portugal, alentejo - industrailização tardia

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Reinventando o atraso Ruy Braga e Elísio Estanque Após um período de intensas lutas sociais seguidas à queda da monarquia, em 1910, Portugal foi marcado, durante o século XX, pela dolorosa experiência de uma longa ditadura. Apoiados num Estado corporativo fortemente repressivo e que contou com a ajuda de uma igreja ressentida com as expropriações promovidas pela república, os impulsos de modernidade e de industrialização que o país viveu tiveram sempre por detrás a tutela protecionista do regime autoritário. O processo de formação e recomposição das classes sociais e, em especial, a emergência do operariado industrial e semi-urbano da região de Lisboa-Setúbal constituem um fenômeno no qual se enlaçam não apenas a trajetória e o destino históricos de Portugal nos últimos cem anos, como também as antinomias presentes de todo um subcontinente em crise. Rumo à margem sul de Lisboa… A despeito de alguns esforços pioneiros na construção naval ocorridos durante o período monárquico-constitucional consolidado a partir de 1851, é patente que a história da indústria portuguesa praticamente confunde-se com a formação e a consolidação da Companhia União Fabril (CUF). Originalmente criada em 1865 para fabricar velas e sabão, já no final do século XIX, a CUF decidiu investir na produção de adubos a fim de lucrar com um setor agrícola em expansão cujo processo de modernização capitalista floresceu durante o governo de João Franco (1906-1908) e sob os auspícios de políticos reformadores como Hintze Ribeiro[1]. Assim, já em 1908 foi inaugurada na região de Setúbal, mais especificamente, na cidade do Barreiro, a primeira fábrica de óleo do bagaço de azeitona e, logo a seguir, a de adubos químicos fosfatados destinados às grandes fazendas do Alentejo.[2] Tendo à frente Alfredo da Silva, capitão da indústria cujo autoritarismo ajudou a impulsionar a monopolização da economia portuguesa, a CUF, mesmo após a crise de 1929, diversificou suas atividades no entre-guerras, modernizando e ampliando suas fábricas no Barreiro. Este esforço de investimento culminou em 1937 no arrendamento do estaleiro naval da Rocha, localizado em Alcântara, Lisboa, e, posteriormente, em 1963, na criação da emblemática empresa de construção e reparação naval, a Lisnave. Para Fernando Rosas: “Ao findar o segundo conflito mundial, o essencial do pequeno núcleo dos sectores mais modernos da indústria portuguesa tinha nascido à sombra do aproveitamento possível das sucessivas conjunturas internacionais propícias, desde certas químicas da CUF ou de empresas belgas e francesas e algumas metalúrgicas modernas (finais do século XIX, inícios do século XX), passando pelos cimentos Sommer (no primeiro pós-guerra), até à indústria de material eléctrico ou à refinação de petróleo na segunda metade dos anos 30. Os índices de produção industrial disponíveis registram, aliás, entre 1939 e 1945 um crescimento regular (uma taxa de crescimento médio anual de cerca de 5%) tanto no rescaldo da depressão internacional como nas difíceis condições do conflito mundial. A evolução da formação bruta do capital fixo na indústria, apesar dos parênteses constituídos pelos anos de maior impacto da crise de 1929 (entre 1930 e 1932) – seguidos de uma clara recuperação – e pelas novas quebras originadas pelo cerco económico da guerra (entre 1931 e 1944), manteve a sua tendência ascensional”[3]

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Reinventando o atrasoRuy Braga e Elísio EstanqueApós um período de intensas lutas sociais seguidas à queda da monarquia, em 1910, Portugal foimarcado, durante o século XX, pela dolorosa experiência de uma longa ditadura. Apoiados numEstado corporativo fortemente repressivo e que contou com a ajuda de uma igreja ressentida com asexpropriações promovidas pela república, os impulsos de modernidade e de industrialização que opaís viveu tiveram sempre por detrás a tutela protecionista do regime autoritário. O processo deformação e recomposição das classes sociais e, em especial, a emergência do operariado industrial esemi-urbano da região de Lisboa-Setúbal constituem um fenômeno no qual se enlaçam não apenas atrajetória e o destino históricos de Portugal nos últimos cem anos, como também as antinomiaspresentes de todo um subcontinente em crise.

Rumo à margem sul de Lisboa…

A despeito de alguns esforços pioneiros na construção naval ocorridos durante o períodomonárquico-constitucional consolidado a partir de 1851, é patente que a história da indústriaportuguesa praticamente confunde-se com a formação e a consolidação da Companhia União Fabril(CUF). Originalmente criada em 1865 para fabricar velas e sabão, já no final do século XIX, a CUFdecidiu investir na produção de adubos a fim de lucrar com um setor agrícola em expansão cujoprocesso de modernização capitalista floresceu durante o governo de João Franco (1906-1908) e sobos auspícios de políticos reformadores como Hintze Ribeiro[1]. Assim, já em 1908 foi inaugurada naregião de Setúbal, mais especificamente, na cidade do Barreiro, a primeira fábrica de óleo do bagaçode azeitona e, logo a seguir, a de adubos químicos fosfatados destinados às grandes fazendas doAlentejo.[2]

Tendo à frente Alfredo da Silva, capitão da indústria cujo autoritarismo ajudou a impulsionar amonopolização da economia portuguesa, a CUF, mesmo após a crise de 1929, diversificou suasatividades no entre-guerras, modernizando e ampliando suas fábricas no Barreiro. Este esforço deinvestimento culminou em 1937 no arrendamento do estaleiro naval da Rocha, localizado emAlcântara, Lisboa, e, posteriormente, em 1963, na criação da emblemática empresa de construção ereparação naval, a Lisnave. Para Fernando Rosas:

“Ao findar o segundo conflito mundial, o essencial do pequeno núcleo dos sectores mais modernosda indústria portuguesa tinha nascido à sombra do aproveitamento possível das sucessivasconjunturas internacionais propícias, desde certas químicas da CUF ou de empresas belgas efrancesas e algumas metalúrgicas modernas (finais do século XIX, inícios do século XX), passandopelos cimentos Sommer (no primeiro pós-guerra), até à indústria de material eléctrico ou àrefinação de petróleo na segunda metade dos anos 30. Os índices de produção industrialdisponíveis registram, aliás, entre 1939 e 1945 um crescimento regular (uma taxa de crescimentomédio anual de cerca de 5%) tanto no rescaldo da depressão internacional como nas difíceiscondições do conflito mundial. A evolução da formação bruta do capital fixo na indústria, apesardos parênteses constituídos pelos anos de maior impacto da crise de 1929 (entre 1930 e 1932) –seguidos de uma clara recuperação – e pelas novas quebras originadas pelo cerco económico daguerra (entre 1931 e 1944), manteve a sua tendência ascensional”[3]

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Assim, quando da morte de Alfredo da Silva, em 1942, a CUF já era o mais importante grupofinanceiro-industrial da península Ibérica, com investimentos em dezenas de empresas e cerca de 70mil trabalhadores empregados.[4] Por meio dos laços de cumplicidade política desenvolvidos porAlfredo da Silva com a ditadura salazarista[5] a empresa prosperou tendo por base a proteção deseus mercados, o crédito oficial subsidiado e a intensa repressão aos sindicatos. Em termos gerais, épossível dizer que o esforço de industrialização e a transição ao modelo corporativista em Portugalfoi subsidiado pela repressão aos trabalhadores e pelos baixos salários.[6] Nas palavras de FernandoRosas:

“Uma industrialização historicamente assente na sobreexploração da força de trabalho, emgrande medida semicamponesa, com largo peso de mulheres e crianças, analfabeta, semformação técnica de qualquer espécie e privada de liberdade de associação e expressão sindicais.Salários baixíssimos e longas jornadas de trabalho, conjugados com as várias modalidades deproteccionismo estatal, foram viabilizando a maioria das empresas dos sectores industriaistradicionais. De uma forma geral, eram escassas as preocupações patronais com o investimentotecnológico, a formação do pessoal ou a adopção de esquemas assistenciais, uma vez que sesobrevivia e até se prosperava ao abrigo da concorrência e da reivindicação e à custa de umoperariado que, em boa parte, ia buscar à terra o complemento do salário que o empresário nãopagava.”[7]

Um modo de regulação corporativo e despótico imposto pela cúpula do Estado salazarista por meiodo chamado “condicionamento industrial”, assim como pelo total desmantelamento dos antigossindicatos autônomos da I República (1910-1926), organizou-se em torno das péssimas condiçõeslaborais, da perseguição aos sindicalistas e de pequenas concessões em termos do acesso à chamada“obra social cufista”, isto é, escolas, moradias e hospitais, mas apenas para aqueles operários queaceitassem a superexploração nas fábricas.

O crescimento da empresa alimentou-se de um caudaloso fluxo de antigos assalariados agrícolasvindos dos grandes latifúndios da região do Baixo Alentejo, região sul de Portugal, localizada entreLisboa e o Algarve, e, ainda hoje, uma área dominada pela agricultura.[8] Fugindo do atraso rural,em busca de melhores oportunidades de trabalho e atraída pelas promessas do acesso aos serviçossociais garantidos pelo paternalismo industrial, uma massa de trabalhadores rurais acantonou-se emvárias regiões próximas ou adjacentes à Lisboa, tais como Setúbal e Almada, ao sul, e Moscavide,Sacavém e Vila-Franca-de-Xira, a nordeste.

Entre as décadas de 1930 e 1940, o paternalismo autoritário de Salazar decidiu implementar umafaceta “social” para o regime promovendo, sob a tutela do Ministro Duarte Pacheco, a construção debairros destinados à classe trabalhadora na periferia de Lisboa, de que são exemplos os bairros daEncarnação, de Madre de Deus ou o Alto da Serafina.[9] Esta face “social” era acompanhada pelaideologia do “Portugal de brandos costumes”, além da promoção do estilo “Casa Portuguesa” eoutros símbolos exibidos pela doutrina oficial, celebrados na grande Exposição do Mundo Portuguêsrealizada em 1940, ponto culminante da propaganda salazarista.

Ainda que recém-chegados ao mundo fabril, foi notável o ativismo dos operários industriais deprimeira geração no movimento sindical liderado pelo Partido Comunista Português (PCP). Apesarde relativamente pequenos e, em geral, controlados pelo regime,[10] os sindicatos industriais foram

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progressivamente infiltrados por correntes políticas organizadas, sobretudo, comunistas e setoresprogressistas ligados à igreja católica, tornando-se as principais forças de resistência aosalazarismo. Assim, o movimento sindical protagonizou, em julho de 1943, a mais longa eemblemática greve do Estado Novo, debelada apenas pela ocupação militar das fábricas da CUF.[11]

Derrotado pelas forças repressivas do regime, o sindicalismo cufista ressurgiu mais tarde, em 1969,durante a greve do jovem operariado da construção naval na Lisnave de Almada, quando a açãoclandestina do PCP voltou a crescer no polo industrial da margem sul do Tejo. Em boa partedescendente de alentejanos, esta nova geração de trabalhadores começava a emergir após a saídade Salazar do poder e num contexto marcado por crescentes expectativas quanto às reformasdemocráticas da “Primavera Marcelista”, coincidente com a consolidação da indústria na região ecom o desenvolvimento do setor de serviços.[12] Embora esse movimento tenha sido derrotado, eapesar das demissões decorrentes da greve, os jovens operários navais iniciaram no final da décadade 1960 um vigoroso ciclo de mobilização que, após o 25 de Abril de 1974, ganharia um novoimpulso, culminando na vitoriosa greve de 12 de setembro de 1974.

Após a Revolução dos Cravos, com a nacionalização e o desmembramento do grupo CUF, seguidapela reprivatização e devolução das empresas à família Mello, no final da década de 1980, asatividades industriais da CUF conheceram um período de acentuado declínio econômico seguidopelo aumento do desemprego na região de Setúbal.[13] Somente na década de 1980, com aestabilização democrática, um modelo de características fordistas formou-se em Portugal, ainda quenunca tenha logrado se consolidar. No final dos anos 1990, entretanto, com a derrocada dofordismo, as atividades relacionadas aos serviços médicos, financeiros e hoteleiros foramprogressivamente adquirindo importância estratégica para Jorge de Mello e José de Mello, osherdeiros do antigo império industrial da CUF.[14] Hoje em dia, a CUF transformou-se no maiorgrupo privado de saúde de Portugal, obviamente interessado em aumentar seus lucros a partir dadeterioração do sistema público de saúde promovida pelas políticas austeritárias aplicadas pelogoverno de Passos Coelho.

Assim como no Brasil durante a ditadura civil-militar, o esboço de fordismo periférico português, emparte apoiado na íntima cumplicidade entre António de Oliveira Salazar e meia dúzia de famílias,[15]como a de Alfredo da Silva, teve como contrapartida o implacável controle do aparelho repressivosobre um operariado com raízes no Alentejo.

…e de volta ao Alentejo.

Ao visitar a cidade alentejana de Aljustrel, onde ficam as minas que forneciam a pirite para asfábricas da CUF, não é difícil encontrar trabalhadores que ainda se lembram dos assassinatos deAntónio Adângio e Francisco Madeira, em 28 de abril de 1962, durante um protesto contra a prisãode mineiros grevistas. No povoado de Rio de Moinhos, por exemplo, entrevistamos um ex-mineiro,Manuel Guisado, cujo pai, José Guisado, foi preso e torturado pela Guarda Nacional Republicana(GNR) em razão de sua participação na greve de abril de 1960. As lembranças de Manuel Guisado arespeito das inúmeras greves ocorridas na região alongam-se até os anos 1990 quando a atividademineira declinou em Aljustrel.[16]

O “condicionamento industrial” implementado por Salazar entre os anos 1930 e 1950 visou tutelar aindustrialização incipiente e tardia de um país cujas elites supunham analfabeto, beato e resignado.

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Porém, mais recentemente, em 1986, após a integração à União Europeia, a entrada de fundosfinanceiros da Europa do Norte significou o desmantelamento quase total da indústria, assim comoda agricultura e de outras atividades tradicionais. No Alentejo, como em outras regiões do país, adecadência industrial foi acompanhada pelo crescimento do turismo e dos investimentos eminfraestruturas necessárias a estas atividades, como estradas e pontes.[17]

Atualmente, ao atravessar esta vasta planície rumo ao Algarve, é fácil seguir as indicações paracampos de golfe, hotéis de luxo, grandes resorts, casinos e spas da região. Em paralelo aocrescimento do turismo, é possível perceber igualmente um renascimento de inúmerasmanifestações culturais de raiz praticamente desaparecidas e que, com o apoio de prefeituras,muitas delas governadas pelo PCP, como em Castro Verde e em Odemira, florescem hoje em diaentre os jovens, como, por exemplo, a viola campaniça. O cante polifônico alentejano, inclusive,acaba de ser reconhecido como patrimônio cultural imaterial da humanidade pela UNESCO.[18]Dispensável dizer que se trata de atividades artísticas cujos encantos atraem turistas de toda aEuropa.

O Alentejo é tradicionalmente considerado o “coração” de Portugal. Talvez haja um certo exagero naafirmação. No entanto, sem dúvidas, o coletivismo solidário que se observa nas envelhecidascomunidades alentejanas simboliza bem o coração da classe operária portuguesa. Ao longo do séculoXX, das cidades, vilas e aldeias da região, milhares de trabalhadores emigraram para alimentar a“cintura industrial de Lisboa e de Setúbal”. A aproximação dos sindicatos controlados pelo PCP, bemcomo as lutas contra o regime de acumulação despótico do período salazarista ajudaram a criar umgrupo operário relativamente homogêneo, poderoso e auto-confiante. Ainda hoje, a disposiçãocombativa dos estivadores de Lisboa ou a experiência de democracia industrial da empresaAutoeuropa (do grupo Volkswagen, localizada em Palmela, Setúbal)[19] oferecem pequenasamostras do vigor demonstrado por este grupo no passado.

Contudo, com o recente desmanche neoliberal do fordismo periférico promovido pela integração dePortugal à União Européia seguido pelo colapso do sistema de solidariedade operária decorrente dadesindustrialização do país, os trabalhadores alentejanos sucumbiram ao desemprego e aosubemprego. Muitos deles, envelhecidos e aposentados precocemente, retornaram para sua terranatal, vivendo de aposentadorias e povoando os bancos de jardim em pequenos coletivos no centrodas praças aldeãs. Assim, ajudam a compor a paisagem “bucólica” tão valorizada pela indústria doturismo. De fato, a transição para um regime de acumulação financeirizado e organizado sobre osserviços e a mercantilização do trabalho reinventou o atraso em Portugal. O destino do Alentejorevela uma dimensão importante do projeto do capital financeiro europeu para o sul do continente:criar um enorme parque de diversões pós-moderno para que alemães e ingleses endinheiradospossam aproveitar suas férias brindando com os ótimos vinhos alentejanos. Saúde!

* Texto originalmente publicado no Blog da Boitempo dia 16 de março de 2015

NOTAS

1 Procurador-Geral da coroa no reinado de D. Carlos, mentor da lei da Reforma Florestal (1901) emais tarde líder do Partido Regenerador, ministro em diversas pastas, Presidente do Conselho(equivalente ao atual cargo de Primeiro-Ministro) e considerado uma das figuras mais influentes da

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fase final da Monarquia. É importante recordar que, em 1º de fevereiro de 1908, o rei D. Carlos e opríncipe herdeiro foram assassinados em Lisboa (por dois membros da Carbonária), abrindo asportas para o fim da monarquia.2 Para mais detalhes sobre as relações entre o patronato, o regime político liberal da “Regeneração”e a formação da classe operária portuguesa, ver Manuel Villaverde Cabral. “L’Etat et le patronatportugais devant la classe ouvrière de 1890 à 1914″. Le Mouvement Social, n. 123, abr.-jun. 1983,pp. 45-68.3 Fernando Rosas. “Estado Novo e desenvolvimento económico (anos 30 e 40): uma industrializaçãosem reforma agrária”. Análise Social, v. XXIX, n. 128, 1994, p. 873.4 Ver Jorge Morais. Rua do ácido sulfúrico: patrões e operários – um olhar sobre a CUF do Barreiro.Lisboa, Bizâncio, 2008.5 Ver Fernando Rosas. Salazar e o poder: a arte de saber durar. Lisboa, Tinta da China, 2012.6 Ver Fernando Rosas. “Estado Novo e desenvolvimento económico (anos 30 e 40): umaindustrialização sem reforma agrária”. Análise Social, v. XXIX, n. 128, 1994.7 Fernando Rosas. “Estado Novo e desenvolvimento económico (anos 30 e 40): uma industrializaçãosem reforma agrária”. Análise Social, v. XXIX, n. 128, 1994, p. 885.8 Para mais detalhes, ver José Cutileiro. Ricos e pobres no Alentejo: uma sociedade ruralportuguesa. Lisboa, Livraria Sá da Costa, 1977. No Alentejo floresceram, desde finais do século XIX,os grandes latifúndios, cujos proprietários rentistas residiam nas maiores cidades da região e naprópria capital, Lisboa.9 O bairro de Moscavide, situado na fronteira dos municípios de Lisboa e Loures (emborapertencente a este), surge com a criação da respectiva freguesia – a menor unidade territorial emPortugal – em 1928, mas a construção dos atuais edifícios modernos data das décadas de 1950 e1960.10 Lembre-se que o Estatuto do Trabalho Nacional, de 1935, colocou fim ao sindicalismo livre da IRepública.11 Para mais detalhes, ver Vanessa de Almeida. “A greve de 1943 no Barreiro: resistência e usos damemória”. Ubimuseum – Revista Online do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, n.2, 2014.12 Lembre-se que o final dos anos 1960 foi marcado pelo ressurgimento do movimento estudantilque teve como principal centro a Universidade de Coimbra.13 Para mais detalhes, ver Ana Nunes de Almeida. “Perfis demográficos e modos de industrialização:o caso do Barreiro”. Análise Social, v. XXIV, n. 100, 1988.14 Ver Catarina Gomes. “Tudo começou num hospital para os trabalhadores da CUF”. Público,Lisboa, 11 set. 2014.15 Para mais detalhes, ver Fernando Rosas e Francisco Louçã. Os donos de Portugal. Porto,Afrontamento, 2010; e ainda Francisco Louçã, J. Teixeira Lopes e Jorge Costa, OsBurgueses. Lisboa, Bertrand, 2014.16 Para um estudo etnográfico das minas de Aljustrel, ver Inês Fonseca. “Identidades e memóriasem torno de uma mina: o caso de Aljustrel”. Revista de Antropología Iberoamericana, v. 1, n. 3,2006.17 É possível afirmar que em relação ao patrimônio histórico e às tradições locais, o Alentejo estábem preservado. No entanto, a contrapartida é o dramático envelhecimento dos moradores e adesertificação da região, uma das mais pobres da Europa.18 Ver Kathleen Gomes. “Decisão da UNESCO sobre cante alentejano é anunciada esta manhã em

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Paris”. Público, Lisboa, 27 nov. 2014.19 Para mais detalhes, ver Elísio Estanque. “Transformação social, democracia e cultura deempresa: o caso português no contexto de crise europeia”. Revista da FAE, v. 15, n. 2, Curitiba, pp.6-23.