosidade e que fecha com proveito.” (Duclos)

Como redigir sobre um assunto

1) Reúna livros, revistas, recortes de jornais e anotações sobre o

assunto a ser tratado.

2) Leia-os de acordo com a técnica ensinada.

3) Faça um sumário recolhendo o que é importante de cada fonte.

4) Ordene as idéias, esquematizando-as com coerência, de acordo

com a importância dentro do assunto.

Escreva bem

1) Inicie por uma introdução que prepare e motive o leitor para o

que será desenvolvido.

2) Desenvolva o assunto de forma concatenada e lógica,

procurando esgotar o conteúdo.

3) Encerre por uma síntese conclusiva que contenha sua própria

idéia sobre o assunto e que seja coerente com o

desenvolvimento.

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Observação: Ao começar a desenvolver o assunto, não se

preocupe com a redação correta nem com os erros de português;

escreva tudo o que lhe vier à mente e arrume depois. Você poderá

utilizar mais de uma folha de papel para isso, fazendo rascunhos

sucessivos, até chegar ao produto final.

“Aquele que sabe ler já sabe a mais difícil das artes.” (Duclos)

Como redigir sobre um assunto

Lembre-se sempre que, ao formar um plano de trabalho

para escrever sua redação, você deve visualizar também a sua

ESTÉTICA:

Nunca comece uma redação com períodos longos. Basta fazer

uma frase-núcleo que será a sua idéia geral a ser desenvolvida

nos parágrafos que se seguirão;

Não coloque uma expressão que desconheça, pois o erro de

ortografia e acentuação é o que mais tira pontos em uma

redação;

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Nunca use hífen onde não é necessário, como em penta-

campeão, ou com erro na separação de sílabas como CA-RRO;

Nunca use gírias na redação, pois a dissertação é a explicação

racional do que vai ser desenvolvido e uma gíria pode cortar

totalmente a sequência das ideias do texto (incongruência),

além de ofender a norma culta da Língua Portuguesa;

Não se esqueça dos pingos nos “is” e dos “jotas”; não use

bolinhas no lugar do pingo;

Nunca coloque vírgulas onde não são necessárias;

Jamais entregue uma redação sem verificar a separação

silábica das palavras;

Comece a escrever estruturando o que vai passar para o papel;

Tenha calma na hora de dissertar e sempre volte à frase-núcleo

para orientar seus argumentos;

Verifique sempre a ESTÉTICA: Parágrafo, acentuação,

vocabulário, separação silábica e, principalmente, a

PONTUAÇÃO, que é a maior dificuldade de quem escreve e a

maior fonte de erros na redação;

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Respeite as margens do papel e procure sempre fazer uma letra

constante sem, diminuí-la no final da redação para ganhar mais

espaço ou aumentar para preencher espaço;

A letra tem que ser visível e compreensível para quem lê;

Prepare sempre um esquema lógico em cima da estrutura

intrínseca e extrínseca;

Não inicie nem termine uma redação com expressões do tipo:

“... Eu acho..., Parece ser..., Acredito mesmo..., Quem sabe...”

Isso demonstra dúvidas em seus argumentos anteriores;

Cuidado com “superlativos criativos” do tipo: “mesmamente,

apenasmente”. E de “neologismos incultos” do tipo:

“imexível, inconstitucionalizável”.

Estudo em torno da aula

Antes

1) Saiba o assunto que vai

ser tratado.

2) Faça uma leitura prévia

do texto.

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3) Assinale o que não

entendeu.

4) Prepare uma folha para

anotações.

5) Reúna o material

necessário.

Durante

1) Coloque sobre a

carteira o que irá

precisar.

2) Mantenha viva a sua

atenção.

3) Expulse idéias vagas.

4) Anote tudo que julgar

importante.

5) Tire as dúvidas pouco

antes do final da aula.

Depois

1) Faça um resumo do que

foi ensinado.

2) Troque idéias com

colegas.

3) Consulte outras fontes.

4) Arquive o seu resumo

por matéria numa pasta

conveniente.

5) Leia periodicamente

seus resumos.

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Estudo em casa

Local

1) Crie uma rotina, habitue-se a estudar sempre no mesmo lugar.

2) Use uma escrivaninha, mesa ou cadeira de braço com uma

tábua para escrever.

3) Organize, ao alcance das mãos, seus livros, cadernos e

resumos selecionados por matéria.

4) Providencie um local que tenha luz suficiente por cima e que

incida sobre o papel pelo lado contrário ao da mão que você

escreve.

5) Busque um local sossegado para estudar; se preferir, use

música de fundo.

Horário

1) Programe horários rígidos para estudar.

2) Evite estudar logo após as refeições.

3) A cada duas horas, caminhe um pouco, mexa-se.

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4) Descubra o horário em que seu estudo rende mais.

Cuidados

1) Descanse a vista de vez em quando, fechando a abrindo os

olhos e olhando pontos distantes.

2) Procure a melhor posição de conforto para estudar. Sente-se

com a coluna bem apoiada na poltrona, para não criar vícios de

postura.

Estilística

Cada indivíduo tem sua maneira própria de utilizar as

palavras. Ao organizá-las, ele demonstra o seu estilo ao falar e ao

escrever. O estudo dessa organização individual da linguagem chama-

se Estilística.

1. O vocabulário – Comunicação falada e escrita.

A maioria das pessoas tem cerca de 300 palavras no seu

vocabulário. Há outro grupo que usa perto de 500 palavras. A pessoa

culta usa cerca de 800 palavras.

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Bons escritores brasileiros tinham e usavam um

vocabulário de cerca de 3.000 palavras.

Rui Barbosa, segundo os estudiosos do assunto, conhecia

e empregava por volta de 4.500 palavras.

João Guimarães Rosa, um dos maiores escritores da

Língua Portuguesa, tinha e utilizava um vocabulário de cerca de

8.000 palavras!

Não use formas reduzidas populares de palavras nem

repetições desnecessárias; procure não usar gíria e palavras de baixa

freqüência (pouco usadas). Exemplos: né, sabe né, aí, então, daí, tipo,

depois, pegou, a gente (em vez de nós), dá (em lugar de é possível),

falou (em lugar de disse), caçar (em lugar de procurar).

Os conetivos são os responsáveis pelo estabelecimento de

relações de sentido entre as idéias. Os substantivos e os verbos devem

estar interligados não apenas para acrescentar informações, mas

também para alicerçar o sentido do texto.

2. A construção frasal e o sentido na comunicação

Observe a construção de várias possibilidades de sentido a

partir de duas idéias simples.24

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Exemplo: Ela fala de maneira criativa. Todos gostam de

suas palestras.

Causa: Todos gostam de suas palestras, porque ela fala de

maneira criativa. Como ela fala de maneira criativa, todos gostam de

suas palestras.

Consequência: Ela fala de maneira tão criativa que todos

gostam de suas palestras.

Conclusão: Ela fala de maneira criativa, todos gostam,

pois/portanto, de suas palestras.

3. Coesão textual

Há coesão quando existe harmonia entre as palavras, isto

é, quando elas apresentam vínculos adequados de sentido, e a

mensagem organiza-se de forma seqüenciada, tendo um início, um

meio e um fim. A língua escrita exige um rigor e uma disciplina de

expressão muito maiores do que a língua falada.

Observe no exemplo a seguir o erro cometido em uma

carta enviada pelo setor de atendimento de uma empresa de

engenharia.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Solicitamos apontar as atitudes tomadas para bloquear as causas desse lamentável episódio.

“Bloquear causas” de um episódio que já ocorreu só faria

sentido se fosse possível voltar no tempo. O que se pretendia era

IDENTIFICAR as causas, a fim de prevenir outros incidentes.

4. Incoerência

O cuidado com as palavras pode evitar erros como os

expostos a seguir.

Texto incoerente:

Agradecemos seu convite de patrocínio para o programa

Estação Livre e nos sentimos muito honrados, porém nossa cota de

doações para este ano está bastante ampla.

Texto corrigido:

Agradecemos seu convite de patrocínio para o programa

Estação Livre, porém lamentamos informar que nossa cota de doações

para este ano já está esgotada.

O bom orador depende de 7% das palavras que usa, de 38% da aparência e de 55% dos gestos, boas maneiras e postura.

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IV. TÉCNICA DE REDAÇÃO

1. Estrutura do parágrafo

Parágrafo é uma unidade de composição escrita sobre

determinado assunto, elaborado com o fim de atingir determinado

objetivo. Essa unidade é estruturada por meio de um conjunto de

orações e apresenta, normalmente, três partes: introdução,

desenvolvimento e conclusão. Observe o exemplo abaixo:

A bíblia e o celular

Introdução (Tese)Já imaginou o que aconteceria se tratássemos a nossa Bíblia do jeito que tratamos o nosso celular? Desenvolvimento (Defesa da tese)

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

A nossa Bíblia sempre estaria na nossa mão, ou no bolso ou na bolsa! Com certeza daríamos uma olhada nela várias vezes ao dia! Com certeza, também, voltaríamos para apanhá-la quando a esquecêssemos em casa, no escritório! E se a usássemos para enviar mensagens aos nossos amigos? E se a tratássemos como se não pudéssemos viver sem ela? E se a déssemos de presente às crianças? E se a usássemos quando viajamos? E se lançássemos mão dela em caso de emergência? Seria maravilhoso!E mais: ao contrário do celular, a Bíblia não fica sem sinal. Ela "pega" em qualquer lugar. Também não é preciso se preocupar com a falta de crédito porque Jesus já pagou a conta e os créditos não têm fim! E o melhor de tudo: a ligação nunca cai, nunca falta linha e a carga da bateria é para toda a vida!

Conclusão (Fecho)É isso, meu amigo! Você não precisa deixar seu celular de lado mas pode por a Bíblia Sagrada ao lado do seu celular!

2. Texto dissertativo

Planejamento da dissertação

O hábito de planejar sua dissertação permitir-lhe-á

desenvolvê-la com segurança. Para isso, com lápis e papel na mão, é

necessário elaborar o roteiro, que deverá conter os seguintes passos

(ou etapas) fundamentais:

Escolha do assunto (ou tema)

Se você não tiver conhecimentos prévios a respeito do

assunto que precisa ou deve tratar, deverá pesquisá-lo.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Delimitação do assunto

Como não é possível dissertar sobre a totalidade de

determinado assunto, esgotando-o, impõem-se certos limites. Você

deve definir os aspectos sobre os quais quer ou precisa escrever.

Suponha-se que você deva redigir um texto com

aproximadamente 30 linhas. Quanto mais amplo for o assunto sobre o

qual você irá redigir, tanto menos profundo e mais superficial será seu

texto. Em contraposição, quanto menos amplo ou mais específico for

o assunto, mais profundo e menos superficial será seu texto.

Fixação do objetivo

Concomitantemente à delimitação do assunto, você deve

se perguntar: Para que vou escrever sobre esse assunto? Com que

objetivo? Pretendo apenas organizar informações? Ou desejo

convencer meu leitor de algo?

Em função da resposta que você obtiver de si próprio, vai

fixar seu objetivo, o qual deve ser introduzido por um desses verbos:

Apontar, comprar, caracterizar, desenvolver.

Para apresentar argumentos pró e/ou contra uma

convicção: Analisar, relatar, elogiar etc.29

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

O fato de fixar um objetivo dará a seu texto uma linha de

pensamento coerente, que estará presente ao longo do texto, afastando

o perigo da incoerência ou da incongruência.

Nova delimitação do assunto

Neste momento, escreva todas as idéias que lhe vierem à

mente sobre o assunto (ou tema) a ser tratado. Liste-as todas, sem

preocupar-se com o fato de serem boas ou não, pertinentes ou não.

Às vezes, as idéias vêm-nos aos borbotões, como se

fossem uma cachoeira da serra. Como o pensamento é mais rápido do

que a capacidade de escrever, você deve registrar rapidamente no

papel todas as idéias, antes que elas lhe escapem. Se você listou uma

grande quantidade de idéias, dificilmente poderá tratar de todas elas;

logo, torna-se necessário avançar para a próxima etapa.

Delimitação e seleção das idéias

Agora, você deve cortar as idéias que, por mais

interessantes que lhe pareçam ou sejam, fogem ao assunto (ou tema)

sobre o qual você tenha de redigir. O objetivo fundamental desse

procedimento é evitar a fuga ao tema, tão comum de acontecer aos

estudantes.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

As idéias selecionadas serão as idéias-núcleo com as quais

você redigirá os parágrafos. Cada idéia-núcleo corresponderá a um

parágrafo.

Lembrete: a delimitação e a escolha das idéias devem ser

feitas ordenadamente, numa gradação que parta das mais genéricas às

mais específicas. Ou vice-versa. Geralmente, costuma-se colocar, em

primeiro lugar, as idéias mais amplas ou abrangentes (generalizações);

em segundo, as intermediárias (entre amplas e delimitadas); e, em

terceiro, as mais delimitadas, particularizadas ou detalhadas. Objetivo

principal desta etapa é controlar o assunto com mais facilidade.

Distribuição das idéias

Desde Aristóteles, na antiga Grécia, a estrutura textual é

composta das seguintes três partes fundamentais (não é demais

repetir): Introdução, desenvolvimento e conclusão. Logo, distribua

suas idéias de forma ordenada nessas três partes tradicionais do texto.

Lembrete: A seleção é sua! Você pode começar por

argumentos a favor ou contra. Pode também começar por argumentos

polêmicos.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Aqui termina o roteiro. Convém lembrar que, muitas

vezes, em qualquer das etapas acima podemos voltar às anteriores

para fazer ajustes e reajustes.

Outras vezes, porém, os reajustes no roteiro ocorrem após

a fixação do objetivo. Você pode chegar à conclusão de que não

deseja mais escrever sobre o assunto inicial, e sim sobre o outro.

De qualquer forma, refaça seu roteiro quantas vezes forem

necessárias, a fim de que fique um texto claro e coerente, bem

centrado no assunto a tratar, e com grandes chances de atingir o

objetivo a que você se propôs.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Lembrete: Um roteiro bem elaborado representa 50% do

caminho a percorrer na redação de um texto.

3. Redação

Agora, comece a redigir. Lembre-se do seguinte: cada

ideia-núcleo corresponde a um parágrafo e, cada parágrafo deverá

conter a estruturação já estudada.

Introdução – É chamado de tópico frasal. Um ou dois

períodos curtos que introduzem a idéia-núcleo. O tópico frasal pode

ser redigido num destes tipos:

a) declaração afirmativa;b) declaração negativa;

(c) definição;d) divisão;

e) classificação;f) alusão histórica;

g) interrogação

Desenvolvimento: É o período principal + período

terciário. O desenvolvimento do parágrafo pode ser redigido num

destes tipos:

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

a) descrição;b) enumeração de detalhes;c) narração;d) comparação (ou paralelo);e) analogia;f) contraste;g) confronto;

h) exemplos;i) causa e/ou efeito;j) motivo e/ ou consequência;k) ilustração;l) enquadramento;m) dissertação ou exposição–argumentação;n) híbrido.

Conclusão: É o período final, utilizando-se apenas um

parágrafo.

Elementos de coesão (ou de transição): Ligam os

períodos uns aos outros.

4. Redação da Introdução

Na introdução, parte inicial do texto, deve o autor

apresentar o assunto (ou tema), delimitando-o, isto é, mencionando o

assunto escolhido sobre o qual deseja ou precisa escrever. Nessa parte

do texto, também poderá ser expresso o objetivo, o qual será de

fundamental importância, tanto para o autor quanto para o leitor. Para

este, porque o situará imediatamente no pensamento daquele,

preparando-o para receber e compreender as idéias expostas no

desenvolvimento, facilitando-lhe, desse modo, a leitura. Para o autor,

a introdução do texto representa o caminho ou o rumo a seguir ao

longo do texto, indicando ao leitor como irá desenvolver seu tema.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Isso imprimirá ao texto não só a linha de pensamento coerente que

estará nele presente, mas também afastará o perigo da incoerência ou

fuga ao assunto.

Lembrete: Uma boa introdução é aquela em que se coloca

as questões a serem respondidas no desenvolvimento do texto.

Decidido o assunto a tratar, colhidas as informações,

realizado o roteiro, agora é só redigir.

Um dos problemas que a maioria dos redatores enfrenta é

o de como começar. Entretanto, existe uma forma técnica para

resolver esse problema. Vejam-se os esquemas e os exemplos que

seguem.

Tipos de introdução

Zoleiva Felizardo, em sua obra intitulada Teoria e Prática

da Redação, sugere o seguinte esquema:

Dados retrospectivos:

As primeiras manifestações de comunicação humana, nas

eras mais primitivas, foram traduzidas por sons que expressavam

sentimentos de dor, de alegria ou de espanto. Mais tarde.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Uma citação:

a) O assunto em pauta pode ser discutido (ou analisado etc.) a

partir das (lúcidas) palavras de, quando afirma que.

b) Segundo Fulano de Tal.

Uma cena descritiva

O som invade a cidade. Buzinas estridentes atordoam os

passantes. Edifícios altíssimos cobrem os céus cinzentos da grande

metrópole. Uma densa e ameaçadora neblina empresta a São Paulo o

aspecto de fotografias antigas sombreadas pela cor do tempo. É a

paisagem tristonha da poluição.

Uma pergunta.

Será a chamada música popular brasileira verdadeiramente

popular e verdadeiramente brasileira?

Um dado geográfico, precisando um fato.

Em Criciúma, no sul de Santa Catarina, oito mil homens

vivem uma aventura todos os dias. A aventura do carvão. São os

mineiros, homens que nunca vêem o sol.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Dados estatísticos.

a) Naquela cidade de 100.000 habitantes, cerca de 20.000

frequentam as salas escolares, o que atesta a preocupação das

autoridades com o nível de instrução de seus moradores.

b) A internet, rede mundial de computadores, cresceu 300% no

ano de 1994 e chega a de 40 milhões de usuários. No ano

seguinte, a rede cresceu 900%. Ou seja, a Internet ganhou

quase quatro novos usuários para cada bebê que nasceu no

mundo em 1995.

Narrativa de um fato

a) Em agosto de 1976, faleceu o ex-presidente Juscelino

Kubitschek de Oliveira, em cuja gestão foi construída Brasília,

a monumental capital brasileira.

b) Não foi há muito tempo, quando a Máfia ainda era uma

atividade em expansão na Itália, seus integrantes, os “homens

de honra,” tinha até orgulho de trocar beijos e abraços em

público.

O recurso da linguagem figurada.

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a) O jornaleiro, filho das madrugadas frias do Sul, quebra o gelo

das manhãs gaúchas com sua voz cortante e queixosa como o

minuano dos pampas.

b) O grito silencioso da pobreza corta os corações dos mais

sensíveis.

Uma frase declarativa.

a) O BNDES venderá em Brasília seus imóveis à beira do Lago

Paranoá – três casas e quatro terrenos – mantidos para

residência funcional de sua alta administração.

b) Os congressos evangélicos deste ano foram dos mais

concorridos das últimas décadas. Ao contrário dos outros,

muitos crentes vieram de todas as partes do País.

Idéias contrastantes

a) Enquanto os salões da alta costura das grandes capitais exibem

coleções de vestimentas suntuosas, os marginais da sociedade

morrem de frio por falta de agasalho.

b) Se no passado a mulher chinesa tinha que se casar com o noivo

escolhido pela família, hoje ela tem liberdade para decidir a

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

sua própria vida, o que inclui não só o casamento, mas

educação e profissão – desde que não vá contra as leis do

Estado.

Lembrete: Ao redigir a introdução, evite introduções

vagas; introduções prolixas; introduções abruptas.

5. Redação do Desenvolvimento

O desenvolvimento, o corpo do texto, é onde se explanam,

se expressam ou se expõem as idéias, se desenvolvem as idéias

apresentadas na introdução.

Para desenvolver um texto, utilize um dos procedimentos

abaixo:

Enumeração

Divida, em conformidade com uma determinada ordem, o

assunto em partes, relacionando metodicamente cada uma delas. Tudo

vai depender do assunto. Suponha-se que você deseja escrever sobre

os tipos de poluição e que haja três tipos: do ar, das águas e do solo.

Logo, você precisará de apenas um parágrafo para dissertar sobre cada

tipo.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Classificação

Aqui você pode agrupar os dados em duas classes

distintas, que depois se convertem no fenômeno da Opinião Pública,

no qual encontramos fatores complementares. Esta é a introdução de

um texto.

O desenvolvimento será a apresentação, em cada

parágrafo, de um dos fatores, seja básico, seja complementar. Nada

impede que você utilize dois parágrafos para cada tipo, ou seja, dois

aspectos para cada um deles.

Estruturação por enumeração – Argumentos e/ou opiniões

favoráveis e desfavoráveis.

Nesse tipo de desenvolvimento, expõe-se, primeiramente,

um argumento favorável. A seguir, justifica-se, isto é, diz-se a causa,

apresenta o documento que comprova a veracidade desse argumento.

Depois, expõem-se os argumentos contrários, um por um. Também se

podem utilizar apenas argumentos favoráveis ou apenas desfavoráveis.

Pode-se, igualmente, apresentar argumentos polêmicos, ou seja, uma

mesma idéia, com seus prós e contras.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Nota: Existe uma técnica para persuadir os leitores sobre o seu ponto

de vista: Se você for contra uma idéia, uma opinião, um ponto de

vista, comece com as idéias opostas às suas. Comece, portanto, com

os prós. Isto é, as opiniões de seus oponentes, e só depois analise os

contras. Se, ao contrário, você for a favor de uma idéia, comece pelos

contras para depois analisar os prós.

Logo, você pode começar com os argumentos favoráveis,

seguindo-se os contrários, ou pode inverter essa estruturação

começando pelos argumentos contrários seguidos dos favoráveis.

Pode, igualmente, intercalar favoráveis e contrários, sucessivamente.

6. Redação da Conclusão

Na conclusão, parte final do texto, encerra-se o assunto,

sintetizando o desenvolvimento de maneira bastante genérica.

A conclusão é a síntese do desenvolvimento, o resumo

dos argumentos mas não do texto. Deve ser curta, clara, objetiva e,

principalmente, coerente com o texto.

Atenção: Não se pode introduzir idéia nova na conclusão!

Tipos de conclusão

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Para encerrar o texto, pode-se utilizar um dos tipos de

conclusão abaixo:

referência ao título;

reafirmação do assunto

ou tema;

frase generalizante;

advertência;

uma ou mais sugestões;

síntese dos argumentos.

7. Períodos de Ligação

Entre a introdução e o desenvolvimento, e entre este e

a conclusão, deve haver períodos de ligação, isto é, frases que

permitam a passagem natural entre as partes. Se o seu

desenvolvimento tiver argumentos favoráveis e contrários, você deve

redigir um período de ligação entre estes. Esse procedimento, além de

garantir a coesão entre as partes do texto, evitará cortes abruptos de

ideias.

8. Expressões de Abertura

No início de cada parágrafo, a partir do segundo, utilize

expressões de abertura para interligar os parágrafos uns aos outros se

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utilizando de adjuntos adverbiais ou de orações subordinadas

adverbiais, tanto desenvolvidas quanto reduzidas.

9. Revisão do Rascunho

No momento em que você estiver redigindo, não se

preocupe com os aspectos gramaticais, lingüísticos e estilísticos,

porque haverá o perigo de não redigir a contento. Quando concluir a

redação, vem a última etapa: antes de passar a limpo, é necessário

revisar tais aspectos, tendo em mente:

a) Ortografia;

b) Concordância verbal e

nominal;

c) Regência verbal e

nominal;

d) Pontuação;

e) Acentuação;

f) Estruturas oracionais

completas, conforme

estudo empreendido;

g) Construção frasal sem

ambiguidades;

h) Repetição de palavras;

i) Subordinação

enfadonha;

j) Paralelismo semântico,

sintático e morfológico;

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k) Propriedade vocabular;

l) Precisão vocabular;

m) Concisão;

n) Clareza;

o) Simplicidade;

p) Originalidade;

q) Adjetivação;

r) Coerência;

s) Coesão;

t) Objetividade; e

u) Harmonia sonora.

10. Passar a Limpo

Depois de passar a limpo, faça uma última revisão para

verificar se não faltou um acento gráfico, uma vírgula, um travessão

ou houve qualquer outro tipo de incorreção.

11. Modelos de Dissertação

Modelo A

Assunto: Opiniões

Delimitação do assunto: A formação das opiniões individuais

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Objetivo: Apresentar os atores que atuam no processo de

formação das opiniões individuais

No processo de formação das opiniões individuais, que depois se convertem no fenômeno da Opinião Pública, encontramos fatores básicos e fatores complementares.

Entre os fatores básicos estão a educação, a vida familiar e a participação nos grupos primários.

A educação é um fator fundamental, porque vai confirmando a mentalidade dos indivíduos a abrindo-lhes horizontes específicos. Desde o momento que nasce e se incorpora à sociedade, o cidadão participa de todo um processo educativo, que vai moldando o seu comportamento e delineando normas de conduta.

Esse processo educativo envolve não apenas a educação informal – conjunto de experiências que as pessoas vão adquirindo pelo fato de viverem em sociedade – mas também a educação formal – aquela proporcionada pela escola, pela universidade.

Outro fator importante é a vida familiar, que se insere no próprio contexto da educação informal. Da família, o indivíduo recebe uma série de padrões de comportamento, aos quais vai se acostumando, e em torno dos quais vai girar a sua atividade social. Toda a sua vida em sociedade estará orientada pelos marcos de referência que advêm da vida familiar e condicionam a adoção de opiniões e atitudes.

A seguir, adquire importância a participação do indivíduo, o qual se integra nesses grupos primários: vizinhanças, clubes, trabalho, associações etc. O indivíduo se integra nesses grupos porque as suas normas estão de acordo com seus próprios padrões de comportamento. Ele aprende a cumprir as normas do grupo e a receber as sanções decorrentes da sua infringência.

Vejamos, agora, os fatores complementares na formação das opiniões individuais: os meios de comunicação de massa, os grupos de pressão e a propaganda.

Os meios de comunicação difundem os fatos (não apenas informações jornalísticas, mas também mensagens de natureza artística e cultural) a respeito dos quais os cidadãos vão formar juízos de valor.

Os grupos de pressão procuram galvanizar a atenção das pessoas que compõem a sociedade e orientar a Opinião Pública num determinado padrão existente.

A propaganda, por sua vez, busca persuadir os indivíduos para a mudança de atitudes ou a conservação dos padrões existentes.

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A formação da Opinião Pública constitui realmente um processo complexo, que está condicionado por diversos elementos, ademais dos problemas de personalidade que tem cada indivíduo.Modelo B

A Cultura de Massas e Suas ConsequênciasA civilização contemporânea tem, sem dúvida, uma diversidade de

características, talvez inéditas na trajetória histórica do homem. Uma delas, entretanto, tem preocupado, de forma especial, o restrito mundo dos intelectuais modernos: a cultura de massa.

Indubitavelmente, a televisão, o rádio, o jornal, poderosos veículos de comunicação, vêm alterando, significativamente, a fisionomia cultural de nossa época.

Se procurarmos entender os múltiplos aspectos que envolvem a cultura de massa, a partir de uma fundamentação histórica, veremos que ela provoca inúmeras conseqüências positivas e negativas ao mesmo tempo.

Com relação, por exemplo, à possibilidade de participação, percebemos que, ao contrário da cultura elitizante de outras épocas, existe um número extraordinário de pessoas que pode vivenciar os processos contemporâneos. Os múltiplos acontecimentos que explodem no mundo inteiro são imediatamente traduzidos, de forma acessível, pelos diversos meios de comunicação de massa. O homem simples de pequena cidade interiorana já não está isolado. Será informado, diariamente, sobre os últimos impasses nas negociações sobre a mais recente declaração de um governante, nos Estados Unidos.

Vista a questão através do prisma social, poderemos observar algumas vantagens da comunicação em massa. Ela atende a homogeneizar a cultura, a diminuir diferenças, a aproximar as classes.

Observando, porém, a cultura de massa em sua outra face, a negativa, teremos de concordar que inúmeras críticas se fazem necessárias.

Em primeiro lugar, percebemos que o tipo de cultura de que falávamos é, visivelmente, orientada no sentido do consumo. O esquema de propaganda se utiliza intensamente dela, provocando necessidades e nos arrastando a um modelo de vida superficial, de consumo intenso, de aquisição de objetos, cuja importância é secundária em relação às necessidades básicas. A máquina publicitária é tão implacável que, nos últimos anos, recorre a artifícios poderosos e irresistíveis. Relaciona o produto a uma idéia de felicidade, apela para os nossos sentimentos, dirige-se à inocência das crianças, condicionando-as a servirem como intermediários do consumo.

Se, por outro lado, examinarmos a tendência da cultura de massa, dentro do processo de conhecimento, as consequências, então, são mais agudas.

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Os “mass media” são obrigados, pela sua própria natureza, a nivelar suas mensagens em padrões acessíveis, que evitem a necessidade de reflexão, que sejam de consumo fácil e imediato. O nível da cultura perde em profundidade, entorpecendo a consciência histórica, desvirtuando a verdadeira significação dos fatos.

Como se pode ver, então, o processo de massificação é altamente discutível.

Há certa função ambígua que caracteriza uma verdadeira ruptura cultural. Por um lado, a evidência de uma maior participação quantitativa; por outro lado, a horizontalidade, a superficialidade, o automatismo, o consumo exagerado.

Enfim, é uma época de verdadeira crise, de transformações radicais e inevitáveis.(José Marques de Melo. Comunicação, opinião, desenvolvimento.)

Textos para estudo e análise

LIBERTOS OU ESCRAVOS DA PALAVRA?

Certa vez, um homem tanto falou que seu vizinho era ladrão, que o vizinho acabou sendo preso. Algum tempo depois, descobriram que era inocente. O rapaz foi solto após muito sofrimento e humilhação e processou o homem. No tribunal, o homem disse ao juiz:

- Comentários não causam tanto mal...E o juiz decidiu:- Escreva os comentários que você fez sobre ele num papel. Depois

pique o papel e jogue os pedaços pelo caminho de casa. Amanhã, volte para ouvir a sentença!

O homem obedeceu e voltou no dia seguinte e o juiz lhe disse:- Antes da sentença, terá que catar os pedaços de papel que espalhou

ontem!- Não posso fazer isso, Meritíssimo! – respondeu o homem – O vento

deve tê-los espalhado por “tudo quanto é lugar” e já não sei onde estão!- Ao que o juiz respondeu:- Da mesma maneira, um simples comentário que pode destruir a

honra de um homem espalha-se a ponto de não podermos mais consertar o mal causado. Se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada!

Sejamos senhores de nossa língua para não sermos escravos de nossas palavras. Nunca se esqueça: Quem ama não vê defeitos. Quem odeia não vê

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qualidades. E quem é amigo vê as duas coisas. Vale a pena repetir as palavras do Salmo 15, versículo 3: “O que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho”.

REFLEXÕES

"Tenha compreensão e misericórdia daqueles que têm dificuldade de mudar.

Torne-se a corporificação do poder e do amor e nunca fale das fraquezas de ninguém. As pessoas precisam apenas do nosso amor e compreensão e não da nossa incriminação.

Ser benevolente é entender e respeitar as limitações de cada um e ajudá-los a superar as suas dificuldades nos momentos cruciais da vida.

“Por isso, não tenha uma atitude demasiado dura nem fale daquilo que você é incapaz de colocar em ação.”

AMIZADE

Um filho pergunta à mãe:– Mãe, posso ir ao hospital ver meu amigo? Ele está doente!Claro, responde a mãe. E pergunta: – Mas o que ele tem? O filho, com a cabeça baixa, diz: – Tumor no cérebro.A mãe, furiosa, diz: – E você quer ir lá para quê? Vê-lo morrer?O filho lhe dá as costas e vai...Horas depois ele volta vermelho de tanto chorar, dizendo: - Ai, mãe,

foi tão horrível! Ele morreu na minha frente! A mãe, com raiva: – E agora? Tá feliz? Valeu a pena ter visto aquela

cena?Uma última lágrima cai de seus olhos e, acompanhado de um sorriso,

ele diz: – Muito, pois cheguei a tempo de vê-lo sorrir e dizer: – Eu tinha

certeza de quer você viria!Moral da história: A amizade não se resume só em horas boas, alegria e festa. Amigo é para todas as horas, boas ou ruins, tristes ou alegres! Amigo Não tem preço!

VOCÊ TEM EXPERIÊNCIA?

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Num processo de seleção da Volkswagen, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: 'Você tem experiência?'

A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e ele, com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.   

Redação vencedora.

“Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar. Já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto. Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo. Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva e acabei me viciando. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro. Já me cortei fazendo a barba apressado. Já chorei ouvindo música no ônibus. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de esquecer. Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrela. Já subi em árvore pra roubar fruta. Já caí da escada. Já fiz juras eternas. Já escrevi no muro da escola. Já chorei sentado no chão do banheiro. Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante. Já corri pra não deixar alguém chorando. Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado. Já me joguei na piscina sem vontade de voltar. Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar. Já senti medo do escuro. Já tremi de nervoso. Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalço na rua. Já gritei de felicidade. Já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um 'para sempre' pela metade. Já deitei na grama de madrugada vi a Lua virar Sol. Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir contínuo.

Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú chamado coração.

E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: 'Qual sua experiência? Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência!

Experiência... Será que ser “plantador de sorrisos” é uma boa experiência?

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Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora, gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?”

VOCÊ É ESPECIAL Um famoso palestrante começou um seminário segurando uma nota

de 100 reais. – Quem quer esta nota de 100 reais?Mãos começaram a se erguer. Ele disse: – Eu darei esta nota a um de vocês, mas primeiro, deixem me fazer

isto! Então ele amassou a nota. E perguntou, outra vez: – Quem ainda quer esta nota? As mãos continuaram erguidas. Bom - ele disse - e se eu fizer isto? E ele deixou a nota cair no chão e

começou a pisá-la e esfregá-la. Depois, pegou a nota, agora imunda e amassada, e perguntou:

– E agora? Quem ainda quer esta nota? Todas as mãos continuaram erguidas. Meus amigos, vocês todos

devem aprender esta lição: Não importa o que eu faça com o dinheiro, vocês ainda irão querer esta nota, porque ela não perde o valor. Ela ainda valerá 100 reais.

Essa situação também se dá conosco. Muitas vezes, em nossas vidas, somos amassados, pisoteados e ficamos sujos, por decisões que tomamos e/ou pelas circunstâncias que vêm em nossos caminhos. E assim, ficamos nos sentindo desvalorizados, sem importância.

Porém, creiam, não importa o que aconteceu ou o que acontecerá, jamais perderemos nosso valor perante o Universo. Quer estejamos sujos, quer estejamos limpos, quer amassados ou inteiros, nada disso altera a importância que temos. A nossa valia.

O preço de nossas vidas não é pelo que fazemos ou que sabemos, mas pelo que Somos! Somos especiais... Você é especial. Muito especial... Jamais se esqueça disso.

Eterno (Carlos D. Andrade)

OS VERDADEIROS AMIGOS 

Um jovem recém casado estava sentado num sofá num dia quente e úmido, bebericando chá gelado durante uma visita ao seu pai. Ao conversarem sobre

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a vida, o casamento, as responsabilidades da vida, as obrigações da pessoa adulta, o pai remexia pensativamente os cubos de gelo no seu copo e lançou um olhar claro e sóbrio para seu filho.

– Nunca se esqueça de seus amigos, aconselhou! Serão mais importantes na medida em que você envelhecer. Independentemente do quanto você ame sua família, os filhos que porventura venham a ter, você sempre precisará de amigos. Lembre-se de ocasionalmente ir a lugares com eles; faça coisas com eles; telefone para eles...

Que estranho conselho! Pensou o jovem. Acabo de ingressar no mundo dos casados. Sou adulto. Com certeza minha esposa e a família que iniciaremos serão tudo que necessito para dar sentido à minha vida!

Contudo, ele obedeceu ao pai. Manteve contato com seus amigos e anualmente aumentava o número de amigos. Na medida em que os anos se passavam, ele foi compreendendo que seu pai sabia do que falava. Na medida em que o tempo e a natureza realizam suas mudanças e mistérios sobre um homem, amigos são baluartes de sua vida.

Passados mais de 50 anos, eis o que aprendi: A distância separa. As crianças crescem. Os empregos vão e vêem.  O

amor fica mais frouxo. As pessoas não fazem o que deveriam fazer. A vida acontece. O coração se rompe. Os pais morrem. Os colegas esquecem os favores. As carreiras terminam. Mas, os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo e quantos quilômetros estão entre vocês.

Um amigo nunca está mais distante do que o alcance de uma necessidade, torcendo por você, intervindo em seu favor e esperando você de braços abertos, abençoando sua vida!

Quando iniciamos esta aventura chamada vida, não sabíamos das incríveis alegrias ou tristezas que estavam adiante. Nem sabíamos o quanto precisaríamos uns dos outros.

NOSSOS LOBOSUma noite, um velho índio contou ao seu neto sobre uma batalha

que  acontece dentro das pessoas. Ele disse: – 'Meu filho, a batalha é entre dois 'lobos' dentro de todos nós. Um é

mau. É a raiva, a inveja, o ciúme, a tristeza, o desgosto, a cobiça, a arrogância, a pena de si mesmo, a culpa, o ressentimento, a inferioridade, as mentiras, o orgulho falso e a superioridade.

O outro é bom. É a alegria, a paz, a esperança, a serenidade, a humildade, a bondade, a benevolência, a empatia, a generosidade, a verdade, a compaixão e a fé’.

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O neto pensou naquilo por alguns minutos e perguntou ao seu avô:   – 'Qual lobo vence?’ O velho índio simplesmente respondeu: – 'Aquele que você alimentar'.

AS TRÊS PENEIRASUm rapaz procurou Sócrates e lhe disse que precisaria contar algo

sobre alguém. Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou: – O que você vai me contar já passou pelas três peneiras? – Três peneiras? – Sim. A primeira é a VERDADE. O que você quer contar dos outros é um

fato?Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer por aí mesmo.

Suponhamos então que seja verdade. Deve passar pela Segunda peneira: a BONDADE.

O que você vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo?

Se o que você quer contar é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?

E arremata Sócrates:Se passar pelas três peneiras, conte! Caso contrário, esqueça e enterre

tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos e colegas. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz!

Saber calar é, sobretudo, uma arte. Se o comentário a fazer de uma para outra pessoa não vier em benefício de alguém, se não ajudar, ou pior, se causar mágoa é melhor calar.

Não é fácil, mas se conseguimos colocar em prática esta técnica de bem viver estaremos fazendo certamente nossa parte, dando nossa contribuição, como o passarinho da floresta sabedor que sua contribuição diante do incêndio era insignificante, pequeno mesmo, mas ao carregar água no bico para ajudar a apagar o fogo, tinha ao menos consciência e paz, pois fazia sua parte. Se cada um der sua contribuição, quantos dissabores e maledicências não serão evitados?

O ser humano necessita dar sua contribuição, pequena que seja, mas efetiva, para que as coisas mudem, melhorem e aconteçam, preservando a natureza,

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florestas e animais e, principalmente, preservando a si próprio e respeitando o seu próximo.

São ações que, isoladamente podem significar muito pouco, mas, se realizadas em coletividade, ajudarão a construir um mundo melhor, nesta e nas próximas gerações: faça a sua parte

Disse-lhe Sócrates, sorrindo. E ainda continuou: - Da próxima vez que surgir um boato por aí, submeta-o ao teste, ao exame dessas peneiras, meu amigo. Verdade, bondade e necessidade. Tudo isso antes de obedecer ao impulso de passá-lo adiante, e sabe por que meu amigo?

Porque pessoas inteligentes falam sobre idéias. Pessoas comuns falam sobre coisas. E as medíocres falam sobre pessoas.

Reflexões interessantes

Cada uma de nossas leituras deixa uma semente que germina. Jules Renard (Châlons, 1864 - Paris, 1910), escritor francêsAs pessoas tendem a colocar palavras onde faltam idéias. Goethe. Fonte:Guia dos CuriososO que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê. Platão (427 a.c - 347 a.C), filósofo gregoAquele a quem a palavra não educar também o pau não educará. Sócrates (Atenas, 470 a.C.  399 d.C.), filósofo grego cujos ensinamentos formaram a base da filosofia ocidental.  Não somos nós que fazemos a história.  É a história que nos faz. Martin Luther King (1929, Atlanta, Geórgia - 1968, Memphis, Tennessee), pastor e ativista político estadunidense, a mais nova pessoa no mundo a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 1964), em A força de amar.

Como os técnicos se comunicam: economia – variações de

“economês”

1 2 3Programação Funcional SistemáticaEstratégia Operacional Integrada

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Mobilidade Dimensional EquilibradaPlanificação Transicional TotalizadaDinâmica Estrutural InsumidaFlexibilidade Global BalanceadaImplementação Direcional CoordenadaInstrumentação Opcional CombinadaRetroação Central EstabilizadaProjeção Setorial Paralela

Qualquer substantivo da coluna 1 combinado com

quaisquer adjetivos das colunas 2 e 3, resultará numa expressão

semelhante às usadas pelos “cientistas econômicos”.

V. REDAÇÃO OFICIAL

1. O que é redação oficial

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a

maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e

comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder

Executivo.

A redação oficial deve caracterizar-se pela

impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão,

formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos

decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração

pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá

aos princípios de legalidade, impessoalidade, oralidade, publicidade

e eficiência (...).” Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios

fundamentais de toda administração pública, claro está que devem

igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.

2. Pronomes de Tratamento

Emprego dos pronomes de tratamento

Os pronomes de tratamento, também chamados

pronomes de reverência, são pronomes usados no trato cortês e

cerimonioso.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Quadro dos pronomes de tratamento

Senhor, Senhora, Senhorita - as pessoas de respeito;

Vossa(s) Senhoria(s) – as pessoas de cerimônia;

Vossa(s) Excelência(s) - altas autoridades;

Vossa Santidade – o líder da Igreja Católica Romana, o papa;

Vossa(s) Eminência(s) – os cardeais da Igreja Católica

Romana;

Vossa Reverendíssima(s) – os sacerdotes;

Vossa(s) Majestade(s) – os reis, imperadores e rainhas;

Vossa(s) Alteza(s) - príncipes e princesas.

Os pronomes de tratamento são pronomes de segunda pessoa,

usam-se, entretanto, com formas verbais de terceira pessoa:

Temos certeza de que Vossa Excelência resolverá as

divergências.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Se aludimos à pessoa de quem falamos, usaremos o possessivo

Sua.

Sua Senhoria partiu ontem sem avisar ninguém.

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas

aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo

respectivo:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República;

Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional;

Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal

Federal;

As demais autoridades serão tratadas com o vocativo

Senhor, seguido do cargo respectivo:

Senhor Senador; Senhor Juiz; Senhor Ministro; Senhor

Governador.

OBSERVAÇÃO: Em comunicações oficiais, está abolido

o uso do tratamento digníssimo (DD.) para as autoridades arroladas na

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer

cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação.

Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e

para particulares. O vocativo adequado é Senhor fulano de tal.

Fica, pois, dispensado o emprego do superlativo

ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa

Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de

tratamento Senhor.

Acrescenta-se que doutor não é forma de tratamento, e

sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra

geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que

tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado.

É costume designar por doutor os médicos e os advogados, sendo que

eses últimos têm essa prerrogativa estabelecida em Lei. Nos demais

casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às

comunicações.

3. Fechos para comunicações

O fecho das comunicações oficiais tem, além da finalidade

óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

para fecho, que vinham sendo utilizados desde 1937 estabeleciam

quinze padrões, foram para dois fechos diferentes para todas as

modalidades de comunicação oficial:

a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da

República: Respeitosamente,

b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia

inferior: Atenciosamente,

4. Conceito de Documentos Oficiais

Correspondência Interna

É o instrumento de comunicação para assuntos internos,

entre chefias de unidades administrativas de um mesmo órgão. É o

veículo de mensagens rotineiras, objetivas e simples, que não venham

a criar, alterar ou suprimir direitos e obrigações, nem tratar de ordem

pessoal. A Correspondência Interna substitui o memorando, cuja

nomenclatura não deve ser mais utilizada.

Ofício

Correspondência pela qual se mantém intercâmbio de

informações a respeito de assunto técnico ou administrativo, cujo teor

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

tenha caráter exclusivamente institucional. São objetos de ofícios as

comunicações realizadas entre dirigentes de entidades públicas,

podendo ser também dirigidos a entidades particular;

Atestado

O atestado é um documento que fala a favor do portador

do documento, geralmente do ponto de vista profissional. Existe

também o atestado médico, no qual o médico discrimina se a pessoa

pode ou não exercer determinada função ou se a pessoa esteve doente

e qual foi a doença.

Ata

É o instrumento utilizado para o registro expositivo dos

fatos e deliberações ocorridos em uma reunião, sessão ou assembléia.

A ata será assinada e/ou rubricada por todos os presentes à reunião ou

apenas pelo Presidente e Relator, dependendo das exigências

regimentais do órgão.

VI. NOÇÕES DE SEMÂNTICA

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Estuda os significados.

Estuda o referencial do Código.

Conotação: sentido pela idéia, sentido figurado.

Denotação: sentido literal.

“Jesus preciso mais de poder” (Hino 423, da Harpa Cristã)

(Precisando mais, tendo mais necessidade...)

Se fosse assim: Jesus, preciso de mais poder (Pedindo

mais poder...)

Não, preciso mais de você! (Necessidade)

Não preciso mais de você!(Dipensa)

Não vou sair mais (Nem menos) Não vou mais sair (Nunca mais) Não quero ser eu (Negativa) Não, quero ser eu (Positiva) Não quero ser (Forma negativa) Quero não ser (Forma positiva)

“Eis que venho sem demora. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.” (Ap 22.7)

“Eis que presto venho; bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.” (Ap 22.7)

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

“Eis que cedo venho. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.” (AP 22.7)

Ambiguidade – Deve-se evitar frases como estas:

a) João propõe perdão a Pedro;

b) João e Pedro conversavam e falavam de sua mãe;

c) João disse a Pedro que seu carro era velho;

d) João disse que não queria falar sobre o burro do seu filho;

e) O burro do João estava doente;

f) João emprestou o livro de Pedro.

A Entonação faz a comunicação

a) Eu não disse que ele atendeu mal ao cliente. Eu não disse que

ele atendeu mal ao cliente.

b) Eu não disse que ele atendeu mal ao cliente.

c) Eu não disse que ele atendeu mal ao cliente.

d) Eu não disse que ele atendeu mal ao cliente.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

e) Eu não disse que ele atendeu mal ao cliente?

Significados

a) Santificar-se, santidade, santificação, santo, santíssimo,

santarrão, santinho

b) Humilhar-se, humilhado, humilde, humilhação, humildade,

humilhante

Níveis de linguagem

Nossa vida em sociedade está sujeita a regras a que

devemos obedecer. O mesmo acontece com a linguagem: ela tem

normas, princípios que precisam ser obedecidos.

Geralmente, achamos que essas regras dizem respeito

apenas à gramática normativa. Tanto isso é verdade que, para a

maioria das pessoas, expressar-se corretamente em língua portuguesa

significa não cometer “erros” de ortografia, concordância verbal,

acentuação etc. Há, no entanto, erro mais comprometedor do que o

gramatical, como é o de inadequação da linguagem ao contexto.

Isso nos leva a concluir que existem níveis de linguagem.

Vamos destacar dois desses níveis: o coloquial e o culto.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Linguagem coloquial: é aquela empregada no cotidiano.

É a língua espontânea, usada para satisfazer as necessidades vitais do

falante, sem muita preocupação com as formas lingüísticas.

Geralmente é informal, incorpora gírias e expressões e não obedece,

necessariamente, às regras da gramática normativa.

Linguagem culta: é uma linguagem mais formal, que

segue os princípios da gramática normativa. É empregada na escola,

no trabalho, nos jornais e nos livros em geral.

Dominar uma língua, portanto, não significa apenas

conhecer normas gramaticais, mas, sobretudo empregar

adequadamente essa língua nas várias situações do dia-a-dia: na

escola, com os amigos ou no exemplo de seleção, no trabalho.

Funções da linguagem

O homem é um ser social: ele necessita estar em constante

comunicação com seu semelhante. Essa comunicação ocorre através

de um processo no qual estão sempre envolvidos alguns elementos.

Vejamos:

Emissor: é o que emite a mensagem.

Receptor: é o que recebe a mensagem.64

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Mensagem: é o conteúdo transmitido pelo emissor.

Código: é o conjunto organizado de signos utilizados na

transmissão e recepção da mensagem.

Referente: é o conjunto de informações que compõem a

mensagem.

Canal: é o meio pelo qual circula a mensagem.

Como em todos os atos de comunicação, a comunicação

verbal também depende de um contexto que possibilite a

verbalização: o emissor verbaliza pensamentos, emoções e fatos

criados ou sugeridos por uma determinada situação.

Ao ser verbalizada, a mensagem revela funções e estas

funções variam de acordo com que o emissor pretende comunicar.

Função emotiva (ou expressiva)

Centraliza-se predominantemente no emissor, revelando

sua emoção, sua opinião. É a linguagem dos livros autobiográficos, de

memórias, de poesias líricas, de bilhetes e de cartas de amor. É

subjetiva e nela prevalecem a primeira pessoa do singular, as

interjeições e as exclamações. Veja o exemplo que segue:

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

“A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo!”

Função referencial (ou denotativa)

Quando se centraliza predominantemente no referente. O

emissor procura oferecer informações sobre o ambiente. É a

linguagem das notícias de jornal, dos livros científicos. Objetiva,

direta e denotativa, nela prevalece a terceira pessoa do singular.

Exemplo:

“Parte dos 120 mil km cúbicos de chuvas que, em média, a cada ano caem sobre os continentes, já não trazem mais a vida, mas a morte lenta e penosa para lagos, florestas, animais e pessoas...”

Função apelativa (ou conativa)

Ocorre quando se centraliza predominantemente no

receptor; o emissor procura influenciar o comportamento do receptor.

É a linguagem dos discursos, dos sermões, das propagandas que se

dirigem diretamente ao consumidor. Como o emissor se dirige ao

receptor, é comum o uso dos pronomes você e tu, ou o nome da

pessoa, além dos vocativos e imperativos. Exemplo:

“Se você procura o melhor imóvel, vá logo ao endereço

certo.”

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Função fática

Centralizada predominantemente no canal: tem como

objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a

eficiência do canal. É a linguagem das falas telefônicas e dos prefixos

radiofônicos.

É linguagem carregada de expressões como alô, então,

entende? Aí então, está me ouvindo? Então tchau, aqui é a Rádio...

Veja o exemplo:

“...Aí então o cobrador não quis me dar o troco, né, falando que era pouca coisa, e fiquei danada, entende?

Função poética

É centralizada predominantemente na mensagem,

revelando recursos imaginativos variados pelo emissor. Afetiva,

sugestiva, conotativa, ela é metafórica. É a linguagem figurada

presente em obras literárias, em letras de músicas, em algumas

propagandas, na fala fantasiosa de crianças.

Exemplo: “Na tarde quente as folhas aplaudindo a brisa fresca.”

Função metalinguística

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Centralizada predominantemente no código; é o uso da

linguagem para falar dela própria. A poesia que fala da poesia, da sua

função, e do poeta, um texto que comenta outro texto.

Os dicionários são o melhor exemplo de emprego de

metalinguagem. Neles, “traduz-se” um termo empregando o próprio

código a que pertence esse termo.

Exemplo: “atmosfera – s.f. 1. Massa gasosa que envolve

a terra. 2. O ar que respiramos”.

Observação

Em um mesmo texto podem aparecer várias funções de linguagem. O importante é saber qual é a função predominante no texto, porque ela o definirá como sendo emotivo, referencial, apelativo, fático, poético ou metalinguístico.

Significação das palavras

Sinônimas

Significado idêntico (perfeitos): lábio e beiço; cara e rosto;

Significado parecido (imperfeitos): cavalo e corcel; sábio e

erudito.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Antônimas

Significados contrários: dia e noite; amar e odiar; sim e não;

calor e frio; bom e mau; bem e mal; certo e errado; frio e

quente; perto e longe; grande e pequeno.

Homônimas

São aquelas que têm significados diferentes mas iguais nos

sons e/ou nas letras e dividem-se em:

Homófonas (idênticas nos sons): cento e assento; conserto e

concerto; seção, secção, sessão e cessão; paço e passo; laço e

lasso; acender e ascender; servo e cervo;

Homógrafas (têm a escrita igual): forma (ô) e forma; olho (ô)

e olho; colher (ê) e colher; fora (ô) e fora; molho (ô) e molho;

coro (ô) e coro; sábia, sabia e sabiá;

Homógrafas homófonas (letras e sons iguais). São as

chamadas homônimas perfeitas: canto (ângulo) e canto

(verbo); mato (bosque) e mato (verbo) mata (bosque, floresta)

e mata (verbo); manga (fruta) e manga (de camisa); livre

(solto) e livre (verbo); processar (informações), processar

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

(beneficiar) e processar (levar ao tribunal, a juízo); assistir

(ver, participar) e assistir (ajudar, cuidar, prestar assistência).

Parônimas

São parecidas na escrita e na pronúncia, mas de

significados diferentes: descrição (ato de escrever) e discrição

(modéstia); eminente (ilustre, notável) e iminente (ameaçante,

próximo); osso (parte do esqueleto) e ouço (verbo); coro (várias

vozes) e couro (pele); intimorato (corajoso) e intemerato (puro,

íntegro); despercebido (não notado) e desapercebido (desprevenido).

Derivação

O termo derivação se refere a um conjunto de diversos

processos de formação de novas palavras a partir de um único radical.

A derivação pode ser por prefixação, por sufixação ou ainda pode ser

derivação parassintática, derivação regressiva e derivação imprópria.

Derivação imprópria

Denomina-se derivação imprópria o processo de alteração

da classe da palavra (sem quaisquer alterações estruturais da palavra)

em que esta passa a se referir a uma nova significação.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Exemplos: A palavra burro, que originariamente se remete

a um animal quadrúpede (substantivo) passou também a ser

empregada na designação de qualquer pessoa a que se quer referir por

sua inépcia (adjetivo). Outro exemplo se dá na palavra oliveira

(substantivo comum), que pode se transformar num sobrenome de

família (Oliveira: substantivo próprio).

Este processo não se dá no campo morfológico (não há

ocorrência de processos de ordem morfológica), mas sim no campo da

semântica.

Derivação parassintática

A derivação parassintática ao processo de união

simultânea necessária de um prefixo e um sufixo a determinado

radical para a formação de uma nova palavra. Nas palavras resultadas

deste processo, a simultaneidade da agregação dos afixos ao radical é

condição fundamental. Exemplos de algumas palavras resultadas deste

processo, observamos:

Entardecer (Prefixo en- e sufixo -cer para o tema tarde:

não existem formas do tema em que apenas um destes afixos a ele se

agregam) Empobrecer, adoecer, adocicar, etc.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Derivação por prefixação

Derivação por prefixação é o processo de formação de

novas palavras a partir do acréscimo de prefixos a radicais.

Exemplo: A partir da palavra destinar, pode-se formar

uma outra palavra por derivação prefixal: predestinar (prefixo pre- ;

sentido de anterioridade).

Derivação por sufixação

Derivação por sufixação é o processo de formação de

novas palavras a partir do acréscimo de sufixos a radicais.

Exemplo: A partir da palavra real, pode-se formar outra

palavra por derivação sufixal: realismo (sufixo -ismo : no caso da

palavra realismo, utilizado para designar um dado sistema de idéias

artísticas). A partir da mesma palavra, deriva-se por sufixação a

palavra realista (sufixo -ista : no caso da palavra realista, utilizado

para designar aquilo que é relativo a realismo, como “romance

realista” ou, de forma geral, aquele que é partidário do realismo, ou

ainda aquele que age com realismo).

O processo de derivação por sufixação é responsável pelas:

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

flexões de grau dos vocábulos (sufixos aumentativos e

diminutivos, tendo como exemplo a palavra casa, da qual

derivam-se as palavras casinha e casão ou casarão);

mudanças de classe dos vocábulos (por exemplo, a mudança

de classe do adjetivo belo para o substantivo beleza);

pelas flexões dos modos e tempos verbais nos verbos.

Derivação regressiva

Dá-se o nome de derivação regressiva ao processo de

formação de palavras em que a palavra primitiva sofre regressão, isto

é, perde elementos de sua forma original. Este tipo de processo é

observável, sobretudo, na formação de substantivos originados de

verbos. Tais substantivos são denominados, portanto, substantivos

deverbais. A derivação regressiva também é observada em algumas

formas nominais que sofreram regressão por conterem em sua

terminação elementos que se assemelham à flexão de grau (tendo

como exemplos, as palavras sarampão e rosmaninho, das quais

derivaram-se sarampo e rosmano, que são radicais falsos).

Outros exemplos: amparo (do verbo amparar), consumo

(do verbo consumir), embarque (do verbo embarcar). As formas

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

nominais que lembram ações são formados por este tipo de derivação.

VII. PONTUAÇÃO

Emprego dos sinais de pontuação

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Vírgula – Indica que há uma breve pausa. Usa-se:

Para separar elementos relacionados:

A Igreja vai consagrar pastores, presbíteros e diáconos.

Comprei um apartamento que tem dois quartos, duas salas,

cozinha, área de serviço, duas varandas e três.

“E batizai-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”

Para isolar o vocativo:

Francisco, desligue já essa televisão!

Por favor, senhor Formiga, venha até o meu gabinete.

Ontem, Paulo, você faltou você perdeu uma ótima aula!

Ó Raimundo, por que te abates?

Boa redação, Samuel!

Para isolar o aposto:

Jesus, nosso Salvador, morreu na cruz por nossos pecados.

Paulo, o apóstolo dos gentios, escreveu 13 epístolas.75

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

João, o discípulo amado, escreveu o Livro do Apocalipse.

Para isolar palavras e expressões explicativas: a saber,

por exemplo, isto é, ou melhor, aliás, além disso etc.

Para isolar o adjunto adverbial antecipado:

Lá na mata, as noites são escuras e perigosas.

Ontem à noite, fomos todos jantar fora.

Para isolar elementos repetidos:

A casa, a casa foi destruída.

Estamos todos cansados, cansados de tanto andar.

Para isolar, nas datas, o nome do lugar:

Brasília, 21 de abril de 1960.

União da Vitória, 25 de março de 1981.

Para isolar os adjuntos adverbiais:

A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Os candidatos serão atendidos, das sete às onze, pelo próprio

gerente.

Para isolar as orações coordenadas, exceto as introduzidas pela

conjunção e:

Ele já enganou várias pessoas, logo não é digno de confiança.

Você pode usar o meu carro, mas tome muito cuidado ao

dirigir.

Não compareci ao trabalho ontem, pois estava doente.

Para indicar a elipse de um elemento da oração:

Foi um grande escândalo. Às vezes, gritava; outras,

estrebuchava como um animal.

Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela se suicidou, a irmã, que

foi um acidente.

Para separar o paralelismo de provérbios:

Ladrão de tostão, ladrão de milhão.

Ouvir cantar o galo, sem saber onde.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Após a saudação em correspondência (social e comercial):

Com muito amor,

Respeitosamente,

Para isolar as orações adjetivas explicativas:

Marina, que é uma criatura maldosa, “puxou o tapete” de

Juliana lá no trabalho.

Para isolar orações intercaladas:

Não lhe posso garantir nada, respondi secamente.

O filme, disse ele, é fantástico.

Ponto – Indica uma pausa mais prolongada. Usa-se:

Para indicar o término de uma frase declarativa de um período

simples ou composto:

Desejo-lhe uma boa noite.

Todos, quase sempre calados, ficaram muito alegres com a

chegada do amigo.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Na maioria das abreviaturas: dez. = dezembro, comiss. = comissão

Nota: O ponto que encerra um texto escrito recebe o nome de ponto

final.

Ponto-e-vírgula

Utiliza-se o ponto-e-vírgula para assinalar uma pausa

maior do que a da vírgula, praticamente uma pausa intermediária entre

o ponto e a vírgula. Geralmente, emprega-se o ponto-e-vírgula para:

Separar orações coordenadas que tenham certo sentido ou aquelas

que já apresentam separação por vírgula:

Criança, foi sempre sapeca; moça, era inteligente e alegre;

agora, mulher madura, tornou-se uma responsável.

Separar vários itens de uma enumeração:

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento,

a arte e o saber;

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

III - pluralismo de idéias e de concepções, e coexistência de

instituições públicas e privadas de ensino;

IV - gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;

(Constituição da República Federativa do Brasil)

Dois pontos - Os dois pontos são empregados para:

Uma enumeração: Rubião recordou a sua entrada no escritório do

Camacho, o modo porque falou: e daí tornou atrás, ao próprio ato.

Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o

grito, o salto que deu, levado de um ímpeto irresistível...

(Machado de Assis)

Uma citação:

Visto que ela nada declarasse, o marido indagou: Afinal, o

que houve?

Um esclarecimento:

Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não

porque o amasse, mas para magoar Lucila.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Observe que os dois pontos são também usados na

introdução de exemplos, notas ou observações:

Parônimos são vocábulos diferentes na significação e

parecidos na forma. Exemplos: ratificar/retificar, censo/senso,

descriminar/discriminar, tráfico/tráfego, conserto/concerto etc.

Nota: A preposição per, considerada arcaica, somente é

usada na frase de per si (= cada um por sua vez, isoladamente).

Observação: Na linguagem coloquial, pode-se aplicar o

grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, minutinho, segundinho,

loginho, melhorzinho, pouquinho etc.

Nota: A invocação em correspondência (social ou

comercial) pode ser seguida de dois-pontos ou de vírgula:

Querida amiga:

Prezados senhores,

Ponto de interrogação

O ponto de interrogação é empregado para indicar uma

pergunta direta, ainda que esta não exija resposta:

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

O criado pediu licença para entrar:

- O senhor não precisa de mim?

– Não obrigado. A que horas janta-se?

– Às cinco, se o senhor não der outra ordem.

- Bem.

– O senhor sai a passeio depois do jantar? de carro ou a

cavalo?

- Não.

(José de Alencar)

Ponto de exclamação

O ponto-de-exclamação é empregado para marcar o fim de

qualquer enunciado com entonação exclamativa, que normalmente

exprime admiração, surpresa, assombro, indignação etc.

– Viva o meu príncipe! Sim, senhor. Eis aqui um

comedouro muito compreensível e muito repousante, Jacinto!

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

– Então janta, homem! (Eça de Queiroz)

O ponto de exclamação é também usado com

interjeições e locuções interjetivas: Oh! Valha-me Deus!

Reticências - As reticências são empregadas para:

a) assinalar interrupção do pensamento:

– Bem; eu retiro-me, que sou prudente. Levo a consciência

de que fiz o meu dever. Mas o mundo saberá... (Júlio Dinis)

b) indicar passos que são suprimidos de um texto:

O primeiro e crucial problema de lingüística geral que

Saussure focalizou dizia respeito à natureza da linguagem. Encarava-a

como um sistema de signos... Considerava a lingüística, portanto, com

um aspecto de uma ciência mais geral, a ciência dos signos... (Mattoso

Câmara Jr.)

c) marcar aumento de emoção:

As palavras únicas de Teresa, em resposta àquela carta,

significativa da turvação do infeliz, foram estas: “Morrerei, Simão,

morrerei. Perdoa tu ao meu destino. Perdi-te. Bem sabes que sorte eu

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

queria dar-te. E morro, porque não posso, nem poderei jamais

resgatar-te. (Camilo Castelo Branco)

Aspas - As aspas são empregadas:

a) antes e depois de citações textuais: “O gramático deveria

descrever a língua em uso em nossa época, pois é dela que os alunos

necessitam para a comunicação quotidiana”. (Roulet)

b) para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias e expressões

populares ou vulgares: O “software” mais usado atualmente é o.

Outras, como: “deletar”, “xilondró” “puxador de carro” etc.

c) para realçar uma palavra ou expressão: Ele reagiu

impulsivamente e lhe disse um “não” sonoro. Aquele “mal súbito” na

vida financeira de João afastou-lhe os amigos dissimulados.

Travessão - Emprega-se o travessão para:

a) indicar a mudança de interlocutor no diálogo:

“– Que gente é aquela, seu Alberto? – São japoneses.– Japoneses? E... É gente como nós? – É. O Japão é um grande país. A única diferença é que eles são amarelos. – Mas, então não são índios?”(Ferreira de Castro)

84

Page 85: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

b) colocar em relevo certas palavras ou expressões:

Maria José sempre muito generosa – sem ser artificial ou

piegas – a perdoou sem restrições.

Um grupo de turistas estrangeiros – todos muito ruidosos -

invadiu o saguão do hotel no qual estávamos hospedados.

c) substituir a vírgula ou os dois pontos:

Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente

selvagem, a arte é a superioridade humana - acima dos preceitos que

se combatem, acima das religiões que passam, acima da ciência que se

corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase. (Raul Pompéia)

d) ligar palavras ou grupos de palavras que formam um

“conjunto” no enunciado:

A ponte Rio–Niterói está sendo reformada. O triângulo

Paris–Milão–Nova York está sendo ameaçado, no mundo da moda,

pela ascensão dos estilistas do Japão.

Parênteses - São empregados para:

a) destacar num texto qualquer explicação ou comentário:

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Page 86: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Todo signo lingüístico é formado de duas partes

associadas e inseparáveis, isto é, o significante (unidade formada pela

sucessão de fonemas) e o significado (conceito ou idéia).

b) incluir informativos sobre bibliografia (autor, ano de

publicação, página etc.):

Mattoso Câmara (1977:91) afirma que, às vezes, os

preceitos da matemática e os registros dos dicionários são discutíveis:

consideram erro o que já poderia ser admitido e aceitam o que

poderia, de preferência, ser posto de lado.

c) indicar marcações cênicas numa peça de teatro:

Abelardo I – Que fim levou o americano? João – Decerto caiu no copo de uísque!Abelardo I – Vou salvá-lo. Até já! (sai pela direita) (Oswald de Andrade)

d) isolar orações intercaladas com verbos declarativos, em

substituição à vírgula e aos travessões:

Afirma-se (não se prova) que é muitos políticos roubam.

Asterisco - É sinal gráfico em forma de estrela, é um recurso

empregado para:

86

Page 87: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

a) remissão a uma nota no pé da página ou no fim de um capítulo

de um livro:

Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria,

confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o morfema preso* -

aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que este afixo está

ligado a estabelecimento comercial. Em alguns contextos pode indicar

atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria etc. É o morfema que

não possui significação autônoma e sempre aparece ligado a outras

palavras.

b) substituição de um nome próprio que não se deseja mencionar:

O Dr. afirmou que a causa da infecção hospitalar na Casa

de Saúde Municipal está ligada à falta de produtos adequados para

assepsia.

VIII. GRAMÁTICA

FONOLOGIA

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Page 88: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Fonética

Fonema e letra

Tipos de fonemas

Classificação dos

fonemas

Separação silábica

Encontro vocálico

Encontro consonantal

Dígrafos

Ortografia

Grafia

Novas regras de

ortografia

Regras de acentuação

gráfica

Ortoépia ou ortoepia

Fonema e letra

A palavra falada constitui-se de uma combinação de

unidades mínimas de som (fonemas). Essas unidades sonoras são

representadas graficamente na escrita através de letras. Não se deve

confundir fonema com letra. Um é o elemento acústico, enquanto o

outro é um sinal gráfico, que representa o fonema segundo a

convenção da língua.

Nem sempre há uma correspondência entre letra e som.

Uma mesma letra pode representar sons diferenciados (próximo, 88

Page 89: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

exame, caixa), existem letras diferentes correspondendo ao mesmo

som (seco, cedo, laço, próximo), uma letra pode representar mais de

um som (fixo), há letra que não tem som algum (hora) e certos sons

ora são representados por uma só letra, ora por duas (xícara/chinelo,

gato/guitarra, rabo/carro).

Fonema = menor elemento sonoro capaz de estabelecer

distinção de significado. Exemplos: (pata ≠ bata ≠ mata ≠ nata...)

Tipos de fonemas

Vogal - sons cuja produção não encontra obstáculos para a

passagem de ar. Não precisam de amparo de outro fonema

para serem emitidos, constituem assim a base da sílaba. Em

quilo o u não é fonema, logo não há ditongo; já em quatro é

pronunciado, constituindo o ditongo.

Semivogal - sons i e u quando apoiados em uma vogal

autêntica na mesma sílaba. Os fonemas e e o, nas mesmas

circunstâncias, também serão semivogais.

Consoante - fonemas produzidos através da obstrução à

emissão de ar, precisando de uma vogal para serem emitidos.

Para haver consoante, é necessário o fonema (som) e não a

89

Page 90: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

letra (representação). Em fixo, há três fonemas consonantais,

apesar de haver graficamente só duas consoantes.

Classificação dos fonemas

Há quatro os critérios de classificação para as vogais:

Zona de articulação

a) média ou central: a

b) anteriores ou palatais: é, ê, i, y

c) Posteriores ou velares: ó, ô, u

Intensidade

a) tônicas: mais intensidade

b) átonas: intensidade fraca

c) a vogal átona pode ser: pretônica, postônica ou subtônica /

facilmente = a (subtônica), i (pretônica), último e (postônica)

Timbre

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Page 91: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

a) abertas - a, é, ó (em sílaba tônica ou subtônica)

b) fechadas - ê, ô, i, y, u (em sílabas tônicas, subtônicas ou

átonas)

c) reduzidas - vogais átonas finais, proferidas fracamente

Papel das cavidades bucal e nasal

a) orais - a, é, ê, i, y, ó, ô, u - ressonância apenas da boca

b) nasais - todas as vogais nasalisadas - ressonância em parte da

cavidade nasal. Índices de nasalidade: e m ou n em fim de

sílaba.

Observação: As vogais nasais são sempre fechadas

As consoantes também apresentam quatro critérios de

classificação

Modo de articulação

oclusivas - corrente de ar encontra na boca obstáculo total - p,

b, t, d, c(=k), k, q, g (=guê)

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Page 92: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

constritivas - corrente de ar encontra obstáculo parcial na boca

- f, v, s, z, x, j, l, lh, r, rr. Elas subdividem-se em: fricativas -

f, v, s, z, x, j/laterais - l, lh/vibrantes - r, rr

Observação: As consoantes nasais (m, n, nh) são ponto

de divergência entre gramáticos, no tocante a agrupá-las como

oclusivas ou constritivas. Isso se deve ao fato de a oclusão ser apenas

bucal, chegando o ar às fossas nasais onde ressoa. Para Faraco e

Moura, são oclusivas. Hildebrando não as coloca em nenhum dos dois

grupos.

Ponto de articulação

bilabiais: p, b, m

labiodentais: f, v

linguodentais: t, d, n

alveolares: s, z, l, r

palatais: x, j, lh, nh

velares: c(=k), qu, g (=guê), rr

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Papel das cordas vocais

surdas - sem vibração: p, t, c(=k), qu, f, s, x, k

sonoras - com vibração: b, d, g, v, z, j, l, lh, m, n, nh, r (fraca),

rr (forte)

Papel das cavidades bucal e nasal

nasais: m, n, nh

orais: todas as outras

Separação silábica

Sílab: conjunto de sons que pode ser emitido numa só

expiração. Pode ser aberta ou fechada se terminada por vogal ou

consoante, respectivamente.

Na estrutura da sílaba existe, necessariamente, uma vogal,

à qual se juntam, ou não, semivogais e/ou consoantes. Assim, não há

sílaba sem vogal e esse é o único fonema que, sozinho, forma sílaba.

A maneira mais fácil para separar as sílabas é pronunciar a

palavra lentamente, de forma melódica.

93

Page 94: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Toda consoante precedida de vogal forma sílaba com a

vogal seguinte. Merece a lembrança de que m e n podem ser índices

de nasalização da vogal anterior, acompanhando-a na sílaba. (ja-ne-la,

su-bu-ma-no, é-ti-co, tran-sa-ma-zô-ni-ca; mas bom-ba, sen-ti-do)

Consoante inicial não seguida de vogal fica na sílaba

seguinte (pneu-má-ti-co, mne-mô-ni-co). Se a consoante não seguida

de vogal estiver dentro do vocábulo, ela fica na sílaba precedente (ap-

to, rit-mo).

Os ditongos e tritongos não se separam, porém no hiato

cada vogal está numa sílaba diferente.

Os dígrafos do h e do u também são inseparáveis, os

demais devem ser separados. (cha-ve, ne-nhum, a-qui-lo, se-gue).

Em geral, os grupos consonantais onde a segunda letra é l

ou r não se separam. (bra-ço, a-tle-ta).

Em sufixos terminados por consoante + palavra iniciada

por vogal, há união dessa consoante final com a vogal, não se

considerando a integridade do elemento mórfico (bi-sa-vô ≠ bis-ne-to,

tran-sa-cio-nal ≠ trans-pa-ren-te).

94

Page 95: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

As letras duplas e os encontros consonantais pronunciados

disjuntamente devem ser separados. (oc-cip-tal, ca-a-tin-ga, ad-vo-

ga-do, dig-no, sub-li-nhar, ab-ro-gar, ab-rup-to)

Na translineação, devem-se evitar separações que resultem

no fim de uma linha ou no início da outra vogais isoladas ou termos

grosseiros. (i//dei//a, cus//toso, puta//tivo, fede//ral).

Dependendo da quantidade de sílabas, as palavras podem

ser classificadas em: monossílaba (mono = um), dissílaba (di = dois),

trissílaba (tri = três) e polissílaba (poli = vários/+ de quatro)

Encontros vocálicos

Sequência de sons vocálicos (vogais e/ou semivogais) que

pode ocorrer numa mesma sílaba ou em sílabas separadas. As vogais

serão as pronunciadas mais fortes, enquanto as semivogais serão mais

fracas na emissão e sempre átonas. São três tipos de encontros

vocálicos: hiatos, ditongos e tritongos.

Hiatos

Sequência de duas vogais em sílabas diferentes (saude,

cooperar, ruim, creem).

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Page 96: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Ditongos

Vogal e semivogal pronunciadas numa só sílaba,

independentemente da ordem destas. Os ditongos podem ser

classificados em decrescentes ou crescentes e orais ou nasais.

ditongo crescente: SV + V (glória, qual, frequente, tênue)

ditongo decrescente: V + SV (pai, chapeu, muito, mãe)

ditongo nasal: com índices claros de nasalidade: a presença do

til (~) e as letras m ou n em fim de sílaba (mão, quando,

também [~ei])

ditongo oral: os ditongos não nasais são ditos orais.

Tritongos

Uma vogal entre duas semivogais numa só sílaba.

(Uruguai, saguões, enxaguou, delinquem [ueim]).

Também podem ser classificados em nasais ou orais,

seguindo os mesmos princípios dos ditongos.

Observações:

96

Page 97: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

a é sempre vogal e se estiver acompanhada de outra(s) "vogal"

na mesma sílaba, esta será semivogal.

i e u geralmente funcionam como semivogais, mas e e o

podem também desempenhar este papel.

am em, em fim de palavra, correspondem aos ditongos ao / ei

nasalisados

falsos ditongos - quando átonos finais, os encontros (ia, ie, io,

oa e ua) são normalmente ditongos crescentes, mas também

podem ser hiatos. Se esses grupos não forem finais nem

átonos, só podem ser hiatos. (his-tó-ria ou ri-a, geo-gra-fi-a,

di-e-ta, di-á-li-se, pi-ru-á - marcadas as sílabas tônicas).

encontros instáveis - além dos falsos ditongos, são os

encontros de i ou u (átonos) com a vogal seguinte (piaga, fel,

prior, muar, suor, crueldade, violento, persuadir). Tais

encontros, na fala do RJ, tendem a hiatos, segundo Rocha

Lima.

os encontros de palavras como praia, maio, feio, goiaba e

baleia são separados de forma a criar um ditongo e uma vogal

sozinha depois.

97

Page 98: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Encontros consonantais

Sequência de duas ou mais consoantes, sem vogal

intermediária, desde que não constituam dígrafo. Podem ocorrer na

mesma sílaba ou não: perfeitos/próprios ou imperfeitos/impróprios)

- pe-dra, cla-ro, por-ta, lis-ta.

Os encontros (gn, mn, pn, ps, pt e tm) não são muito

comuns. Quando iniciais, são inseparáveis, quando mediais, criam

uma pronúncia mais difícil.

(gnomo/digno, ptialina/apto). No uso coloquial, há uma

tendência a destruir esse encontro, inserindo uma vogal epentética i.

Observação: quando x corresponde a cs, há um encontro consonantal

fonético. Nesse caso, x é chamado de dífono.

Dígrafos

Grupo de duas letras, representando um só fonema. São

dígrafos em língua portuguesa: lh, nh, ch, rr, ss, qu (+e ou i), gu (+e

ou i), sc, sç, xc, além das vogais nasais (V+m ou n - chamados

dígrafos vocálicos).

98

Page 99: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Observações:

Letra diacrítica - segunda letra do dígrafo e não é fonema (membro -

1º m é fonema; o segundo, letra diacrítica).

Letra h no início de palavra não é fonema nem forma dígrafo e

classifica-se como letra etimológica.

Ortografia

É a parte da Gramática que cuida da correta grafia das

palavras. Eis alguns artifícios que podem ser úteis para se grafar

corretamente as palavras.

Emprego do S

O fonema /Z/ será grafado com "S" depois de ditongo: louSa

paiSagem maiSena SouSa

Os sufixos "OSO/OSA" (cheio de...) devem ser grafados com

"S": charmoSa dengoSa venenoSa raivoSo

Os sufixos "ESA / ISA / ESSA", formadores de femininos, são

grafados com "S": baroneSa condeSSa duqueSa papiSa

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Page 100: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Todas as flexões dos verbos "QUERER / PÔR’’: quiS puS

puSer quiSeSSe uSei

Nos grupos "IST / UST": miSto juSto ciSTo juSto

São grafadas com "S" palavras indicadoras de origem,

nacionalidade, posição social ou título, derivadas de

substantivos: cortÊS (corte) burguÊS (burgo); pequinÊS

(Pequim); camponÊS (campo); japonÊS (Japão) paranaENSE

(Paraná); javanÊS botucatuENSE

Grafam-se com S palavras derivadas de verbos terminados em

nDER, nDIR e com SS derivadas de verbos terminados em

DER ,DIR: pretenSão (pretender) regreSSão (regredir)

Emprego do Z

Verbos em "ISAR" são grafados com "S" apenas quando a

palavra primitiva apresentar a seqüência IS + VOGAL.

Caso não apresente essa sequência, o verbo será grafado com

"Z"

encamISAr (camISA) pesquISAr (perquISA); amenIZAr

(ameno) cicatrIZAr (cicatrIZ); catequIZAr (catequESE)

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Page 101: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

batIZAr (batISMo)

São grafados com - Z - substantivos abstratos derivados de

adjetivos:

viuveZ (viúvo) estupideZ (estúpido); beleZa (belo) pequeneZ

(pequeno)

Quando houver a correlação - Z/C/Ç -

feliZ (feliCidade) aZedo (áCido); veloZ (veloCidade) preZar

(preÇo)

Emprego do - C e do Ç

Depois de ditongo, o fonema sibilante será grafado com - C/Ç:

coiCe feiÇão traiÇão foiCe

Quando houver a correlação - T/C/Ç: absorÇão (absorto)

canÇão (canto); exceÇão (excetuar) marCiano (Marte)

Nos sufixos - AÇO/IÇO/UÇO: caniÇo ricaÇo dentuÇo

Derivados de verbos terminados em - TER/DIR/MIR -, quando

tais terminações não desaparecem: retenÇão (reter) adiÇão

(adir); remiÇão (remir) abstenÇão (abster).

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Page 102: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Emprego do X

Depois de ditongo, o fonema chiado deve ser grafado com – X:

ameiXa baiXo trouXa peiXe

Observação: cauCHo recauCHutar

Depois da inicial - EN - usamos – X: enXaqueca enXoval

enXurrada - exceção (enCHova)

Observação: Se a palavra for derivada de outra que já

apresente - CH -, este se conserva: enCHarcar (charco)

enCHente (cheio); enCHapelar (chapéu) enCHouriçar

(chouriço).

Depois da inicial - ME -, o som chiado será grafado com - X -

meXerica meXer meXilhão MéXico

Observação: meCHa e derivados (mechagem, mechado...) e

meCHoação

Depois da vogal - E -, o fonema /Z/ será grafado com – X:

eXato eXemplo eXagero

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Page 103: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Em vocábulos de origem tupi, africana ou árabe: Xavante

abacaXi EreXim

Emprego do J

Nos vocábulos de origem tupi, africana ou árabe: Jiboia

moJi Jia alforJe

Cuidado: viagem( substantivo), viajem( verbo)

 Emprego do G

Nas terminações - ÁGIO, - ÉGIO, - ÍGIO, - ÓGIO, - ÚGIO:

adáGIO colÉGIO vestÍGIO relÓGIO refÚGIO

Nos verbos em - GER e – GIR: eleGER fuGIR proteGER

Nas terminações de substantivos em – GEM: folhaGEM

vertiGEM ferruGEM

Emprego do E e do I

Os ditongos nasais /ãy/ e /õy/ - pÕE cÃEs mÃE

Observação: /UY/ (nasal) apenas em MUITO

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Page 104: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Verbos terminados em – AIR - OER - e - UIR - apresentam

flexões em - i -; verbos terminados em - UAR - e - OAR -

apresentam flexões em – E.

corrÓI possUI continUE ensabOE

Emprego do H

O -H- inicial só é usado quando justificado pela origem da

palavra: Hábil, hesitar, homem, harmonia, habitar, história

O -H- inicial é eliminado quando a palavra recebe um prefixo:

inábil, desarmonia

O -H- inicial permanecerá nas palavras compostas unidas por

hífen: Super-homem, pré-história

O -H- é empregado no final de algumas interjeições: ah! oh!

Acentuação gráfica

Grafia

Formas Variantes

Há palavras que podem ser grafadas de duas maneiras,

sendo ambas aceitas em Português pela norma de língua culta.

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Page 105: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Exemplos: 

cota – quota

catorze – quatorze

quociente – cociente

quotidiano  - cotidiano

IX. NOVAS REGRAS DE ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO

GRÁFICA

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Page 106: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

O Decreto N° 6.583, de 29 de setembro de 2008,

promulgou o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado

em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, aprovado pelo Decreto

Legislativo n° 54, de 18 de abril de 1995.

Foram signatários desse Acordo Ortográfico da Língua

Portuguesa os seguintes países:

República Popular de Angola,

Republica Federativa do Brasil,

República de Cabo Verde,

República da Guiné Bissau,

República de Moçambique,

República Portuguesa, e

República Democrática de São Tomé e Príncipe.

As mudanças estão resumidas no anexo a este comentário.

Em breve, a Academia Brasileira de Letras (ABL) vai

republicar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP)

106

Page 107: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

com as modificações introduzidas pelo Acordo.

Importante observar:

1) As novas regras ortográficas estão valendo desde o dia 1º de

janeiro de 2009. Entretanto, até 2012, a velha e a nova

ortografia podem conviver. A partir de então, as mudanças na

escrita serão obrigatórias.

2) Muda a grafia mas permanece a pronúncia. Por exemplo,

passa-se a escrever linguiça mas pronuncia-se lingüiça. O

mesmo vale para sequência, tranquilo, assembleia, joia, ideia.

3) Para o Brasil, serão modificadas cerca de 3000 palavras dentre

as 110.000 mais utilizadas. Para outros países, como Portugal,

por exemplo, serão muito mais alterações, especialmente na

eliminação de consoantes mudas (afecto, adoptado).

Há divergências, ainda, sobre o emprego do hífen.

Trema

O trema não é mais usado, a não ser em palavras

estrangeiras: Müller, Frölich e suas derivadas, tal como em

mülleriano.

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Page 108: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

As regras de acentuação gráfica

Monossílabos

São acentuados os tônicos terminados em A, E, O

seguidos ou não de S: Pá/pás, Rapé/rapés, Nó/nós

Oxítonos

Recebem acento gráfico os terminados:

em A, E, O seguidos ou não de S: Cajá/cajás, Café/cafés,

Cipó/cipós

em EM/ENS, com mais de uma sílaba: Armazém/armazéns,

mantém, provém

Paroxítonos

Devem ser acentuados quando terminados: em L, N, R, X:

Imóvel, hífen, âmbar, tórax

não são acentuados os prefixos terminados em R: Inter, super.

em Ã(S), ÃO(S), EI(S), I(S), OM(NOS), PS, UM(UNS), US:

ímã/ímãs, órfão/órfãos, jóquei/jóqueis, júri/júris,

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Page 109: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

eléctrom/eléctrons, fórceps.

álbum/álbuns, vírus.

I: Anti, semi

com encontros vocálicos (ditongos crescentes) em EA, EI, EO,

IA, IE, IO, AO, UA, EU, UO: côdea, pônei, terráqueo, vitória,

colégio, amêndoa, água, tênue, contínuo

Proparoxítonos

Todas as palavras proparoxítonas são acentuadas: fôlego,

íntegro, lâmpada, mágica

Hiatos

São acentuados o I e o U tônicos, quando formam hiato

com a vogal anterior, seguidos ou não de S e que estiverem na última

sílaba:ba-ú, Pi-au-í, Ju-í, a-í, sa-í, a-ça-í, Já-ú.

Se não houver ditongo antes do I ou do U tônicos,

seguidos ou não de S, havendo hiato, os vocábulos são acentuados: sa-

ú-de, sa-í-da, sa-ú-va, fa-ís-ca

Observações:

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

não é acentuado o I tônico que antecede NH: rainha, ainda,

não são acentuados o I e o U tônicos da base dos ditongos IU e

UI: atraiu, saiu

não é acentuado o penúltimo O fechado do hiato OO, seguido

ou não de S: magoo, vôos, enjoo

Ditongos

São acentuadas as vogais E e O, tônicas e abertas:

1) em última sílaba do ditongo EU: chapéu, troféu, troféus, herói

2) na penúltima sílaba: heróico, paranóico

Acento diferencial

Recebem acento circunflexo diferencial:

pôde (verbo-pret. perf.) diferenciando de pode (verbo-

presente).

pôr (verbo) diferenciando de por (preposição).

têm (verbo-3.ª pes. pl.) diferenciando de tem (verbo-3.ª pes.

sing.).

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Page 111: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

vêm (verbo-3.ª pes. pl.) diferenciando de vem (verbo-3.ª pes.

Sing.).

Ortoépia ou ortoepia

Ocupa-se da boa pronunciação das palavras, no ato da

fala.

E ou I: confessionário, digladiar, anteontem, pontiagudo,

irrequieto, dentifrício, empecilho, periquito, páreo, creolina,

disenteria, irrequieto, lacrimogêneo, seriema, umedecer,

Ifigênia

O ou U: tossir, glóbulo, botijão, engolir, goela, cutia, bueiro,

jabuticaba, lombriga, poleiro, rebuliço, cumbuca, lóbulo,

tábua, tabuada

J ou : jerico, cafajeste, rabugento, tigela, bugiganga, ojeriza,

jérsei, sarjeta, vigência, injeção, sugestão, gergelim, herege

X ou CH: muxoxo, capacho, mexilhão, elixir, xampu, graxa,

broche, enxoval, laxante, atarraxar, caxumba

C ou: geringonça, almaço, facínora, miçanga, cobiça

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Page 112: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Com S: ânsia, ansioso, ascensão, compreensão, dissensão,

hortênsia, obsessão, pretensioso, recenseamento, seara, Sintra,

Elisa, Sousa, Teresa

Com SS: admissão, alvíssaras, arremessar, asseio, concessão,

escassear, fossa, fosso, massapê, possessão, potassa,

repercussão, sanguessuga, vicissitude

Com SC/SÇ: abscesso, abscissa, apascentar, aquiescer,

ascensão, condescender, cônscio, convalescente, efervescência,

enrubescer, fascinante, imprescindível, intumescer,

miscelânea, obsceno, oscilar, remanescente, rescindir,

suscetível, vísceras

Com XC: exceção, exceder, excelente, excepcional, excesso,

exceto, excitar

Com Z: abalizado, agonizar, algazarra, aneizinhos, aprazível,

aspereza, atroz, baliza, cafuzo, catequizar, deslize, destreza,

escassez, lambuzar, Luzia, Muniz, prazenteiro, preconizar,

regozijo, revezar, rijeza, tenaz, tez, vazar

Outras palavras que merecem atenção: destilaria, hilaridade,

impigem, Manuel, Filipe, Joaquim, secessão, buço, granizo,

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

esplêndido, feixe, alfazema, honradez, lapisinho, baliza,

prazerosamente, anchova, cochicho, privilégio, berinjela,

pichação, lambujem, sinusite, seringa, ogiva, cerzir,

convalescença, mormaço, obcecado, rechaçar, ruço

(=grisalho), terçol

Timbre aberto: badejo, coeso, grelha, ileso, obeso, obsoleto,

coldre, dolo, molho (feixe, conjunto), piloro

Timbre fechado: cerda, escaravelho, reses, algoz, colmeia,

crosta, molho (caldo)

X. MORFOLOGIA

Classes de palavras

As palavras usadas na nossa língua podem ser divididas

em classes gramaticais em razão do significado e da função de cada

113

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

uma.

O estudo dessas Classes Gramaticais nos ajuda a ter mais

segurança ao escrever e a ter uma maior facilidade de expressão, seja

de forma oral ou escrita.

Mas não imagine que sempre será necessário reservar um

tempo para fazer uma análise das palavras antes de criar uma frase ou

oração. Com o tempo, após fazer muitos exercícios, analisar textos de

outros autores e criar seus próprios textos, esse processo passa a

acontecer automaticamente. É a prática que nos dá essa agilidade.

Classes Gramaticais

Ao todo, são 10 (dez) classes gramaticais, 6 (seis) delas

compostas por palavras variáveis e mais 4 (quatro) de

palavras invariáveis.

Variáveis

São aquelas em as palavras flexionam-se em gênero,

número, grau, tempo, modo e pessoa. São seis classes: substantivos,

artigos, adjetivos, numerais, pronomes, verbos.

Invariáveis

114

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

São aquelas em que as palavras não se flexionam, isto é,

nada mudam em sua grafia. São quatro classes: advérbios,

preposições, conjunções, interjeições.

Definições, funções   e exemplos de cada uma dessas

classes gramaticais.

Variáveis

Substantivos

Basicamente, substantivo é toda palavra que dá nome a

seres, objetos, lugares, sentimentos, ações, qualidades ou estados etc.

Exemplos:

Seres: cachorro, flor, homem, Maria, João

Objetos: computador, borracha, livro

Lugares: sorveteria, aeroporto, Belo Horizonte, Brasil

Sentimentos: amor, ódio, rancor, aflição, afeição

Ações: nascimento, digitação, colheita, salto

Qualidades ou estados: beleza, alegria, juventude

115

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Os substantivos podem ser classificados em comuns e

próprios; concretos e abstratos; e coletivos.

Quanto à formação, podem ser primitivos ou derivados e

simples ou compostos.

E são variáveis, pois podem se flexionar em gênero

(masculino e feminino), número (singular e plural) e grau

(aumentativo e diminutivo).

Artigos

O Artigo é uma palavra variável que acompanha os

substantivos e tem a função de determiná-lo, indicando-lhe ainda

gênero e número. Isoladamente, o artigo não possui nenhum

significado.

Podem variar em gênero e número, de acordo com o

substantivo ao qual se referem.

Os artigos são classificados como Definidos quando

determinam o substantivo de modo particular e preciso, ao passo que

são Indefinidos quando determinam o substantivo de forma geral,

vaga e imprecisa. Os artigos definidos são as palavras: o, a, os, as. Já

os artigos indefinidos são: um, uma, uns, umas.116

Page 117: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Adjetivos

O Adjetivo é a palavra que atribui características aos seres,

objetos, lugares, sentimentos, ações, qualidades etc, ou seja, ao

substantivo.

Assim, dizemos que o adjetivo modifica o substantivo,

atribuindo-lhe uma qualidade ou expressando sua aparência, aspecto

ou mesmo seu estado. Por exemplo: água fria, sapato grande, carne

congelada.

Assim, os adjetivos, como os substantivo, também podem

ser classificados quanto à sua formação em: primitivos ou derivados,

simples ou compostos e variar em gênero, número e grau.

Numerais

O Numeral é a palavra que modifica o substantivo

determinando a sua quantidade em números, múltiplos ou fração, ou

mesmo a sua ordem em uma determinada seqüência. Por exemplo:

dois bois, salto triplo, meio quilo, primeiro lugar. Podem ser

classificados em numerais ordinais (um, dois, três), cardinais

(primeiro, segundo, terceiro), multiplicativos (duplo, triplo, sêxtuplo)

e fracionários (meio, terço, onze avos).

117

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Como regra, os numerais são variáveis, mas nem todos os

numerais variam em gênero e número. Por exemplo, os numerais

cardinais em geral são invariáveis, com exceção de um (uma), dois

(duas), e dos terminados em -entos e -ão (quinhentas, milhões).

Pronomes

Os Pronomes constituem uma categoria de palavras tão

importante quanto à dos substantivos. Eles podem servir como uma

espécie de curinga, sendo usados para substituir um substantivo. Pode

ainda se referir a um substantivo, ou acompanhá-lo qualificando-o de

alguma maneira. Variáveis em gênero e número, os pronomes

concordam com o substantivo ao qual substituem, se referem ou

qualificam.

Classificação

Os pronomes classificam-se em pessoais, possessivos,

demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. Há, ainda, os

pronomes substantivos e os adjetivos.

Pessoais: Designam as três pessoas do discurso:

Retos: Eu, nós, tu, vós, ele, ela, eles, elas

118

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Oblíquos - Átonos e tônicos: me, mim, comigo, te, ti, contigo, se,

lhe, o, a, si, consigo – nos, conosco, vos, convosco, se, lhes, os, as si,

consigo

Observações:

a) Os pronomes eu e tu são usados apenas na função de

sujeito.

Isto é para eu fazer.

Entregaram as cartas

para tu leres.

Nada houve entre mim

e ti.

É fácil para eu viajar de

avião.

b) Os pronomes si/consigo são necessariamente reflexivos

(sujeito e complemento na mesma pessoa):

Eles só pensam em si. A senhora trouxe

consigo belas flores.

c) Com nós / com vós são formas corretas, desde que

empregadas com reforço:

Ele cantou com nós três.

119

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Deveis conversar com vós mesmos.

 Possessivos - Indicam posse em relação às pessoas do discurso:

Singular e plural

meu(s)/minhas(s): 1ª pessoa - nosso(s)/nossa(s)

teu(s)/tua(s): 2ª pessoa - vossos)/vossa(s)

seu(s)/sua(s): 3ª pessoa - seu(s)/sua(s)

Demonstrativos - Indicam lugar ou posição dos seres com relação às

pessoas do discurso.

1ª pessoa: este(s)/esta(s)/isto

2ª pessoa: esse(s)/essa(s)/isso

3ª pessoa: aquele(s)/aquela(s)/aquilo

Observações:

Este e suas flexões indicam o que está fisicamente no

âmbito do emissor ou referem-se ao que ocorre no momento atual ou

futuro em relação ao momento da fala.

Este ano iremos a Jerusalém. Isto é verdade.

120

Page 121: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Esse e suas flexões fazem referência ao que está

fisicamente no âmbito do receptor ou indicam passado em relação ao

momento da fala.

Essa tela é linda. Esse teu agasalho parece quente.

Aquele e suas flexões servem para indicar o que está no

âmbito do referente ou distante das duas primeiras pessoas, ou

referem-se a um tempo distante no passado em relação ao momento da

fala.

Naquele momento, a sala toda ficou calada.

Aqueles cadernos são das crianças.

Este / Aquele podem indicar a posição do substantivo que

substituem na frase. Assim, ESTE refere- se ao substantivo mais

próximo do demonstrativo e AQUELE ao mais distante:

O velho e o menino caminhavam vagarosamente. Aquele,

porque estava doente; este, porque estava faminto.

São também demonstrativos:

O, a, os, as:

121

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Não sei o que queres (=aquilo).

As chaves de Paulo são as que ficaram em casa (=aquelas).

Mesmo, mesma, mesmos, mesmas:

Elas mesmas fizeram o trabalho.

Próprio, própria, próprios, próprias

Ele próprio serviu os amigos.

Semelhante, semelhantes

Quem teve semelhante idéia?

Tal, tais

Tais coisas sempre preocupam.

Indefinidos

De um modo geral, baseiam-se na idéia coisa, referindo-se

de modo vago à terceira pessoa, ou expressam quantidade

indeterminada. Podem ser:

Variáveis:

122

Page 123: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Algum/a(s), outro/a(s), nenhum/a(s), todo/a(s),

quanto/a(s), tanto/a(s), muito/a(s), pouco/a(s), qual(quais),

certo/a(s), vário/a(s), diverso/a(s), qualquer (quaisquer), um/a(s):

Muitos já elogiaram

este filme.

Encontrei vários

recados dele.

Uns cantam, outros

louvam.

Pegue algumas laranjas

Invariáveis:

Algo, alguém, nada, ninguém, tudo, outrem, cada, que,

quem:

Nada é eterno. Que horas são?

Locuções pronominais indefinidas: cada um, cada qual,

qualquer um, todo aquele que, seja qual, seja quem for, tal e tal, um e

outro, a gente, etc.:

Cada qual sabe de si.

Interrogativos

123

Page 124: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

São os indefinidos quem/que/qual(quais)/quanto/as)

usados nas interrogações diretas ou indiretas:

Qual é seu nome? (Interrogação direta)

Não sei qual é seu nome. (Interrogação indireta)

Relativos

Relacionam-se a um nome mencionado anteriormente

(antecedente), introduzindo-o na oração seguinte:

a) Variáveis: qual(quais), cujo/a(s), quanto/a(s)

(precedidos dos indefinidos tudo/todo, tanto e variações):

Este é o jovem cujo pai ganhou o prêmio.

Pense em todos quantos te apoiaram.

b) Invariáveis: que, quem, onde:

Tu sabes a quem procurar?

É bonita a casa onde moramos.

Pronomes substantivos e pronomes adjetivos

124

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

a) Substantivos são os que substituem um substantivo:

O terno azul é meu.

b) Adjetivos são os que modificam um substantivo:

Meu casaco é marrom.

De tratamento: Você, vocês, senhor, senhores, senhora, senhoras,

senhorita, senhoritas, e:

Vossa Alteza - para príncipes e princesas

Vossa Eminência - para cardeais da Igreja Católica

Vossa Excelência - para autoridades: bispos, juízes, do

governo e das forças armadas

Vossa Magnificência - para reitores de universidades

Vossa Majestade – para reis, rainhas e imperadores

Vossa Onipotência - para Deus

Vossa Reverendíssima - para autoridades religiosas

Vossa Santidade - para o líder da Igreja Católica, o papa

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Vossa Senhoria - para funcionários graduados e na linguagem

comercial

Observação:

Usa-se Vossa quando se fala diretamente com a pessoa

(Como está Vossa Excelência?) e Sua quando se fala sobre a pessoa

(Sua Excelência nos disse que está bem).

Colocação pronominal

Denomina-se a posição do pronome, em relação ao verbo,

de:

Próclise: com o pronome colocado antes do verbo (Aqui se pode

louvar)

Mesóclise: com o pronome colocado no meio do verbo (Convidá-lo-

emos a pregar a Palavra).

Ênclise: com o pronome colocado depois do verbo (Apagaram-se as

luzes).

Regra geral: Deve-se colocar o pronome encliticamente,

desde que não haja termo que obrigue à próclise ou seja um dos

126

Page 127: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

futuros do indicativo, devendo-se atentar para as situações específicas.

São situações de próclise:

Oração negativa: desde que não haja pausa entre o verbo e as

palavras de negação. Ninguém se aproxima/Nada me convence disso..

Observação: Se a palavra negativa preceder um infinitivo não-

flexionado, é possível a ênclise: Calei para não magoá-la

Frases exclamativas: (começadas por palavras exclamativas) e

optativas (desejo) - Deus te guie!/Quanto sangue se derramou

inutilmente!

Conjunção subordinativa - Preciso de que me ajudes/O trabalhador

produz pouco, quando se alimenta mal.

Observação: S elipse da conjunção não dispensa a próclise: Quando

passo e (quando) te vejo, alegro-me.

Pronome ou palavras interrogativas - Quem me viu ontem?/Queria

saber por que te afliges tanto

Pronome indefinido, demonstrativo e relativo - Alguém me ajude a

sair daqui/Isso te pertence/Ele que se vestiu de verde está ridículo.

127

Page 128: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Advérbio (não seguido de vírgula) e numeral ambos - Aqui se vê

muita miséria. Aqui, vê-se muita miséria/Ambos se olharam

profundamente.

Observações:

Se o sujeito estiver logo antes do verbo, a próclise será

facultativa. Este fator, entretanto, não pode quebrar o princípio dos

fatores de próclise: Ele se feriu ou ele feriu-se/O homem se recupera

ou o homem recupera-se/Ninguém me convencerá/Tudo se fez por

uma boa causa.

Por questão de eufonia, pode-se preferir a próclise ao

invés da ênclise, quando o sujeito vier antes do verbo: "Cada dia lhe

desfolha um afeto" (Alexandre Herculano)/Você viu-o/Você o viu.

Uso de mesóclise

Respeitados os princípios de próclise, far-se-á mesóclise

caso o verbo esteja nos tempos futuros do indicativo. Exemplos: dar-

te-ia = daria + te/dar-te-ei = darei + te.

Diante da platéia, cantar-se-ia melhor/Os amigos sinceros

lembrar-nos-ão um dia

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Page 129: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Usa-se ênclise

Em início da frase ou após sinal de pontuação.

Casos não proclíticos e não mesoclíticos em geral.

Nas orações imperativas afirmativas - Procure suas colegas

e convide-as.

Junto ao infinitivo não flexionado, precedido da preposição

a, em se tratando dos pronomes o/a (s). Exemplos: Todos

corriam a escutá-lo com atenção/Ele começou a

insultá-la/Nem sei se nos tornaremos a vê-los novamente.

Estando o infinitivo pessoal regido da preposição para, é

indiferente a colocação do pronome oblíquo antes ou depois do verbo,

mesmo com a presença do advérbio não.

Exemplo: Silenciei para não irritá-lo/Silenciei para não o

irritar

Formas infinitas e locuções verbais

A regra geral é a ênclise (Viver é adaptar-se). Admite-se

também a próclise se o infinitivo não-flexionado vier precedido de

129

Page 130: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

preposição ou palavra negativa (para te servir/servir-te, não o

incomodar/incomodá-lo).

Observação: se o pronome for o, s, os, as e o infinitivo regido da

preposição a, usa-se a ênclise, se o infinitivo vier flexionado,

prefere-se a próclise.

Com o gerúndio, a regra geral em a ênclise. Entretanto, a

próclise é obrigatória se: o gerúndio vier precedido da preposição em

ou se o gerúndio vier precedido de advérbio que o modifique

diretamente, sem pausa (Em se tratando de colocação pronominal, sei

tudo!)

Com o particípio: sem auxiliar não admite próclise ou

ênclise e sim a forma oblíqua regida de preposição: Concedida a mim

a preferência, farei por merecê-la

Em locuções verbais: Auxiliar + infinitivo (podem os pronomes,

conforme as circunstâncias, estar em próclise ou ênclise, ora ao verbo

auxiliar, ora à forma nominal): Devo calar-me/devo-me calar/devo me

calar - Não devo calar-me/não me devo calar/não devo me calar.

Observação: mesmo como fator de próclise, a ênclise no infinitivo

é correta.

130

Page 131: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Auxiliar + preposição + infinitivo (Há de acostumar-se/há de se

acostumar - Não se há de acostumar/não há de acostumar-se.

Auxiliar + gerúndio (podem os pronomes, conforme as

circunstâncias, estar em próclise ou ênclise, ora ao verbo auxiliar, ora

à forma nominal): Vou-me arrastando vou me arrastando/vou

arrastando-me - Não me vou arrastando/não vou arrastando-me.

Observação: como fator de próclise, o pronome não

pode aparecer entre os verbos

Auxiliar + particípio (os pronomes se juntam ao auxiliar e jamais ao

particípio, de acordo com as circunstâncias): Os amigos o tinham

prevenido/os amigos tinham-no prevenido - Nunca a tínhamos visto

antes.

Verbos

Os Verbos são palavras que podem indicar uma ação

(correr, trabalhar), um estado (ser, estar), um fenômeno da natureza

(chover, ventar), uma ocorrência (aconteceu, sucedeu), uma vontade,

desejo ou sentimento (sentir, querer), uma conveniência (convém,

cumprir), uma opinião (achar) etc.

131

Page 132: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

A classe dos verbos é a mais variável da língua

portuguesa, se flexionando em número, pessoa, tempo, modo e voz.

Suas variações são chamadas conjugações. De acordo com a forma de

conjugação, os verbos são classificados em regulares, irregulares,

anômalos, defectivos, e abundantes.

Invariáveis

Advérbios

Os Advérbios são palavras que indicam as circunstâncias

em que os fatos acontecem. Podem indicar tempo (hoje, quando),

modo (rapidamente, normalmente), afirmação (sim, realmente),

negação (não, nunca), dúvida (talvez, acaso), intensidade (muito,

pouco), lugar (abaixo, dentro, fora), designação (eis), interrogação

(onde, quanto), inclusão (até, inclusive, também), exclusão (fora,

salvo, exceto) etc.

São palavras invariáveis, pois não se flexionam em gênero

e número como os substantivos e nem em pessoa, modo, tempo e voz

como os verbos. Entretanto, podem ser flexionados em grau,

admitindo os graus comparativo e superlativo absoluto.

Preposições

132

Page 133: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

A Preposição é uma palavra invariável que liga dois

elementos de uma oração, estabelecendo uma relação entre eles.

As preposições podem ser classificadas como essenciais,

quando são palavras que sempre desempenham a função de

preposição (por, para, perante, a, ante, até, após, de, desde, em, entre,

com, contra, sem, sob, sobre, trás), ou acidentais, quando forem

palavras de outras classes gramaticais que estiverem, eventualmente,

ocupando o papel de uma preposição (afora, fora, exceto, salvo,

malgrado, durante, mediante, segundo, menos).

É comum acontecer a junção de uma preposição com outra

palavra. Quando isso ocorre, chamamos de combinação a junção que

não leva a uma alteração fonética, como por exemplo, a junção do a

(preposição) + o (artigo) que resulta em "ao". Haverá contração

quando, na junção, a preposição sofre redução, como por exemplo: de

(preposição) + a (artigo) resulta em "da".

Conjunções

As Conjunções são palavras invariáveis que ligam duas

orações ou duas palavras semelhantes (de mesma função gramatical)

da mesma oração. Às vezes, uma conjunção é representada não por

133

Page 134: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

apenas uma palavra, mas por duas ou mais palavras. Nesses casos,

esse conjunto é chamado de Locução Conjuntiva.

As conjunções podem ser Coordenativas (quando ligam

palavras ou orações com a mesma função gramatical e não

estabelecem relação de dependência entre elas) ou Subordinativas

(quando ligam duas orações em que cada uma delas depende da

existência da outra).

As conjunções Coordenativas podem ser aditivas (e, nem),

adversativas (mas, porém, contudo), alternativas (ou... ou, ora... ora),

conclusivas (ora, logo) ou explicativas (que, pois, porque).

Já as conjunções Subordinativas se classificam em causais

(porque, pois, desde que), concessivas (embora, conquanto, ainda

que), condicionais (se, caso, a menos que), conformativas (como,

conforme, segundo), comparativas (tanto quanto, como, tal e qual),

consecutivas (de modo que, de forma que), finais (para que, a fim de

que), proporcionais (ao passo que, quanto mais) e temporais (logo

que, agora que, depois que) e integrantes (se, que).

Em geral, as conjunções não têm uma única classificação,

devendo ser analisadas de acordo com a coesão e o significado da

frase em que estiverem inseridas.

134

Page 135: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Interjeições

As Interjeições são palavras invariáveis usadas para

expressar sensações ou estados emotivos, podendo ser classificadas de

acordo com a emoção que traduzem, como por exemplo, alegria

(Viva!), dor (Ai!), advertência (Cuidado!), alívio (Ufa!), surpresa

(Nossa!), espanto (Oh!), afugentamento (Passa!), saudação (Oi!),

agradecimento (Obrigado!) etc. Há também interjeições chamadas de

imitativas, pois exprimem ruídos e vozes (Zás!, Pum!, Miau!, Tique

taque!, Psiu!).

Observe que, de acordo com o tom de voz utilizado, a

mesma interjeição poderá expressar sentimentos diferentes.

A duas ou mais palavras usadas como interjeição damos o

nome de Locução Interjetiva

135

Page 136: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

XI. FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

As novas palavras que surgem na língua são formadas

através de vários processos de formação de palavras:

COMPOSIÇÃO - união de duas ou mais palavras que

têm vida própria na língua e formam uma nova palavra, com sentido

diferente. A composição pode ser:

por justaposição - as palavras são colocadas lado a lado,

hifenizadas ou não, sem qualquer alteração fonética: guarda-

chuva, passatempo

136

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

por aglutinação - as palavras aglutinam-se e ficam com um só

acento tônico, tendo alterada a sua forma: planalto

(plano+alto), aguardente (água+ardente)

DERIVAÇÃO - uma só palavra, com vida própria na

língua, participa da formação de um novo termo. À palavra básica se

juntam afixos (prefixo e/ou sufixo), muda-se a sua classe gramatical,

usa-se parte da palavra, ou eliminam-se fonemas terminativos. A

derivação pode ser:

prefixal: feita com acréscimo de prefixos: infiel, desleal

sufixal: feita com acréscimo de sufixos: simplesmente,

naturalidade

prefixal e Sufixal: a palavra recebe prefixo e sufixo ao mesmo

tempo, mas existe na língua apenas com um dos afixos:

infelizmente, deslealdade

parassintética: a palavra recebe prefixo e sufixo, porém não

existe na língua apenas com um dos afixos: enriquecer,

espernear

regressiva: a palavra é criada por analogia, reduzindo a

palavra primitiva: 137

Page 138: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Verbos dão origem a substantivos que indicam ação:

ataque (de atacar), embarque (de embarcar), resgate (de resgatar),

disputa (de disputar). São chamados substantivos deverbais.

Nomes que não indicam ação dão origem a verbos: plantar

(de planta), telefonar (de telefone).

Observação: Nomes podem derivar de outros nomes,

porque o falante vê a possibilidade de eliminar um sufixo real ou

imaginário. Exemplos: boteco (de botequim), sarampo (de sarampão),

bença (de bênção), portuga (de português), asco (de asqueroso), etc.

imprópria ou Conversão - trata-se de mudança da classe

gramatical da palavra, sem lhe alterar a forma:

Comício monstro (substantivo passa a adjetivo).

Falavam alto (adjetivo passa a advérbio).

O cantar é preciso (verbo passa a substantivo).

O não é um advérbio (advérbio passa a substantivo).

Maria Pereira (substantivo comum passa a próprio).

Abreviação ou redução - a palavra é usada de forma reduzida.

138

Page 139: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

cine de cinema (cinema

já é redução de

cinematógrafo)

pneu (de pneumático)

moto (de motocicleta)

foto (de fotografia)

quilo (de quilograma)

Observações: 1. Há casos em que a forma reduzida passa a ser usada

com outro valor, como em foto, que passou a designar a casa

comercial: Foto Boa Imagem. 2. Não se deve confundir abreviação

com abreviatura, que é a representação da palavra através de uma ou

mais letras: Av. = avenida / Dr. = doutor

Onomatopéia - palavra que imita certos sons: bem-te-vi, tique-taque,

mugir, zunzum

Hibridismo - palavras formadas com elementos provenientes de

línguas diferentes:

televisão (grego+latim)

abreugrafia

(português+grego)

alcoômetro (árabe+

grego)

burocracia

(francês+grego)

zincografia

(alemão+grego)

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Page 140: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Petrópolis

(latim+grego)

Teresópolis

(português+grego)

cotonete

(inglês+português)

Siglas - palavras formadas por iniciais de títulos: ONU (Organização

das Nações Unidas), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística), PR (Paraná), (PB (Paraíba), RJ (Rio de Janeiro), RR

(Roraima).

140

Page 141: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

XII. SINTAXE

Funções Sintáticas

Frase, oração e período

Frase - todo enunciado de sentido completo, capaz de

estabelecer comunicação. Podem ser nominais ou verbais.

Oração - enunciado que se estrutura em torno de um verbo ou

locução verbal.

Período - constitui-se de uma ou mais orações. Podem ser

simples ou compostos.

Observação: Haverá num período tantas orações quanto forem os

verbos, considerando-se locuções verbais e tempos compostos como

141

Page 142: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

um só verbo.

Sujeito

O verbo mantém relação de concordância com seu sujeito.

A composição do sujeito explícito pode ser uma única palavra ou um

conjunto de palavras (onde se deve determinar o núcleo ou núcleos),

incluindo também as orações substantivas subjetivas.

Podem ser núcleo do sujeito: substantivo ou um equivalente dele

(pronomes substantivos, numerais substantivos ou palavras

substantivadas).

Tipos de sujeito

Os tipos de sujeito são basicamente dois, segundo diversos

autores, determinado (simples, composto e oculto) e indeterminado

(indeterminado e oração sem sujeito).

Simples - possui um núcleo.

Exemplos: João saiu de casa /Ninguém me viu sair /Dois

alunos vieram aqui.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Observação: o pronome oblíquo átono pode funcionar

como sujeito de um verbo no infinitivo. Isso ocorre quando se tem na

1ª oração um verbo causativo (deixar, mandar, fazer...) ou sensitivos

(ver, ouvir, sentir) - o chefe mandou-o trabalhar/não o vimos entrar

Composto - possui mais de um núcleo, independente de sua ordem

na frase.

Exemplos: Pedro e eu visitamos os doentes/Wilson e

Thiago irão à festa / Estão aqui os seus livros e a sua caneta.

Observação: nos casos de inversão do sujeito a verbos

intransitivos (aparecer, chegar, correr, restar, surgir), pode-se

confundi-los com objeto. Deve-se sempre examinar a natureza do

verbo para não se deixar enganar - apareceu, então, a pessoa

desaparecida.

Sujeito oculto, elíptico ou desinencial - determinado,

mas implícito na desinência verbal ou subentendido através de uma

frase anterior. Deve-se atentar para a 3ª pessoa do plural, onde não há

sujeito oculto eles ou elas e sim um caso de sujeito indeterminado.

Exemplo: Viveram felizes para sempre/Imaginaram

muitas coisas belas/Calem a boca!

143

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Indeterminado - quando não se pode ou não se deseja

esclarecer com precisão qual é o sujeito. Ocorre de duas maneiras:

verbo na 3ª pessoa do plural, sem sujeito explícito ou na 3ª pessoa do

singular (exceto com verbo transitivo direto+SE): Ex. Nunca lhe

ofereceram emprego/Precisa-se de empregados

Observação: a oração de sujeito indeterminado com a

partícula SE não pode ser transformada em voz passiva analítica.

Havendo essa possibilidade, a palavra SE deve ser interpretada como

pronome apassivador. Ex.: Celebrou-se o casamento – O casamento

foi celebrado.

Oração sem sujeito

O processo verbal encerra-se em si mesmo, sem

atribuição a nenhum ser. Ocorre sempre com verbos impessoais nos

seguintes casos: verbos que exprimem fenômenos da natureza; verbos

fazer, ser, ir e estar indicando tempo cronológico ou clima (no caso do

ser, também distância); verbo haver = existir ou em referência a tempo

decorrido.

Exemplos: Choveu muito hoje/São quatro horas da

tarde/Havia dez pessoas na sala/ Há muitos tempo não os vejo/Vai

para dois anos de espera.

144

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Observação: os verbos impessoais não apresentam sujeito

e devem permanecer na 3ª pessoa do singular (exceto o verbo ser, que

também admite a 3ª pessoa do plural). Quando um verbo auxiliar se

junta a um verbo impessoal, a impessoalidade é transmitida a ele.

Predicado

É classificado em três tipos:

Verbal - o núcleo do predicado é um verbo que traz idéia

nova ao sujeito (transitivo ou intransitivo).

Complementos verbais

São termos que complementam a significação de um verbo

transitivo, isto é, de sentido incompleto. Podem ser diretos ou

indiretos em função de se ligarem ou não ao verbo por preposição

necessária.

Completa um verbo transitivo direto sem se ligar a ele por

preposição necessária. Representa-se por: substantivo, pronome

substantivo, numeral, palavra ou expressão substantivada ou oração

subordinada substantiva objetiva direta.

145

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Exemplos: Amava a mulher / Não direi nada / Ele deixou

cinco caídos / Use aquele i.

Pode indicar: o ser sobre o qual recai a ação verbal, o

resultado da ação ou o conteúdo da ação.

Exemplo: Castigou o filho/Construiu uma bela

casa/Contestou sua reeleição.

Verbos transitivos - Pedem complementos verbais para completarem

a sua significação. Podem ser transitivos diretos, indiretos e diretos e

indiretos, dependendo do complemento.

A regência verbal é importante para se compreender que os verbos

devem ser classificados em função do contexto em que se apresentam.

Há casos de verbos que aparecem com transitividades diferentes se os

contextos foram trocados.

Ex.: Perdoai sempre. - intransitivo/Perdoai as ofensas - transitivo

direto/Perdoai aos inimigos - transitivo indireto/Perdoai as ofensas aos

inimigos. - transitivo direto e indireto

Verbos intransitivos - Quando a significação verbal está inteiramente

contida no verbo, não necessitando de complementação.

146

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Exemplos: Comprei flores/Comprei-lhe flores/Os passageiros

desceram/Ontem choveu.

Objeto direto preposicionado

Completa o sentido de um verbo transitivo direto, com o

uso de uma preposição não regida pelo verbo. Alguns casos deste

emprego são indicados pela gramática:

a) com as formas tônicas dos pronomes pessoais - Ele

conquistou a mim com sabedoria.

b) com o pronome quem com antecedente expresso - Perdi

meu pai a quem muito amava.

c) com o nome Deus - Ame a Deus.

d) quando se coordenam pronome pessoal átono e substantivo

- Ele o esperava e aos convidados.

e) com verbo trans. direto usado impessoalmente + se - Aos

pais ama-se com carinho.

f) para evitar ambigüidade - "Vence o mal ao remédio" (A.

Ferreira).

147

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Objeto direto interno

Construído em cima de um pleonasmo, traz um

complemento que já tem sua idéia semanticamente expressa pelo

verbo (Viverei a vida intensamente. / Choramos um pranto sentido).

Objeto indireto

Complemento ligado a um verbo transitivo indireto, ligado

a ele por meio de uma preposição necessária (a, mais raramente para),

regida pelo verbo.

Pode ser representado por: substantivo ou expressão

substantivada, pronome substantivo, numeral ou oração subordinada

substantiva objetiva indireta.

Exemplo: Ele divergiu do rapaz / A moça apresentou-o a

elas / A mãe gostava de ambos

Objeto representado por pronome oblíquo

Os pronomes pessoais oblíquos, como foi visto no estudo

da morfologia, são indicados para uso sintático de objetos.

148

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Os pronomes o, a, os, as são utilizados para substituir o

objeto direto. Já os pronomes lhe, lhes substituem o objeto indireto.

Os demais pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos e vos) tanto

podem ser empregados para substituir objeto direto quanto indireto.

Neste último caso, deve-se analisar a transitividade verbal para

classificar o complemento.

Exemplos: Emprestei-o/O assunto

interessa-lhe/Telefonou-me/Convidaram-nos.

Cabe também destacar que com a utilização dos pronomes

como objeto indireto a preposição não aparece, dificultando um pouco

a análise.

Exemplos: Comprei um presente a ela = comprei-lhe um

presente.

Objeto pleonástico

Recurso utilizado para chamar a atenção para o objeto, que

antecede o verbo. O objeto deslocado é repetido através de um

pronome pessoal átono.

Exemplos: Estas obras, já as li no ano passado / Ao

avarento, nada lhe satisfaz149

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Nominal

O núcleo do predicado é um nome (predicativo). O verbo

não encerra significado, funcionando apenas como ligação entre o

sujeito e o predicativo.

Exemplos: O rapaz estava apreensivo/Ela caiu de cama/A

mãe virou bicho naquele dia.

Verbos de ligação - Expressam estado permanente ou

transitório, mudança ou continuidade de estado, aparência de

estado (ser, estar, permanecer, ficar, continuar, parecer, andar

= estar). Deve-se entender que estes verbos não serão mais de

ligação se não estabelecerem relação entre sujeito e seu

predicativo. (Ando preocupado/Andei cem metros, Fiquei

triste/Fiquei na sala, Permaneceu suspensa/Permaneceu no

cargo)

Predicativo

Expressa um estado ou qualidade do sujeito ou do objeto.

Pode ser representado por: substantivo ou expressão substantivada,

adjetivo ou locução adjetiva, pronome, numeral ou oração

subordinada substantiva predicativa.

150

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Exemplos: Os filhos são frutos/Ela era chata e sem

utilidade/Os próximos seremos nós/Todos eram um/O difícil era que

ele viesse.

O predicativo pode referir-se ao objeto, sendo mais

raramente ao objeto indireto. Exprime, às vezes, a conseqüência do

fato indicado pelo predicado verbal.

Exemplos: Elegeram o macaco Tião governador/Todos lhe

chamavam ladrão.

Observação: O predicativo pode vir precedido de

preposição (de, em, para, por), de locução prepositiva ou da palavra

como (Ele formou-se de advogado/Considerei-o como um farsante.

Alguns predicativos do objeto: Todos nos julgam

culpados/Considero uma verdade isso/As paixões tornam os homens

cegos/Acho razoáveis suas pretensões/O maior desprazer de um

homem é ver a amada triste/O governador nomeou a professora

reitora/O juiz julgou o recurso improcedente.

Verbo-nominal: Contém dois núcleos: verbo significativo

e um predicativo.

151

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Exemplos: Ela entrou risonha na sala/João abaixou os

olhos pensativo/Considero inexeqüível o projeto exposto.

Observações:

Verbos transobjetivos: exigem complemento verbal mais predicativo

(predicativo do objeto).

Quando houver verbo de ligação, o predicado será

necessariamente nominal e quando houver predicativo do

objeto, o predicado será verbo-nominal sempre. Para se

classificar o predicado, é indispensável o estudo dos tipos de

verbos quanto a sua regência e necessidade de complementos

(transitivos, intransitivos e de ligação).

Exemplos de orações com os principais verbos

transobjetivos - Os verbos seguintes, quando empregados em

sentido especial, são transobjetivos: transitivos diretos

(raramente indiretos) + predicativo. Vêm acompanhados de

predicativo do objeto, formando o predicado verbo-nominal.

Exemplos de verbos transobjetivos:

a) Eu sempre a achei competente.

b) Os funcionários aclamaram-no líder. 152

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

c) O povo acusava-o de corrupto.

d) Os familiares calculavam-no empregado.

e) Os amigos chamavam a João de irmão.

f) Doravante, vou considerá-la minha amiga.

g) Em pouco tempo, constituíram-no gerente-geral.

h) Coroaram-na rainha da festa.

i) Quando criança, eles criam-me um estudioso.

j) Apesar das evidências, ele não se dava por vencido.

k) Depois dos testes, declararam-me habilitado.

l) Usaram o livro e deixaram-no rasgado.

m) O povo elegeu-o senador pelo Distrito Federal.

n) Para minha decepção, fui encontrá-la muito infeliz.

o) A minha intenção era fazê-la feliz.

p) Eu a imaginava muito inteligente. Os amigos intitularam-no

herói. 153

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

q) Todos o julgavam culpado.

r) Nomearam meu irmão inspetor-chefe.

s) Ali, ninguém o sabia bandido. A família supunha-o íntegro.

t) Por causa da briga, tacharam-no de louco.

u) Todos o tinham como doido.

Agente da passiva

Nas orações de voz passiva analítica, é o elemento que

pratica a ação verbal, daí seu nome de agente, uma vez que o sujeito é

paciente. Seu emprego na forma analítica não é obrigatório, podendo

ser omitido em função de ter menor importância.

O agente da passiva vem precedido de preposição (de, per,

por).

Exemplos: A casa foi construída com esforço (Por

quem?). Vários exércitos foram vencidos pelos romanos.

Complemento nominal

154

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Tanto o complemento nominal como o objeto indireto

vêm precedidos de preposição obrigatória, mas a palavra que rege esta

preposição é diferente nos dois casos: nome (substantivo, adjetivo ou

advérbio) no complemente nominal e verbo no objeto indireto.

Exemplos: Ofensivo à honra, contrariamente aos nossos

anseios, compreensão do mundo, obedecer aos princípios, precisar de

auxílio.

Deve-se marcar que há uma relação de regência nominal

envolvendo o emprego do complemento nominal, que é termo regido.

Muitas vezes o nome cuja significação o complemento nominal

integra tem raiz verbal (amar o trabalho - amor ao trabalho/confiar em

Deus - confiança em Deus). Quando um termo preposicionado se liga

a um advérbio ou adjetivo, não há dúvida de que o termo regido é um

complemento nominal.

No entanto, quando um termo preposicionado liga-se a um

substantivo, deve-se fazer uma análise mais criteriosa. Esse

substantivo deve apresentar uma transitividade em si mesmo, para ser

caracterizado como complemento nominal. São casos de substantivos

ditos transitivos:

155

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

a) substantivos abstratos de ação, correspondente a verbo cognato

que seja transitivo ou que peça complementação adverbial de

circunstância.

Exemplo: inversão da ordem - onde o verbo de "inverter a ordem" é

transitivo direto/obediência aos pais - onde o verbo de "obedecer aos

pais" é trans. indireto/ ida a Roma - onde o verbo de "ir a Roma" pede

adjunto adverbial

b) substantivo abstrato de qualidade, derivado de adjetivo que se

possa usar transitivamente

Exemplos: certeza da vitória - onde se pode construir "certo da

vitória"/ fidelidade aos amigos - onde se pode construir "fiel aos

amigos"

Observação: Ss perderem o caráter abstrato, os substantivos deixam

de reger Complemento Nominal.

Adjunto adnominal

Acompanha um substantivo, núcleo de uma função

sintática qualquer, procurando caracterizá-lo, determiná-lo ou

individualizá-lo.

156

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

O adjunto adnominal pode ser expresso por: artigos,

numerais ou pronomes adjetivos, adjetivos e locuções adjetivas. A um

mesmo núcleo podem-se subordinar adjuntos adnominais de naturezas

diferentes.

O adjunto adnominal constituído de artigo ou pronomes

adjetivo pode aparecer combinado ou contraído com uma preposição,

que não possui função sintática.

Exemplo: Naquele dia (aquele é adj. adnominal, mas em não possui

função sintática).

São considerados adjuntos adnominais os pronomes

oblíquos com valor possessivo (pisou-me o pé = o meu pé / tirou-nos

até a roupa=até a nossa roupa).

Neste caso, alguns autores divergem entendendo-o como

OI.

Quando é representado por uma locução adjetiva, é

comum confundir o adjunto adnominal com o Complemento Nominal

por causa da preposição.

Aposto

157

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Termo ou expressão de caráter individualizador ou de

esclarecimento, que acompanha um elemento da oração, qualquer que

seja a função deste.

Conforme o sentido que empresta a seu referente, pode ser

analisado como:

explicativo - João, meu primo, esteve aqui.

enumerativo - Eis os três rapazes: José, Pedro e Lucas

recapitulativo ou resumitivo - Os pais, os netos e as primos,

todos estavam radiantes

distributivo - Matemática e Biologia são ciências, aquela

exata e esta humana

aposto de oração - A resposta foi ríspida, sinal de

ignorância/Foi rápido nos exercícios, fato que me surpreendeu

especificativo - O poeta Olavo Bilac/O Estado de Tocantins/A

serra de Teresópolis

Observação:

158

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

O aposto especificativo não se confunde com adj.

adnominal pois, no caso do aposto, ambos os termos designam o

mesmo ser. Ex.: A cidade de Londres. A neblina de Londres.

Caso faça referência a objeto indireto, complemento

nominal ou adjunto adverbial, pode aparecer precedido de preposição.

De maneira geral, o aposto explicativo é destacado por

pausas, podendo ser representadas por vírgulas, dois pontos ou

travessões. Pode vir precedido de expressões explicativas do tipo: a

saber, isto é, quer dizer etc.

Aposto especificativo não se separa de seu referente por

nenhum sinal de pontuação. Neste caso, pode o aposto vir precedido

de preposição.

Cabe observar o aposto nestas proposições: Ele salvou-se

do naufrágio, porém jóias, roupas, documentos, o mais naufragou com

o navi /(...) porém, o mais - joias, roupas, documentos - naufragou

com o navio

Vocativo

Termo ou expressão de natureza exclamativa que tem

função de invocar ou destacar alguém ou ente personificado. Não 159

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

mantém relação sintática com qualquer outro elemento da oração, por

isso não faz parte do sujeito ou do predicado.

Virá sempre marcado por pontuação e admite a

anteposição de interjeição de chamamento.

Exemplo: Ei!, Amigo, espere por mim/"Pai, afasta de mim esse

cálice"/"Gosto muito de você, irmãozinho".

160

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

XIII. PRÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

1. Compreensão e interpretação de textos

Texto

Ao interpretar um texto, o leitor deve compreender os

níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de ter fixada, de

modo razoável, a aprendizagem do léxico.

Deve-se ter em mente que as frases produzem significados

diferentes no contexto em que estão inseridas. Por isso, é necessário

sempre se confrontar as partes que compõem o texto.

Além disso, é fundamental apreender as informações

apresentadas nas entrelinhas do texto e as inferências a que este

remete. Tal procedimento justifica-se porque o texto é sempre produto

de uma postura ideológica do autor diante de uma temática qualquer.

Os níveis de leitura são necessário para se entender bem um texto.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: o

informativa e de reconhecimento e o interpretativo.

O primeiro deve ser atingido de modo cauteloso por ser o

primeiro contato com o novo texto. Dessa primeira leitura, extraem-se

informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível

de leitura.

Durante a interpretação propriamente dita, deve-se

destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma

palavra para resumir a idéia central de cada parágrafo. Este tipo de

procedimento aguça a memória visual, favorecendo o entendimento.

Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação

seja subjetiva, há limites. A preocupação deve ser a captação da

essência do texto, a fim de responder às interpretações que a banca

considerou como pertinentes.

No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação

deste com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de

arte da época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global

dos momentos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar

comprometida. Aqui não se podem dispensar as referências

bibliográficas da fonte e contidas na identificação do autor.

162

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas

e opções de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras

tais como não, exceto, errada, respectivamente etc., as quais fazem

diferença na escolha adequada. Muitas vezes, em interpretação,

trabalha-se com o conceito do “mais adequado”, isto é, o que responde

melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma resposta pode estar

certa para responder à pergunta de um primeiro leitor mas encontrar-

se no texto uma outra alternativa mais completa a ser descoberta por

um segundo leitos mais atento.

Por isso, sempre se deve retornar ao texto, mesmo que

aparentemente pareça ser perda de tempo. Ressalte-se, ainda, que se

pode ter um fragmento de texto transcrito para ser a base de uma

análise textual. A descontextualização de palavras ou frases, algumas

vezes, são também um recurso para instaurar a dúvida no leitor e

intérprete de um texto. Deve-se ler, sempre, a frase anterior e a

posterior para ter idéia do sentido global proposto pelo autor. Dessa

maneira, a resposta será mais consciente e segura.

2. Coesão e coerência textuais

A coesão e a coerência são dois conceitos importantes e

podem ser assim definidas:

163

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Coesão: É a harmonia interna entre as partes de um texto. É garantida

por ligações, de natureza gramatical e lexical, entre os elementos de

uma frase ou de um texto.

Coerência: É a relação lógica entre idéias, situações ou

acontecimentos. Pode apoiar-se em mecanismos formais, de natureza

gramatical ou lexical e no conhecimento partilhado entre os usuários

da língua.

3. Tipologia textual.

A estruturação dos textos

O que é um texto.

A palavra texto vem do Latim e significa tecido.

Literalmente, ao produzir um texto, estamos entrelaçando fios de

idéias tal como na indústria têxtil se entrelaçam fios de linha para se

fazer o tecido. O texto é, portanto, uma ampla unidade com coerência

de sentido, com frases relacionadas umas às outras. A matéria prima é

a palavra, que forma a forma a frase, que forma o texto, acrescentando

aí o contexto.

Modos e tipos textuais

164

Page 165: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Texto narrativo

Narrar é contar fatos (histórias ou estórias). Fatos ocorrem

com pessoas, que são os personagens, em algum momento (tempo).

Exemplo: “Em uma noite chuvosa do mês de agosto, Paulo e o irmão caminhavam pela rua mal-iluminada que conduzia à sua residência. Subitamente, foram abordados por um homem estranho. Pararam, atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse de um assalto. Era, entretanto, somente um bêbado que tentava encontrar, com dificuldade, o caminho de sua casa”.

Texto Descritivo

Neste tipo de texto, ocorre uma preocupação com os

detalhes daquilo que se descreve, esses detalhes são de coisas, bichos,

pessoas, seres, objetos, paisagens, situações e estados de alma.

Exemplo: “Sua estatura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o Sol dos trópicos. Os olhos negros e amendoados espalhavam a luz interior de sua alegria de viver e jovialidade. Os traços bem desenhados compunham uma fisionomia calma, que mais parecia uma pintura”.

Texto dissertativo

O texto dissertativo utiliza-se da análise crítica, por isso a

palavra fundamental da sua essência é argumentação.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Os argumentos de uma dissertação devem ter

fundamentação científica, filosófica e com base na experiência. Citar

autores, livros, conceitos e exemplos de fatos reais veiculados pela

imprensa têm grande utilidade para o conhecimento dos leitos.

Aconselha-se a utilização da 3ª pessoa para garantir a

impessoalidade e conferir maior autoridade ao texto.

Devemos levar em conta que é possível fazer uma análise

crítica de cunho literário, de forma pessoal, mas deve-se para isso,

lançar mão da crônica.

Exemplo: “O Brasil é um país de crescimento desordenado porque a sua realidade econômica é desordenada. O acesso à riqueza está sempre restrito ao poder da elite. Não há uma distribuição de renda justa. Seu desenvolvimento econômico também não é bem distribuído porque encontramos em suas regiões uma grande população muito pobre comandada e oprimida por uma pequena população extremamente rica”.

Observação: Não há como confundir estes três tipos de

textos. Enquanto a DESCRIÇÃO aponta os elementos que

caracterizam os seres, os objetos, ambientes e paisagens, a

NARRAÇÃO implica uma idéia de ação, movimento empreendido

pelos personagens da história. Já a DISSERTAÇÃO assume um

caráter totalmente diferenciado, na medida em que não fala de pessoas

166

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

ou fatos específicos mas analisa certos assuntos que são abordados de

modo impessoal.

4. Ortografia oficial. Acentuação gráfica.

Como qualquer língua, o Português tem a sua ortografia

oficial, exceções às regras de grafia, tem expressões idiomáticas, tem

estrangeirismo e regionalismos. Entretanto, diferentemente de

algumas línguas, o Português tem acentuação gráfica em muitas

palavras.

Grafias

Bem-me-quer, malmequer: Bem-me-quer se escreve com hífens e

malmequer se escreve tudo junto.

Estender

Do latim, extendere. Deveria grafar-se extender em

português, mas se escreve estender.

Expressões

Encontro

Ir ao encontro de – a favor de

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Ir de encontro a – colidir, bater de frente

Ir contra – ideia de contrário

Grafia das palavras

INCORRETO CORRETO(A, uma) guaraná (O, um) guaraná12:00H – 12H30 – 12:30 12h – 12h30min. Basculhar Vasculhar (procurar, remexer)Bassora VassouraBeneficiente BeneficenteBicabornato BicarbonatoCaçar uma cadeira para sentar Procurar uma cadeira para sentarCapu (pronúncia incorreta de capô) Capô (Do francês, capot)Capu (pronúncia incorreta de capuz) CapuzCelândia CeilândiaChega dói Chega a doer (Sempre se o infinitivo.)Cutuvelo Cotovelo (Coto = ponta.)Ela estar aqui Ele está aquiEspauta EspátulaEstauta EstátuaEu o verei daqui há uma semana Eu o verei daqui a uma semanaFlepa FarpaGurita GuaritaGuspir CuspirIdoniedade IdoneidadeKilograma QuilogramaKm (quilômetro) kmLargato LagartoM (metro) mManá(Alimento caído do céu, como chuva) Manar Brotar, verter, irromperMeio-dia-e-meio (Meio-dia mais 6 horas) Meio-dia-e-meia (-e-meia hora)

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Meto lenhar Metro linearNão deixe de perder a bênção nesta noite Não perca a bênção nesta noite Não o vejo a muito tempo Não o vejo há muito tempoPrevilégio PrivilégioPrimeira a Pedro Primeira Epístola (Carta) de PedroPrimeira a Reis Primeiro Livro de ReisSão meio-dia, são meia-noite É meio-dia, é meia-noiteSão uma e meia É uma e meia (É uma hora e meia)Tauba TábuaTorpeçá TropeçarTrabesseiro, trabissero, travissero TravesseiroTutubiar TitubearVasculhante (pequena janela) BasculanteVou “louvar” um hino Vou cantar um hino (Só se “louva a Deus”.

Acentuação gráfica e acentuação tônica

Parte formal da palavra – a forma escrita, que em

comunicação é o significante.

Parte ideal da palavra – o que ela quer dizer, o

significado, a idéia.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

XIV. ALGUMAS REGRAS DE ORTOGRAFIA

Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras

substantivadas derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel,

corr e sent.

Exemplos:

pretender-pretensão/expandir-expansão/ascender-ascensão/inverter-

inversão/aspergir-aspersão/submergir-submersão/divertir-diversão/

impelir-impulsivo/compelir-compulsório/repelir-repulsa/recorrer-

recurso/discorrer-discurso/sentir-sensível/consentir-consensual.

c) Escreve -se com S e não com Z.

nos sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substantivo,

ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos. Exemplos: freguês,

freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa etc.

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Page 171: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

nos sufixos gregos: ase, ese, ise e ose. Exemplos: catequese,

metamorfose.

nas formas verbais pôr e querer. Exemplos: pôs, pus,

quisera, quis, quiseste.

em nomes derivados de verbos com radicais terminados em

d. Exemplos:: aludir - alusão/decidir - decisão/empreender -

empresa/difundir – difusão.

nos diminutivos cujos radicais terminam com s. Exemplos:

Luís - Luisinho/Rosa - Rosinha/lápis – lapisinho.

após ditongos. Exemplos: coisa, pausa, pouso.

em verbos derivados de nomes cujo radical termina com s.

Exemplos: anális(e) + ar - analisar/pesquis(a) + ar - pesquisar

d) Escreve-se com SS e não com C e Ç.

Os nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem

em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou meter. Ex.:

agredir - agressivo imprimir - impressão/admitir - admissão/ceder -

cessão/exceder - excesso/percutir - percussão/regredir -

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

regressão/oprimir - opressão/comprometer - compromisso/submeter –

submissão.

quando o prefixo termina com vogal que se junta com a

palavra iniciada por s. Ex.: a + simétrico - assimétrico/re +

surgir – ressurgir.

no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Ex.: ficasse,

falasse.

e) Escreve -se com C ou Ç e não com S e SS.

nos vocábulos de origem árabe. Exemplos: cetim, açucena,

açúcar.

nos vocábulos de origem tupi, africana ou exótica. Ex.: cipó,

Juçara, caçula, cachaça, cacique.

nos sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu. Ex.:

barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,

esperança, carapuça, dentuço.

nomes derivados do verbo ter.Ex.: abster - abstenção/deter -

detenção/ater - atenção/reter – retenção.

172

Page 173: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

após ditongos. Ex.: foice, coice, traição.

palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r). Ex.: marte

- marciano/infrator - infração/absorto – absorção.

f) Escreve -se com Z e não com S.

nos sufixos ez e eza das palavras derivadas de adjetivo. Ex.:

macio - maciez/rico – riqueza.

nos sufixos izar (desde que o radical da palavra de origem não

termine com s). Ex.: final - finalizar/concreto – concretizar.

como consoante de ligação se o radical não terminar com s..

Ex.: pé + inho - pezinho/café + al - cafezal ≠ lápis + inho –

lapisinho.

g) Escreve -se com G e não com J

nas palavras de origem grega ou árabe. Ex.: tigela, girafa,

gesso.

estrangeirismo, cuja letra G é originária. Ex.: sargento, gim.

nas terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas

exceções). Ex.: imagem, vertigem, penugem, bege, foge.

173

Page 174: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Exceção: pajem.

nas terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio. Ex.: sufrágio,

sortilégio, litígio, relógio, refúgio.

nos verbos terminados em ger e gir. Ex.: eleger, mugir.

depois da letra “r” com poucas exceções. Exemplos: emergir,

surgir.

depois da letra a, desde que não seja radical terminado com j.

Ex.: ágil, agente.

h) Escreve -se com J e não com G

nas palavras de origem latinas. Ex.: jeito, ma jestade, hoje.

nas palavras de origem árabe, africana ou exótica. Ex.: alforje,

jibóia, manjerona.

nas palavras terminada com aje. Ex.: laje, ultraje

i) Escreve -se com X e não com CH.

nas palavras de origem tupi, africana ou exótica. Ex. abacaxi,

muxoxo, xucro.

174

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

nas palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J).Ex.:

xampu, lagartixa.

depois de ditongo. Ex.: frouxo, feixe.

depois de en. Ex.: enxurrada, enxoval.

Exceção: quando a palavra de origem não derive de outra iniciada

com ch - Cheio - enchente)

j) Escreve -se com CH e não com X.

nas palavras de origem estrangeira. Ex.: chave, chumbo,

chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.

Acentuação gráfica

Prosódia

São oxítonas: cateter, Cister, condor, masseter, mister (=necessário),

negus (soberano etíope), Nobel, obus (peça de artilharia), novel

(novato), ruim (hiato), sutil, ureter, Xerox.

São paroxítonas: alanos (povo bárbaro), alcácer (fortaleza), ambrosia

(manjar delicioso), avaro, avito, aziago, barbaria, batavo (holandês),

caracteres, celtiberos, cartomancia, ciclope, decano, diatribe (crítica), 175

Page 176: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

edito (lei, decreto), efebo (rapaz que chegou à puberdade), estrupido

(grande estrondo), êxul (exilado), filantropo, fortuito (ditongo),

gratuito (ditongo), homizio (refúgio), hosana, ibero, imbele (não

belicoso), inaudito, látex, libido, luzidio, Madagáscar, maquinaria,

matula (súcia; farnel), mercancia (mercadoria), misantropo, necropsia,

nenúfar (planta), Normandia, onagro (jumento), ônix, opimo

(excelente, abundante), penedia (rochedo), policromo, poliglota,

pudico, quiromancia, recorde, refrega (peleja), rócio (orgulho),

rubrica, ubíquo.

São proparoxítonas: ádvena (forasteiro), aeródromo, aerólito, ágape

(refeição dos antigos), álacre, álcali, alcíone, amálgama, anátema,

andrógino, anêmona, antífona, antífrase, antístrofe, areópago, aríete,

arquétipo, azáfama, bátega, bávaro, bímano, bólido (e), brâmane,

cérbero, crisântemo, édito (ordem judicial), égide, elétrodo, etíope

(hiato), fagócito, férula, gárrulo, hégira (j), idólatra, ímprobo, ínclito,

ínterim, leucócito, lêvedo, ômega, périplo, plêiade, prófugo, protótipo,

quadrúmano, revérbero, sátrapa, trânsfuga, vermífugo, zéfiro, zênite.

Admitem dupla prosódia: acróbata ou acrobata, anídrido ou

anidrido, Bálcãs ou Balcãs, hieróglifo ou hieroglifo, homília ou

homilia, Oceânia ou Oceania, ortoépia ou ortoepia, projétil ou projetil,

176

Page 177: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

réptil ou reptil, sáfari ou safari, sóror ou soror, homília ou homilia,

zângão ou zangão.

Palavras átonas

Monossílabos: artigos (combinados ou não com

preposições)/pronomes pessoais oblíquos átonos e pronomes

relativos/certas preposições (a, de, em, com, por, sem, sem, sob, para)

e suas combinações com artigo/certas conjunções (e, nem, ou, mas,

que, se)/formas de tratamento (dom, frei, são...).

Dissílabos: preposição para, conjunções como e porque, partícula pelo

(a/s)

Regras de acentuação

Acentuam-se:

Monossílabos tônicos terminados em:

a(s) - lá, cá, já

e(s) - pé, mês, fé

o(s) - pó, só, nós

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Page 178: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Observação: O monossílabo "que" recebe acento circunflexo quando

substantivado ou em final de frase, já que se torna palavra tônica em

tais situações - Ex.: A moça tem um quê especial./Você não foi à festa

por quê?/Estava rindo de quê?

Oxítonos terminados em:

a(s) - Pará, sofás.

e(s) - você, cafés.

o(s) - avô, paletós.

em, ens - ninguém,

armazéns

Paroxítonos terminados em:

ão(s), ã(s) - órfãos,

órfãs

ei(s) - jóquei, fáceis

i(s) - júri, lápis

us - vírus

um, uns - álbum, álbuns

r - revólver

x - tórax

n / ons - hífen, prótons

l - fácil

ps - bíceps

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

ditongos crescentes

seguidos ou não de S -

ginásio, mágoa, áreas

Proparoxítonos - todos são acentuados

Ditongos abertos em monossílabos tônicos e oxítonas.

ói(s) - dói, herói(s)

éi(s) - réis, papéis

éu(s) - céu(s), troféu(s)

179

Page 180: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Observação: A nova reforma ortográfica excluiu dessa regra as

palavras paroxítonas com esses ditongos abertos tônicos. Portanto

NÃO são mais acentuadas palavras como jiboia, apoia (verbo apoiar),

ideia, epopeia e assembleia.

I e U, seguidos ou não de S, tônicos em hiato com a vogal

anterior, sozinhos na sílaba ou seguidos de S - saúde, egoísmo

≠ juiz, ruim.

Se o I destes casos vier seguido de NH não será acentuado -

rainha, tainha

Observação: A nova reforma ortográfica excluiu dessa regra o caso

de I e U separam-se de um ditongo anterior, porque não há hiato

efetivamente (uma vez que não se configura a situação de vogal +

vogal e sim semivogal + vogal). Portanto NÃO são mais acentuadas

palavras como feiura, baiuca e Bocaiuva.

Acento diferencial aparece nas seguintes situações:

pôr (verbo) X por (prep.)

pôde (pretérito perf) X pode (presente do indicativo)

Page 181: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

ter e vir na 3ª pess. plural, bem como em verbos derivados,

recebem acento (ele tem X eles têm / ele vem X eles vêm / ele

contém X eles contêm / ele provém X eles provêm)

Observação: A nova reforma ortográfica aboliu os demais casos de

acento diferencial. Portanto NÃO são mais acentuadas palavras como

para (do verbo parar), pelo/pelas/pela (do verbo pelar), pelo(s)

(cabelo, penugem), pera (fruta), polo(s) (jogo ou extremidade).

A nova reforma ortográfica aboliu a existência de acento

circunflexo nas palavras terminadas pelo hiato oo(s) e nas

formas verbais com o hiato eem. Portanto NÃO são mais

acentuadas palavras como voo(s), enjoo(s), abençoo, perdoo,

creem, deem, leem, veem, releem.

A nova reforma ortográfica aboliu o uso do trema, mas a

pronúncia das palavras que recebiam tal indicação gráfica não

sofrerá alteração. Portanto NÃO recebem mais trema palavras

como linguiça, cinquenta, pinguim, delinquente e tranquilo.

Alguns problemas de acentuação devem-se a vícios de fala ou

pronúncia inadequada de algumas palavras.

Nos nomes compostos, considera-se a tonicidade da última

palavra para efeito de classificação. As demais palavras que

Page 182: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

constituem o nome composto são ditas átonas. Exemplos:

couve-flor - oxítona, arco-íris (Paroxítona).

Os pronomes oblíquos átonos o/a/os/as podem transformar-se

em lo/la/los/las ou no/na/nos/nas em função da terminação

verbal. Quando os verbos terminam por R/S/Z ou no caso de

mesóclise (R), geram acentuação se a forma verbal (sem o

pronome) tiver seu acento justificado por alguma regra.

Exemplos: comprá-la, vendê-los, substituí-lo, comprá-la-íamos ≠

parti-los.

Emprego das classes de palavras

Grife os pronomes e as locuções pronominais

Refiro-me àquele homem, cujo filho fugiu.

A aluna, de cujo pai eu falava, acaba de entrar.

Reporto-me àquele aviso, de cujo conteúdo não tomei

conhecimento.

Atendendo ao pedido do cliente, informei-lhe que o

empréstimo já foi aprovado.

Page 183: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Fez referência às (àquelas) matérias de que trata o programa.

Ainda não recebemos o telegrama a que V.S.ª fez referência

em sua carta.

Houve alterações com que os candidatos estão de acordo.

Foi somada a folha a que o funcionário se refere.

Requerimento a cujo conteúdo o banco fez referência.

É o único fato de que se tem notícia.

O requerimento a que nos referimos foi definido.

Agradeço a confiança com que fui distinguido.

Houve modificações com que os associados estão de acordo.

Desempenhou bem as tarefas de que (ou das quais) estava

incumbido.

Ele não o viu mas todos os convidados o viram.

Informo-o de que seu livro já lhe foi enviado.

Emprego do sinal indicativo de crase

Page 184: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Uso da crase e suas implicações

Crase é a junção, a contração de a+a. O primeiro a é uma

preposição; o segundo, geralmente, é o artigo feminino a . Por isso é

que só ocorre com palavras ou femininas. Em expressões femininas

também pode ocorrer a crase. Excepcionalmente, às vezes, ocorre em

à q uele(s). Numerais não aceitam crase. Para que ocorra a crase com

artigo no plural ( as ), é necessário que a palavra feminina também

esteja no plural e vice-versa.

Exemplos:

Rumo a 2010 (numeral).

Vi o homem grande à distância de 10 metros (Distância

determinada).

A FATADEB ainda não oferece cursos a distância (Distância

não determinada).

Acompanhava-o, a distância, discretamente.

A distância, todos parecem iguais.

À noite, todos os gatos são pardos.

Ele vive a expensas dos pais (A locução é “a expensas de”.).

Page 185: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Teste seus conhecimentos.

1) Para que tenha sentido, o período abaixo deverá receber 1 ponto e 2

vírgulas.

“Pedro toma banho porque sua mãe disse ele pegue a toalha.”

 Pontuação do período.

“Pedro toma banho porque sua. Mãe, disse ele, pegue a toalha.   

Comentário: A dificuldade surge porque o verbo suar confunde-se

com o pronome possessivo sua.

XV. USO DA VÍRGULA

Page 186: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

A força da vírgula!

Texto apresentado pala ABI (Associação Brasileira de

Imprensa) por ocasião do seu centenário (Com adaptações).

A vírgula pode ser uma pausa... Ou não. Não, espere.Não espere.

Um pequeno deslocamento e ela pode sumir com seu dinheiro.

23,4.2,34.

Pode ser autoritária. .

Aceito, obrigado.Aceito obrigado

Pode criar heróis. 

Isso só, ele resolve.Isso só ele resolve.

Um pequeno salto e ela cria vilões. Esse, rapaz, é corrupto.Esse rapaz é corrupto

Ela pode ser a solução. 

Vamos perder, nada foi resolvido.Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.  

Não queremos saber.Não, queremos saber.

Só mesmo a língua portuguesa!

Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e caneta.

Escreveu assim:

Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.

Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes.

Page 187: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

1) O sobrinho fez a seguinte pontuação: Deixo meus bens à minha

irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro.

Nada dou aos pobres.

2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito: Deixo meus

bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do

padeiro. Nada dou aos pobres.

3) O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa para a

sardinha dele: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu

sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos

pobres.

4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez

esta interpretação: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu

sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos

pobres. Assim é a vida. Nós é que fazemos a pontuação. E isso faz a

diferença!

Concordância nominal e verbal.

O aluno mais novo vai para a escola à tarde (singular)

Os alunos mais novos vão para a escola à tarde (plural)

Ela é boa aluna. Ele é bom aluno.

Page 188: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Ambos são bons alunos. Ele e ela são bom alunos (o

masculino tem precedência na concordância nominal)

O aluno e a aluna estão cansados (o masculino tem

precedência na concordância nominal)

Concordância de número

Plural metafônico – Ocorre quando a palavra no

singular tem sílaba tônica fechada e, no plural, aberta:

tijolo/tijolos, novo/novos, povo/povos.

Plural magestático – Antigamente, era usado por reis e

imperadores, juntamente com aposto. Hoje usa-se em

correspondências, quando uma só pessoa assina: Nós, o Rei,

decretamos..., Referimo-nos ao pleito de V. S.ª para.

Regência nominal e verbal.

Diz-se “regência nominal e verbal” porque a preposição

“rege” os nomes e os verbos. Ou seja, acompanha, obrigatoriamente,

alguns substantivos, adjetivos e verbos. Exemplos:

A casa de João é amarela (regência nominal – substantivo).

Ele é bom de matemática (regência nominal – adjetivo).

Page 189: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Muitas pessoas não gostam de estudar (regência verbal –

verbo gostar).

Significação das palavras.

Sinônimos

São palavras diferentes na forma, mas iguais ou

semelhantes na significação. Os sinônimos podem ser:

a) perfeitos

b) imperfeitos

Sinônimos Perfeitos

  Se a significação é igual, o que é raro. Exemplos:

avaro – avarento

léxico – vocabulário

falecer – morrer

escarradeira – cuspideira

língua – idioma

Page 190: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Sinônimos Imperfeitos

Se semelhantes é o mais comum. Exemplos:

córrego – riacho

belo – formoso

Antônimos

São palavras diferentes na forma e opostas na significação.

Exemplos: sim – não; abaixar – levantar; nascer – morrer; correr –

parar; sair – chegar; belo – feio; vida – morte

Homônimos

Vem do grego “homós” que quer dizer: “igual”, “ónymon”

que significa “nome”. São palavras iguais na forma e diferentes na

significação. Os homônimos podem ser:

a) Homônimos Homófonos

São os que têm som igual e significação diferente.

Exemplos:

cerrar (fechar)/serrar (cortar)

Page 191: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

chá (bebida)/ xá (soberano do Irã)

cheque (ordem de pagamento)/xeque (lance do jogo de xadrez)

concertar (ajustar, combinar)/consertar (corrigir, reparar)

coser (costurar)/ cozer (preparar alimentos)

esperto (inteligente, perspicaz)/experto (experiente, perito)

espiar (observar, espionar)/expiar (reparar falta mediante

cumprimento de pena)

estrato (camada)/extrato (o que se extrai de)

flagrante (evidente)/fragrante (perfumado)

incerto (não certo, impreciso)/inserto (introduzido, inserido)

incipiente (principiante)/insipiente (ignorante)

ruço (pardacento, grisalho)/russo (natural da Rússia)

tachar (atribuir defeito a)/taxar (fixar taxa)

acender (pôr fogo)/ascender (subir)

acento (símbolo gráfico)/assento (lugar em que se senta)

Page 192: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

apreçar (ajustar o preço)/apressar (formar rápido)

bucho (estômago)/buxo (arbusto)

caçar (perseguir animais)/cassar (tornar sem efeito)

cela (pequeno quarto)/sela (arreio)

censo (recenseamento)/senso (entendimento, juízo)

b) Homônimos Homógrafos

São palavras que têm grafia igual e significação diferente;

devemos notar que as vogais podem ter som diferente, bem como

pode ser diferente o acento da palavra. Sendo que se escrevam com as

mesmas letras e tenham significação diferente. Exemplos:

sede(residência) – sede (vontade de beber água)

cará (planta) – cara (rosto)

sabia (verbo saber) – sabiá (pássaro) – sábia (feminino de

sábio)

Nota: As palavras podem ser ao mesmo tempo homônimos

homófonos e homônimos homógrafos. Exemplos:

Page 193: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

mato (bosque) – mato (verbo)

livre (solto) – livre (verbo livrar)

rio (verbo rir) – rio (curso de água natural)

amo (verbo amar) – amo (servo)

canto (ângulo) – canto (verbo cantar)

fui (verbo ser) – fui (verbo ir)

Parônimos

São palavras de significação diferente, mas de forma

parecida ou semelhante. Exemplos:

recrear (divertir, alegrar)/recriar (criar novamente) 

sortir (abastecer)/surtir (produzir efeito)

tráfego (trânsito)/tráfico (comércio ilegal)

vadear (atravessar a vau)/vadiar (andar ociosamente) 

vultoso (volumoso)/vultuoso (atacado de congestão na face)

imergir (afundar)/emergir (vir à tona)

Page 194: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

inflação (alta dos preços)/infração (violação)

infligir (aplicar pena)infringir (violar, desrespeitar)

mandado (ordem judicial)/mandato (procuração)

ratificar (confirmar)/retificar (corrigir)

emigrar (deixar um país)/imigrar (entrar num país)

eminente (elevado)/iminente (prestes a ocorrer)

esbaforido (ofegante, apressado)/espavorido (apavorado)

estada (permanência de pessoas)/estadia (permanência de

veículos)

fusível (o que funde)/fuzil (arma)

absolver (perdoar, inocentar)/absorver (sorver, aspirar)

arrear (pôr arreios)/arriar (descer, cair)

cavaleiro (que cavalga)/cavalheiro (homem cortês)

comprimento (extensão)/cumprimento (saudação)

descrição (ato de descrever)/discrição (reserva, prudência)

Page 195: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

descriminar (tirar a culpa, inocentar)/discriminar (distinguir)

despensa (onde se guardam mantimentos)/dispensa (ato de

dispensar)

Algumas palavras homônimas e parônimas

absolver: inocentar, perdoar

absorver: sorver, consumir, esgotar

ascender: subir

acender: pôr fogo, alumiar

acidente: acontecimento casual

incidente: episódio, aventura

acento: tom de voz, sinal gráfico

assento: lugar de sentar-se

amoral: indiferente à moral

imoral: contra a moral, libertino,

devasso

arrear: pôr arreios

arriar: abaixar, descer

cavaleiro: aquele que sabe andar a

cavalo

cavalheiro: homem educado

cédula: documento, chapa eleitoral

sédula: ativa, cuidadosa (feminino de

sédulo)

censo: recenseamento

senso: raciocínio, juízo claro

conserto: reparo

concerto: sessão musical, acordo

cheque: ordem de pagamento

xeque: lance de jogo no xadrez

delatar: denunciar

dilatar: alargar, ampliar

desapercebido: desprovido de

despercebido: sem ser notado

descrição: ato de descrever, expor

discrição: reservada, qualidade de

discreto

descriminar: inocentar

discriminar: distinguir

despensa: onde se guardam

alimentos

dispensa: ato de dispensar

destratado: maltratado com palavras

distratado: desfazer o acordo, o trato

eminente: ilustre, excelente

Page 196: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

iminente: que ameaça acontecer

emergir: vir à tona

imergir: mergulhar

espiar: observar, espionar

expiar: sofrer castigo

estático: firme, imóvel

extático: admirado, pasmado

flagrante: evidente

fragrante: perfumado

fluir: correr

fruir: gozar, desfrutar

incerto: impreciso

inserto: introduzido, inserido

incipiente: principiante

insipiente: ignorante

inflação: desvalorização do dinheiro

infração: violação, transgressão

infligir: aplicar pena

infringir: violar, desrespeitar

intercessão: ato de interceder, de

intervir

intersecção: ato de cortar

mandado: ordem judicial

mandato: procuração

tacha: pequeno prego

taxa: tributo

tráfego: movimento, trânsito

tráfico: comércio lícito ou não

ratificar: validar, confirmar

retificar: emendar, corrigir

cessão: doação

sessão: reunião

seção: divisão, parte de um todo

Alguns significados no Brasil e em Portugal:

No Brasil Em PortugalSuéter Camisola

Marrom CastanhoVitrine MontraTerno FatoFato Facto

Palavras e expressões que oferecem dificuldades de língua,

linguagem e fala:

Page 197: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Por volta das 10 horas e não “de 10 horas

É meio-dia e meia (“Meia” refere-se à meia hora.)

É um hora e 30 minutos.

São 12 horas. É meio-dia

Ficar em pé.

Abramos nossas Bíblias no Segundo Livro de Crônicas, na

Segunda Carta de Pedro, na Terceira Carta de João, Epístola de

Paulo aos Gálatas, no Livro do Profeta Isaías, no Evangelho de

Mateus ou de São Mateus...

Leiamos, de forma alternada, do versículo 1.º ao 10.º Lerei os

ímpares.

Significação - Vocabulário

Semântico - Adj. - Relativo à significação; significativo.

Concisão - S. f. - Qualidade de conciso. Brevidade e clareza

(no dizer ou escrever).

Page 198: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Congruência - S. f. - Proporção. Relação adequada (entre uma

coisa e o fim a que tende).

Teol. catól. Razão do prêmio dado aos merecimentos côngruos

Côngruo-Adj. Conveniente. Condigno. Adequado. Suficiente.

Declarado em termos claros. De côngruo: por merecimento

côngruo.

Significado – Locuções

Locuções Prepositivas:

De encontro a – em sentido oposto, contra

Ao encontro de – concordar (o mesmo que a favor de, à

procura de, em consonância com)

Observação: Essas locuções prepositivas podem transformar-se em

Locuções verbais se junto for usado algum verbo: ir ao encontro de,

vir de encontro a, correr ao encontro de, surgir a favor de, ir à

procura de etc.).

Ortografia e significado

A fim ou afim?

Page 199: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Escrevemos afim, quando queremos dizer semelhante. (O

gosto dela era afim ao da turma.)

Escrevemos a fim (de), quando queremos indicar

finalidade. (Veio a fim de conhecer os parentes/Pensemos bastante, a

fim de que respondamos certo/Ela não está a fim do rapaz).

A par ou ao par?

A expressão ao par significa sem ágio no câmbio.

Portanto, se quisermos utilizar esse tipo de expressão, significando

ciente, deveremos escrever a par.

Fiquei a par dos fatos/A moça não está a par do assunto.

A cerca de, acerca de ou há cerca de?

A cerca de significa a uma distância. (Teresópolis fica a

cerca de uma hora de carro do Rio).

Acerca de - significa sobre. (Conversamos acerca de

política).

Há cerca de - significa que faz ou existe(m)

aproximadamente. (Mudei-me para este apartamento há cerca de oito

anos/Há cerca de doze mil candidatos, concorrendo às vagas).

Page 200: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Ao encontro de ou de encontro a?

Ao encontro de - quer dizer favorável a, para junto de.

(Vamos ao encontro dos nossos amigos./Isso vem ao encontro dos

anseios da turma).

De encontro a - quer dizer contra. (Um automóvel foi de

encontro a outro/Este ato desagradou aos funcionários, porque veio de

encontro às suas aspirações).

Há ou a?

Quando nos referimos a um determinado espaço de tempo,

podemos escrever há ou a, nas seguintes situações:

Há - quando o espaço de tempo já tiver decorrido. (Ela saiu há dez

minutos).

A - quando o espaço de tempo ainda não transcorreu. (Ela voltará

daqui a dez minutos).

Haver ou ter?

Embora usado largamente na fala diária, a gramática não

aceita a substituição do verbo haver pelo ter. Deve-se dizer, portanto,

não havia mais leite na padaria.

Page 201: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Se não ou senão?

Emprega-se o primeiro, quando o se pode ser substituído

por caso ou na hipótese de que.

Se não chover, viajarei amanhã (= caso não chova - ou na

hipótese de que não chova, viajarei amanhã).

Se não se tratar dessa alternativa, a expressão sempre se

escreverá com uma só palavra: senão.

Senão – Vá de uma vez, senão você vai se atrasar. (senão

= caso contrário)/Nada mais havia a fazer senão conformar-se com a

situação (senão = a não ser)/"As pedras achadas pelo bandeirante não

eram esmeraldas, senão turmalinas, puras turmalinas" (senão =

mas)/Não havia um senão naquele rapaz. (senão = defeito).

Haja vista ou haja visto?

Apenas a primeira opção é correta, porque a palavra

"vista", nessa expressão, é invariável.

Haja vista o trágico acontecimento... (hajam vista os

acontecimentos...)

Em vez de ou ao invés de?

Page 202: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

A expressão em vez de significa em lugar de. (Hoje, Pedro

foi em vez de Paulo/Em vez de você, vou eu para Petrópolis).

A expressão ao invés de significa ao contrário de. (Ao

invés de proteger, resolveu não assumir/Ao invés de melhorar, sua

atitude piorou a situação).

Significado das palavras

Para estudarmos o significado das palavras devemos

conhecer os sinônimos, antônimos, homônimos e parônimos.

Palavras sinônimas - duas ou mais palavras identificam-se

exatamente ou aproximadamente quanto ao significado. As

que se identificam exatamente se dizem sinônimas perfeitas

(cara e rosto). As que se identificam por aproximadamente se

dizem sinônimas imperfeitas (esperar e aguardar).

Palavras antônimas - duas ou mais palavras têm significados

contrários, como amor e ódio vitorioso e derrotado

Palavras homônimas - duas ou mais palavras apresentam

identidade de sons ou de forma, mas de significado diferente.

As palavras homônimas se apresentam como:

Page 203: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Perfeitas - mesma grafia e mesma pronúncia, mas com classes

diferentes.

Exemplos: caminho (substantivo) e caminho (do verbo

caminhar)/cedo (advérbio) e cedo (do verbo ceder)/for (do verbo ser) e

for (do verbo ir)/livre (adjetivo) e livre (do verbo livrar)/são (adjetivo)

e são (do verbo ser)/serra (substantivo) e serra (do verbo serrar)

Homógrafas - mesma grafia e pronúncia diferente.

Exemplos: colher (substantivo) e colher (do verbo colher)/começo

(substantivo) e começo (do verbo começar)/gelo (substantivo) e gelo

(do verbo gelar)/torre (substantivo) e torre (verbo torrar)

Homófonas - grafia diferente e mesma pronúncia.

Exemplos: acender (pôr fogo) e ascender (subir)/acento (tonicidade de

palavras) e assento (lugar para sentar-se)/apreçar (avaliar preços) e

apressar (acelerar)/caçar (perseguição e morte de seres vivos) e cassar

(anular)/cela (quarto pequeno), sela (arreio de animais) e sela (do

verbo selar)/cerrar (fechar) e serrar (cortar)/cessão (doação), seção

(divisão) e sessão (tempo de duração de uma apresentação ou

espetáculo)/concerto (apresentação musical) e conserto

(arrumação)/coser (costurar) e cozer (cozinhar)/sinto (do verbo sentir)

e cinto (objeto de vestuário)/taxa (imposto) e tacha (prego pequeno)

Page 204: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Observação: Não se deve confundir os homônimos perfeitos com o

conceito de polissemia em que as palavras têm mesma grafia, som e

classe (ponto de ônibus, ponto final, ponto de vista, ponto de encontro

etc.)

Palavras parônimas - duas ou mais palavras quando

apresentam grafia e pronúncia parecidas, mas significado

diferente.

Exemplos: área (superfície) e ária (melodia)/comprimento (extensão)

e cumprimento (saudação)/deferir (conceder) e diferir

(adiar)/descrição (ato de descrever) e discrição (reserva em atos e

atitudes)/despercebido (desatento) e desapercebido

(despreparado)/emergir (vir a tona, despontar) e imergir

(mergulhar)/emigrante (quem sai voluntariamente de seu próprio país

para se estabelecer em outro) e imigrante (quem entra em outro país a

fim de se estabelecer)/eminente (destacado, elevado) e iminente

(prestes a acontecer)/fla grante (evidente) e fragrante (perfumado,

aromático)/fluir (correr em estado fluido ou com abundância) e fruir

(desfrutar, aproveitar)/inflação (desvalorização da moeda) e infração

(violação da lei)/infringir (transgredir) e infligir (aplicar)/ratificar

(confirmar) e retificar (corrigir)/tráfego (trânsito de veículos em vias

públicas) e tráfico (comércio desonesto ou ilícito)/vultoso (que faz

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vulto, volumoso ou de grande importância) e vultuoso (acometido de

congestão da face)

Grafias semelhantes, significados diferentes

Discriminar – tratar de forma diferente

Descriminar – inocentar, absolver de crime (O prefixo des- dá ideia de

negação.)

Cumprimento – saudação

Comprimento – extensão, tamanho

Page 206: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

XVI. ESTILÍSTICA

Semiologia ou Semiótica

Ciência que estuda o funcionamento do sistema de signos.

Por signo entende-se a interpretação e alguém diante de uma "coisa"

ou "evento".

Exemplo: preto é uma cor, mas passa a ser signo (luto) na

comunicação.

Ha signos naturais e artificiais:

Os naturais não são produzidos pelo homem. São "coisas"

e "eventos" que o homem passa a interpretar como signos.

Exemplos: nuvens negras (chuva vindoura), vôo de certas aves (mau

agouro), sintomas de doença...

Os artificiais são criados pelo homem para que funcionem

no processo da comunicação. Caracterizam-se, portanto, pela

intenção.

Exemplos: apitos de juiz, sinal de trânsito, signos lingüísticos...

Page 207: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Signo linguístico

Cada palavra representa um signo linguístico, mas não é

qualquer seqüência de sons que constitui um signo. Um signo

linguístico constitui-se de duas partes, conforme a definição abaixo:

 "(...) 3- Ling. Entidade constituída pela combinação de um conceito, denominado significado e uma imagem acústica, denominada significante. A imagem acústica de um signo lingüístico não é a palavra falada (ou seja, o som material) mas a impressão psíquica deste som (...)". Aurélio Buarque de Holanda.  

Observação: Para enriquecer o texto literário e lhe dar maior ou

menor expressividade, o escritor pode utilizar-se do aspecto visual e

do aspecto sonoro do significante.

Compare as duas frases a seguir:

Comprei uma geladeira nova/Meus amigos estão uma

geladeira comigo.

A palavra geladeira apareceu com dois significados

distintos nas frases, dependendo do contexto. Assim, pode-se concluir

que na frase a o signo está empregado no sentido denotativo e na

frase b, no conotativo.

Page 208: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Denotação - Significado convencional, usual ou dicionarizado da

palavra. Não permite várias interpretações, sendo a palavra usada em

seu sentido objetivo.

Exemplos: Ignorando as leis, a empresa usou o trator na área

proibida.

trator: "veículo motorizado que (...) é capaz de rebocar cargas ou de operar, rebocando ou empurrando, equipamentos agrícolas, de terraplanagem, etc." Aurélio Buarque de Holanda.  

Conotação - Significado novo, diferente do convencional, criado pelo

contexto.

Também denominado sentido figurado, muito explorado

pela literatura.

Favorece a pluralidade interpretativa, pois as palavras

ganham significados subjetivos, que mais sugerem do que informam.

Exemplos: Esse operário é um trator. (Trator: com sentido de força,

capacidade de trabalho, rapidez.)

Elementos da comunicação

Emissor - emite, codifica a mensagem

Page 209: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Receptor - recebe, decodifica a mensagem

Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor

Código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem

Referente - contexto relacionado a emissor e receptor

Canal - meio pelo qual circula a mensagem

Observação: As atitudes e reações dos comunicantes são também

referentes e exercem influência sobre a comunicação

Funções da linguagem

Função emotiva (ou expressiva) - Centralizada no emissor, revelando sua

opinião, sua emoção. Nela prevalece a 1ª pessoa do singular, interjeições e

exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e

cartas de amor.

Função referencial (ou denotativa) - Centralizada no referente, quando o

emissor procura oferecer informações da realidade. Objetiva, direta,

denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa do singular. Linguagem usada nas

notícias de jornal e livros científicos.

Função apelativa (ou conativa) - Centraliza-se no receptor; o emissor

procura influenciar o comportamento do receptor. Como o emissor se dirige

ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos

Page 210: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

vocativos e imperativo. Usada nos discursos, sermões e propagandas que se

dirigem diretamente ao consumidor.

Função fática - Centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou

não o contato com o receptor, ou testar a eficiência do canal. Linguagem

das falas telefônicas, saudações e similares.

Função poética - Centralizada na mensagem, revelando recursos

imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é

metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem

figurada apresentada em obras literárias, letras de música, em algumas

propagandas etc.

Função metalingüística - Centralizada no código, usando a linguagem

para falar dela mesma. A poesia que fala da poesia, da sua função e do

poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os dicionários são

repositórios de metalinguagem.

Observação: Em um mesmo texto podem aparecer várias funções da

linguagem. O importante é saber qual a função predominante no texto,

para então defini-lo.

Page 211: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

APÊNDICE

A FAMÍLIA INDO-EUROPEIA, O LATIM, AS LÍNGUAS DERIVADAS, O PORTUGUÊS E O ITÁLICO

IntroduçãoFamília indo-européia

Havia um idioma falado há cerca de 5 mil anos em alguma região entre a Índia e a Europa. Não há documentos que atestem o idioma indo-europeu,

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mas as 449 línguas atuais que derivaram dele têm características comuns, como as raízes de algumas palavras e regras gramaticais.

Itálico e latimCom as migrações, as mutações da árvore indo-européia resultaram

nos ramos itálico, germânico e mais nove subgrupos. Não há documentos escritos, mas acredita-se que o itálico tenha nascido por volta de 1 000 a.C. na região, claro, da Itália.

O Latim é uma língua do ramo itálico da família Indo-Européia. Pertence ao grupo centum e era falada pelo povo da antiga Roma. É uma língua altamente flexional e, em conseqüência disso, tem uma grande flexibilidade na ordem das palavras.

Inicialmente um dialeto itálico falado na região do Lácio (VETVS LATIVM, entre o rio Tibre, o curso baixo do rio Ânio, a cadeia dos Apeninos, o território dos Volscos e o Mar Tirreno), o Latim tornou-se uma língua importante à medida em que os seus falantes (os romanos) ganhavam destaque na região. Com as expansões militares de Roma e a conseqüente importância alcançada pelo Império Romano, tornou-se uma espécia de língua universal do mundo ocidental, mantendo sua importância mesmo depois da queda do Império.

A língua se expandiu juntamente com o Império Romano (ver mapa ao lado), apesar de que nas regiões orientais o Grego continuasse predominando.

O Latim perdurou até depois da queda do Império Romano. A Igreja Católica o tem como língua oficial até hoje. Obras literárias e teológicas em Latim foram escritas durante toda a Idade Média. Vários cientistas e filósofos modernos (Descartes, Newton, Leibniz etc.) escreveram obras originalmente em Latim. Até hoje ele é usado em alguns termos jurídicos, na taxonomia dos seres vivos e outras questões de nomenclatura científica.Latim

O Lácio, uma das regiões compreendidas pelo ramo itálico, às margens do rio Tibre, é o berço do latim, que surgiu como língua de pastores e agricultores por volta de 600 a.C. Com a expansão de Roma, o latim alargou sua área de atuação e acabou absorvendo os idiomas osco e umbro.

Latim vulgarO ponto de partida das línguas românicas foi o latim vulgar, falado

no dia-a-dia. Era uma língua com finalidades práticas e imediatas, ao contrário do latim clássico, de escritores como Cícero e Virgílio. Nas regiões que o Império Romano conquistou, o latim vulgar ganhou novos sotaques, como o português.Os idiomas que vieram do latim

Segundoo compêndio Ethnologue, atualmente existem 6.912 idiomas falados mundo. Desses idiomas românicos, pelo menos oito vieram do latim:

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italiano, francês, espanhol, catalão, galego, português, provençal e romeno . Alguns acrescentam: o occitânico , o sardo e o romanche. O dalmático, falado antigamente na costa da Dalmácia, na Croácia, também tinha origem latina, mas já foi extinto. O próprio latim não é mais falado, e, hoje, é usado apenas em documentos oficiais do Vaticano. Além dos idiomas falados, o Ethnologue considera três linguagens artificiais (esperanto, europanto e interlíngua) e 121 línguas de sinais.O Português

Na península Ibérica, província romana desde fins do século 3 a.C., o latim começou a modificar-se com as invasões bárbaras (Século V) e árabes (Século VIII). O dialeto galego-português surgiu no século 12 e, quatro séculos depois, galego e português já formavam duas línguas diferentesGramática latinaPronúncia na língua latina

Existem três formas de pronúncia na língua latina: a pronúncia eclesiástica ou italiana, usada pela igreja Católica Romana, pronúncia clássica (reconstruída), que foi elaborada a partir de estudos sobre a pronúncia de povos próximos, que se acredita ser a mais próxima da pronúncia praticada na antiguidade e a pronúncia portuguesa, usada nas escolas no Brasil e em Portugal apenas para fins didáticos. Pronúncia clássica

O latim só tinha letras maiúsculas. As minúsculas forma utilizadas pela primeira vez na Idade Média. A pronúncia é por sílabas, muito parecida com a do português.

Todas as vogais podem ser longas ou curtas. A pronúncia das vogais aqui descrita é muito aproximada e fundamentada na evolução do latim para o português (vogais longas tornam-se fechadas, breves tornam-se abertas).A – Com pronúnica longa, mais ou menos como em levar; quando breve, como em chazinho.G – Sempre o g português, como em gato (também em -GE-, -GI-; nos -GUE-, -GUI- o u é pronunciado, como semivogal). H – Hacca, que só os falantes muito cultos aspiravam o H (como o inglês how). Mesmo na época clássica, para a maioria, era mudo.J – Esta letra não existia no latim clássico, foi criada na Idade Média para fazer diferença entre o i vogal e o i consonântico para o que muitos i latinos foram evoluíndoQ – Sempre antes do u semivogal, -QV-. QVI R – Possivelmente como em caro, ou talvez como em carro (rr não uvular, mas alveolar, o "clássico" europeu e como se pronúncia ainda nas zonas rurais de Portugal, em África ou na Galiza), talvez ambos dois segundo regras similares às do português

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V - Nunca como o V português, sempre é vogal ou semivogal: quando vogal longo, como em miúdo, quando vogal breve como em surdo, quando semivogal como em mau. É semivogal quando diante de outra vogal, como em SOLVO ou QVARTVS. Na Idade Média, o V minúsculo grafava-se "u", o "u" afinal foi utilizado só para o som vogal e "v" para o consonântico (como no português);X – EX, "gs" ou "ks", segundo a palavra (LEX-LEGIS, gs; DUX-DUCIS, ks)Y – YPSILLON, como o u francês ou o ü/ue alemão, a letra é grega e não latina (este som não existe em latim), mas empregou-se para empréstimos do grego;Z – ZETA, como o z alemão, aproximadamente "ts", também para empréstimos do grego;Há também estes dígrafos para empréstimos gregos:CH – Como o j espanhol ou o ch alemão; também aparece em palavras latinas, nelas é talvez um K levemente aspirado, é dizer, K+H, (PVLCHER, LACHRIMA) ou apenas um simples K PH – Aproximadamente como um P aspirado (PHILOSOPHIA) RH – Ccomo o R ou RR (RHETOR, RHOMBVS)TH – Como em inglês thin ou o c/z espanhol da península

As letras para os empréstimos gregos tendiam a ser pronunciadas com os sons mais próximos do latim, assim o Y pronunciava-s I ou V, o Z como S, CH como K, TH como T, PH como F, etc.

As letras das consoantes podem ser duplas, BB, CC, DD, FF, GG, LL, MM, NN, LL, PP, RR, SS, TT, mesmo a vogal VV (MORTVVS)... a pronúncia é como duas letras separadas em sílabas diferentes, ILLE é "IL-LE" (ou um L mais longo), têm valor fonológico, p.ex. ANVS, "A-NVS", "(mulher) velha", não é, nem se pronúncia como ANNVS, "AN-NVS", "ano", SVMVS, "SV-MVS", "nós somos", não tem a ver com SVMMVS, "SVM-MVS", "o mais alto".

Arcaicamente, as vogais longas por vezes eram escritas como duplas, nos tempos da República com um acento grave (APEX), e no Império com algo parecido a um acento agudo. Mas nunca foi universal nem unanimemente aceite. Na Idade Média, sobretudo nos livros de aprendizagem, adoptou-se o costume de grafar as vogais longas com um tracinho acima (mácron), e as breves com um u pequeninho (bráquia).

Há ditongos e tritongos (muito raros), AE, AV, EI, EV, OE, OI, VI, e pronunciavam-se com os sons correspondentes, mas muito cedo foram evoluindo para outros sons, p.ex. AE passou a ser pronunciado como um E aberto, OE como E fechado, AV como o "ou" (ow) português etc.Declinações

Declinação é um tipo de flexão que palavras das classes substantivo, adjetivo, pronome, numeral e artigo (esta última inexistente no Latim) sofrem em.

O latim possui cinco declinações, que se dividem em seis casos básicos cada uma, com singular e plural – Nominativo, Genitivo, Dativo,

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Acusativo, Ablativo e Vocativo . As frases, para serem corretamente traduziadas, devem ser analisadas sintaticamente pelo genitivo singular, que correspondem, respectivamente a "ae", "i", "is", "us", "ei" (1.ª a 5.ª declinações).Nominativo - Indica o sujeito e predicativo do sujeito. Homo - [o] homem (ex: homō ibi stat - o homem está de pé aí) Genitivo - Expressa posse, matéria ou origem (fonte). Geralmente indica o adjunto adnominal restritivo. Hominis - de [o] homem (ex: nōmen hominis est Claudius - O nome do homem é Claudius) Dativo - Indica quem sofre a ação, o objeto indireto da oração. hominī - para/a [o] homem [como objeto indireto] (hominī donum dedī - eu dei um presente ao homem) Acusativo - Expressa o objeto direto do verbo. hominem - [o] homem [como objeto direto] (ex: hominem vidi - Eu vi o homem.) Ablativo - Indica separação ou os meios pelos quais uma ação é efetuada. homine - [o] homem (ex:sum altior homine - sou mais alto que o homem) Vocativo - Usado na comunicação direta para chamar o interlocutor. é o mesmo vocativo da língua portuguesa.

Caso Preposição/artigo Singular PluralNominativo a, as —a —aeGenitivo de, das —ae —ārumDativo para a, para as, à, às, ao, aos —ae —īsAcusativo a, as —am —āsAblativo pela, pelas —ā —īsVocativo - —a —ae

As declinações são identificadas pelo nominativo e pelo genitivo singular. A declinação permite que as orações latinas sejam estruturadas das mais diversas formas, diferentemente do Português onde a estrutura geral das orações é sujeito-verbo-objeto. Isto obriga o latinista a atentar-se à declinação das palavras para compreender corretamente as frases.

Por exemplo, alguém desatento às declinações poderia interpretar a seguinte frase "Philosophum non facit barba." como "o filósofo não faz a barba", sendo que o correto é "A barba não faz o filósofo".

Primeira Declinação Os substantivos deste caso geralmente terminam em -a e são

tipicamente femininos. As exceções são os substantivos que designam profissões exercidas por homens, tais como "agricola" (fazendeiro) e "nauta" (navegante). O

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genitivo singular das palavras de primeira declinação tem a terminação -ae. A tabela com o paradigma dessa declinação é:stella –ae (a estrela, da estrela); lingua, -ae (a língua, da língua);vita, -ae (a vida, da vida); scientia, -ae (ciência, sabedoria, conhecimento) - f .Caso Singular Plural Singular Plural Singula

r Plural

Nominativo

stella stellae lingua linguae vita vitae

Genitivo stellae stellārum linguae linguārum

vitae vitārum

Dativo stellae stellīs linguae linguīs vitae vitīsAcusativo stellam stellās linguam linguās vitam vitāsAblativo stellā stellīs linguā linguīs vitā vitīsVocativo stella stellae lingua linguae vita vitae

Non scholae sed vitae discimus" (Seneca) Aprendemos não para a escola, mas para a vida. "Nihil sine magno labore vita dedit mortalibus" (Horácio) A vida nada dá aos mortais senão trabalho duro. "Et ipsa scientia potestas est". (Francis Bacon)

E conhecimento em si é poder. Sine scientia ars nihil est. A arte não é nada sem a ciência.

Segunda Declinação A maioria das palavras de segunda declinação são substantivos

masculinos com terminação (no nominativo singular) em -us ou -r, ou substantivos neutros com terminação em -um. O genitivo singular de todas termina em -ī. Para as poucas palavras que possuem o caso locativo, este é idêntico ao genitivo.campus, –ī – o campo, do campo (masculino); puer, -ī – o menino, do menino (masculino); bellum, -ī – a guerra, da guerra (neutro); verbum, -i - a palavra, da palavra (neutro); Deus, ī – Deus, de Deus (masculino - irregular).

Caso Singular Plural Singular Plural Singular PluralNom. Campus campī verbum verba Deus Deī, Dī,

DiīGen. Campī campōrum verbī verbōrum Deī,

DīviDeōrum, Deum

Dat. Campō campīs verbō verbīs Deō, Deīs, Dīs,

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Dīvō DiīsAcus. Campum campōs verbum verba Deum DeōsAbl. Campō campīs verbō verbīs Deō,

DīvōDeīs, Dīs, Diīs

Voc. Campe campī verbum verba Dīve Deī, Dī, Diī

Sunt pueri pueri pueri puerilia tractant. - Meninos são meninos e agem como meninos. "Si vis pacem, para bellum". - Se queres a paz, prepara-te para a guerra. Peior est bello timor ipse belli. - Pior que a guerra é o medo da guerra. Verbum sapienti satis est. - (Uma) palavra é suficiente para o sábio. Verba movent, exempla trahunt. - Palavras movem, exemplos compelem. A verbis ad verbera. - Palavras ao vento. Vox populi, vox Dei. – A voz do povo, a voz de Deus.

Terceira Declinação

A terceira declinação contém o maior grupo de substantivos. Os substantivos de terceira podem terminar em -a, -e, -ī, -ō, -y, -c, -l, -n, -r, -s, -t ou -x. Estes consistem em substantivos masculinos, neutros e femininos das mais diversas raízes. O genitivo singular de todas palavras de terceira declinação termina em -is.

homō, -is (o, do humano, o, do homem, no sentido de "ser humano") – masculino; omnis m/f, omne n - todo/toda/tudo Caso Singular Plural Singular Plural

Masc./fem.. Neutro Masc./fem. NeutroNominativo homō homin·ēs omnis omne omnēs omniaGenitivo homin·is homin·um omnis omnis omnium omniumDativo homin·ī homin·ibus omnī omnī omnibus omnibusAcusativo homin·em homin·ēs omnem omne omnēs omnia

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Ablativo homin·e homin·ibus omnī omnī omnibus omnibusVocativo homō homin·ēs

"Nihil est ab omni parte beatum". (Horácio) - Nada é bom em toda parte. "Non omnia possumus omnes". (Virgílio) - Nem todos [nós] podemos tudo. "Sol omnibus lucet". (Petronius) - O Sol ilumina a todos. "Non omne quod licet honestum est".- Nem tudo que é lícito é honesto. Non omne quod nitet aurum est.- Nem tudo que brilha é ouro. "Omnes homines dignitate et iure liberi et pares nascuntur". (Declaração Universal dos Direitos do Homem) - Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Omnia vincit amor. - O amor vence tudo.

Quarta Declinação Palavras latinas de quarta declinação são geralmente palavras

masculinas ou femininas terminadas em -us, ou palavras neutras terminadas em -ū. O genitivo singular das palavras de quarta declinação terminam em -ūs. manus, -ūs - a mão, da mão – feminino Caso Singular PluralNominativo man-us, man-ūsGenitivo man-ūs, man-uumDativo man-ūi, man-ibus

Acusativo man-um, man-ūsAblativo man-ū, man-ibusVocativo man-us, man-ūm

"Manus manum lavat". - [Uma] mão lava [outra] mão. "Dente lupus, cornu taurus petit". - O lobo ataca com os dentes; o touro, com o chifre.

Quinta Declinação

Palavras latinas de quinta declinação são geralmente femininas, com algumas exceções como "dies", que só é usada no feminino quando indica um dia especial. No nominativo singular elas terminam em -ēs, e no genitivo singular, em -ēī. As palavras de quinta declinação tem raiz invariável. diēs, -ēī - o dia, do dia (masculino); rēs, -eī – a coisa, da coisa (feminino)

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Caso Singular Plural Singular Pluralnominativo di·ēs, di·ēs rēs rēsgenitivo di·ēī di·ērum reī rērumDativo di·ēī di·ēbus reī rēbusacusativo di·em di·ēs rem rēsablativo di·ē di·ēbus rē rēbusvocativo di·ēs di·ēs

Carpe diem. - Aproveite o dia. Observação: Outras palavras de quinta declinação derivam de "dies", tais como "hodies" (hoje) e "meridies" (meio-dia). "Libertas inaestimabilis res est". - [A] liberdade é [uma] coisa inestimável. "Fallaces sunt rerum species". - A aparência das coisas é enganosa.

Adjetivos No Latim os adjetivos concordam com o substantivo em gênero e

número. A maioria dos adjetivos são declinados na primeira ou segunda declinação, em função de estarem no gênero feminino ou masculino, respectivamente; e alguns são de terceira declinação. No grau comparativo, são declinados na terceira declinação.Adjetivos de 1ª e 3 declinações - malus m, mala f, malum n - mau, má, malvado, ruim Número Singular PluralCaso \ Gênero Masculino Feminino Neutro Masculino

Feminino NeutroNominativo malus mala malum malī

malae malaGenitivo malī malae malī malōrum

malārum malōrumDativo malō malae malō malīs

malīs malīsAcusativo malum malam malum malōs

malās malaAblativo malō malā malō malīs

malīs malīs

"Cum recte vivis, ne cures verba malorum". (Catão)

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"Se vives corretamente, não preocupar-te-ás com as palavras más/maldizeres".

magnus m, magna f, magnum n - grande Número Singular PluralCaso \ Gênero Masculino Feminino Neutro Masculino

Feminino NeutroNominativo magnus magna magnum magnī

magnae magnaGenitivo magnī magnae magnī magnōrum

magnārum magnōrumDativo magnō magnae magnō magnīs

magnīs magnīsAcusativo magnum magnam magnum magnōs

magnās magnaAblativo magnō magnā magnō magnīs

magnīs magnīs

Consuetudinis vis magna est. - [A] força do hábito é grande. "Potest ex casa magnus vir exire". - Um grande homem pode sair de uma choupana.

Numerais Cardinais

Numeral romano Número em latim Numeral indo-arábicoN * nullus, -a, -um * 0I ūnus -a -um 1II duo -ae 2III trēs, tria 3IV quattor 4V quinque 5VI sēx 6VII septem 7VIII octō 8IX novem 9X decem 10XV quindecim 15XX viginti 20XXV viginti quinque 25

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L quinquaginta 50C centum 100D quingentī, -ae, -a 500M mille 1000

*Os romanos, assim como os gregos, não tinham o conceito do número zero. Remeter a este número com a palavra "nullus" ("nenhum") foi feito primeiramente na Idade Média. A identificação do zero pela letra N é atribuída a Bede, por volta de 725 d.C.

Exceto pelos números entre 04 (quatuor) e 100 (centum), os numerais cardinais latinos são todos declináveis.

Conjunçõeset - e aut - ou at - mas autem-mas/porém/contudo/também/além disso sed - mas

neque - e não/nem Neque... neque - Não... nem nec - e não/nem Nec... nec - Não... nem igitur - logo

"Non ut edam vivo, sed vivam edo". - Não vivo para comer, mas como para viver.Aut vincere aut mori. - Ou vencer ou morrer.

BIBLIOGRAFIA

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REDAÇÃO

BUENO, Francisco da Silveira. Arte de Escrever. Saraiva S.A., São PauloCÂMARA JR., J. MATTOSO. Manual de Expressão Oral e Escrita. Editora Vozes Ltda., Petrópolis.