portifólio 1
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Publicação para portifólio do ElsonTRANSCRIPT
separata_topson1_2011:primeira 28/06/2011 10:14 Page 1
2 3Veculos nos Tratamentos Tpicos
dades emolientes e boa funo protetora, so oclusivas, mas, em
geral, tm pouca aceitao cosmtica devido viscosidade. So
ideais para uso em reas pequenas, leses secas e hiperceratticas.
A pomada de propilenoglicol, por exemplo, pode ser utilizada nos
casos em que no se deseja grande absoro dos ativos e que
estes permaneam na superfcie cutnea, como em antifngicos e
antibiticos tpicos.
As emulses (cremes e loes) so as mais conhecidas e
amplamente utilizadas. Os produtos deste grupo so compostos
por 3 fases: uma aquosa, uma oleosa e o emulsificante que unir as
outras 2 fases. Em geral, h necessidade de conservante no produ-
to acabado. Podem ser do tipo gua em leo (A/O), na qual part-
culas de gua esto dispersas em base oleosa, ou ainda leo em
gua (O/A), com as partculas de leo dispersas na base aquosa,
sendo a ltima com toque mais leve e cosmeticamente mais acei-
tvel. As loes so emulses A/O ou O/A fluidas. Alm de carrea-
rem os ativos, auxiliam na reparao dos lipdeos cutneos, devido
fase oleosa e ao emoliente. So boas para reas extensas por
sua fcil espalhabilidade e sensao de refrescncia.
Os gis so formados por partculas slidas hidroflicas, como
a resina e os derivados de celulose, dispersas em um lquido que
pode ser gua, propilenoglicol, lcool e que doam viscosidade para
o meio, formando um sistema estvel. So pouco oleosos, costu-
mam ser formadores de filme e, geralmente, promovem uma rpi-
da absoro do ativo. So ideais para reas pequenas, peles oleosas
e inflamadas. O veculo conhecido como serum um gel lquido.
Dentre as formulaes lquidas, as mais utilizadas so as solu-
es e as suspenses. A soluo uma mistura com padro homo-
gneo de uma ou mais substncias em lquido, que pode ser aquo-
so, alcolico ou oleoso. So ideais para uso em curativos midos e
reas pilosas. J a suspenso formada por duas ou mais fases dis-
tintas, com base lquida, na qual se encontra disperso o soluto que
nele no se mistura. As suspenses necessitam ser agitadas antes
do uso e as de base aquosa tm efeito secativo devido rpida eva-
porao da gua. So boas opes para eczemas e peles abrasadas.
As pastas so compostas por ativos em p dispersos em
base oleosa. Esta formulao confere ao produto uma caracters-
tica porosa, com grande capacidade de absorver gua, sendo
tima opo para reas exudativas como eczemas agudos e nos
ps-peelings. No devem ser alternativas para reas secas ou
onde no se quer ressecamento.
Alm das caractersticas descritas, especficas de cada classe
farmacutica, os produtos colocados nas formulaes dos vecu-
los, como a base oleosa escolhida, podem interferir na ao e na
cosmtica final dos produtos. Por exemplo, ao colocar numa emul-
so a fase oleosa rica em cidos graxos livres ou ainda colesterol,
tem-se uma base de grande auxlio para a recuperao dos lip-
deos naturais da barreira cutnea.
Outras substncias ainda podem ser acrescidas nos veculos
tpicos com o intuito de aumentar a permeao dos ativos. Dentre
eles esto os solventes como o etanol, o metanol e a acetona, que
promovem desarranjo nos lipdeos epidrmicos alterando a per-
meabilidade local.
Surfactantes, como o lauryl sulfato, necessrios na formao
das emulses, porm utilizados tambm para aumentar a absor-
o de ativos, retiram lipdeos da camada crnea criando ou
aumentando falhas pr-existentes na barreira cutnea. O propile-
noglicol, muito usado nas formulaes de veculos tpicos, possui
ao semelhante aos surfactantes sobre os lipdeos da barreira.
Substncias como detergentes podem, alm de atuar sobre os
lipdeos, alterar a estrutura dos ceratincitos. As alteraes da barrei-
ra epidrmica descritas acima resultam em maior absoro dos ati-
vos atravs do extrato crneo, assim como em maior perda de gua
transepidrmica. Essas alteraes devem ser consideradas para a
prescrio, em especial quando os produtos sero utilizados em
peles com algum grau de comprometimento de barreira, o que
ocorre em diversas patologias cutneas, como na dermatite atpica.
Assim, na escolha dos medicamentos e cosmticos de uso
tpico cutneo, deve-se ir alm da preocupao com as substn-
cias chamadas ativos. A escolha do veculo adequado para o ativo
desejado, para a regio anatmica de aplicao e para o tipo de
leso a ser tratada pode levar a um tratamento mais confortvel,
efetivo e, principalmente, mais seguro.
Referncias bibliogrficas
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ratamentos tpicos so muito utilizados na
prtica mdica diria. Entretanto, no
momento da escolha do produto a ser pres-
crito, a preocupao, em geral, limita-se aos
ativos e medicamentos presentes nas for-
mulaes: pouco se pensa no veculo do
produto escolhido. Por isso, comumente encontram-se trabalhos
nos quais esses veculos so considerados placebo na comparao
com o mesmo carreador contendo os ativos estudados.
Por definio, veculos so carreadores ou mediadores inertes
usados como solventes ou diluentes, nos quais os agentes ativos
medicinais so formulados ou administrados, ou seja, devem garan-
tir a entrega de ativo no local de ao em quantidade adequada e
pelo tempo necessrio (princpio da cedncia). Os veculos de usotpico possuem papel fundamental na absoro, tolerncia, biodis-
ponibilidade, ao e at mesmo na potncia dos produtos que eles
carreiam e, portanto, o termo inerte no se aplica a esses produtos.
As diversas apresentaes dos corticoides tpicos so uma
maneira simples de se demonstrar a importncia desses carreado-
res no produto final, uma vez que os diferentes veculos, como
pomadas, cremes ou gis, carreando a mesma molcula de ativo,
determinam potncias diferentes aos produtos finais. Por exemplo,
o furoato de mometasona a 0,1% em pomada considerado um
corticoide de alta potncia classe 2, enquanto o mesmo furoato de
mometasona a 0,1% em creme um corticoide de mdia potn-
cia, classe 4 (a classificao para os corticoides tpicos vai de 1 a 7,
sendo 1 os de maior potncia e 7 os de mais baixa).
Os veculos tpicos receberam pouca ateno por muitos
anos. Apenas a partir da dcada de 1980 comearam a ser estuda-
dos mais intensamente. Atualmente, so considerados compo-
nentes importantes nas formulaes, merecendo ateno especial
no desenvolvimento de produtos, com funes especficas no pro-
duto final. Este aperfeioamento visa otimizar a absoro, a libera-
o de ativos em alvos especficos (como derme, msculo e at
mesmo a circulao) e promover a reteno de determinada
droga, quando necessrio.
Outros fatores, alm dos veculos, podem influenciar a ao e
a absoro dos produtos de uso tpico, como as caractersticas do
local onde ser aplicado, a integridade da barreira cutnea, a hidra-
tao do local da aplicao, a presena de folculos pilosebceos e
ainda a solubilidades dos ativos e suas caractersticas prprias,
como tamanho de suas molculas e sua lipo ou hidrofilia.
As caractersticas do local de aplicao so fundamentais para
a escolha da apresentao do produto a ser prescrito. Leses mi-
das requerem o uso de medicamentos com veculos de grande
capacidade de absoro de gua, enquanto leses mais secas
necessitam de veculos com carga oleosa maior. Nas faixas etrias
extremas (idosos e crianas), o cuidado deve ser voltado para a
absoro dos ativos, que costuma estar aumentada nesses indiv-
duos. A mesma ateno deve ocorrer em reas de pregas naturais,
midas ou, ainda, locais que sofram ocluso, como a rea das fral-
das. Nessas reas, o aumento da hidratao do estrato crneo
pode levar maior permeabilidade dos produtos utilizados.
Portanto, diversos fatores devem ser avaliados na escolha do ve-
culo a ser prescrito, para que se possa ter sucesso na terapia esco-
lhida, otimizando os resultados e minimizando os efeitos adversos.
Os veculos
Existe uma grande quantidade de veculos tpicos disponveis
no mercado e muitos outros ainda viro. Para fins didticos,
podem ser divididos classicamente em: slidos (talcos e ps),
semisslidos (cremes e gis) e lquidos (solues e loes), ou
ainda, de acordo com suas caractersticas farmacolgicas, como
gis, emulses, pomadas, solues, talcos, etc.
Os talcos e ps possuem grande capacidade de absoro de
gua e so indicados para dobras, reas midas e secretantes. As
pomadas so constitudas por um ou mais ativos dispersos em
excipiente que no contm gua. Estes podem ser leos minerais
e vegetais, lanolina, vaselina, propilenoglicol, etc. Possuem proprie-
Veculos nos tratamentos tpicos
Tleogua
Disposio do emulsificante com as molculas de gua e leo, respectivamente.
Dra. Mariana Colombini ZaniboniDermatologista: Especialista em Dermatologia pela SBD e AMB
Fonte: arquiv