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RP245 !QMOCAMBQUE PORTS AND RAILWAYS PORTOS E CAMINHOS DE FERRO DE MOÇAMBIQUE, EP. GOVERNO DE MOÇAMBIQUE PORTOS E CAMINHOS DE FERRO DE MOÇAMBIQUE E.P. .4 PR TO DE CNCESSO DO STE RRLRO DA BEA REALTAçO DO SISTEMA ERROVIáRIO DE SEi RELATÓRIO FINAL JUNHO 2004 Itrw' (. . FIL COP Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

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RP245!QMOCAMBQUE PORTS AND RAILWAYS

PORTOS E CAMINHOS DE FERRO DE MOÇAMBIQUE, EP.

GOVERNO DE MOÇAMBIQUE

PORTOS E CAMINHOS DE FERRO DE

MOÇAMBIQUE E.P.

.4PR TO DE CNCESSO DO STE RRLRO DA BEA

REALTAçO DO SISTEMA ERROVIáRIO DE SEi

RELATÓRIO FINAL

JUNHO 2004

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Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique E.P. Reabilitação do Sistema Ferroviário de Sena

Projecto de Concessão do Sistema Ferroviário da Beira Plano de Acção de ReassentamentoRelatório Final - Junho 2004

íNDICE

1 INTRODUÇÃO .................................................... 11.1 ANTECEDENTES ............................................................... 11.2 OBJECTIVOS DO ESTUDO ............................................................... 3

1.2.1 O Banco Mundial e o reassentamento involuntário ............................................................ 31.2.2 Papel e objectivos do plano de acção de reassentamento ................................................ 3

1.3 ABORDAGEM E METODOLOGIA DO ESTUDO ............................................................... 41.3.1 Encontros com os CFM ............................................................... 41.3.2 Colecta e análise de dados ............................................................... 41.3.3 Trabalho de campo ............................................................... 41.3.4 Pesquisa de terra, dos bens e da situação sócio-económica ............................................ 51.3.5 Medidas de reassentamento e características de compensação ....................................... 51.3.6 Mapeamento espacial dos dados sócio-económicos ......................................................... 5

2 DESCRIÇÃO DO PROJECTO E COMPONENTES QUE CONDUZEM A UMAPOTENCIAL TRANSFERÊNCIA ................................................. 5

2.1 REABILITAÇÃO DO SISTEMA FERROVIÁRIO DE SENA .52.2 COMPONENTES DO PROJECTO QUE CONDUZEM A UMA POTENCIAL TRANSFERÊNCIA

DAS PESSOAS QUE VIVEM PRÓXIMAS DA LINHA FÉRREA .62.3 MINIMIZANDO A TRANSFERÊNCIA ........................................................... 7

3 QUADRO LEGAL, INSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO ............................... 93.1 QUADRO LEGAL ................... 9

3.1.1 Direitos de uso e aproveitamento da terra ................................................ 93.1.2 Transferência de terra e benfeitorias ............................................... 103.1.3 Perda dos direitos da terra ............................................... 103.1.4 Compensação pelas perdas ............................................... 103.1.5 Zonas de protecção parcial ............................................... 11

3.2 QUADRO INSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO ............................................... 113.2.1 Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique E.P . ............................................... 113.2.2 Governo Local ............................................... 123.2.3 Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural ............................................... 12

4 PRINCÍPIOS E OBJECTIVOS QUE REGEM A PLANIFICAÇÃO EIMPLEMENTAÇÃO DO REASSENTAMENTO ................................... 14

4.1 O BJ ECTIVOS.144.2 PRINCÍPIOS ............ 14

5 ASPECTOS SóCIO-ECONóMICOS . .165.1 PERFIL SÓCIO-ECONÓMICO GERAL DA ÁREA DO PROJECTO . .16

5.1.1 População e densidades populacionais .165.1.2 Etnicidade e língua .165.1.3 Actividades económicas da população .165.1.4 Uso da terra .175.1.5 Casas e estruturas .17

5.2 NÚMERO DE FAMíLIAS E PESSOAS DESLOCADAS .............................................................. 185.3 CARACTERÍSTICAS SOCIO-ECONÓMICAS DAS PESSOAS AFECTADAS . . 18

5.3.1 Tamanho do agregado familiar .............................................................. 195.3.2 Ocupações .............................................................. 19

5.4 TRANSFERÊNCIA E PERDAS PREVISTAS ............................................... 195.4.1 Terra actualmente usada ou ocupada .............................................................. 205.4.2 Infra-estruturas privadas .............................................................. 235.4.3 Infra-estrutura Comunitária .............................................................. 265.4.4 Machambas .............................................................. 265.4.5 Culturas anuais .............................................................. 265.4.6 Árvores de fruto .............................................................. 265.4.7 Oportunidades de Negócio .............................................................. 27

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais

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Relatório Final - Junho 2004

6 ELEGIBILIDADE PARA OS BENEFíCIOS ...................................................... 287 DESLOCAMENTO, COMPENSAÇÃO E MEDIDAS DE REPARAÇÃO ... 297.1 DIREITOS ................................................................... 29

7.1.1 Terra actualmente em uso ou ocupada .................................................................. 297.1.2 Infra-estruturas privadas .................................................................. 317.1.3 Infra-estruturas Comunitárias .................................................................. 317.1.4 Machambas .................................................................. 317.1.5 Culturas anuais .................................................................. 327.1.6 Árvores de fruto .................................................................. 327.1.7 Oportunidades de Negócio .................................................................. 327.1.8 Outras medidas .................................................................. 327.1.9 Danos causados durante o trabalho de reconstrução ...................................................... 337.1.10 Impactos sociais do reassentamento .................................................................. 33

7.2 AVALIAÇÃO DOS BENS AFECTADOS .. 337.2.1 Infra-estruturas privadas .337.2.2 Infra-estruturas comunitárias .347.2.3 Machambas .347.2.4 Árvores de fruto .347.2.5 Outras medidas .35

8 IMPLEMENTAÇÃO E EXECUÇÃO DOS DIREITOS . .......................... 368.1 ARRANJOS INSTITUCIONAIS ................................................ 368.2 ACORDO FINAL SOBRE OS DIREITOS .. 36

8.2.1 Determinação detalhada dos direitos .368.2.2 Contratos de acordos sobre os direitos .36

8.3 TERRA DE SUBSTITUIÇÃO E TRANSFERÊNCIA . .378.3.1 Selecção e atribuição da terra de substituição .378.3.2 Planificação e preparação da terra .378.3.3 Substituição de infra-estruturas .378.3.4 Transferência para a terra de substituição .37

8.4 COMPENSAÇÃO ................................ 388.4.1 Pagamento de compensação .388.4.2 Compensação pela transferência e danos imprevistos .38

8.5 CONFIRMAÇÃO DE RECEPÇÃO DOS DIREITOS . .388.6 MONITORAMENTO DO PROGRESSO E RELATÓRIO . .388.7 CRONOGRAMA ................ 389 PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE E PROCEDIMENTOS DE

RECLAMAÇõES .409.1 PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE .409.2 MECANISMOS E PROCEDIMENTOS DE RECLAMAÇÃO .4010 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO .4111 ESTIMATIVA DE CUSTOS DE IMPLEMENTAÇÃO .42

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientaisii

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Projecto de Concessão do Sistema Ferroviário da Beira Plano de Acção de ReassentamentoRelatório Final - Junho 2004

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Pessoas e bens afectados, por família ou agregado familiar ............ ................ 21

Tabela 2: Pessoas e bens afectados, por unidades comerciais informais .......... .............. 22

Tabela 3: Pessoas e bens afectados, por grupos religiosos ...................... ....................... 22

Tabela 4: Sumário das pessoas e bens afectados ........................................................... 23

Tabela 5: Categorias das pessoas transferidas, segundo os bens afectados ................... 23

Tabela 6: Tipo e número de árvores de fruto afectadas .................................................... 27

Tabela 7: Matriz de Direitos ............................................................. 30

Tabela 8: Estimativas de custos de substituição para as infra-estruturas afectadas ......... 33

Tabela 9: Estimativas de custos de substituição de árvores de fruto ................................ 34

Tabela 10: Custos estimados para a implementação do PAR ............................................ 42

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 O Sistema Ferroviário de Sena ............................................................. 2

Figura 2: Fotografias das estruturas tipicamente afectadas ............................................. 25

Figura 3: Cronograma de implementação ............................................................. 39

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientaisiii

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Relatório Final - Junho 2004

ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

APGA Auditoria e Plano de Gestão AmbientalBM Banco MundialBRLS Brigada de Reconstrução da Linha de SenaCCR Comité de Compensação e ReassentamentoCFM Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (Empresa Pública)GOM Governo de MoçambiqueMADER Ministério de Agricultura e Desenvolvimento RuralPAP Pessoa afectada pelo projectoPAR Plano de Acção de ReassentamentoPD Pessoa DeslocadaPO Política OperacionalROW Corredor/Direito de passagemSIDA Sindroma de lmuno-deficiência AdquiridaSPGC Serviços Provinciais de Geografia e CadastroZPP Zona de Protecção Parcial

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientaisiv

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Projecto de Concessão do Sistema Ferroviário da Beira Plano de Acção de ReassentamentoRelatório Final - Junho 2004

1 INTRODUÇÃO

1.1 ANTECEDENTES

Moçambique possui três importantes corredores de transporte, cada um consistindo desistemas ferro-portuários integrados. Dentro do sistema do corredor de transporte da Beira,no centro de Moçambique, os Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, E.P. (CFM)operam o Porto da Beira e dois sistemas ferroviários que fazem a ligação do interior ao

porto. Os CFM são uma empresa pública com o seu próprio estatuto legal e autonomia

administrativa e patrimonial. Os sistemas ferroviários foram inicialmente desenvolvidos para

servir o tráfico de trânsito regional.

Um dos sistemas ferroviários, o Sistema de Sena (Figura 1), tem 552 km de comprimento e

liga a Beira, a capital da Província de Sofala e a segunda cidade de Moçambique, à cidade

das minas de carvão de Moatize, na Província de Tete. De facto, a linha tem início no

Dondo, próximo da Beira, na confluência com o sistema ferroviário Beira à Machipanda, que

liga Beira ao Zimbabwe e outros países do interior. Um ramal de 82 km liga Inhamitanga a

uma zona importante de produção de cana-de-açúcar em Marromeu, enquanto que um

segundo ramal de 44 km corre para norte, apartir de Mutarara (Nhamalabue), junto da

Ponte Dona Ana de 4,2 km sobre o Rio Zambeze, à Vila Nova da Fronteira, de onde

continua para o Malawi.

O sistema da linha de Sena não está operacional desde 1983 devido às perturbações

causadas pelo conflito armado que ocorreu em Moçambique entre 1980 e 1992. O

encerramento do sistema afectou seriamente outros sectores, como as minas de carvão de

Moatize que fecharam devido à falta de uma rota de transporte. Grande parte da infra-

estrutura ferroviária foi destruída ou se deteriorou consideravelmente e requer reabilitação

se se pretende tornar o sistema novamente operacional. A linha atravessa áreas onde se

encontram alguns dos mais ricos recursos agrícolas, de florestas naturais, fauna bravia e

minerais do país. A reabilitação do sistema ferroviário de Sena é extremamente importante

para facilitar a exploração dos recursos minerais na Província de Tete, apoiar a reabilitação

em curso da indústria açucareira de Marromeu, reabrir uma importante rota de importação e

exportação para o Malawi e para estimular a economia da região em geral, baseada na

agricultura, incluindo criação de gado, e a exploração de recursos naturais.

Os CFM embarcaram no Projecto de Concessão do Sistema Ferroviário da Beira, que se

pretende que leve os dois sistemas ferroviários da região central de Moçambique a serem

operados numa base concessionária pelo sector privado. Os CFM terão cotas na empresa

que obtenha a concessão.

Em 2003 os CFM, através da Brigada de Reconstrução da Linha de Sena (BRLS) e usando

os seus próprios recursos, iniciou a reabilitação da primeira parte da linha de Sena,

começando no Dondo. Contudo, prevê-se que grande parte do trabalho de reabilitação seja

efectuado pela Empresa Concessionária, a qual, se antecipa, possa tornar acessíveis os

fundos disponibilizados pelo Banco Mundial (BM) para este propósito ao Governo de

Moçambique (GOM).

Em Abril de 2004 foi levada a cabo uma Auditoria e Plano de Gestão Ambiental (APGA)

para o Projecto de Concessão da Beira. Relativamente à linha de Sena, o APGA indica que

haverá poucos impactos sociais adversos associados ao projecto de reabilitação. Não

haverá necessidade da aquisição de terra adicional para o sistema ferroviário existente.Contudo em certas áreas, e por motivos operacionais e de segurança, será necessário fazer

cumprir o Corredor de Passagem (ROW) existente para o sistema ferroviário. Isto resultará

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais1

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Relatório Final - Junho 2004

na transferência de um pequeno número de pessoas que actualmente ocupam a terradentro da ROW para vários fins.

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Figura 1: O Sistema Ferroviário de Sena

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais2

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Projecto de Concessão do Sistema Ferroviário da Beira Plano de Acção de ReassentamentoRelatório Final - Junho 2004

1.2 OBJECTIVOS DO ESTUDO

1.2.1 O Banco Mundial e o reassentamento involuntário

Para projectos que recebem apoio do BM, o Banco requer que qualquer projecto que

desloque pessoas da terra ou dos recursos produtivos deve ser sujeito aos requisitos da

sua Política Operacional sobre Reassentamento Involuntário (OP 4.12) (revisto em Abril de

2004). O objectivo da OP 4.12 é de oferecer orientação sobre os procedimentosapropriados para reassentar e compensar adequadamente pessoas afectadas pelo projecto

(PAP), incluindo Pessoas Deslocadas (PD). O deslocamento pode ser físico, económico,social ou cultural. A política cobre impactos económicos e sociais directos que são

causados pela tomada de terra e de recursos, resultando em:

* deslocamento ou perda de abrigo;* perda de bens ou de acesso aos bens importantes para a produção;* a perda de fontes de rendimento ou meios de subsistência; ou* a perda de acesso aos locais que oferecem maior rendimento ou menos despesas

aos negócios ou pessoas.

O BM descreve estes processos e resultados como "reassentamento involuntário", ou

simplesmente "reassentamento", mesmo quando as pessoas não são forçadas a se

deslocarem. Para fins do WB OP 4.12 "involuntário" se refere às acções que podem ser

tomadas sem o consentimento informado ou poder de escolha da pessoa deslocada. O

reassentamento é involuntário se as pessoas afectadas não têm opção de manter o statusquo que possuem antes do início do projecto. O WB OP 4.12 aplica-se independentementede as pessoas afectadas terem que deslocar-se para outro lugar ou não. Também requer

que as pessoas que são adversamente afectadas pelas actividades do projecto recebam

compensação ou medidas de apoio de tal modo que seus meios e padrões de vida sejam

restabelecidos até, pelo menos, ao nível anterior ao projecto.

Para tratar dos impactos económicos e sociais associados com as potenciais perdas

sofridas pelas PDs, o WB OP 4.12 requer que um plano de reassentamento (por vezes

referido como plano de acção de reassentamento) seja elaborado para ir de encontro comos requisitos do BM e do GOM.

1.2.2 Papel e objectivos do plano de acção de reassentamento

O objectivo deste estudo é de preparar um plano de acção de reassentamento (PAR) para o

Projecto de Reabilitação da Linha de Sena (o projecto) para que os impactos sociaisadversos resultantes da reabilitação do sistema ferroviário possam ser minimizados.Pretende-se que o PAR seja um compromisso acordado pelas partes envolvidas (p.ex. os

CFM, a Empresa Concessionária, o GOM e as PDs) para a resolução das questões do

deslocamento, transferência e/ou de compensações do projecto e para assegurar que as

PDs não sejam deixadas em piores condições relativamente à situação anterior ao início do

projecto. Pretende-se que o PAR oriente a implementação das acções de compensação e

transferência das pessoas afectadas pelo cumprimento do ROW para o sistema ferroviário.

O PAR apresenta os princípios acordados que se aplicarão ao exercício de compensação e

transferência e descreve o quadro legal e institucional para tratar da transferência. Identificaaquelas pessoas que vivem ao longo da linha férrea e que serão transferidas como

resultado da reabilitação, e subsequente operação, do sistema ferroviário. Apresenta um

breve perfil sócio-económico das PDs e determina a natureza e magnitude da transferência,incluindo o tipo e número dos bens afectados. O PAR também apresenta os critérios

usados para a determinação da elegibilidade para a compensação e/ou outra assistência na

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transferência (i.e. direitos) e que direitos correspondem às diferentes categorias de PDs eaos diferentes tipos de perdas. Indica como os bens afectados de PDs individuais serãoavaliados e como a compensação e/ou os direitos da transferência serão entregues,incluindo os procedimentos, responsabilidades e calendário. Mecanismos para maximizar aparticipação dos intervenientes e para levantar queixas são descritos. Uma estimativa doscustos envolvidos é também apresentada.

O PAR foi elaborado de acordo com os padrões e procedimentos das políticas ambientaisdo GOM relevantes para o reassentamento involuntário e as do BM, i.e. OP 4.12. Emboraseja apresentado como um documento separado, constitui parte integrante da APGAelaborado em Abril de 2004. De acordo com a lei Moçambicana do ambiente, será enviado,para conhecimento, ao Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental. Para estar deacordo com a Política de Divulgação do BM, o PAR deverá ser divulgado antes daavaliação. A Divulgação terá lugar em Moçambique assim como no lnfoshop do BM. Assim,os CFM irão divulgar o documento no país, enviando uma carta ao Banco, autorizando adivulgação do documento no lnfoshop do BM.

1.3 ABORDAGEM E METODOLOGIA DO ESTUDO

A elaboração do PAR teve início nos princípios de Maio de 2004 e continuou até princípiosde Junho.

1.3.1 Encontros com os CFM

Ao longo da elaboração do PAR alguns encontros tiveram lugar com representantes dosCFM, particularmente pessoal da BRLS.

1.3.2 Colecta e análise de dados

Foram estudadas as políticas, legislação e directrizes Moçambicanas relevantes de forma ase compreender e registar as suas implicações no tratamento das PDs que devem sertransferidas de áreas dentro do ROW, consideradas inadequadas para uso e ocupação. Foitambém feita referência a um conjunto de políticas e directrizes para a avaliação deimpactos ambientais e sociais e reassentamento involuntário do Ministério para aCoordenação da Acção Ambiental e do BM. A elaboração do PAR foi igualmente orientadapor vários exemplos de PARs elaborados para projectos apoiados pelo BM noutras regiões.

Os resultados e dados contidos na APGA foram revistos, e onde necessário, resumidos noPAR.

1.3.3 Trabalho de campo

A preparação de trabalho de campo incluiu a elaboração de ferramentas de pesquisa, taiscomo questionários de levantamento socio-económico e formulários para o inventário dosbens.

O trabalho de campo teve início a 11 de Maio de 2004, no Dondo, e foi concluído emMoatize, a 17 de Maio. A equipe de investigação consistiu num socio-econonista, um chefeda equipa e inquiridores. A equipa teve o acompanhamento de representantes dos CFM edas administrações distritais locais relevantes. Foram realizados encontros com asautoridades locais das várias jurisdições encontradas ao longo da linha.

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais4

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Relatório Final - Junho 2004

Durante a primeira metade de 2004, as autoridades governamentais informaram às

comunidades locais sobre o projecto de reabilitação e da possível necessidade de se

transferir algumas casas.

1.3.4 Pesquisa de terra, dos bens e da situação sócio-económica

Os objectivos da pesquisa de campo foram:

* Determinar quem (indivíduos, famílias e entidades) será potencialmente transferido(fisicamente, economicamente ou socialmente);

* Determinar a natureza e extensão da potencial transferência;* Completar um formulário de inventário dos bens afectados para cada potencial PD

(ou entidade), assinado pela PD; e* Compilar um registo preliminar das potenciais PDs (ou entidades) e seus bens

afectados.

Durante o estudo de base do projecto, foram explicados a cada potencial PD os

procedimentos de planificação a serem seguidos, a data limite para elegibilidade, os direitos

das PDs e os procedimentos de reclamação a serem seguidos.

A pesquisa sócio-económica das PAPs ao longo da linha foi levada a cabo conjuntamentecom o exercício de identificação das PDs e a elaboração de um inventário das propriedades

afectadas, incluindo terra, infra-estruturas e outros bens. Durante a pesquisa a equipa, em

conjunto com as PDs e representantes dos CFM, foi capaz de identificar os possíveis locais

para o reassentamento.

1.3.5 Medidas de reassentamento e características de compensação

Os critérios para elegibilidade das PDs foram estabelecidos e as potenciais PDs

confirmadas. Foram preparados e revistos pacotes alternativos para a transferência e/ou

compensação das PDs, tendo-se decidido pelos mais práticos e relevantes. Foi criada uma

metodologia para avaliar as perdas, para além da terra e outros direitos, para dar uma

indicação dos custos de substituição envolvidos. Arranjos para a confirmação e entrega dos

direitos também foram estabelecidos.

1.3.6 Mapeamento espacial dos dados sócio-económicos

Como resultado do trabalho de campo, os CFM produziram mapas de localização para cada

área afectada, indicando a localização da infra-estrutura afectada, machambas e outrosbens, em relação à linha. Em cada caso, foram providenciadas as coordenadas geográficas

e ilustradas as distâncias entre a linha e a terra ou a estrutura afectada.

2 DESCRIÇÃO DO PROJECTO E COMPONENTES QUE CONDUZEM AUMA POTENCIAL TRANSFERÊNCIA

2.1 REABILITAÇÃO DO SISTEMA FERROVIÁRIO DE SENA

A reabilitação do sistema ferroviário envolve:

* abertura de picadas de acesso;* remoção da vegetação em cada lado da linha;* colocação de novo balastro, onde necessário;

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais5

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Relatório Final - Junho 2004

* substituição das velhas travessas de madeira por travessas de betão, excepto naspontes; e

* reparação ou substituição dos carris, aquedutos, pontes e infra-estruturasassociadas, tais como estações, apeadeiros, armazéns, casas e outros edifícios.

2.2 COMPONENTES DO PROJECTO QUE CONDUZEM A UMA POTENCIALTRANSFERÊNCIA DAS PESSOAS QUE VIVEM PRÓXIMAS DA LINHA FÉRREA

Não será necessária aquisição de terra adicional para o projecto de reabilitação, uma vezque será mantido o alinhamento existente e, assim, não haverá transferência associada àaquisição de terra adicional.

De acordo com a legislação Moçambicana (i.e. a Lei de Terras de 1997) qualquer terralocalizada dentro de 50 m de cada lado das linhas férreas e infra-estruturas associadas éconsiderada zona de protecção parcial (ZPP). Nenhuma pessoa ou entidade pode usar ouocupar tal terra sem que seja emitida uma licença especial. A ZPP é, na prática, o corredorde passagem (ROW) para as linhas férreas. Há, portanto, uma ROW existente para osistema ferroviário de Sena.

O conflito armado fez com que um grande número de famílias rurais se deslocassem parazonas mais seguras ao longo da linha de Sena e nas vilas algumas pessoas começaram aocupar a terra dentro do ROW. Isto incluiu a construção de casas e barracas' e o cultivode pequenas machambas2 . Devido à situação de segurança prevalecente, o uso do ROWfoi efectuado com a aprovação implícita das autoridades locais. Contudo, as pessoasenvolvidas foram aparentemente informadas que teriam que sair do ROW assim que asituação de segurança melhorasse, quando poderiam retornar às suas casas que haviamabandonado.

Mesmo depois do fim do conflito armado, em 1992, o ROW continuou a ser usado eocupado por pessoas. Uma justificação foi a percepção geral de que o sistema ferroviáriode Sena havia sido definitivamente abandonado e que nunca seria reabilitado. Mesmo naszonas rurais menos povoadas entre as vilas ferroviárias, um pequeno número de pessoasconstruiu casas ou abriram pequenas machambas na ROW. Grande parte destas pessoasestá consciente de que o uso e ocupação da ROW não será permanente e que podem sermandados sair a qualquer altura. Esta situação não é exclusiva do sistema ferroviário deSena e é encontrada ao longo das linhas férreas em outras partes do país.

A APGA efectuada em Abril de 2004 identificou que haverá poucos impactos sociaisadversos em termos de reassentamento, i.e. o número de pessoas adversamente afectadasao longo da linha férrea. As densidades populacionais são geralmente baixas ao longo dalinha férrea, mesmo nas pequenas cidades e vilas que se desenvolveram em redor dasestações ferroviárias e linhas de manobra, estimando-se que mais de 60% da linha seencontre livre se assentamentos humanos.

Contudo, a APGA identificou, de uma forma geral alguns locais onde algumas pessoasvivem ou desenvolvem actividades dentro dos 50 m do ROW em vários pontos ao longo dalinha. Este cenário é principalmente confinado às vilas e assentamentos ferroviários. Há

1 Barracas são estruturas usadas principalmente para fins do comércio informal, tais como a venda de produtosbásicos e de comida e bebidas.

2 Um dos vários motivos para o cultivo dentro do ROW é que a água de drenagem por vezes se acumula aolongo dos diques da linha, providenciando melhores condições de humidade no solo para o crescimento dealgumas culturas, como o arroz.

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Relatório Final - Junho 2004

necessidade de transferir algumas destas pessoas, juntamente com as suas casas,machambas e outras infra-estruturas, de forma a assegurar que a reabilitação e eventualoperação do sistema possa ter lugar sem colocar em perigo o público, os trabalhadores ouo equipamento dos caminhos de ferro. Tal transferência seria permanente. Contudo, é

pouco provável que as machambas e infra-estruturas afectadas devam ser deslocadas mais

do que alguns metros para fora do ROW.

Uma vez que se espera que as distâncias sobre as quais as PDs se devem deslocar sejamcurtas, não se prevê que as PDs percam o acesso a outras infra-estruturas, serviços e

recursos existentes e usados por elas. Estes incluem fontes comunitárias de água, escolas,unidades de saúde, pastagem para o gado e outros serviços comunitários. Nem se esperaque os pequenos estabelecimentos comerciais sofram uma perda de oportunidades de

negócio, por se deslocarem sobre distâncias curtas.

A partir do início de 2003, as autoridades locais (i.e. administrações distritais relevantes),em coordenação com os CFM, têm mantido encontros com as pessoas potencialmenteafectadas para informá-los que terão de sair da ROW antes do início da reconstrução. Deacordo com as autoridades locais envolvidas, a resposta tem sido positiva. Estecomportamento é atribuído ao facto das pessoas afectadas estarem conscientes dos limitesdo ROW e porque elas acolhem bem a iniciativa de se reabilitar a linha de Sena que,

acreditam, irá contribuir para o melhoramento dos seus níveis de vida.

Há apenas uma outra actividade relacionada com o projecto que poderia levar a que as

pessoas que vivem perto da linha perdessem os seus bens. Esta tem a ver com danos às

machambas, estruturas e outros bens causados pelas equipes de reabilitação trabalhandona linha, particularmente na abertura de vias de acesso. As perdas serão, no entanto,pequenas e de natureza temporária.

2.3 MINIMIZANDO A TRANSFERÊNCIA

Para minimizar a transferência, sem pôr em causa os objectivos de segurança do processo

de reabilitação e a subsequente operação do Sistema Ferroviário de Sena, os CFMdeterminaram que não será necessário cumprir com os seus 50 m de ROW em todos os

locais.

Nos assentamentos mais povoados, tais como Moatize e as vilas ferroviárias, a ROW será

reduzida para um mínimo de 10 m de cada lado da linha. De acordo com os Regulamentosde Segurança Operacional dos Caminhos de Ferro dos CFM, os comboios devem entrar emtais zonas povoadas a baixa velocidade, procedimento considerado suficientemente seguropara minimizar a possibilidade de ocorrência de acidentes e o impacto de qualquer acidenteque possa vir a ocorrer. Todas as machambas e estruturas dentro dos 10 m da linhadeverão ser transferidas para áreas desocupadas fora da zona dos 10 m, mas o maispróximo possível do local de origem. Em locais específicos, onde seja necessário porrazões de segurança, a ROW poderá ser aumentada para mais de 10 m. Por exemplo, emlugares onde a linha é elevada num dique acima do nível da terra circundante, poderá sernecessário aplicar os 50 m de ROW devido ao aumento do risco que um possíveldescarrilamento apresenta. Quaisquer machambas, casas e outras infra-estruturas deverãoser transferidas para áreas desocupadas fora da zona de exclusão de 50 m.

Em zonas entre as vilas, onde os comboios irão andar a velocidades superiores, serãomantidos os 50 m de ROW. Quaisquer machambas, casas e outras infra-estruturasdeverão ser transferidas para áreas livres fora do limite de 50 m, mas o mais próximopossível do local original.

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Em Moatize há algumas propriedades próximas da linha férrea, muitas das quais são casasrelativamente grandes do tipo convencional. Embora não existam estruturas dentro dos10 m da linha, existem algumas dentro de 20 m. Para salvaguardar a propriedade doscaminhos de ferro e restringir o acesso a linha por pessoas e animais, os CFM irão construirmuros ou vedações ao longo da linha em áreas específicas afectadas. Se necessário, serãoinstaladas passagens de nível. Caso isto seja efectuado, então nenhuma transferência seránecessária em tais áreas. A mesma política será seguida em outros assentamentospopulacionais onde a ROW foi reduzida para 10 m de cada lado da linha.

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3 QUADRO LEGAL, INSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO

3.1 QUADRO LEGAL

3.1.1 Direitos de uso e aproveitamento da terra

As questões de terra em Moçambique estão sob alçada da Lei de Terras (Lei 19 de 1997).

Nos termos da Constituição e da Lei de Terras, toda a terra pertence ao Estado e não pode

ser vendida ou, de alguma forma, alienada, amortizada ou penhorada (Artigo 2 da lei de

Terras). Os Regulamentos da Lei de Terras foram aprovados em 1998 (Decreto 66 de

1998) para orientar a implementação e administração da Lei de Terras nas zonas rurais,

mas os regulamentos que cobrem as zonas urbanas, tais como os municípios, que

possuem os seus próprios serviços de registo do cadastro, ainda estão por publicar.

A Lei de Terras dá a todos os cidadãos Moçambicanos (independente do sexo), pessoas

colectivas (p.ex. associações e empresas) e comunidades locais, o direito de uso e

aproveitamento da terra (Artigo 10). Este direito pode ser usufruído individual ou

colectivamente.

A Lei de Terra reconhece a legitimidade da lei costumeira. Pessoas que ocupam terra em

zonas rurais, como parte da comunidade e de acordo com as normas e práticas

costumeiras, são consideradas como tendo direitos legais de uso e ocupação da terra em

causa (Artigo 12). Isto constitui um direito de uso e aproveitamento da terra através da

"ocupação". Eles podem solicitar um título oficial para a terra (Artigo 13) mas a falta de

registo não afecta os direitos à terra dos que os têm de boa fé e eles são considerados

como tendo os mesmos benefícios que os portadores de títulos oficiais. Um título é um

documento emitido pelos serviços gerais de registo de propriedades ou, nas zonas urbanas,

os serviços urbanos de registo de propriedades, onde estes existem.

As pessoas com direito de uso e aproveitamento da terra através da 'ocupação" também

podem incluir nacionais Moçambicanos que têm estado a usar a terra, de boa fé, há pelo

menos dez anos (Artigo 12), mesmo que esta não tenha sido feita de acordo com as

normas e práticas costumeiras. É altamente provável que virtualmente todos os ocupantes

da terra na região atravessada pela Linha de Sena (i.e. áreas rurais e vilas ferroviárias) não

tenham um título oficial para a terra que ocupam e usam.

Indivíduos e associações também podem adquirir direitos de uso e aproveitamento da terra

em áreas rurais e urbanas através duma "autorização" (Artigo 12). A autorização e o título

podem ser concedidos pelas autoridades competentes por um período específico,

geralmente de 50 anos, para terra para fins económicos (Artigo 17). Terra ocupada pelas

comunidades locais, terra reservada para habitação própria e terra usada para a agricultura

do sector familiar e outras actividades não está sujeita a prazo de ocupação. Algumas, mas

não todas, as pessoas que vivem em Moatize provavelmente tenham alguma forma de título

oficial para a terra que ocupam.

A Lei de Terras (Artigo 22) confere direitos de atribuição da terra a diferentes níveis do

Governo. Em áreas não cobertas por planos de urbanização, os Governadores Provinciais

podem atribuir autorização para áreas até 1 000 ha. Em áreas cobertas por planos de

urbanização e que possuem serviços de registo de propriedades, os Presidentes dos

Conselhos Municipais ou Administradores Distritais (onde não existe um organismomunicipal) podem autorizar os pedidos.

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais9

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3.1.2 Transferência de terra e benfeitorias

Embora a terra não possa ser transferida (i.e. vendida) e não haja nenhum "mercado deterras" per se, os possuidores dos direitos de terra podem transferir as benfeitorias, taiscomo edifícios e outras infra-estruturas de uma parte para outra, por meio de escritura, pelaautorização da entidade estatal com jurisdição na área em causa (Artigo 16). Em centrosurbanos maiores, como municípios, a terra é automaticamente transferida para o novoproprietário quando a infra-estrutura (p.ex. a casa) é transferida de uma pessoa ou entidadepara outra (Artigo 16). Há, assim, em muitos centros urbanos, um mercado de terras defacto.

3.1.3 Perda dos direitos da terra

Tanto nas zonas rurais como nas urbanas o direito de uso e aproveitamento de toda ouparte da terra, com ou sem título oficial emitido e registado, poderá, no interesse público,ser revogado e, portanto, extinto, precedido do pagamento de indemnização e/oucompensação justa (Artigo 18). Nos termos da extinção dos direitos de uso eaproveitamento da terra, as benfeitorias não removíveis revertem a favor do Estado.Embora não declarado na legislação, resulta que para as jurisdições que podem atribuirdireitos de terra, também podem declarar a revogação dos direitos de terra de um indivíduo,entidade ou comunidade.

A Lei de Terra não refere os procedimentos a seguir quando os direitos de uso são extintose não refere à possibilidade de recorrer da revogação dos direitos.

3.1.4 Compensação pelas perdas

Para além de declarar que a compensação deve ser paga quando a terra é expropriada porinteresse publico, tanto a Constituição como a Lei de Terras, não desenvolvem as questõesrelacionadas com a compensação em termos de princípios, formas, elegibilidade, avaliação,procedimentos, calendário e responsabilidades.

Em Moçambique não há directrizes específicas relacionadas com a compensação e justiça.Os princípios e procedimentos são muitas vezes determinados e acordados entre osprincipais intervenientes numa base de caso-a-caso ou de projectos específicos. Em casosrecentes em Moçambique foi geralmente aceite que onde as pessoas são deslocadas dassuas terras, aplicam-se princípios de justiça e boa prática para a compensação ereassentamento. Por exemplo, é geralmente aceite que a terra de substituição éprovidenciada, a qual deve, tanto quanto possível, ser igual ou melhor à terra abandonadaem termos de vantagens como tamanho, qualidade e vantagens de localização.Compensação é também geralmente paga na base de pagamento total do custo dasubstituição dos bens perdidos ou deslocados, e normalmente cobre custos associados, taiscomo transferência, transporte, supervisão e outros. Estas acções normalmente estão deacordo com os requisitos do WB OP 4.12.

Não há provisão legal explícita para as PDs recorrerem dos níveis de compensação ou deoutras medidas de reassentamento tomadas, embora as PDs possam recorrer aos tribunais.O WB OP 4.12 requer que tal mecanismo exista e, portanto, deverá ser estabelecido. Naszonas rurais, a Lei da Terra reconhece o papel dos chefes tradicionais na planificação e naresolução de conflitos. Nas zonas urbanas, também há mecanismos locais bemestabelecidos para a resolução de conflitos entre as comunidades. Qualquer procedimentode reclamação estabelecido para o projecto será baseado nos canais e práticas existentes.

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3.1.5 Zonas de protecção parcial

De acordo com a Lei de Terras (Artigo 7), determinadas partes da terra pertencem ao

domínio público, incluindo as zonas de protecção total e parcial (ZPT e ZPPs). Estas

incluem a área situada dentro dos 50 m de cada lado das linhas férreas e infra-estruturas

associadas (Artigo 8) e é, assim, o ROW oficial. Nas ZPP o direito de uso e aproveitamento

da terra normalmente não pode ser adquirido, por "ocupação" 3 ou "autorização" (Artigos 9 e

10 dos Regulamentos da Lei de Terras). É, contudo, possível emitir licenças especiais para

o exercício de determinada actividade (Artigo 9 da Lei de Terras). Nos termos do Artigo 8

dos Regulamentos da Lei de Terras, a autoridade responsável pela emissão das licenças

especiais nas ZPP ao longo das linhas férreas são os CFM. Na prática este aspecto da

legislação nem sempre é cumprido e pessoas ocupam e usam tais áreas, embora tal

ocupação e uso não sejam legalmente reconhecidos.

Embora, nos termos da Lei de Terras, a ocupação e uso da terra dentro das ZPP, tal como

os 50 m de ROW para linhas férreas, seja tecnicamente "ilegal", a Lei é omissa na questão

de indemnização e compensação para pessoas que se devem transferir de tais áreas. De

acordo com a WB OP 4.12 as pessoas ou grupos que não possuem nenhum direito legal

reconhecível sobre a terra que estão a ocupar ou usar (i.e. neste caso o ROW) e devam sair

ou perder bens, devem ser consideradas pessoas deslocadas, elegíveis aos benefícios.

Para as pessoas deslocadas que não possuem nenhum direito legal reconhecível sobre a

terra que ocupam (p.ex. o ROW da linha férrea) o WB OP 4.12 não requer que eles

recebam compensação pela terra que perdem mas que recebam assistência para a

transferência, a qual poderá consistir em terra de substituição, outros bens, uma

compensação monetária pelas infra-estruturas e bens perdidos, emprego e outros,

conforme for apropriado.

3.2 QUADRO INSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO

Em Moçambique, não há nenhum organismo específico responsável pela planificação e

provisão de reassentamento e compensação em casos onde as pessoas são

involuntariamente deslocadas por projectos de desenvolvimento. Contudo, é prática

corrente que o empreendedor (neste caso os CFM ou a nova empresa concessionária da

linha) assuma total responsabilidade pela garantia dos direitos das PDs mesmo que

algumas outras partes estejam envolvidas.

3.2.1 Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique E.P.

Os corpos directivos dos CFM são o Conselho de Administração e o Conselho Fiscal. Entre

as suas responsabilidades, o Conselho de Administração elabora as políticas de gestão dos

CFM e coordena toda a sua actividade. Os Directores de Função são principalmente

responsáveis pela gestão do dia-a-dia em áreas tais como finanças e recursos humanos.

Uma Unidade de Inspecção também foi criada e tem entre as suas responsabilidades as

questões ambientais e sociais. Teoricamente, esta unidade deveria tratar das questões de

compensação e transferência, onde fosse necessário. Contudo, esta unidade é muito

pequena e tem pouca experiência nesses assuntos. Actualmente, os CFM estão a criar uma

unidade a quem será atribuída a implementação deste projecto crítico.

31.e. pelas comunidades que ocupam a terra de acordo com as práticas costumeiras ou por cidadãosMoçambicanos que tenham estado a ocupar a terra em boa fé nos últimos dez anos, pelo menos.

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Para fins operacionais, os CFM estão divididos em três entidades regionais que cobrem ossistemas ferroviários do norte, centro e sul do país. O sistema ferroviário de Sena recaisobre os CFM - Centro, com sede na Beira.

Sabe-se que a empresa que vier a ganhar a concessão para operar o sistema ferroviário deSena terá ligações estreitas com o Conselho de Administração dos CFM, uma véz que osCFM serão sócios da empresa concessionária. A nova empresa será responsável pelareabilitação do sistema ferroviário de Sena. Provavelmente a actual BRLS será incorporada,de uma forma ou outra, na nova empresa, embora empreiteiros possam vir a ser engajadospara levar a cabo alguns trabalhos de reabilitação.

A nova Empresa Concessionária será responsável pelos direitos das PDs e este requisitoestará incluso no contrato. Os requisitos do contrato de concessão também irão estipularque deve ser estabelecida uma Unidade de Saúde, Segurança e Ambiente dentro da novaEmpresa Concessionária e que esta unidade será responsável por questões relacionadascom a compensação, reassentamento e outras questões sociais, em estreita coordenaçãocom os representantes dos CFM.

3.2.2 Governo Local

Os governos distritais, compreendendo o Administrador de Distrito e Directores Distritais,são os principais agentes de coordenação num distrito encarregado da implementação daspolíticas e programas governamentais. Estão actualmente organizados segundo linhashierárquicas semelhantes ao governo provincial, embora nem todos os ministérios esectores estejam representados. Os Administradores de Distrito desempenham um papelimportante no aconselhamento e coordenação do reassentamento e compensação.

Eles trabalham em estreita ligação com os líderes comunitários locais. Em muitas zonas,especialmente urbanas e semi-urbanas, estes últimos são os presidentes de localidades esecretários de aldeias e pequenos bairros. Estes líderes comunitários encontram-setambém nas zonas rurais, mas aqui, os chefes tradicionais também desempenham umpapel importante.

3.2.3 Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural

A Direcção Nacional de Agricultura no Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural(MADER) é responsável pelas questões relacionadas com a produção de culturas no geral.Relativamente a questões de reassentamento e compensação, é normalmente chamadapara determinar o valor da compensação pelas perdas de culturas que as pessoasafectadas sofram devido à transferência causada por projectos.

A Direcção Nacional de Geografia e Cadastro faz parte do MADER. Uma das suasresponsabilidades é assegurar que a política nacional de terras seja implementada.

Em cada província há um Serviço Provincial de Geografia e Cadastro (SPGC)compreendendo vários sectores: documentação, procedimentos, topografia, levantamentose cartografia. Só recentemente foram introduzidos Serviços Distritais de Geografia eCadastro em alguns distritos, incluindo Mutarara; estes serviços estão ainda ausentes namaioria dos distritos. As responsabilidades dos SPGCs incluem:

Elaboração de mapas de ocupação da terra (baseados nos direitos de título) a nívelprovincial e documentação de todos os procedimentos em curso para a autorizaçãode direitos de uso da terra. Os SPGCs não autorizam ou atribuem direitos de uso e

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aproveitamento da terra, mas simplesmente preparam e encaminham adocumentação necessária;

* Responsabilidade pela Lei de Terras e seus Regulamentos, resolução de conflitos, atransferência dos direitos de uso e aproveitamento da terra e a colecta de taxas de

uso da terra;* Registo de terras comunitárias adquiridas pela lei costumeira e documentação dos

direitos adquiridos por pessoas individuais pela lei costumeira; e* Partilha e fornecimento de informação relevante à planificação económica na

província pelo fornecimento de informação sobre as áreas ocupadas ouabandonadas. Os SPGCs também apoiam na elaboração de planos directores paraa ocupação de terra em coordenação com outras instituições.

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4 PRINCÍPIOS E OBJECTIVOS QUE REGEM A PLANIFICAÇÃO EIMPLEMENTAÇÃO DO REASSENTAMENTO

4.1 OBJECTIVOS

O objectivo geral da componente de transferência e compensação (reassentamento) doProjecto de Reabilitação do Sistema Ferroviário de Sena é o de deslocar o menor númeropossível de pessoas, mercados e instituições públicas (i.e. transferir pessoas ou priva-lasdos recursos ou acesso a eles ou privá-las da capacidade ou oportunidade de geração derendimentos). Onde a transferência for inevitável, o objectivo é de se assegurar quesuficientes recursos de investimento sejam devidamente atribuídos pela EmpresaConcessionária para assegurar que as PDs estejam providas de:

* compensação adequada e apropriada pela perda de bens;* medidas de reassentamento e direitos que lhes permitam deslocar-se quando as

casas ou negócios não puderem ficar no mesmo local; e* onde os rendimentos são significativamente afectados, oportunidades de geração de

rendimentos suficientes para recuperar e de preferência melhorar os seus padrõesde vida anteriores.

4.2 PRINCíPIOS

A lista abaixo apresenta os princípios básicos que devem orientar a elaboração eimplementação de um exercício de compensação e transferência (reassentamento):

* Serão usados todos os meios possíveis para assegurar que nenhuma pessoa seráprejudicada de alguma forma pelas actividades de reconstrução e futura operaçãodo projecto;

* As actividades de planificação e implementação da compensação e transferênciaserão levados a cabo em conjunto com as PDs e outras pessoas relevantesafectadas pelo projecto, as quais serão continuamente consultadas ao longo doprocesso;

* As PDs serão informadas sobre as suas opções e direitos relativos a transferência,compensação e reassentamento e sobre os mecanismos de reclamação disponíveis;

* Apenas as PDs que obedeçam aos critérios de elegibilidade acordados terão direitoàs medidas de compensação e transferência;

* A falta de direitos legais sobre a terra e propriedade ocupada ou usada nãoimpedirão a PD de gozar de direitos como medidas de compensação etransferência;

* As medidas de compensação, transferência e reabilitação serão tão justas quantopossíveis para todas as partes envolvidas e deverão minimizar a responsabilidade alongo prazo da Empresa Concessionária e dos CFM;

* Onde a compensação, em dinheiro ou em géneros, seja dada pela perda de bens(incluindo habitação), acesso aos bens ou danos causados aos bens, aquela serácalculada na base do custo total de substituição e incluirá os custos adicionaisnecessários para alcançar a reparação total;

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* Onde se deva providenciar terra, esta deverá ter uma combinação de potencialprodutivo, vantagens de localização, acessibilidade, disponibilidade de serviços e

outros factores, pelo menos equivalentes às vantagens do local original e será o

mais próximo possível do local original;

As PDs que sejam fisicamente transferidas será providenciada a necessáriaassistência à transferência (tais como assistência para a própria transferência ou

subsídios), durante a transferência. Onde necessário ou apropriado, para além das

medidas de compensação e transferência, será disponibilizada aos beneficiários,assistência para o desenvolvimento, como a preparação da terra;

* Para as pessoas particularmente vulneráveis, i.e. viúvas, órfãos, vítimas de SIDA e

deficientes físicos, será providenciada assistência específica e adicional

* Em cada área particularmente afectada, o trabalho de reconstrução não terá inícioaté que as PDs estejam satisfatoriamente compensadas e/ou transferidas.

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais15

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5 ASPECTOS SóCIO-ECONóMICOS

5.1 PERFIL SóCIO-ECONóMICO GERAL DA ÁREA DO PROJECTO

5.1.1 População e densidades populacionais

A Linha de Sena atravessa sete distritos das Províncias de Sofala e Tete no centro deMoçambique. A densidade populacional varia de cerca de 15 000 habitantes/km2 no Distritode Muanza a sul, para cerca de 140 000 habitantes/km2 no Distrito de Mutarara. Grandeparte da população ao longo da linha está concentrada nas vilas e sedes distritais que sedesenvolveram ao longo da linha. Quase não há nenhum assentamento humano entre asvilas ao longo da linha.

O maior centro populacional ao longo do sistema ferroviário é a Cidade de Moatize que éum município e capital distrital. Outros centros populacionais relativamente grandes sãoMuanza, Inhaminga, Caia, Sena e Marromeu na Província de Sofala e Mutarara naProvíncia de Tete. Muitos destes centros desenvolveram-se como vilas ferroviárias e todos,à excepção de Sena, são capitais distritais. Assentamentos menores ao longo da linhaincluem Savane, Semacuesa, Derunde, Condue, Mazamba, Inhamitanga, Lavos, Nangue,Murraça e Magagade em Sofala e Charre, Vila Nova da Fronteira, Chavundira, Sinjal,Mapangali, Doa, Chueza, Mecito, Necungas, Cambulatsisse e Catembe em Tete. Mercadosinformais foram geralmente estabelecidos nestas vilas, próximo da linha férrea.

5.1.2 Etnicidade e língua

A parte da Linha de Sena na Província de Sofala, é dominada pelo grupo populacionalSena. Embora o Português seja a língua oficial do país, a língua dominante falada nestaárea é o Cisena.

Nas áreas da Província de Tete, atravessadas pela linha, há dois grupos étnicos elinguísticos dominantes; os Nyanja (falam Cinyanja) que se encontram tanto no Distrito deMutarara como no Distrito de Moatize, e os Sena (falam Cisena), principalmente confinadosa partes do distrito de Mutarara.

5.1.3 Actividades económicas da população

Ao longo da área de influência da linha férrea a economia é caracterizada pela agriculturade subsistência, com níveis de produtividade extremamente baixos e uma quase totaldependência dos factores climáticos. As principais actividades económicas dos habitantesda área incluem:

* agricultura familiar de subsistência;* alguma criação animal, mais na Província de Tete, e principalmente para responder

às necessidades da família, mas também para venda,* corte e venda de madeira de florestas naturais para lenha e construção;* produção de carvão para venda;* pesca; e* actividades comerciais informais, particularmente nas vilas e assentamentos

populacionais.

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais16

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A Província de Tete possui fortes ligações económicas, culturais e familiares com paísesque quase envolvem a província por completo. Estes são o Malawi, a Zâmbia e oZimbabwe.

5.1.4 Uso da terra

Alguns factores influenciam o modo como a terra é usada na área do projecto. Estesincluem a fertilidade dos solos (para a produção de culturas), o relevo, a presença da moscatsé-tsé em algumas áreas, a acessibilidade (que é limitada em muitas áreas), adisponibilidade de água para uso doméstico e para o gado, e a disponibilidade de mão-de-obra familiar. Precipitação baixa e irregular, associada a altas temperaturas, é geralmenteum factor limitativo ao longo de toda a área do projecto.

Grande parte da terra próxima da Linha de Sena é usada para subsistência pelo sectorfamiliar, sendo a maior parte usada para pastagem de gado e o resto para agricultura. Osprincipais produtos agrícolas são o milho, mandioca, arroz, girassol e mapira, usaods tantopara o consumo como para venda. Os excedentes da produção são poucos, situação ligadaà quase inexistência de infra-estruturas e serviços de mercado. Produzem-se tambémalgumas hortícolas. Muitas famílias plantam árvores de fruto, incluindo, entre outras, debanana, manga, papaia e caju, cujo produto é consumido pela família e, por vezes, vendido.

A agricultura de corte e queimada ou de rotação é comum ao longo da área, embora emredor das áreas mais povoadas e ao longo de algumas partes da linha férrea possa sermais sedentária. Ao longo dos anos, os agricultores do sector familiar têm desenvolvidoestratégias de sobrevivência orientadas para a minimização do risco através dadiversificação das culturas por várias vias, tais como:

* cultivando várias culturas com a prática predominante de culturas consociadasusando culturas que são tolerantes a condições de seca (p.ex. mexoeira, mapira,amendoim e abóbora);

* Preferindo cultivar duas ou mais culturas consecutivas em vez de uma única culturacom um cicio mais longo, mesmo que a colheita potencial possa ser maior para aultima, de forma a obter vantagem da existência de humidade durante o curtoperíodo de chuva; e

* Cultivando culturas em ambientes diferentes (p.ex. topografia, relevo e solo), taiscomo áreas arenosas planas, depósitos coluviais de textura média nas encostas(zonas de transição), solos escuros de textura fina nas terras baixas dos valesabertos e aluviões.

O resultado é que muitos agricultores de subsistência estabelecem e usam umacombinação de terrenos de diferentes tipos de solos, com diferentes potenciais para asculturas, cada um com padrões de colheita e pousio diferentes.

Este facto explica porque se encontram por vezes terrenos junto à linha férrea em algumasáreas. A água de drenagem geralmente concentra-se ao longo das linhas férreas e diques eoferece um regime de humidade do solo que é normalmente encontrado a apenas algunsmetros das linhas. A maior humidade do solo permite que as culturas cresçam por períodosmais longos e melhora as condições para o cultivo de culturas como o arroz.

5.1.5 Casas e estruturas

A maioria da população vive em pequenas casas simples do tipo tradicional. Estas sãotipicamente pequenas, de um único quarto e feitas de materiais de construção que seencontram localmente. Muitas casas possuem paredes construídas de estacas, ramos,

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais17

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paus e casca apanhados nas florestas e matas vizinhas e por vezes são rebocadas comuma camada de argila e matope. Por vezes usam-se caniço e cana. Capim é o material decobertura mais comum, embora algumas casas tenham tectos feitos de plástico ou chapasmetálicas (de zinco). A porta e as armações das janelas, se as houver, são normalmentefabricadas de madeira localmente disponível. Janelas de vidro são raras. Geralmente, aqualidade de muitas destas casas é baixa.

Algumas casas e outros edifícios, particularmente os encontrados nas maiores cidades evilas, possuem paredes feitas de blocos de cimento ou tijolos queimados. Por vezes, asparedes podem ser rebocadas com cimento. O material de cobertura varia e pode ser decapim, chapas de plástico, chapas zinco ou de cimento de asbesto (lusalite) ou betão.

5.2 NÚMERO DE FAMÍLIAS E PESSOAS DESLOCADAS

Em Maio de 2004 a equipa do trabalho de campo efectuou um exercício de identificaçãodas potenciais PDs, recolha de informação sócio-económica de cada PD e elaboração deum inventário sobre os seus bens afectados. A pesquisa foi efectuada de 11 a 17 de Maiode 2004. Durante a pesquisa, um total de 70 locais diferentes, identificados durante apreparação da APGA, foram examinados ao longo do sistema ferroviário de Sena. Esteseram os locais onde havia alguma forma de desenvolvimento (i.e. edifícios ou pequenasmachambas) que eram considerados estarem possivelmente próximos demais da linhaférrea. Num local, uma casa de tijolos e cimento estava a ser construída, mas o proprietárionão foi identificado. Noutros três locais, a infra-estrutura havia sido abandonada. Todos osocupantes ou proprietários, nos restantes 66 locais, receberam um cartão com um númerode identificação único. Foram tiradas fotografias de todas as estruturas afectadas e as suasposições relativamente à linha férrea foram marcadas num diagrama. As coordenadasgeográficas dos bens afectados foram registadas usando equipamento manual do sistemade posicionamento geográfico.

A lista dos locais afectados foi mais tarde reduzida para 47 locais. Isto se deveu a que 19dos 66 locais originais, encontravam-se nas maiores vilas ferroviárias, e as machambas einfra-estruturas desses locais foram consideradas como estando suficientemente longe dalinha, sendo pouco provável que causassem perturbações às operações ou constituíssemuma grande ameaça à segurança das pessoas. Por exemplo, em Muanza há uma fila de 14barracas localizadas entre a linha férrea e uma estrada muito movimentada, a uma distânciade 22 m da linha férrea; os comerciantes informais dependem grandemente do comércio aolongo da estrada. Para minimizar ainda mais a transferência e prevenir perturbaçõesnaqueles negócios, os CFM irão erguer um muro ou uma vedação entre as barracas e alinha férrea.

Um total de 37 agregados familiares será transferido de uma forma ou de outra. Cincooperadores comerciais informais e semi-formais serão afectados. Adicionalmente, cincogrupos religiosos terão perdas devido à imposição do ROW. Noventa por cento das PDsencontram-se nas áreas entre as principais vilas ferroviárias, i.e. na zona coberta pelo ROWde 50 m.

5.3 CARACTERÍSTICAS SOCIO-ECONÓMICAS DAS PESSOAS AFECTADAS

As famílias e negócios informais directamente afectados estão largamente dispersos aolongo da linha de Sena e não constituem uma comunidade única ou mesmo um númeroidentificável de grupos comunitários locais. Dados de base generalizados ou agregados deuma vasta gama de características socio-económicas e socioculturais das 47 famílias,negócios e grupos religiosos deslocados muito dispersos, não seria muito útil. Espera-seque a transferência seja efectuado em distâncias muito curtas (i.e. poucos metros) e que as

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PDs continuem a viver nas suas comunidades actuais. Portanto, não se espera que as suascircunstâncias socioculturais mudem significativamente como resultado da transferência. A

informação socio-económica recolhida sobre as PDs foi, portanto, limitada ao que era

considerado absolutamente necessário para conceber o programa de reassentamento e

compensação.

5.3.1 Tamanho do agregado familiar

As 37 famílias afectadas possuem um total de 176 membros, com um tamanho médio de

agregado de cerca de cinco pessoas por família. O tamanho do agregado varia em geral deum a dez, embora exista um agregado com 15 membros. Esta família é chefiada por um pai

velho que tem oito filhos adultos, cada um com uma pequena casa no agregado, embora os

filhos normalmente trabalhem por períodos longos fora da casa.

A transferência das cinco unidades comerciais irá deslocar um total de 14 pessoas

associadas a estas unidades, como proprietários, familiares ou trabalhadores residentes. Os

cinco grupos religiosos afectados, juntos, possuem um total de 152 membros, com uma

média de 30 pessoas por grupo.

5.3.2 Ocupações

A maioria (76%) dos chefes das 37 famílias afectadas são agricultores de subsistência.Para cinco chefes de família, a principal fonte de rendimento é a produção e venda decarvão enquanto um obtém o seu rendimento primário da venda do peixe que pesca. A

troca e comércio informal providenciam a principal fonte de rendimento dos proprietáriosdas cinco unidades comerciais identificadas, assim como para o chefe de uma família que

será transferida. Oito chefes de família têm vários tipos de emprego formal, tais como na

polícia, na administração local, no comércio local, nas unidades de saúde, nas organizaçõesnão governamentais e nos CFM.

5.4 TRANSFERÊNCIA E PERDAS PREVISTAS

As Tabelas 1, 2 e 3 resumem, para cada uma das 47 PDs identificadas durante o trabalhode pesquisa de campo, o número de pessoas deslocadas e as perdas previstasrelativamente aos agregados familiares, unidades comerciais e grupos religiosos. A Tabela4 resume a transferência que terá lugar como resultado da imposição do ROW em áreas

seleccionadas. As PDs foram categorizadas de acordo com o tipo de bem afectado, comomostra a Tabela 5.

Detalhes de cada local, incluindo o tamanho ou área da estrutura ou machamba afectada e

o tipo de material de construção usado encontram-se numa base de dados em Excel para

referência futura. A base de dados também contém informação sobre a área da terra (i.e. a

terra actualmente em posse das PDs) em redor da unidade familiar (i.e. o quintal) ou outrasestruturas a serem perdidas. Inclui informação sobre outros bens afectados, tais comoárvores de fruto. Dados de algumas características sociais, culturais e económicasseleccionadas das PDs também foram incluídas na base de dados.

Não foram identificados nenhuns indivíduos ou grupos particularmente vulneráveis. O únicovelho já referido tem oito filhos adultos que ou estão a trabalhar ou procuram emprego fora

da região, devido à falta de oportunidades de trabalho local. O velho alega que caso areconstrução da linha comece, a maioria dos seus filhos voltará à procura de melhores

oportunidades de trabalho que possam surgir.

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5.4.1 Terra actualmente usada ou ocupada

Em todos os casos, as famílias afectadas, o comércio informal e os grupos religiosos irãoperder o direito à terra onde as suas casas e outros edifícios estão localizados, assim comopequenas porções de terra imediatamente adjacentes a essas estruturas, i.e. toda ou parteda terra em sua posse. A ocupação e uso actual do ROW é muito oportunístico e os limitesde terra não estão claramente definidos. É portanto difícil determinar exactamente, nestafase, quanta terra estaria envolvida, mas, pelos dados obtidos pelo inventário elevantamento dos bens, é provável que, na maioria dos casos, seja menos de um hectarepor local. Ao todo, as 47 famílias, unidades comerciais e grupos religiosos terão deabandonar parte da terra que eles estão a usar no ROW.

Grande parte dos agregados familiares e unidades comerciais expressaram a suapreferência em ter a sua terra de substituição acrescida, de uma forma contígua, à parteremanescente da sua terra existente, que está fora do ROW. Se isto não for possível, entãoa preferência seria de lhes serem alocadas terras o mais próximo possível do local original.Isto seria aplicável a algumas das unidades comerciais afectadas, i.e. às barracas.

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais20

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Tabela 1: Pessoas e bens afectados, por família ou agregado familiar

CASAS E OUTRAS ESTRUTURAS área em m2 AREA ARVORESTipo 1 Tipo 2 _ Tipo 3 CULTIVADA DE

NúMERO Paredes: Estacas, ramos ou caniço Paredes: Tijolos (área em FRUTOCARTÃO DE entrançado com ou sem reboco de matope queimados ha)

No. PESSOAS e (rebocados ou

caniço ou folhas de ic ud uaie Tecto: chaasdeião

M/H 001 10 10,0 1,5 3

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ___ 1,5M/H 002 150 0 0,5 16

M/H 003 2 10,0 1

M/H 004 4 12 5 0,5 5

M/H 005 3 20,0 _ _ 0.4

M/H 006 4 1 0,3 _ _-

0,2

MIH 007 6 0,30,3

_/H 009 7 20,0 25,0

M/H 014 3 0,5

M/H 015 2 0 2 38

M/H 016 7 36,0 0 10,1

M/H 017 3 3220M/H 018 2 0,5

0,5

M/H 019 8 0,1

M/H 020 2 16,0 4

M/H 021 5 42,0 2

M/H 023 8 4500 7

M/H 024 4 25,0 0,1 3M/H 025 5 20,0 22,0 0,2 24

M/H 026 4 50,0 5

M/H 027 4 0,4 40,4

M/H 029 5 25,0M/H 030 2 16,0M/H 031 2 15,0 7

M/H 032 1 16 0M/H 033 1 ,25,0 2

M/H 034 4 20,0M/H 035 322,0 6

20,045°°

5,0

6,0

5,0

7,0

M/H 037 5 9,0M/H 038 7 50,0 6

M/H 039 4 39,0 338,0

M/H 040 5 49,0 516,0

M/H 041 7 30,0M/H 042 7 29,0

20,0M/H 044 79,0 0,2 6

M/H 045 212,0 7

TOTAL 176 40 estruturas 2 estruturas 3 estruturas 21 163

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CASAS E OUTRAS ESTRUTURAS (área em m2)___ _ machambas

37 769,5 m 54,0 m 90,0 m 8,8 haunidades l

Tabela 2: Pessoas e bens afectados, por unidades comerciais informais

ESTRUTURAS COMERCIAIS (área em m2)Tipo 1 Tipo 4 I Tipo 5 Tipo 3

Paredes: Paredes: Tijolo queimado ou blocos de cimentoNÚMERO Estacas, ramos (rebocado ou não)CARTÃO DESCRIÇÃO DE ou caniço

No. PESSOAS entrançado com Tecto: Chapasou sem reboco Tecto: Nenhum de zinco ou Tecto: capim

de matope e lusaliteargila

Tecto: capimB/O 015 Unidade de 1 125,0

alojamento._____________ 10,0

BIO 016 Barraca 3 20,0B/O 017 Complexo 2 108,0

comercial

42,012,0

B/O 018 Barraca 7 25,0B/O 019 Barraca 1 40,0TOTAL 14 2 estruturas 1 estrutura 3 estruturas 2 estruturas5 35,0m 1080m 94,0 mz 145,0 m2unidades

Tabela 3: Pessoas e bens afectados, por grupos religiosos

LOCAIS DE CONCENTRAÇAO RELIGIOSA (área em mL) AREA ARVORESTipo 6 Tipo 1 CULTIVADA DECATO NÚMERO DE Paredes: Estacas, ramos (área em ha) FRUTOCARTAO MERO Parede: ramos entrançados ou caniço entrançado com

No. MEMBROS abertos ou sem reboco de matope eTecto: capim argila

Tecto: capim ou caniçoB/O 001 29 24,0M/H 028 35 42,0

8,0M/H 043 30 45,0

9,0B/O 020 28 35,0B/O 021 30 98,0 0,2 3

0,1TOTAL 152 1 estrutura 6 estruturas 2 machambas 35 35,0 md 226,0 m2 0,3 ha

. unidades

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Tabela 4: Sumário das pessoas e bens afectados

BEM AFECTADO

GRUPO NÚMERO NÚMERO Estruturas Machambas Arvores Pos

AFECTADO DE DE Estrutura | Machamba de fruto PoçosUNIDADES PESSOAS ArcaNúmero (m2) Número Área (ha) Número Número

Familia/agregado 37 176 45 913,5 21 8,8 163

Unidades 5 14 8 382,0Comerciais __ _ __ _ _

Grupos 5 152 7 261,0 2 0,3 3Religiosos _

Comunidade - - 1

TOTAL 47 __o_ 60 1 476,5 23 9,1 166 1

Nota: 1 Exclui 152 membros de grupos religiosos

Tabela 5: Categorias das pessoas transferidas, segundo os bens afectados

NUMERO DE CADA CATEGORIA DE PESSOA AFECTADA COM OS BENS AFECTADOSCATEGORIA DE Estruturas,

PESSOAS Somente Estruturas e machamba Somente Machamba Estruturas SomenteAFECTADAS estruturas machambas s e árvores machambas s e árvores e árvores árvores de

de fruto de fruto de fruto fruto

Familia/agregado 9 2 6 5 2 13 o

Unidades 5 o o o o o o

comerciais Grupos religiosos 4 o 1 0 0 0 0

TOTAL 18 22 7 5 2 13 o

5.4.2 Infra-estruturas privadas

Os principais tipos de bens que deverão ser transferidos são as casas, unidadescomerciais, tais como barracas, e estruturas usadas para reuniões religiosas. A maioriadestas estruturas foi construída com material localmente disponível, tais como estacas demadeira, caniço, reboco de matope ou argila e capim. Algumas foram construídas commateriais melhorados, tais como cimento ou tijolo queimado e possuem telhados de chapasde plástico ou de zinco. A qualidade da maioria das estruturas é geralmente muito baixa. Asestruturas encontradas formam categorizadas em seis principais tipos como base para seestimar os custos de substituição. São estes:

Tipo 1: Casas e outras estruturas com paredes feitas de estacas, ramos e paus ou caniço,proveniente das áreas de floresta ou mata vizinhas, e por vezes rebocadas commatope/argila. As estruturas do tipo 1 representam 80% de todas as estruturasafectadas;

Tipo 2: Estas são principalmente casas ou outras estruturas semelhantes às do Tipo 1,com excepção do tecto, que é coberto com chapas de zinco ou lusalite;

Tipo 3: Casas e estabelecimentos comerciais com paredes feitas de tijolos queimadoslocalmente (tijolo burro) e com tectos de capim. Por vezes as paredes sãorebocadas com cimento;

Tipo 4: Uma estrutura com paredes de tijolo e sem tecto;

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Tipo 5: Estabelecimentos comerciais com paredes feitas com tijolo queimado ou blocosde cimento, por vezes rebocadas, com o tecto feito com chapas de zinco oulusalite; e

Tipo 6: Um abrigo, usado por grupos religiosos, com paredes abertas, feitas de ramosfinos entrançados, e um tecto de capim.

Na Figura 2, são apresentadas fotografias de algumas destas estruturas.

Na maioria dos casos, as PDs serão apenas parcialmente afectadas ou deslocadas, nosentido de que, para a maioria das PDs, elas terão de abandonar apenas uma parte dassuas estruturas e machambas. Contudo, algumas PDs, principalmente estabelecimentoscomerciais informais, serão transferidas da sua estrutura única, ou conjunto de estruturas,do qual depende o seu negócio.

Trinta das 37 unidades familiares perderão parte de ou todo o seu abrigo. Um total de 45casas será afectado. Perto de 90% destas são do Tipo 1.

Cinco estabelecimentos comerciais informais terão de abandonar parte das ou todas assuas instalações que actualmente usam. Das oito estruturas afectadas, seis possuemparedes de tijolo (i.e. Tipos 3, 4 e 5). Três destes estabelecimentos funcionam comobarracas, onde vendem bebidas e geralmente servem comida. As estruturas afectadaspossuem geralmente uma área entre 20 m2 e 50 m2. Um operador comercial local possuiuma pensão4 , usada por viajantes que passam por Inhaminga. Possui paredes de tijolo eum tecto de capim. Outro operador comercial está a construir um pequeno complexocomercial de três edifícios em Inhaminga.

4 A pensão é, neste contexto, um edifício de tamanho pequeno a médio, com alguns quartos, construido dematerial natural localmente disponível, onde os viajantes podem dormir, geralmente em esteiras.

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais24

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iA

Tipol - Casa Tipo 1 - Casa

_~~~~~

Tipo 2 - Barraca Tipo 3 - Casa

Tipo 5 - Estruturas comerciais Tipo 6 - Estrutura de grupos religiosos

Figura 2: Fotografias das estruturas tipicamente afectadas

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais25

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Cinco grupos religiosos perderão os locais de culto. Estes grupos possuem sete estruturasafectadas, duas das quais são casas. As outras cinco são abrigos relativamente grandes(p.ex. com uma área entre 24 m2 e 98 m2), feitos com material local (i.e. Tipos 1 e 6).Estima-se que 152 membros das comunidades pertencem a estes cinco grupos.

A maioria dos agregados familiares e comerciantes expressaram preferência paratransferirem, onde possível, a estrutura afectada para a parte remanescente do seu terrenoque se encontra fora do ROW ou para a nova terra de substituição.

5.4.3 Infra-estrutura Comunitária

Próximo de uma das casas afectadas (M/H 004) há um poço pouco profundo, desprotegido(sem manilhas), a uma distância de cerca de 3 m da linha férrea. O poço, queaparentemente é uma boa fonte de água, é usado pela comunidade à volta.

5.4.4 Machambas

Treze famílias ou agregados familiares possuem machambas que terão de serabandonadas. Estas famílias perderão assim parte dos seus meios de produção de culturaspara consumo e venda. Um total de 21 machambas será afectado. As machambas sãogeralmente pequenas, com áreas inferiores a 0,5 ha. No entanto, uma machamba numazona fora de Dondo tinha cerca de 5 ha. Duas pequenas machambas estão a sercultivadas no local usado por um dos grupos religiosos.

Muitas famílias afectadas possuem outras machambas fora do ROW, para além daquelasno ROW. Geralmente, as machambas que deverão ser transferidas representam umapequena fracção da área total cultivada pela família. Muitos dos agregados familiaresafectados expressaram a sua preferência para que as machambas de substituição sejamestabelecidas nas partes dos seus terrenos actuais que se encontram fora do ROW ou emqualquer outra terra de substituição que poderão receber.

5.4.5 Culturas anuais

A principal época agrícola decorre geralmente de Novembro ou Dezembro até Março ouAbril. Na altura do trabalho de campo, em Maio, havia poucas culturas nas machambas,uma vez que as culturas da época anterior haviam sido colhidas nos primeiros meses doano. Em algumas machambas havia restos de mandioca e milho.

5.4.6 Árvores de fruto

Um total de 166 árvores de fruto existentes no ROW terá de ser abandonado. A Tabela 6mostra o número de árvores de fruto que será afectado pela imposição do ROW para osistema ferroviário de Sena, para cada categoria de PDs.

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Tabela 6: Tipo e número de árvores de fruto afectadas

CATEGORIA DE NÚMERO DE ARVORES DE FRUTO AFECTADAS

Bananeira Mangueira Papaelra Cajueiro Citrinos' Macaniaueira'

Família/agregado 23 43 68 3 20 6

Estabelecimento o o o o o o

comercialGrupo religioso o 2 1 o o o

TOTAL 23 45 69 3 20 6

Note: Laranjeiras e limoeiros2 Ziziphus mauritiana

5.4.7 Oportunidades de Negócio

Não se prevê que a exigência de as pessoas saírem do ROW irá afectar significativamente

as vantagens comerciais tidas pelos comerciantes informais nas e em redor das áreas

afectadas, uma vez que as PDs serão transferidas para uma área na redondeza.

Estabelecimentos comerciais informais terão de se deslocar apenas por curtas distâncias,

não se prevendo que estes sofram qualquer perda significativa de oportunidades de

negócio. Poderia haver alguma perturbação temporária no negócio durante o processo da

transferência em si, mas é improvável que ocorra.

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais27

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6 ELEGIBILIDADE PARA OS BENEFÍCIOS

Essencialmente há apenas uma categoria de pessoas que serão desiocadas e portantoelegíveis a compensação. Este grupo engloba pessoas que usam ou ocupam terra (dentrodos 10 m ou 50 m de ROW) considerada demasiado próxima da linha, por razõesoperacionais e de segurança. Nos termos da lei Moçambicana estas PDs não possuemdireitos de uso e aproveitamento desta terra. Esta categoria principal pode ainda sersubdividida de acordo com o objectivo principal pelo qual a terra e as infra-estruturasafectadas são usadas. Estas subcategorias são:

* pessoas que irão sofrer perda de terra e abrigo (i.e. famílias perdendo estruturasresidenciais);

* pessoas que irão sofrer perda de terra e comércio informal (i.e. estabelecimentoscomerciais); e

* grupos de pessoas que irão perder terra e locais (i.e. estruturas) para a realizaçãode cultos religiosos.

Todas estas famílias, estabelecimentos comerciais e grupos religiosos que receberamcartões durante o inventário e levantamento dos bens e que constam das listas dasTabelas 1 a 3 serão elegíveis a alguma forma de transferência, compensação e medidas dereparação, como aplicável. Apenas terras, infra-estruturas e bens registados antes da datalimite serão elegíveis. A data limite é a data exacta quando os bens e infra-estruturas de umdeterminado local foram registrados durante o levantamento que teve lugar de 11 a 17 deMaio de 2004.

Uma possível segunda categoria deveria incluir as pessoas que, durante a reconstrução dalinha, sofrerem danos às suas propriedades, causados pelas equipas de construção, o quepoderia incluir, por exemplo, danos às machambas, árvores de fruto e, possivelmente, infra-estruturas como vedações. Para esta categoria de pessoas afectadas, serão aplicados osmesmos princípios de compensação descritos neste PAR.

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais28

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7 DESLOCAMENTO, COMPENSAÇÃO E MEDIDAS DE REPARAÇÃO

7.1 DIREITOS

A Tabela 7 apresenta uma matriz dos direitos de cada categoria de PDs.

7.1.1 Terra actualmente em uso ou ocupada

Uma vez que em Moçambique não é possível pagar compensação monetária pela terra

rural, e também porque as pessoas afectadas estão tecnicamente ocupando e usando a

terra "ilegalmente", elas receberão terra de substituição. Isto está de acordo com os

requisitos do WB OP 4.12.

Impacto, Lda - Projectos e Estudos Ambientais29

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Relatório Final - Junho 2004

Tabela 7: Matriz de Direitos

PERDA DE FONTES DE RENDIMENTO OUCATEGORIA DE ~~~~~~~~ALIMENTAÇAOCATEGORIA DE TIPO DE PERDA DE PERDA DE Perda Perda de Perda de OUTROS

DESLOCADAS PERDA TERRA ESTRUTURAS Perda de de árvores de oportun.machambas culturas fruto Deanuais negócioFamilias/ Perda de Transferência - Limpeza e n/a Compensação n/a n/aagregados terra para uma preparação baseada no

terra de das valorsubstituição machambas estimado decontígua ou de rendimento epróxima da substituição no tempo deterra no novo vida produtivoafectada local estimada da

árvorePerda de Substituição Transporteabrigo pelos CFM de providenciado

casas por para aestruturas mobília eiguais ou equipamento,melhores às se necessárioafectadas

Estabelecimentos Perda de Transferência - n/a n/a n/a n/a n/aComerciais terra para umaterra desubstituiçãocontigua oupróxima daterraafectada

Perda de - Substituição Nenhuma Transporteinstalações pelos CFM de perda se providenciadocomerciais casas por as novas para aestruturas estruturas mobilia eiguais ou forem equipamento,melhores às ocupadas se necessárioafectadas antes das

estruturasafectadasseremvagadasGrupos Perda de Transferência - Limpeza e n/a Compensação n/a nlaReligiosos terra para uma preparação baseada no

terra de das valorsubstituição machambas estimado decontigua ou de rendimento epróxima da substituição no tempo deterra no novo vida produtivaafectada local estimado da

árvorePerda de Substituição _ Transporteabrigo pelos CFM de providenciado

casas por para aestruturas mobilia eiguais ou equipamentomelhores ás se necessárioafectadas

Uma vez que as áreas afectadas são geralmente pouco povoadas, há uma quantidadeconsiderável de terras livres próximas do ROW e dos locais afectados. Em todos os casos,será possível alocar terra de substituição próxima da terra que deve ser abandonada e, namaioria dos casos, esta pode ser adicionada à terra remanescente do terreno das PDs, forado ROW, p.ex. do lado que estiver mais distante da linha férrea.

Porque as distâncias envolvidas serão muito curtas, será possível encontrar terra desubstituição que é pelo menos igual à área anterior e de igual ou melhor qualidade.

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7.1.2 Infra-estruturas privadas

Todas as estruturas afectadas serão substituídas a cargo do projecto, Os CFM (i.e. a

Empresa Concessionária) irão providenciar todo o equipamento e materiais para a

construção das novas casas, estabelecimentos comerciais e estruturas para a realização decultos religiosos, para as PDs elegíveis. Não será dada nenhuma compensação monetária.A própria construção será efectuada pelos CFM (i.e. a BRLS) ou por empreiteiros. Contudo,será usada mão-de-obra local por forma a dar às PDs e outras pessoas locais a

oportunidade de se beneficiarem com salário pelo seu trabalho. As equipas de construçãoirão trabalhar em estreita coordenação para assegurar que as estruturas de substituiçãoestejam de acordo com as necessidades específicas das PDs. As estruturas de substituiçãoserão de desenho e tamanho semelhante às estruturas que estão a substituir. Reconhece-se que é necessário um certo grau de flexibilidade para assegurar que se alcance o melhor

resultado possível.

Esta abordagem é preferida relativamente à compensação monetária ou o fornecimento de

materiais de substituição, por vários motivos. Primeiro, por se responsabilizar, ele próprio,pela construção, os CFM, assegurarão que cada PD de facto recebe um abrigo e

instalações comerciais antes de ser obrigado a retirar-se dos edifícios afectados. Segundo,em muitos casos os CFM poderão construir as casas e outros edifícios segundo um padrãomais elevado que muitas PDs alguma vez poderiam conseguir. Terceiro, para algumas PDs

a aquisição de alguns materiais, tais como cimento e materiais para a cobertura, poderia serproblemática. Embora as estruturas abandonadas tenham de ser destruidas, as PDs

poderão salvar os materiais para seu próprio uso.

7.1.3 Infra-estruturas Comunitárias

Para o único poço comunitário desprotegido, os CFM irão apoiar a comunidade na escolhade um outro local adequado para um novo poço e darão equipamento e mão-de-obra para

abrir, pôr manilhas e proteger (i.e. colocar uma pequena vedação) esse poço.

Porque as PDs terão de se deslocar curtas distâncias, continuarão a usar e a ter acessoaos serviços e infra-estruturas públicas que actualmente usam. Isto se aplica a

abastecimento de água, escolas, serviços de saúde, lojas, transporte e outros serviçoscomunitários, tais como grupos religiosos.

7.1.4 Machambas

Aquelas famílias que terão de abandonar as suas machambas actuais, ou parte delas,receberão assistência do projecto para a limpeza e abertura de novas machambas, oudentro do seu terreno remanescente fora do ROA, ou em qualquer terra de substituição.Assistência será dada na forma de remoção da vegetação e preparação da terra (i.e. comum tractor, se necessário, ou a mão). As áreas envolvidas são pequenas e a limpeza e

preparação não deverá constituir uma tarefa complicada.

Sempre que possível, as famílias afectadas deverão ter tempo suficiente para colher asculturas actuais e não devem ser obrigadas a abandonar quaisquer machambas afectadasantes que as machambas de substituição já tenham sido limpas e preparadas.

Sempre que possível, os CFM irão construir canais de drenagem paralelos aos canaisexistentes ao longo da linha, mas mais distantes. Pretende-se assim canalizar a água dedrenagem para áreas onde os agricultores deslocados possam beneficiar de condições demais humidade nos solos e assim, ter uma réplica das condições de algumas das

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machambas que abandonam no ROW. Contudo, isto será efectuado apenas se fortecnicamente viável e prático e se os trabalhos forem pequenos, simples e não causaremdanos ambientais.

7.1.5 Culturas anuais

Nenhuma cultura em campo terá de ser abandonada ou será destruída. Porque as culturasdas épocas anteriores já terão sido colhidas e porque todas as PDs que perderão uma oumais machambas, irão receber terras de substituição antes do início da época agrícola, nãohá necessidade de se dar uma compensação (monetária ou em géneros) para a perda deculturas anuais. As famílias continuarão a usar as suas reservas alimentares acumuladasda época anterior até que colham as primeiras culturas nas machambas de substituição.

Todas as machambas de substituição devem ser limpas e preparadas antes do início dasprimeiras chuvas, que normalmente começam em Novembro ou Dezembro, para permitirque os agricultores estabeleçam as suas culturas normalmente.

7.1.6 Árvores de fruto

A perda das árvores de fruto existentes será compensada monetariamente.

7.1.7 Oportunidades de Negócio

Durante o processo de transferência propriamente dito, poderá haver uma pequenaperturbação nos negócios que se devem deslocar distâncias muito curtas. Taisperturbações serão minimizadas ou eliminadas porque nenhum estabelecimento comercialterá de sair antes que a infra-estrutura de substituição esteja concluída e pronta para serusada.

7.1.8 Outras medidas

As distâncias previstas para as pessoas se deslocarem são provavelmente muito curtas,frequentemente não mais do que alguns metros. Não será, portanto, necessárioprovidenciar transporte para a transferência das famílias e unidades comerciais, para atransferência de pessoas e gado. Contudo, em alguns casos poderá ser necessárioprovidenciar transporte para transferir mobília e outros bens. Isto dependerá dascircunstâncias específicas. Quando necessário, o projecto providenciará transporte.

Assim que as PDs se tenham transferido para locais mais seguros e distantes da linhaférrea, propõe-se que os CFM localizem e mapeiem todas as estruturas, machambas eoutras actividades remanescentes na ROW ao longo da linha. Embora estas estruturas eactividades não constituam uma ameaça imediata à segurança da operação da linha,poderá haver necessidade de se transferir algumas destas no futuro, devido a futurosprojectos e actividades de desenvolvimento da linha.

Cada ocupante ou utilizador deverá receber uma autorização escrita, com as condiçõesnecessárias, para ocupar ou usar a terra no ROW. Tal permissão poderá ser renovadaanualmente até que os CFM exijem a desocupação da terra por motivos de segurança,expansão ou desenvolvimento. Arranjos para uma possível transferência e/ou compensaçãoserãoefectuados nos mesmos termos aos contidos no PAR.

Porque muitas das PDs, incluindo membros de famílias, continuarão a viver perto da linhaférrea, ainda estarão em condições de obter postos de trabalho temporários nas equipas deconstrução que reabilitarão o sistema ferroviário, ou mesmo postos de trabalho

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permanentes na nova empresa que vai gerir a linha férrea. Isto proporcionar-lhes-árendimentos adicionais e apoiá-los-á a melhorar os seus níveis de vida.

7.1.9 Danos causados durante o trabalho de reconstrução

As actividades de reconstrução poderão também causar danos adicionais, temporários ou

permanentes, à terra e bens que não poderam ser identificados ou quantificados durante a

elaboração do PAR. Um exemplo poderá ser os trabalhadores da construção pisaremculturas ou hortícolas, no processo de chegarem a determinados locais de construção.Sempre que possível, a equipa de construção/empreiteiro deverá reparar os danos, à

satisfação da pessoa afectada.

As pessoas afectadas que tenham uma reclamação, deverão preencher uma ficha dereclamação de compensação e submetê-lo à equipa de construção/empreiteiro. A equipa de

construção/empreiteiro irá então negociar as medidas de compensação requeridas, que

podem incluir a reparação dos danos ou o pagamento de compensação monetária ou em

géneros. O pagamento da compensação deverá ser realizado dentro de um mês após a

data de submissão da ficha de reclamação.

7.1.10 Impactos sociais do reassentamento

As PDs, são cada uma, parte das comunidades locais específicas nas quais actualmentevivem ou trabalham. Uma vez que as PDs não serão deslocadas para muito longe, elas

permanecerão nas suas respectivas comunidades, não se prevendo nenhuns impactos

sociais significativos resultantes do exercício de transferência. Não se prevê a existência de

grandes preocupações relacionadas com a integração em comunidades hospedeiras.

7.2 AVALIAÇÃO DOS BENS AFECTADOS

7.2.1 Infra-estruturas privadas

Embora a compensação para a substituição da infra-estrutura não venha a ser monetária,foi determinado o custo de substituição para diferentes tipos de infra-estruturas por forma aprovidenciar uma estimativa de custo para o projecto de substituição de infra-estruturas.Estes derivam de estimativas providenciadas por empreiteiros na Beira e Tete e deexercícios de reassentamento e compensação levados a cabo recentemente em

Moçambique. As estimativas do custo de substituição estão resumidas na Tabela 8. O

custo total estimado para a substituição das estruturas afectadas é de USD 10 878.

Tabela 8: Estimativas de custos de substituição para as infra-estruturas afectadas

TIPO DE ESTRUTURA CUSTO ESTIMADO POR mZ AREA TOTAL (m2) CUSTO TOTAL (USD)(USD)

TipO 1 6,00 1030,5 6 183

Tipo 2 8,00 54,0 432

Tipo 3 8,00 235,0 1 880

Tipo 4 10,00 108,0 1 080

Tipo 5 12,00 __94,0 1 128

Tipo 6 5,00 __35,0 X X 175

TOTAL _ _ _ _ _ __10 878

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7.2.2 Infra-estruturas comunitárias

Dependendo das condições hidrogeológicas pretende-se cavar, prover de manilhas eproteger (e.g. com uma pequena vedação) um pequeno poço em substituição do poçolocalizado a 3 m da linha. Para fins de estimativa de custos, foi usado o custo estimado paraum furo mais profundo no caso de ser difícil encontrar água perto da superfície. O custoestimado é de USD 4 000.

7.2.3 Machambas

Para permitir que as PDs relevantes mantenham ou restabeleçam as suas vidas, o projectoprestará assistência na limpeza e preparação de machambas de substituição com áreasiguais às das machambas abandonadas dentro do ROW. Os custos estimados derivam deexercícios semelhantes realizados recentemente em Moçambique. O verdadeiro custovariará de acordo com as condições locais, tais como a quantidade de vegetação a serremovida e a natureza do terreno. Um total de 9,1 ha será limpo e preparado a um custo deUSD 200 por ha. O custo estimado é, portanto, USD 1 820.

7.2.4 Árvores de fruto

Pelas árvores de fruto abandonadas no ROW, será paga compensação monetária. Asárvores de fruto serão compensadas com base na perda de produção e na consequenteperda de rendimentos acumulados durante o tempo necessário para que as novas árvorescresçam e amadureçam. A estimativa deriva do preço no mercado por unidade de fruto(p.ex. USD/kg) multiplicados pela produção anual (p.ex. kg por ano) e a vida produtiva daárvore (número de anos). Estes parâmetros são muito variáveis de um local para outro, masé necessário usar uma taxa geral como ponto de partida. Durante a própria determinaçãoda compensação será necessário ter em conta os factores locais. Por exemplo, uma árvorede fruto afectada num local particular pode ter uma produção invulgarmente alta e deverá,então, ser compensada a uma taxa superior à taxa geral. As respectivas DirecçõesProvincial e Distrital de Agricultura e Desenvolvimento Rural geralmente estimam os valoresdas culturas e árvores de fruto, devendo por isso ser consultadas para modificar os dadosgerais, se necessário, para dados mais adequados às circunstâncias locais. A Tabela 9indica as taxas gerais de compensação de árvores de fruto5. A estimativa total do custo decompensação para árvores de fruto é de USD 9 376.

Tabela 9: Estimativas de custos de substituição de árvores de fruto

ARVORE DE FRUTO CUSTO DE SUBSTITUIÇAO NUMERO DE ARVORES CUSTO TOTAL (USD)POR ÁRVORE (USD) AFECTADAS

Banana 6,00 23 138,00Manga 160,00 45 7 200,00Papaia 2,00 69 138,00caju 60,00 3 180,00Citrinos1 80,00 20 1 600,00Maçanica2 20,00 6 120,00TOTAL , 166 9 376,00Note: Laranjeiras e limoeiros

2 Ziziphus mauritiana

5 Adaptado das taxas de compensação usadas em exercícios recentes de compensação realizados emMozambique, p.ex. Parque Industrial de Belulalane, Projecto da EDM/MOTRACO e Projecto de Gás Natural daSASOL.

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7.2.5 Outras medidas

O projecto irá providenciar transporte para apoiar as PDs a transportar bens pesados comomobília e equipamentos, por distâncias curtas, mas que requer que os veículos detransporte percorram longas distâncias para transferir as PDs de um local para outro,porque estas estão dispersas ao longo da linha. Para as 47 unidades de PDs identificadas,foi usado o custo estimado para o transporte de USD 10 por unidade. O custo total detransporte estimado é, assim, de USD 470.

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8 IMPLEMENTAÇÃO E EXECUÇÃO DOS DIREITOS

A implementação do PAR irá envolver em primeiro lugar, onde necessário, a determinaçãodos reais direitos de transferência e compensação para cada PD, a atribuição física de terrade substituição, a construção das novas casas, estabelecimentos comerciais e outrasestruturas, a preparação das novas machambas e o pagamento de compensação pelasárvores de fruto.

8.1 ARRANJOS INSTITUCIONAIS

A componente de transferência e compensação do Projecto de Reabilitação da Linha deSena será supervisionada pelo CFM - Centro na Beira, mais especificamente pelo pessoalincorporado na proposta Unidade de Inspecção a ser criada.

A actual implementação será efectuada pela BRLS (ou seu sucessor, incorporado na novaEmpresa Concessionária), trabalhando em conjunto com as PDs, líderes comunitários eautoridades locais.

A coordenação das actividades será alcançada pela criação de um Comité deCompensação e Transferência (CCT) para cada distrito afectado. O CCT compreenderá umOficial de Campo a ser nomeado pelos CFM, o Administrador Distrital e o Director Distritalde Agricultura e Desenvolvimento Rural do respectivo distrito. Porque as PDs estão muitodispersas ao longo da linha férrea, pode-se mostrar difícil e impraticável ter umrepresentante das PDs no CCT, embora essa fosse a situação ideal.

Nenhum trabalho de reconstrução (ou actividades que causam transferência) num localespecífico afectado terá lugar antes que todos os direitos (incluindo a transferência física, sefor o caso) tenham sido executados.

8.2 ACORDO FINAL SOBRE OS DIREITOS

8.2.1 Determinação detalhada dos direitos

A nova empresa ferroviária irá, através da BRLS existente, levar a cabo um inventáriodetalhado das infra-estruturas afectadas e outros bens de cada local afectado e fazer orespectivo lançamento num registo de bens afectados. Não se prevê que a informaçãoobtida será muito diferente da contida no inventário realizado durante o trabalho de campopara a elaboração do PAR. Contudo, poderão haver algumas alterações. Esta informaçãoserá usada para determinar a quantidade exacta de materiais, equipamento e trabalhadoresnecessários para substituir as infra-estruturas e bens afectados.

Com base neste inventário detalhado, serão realizadas, e conduzidas pelos CFM, asnegociações finais sobre os direitos e valores, e determinados os custos. Os direitos finaisserão aprovados pelo CCT, não devendo ser muito diferentes das estimativas contidas noPAR.

8.2.2 Contratos de acordos sobre os direitos

Para cada PD, os direitos (i.e. medidas de compensação e transferência) devem serregistados num contrato de direitos, a ser assinado pela PD, pela Empresa Concessionáriae pelo presidente do PPT. Detalhes dos direitos para cada PD devem então entrar numregisto de bens afectados das PDs contra o nome do beneficiado.

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Onde os CFM e a PD não conseguem chegar a um acordo sobre os direitos destinados àPD, cada parte poderá levar a sua reclamação ao CCT, em primeira instância. Onde o CCTnão for capaz de resolver satisfatoriamente quaisquer reclamações, a parte queixosapoderá recorrer ao Governador Provincial, com recurso final ao tribunal.

8.3 TERRA DE SUBSTITUIÇÃO E TRANSFERÊNCIA

8.3.1 Selecção e atribuição da terra de substituição

Prevê-se que seja encontrada terra de substituição numa área contígua ou próxima do localoriginal afectado, mas fora do ROW. A selecção do local em si será levada a cabo por umaequipa compreendendo pessoal relevante do Gabinete do Administrador Distrital, daDirecção Distrital de Agricultura e Desenvolvimento Rural (tanto para selecção da qualidadecomo o mapeamento dos limites), a PD e os líderes comunitários locais (incluindo os chefestradicionais, se existirem).

Uma vez seleccionada e acordada a terra de substituição, os CFM deverão solicitar, atravésda autoridade local relevante, que a terra seja oficialmente atribuída ao beneficiário. Se aterra de substituição se enquandrar na área onde os assuntos de terra são governados pornormas e práticas costumeiras, serão efeitos arranjos adequados de atribuição com aadministração local e a autoridade tradicional. Se a terra de substituição está numa áreaonde os assuntos de terra não são governados por normas e práticas costumeiras, oempreendedor deverá seguir os procedimentos adequados, em nome do beneficiário, paraa atribuição oficial da terra, o seu registo e, possivelmente, a emissão de títulos nos termosda Lei de Terras e os seus Regulamentos. O procedimento requer que seja feito umrequerimento através da administração do distrito para os SPGC. Os SPGCs têm um papel-chave na identificação dos limites de terra.

8.3.2 Planificação e preparação da terra

Antes de qualquer pessoa ou entidade ser fisicamente transferida do ROW, a EmpresaConcessionária, deve assegurar que todos os trabalhos acordados de levantamentos deterra, planificação e preparação da terra estão concluídos. Tal preparação da terra pode,por exemplo, incluir limpeza da terra, lavoura, demarcação e construção de estradas oupicadas de acesso.

8.3.3 Substituição de infra-estruturas

A Empresa Concessionária será responsável pela construção de novas casas e outras infra-estruturas em substituição daquelas abandonadas na ROW. O trabalho em si, será levadoa cabo pelas equipas da Empresa Concessionária, embora possam ser realizados porempreiteiros locais. Onde fôr prático, as PDs e suas famílias, serão contratadas durante aconstrução para assegurar uma participação total das PDs e providenciar-lhes um pequenorendimento adicional. Onde fôr possível, alguns materiais serão adquiridos na Beira etransportados aos locais.

8.3.4 Transferência para a terra de substituição

A Empresa Concessionária será responsável por apoiar as PDs que se devem transferirpara a terra alternativa com transporte para a mobília e outros bens para o novo local.Nenhuma PD ou entidade terá de sair para o novo local, antes da infra-estrutura necessária,como acordado no PAR e no acordo dos direitos, ter sido construída satisfatoriamente. Aspessoas que devem ser fisicamente transferidas terão de ser transferidas para o novo local

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pelo menos um mês antes do início das actividades de reconstrução, ou de acordo comalgum outro período de tempo acordado com as PDs.

8.4 COMPENSAÇÃO

8.4.1 Pagamento de compensação

A compensação pela perda de árvores de fruto será paga aos beneficiários pelo menos ummês antes do início das actividades de reconstrução, ou de acordo com algum outro períodode tempo acordado com as PDs. A Empresa Concessionária será responsável pelopagamento da compensação a cada beneficiário de acordo com os direitos listados noscontratos de direitos e no registo principal de bens e compensações. A compensação serápaga em dinheiro ou cheque de acordo com a preferência do beneficiário.

8.4.2 Compensação pela transferência e danos imprevistos

As actividades de reconstrução podem provocar algumas transferências adicionais nãoprevistas aquando da elaboração do PAR. As actividades de construção podem tambémcausar alguns danos adicionais temporários ou permanentes à terra e aos bens que nãopoderam ser identificados ou quantificados na elaboração do PAR. Um exemplo pode ser ostrabalhadores da construção pisarem as culturas enquanto abrem acesso paradeterminados locais de construção.

Em tais casos, as partes afectadas deverão preencher uma ficha de reclamação e submete-laà Empresa Concessionária ou ao empreiteiro. O empreiteiro poderá então negociar asmedidas de compensação requeridas, com base nos valores-padrão determinados durantea elaboração do PAR, e então obter um acordo com o CCT. O pagamento da compensaçãoserá efectuado no espaço de um mês após a submissão da ficha de reclamação.

8.5 CONFIRMAÇÃO DE RECEPÇÃO DOS DIREITOS

Cada beneficiário deverá assinar a ficha do acordo de direitos original, confirmando arecepção dos direitos, sejam eles transferência física ou compensação em dinheiro pelasárvores de fruto. O recibo dos direitos também será assinado pela Empresa Concessionáriae testemunhado por um representante da autoridade local (p.ex. o Administrador Distrital)ou por um líder local ou tradicional.

8.6 MONITORAMENTO DO PROGRESSO E RELATÓRIO

Ao longo do processo de implementação, o Oficial de Campo deverá manter registos doprogresso e submeter relatórios regulares ao CCT e à Unidade de Inspecção dos CFM-Centro. O CCT verificará que o relatório de progresso é um registo exacto. O prazo desubmissão dos relatórios de progresso deverá ser definido, mas provavelmente deverá sermensal.

8.7 CRONOGRAMA

O cronograma previsto para a implementação é apresentado na Figura 3. Prevê-se que aimplementação do PAR não exceda nove meses. As actividades preliminares incluirão aconcepção e produção dos contratos de acordo de direitos e os recibos, para além deformulários de informação relativos aos procedimentos de reclamação assim como aformação dos CCRs em cada distrito.

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A atribuição dos direitos às PDs, i.e. transferência e pagamento de compensação, serágeralmente levada a cabo um ou dois meses antes da chegada, a cada local afectado, dasequipas de reconstrução. Contudo, será importante que as PDs possam plantar as culturasnas terras de substituição, no início da estação chuvosa, i.e. em Novembro ou Dezembro de2004. Isto requer que, pelo menos, para aquelas PDs que tenham que abandonar as suasáreas cultivadas no ROW, a terra de susbtituição seja alocada e a terra limpa e preparada,antes de Novembro de 2004. Poderá, provavelmente, mostrar-se mais prático, localizar ealocar as terras de substituição nos 47 locais afectados, num único exercício.

Durante os meses seguintes, as principais actividades incluirão a construção das infra-estruturas de substituição, o pagamento de compensação para as árvores de fruto e aassistência para o transporte dos bens móveis para os novos locais.

ACÇÃO 2004 2005ACÇAO J A S 0 N D J F M A M J

Actividades preliminares * *Inventário detalhado dos bens _ _Assinatura dos contratos de acordo de direitos = =Selecção & alocação de terra de substituição (47 locais) _ * a

Registo formal da terra . *Limpeza e lavroura de 23 novas machambasConstrução das infra-estruturas de substituição (60estruturas)Transferência de pessoas e bens para as novas .e * * . * e

casas/edificiosPagamento de compensação por 166 árvores de fruto . * e e * *Assinatura do recibo de recepção dos direitos = = e _ e _ e _Construção de um novo poço .Monitoramento do progresso _ _ e e e e e * e .

Figura 3: Cronograma de implementação

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9 PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE E PROCEDIMENTOS DERECLAMAÇõES

9.1 PARTICIPAÇAO DA COMUNIDADE

No último ano muitos governos distritais tiveram encontros com os indivíduos ecomunidades potencialmente afectados para explicar a necessidade de transferência antesdo início da reabilitação. Porque as pessoas afectadas e a comunidade local em geral, têmgrandes expectativas em relação aos benefícios da reabilitação da Linha de Sena,geralmente há um bom espírito de cooperação e parece haver pouca resistência por partedas pessoas afectadas para se deslocarem para outras áreas, o que é reforçado pelo factode a transferência ser por distâncias muito curtas.

Estando as famílias e estabelecimentos comerciais afectados dispersos ao longo da linha, édifícil lidar com uma comunidade única ou corpo representativo da comunidade. Nãoobstante, propõe-se que, por agora, o actual mecanismo de comunicação com as partesafectadas deve continuar, i.e. os administradores distritais interactuem com as pessoasafectadas através dos canais habituais e bem estabelecidos que funcionam nos distritos.

9.2 MECANISMOS E PROCEDIMENTOS DE RECLAMAÇÃO

Durante a implementação várias questões podem ser encaradas pelas PDs. Por forma aresolver as preocupações que possam ocorrer a qualquer altura durante a implementaçãodo PAR, um sistema eficaz e rápido de resposta a reclamações será criado pelo CCT, comapoio dos CFM. As PDs receberão uma carta informando-os de tal mecanismo.

Dentro do procedimento de reclamação proposto, se a PD não estiver satisfeita com algumamedida de reassentamento, compensação ou atribuição dos direitos, ele ou ela podeprimeiro submeter uma reclamação ao CCT, através do seu ou sua representante local. Istopode ser inicialmente feito através dos líderes locais (p.ex. chefes tradicionais ou líderes dogoverno local). A PD pode requerer uma resposta dentro de um período determinado, p.ex.catorze dias. Depois, pode ser feito, um recurso ao Governador Provincial. As PDs terão umúltimo recurso junto dos tribunais.

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Projecto de Concessão do Sistema Ferroviário da Beira Plano de Acção de ReassentamentoRelatório Final - Junho 2004

10 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Nos termos dos requisitos do BM, durante a implementação da compensação e

transferência, e possivelmente, por algum tempo depois, actividades tanto internas como

externas de monitoramento e avaliação deverão ser realizadas por forma a monitorar o

progresso e assegurar que as PDs foram adequadamente atendidas e que se encontram

numa posição não inferior à anterior ao início do projecto.

Contudo, porque as PDs estão muito dispersas ao longo da linha, o monitoramento e

avaliação deverá ser feito quase individualmente para cada PD, por forma a ser possível

obter as conclusões certas. Tal exercício apresentaria dificuldades práticas e lógicas.

Contudo, o monitoramento e avaliação deverão ser parte de, ou estar estreitamente ligado

ao processo de monitoramento e avaliação acordado para o monitoramento de outros

impactos ambientais, nos termos do PGA do projecto.

Para o monitoramento interno, o Oficial de Campo deverá submeter relatórios regulares,

através do CCT, à Unidade de Inspecção dos CFM - Centro, descrevendo o progresso em

relação aos objectivos e entrega dos direitos. O monitoramento deve focar o seguinte:

- entrega e uso dos direitos de compensação e transferência;- atribuição de terra de substituição e terrenos para casas, onde aplicável;

- construção de novas casas e outras infra-estruturas, onde aplicável;

- compensação dada pelas árvores de fruto;- medidas de compensação aplicadas para cobrir danos durante as actividades de

construção;- reclamações reportadas e acções tomadas;- encontros com os oficiais e PDs;- problemas encontrados e acções tomadas; e- questões gerais relacionadas com o sucesso do exercício de compensação e

reassentamento.

Monitoramento e avaliação externas devem ser realizadas através das missões do BM,

encarregues do monitoramento e avaliação de todo o Projecto de Reabilitação da Linha de

Sena. O principal objectivo será determinar se os objectivos do reassentamento

(compensação, transferência e reabilitação) foram alcançados, para avaliar, até onde for

possível, a implementação do reassentamento e o restabelecimento das vidas das PDs. O

exercício externo de monitoramento e avaliação deve incluir, mas não se limitar, à avaliação

de:

- progresso da implementação;- políticas de compensação e reassentamento;- entrega dos direitos, incluindo a terra de substituição, onde for aplicável;

- mudanças na vida e rendimentos no seio das PDs; e- consultas com e participação das PDs e outros intervenientes.

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11 ESTIMATIVA DE CUSTOS DE IMPLEMENTAÇÃOOs custos estimados para a implementação do PAR estão listados na Tabela 10.

Tabela 10: Custos estimados para a implementação do PAR

ITEM CUSTO (USD)Limpeza e preparação das machambas 1 820Substituição das casas e outras infra-estruturas afectadas 10 878Substituição de infra-estruturas comunitárias (p.ex. Poço) 4 000Compensalão monetária pelas árvores de fruto 9 376Transporte de mobUlia e equipamento 470Custo total da equipa de implementação no terreno 6 000Subtotal 32 544Contingências - 20% 6 509TOTAL 39 053

O custo total estimado é de USD 39 053, incluindo uma contingência de 20%. O custo porfamília deslocada, estabelecímento comercial ou grupo religíoso (um total de 47 unidades)é de cerca de USD 830.

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