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Formação contínua de professores e melhoria do ensino António Nóvoa Porto Velho | 9.Fevereiro.2012

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Page 1: Porto velho9fev2012

Formação contínua de professores e melhoria

do ensino

António NóvoaPorto Velho | 9.Fevereiro.2012

Page 2: Porto velho9fev2012

Como educador, passo metadeda minha vida a defender certos ideais.

E a outra metade a lutarcontra as falsas apropriaçõesdestes ideais e o modo comosão erradamenteconcretizados.

Gabriel Compayré | 1890

Page 3: Porto velho9fev2012

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONALDESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

PROFESSOR REFLEXIVO

PROFESSOR REFLEXIVO

PROFESSOR-INVESTIGADOR

PROFESSOR-INVESTIGADOR

25 anos

Consenso nos discursos, mas pobreza nas práticas

Page 4: Porto velho9fev2012

Somos vistos como responsáveis pela crise da escola e pelos falhanços na “qualidade da educação”. E, por isso, somos acusados de sermos defensores do sistema vigente, dominado pelos pedagogos e por concepções de “facilitismo”.

E, simultaneamente, somos vistos como românticos e idealistas, e insurrectos, que querem uma escola utópica, sem qualquer ligação concreta com a realidade e a com a economia.

Estamos entre dois fogos

Page 5: Porto velho9fev2012

Consenso teórico

Incapacidade prática

Crítica fortíssima à pedagogia e aos

pedagogos

↓ ↓

Conteúdos Autoridade

NO INTERIOR DA PROFISSÃO

NO EXTERIOR DA PROFISSÃO

Pensamento vigorosoCrítico

Alternativo

1

A partir de

dentro

2

O conhecimento

docente

3

Redes e

partilhas

4

Centro Académico de

Educação

Page 6: Porto velho9fev2012

Formação

de Professores

Desenvolvimento

Pessoal

Desenvolvimento

Profissional

Desenvolvimento

Organizacional

Page 7: Porto velho9fev2012

1

A PARTIR DE

DENTRO

Page 8: Porto velho9fev2012

PROFESSORES

PROFESSORES

PROFESSORES

PROFESSORES

Anos 70

Ciências da EducaçãoEspecialistas universitários

Anos 90

Gestão e direcção das escolas (administradores)

Anos 80

Reformas do currículo(indústria do ensino)

Anos 2000

Tecnologias digitais

O REGRESSO

DOS

PROFESSORES

Page 9: Porto velho9fev2012

Professores

Especialistas internacionais

Especialistas do currículo

Autores de livros

escolares

Pesquisadoresem educação

Gestores escolares

Tecnólogos da educação

Etc.

Fomradoresde professores

Page 10: Porto velho9fev2012

As

expectativas

e as

exigências

sobre o

trabalho dos

professores

… as realidades

socio-

profissionais e o

estatuto da

profissão (recrutamento,

formação,

autonomia,

prestígio, etc.).

Page 11: Porto velho9fev2012

Devolver a formação de professores

aosprofessores

Page 12: Porto velho9fev2012

A formação de professores

deve passar para “dentro”

da profissão, isto é, deve

basear-se na aquisição de

uma cultura profissional,

concedendo aos professores

mais experientes um papel

central na formação dos

mais jovens.

Page 13: Porto velho9fev2012

Primeira tese

Passar a formação de professores para dentro da

profissão

Page 14: Porto velho9fev2012

2

A ACTIVIDADE É O CAMINHO PARA

O CONHECIMENTO

Page 15: Porto velho9fev2012

Bernard Shaw

Máximas para revolucionários

Quem sabe, faz.Quem não sabe, ensina.

A actividade é o único caminho para o conhecimento.

Os homens são sábios na proporção, não da sua experiência, mas da sua capacidade para pensarem a experiência.

Se fosse possível aprender apenas através da experiência, então as pedras de Londres seriam mais sábias que o mais sábio dos homens.

Page 16: Porto velho9fev2012

Estudo dos casos

Análise das práticas

Acção pedagógica

Não se trata de transformar o conhecimento

em prática pedagógica…

… mas sim de transformar a prática em

conhecimento profissional (docente).Lee

Shulman

Page 17: Porto velho9fev2012

A formação de professores

deve assumir uma forte

componente práxica, centrada

na aprendizagem dos alunos e

no estudo de casos concretos,

tendo como referência o

trabalho escolar.

Page 18: Porto velho9fev2012

A Pedagogia não tem de ser científica. Tem é de ser assumida plenamente como um valor inestimável. É uma área de prática social indispensável, mas que se conquista pelo domínio dessa prática fundada na reflexão dialógica com opções teóricas multidisciplinares e de acção.

Aprender, como na Medicina, a fazer diagnósticos, a saber o que faz falta a uma criança, em vez de a empurrar da escola, em vez de a excluir da sociedade. Os médicos não podem fazer isso. Os professores também deviam ser proibidos de o fazer no plano da deontologia.

Sérgio Niza

Page 19: Porto velho9fev2012

Revelar toda a

complexidade e

riqueza do ensino

Page 20: Porto velho9fev2012

Combat er a dispersão

Centrar o desenvolvimentoprofissional no

coração da profissão

Page 21: Porto velho9fev2012

Segunda tese

Organizar a formação de professores no interior de

programas de desenvolvimento profissional

docente

Page 22: Porto velho9fev2012

3

REDESE

PARTILHAS

Page 23: Porto velho9fev2012

Tensões | Conflitos | Exigências | Pressões | Demandas| …

Bu

rocra

tiza

çã

oAvaliação

Perda de

prestígio

Page 24: Porto velho9fev2012

Trabalho

em equipa

Movimentos

pedagógicos

Comunidades

de prática

Projeto

Educativo

da escola

PartilhaCondições nas

escolas

Page 25: Porto velho9fev2012

Integrar a formação de professores no projeto

educativo da escola

Conceber o desenvolvimento

profissional como parte integrante do projetoeducativo da escola

Page 26: Porto velho9fev2012

Aprendizagem Esse admirável mundo novo…

Neurociências

Importância das emoções, dos sentimentos, da memória, da consciência.

Teorias da complexidade

Nem sempre se aprende do simples para o complexo, do concreto para o abstracto.

Page 27: Porto velho9fev2012

Teorias da imprevisibilidade

Gestão “desorganizada”, caminhos inesperados, ausência de linearidade…

Estudos sobre cognição

Afetos, diferentes formas de inteligência, funcionamento do cérebro, etc.

AprendizagemEsse admirável mundo novo…

Page 28: Porto velho9fev2012

Tecnologias digitais

Navegação, auto-formação, estudo, conectividade, etc.

Redes

Redes sociais, redes de aprendizagem, e-learning, b-learning, mobile learning, etc.

AprendizagemEsse admirável mundo novo…

Etc. Etc. Etc. Etc. Etc.

Page 29: Porto velho9fev2012

Compreensão

Reflexão

Transformação

Avaliação

InstruçãoInovaçãoPráticas

pedagógicas coerentes

Lee Shulman

Page 30: Porto velho9fev2012

Terceira tese

Construir a formação de professores num quadro de

partilha e de redes profissionais

Page 31: Porto velho9fev2012

4

CENTRO ACADÉMICO DE

EDUCAÇÃO

Page 32: Porto velho9fev2012

Universidade→ Formação académica.

Centros de investigação→ Pesquisa fundamental e aplicada.

Hospital→ Formação prática.

E se falássemos dos médicos e da sua formação?

Page 34: Porto velho9fev2012

Uma mesma organização

Uma única direcção

Uma mesma comunidade

profissional (com grande diversidade de perfis)

Page 35: Porto velho9fev2012

Formação Médica

Formação Docente

Page 36: Porto velho9fev2012

Centro Académico de

Educação de Porto Velho

P V

Page 37: Porto velho9fev2012

O QUE É O CENTRO ACADÉMICO

DE EDUCAÇÃO DE PORTO VELHO?

→ É uma universidade, mas não é apenas uma universidade.

É também um centro de pesquisa e uma escola (ou rede de

escolas).

→ É um centro de pesquisa, mas não é apenas um centro de

pesquisa.

É também uma universidade e uma escola (ou rede de escolas).

→ É uma escola (ou rede de escolas), mas não é apenas uma

escola (ou rede de escolas).

É também uma universidade e um centro de pesquisa.

→ E ainda | Muito importante

É um lugar de debate público.

De apoio às políticas públicas de educação.

De apoio à avaliação do sistema e das escolas.

Page 38: Porto velho9fev2012

O QUE É PRECISO PARA QUE O CENTRO

ACADÉMICO DE EDUCAÇÃO DE PORTO VELHO

FUNCIONE?

→ É preciso que seja uma organização coerente. Com grande diversidade, mas

num quadro coerente de funcionamento, de elaboração conjunta de um projeto

de ação, de formação e de pesquisa.

→ É preciso que tenha uma direcção única, escolhida num quadro de

participação, com sensibilidade para compreender as diversas realidades (e as

necessidades diferentes de cada uma destas realidades) e com capacidade para

construir redes colaborativas.

→ É preciso que os seus profissionais constituam uma comunidade solidária,

colaborativa e cooperativa, mantendo a sua diversidade e especificidade, mas

revelando grande capacidade de diálogo e de interação.

Page 39: Porto velho9fev2012

É POSSÍVEL CRIAR UM CENTRO DESTE

TIPO?

SIM.→ Património histórico.

→ Património de experiências.

MAS MUITAS DIFICULDADES.→ A educação é um campo social valorizado, mas é um

campo profissional “empobrecido”.

→ No interior do campo educativo, os estatutos profissionais

são muito diferenciados (universitários, pesquisadores e

professores da rede).

Page 40: Porto velho9fev2012

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

PESQUISA CIENTÍFICA EM EDUCAÇÃO

PRÁTICAS ESCOLARES E

PEDAGÓGICAS

E… ESPAÇO PÚBLICO DA EDUCAÇÃO

P V

Page 41: Porto velho9fev2012

Quarta tese

Reconstruir o espaço académico-institucional da formação de professores

Page 42: Porto velho9fev2012

Para fechar esta

Fendaé necessário um trabalho político, uma maior presença dos professores nos debates públicos sobre a educação.

E, simultaneamente, é necessário tomar consciência de que os problemas da escola não serão resolvidos apenas dentro da escola.

Page 43: Porto velho9fev2012

1

2

3

4

Construir a formação de professores num quadro de partilhas e redes profissionais

Reconstruir o espaço académico-institucional da formação de professores

Organizar a formação a partir de programas de desenvolvimento profissional docente

Passar a formação de professores para dentro da profissão

Page 44: Porto velho9fev2012

Michel

Serres

Re-né,

il connaît,

il a pitié.

Enfin,

il peutenseigner.

Re-nascido,

ele conhece,

ele tem piedade.

Enfim,

ele pode ensinar.

Page 45: Porto velho9fev2012

António Nóvoa

www.ul.pt

[email protected]

Page 46: Porto velho9fev2012

Uma revolução na formação de professores?

Escolasda rede

Escolas de formação de professores

Professoresda rede

Formadores de

professores

NOVA REALIDADE ORGANIZACIONAL

APROXIMAÇÃO DOS ESTATUTOS

PROFISSIONAIS

Page 47: Porto velho9fev2012

Por que razão as humanidades, por que razão a ciência, a arte, a literatura não nos deram nenhuma proteção diante do desumano? Por que podemos tocar Schubert à noite e cumprir o “dever”, no dia seguinte, matando no campo de concentração? Nem as grandes obras, nem a música, nem a arte, puderam impedir a barbárie total. Como era possível tocar Debussy, escutando os gritos daqueles que passavam pelas cercas de Munique, a caminho dos campos de morte de Dachau?

GeorgeSteiner