por uma educação pela não-violência · ação não violenta é a não cooperação ação não...
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Por uma Educação Pela Não-Violência
NÃONÃONÃONÃO----VIOLÊNCIA FAZ DIFERENÇAVIOLÊNCIA FAZ DIFERENÇAVIOLÊNCIA FAZ DIFERENÇAVIOLÊNCIA FAZ DIFERENÇA
Fascículo IV
Programa de Desenvolvimento Educacional
Adriane Valéria Kiszka Scheffer
Não Violência Faz Diferença
PDE
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Apresentação
Caros Professores e Professoras Este caderno pedagógico foi especialmente elaborado pensando em você
e no seu cotidiano de sala de aula, considerando seus saberes e sua
experiência profissional para atuar em uma realidade complexa e diversificada,
onde poderão aplicá-lo ou adaptá-lo de acordo com a realidade da escola onde
lecionam.
Este material é uma produção resultante dos estudos realizados no
Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE e visa a melhoria da
qualidade de ensino embasada no enfrentamento de uma das problemáticas
mais recorrentes no cotidiano de nossas escolas: a violência e a indisciplina
dos alunos.
O caderno pedagógico que ora lhe apresentamos faz parte de uma
coletânea de 4 (quatro) Cadernos Pedagógicos, elaborados sobre a mesma
temática e assim apresentados:
Fascículo I - Violência na escola: construção coletiva de um plano de
intervenção
Fascículo II – Discutindo conceitos de violência, indisciplina, incivilidade e
bullying
Fascículo III – Contratos pedagógicos e estatutos de convivência:
alternativas para o enfrentamento da violência e da disciplina na escola
Fascículo IV – Por uma educação pela não-violência
Este material não pretende esgotar o assunto um assunto tão complexo.
Tem como intenção, servir de referência e estímulo ao professor na grande
tarefa de conduzir os alunos ao conhecimento e a uma formação cidadã.
Desejo que você professor tenha excelentes resultados com a utilização
deste material didático na escola.
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Sumário
Introdução....................................................................4
Objetivos......................................................................5
Uma proposta curricular de educação para a paz...................6
A violência e suas manifestações na escola...........................8
Para trabalhar a cultura da paz.........................................13
Violência e meios de comunicação.....................................20
Sugestões de filmes.........................................................21
Líderes da paz................................................................22
Atividade modelo: Tsuru..................................................24
Dinâmicas de grupo.........................................................26
Dilemas morais...............................................................33
Sugestões de atividades diversas.....................................39
Referências Bibliográficas.................................................46
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Introdução
“ O primeiro princípio da “ O primeiro princípio da “ O primeiro princípio da “ O primeiro princípio da ação não violenta é a não cooperação ação não violenta é a não cooperação ação não violenta é a não cooperação ação não violenta é a não cooperação
com tudo que é humilhante”com tudo que é humilhante”com tudo que é humilhante”com tudo que é humilhante”
MAHATMA GANDHI
A nossa expectativa é que este
esforço seja parte de uma educação
para a não violência, o respeito mútuo
e a tolerância, ajudando o jovem a
ajuizar de forma autônoma, crítica e
ética, contribuindo assim para a
difusão de uma cultura de paz.
Observa-se hoje uma crescente
preocupação da sociedade como um
todo com o fenômeno da violência
urbana e sua banalização. Sendo
assim, a paz parece um horizonte
muito longínquo e até utópico.A
primeira dificuldade reside em definir
o que se entende por violência e por
paz. A dimensão que mais ganha
espaço em jornais identifica a
violência como sendo criminalidade
e/ou agressão física. Para outros, a
violência é considerada tão
abrangente que até conflitos de
opinião são considerados como sendo
manifestações de violência . No plano
físico, psicológico ou ético sua marca
constitutiva é a tendência à
destruição, ao desrespeito e à
negação do outro. Da mesma forma o
conceito de paz mostra-se amplo e
dimensional e caracteriza-se como
sendo uma das necessidades mais
urgentes de nossa realidade.
O fenômeno violência também
ocorre na escola, onde professores e
alunos vivenciam cotidianamente
várias formas de violência.
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Objetivos
� Averiguar quais são os tipos de violência que afloram no meio escolar.
� Assumir a não-violência como referencial de toda a ação de prevenção à
violência.
� Capacitar a escola para constituir-se núcleo e centro promotor da cultura
de paz e da não violência.
� Aprimorar as relações humanas na comunidade escolar.
� Fortalecer espaços democráticos no sistema escolar.
� Fortalecer a cidadania e a mobilização social na linha da paz, não-
violência e direitos humanos.
� Elaborar projetos de Prevenção à violência no meio escolar, tendo como
referência a cultura da paz e não-violência.
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Uma Proposta Curricular de
Educação para a Paz
Estamos vivendo grandes
mudanças globais no planeta, o que
afetará nosso comportamento, nossos
valores e nossas ações e
consequentemente a educação.
Paz não é apenas a inexistência
de divergências e conflitos. As
diferenças, as divergências e os
conflitos fazem parte da diversidade
que caracteriza todas as espécies.
Cada indivíduo é diferente do outro. A
educação é uma estratégia para se
atingir o estado de paz total. A
educação é algo mais que o
desenvolvimento de programas. É na
escola que o indivíduo será motivado
e sensibilizado para observar
criticamente tudo, para socializar seu
conhecimento e seu comportamento
ajustando-se ao grupo.
Você já parou para pensar em como
trabalhar os conflitos na escola?
Como educadora acredito que o
trabalho comportamental na escola é
imprescindível pela sua importância
na criação de um ambiente apropriado
de aprendizagem. Comportamento na
escola diz respeito tanto a professores
quanto a alunos porque está
intimamente relacionado à efetividade
da aprendizagem. A aprendizagem
acontece em sala quando o tempo
disponibilizado para ela é usado para
isso. Quando o tempo é desperdiçado
com alunos cujos comportamentos
não estão com o foco na aula, menos
tempo se tem para ensinar e
aprender.
Outra faceta da educação do
comportamento na escola está
relacionada a uma formação que
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favoreça o exercício de deveres.
Educar crianças e jovens com essa
prática é trabalhar com uma das
condições para o exercício de uma
cidadania responsável.Ou seja, assim
como educamos com o saber escolar,
educamos com medidas de orientação
ou repreensão que ajudem nossos
alunos a pensar a respeito de suas
condutas, podendo levá-los a
perceber quais foram as razões que
ocasionaram um comportamento
inadequado.
PARA REFLETIR
Registre no espaço abaixo suas primeiras impressões sobre estas questões.
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Educar com limites é exercitar o direito ao respeito, que deve haver no
plano da convivência escolar.Procure identificar, a partir da sua experiência
docente, os problemas de violência que ocorrem em sua escola.
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Agora que você já refletiu vamos estudar mais sobre a temática que
norteará o trabalho a ser desenvolvido no interior da escola.
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A Violência e suas
Manifestações na Escola
Um dos fatores que determina
hoje, o crescimento da violência no
âmbito escolar é sua relação com a
desigualdade social, ou seja, sua
dimensão estrutural. Problemas como
fome, miséria stress, desemprego,
faltas de condições dignas de
sobrevivência, falta de acesso a saúde
e educação têm sido relacionados a
violência que atinge o meio escolar.
Vivemos em uma sociedade onde
é nítido o enfraquecimento das formas
de relacionamento causado pelo
sentimento individual de apatia em
relação à vida social; ausência de
utopias; perda do sentido de viver,
falta de solidariedade e ausência de
parâmetros do que é certo e do que é
errado, além da inversão de valores
morais.
Estando a violência presente na
rua, nas relações de trabalho, na
família, na mídia, nos desenhos
infantis, não seria de se esperar que
ela estivesse ausente no espaço
escolar.Pais e educadores manifestam
preocupação com sua marcante
incidência no interior de nossas
escolas.
Uma primeira constatação se
destaca: mudou a escola e mudou a
professora. “A escola era vista
enquanto instrumento de ascensão
social, o professor possuía status
como mediador dessa ascensão, a
escola era fonte privilegiada de
informações “(Fávero, 1997, p.32).
Mas como está a escola hoje?
Baixo investimento do Estado no que
se refere a educação; falta de
políticas educacionais; desvalorização
do magistério; fragmentação na
formação de professores; problemas
salariais; o mal estar presente nos
docentes; a desvalorização da cultura;
o avanço tecnológico, geraram uma
grave crise de identidade da escola. E
qual é seu papel social?
Para os pais a expectativa
continua sendo a de que a escola
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proporcione às crianças e aos jovens
o acesso a uma vida melhor, através
de suas funções clássicas: a
transmissão dos saberes
historicamente construídos e de uma
disciplina que lhe seja útil para o
desempenho de uma profissão no
futuro.
Porém cresce a distância entre as
expectativas dos pais e a realidade
vivenciada pelos alunos.
Esta crise de identidade das
escolas é reforçada quando se
conjuga a ela a crise de valores
presente na atual sociedade e no
cotidiano da escola. A crise dos
modelos de comportamento, o
desenraizamento cultural, afetivo e
religioso afetam significativamente o
trabalho que se realiza no interior da
escola e estão na origem de uma
cultura da violência.
No interior das escolas, esta
cultura da violência emerge como
uma forma não explícita de resistência
ao julgamento escolar e/ou protesto
contra o mau exercício pelo adulto de
sua função. O sistema escolar,
através de uma prática que privilegia
o desempenho individual coloca o
sujeito, a uma situação de solidão e
competição, onde a avaliação dos
resultados escolares e as notas,
constitui um ponto de conflitos
significativos no cotidiano escolar.
Segundo Maria das Graças C. de
A. Nascimento, membro da equipe
dos Direitos Humanos Educação e
Cidadania da Novamérica- Rio de
Janeiro, os atos de violência no
espaço escolar podem ainda estar
relacionados à baixa qualidade de vida
em termos de infra-estrutura. O
estado de abandono e precariedade
que se encontra a grande maioria das
escolas públicas pode estar
relacionada com manifestações de
violência e depredação. Como podem
educadores e alunos sentirem-se
valorizados e respeitados, se o
ambiente em que trabalham e
estudam está abandonado? ( Fonte:
HTTPS dhnet.org.br.)
Recorrer a violência significa
abrir mão de tudo o que aprendemos
e conquistamos durante um processo
milenar de civilização( Lia Diskin e
Laura Gorresio Roizman).
O problema com a passagem dos
parâmetros morais é que nossa
crença nos valores se dá em termos
abstratos, na sua transmissão se faz
nas miudezas do cotidiano, e muitos
de nossos atos desmentem nossas
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palavras. Os pais querem que os
filhos sejam íntegros, mas trapaceiam
nos jogos para deixá-los ganhar sob o
pretexto de estimular a auto estima.
Com isso, além de transmitirem a
mensagem de que a trapaça é válida,
perdem a oportunidade de ensinar a
criança a jogar. Os pais querem que
os filhos sejam responsáveis, mas
permitem que eles vivam sob uma
prática cotidiana que transforma a
bagunça e sujeira de seus quartos em
limpeza e ordem. Muitos pais
confundem violência com capacidade
de liderança: o filho rebelde “sabe o
que quer”, “tem personalidade”.
Outros ainda utilizam a força para
punir ou coagir sem se dar conta de
que, independentemente da intenção
ou intensidade do castigo físico, ao
dar um tapa em uma criança, um
adulto ensina que a violência é uma
forma legítima de resolver um
problema. Alguns pais, por não tolerar
a frustração dos filhos, não colocam
limites claros e coerentes, esquecem
que a frustração é parte da vida, e
não uma falha no processo de
desenvolvimento.
A escola tem um papel
importante.Cabe a ela traduzir as
normas que regem o convívio humano
e a bagagem cultural acumulada ao
longo das gerações de modo que a
criança possa compreendê-las e
utilizá-las. Pelo professor passa mais
do que informação:com base em sua
postura em sala de aula, os alunos
absorvem o seu código de ética
(Fonte: Revista Cláudia – denúncia –
Jovens perversos e sem limites,
agosto de 2007).
Educar para a Paz e
a Não-Violência
O paradigma da cultura da paz e
da não-violência propõe mudanças de
consciência e comportamento tanto
de parte de indivíduos como de
instituições, inspiradas em valores de
paz. Trata-se de um modelo que
valoriza a prevenção, colocando
ênfase em valores universais como a
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paz, a diversidade, o respeito e a
empatia.
O sistema educacional tem uma
responsabilidade especial nesse
processo. Se, por um lado, é
fundamental não ceder a tentação de
colocar a responsabilidade pela
transformação da sociedade nos
ombros da educação ou de considerar
que as injustiças sócio-econômicas
poderão ser solucionadas por um
ensino de qualidade, por outro lado, é
inegável o papel crucial que a escola
desempenha na formação intelectual
e moral das novas gerações.
Construir a paz ou aceitar a
violência é uma escolha da qual não
podemos nos omitir. De nossa decisão
dependerá a qualidade de vida que
nós e nossos filhos experimentaremos
daqui a cinqüenta anos. Aceitar a paz
e desconstruir a violência são o
desafio que se coloca perante cada
um- em sua vida pessoal, relações
familiares, papel profissional e
participação cívica.
Precisamos redefinir o conceito
de cidadania. Enquanto entendermos
cidadania apenas como cobrar direitos
e exigir que o governo resolva os
problemas que afetam a sociedade,
estaremos nos restringindo a uma
cidadania reativa. Enquanto se
propagar uma cidadania reducionista
que se limita a “não jogar lixo no
chão”, “não furar a fila”, não
estaremos contribuindo para a
transformação social. A conquista da
paz só será possível quando
exercermos uma cidadania proativa,
uma postura de vida do indivíduo
caracterizada pelo exercício
consciente de seus direitos e deveres,
pela participação ativa nos processos
de busca de melhorias coletivas e pela
responsabilidade para com tudo aquilo
que afeta a sua vida e/ou a vida de
outras pessoas.
Ser um cidadão de paz é muito
mais do que não ser um indivíduo
violento. Fazer o bem é algo
infinitamente maior do que não fazer
o mal. Não praticar atos violentos é o
mínimo que se espera de qualquer
pessoa que pretenda viver em
sociedade. Praticar a paz é viver,
construir e ensinar a paz, pois ela só
será alcançada se cada cidadão,
família, organização e comunidade se
engajar ativamente na construção de
relações baseadas no respeito,
unidade, na diversidade e empatia.
Necessita-se ainda, de um amplo
debate com o objetivo de redefinir o
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papel da educação escolar, o que
certamente poderia contribuir para a
superação da atual crise de identidade
da escola. Construir um caminho que
busque reforçar a função formadora
da escola, voltada para a
aprendizagem escolar, concebida
como um dos instrumentos de
formação cultural e inclusão social e
para a construção do sujeito ético,
político e social, constitui certamente,
um grande desafio para a sociedade
e, em especial, para educandos e
educadores.
No que se refere ao trabalho que
se realiza no interior da escola,
promover uma educação que enfatize
os valores humanos e sociais, a
resolução de conflitos através do
diálogo e a construção da justiça
constitui um passo importante para se
enfrentar com determinação os
desafios e superar a violência escolar.
Vivenciar valores como a amizade, a
justiça, exercitar o diálogo e a
participação nas diferentes instâncias
escolares, cuidar do espaço físico e
dos materiais escolares, promover
atividades extra-classe, intensificar as
relações com as famílias, zelar pelo
bom relacionamento interpessoal,
garantir espaços de reflexão coletiva
sobre prática educativa constituem
algumas das estratégias pedagógicas
para o enfrentamento da violência
escolar e a construção da paz.
Cabe ressaltar mais uma vez a
importância de se voltar o trabalho
pedagógico para a construção de um
ser social dotado da capacidade de
falar, como principal estratégia para a
resolução dos conflitos. O diálogo
deve ser considerado como
instrumento privilegiado para diminuir
manifestações não verbais de
violência. (MILANI, 2000,P. 51-57).
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Para Trabalhar a
Cultura da Paz � O QUE É O MANIFESTO 2000?
O Manifesto 2000 por uma
Cultura de Paz e Não-Violência foi
escrito por um grupo de Prêmios
Nobel da Paz, com o fim de criar um
senso de responsabilidade que se
inicia em nível pessoal - não se trata
de uma moção ou petição endereçada
às altas autoridades.
É responsabilidade de cada um
colocar em prática os valores, as
atitudes e formas de conduta que
inspirem uma cultura de paz. Todos
podem contribuir para esse objetivo
dentro de sua família, de seu bairro,
de sua cidade, de sua região e de seu
país ao promover a não-violência, a
tolerância, o diálogo, a reconciliação,
a justiça e a solidariedade em atitudes
cotidianas.
O Manifesto 2000 foi lançado em
Paris no dia 04 de março de 1999 e
está aberto para assinaturas do
público geral em todo o mundo. Para
assinar, basta acessar o site
http://www.unesco.org/manifesto200
0 ou enviar o seu compromisso
pessoal a um dos Escritórios da
UNESCO no mundo.
A grande meta é apresentar 100
milhões de assinaturas à Assembléia
Geral das Nações Unidas em sua
reunião da virada do milênio em
Setembro do ano 2000.
� MANIFESTO 2000 - O TEXTO
Reconhecendo a minha cota de
responsabilidade com o futuro da
humanidade, especialmente com as
crianças de hoje e as das gerações
futuras, eu me comprometo - em
minha vida diária, na minha família,
no meu trabalho, na minha
comunidade, no meu país e na minha
região - a:
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Respeitar a vida e a dignidade de
cada pessoa, sem discriminação ou
preconceito;
Praticar a não-violência ativa,
rejeitando a violência sob todas as
suas formas: física, sexual,
psicológica, econômica e social, em
particular contra os grupos mais
desprovidos e vulneráveis como as
crianças e os adolescentes;
Compartilhar o meu tempo e
meus recursos materiais em um
espírito de generosidade visando o fim
da exclusão, da injustiça e da
opressão política e econômica;
Defender a liberdade de
expressão e a diversidade cultural,
dando sempre preferência ao diálogo
e à escuta do que ao fanatismo, a
difamação e a rejeição do outro;
Promover um comportamento de
consumo que seja responsável e
práticas de desenvolvimento que
respeitem todas as formas de vida e
preservem o equilíbrio da natureza no
planeta;
Contribuir para o
desenvolvimento da minha
comunidade, com a ampla
participação da mulher e o respeito
pelos princípios democráticos, de
modo a construir novas formas de
solidariedade.
Quando olhamos de perto a vida
de grandes personalidades, líderes,
mulheres e homens solidários que
realizaram o bem para a humanidade
podemos perguntar: como fizeram
tudo isso?
Nasceram assim? Estavam
sozinhos? É bem provável que essas
pessoas nem imaginavam que
chegariam onde chegaram. Entretanto
é certo que elas acreditaram,
persistiram.
O que aprendemos com as
histórias dos outros? Por que nos
identificamos com algumas delas?
Ficamos contentes em compartilhar,
mesmo seguindo caminhos diferentes
e estando em outro lugar. Todos nós
temos uma história. Expectativas,
interesses o que contar e quando
contar são importantes. Todas as
histórias de vida fazem sentido e é
fundamental, em qualquer
comunidade que elas se revelem, que
se realizem.
De que forma podemos ficar
envolvidos em situações tão intensas
como as retratadas por alguns filmes?
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A Educação para
a Paz
Na atualidade, a educação
enfatiza o desenvolvimento cognitivo
e algumas habilidades físicas, não se
preocupando em despertar boas
qualidades humanas existentes no ser
nem em explorar suas
potencialidades.
A ciência e a tecnologia
avançaram , melhorando as condições
da vida humana, porém o ser humano
é fruto de uma educação
fragmentada, que por sua vez, se
reflete na realidade da violência que
atinge indistintamente todas as
camadas sociais. Não deixa ninguém
imune a seus efeitos, pois estamos
imbuídos em uma crise de valores.
A violência nos espreita nas
escolas, nas ruas, no trânsito, nos
locais de lazer, na mídia e até mesmo
em casa. Somos invadidos por
flagrantes de intolerância, frieza e
absoluta transgressão de princípios
éticos e morais.
Os jovens estão perdidos, não
possuem parâmetros de certo e
errado, não têm limites nem
responsabilidades.
Segundo Mesquita (2003, p.27),
quando questionamos a violência
juvenil e familiar, devemos
compreender que isso é um reflexo da
formação recebida, da inversão de
valores a que nos habituamos e quem
tem acatado a desestruturação
familiar, a falta de respeito pelo outro,
o desconhecimento de limites e a
ausência de disciplina.Se a educação
formal enfatiza o desenvolvimento
intelectual sem preocupar-se com o
cultivo das qualidades humanas, os
meios de comunicação levam os
indivíduos a modos padronizados de
pesar, de agir, de consumir.
Segundo a UNESCO, a idéia
central da paz está fundada em:
- respeito à vida e aos direitos
humanos;
- promoção de igualdade entre
homens e mulheres;
- liberdade de expressão;
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- compromisso de resolver
pacificamente conflitos;
- promoção do desenvolvimento
entre os povos.
A PAZ SE CRIA E SE CONSTRÓI A PAZ SE CRIA E SE CONSTRÓI A PAZ SE CRIA E SE CONSTRÓI A PAZ SE CRIA E SE CONSTRÓI COM A SUPERAÇÃO DAS COM A SUPERAÇÃO DAS COM A SUPERAÇÃO DAS COM A SUPERAÇÃO DAS
REALIDADES SOCIAIS REALIDADES SOCIAIS REALIDADES SOCIAIS REALIDADES SOCIAIS PERVERSAS. A PAZ SE CRIA E PERVERSAS. A PAZ SE CRIA E PERVERSAS. A PAZ SE CRIA E PERVERSAS. A PAZ SE CRIA E
SE COSE COSE COSE CONSTRÓI COM A NSTRÓI COM A NSTRÓI COM A NSTRÓI COM A EDIFICAÇÃO INCESSANTE DA EDIFICAÇÃO INCESSANTE DA EDIFICAÇÃO INCESSANTE DA EDIFICAÇÃO INCESSANTE DA
JUSTIÇA SOCIAL.JUSTIÇA SOCIAL.JUSTIÇA SOCIAL.JUSTIÇA SOCIAL.
(PAULO FREIRE, 1986).
Sobre a Paz
A paz é o alicerce da felicidade
do homem. Ela advém da eliminação
da desordem interior criada pelos
estímulos dos sentidos, emoções e
pela formação sucessiva e não
seletiva de pensamentos e desejos.
Nossa mente pode ser nossa principal
aliada na construção da paz interior,
mas também o nosso mais sério
obstáculo a ser transposto.
Disciplinada, é o ponto de equilíbrio
entre a personalidade e o espírito.
Desorientada, fonte de inquietações,
pensamentos inúteis e desgastantes
que corroem a paz interior. Na paz é
que se processam as transformações
de nossa personalidade. Enquanto
valor absoluto, é a bem-aventurança
divina (MARTINELLI, 1998,p.89).
Alcançamos a paz quando
conseguimos controlar as oscilações
emocionais e harmonizar os fluxos de
energia treinando a mente a se
aquietar.
Em uma concepção positiva a
paz é entendida como respeito
fundamental à vida; paz como
contrário de violência e como
exercício e resolução não violenta dos
conflitos.
Mesquita(2003,p.60) estabelece
os subvalores da paz e suas
definições:
SILÊNCIO INTERIOR- é esvaziar a
mente e deixar fluir a energia que
vem do coração, que é a voz de Deus.
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CALMA- é a serenidade obtida com o
aquietamento da mente e o mergulho
profundo em nosso interior.
CONTENTAMENTO- é o sentimento de
alegria. Por meio do
autoconhecimento e do encontro da
paz interior, aprendemos a conhecer o
verdadeiro estado de contentamento.
TRANQUILIDADE- é a conquista do
equilíbrio interior.
PACIÊNCIA- é a capacidade de
esperar com tranqüilidade. Ela brota
do amadurecimento do ser e da
clareza da mente. Não deve ser
confundida com lentidão.
AUTOCONTROLE- é o domínio dos
nossos impulsos e atos inferiores.
TOLERÂNCIA- é a tendência a admitir
modos de pensar, agir e sentir
diferentes do nosso. Ser tolerante
exercita nossa capacidade de amar o
próximo, ajuda a superar o egoísmo .
tolerar não é suportar, é compreender
e respeitar.
CONCENTRAÇÃO- é a atenção no que
se está fazendo em dado momento. A
concentração da mente em
determinado ponto leva à
compreensão e a vivências profundas.
AUTO-ACEITAÇÃO- é viver sem
culpas, é o fruto da coragem de
vencer nossa ignorância. É a
consciência de que temos dons e
podemos contribuir com o
crescimento de todos.
AUTO-ESTIMA- é a valorização de si
mesmo, imprescindível para a
evolução humana. Sem a auto estima,
o indivíduo despreza as oportunidades
que a vida lhe oferece, vendo tudo
negativamente.
DESPRENDIMENTO- é estar liberto,
em total desapego. O apego estreita a
mente e restringe o amor. Já o
desprendimento se alcança quando se
vive em harmonia com os aspectos
materiais e espirituais. Sem o
desprendimento, não há
transformação.
AUTOCONFIANÇA- é a fé em si
mesmo, a energia que impulsiona no
caminho da vitória, ultrapassando-se
as dificuldades e as fraquezas. Só
pode ter fé em Deus aquele que tem
fé em si mesmo.
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Sobre a
Não-Violência
A consciência da não-violência
corresponde ao estágio máximo da
evolução humana, pois se expressa no
relacionamento compreensivo e
harmoniosos com tudo e com todos,
dos amigos e parentes e todas as
criaturas do planeta. A prática desse
conceito se dá proporcionando aos
estudantes o aprendizado capaz de
valorizar e proteger as próprias
qualidades e respeitar as do próximo.
Não-violência é a abstinência de
ferir por pensamento, palavra ou
ação. (MESQUITA, 2003, p. 72).
Mesquita (2003, p. 73)
estabelece os subvalores da não-
violência e suas definições:
COOPERAÇÃO- é fazer em conjunto,
trabalhar por algo comum.
FRATERNIDADE- é o reconhecimento
de que todos têm a mesma origem
divina e os anseios são basicamente
os mesmos.
ALTRUÍSMO- é a vitória sobre o
egoísmo. É a satisfação de realizar
algo sem a preocupação de satisfazer
o ego.
RESPEITO A CIDADANIA- é a
consciência de que nosso bem estar
está ligado ao bem estar social.
CONCÓRDIA- é a apreciação lúcida e
paciente de uma opinião ou situação.
FORÇA INTERIOR- é o cultivo dos
valores humanos, que fortalece o
caráter do ser. E também a
manifestação consciente do Deus
interno.
UNIDADE- é a consciência da
interdependência em relação ao todo.
Tudo interage e se comunica,
ninguém vive isolado.
PATRIOTISMO- é o amor pela terra
em que vivemos e o oferecimento de
nossos dons para o crescimento e o
desenvolvimento dela.
RESPONSABILIDADE CÍVICA- é a
colaboração ativa com o crescimento
de uma nação, quer como indivíduo,
quer como empresa, quer como
organização governamental. É uma
alternativa positiva e crítica ao
sistema e da omissão, que nada
resolvem.
SOLIDARIEDADE- é a identidade de
sentimentos com nosso semelhante.
RESPEITO À NATUREZA- é a
consciência da importância de todas
as forma de vida e da
interdependência delas.
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RESPEITO ÁS RELIGIÕES- é o
despertar do respeito às diferenças, a
abertura para novos conhecimentos,
que não dá espaço ao julgamento.
USO ADEQUADO DO TEMPO- é
aproveitar todo momento como se
fosse único, executando-se as
atividades de acordo com o tempo
proposto pela natureza.
USO ADEQUADO DO DINHEIRO- é a
consciência de que o dinheiro deve
circular. Ele gera possibilidade e não
pode ser usado como instrumento de
poder, ganância nem desperdício. Não
deve ser o objetivo principal de uma
realização.
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Atividade: Violência e Meios de Comunicação
A violência está presente em toda parte. Atinge uma ideologia de massa
através da mídia. Muitas vezes o comportamento vivenciado pelo aluno reflete
situações transmitidas pelos meios de comunicação, pois não existe um filtro
selecionador dos programas considerados educativos.
- Relacionar os programas de televisão que os alunos assistiram durante a
semana e realizar uma discussão enfatizando situações de violência
registradas.
Questões para discussão:
1- Quais programas retrataram situações de violência? Quais retrataram
situações de paz?
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2- Quais as influências dessas imagens em nossa saúde individual, familiar
e coletiva?
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Sugestões de Filmes
Com relação à mídia, está muito
associado a violência. A visão crítica
dos filmes parece merecer maior
atenção dos educadores, haja visto
ser um veículo presente na
atualidade. Vale a pena utilizar-se de
alguns desses filmes que retratam a
problemática citada.
1- GANDHI - a vida de Gandhi,
desde seu trabalho como advogado na
África do Sul até a independência da
Índia.
2- BANGUE BANGUE VOCÊ
MORREU - conta a história de um
estudante vítima de bullying e de uma
traumatizante perseguição que é
percebida por um professor e
solucionada através de uma peça de
teatro.
3- TIROS EM COLUMBINE – de
Michael Moore, documentário que
discute as causas do trágico
acontecimento em que dois
estudantes da cidade de
Littleton(EUA), mataram a tiros doze
estudantes e um professor de sua
própria escola. Aborda também a livre
posse de armas em vários estados
americanos.
4- MENINAS MALVADAS – de
Mark S. Waters, aborda o tema
bullying. Ao retornar à sua cidade
natal, uma garota sente na pele o mal
que a língua venenosa de suas novas
colegas pode causar.
5- NUNCA FUI BEIJADA – de
Raja Gosnell, aborda o tema bullying.
Aos 25 anos, Josie é um gênio na
redação do jornal onde trabalha, mas
um fracasso na vida pessoal. Seu
maior trauma é nunca ter recebido
um “beijo de verdade”. Porém uma
reportagem transforma sua vida num
pesadelo. Para traçar o perfil dos
jovens de hoje, ela deverá se fazer
passar por uma adolescente e voltar
ao colegial. Nessa prova de fogo, ela
enfrentará traumas do passado e
descobrirá uma nova pessoa dentro
de si.
Não Violência Faz Diferença
PDE
22
Líderes da Paz
Na História temos dois exemplos
de compromissos com a liberdade e
com a justiça sem apelo a força física:
Mahatma Gandhi e Martin Luther
King. Cada um deles em contextos
sócio-políticos e geográficos distintos,
enfrentou a opressão, a humilhação e
a mentira. Cada um escolheu, à sua
maneira, métodos não-violentos de
libertar seus povos, restabelecer o
direito e encontrar saídas para o
convívio pacífico. Esses homens
provocaram transformações
irreversíveis porque suas propostas
não eram destruir o opressor, e sim
libertar as pessoas da opressão.
Gandhi costumava dizer: ”Pode-
se garantir que um conflito foi
solucionado segundo os princípios da
não-violência se não deixa nenhum
rancor entre os inimigos e os converte
em amigos”.
Não é fácil dominar a própria
violência, até porque não é fácil
reconhecer que somos potencialmente
violentos- seja em pensamentos,
gestos ou omissões. Sempre
arranjamos boas justificativas para
nossas atitudes.Ao agredir alguém,
damos a essa pessoa o direito de nos
agredir também.A violência nem
sempre tem um alvo preciso ou um
agressor identificável.
Há violência nos preconceitos que
impedem uma pessoa de exercer seus
direitos e desenvolver suas
potencialidades pelo simples fato de
ter uma raça, uma cultura, uma
condição social.
Há violência nos sistemas
políticos e econômicos que reforçam
disparidades de oportunidades,
gerando exclusão, desemprego,
miséria e indignidade.
Há violência nos desvios de
recursos públicos que deveriam
promover plena sociabilidade.
Há violência nos discursos que
domesticam e criam resignação,
desencorajando qualquer proposta
nova de organização social e de uma
cidadania ativa e responsável.(LIA
DISKIN E LAURA GORRESIO
ROIZMAN).
23
Para Refletir
Muitos líderes trabalharam em prol da paz como Gandhi e Luther
King.Registre no espaço abaixo outras pessoas (próximas, famosas ou
conhecidas) com o mesmo ideal de pensamento.
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Atividade Modelo: Dobradura Tsuru (garça, em japonês)
Objetivo
Através da técnica do origami
(dobradura), levar os alunos a
reconhecerem a importância de um
dos símbolos da paz para transmitir
uma mensagem de generosidade para
a comunidade escolar, além de tornar
o ambiente alegre e significativo).
O tsuru é um dos mais
conhecidos símbolos da paz. Segundo
a antiga tradição oriental, fazer mil
garças em origami é um ato de
esperança. Daí surgiu o hábito de
fazer uma corrente de Tsurus para
realizar desejos: a recuperação de um
doente, a felicidade no casamento, a
entrada para a universidade, a
conquista de um emprego.
A primeira referência sobre essa
tradição foi encontrada no livro
Senbazuru Orikata ( Dobradura de mil
garças), de Ro Ko An, publicado em
1797.
Mas foi uma menina chamada
Sadako Sassaki que imortalizou a
corrente dos mil tsurus como símbolo
eterno de paz e harmonia. Sadako
nasceu em Hiroshima logo após a
cidade ter sido atingida por uma
bomba nuclear, na Segunda Guerra
Mundial. Por causa das radiações,
essa garotinha adquiriu uma doença
fatal. Aos dez anos, ao saber da lenda
do tsuru, ela decidiu fazer mil
pássaros de dobradura para ter saúde
suficiente para viver. Mas, quando
chegou no pássaro de número 964,
Sadako morreu. Foram seus amigos e
parentes que terminaram a corrente.
A dobradura Tsuru é bastante
fácil de fazer, siga as instruções: ( LIA
DISKIN E LAURA GORRESIO
ROIZMAN).
Material
- Folhas de papel quadradas e
barbante
Não Violência Faz Diferença
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Não Violência Faz Diferença
PDE
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Dinâmicas de Grupo
Segundo Weil (1967), dinâmica
de grupo é expressão utilizada pela
primeira vez por Kurt Lewin em seus
estudos sobre democracia e
autocracia. Esses estudas visavam a
obter conhecimentos sobre a
natureza, origem e evolução dos
grupos, sobre as relações entre
indivíduos e grupos e sobre a
influência das coletividades,
sociedades e culturas.
Neste trabalho, as dinâmicas de
grupo podem ser entendidas como
procedimentos que envolvem ações
educativas realizadas com grupos de
alunos, visando a favorecer a
emergência de interação social
contrutiva, baseada na comunicação,
cooperação, confiança, reciprocidade,
respeito mútuo responsabilidade.
Precisamos fazer exercícios para
manter o corpo em forma, da mesma
forma que precisamos manter nossos
relacionamentos em forma,
precisamos ouvir, trocar experiências,
crescer juntos, interagir.(LIA DISKIN
E LAURA GORRESIO ROIZMAN).
Resolver problemas comuns em
busca de uma cultura da paz.
Algumas dinâmicas de grupo
podem “dar uma força” neste
processo. Aqui estão sugestões de
dinâmicas cujo objetivo é levantar
problemas vivenciados pela
comunidade escolar e a busca de
soluções.
Compartilhar experiências com
pessoas diferentes nos lança um
grande desafio: aproveitar a chance
de preparar o terreno para que
floresçam a solidariedade e a
compreensão mútua.
O objetivo desse programa é
apontar possibilidades de estimular
em crianças e adolescentes a
capacidade para resolver problemas
de forma competente, isto é,
comp0ortar-se construtivamente em
momentos de conflito, ajudando-os a
renunciar à violência, desenvolvendo
a capacidade de diálogo e a busca
conjunta na solução dos problemas.As
dinâmicas são apenas sugestões que
devem ser recriadas para as situações
Não Violência Faz Diferença
PDE
27
específicas que ocorrem em sala de
aula ( GONÇALVES, 2005,p.643).
Técnicas
Algumas sugestões para se
trabalhar Dinâmicas de grupo no
ambiente escolar são propostas por
Lia Diskin e Laura Gorresio Roizman,
com o objetivo de resolver os conflitos
sem violência e respeitar a diferença
de opiniões, onde a meta final é criar
um ambiente onde predominem a
cooperação, a comunicação e a
tolerência.
Duplas
Bate papo para grupos com
participantes em número par. Cada
um escolhe uma pessoa do grupo
(não vale pegar o amigo, tem que ser
alguém desconhecido ou a quem se
deseja conhecer melhor) até todas as
duplas estarem compostas. Então as
duplas conversam durante cinco
minutos. Depois o monitor pede a
todos que formem um círculo e cada
um apresenta o colega, dizendo o seu
nome e contando, em poucas
palavras, o que ficou sabendo a
respeito do colega.
Criando Laços
Brincadeira que descontrai e
aproxima... de fato. Os participantes
ficam em círculo, de mãos dadas. O
monitor corta a roda em um ponto e
uma das pessoas das pontas será a
“agulha” que vai “costurar”. Os
demais são o “fio”. Sempre com todos
de mãos dadas, a agulha começa a
entrelaçar as pessoas passando por
baixo dos braços atados e
ziguezagueando pra lá e pra cá.
Quando o grupo estiver bem
embolado, o ultimo começa a desfazer
os nós, voltando ao círculo inicial.
Tempestade Cerebral
Além de promover a
solidariedade no grupo, essa atividade
gera muitas idéias ou soluções para
problemas imaginários ou dificuldades
vividas pela comunidade. Durante a
dinâmica, é melhor evitar críticas e
avaliações, até o momento oportuno.
O exercício dura mais ou menos uma
hora. Forma-se um grupo grande ou
diverso grupo de seis pessoas. O
monitor apresenta um problema a ser
resolvido. Por exemplo: vai acabar a
Não Violência Faz Diferença
PDE
28
energia elétrica no bairro. Como
podemos nos auxiliar uns aos outros?
O grupo tem 15 minutos para
pensar em problemas engraçados,
reais ou imaginários e dar suas
sugestões. Mas atenção: não pode
haver críticas durante toda a
atividade. E quanto mais criativa e
inusitada a solução melhor. Deseja-se
o maior número possível de idéias.
Passado o tempo estabelecido, o
grupo faz a avaliação das idéias e
escolhe as mais oportunas. Se houver
vários grupos, o monitor pede que
seja organizada uma lista única.
Forma-se, então, o plenário. O
objetivo é falar das melhores idéias e
formar uma pirâmide cujas bases
serão as propostas mais viáveis. O
monitor pode encerrar a atividade
com uma reflexão sobre a importância
do grupo na solução de problemas
que parecem insolúveis, quando
pensamos nele isoladamente.
Jogo da Solidariedade
Antes de iniciar a atividade, o
monitor coloca as cadeiras (em
número par)formando um círculo.
Debaixo do assento de algumas,
coloca um papel descrevendo alguma
atividade que deve ser assumida pelo
ocupante da cadeira: cuidar de uma
criança; alimentar um doente; ajudar
um idoso a atravessar a rua; consolar
uma pessoa triste; etc. Quando todos
os participantes estiverem sentados, o
monitor pede que procurem os papéis
debaixo de suas cadeiras. Os
participantes formam duplas, que vão
encenar as tarefas descritas
Para encerrar, o monitor propõe
uma discussão: como se sentiram?
Em ocasiões mais tristes, procuramos
ajuda ou isolamento? No dia a dia,
qual é nossa tendência: somos
solidários com os outros ou
preferimos ser solitários e nos isolar
dos problemas e das pessoas? O
monitor deve dar oportunidade às
pessoas para falar de seus
sentimentos sem serem julgados por
isso.
Conte sua História
Uma situação da vida real pode
servir de inspiração para a resolução
não violente de conflitos no nosso
cotidiano. Esta atividade permite que
os participantes consigam avaliar,
com distanciamento, uma situação de
conflito vivida. O monitor pede que
Não Violência Faz Diferença
PDE
29
um ou mais participantes descrevam,
em terceira pessoa, uma circunstância
na qual testemunharam ou viveram
diretamente um conflito. Quando a
história atingir o ponto de conflito,
pede que pare. O grupo, então,
inventa novos finais de forma que a
questão possa ser resolvida
pacificamente. Depois, a pessoa que
estava contando a história deve
encerrar a sua narrativa com uma
dessas sugestões.
O monitor deve perguntar aos
participantes se alguma idéia que
surgiu durante a dinâmica pode ser
útil no enfrentamento de situações
similares na vida cotidiana. Quais as
conseqüências de um conflito
resolvido pacificamente? E de um
conflito resolvido pela violência?
Para encerrar, os participantes
devem compreender que a paz, assim
como as guerras, nasce de situações
um pouco parecidas com essa. E que
muitas vezes só precisamos de um
pouco de calma e de criatividade para
resolver as coisas de modo que todos
saiam ganhando.
A Paz Vale a Pena
Os participantes se lembram de
uma situação difícil, em suas vidas ou
na de algum conhecido, que foi
resolvido pelo diálogo, pela
negociação, enfim, por métodos
pacíficos. Um voluntário descreve uma
situação. O monitor conduz o relato
com as seguintes questões:
- Como a situação começou? Por
que começou, quais fatos
desencadearam? Como poderia ser
evitada? Como foi resolvida
pacificamente? Quem saiu ganhando?
O que podemos aprender com ela?
Mudança em Ação
O monitor pede que cada
participante pense em alguma atitude,
praticada em seu cotidiano que
gostaria de modificar. Uma atitude
prejudicial a si mesmo, ao outro ou ao
meio ambiente. Por exemplo: fumar,
jogar lixo na rua, brigar com o
vizinho, etc. O grupo deve se
concentrar em várias situações onde
essa ação se repetiu. E traçar por
escrito, ou mentalmente, um plano de
modificação dessa atitude.
Não Violência Faz Diferença
PDE
30
Um voluntário relata seu plano de
modificação de atitude para o grupo.
Os participantes também podem
dividir suas experiências em grupos
menores. Após essa roda de diálogos,
o monitor explica que a mudança de
atitudes em direção à não-violência
nem sempre é fácil. O importante é
dar o primeiro passo.
Exercícios de
Consenso
OBJETIVOS: Treinar a decisão por
consenso
Desenvolver nos participantes a
capacidade de participação numa
discussão grupal
TAMANHO DO GRUPO:Vinte e cinco a
trinta pessoas, sendo possível orientar
vários subgrupos de cinco a sete
membros simultaneamente.
TEMPO EXIGIDO: Quarenta minutos
aproximadamente.
MATERIAL UTILIZADO: Uma cópia da
história de Marlene para cada membro
participante.
AMBIENTE FÍSICO: Uma sala
suficientemente ampla, com carteiras
para acomodar todos os participantes
do exercício.
PROCESSO: 1- Cada membro
participante receberá uma cópia da
História de Marlene para uma decisão
individual, levando para isso uns cinco
minutos.
2- Organizam-se os subgrupos de
cinco a sete membros cada um para
decisão grupal.
3- O animador distribuirá a cada
subgrupo uma folha de história de
Marlene, para nela ser lançada a
ordem preferencial do grupo.
4- Nos subgrupos cada integrante
procurará defender seu ponto de
vista, argumentando com as razões
que o levaram a estabelecer a ordem
de preferência da sua decisão
individual.
5- Terminada a tarefa grupal,
organiza-se uma reunião plenária
para comentários e depoimentos.
HISTÓRIA DE MARLENE
O exercício seguinte é um
treinamento de consenso. A conclusão
unânime é praticamente impossível de
se conseguir. É preciso, pois, que os
participantes tomem em consideração
a subjetividade de cada qual, para
que se torne possível uma decisão.
Não Violência Faz Diferença
PDE
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O texto seguinte narra a história da
jovem Marlene. Cinco personagens
entram em cena. Cabe a você
estabelecer uma ordem de preferência
ou de simpatia para com esses cinco
personagens. Em seguida, cada um
dará as razões que levaram a
estabelecer esta preferência, e com a
ajuda dessas informações, procede-se
à nova ordem que, então, estabelece
a ordem de preferência do grupo.
Eis a história de Marlene:
Cinco personagens fazem o
elenco: Marlene, um barqueiro, um
eremita, Pedro e Paulo. Marlene,
Pedro e Paulo são amigos desde a
infância. Conhecem-se há muito
tempo. Paulo já quis casar com ela,
mas recusou, alegando estar
namorando Pedro. Certo dia, Marlene
decide visitar Pedro, que morava no
outro lado do rio. Chegando ao rio,
Marlene solicita a um barqueiro que a
transporte para o outro lado. O
barqueiro porém, explica a Marlene
ser este trabalho seu único ganha-pão
e pede-lhe certa soma de dinheiro,
importância de que Marlene não
dispunha. Ela explica ao barqueiro seu
grande desejo de visitar Pedro,
insistindo em que transporte para o
outro lado. Por fim o barqueiro aceita,
com a condição de receber em troca
um manto que usava. Marlene hesita
e resolve consultar um eremita que
morava perto. Conta-lhe a história,
seu grande desejo de ver Pedro e o
pedido do barqueiro, solicitando no
final, um conselho. Respondeu:”
compreendo sua situação, mas não
posso na atual circunstância, dar-lhe
nenhum conselho. Se quiser,
podemos dialogar a respeito, ficando
a decisão final por sua conta”.
Marlene retorna ao riacho e
decide aceitar a proposta do
barqueiro. Atravessa o rio e vai visitar
Pedro, onde passa três dias bem feliz.
Na manhã do quarto dia, Pedro recebe
um telegrama. Era a oferta de um
emprego muito bem remunerado no
exterior, coisa que há muito tempo
aguardava. Comunica imediatamente
a notícia a Marlene, e na mesma hora
a abandona.
Marlene cai numa tristeza
profunda e resolve dar um passeio,
encontrando-se com Paulo a quem
conta a razão de sua tristeza. Paulo
compadece-se dela, e procura
consolá-la. Depois de certo tempo,
Marlene diz a Paulo: “ Sabe que
tempos atrás você me pediu em
Não Violência Faz Diferença
PDE
32
casamento, e eu recusei, porque não
o amava bastante, mas hoje penso
amá-lo suficientemente para casar
com você”.
Paulo retrucou: “É tarde
demais; não estou interessado em
tomar os restos dos outros”
Ordem Preferencial:
Em 1º lugar: ___________________
Em 2º lugar:____________________
Em 3º lugar:____________________
Em 4º lugar:____________________
Em 5º lugar:____________________
Não Violência Faz Diferença
PDE
33
Dilemas Morais
Os dilemas morais são narrativas
breves de situações envolvendo
conflitos de natureza moral que
encerram valores diferentes. No final
da narrativa, o aluno é solicitado a
assumir e justificar, com argumentos,
um posicionamento sobre a forma que
lhe parece mais justa para resolver a
situação conflituosa. Os dilemas
morais não oferecem nenhuma
resposta certa, mas incentivam o
exame de diferentes opções com seu
respectivos argumentos (GONÇALVES,
2005,p.641).
Kohlberg (1984) baseou a sua
investigação sobre o desenvolvimento
moral em dilemas morais, ancorados
em princípios morais abstratos que
estariam na base de normas válidas e
universais. De acordo com a teoria do
desenvolvimento da inteligência de
Jean Piaget, Kohlberg interpreta a
passagem de um estágio de
julgamento moral a outro superior
como o resultado de um processo
construtivo, em que as estruturas
cognitivas dos julgamentos morais
correspondentes a cada estágio são
construídas por um processo de
reorganização criativa das aquisições
cognitivas dos estágios anteriores,
quando o indivíduo enfrenta
problemas que não consegue resolver
e que reaparecem freqüentemente.
Segundo Kohlberg, o
desenvolvimento da consciência moral
possui uma lógica interna
correspondente a processos de
aprendizagem, existentes nos
diferentes estágios de
desenvolvimento. Ele interpreta a
passagem de um estágio de
julgamento moral a outro superior
como o resultado de um processo
construtivo, que possibilita ao
indivíduo explicar em que sentido os
julgamentos correspondentes aos
estágios anteriores eram errados. As
estruturas cognitivas que estão na
base dos julgamentos morais
correspondestes a cada estágio se
constroem por um processo de
reorganização criativa das aquisições
cognitivas dos estágios anteriores,
quando o indivíduo se confronta com
problemas que não consegue resolver
Não Violência Faz Diferença
PDE
34
e que aparecem freqüentemente
(Habermas, 1989).
Dilema de Heinz (Kohlberg)
“Uma mulher estava a morrer com um tipo especial de cancro. Havia um
medicamento que, segundo pensavam os médicos, poderia salvá-la. A
manipulação do medicamento era cara, mas o farmacêutico cobrava dez vezes
mais do que o preço de custo. Pagava $200 pelo radium e cobrava $2000 por
uma pequena dose do medicamento.
O marido da senhora doente, Heinz, recorreu a toda gente que conhecia
para pedir emprestado o dinheiro, mas só reuniu $1000, o que era apenas a
metade do custo. Disse ao farmacêutico que a sua mulher estava a morrer e
pediu-lhe para vender mais barato ou se podia pagá-lo mais tarde.
Mas o farmacêutico disse: Não, descobri o medicamento e vou fazer
dinheiro com ele. Então Heinz fica desesperado e pensa em assaltar a loja do
homem e roubar o medicamento para sua mulher”.
Questões para Refletir
1- Heinz devia roubar o medicamento? Por que, ou por que não?
2- Se Heinz não amasse sua mulher, devia roubar o medicamento para ela?
3- Suponha que a pessoa doente não é sua mulher, mas uma estranha.
Heinz devia roubar o medicamento para a pessoa estranha?
4- É importante para as pessoas fazer tudo o que possam para salvar a vida
de outrem?
Não Violência Faz Diferença
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RAZÕES A FAVOR (não roubar) RAZÕES CONTRA ( roubar)
1-
1-
2-
2-
3-
3-
4-
4-
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Continuação...
“ Heinz assaltou a loja. Roubou o medicamento e deu-o a sua mulher. No
dia seguinte a notícia do roubo vinha nos jornais. O Sr. Brown, um policial que
conhecia Heinz, leu a notícia. Lembrou que tinha visto Heinz saindo a correr da
loja e percebeu que fora Heinz quem roubara o medicamento.
O Sr. Brown perguntou a si mesmo se devia comunicar que era Heinz o
ladrão”.
Questões para Discussão
1- O polícia Brown deve acusar Heinz de roubo?
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2- O polícia Brown encontra Heinz e prende-o. Heinz é levado ao
Tribunal do Júri. O Júri considera Heinz culpado. Ao juiz compete determinar a
sentença. Deve o juiz sentenciar Heinz ou deve suspender a sentença e libertar
Heinz?
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3- Pensando em termos sociais, as pessoas que violam a lei devem ser
punidas?
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4- Em que medida isso se aplica?
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5- Heinz fez o que sua consciência lhe ditou ao roubar o medicamento.
Um violador da lei deve ser punido se age por uma questão de consciência?
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6- Heinz podia pensar que é importante obedecer a lei e salvar sua
mulher, mas não pode fazer as duas coisas. Há alguma maneira de resolver o
conflito entre a lei e a vida, tendo em conta os melhores argumentos a favor
de cada uma? Como?
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7- Para Heinz roubar é ir contra a lei. Isso torna-o moralmente
condenável?
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8- As pessoas devem tentar tudo o que podem para obedecer a lei?
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PDE
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O Dilema de Sharon (Beyer)
“ Sharon e Jill eram as melhores amigas. Um dia foram às compras
juntas. Jill experimentou uma camisola e, então, para surpresa de Sharon, saiu
do armazém com a camisola debaixo do casaco. Pouco depois um segurança
da loja parou Sharon e pediu-lhe o nome da menina que tinha acabado de sair.
Ele disse ao dono da loja que tinha visto as duas meninas juntas e que tinha a
certeza que a que saiu tinha roubado. O dono disse a Sharon que iria ter
problemas sérios, se não dissesse o nome da amiga”.
Plano de Discussão
Distribuir uma folha com o dilema. Deixar que os alunos clarifiquem os
fatos da situação.
Pedir aos alunos que pensem por um momento sobre o que julgam que
Sharon devia fazer.
Dilemas Alternativos
Se os alunos entenderam que
Sharon deve denunciar a
amiga
Se os alunos entenderem que Sharon
não deve dizer nada
- Suponham que Sharon
conhece Jill e sabe que ela
será enviada para um colégio
de reeducação se voltar a ser
apanhada e roubar.
- Suponham que, numa dada ocasião,
Jill tinha dito ao professor que Sharon
tinha copiado num exame. Que
deveria então fazer Sharon?
- Suponham que Jill tem feito
muitos favores a Sharon e que
Sharon sabe que ela perderá
muito de seus melhores
amigos se falar do caso.
- Suponham que, em vez de amigo,
Jill era apenas uma pessoa conhecida
com quem tinha travado
conhecimento. Que deveria fazer
Sharon?
Não Violência Faz Diferença
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Sugestões de
Atividades Diversas:
Algumas Dicas
Nas próximas páginas você vai
ver dicas de como realizar atividades
de diversos tipos cooperativos. Mas
sua participação não precisa limitar-se
a copiar e reproduzir essas sugestões.
Use a criatividade: novas idéias são
sempre bem-vindas.
Um projeto que trabalha cultura
de paz e não-violência deve ter uma
atmosfera de paz. E são as pequenas
coisas que compõem um clima
agradável, que animam as pessoas
para trabalhar em cooperação e
respeito mútuo. Por isso procure
estimular os alunos a manter o
ambiente limpo e organizado,
decorado com motivos de paz,
mensagens, frases edificantes, foros
de pessoas que dedicaram suas vidas
para a construção de uma Cultura de
Paz.
O espaço das escolas pode ser
dividido em vários cantinhos, com
atividades diferentes e simultâneas,
cantinho dos trabalhos manuais, da
leitura, da música... E de todas as
outras sugestões que possam surgir.
Nada mais gratificante do que
decorar o ambiente com os artigos
produzidos pela comunidade durante
as atividades. Todos vão sentir
prestigiados e vão participar com mais
vontade.
Um jornal-mural na escola pode
ser um bom meio de comunicação
entre comunidade, alunos e
organizadores do projeto. Pode trazer
notícias sobre acontecimentos,
mensagens, fotos, nova idéias,
pesquisas, etc.
Pode-se também articular
eventos e ações que aproximem as
pessoas da comunidade escolar: feira
de trocas de objetos e livros, sessões
Não Violência Faz Diferença
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de cinema, palestras sobre temas de
interesse dos alunos, campanhas e
ações de solidariedade, exposições e
mostras dos trabalhos realizados.
FONTE DE PESQUISA: GOOGLE
Roteiro de Trabalho
O roteiro a seguir é apenas um
modelo, com sugestões de atividades
a serem desenvolvidas na escola. A
intenção é que cada escola o utilize
como inspiração para elaborar seu
próprio roteiro. Pode-se aproveitar
parte dele, eliminando, acrescentando
ou modificando atividades, alterando
a ordem em que elas se apresentam
e/ou aproveitando apenas sua
tipologia para criar um novo roteiro.
ATIVIDADES
DEBATE
Realizado em grupos de alunos:
- As pessoas tem respeitado seu
próprio corpo e o das outras pessoas?
Tem havido respeito
pessoa/pessoa na sala de aula? Na
escola? Na comunidade?
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
GOVERNANTES POR UM DIA
- Que medidas você proporia
para solucionar o problema da
violência?
(Uma parte dos alunos vai se
colocar no lugar da outra parte:
prefeito, governantes, presidente).
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
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HISTÓRIA EM QUADRINHO
-Elaboração de histórias em
quadrinhos sobre a prática da
violência, do desrespeito e da
tolerância na atualidade. A atividade
pode ser feita com a seguinte divisão
de tarefas: um faz o papel do
roteirista, outro do desenhista, outro
responde pelo preenchimento dos
balões da fala, outro faz o papel de
editor(comenta, critica a obra, a fim
de aperfeiçoá-la). Pode haver também
quem decida fazer uma história em
quadrinhos muda.
TEATRO
- Elaboração e encenação de
uma peça sobre a violência, o
desrespeito e a intolerância, situando
a questão no tempo e no espaço.
PESQUISA
- Pesquisar letras de música em
português, inglês ou espanhol que
falem de paz e respeito. Promoção de
um festival da canção premiando
melhor intérprete, melhor música,
melhor arranjo.
- Pesquisar e debater os
problemas causados aos seres
humanos pela ocorrência dos mais
variados tipos de violência ( social,
econômica, política, simbólica, étnica,
etc.)
-Elaborar um mapa da violência
no município, no estado, no Brasil e
no mundo.
BOLETIM INFORMATIVO
-Produzir um boletim
informativo sobre a evolução da
violência contra pessoas no município,
no estado, no Brasil e no mundo.
Apresentar à classe na forma de um
jornal falado as notícias e os dados
pesquisados.
CONCURSO
- Para premiar o melhor texto
contendo um pedido de paz ao
mundo.
PRODUÇÃO E EXPOSIÇÃO
- Fazer um painel fotográfico
registrando diferentes tipos de
violência, desrespeito e intolerância
existente no dia a dia das pessoas.
Não Violência Faz Diferença
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42
MÚSICA
A música tem nos acompanhado
desde nossas origens. Essa arte, que
consiste na combinação de sons e
tempo, é talvez a mais constante em
nossas vidas. Recordamos momentos
que marcaram nossa vida e nossos
sonhos.
Entre as singularidades que
distinguem o ser humano das demais
criaturas, a música e,sem dúvida, um
tesouro dirigido ao mais sublime do
ser: sua sensibilidade. Talvez essa,
que é a mais nobre faculdade de
sentir, seja a melhor ponte de
comunicação com o nosso
semelhante.
As possibilidades de trabalhar
com a música são infinitas. Veja como
as canções podem enriquecer as
relações entre as pessoas, e até
mesmo ser a base de atividades
voltadas para a paz.
- Use a música como pano de
fundo para as atividades ao ar livre e
em sala de aula. Lembre-se que a
mente reage imediatamente aos
estímulos musicais, escolha
cuidadosamente as músicas para as
atividades pois a música pode nos
tornar irritáveis, agitados, calmos ou
afetuosos.
- Lembre as pessoas da
importância do silêncio. Ele é
fundamental para nos reabastecer, se
vivemos imersos em barulho.
- Use música na abertura e
encerramento de eventos.
- As músicas também podem ser
dançadas: espontaneamente em
círculos e pares.
Faça o repertório musical junto
com os alunos.
- Músicas de má qualidade estão
proliferando nos meios de
comunicação. Pode ser interessante
fazer, em momentos oportunos, uma
análise crítica das mensagens e
valores existentes em diferentes
repertórios musicais.
- Brinque com as letras das
músicas, escrevendo em cartazes, de
forma visível.
- Peça que os alunos relacionem
melodias que evoquem sentimentos
de agitação, tristeza, amor, paz e
medo. Cada um pode cantar essas
músicas mentalmente,
experimentando mudar de uma para
outra.
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- Toque diversos tipos de música:
alta, suave, rápida, melodiosa.
Pergunte ao grupo que sentimentos e
sensações corporais elas provocam.
- Estimule o resgate da história
musical das pessoas, pedindo que
associem música com momentos de
suas vidas. Peça que escolham
músicas que combinem com os seus
sentimentos em instantes que
marcaram sua história.
- Pode-se cantar em tons
diferentes. Os alunos podem começar
com um tom baixo e ir subindo, ou
tentar o contrário. Reflita com o grupo
sobre como isso modifica o estado
emocional, afeta os sentimentos,
quais tons a pessoa associa a doença,
saúde, sucesso ou alegria.
- Os alunos podem inventar
melodias, utilizando os recursos
sonoros que desejarem: ruídos com a
boca, batidas nos pés e mãos,etc.(
LIA DISKIN E LAURA GORRESIO
ROIZMAN).
OFICINA
OBJETIVO
Reconhecer as diferentes faces as
violência e suas possíveis causas.
INTEGRAÇÃO- TÉCNICA DO NÓ
HUMANO
O grupo forma um círculo e dá as
mãos. O monitor solicita que todos
memorizem a pessoa que está à sua
direita. Após a memorização, todos
devem andar livremente pela sala e
parar ao sinal do monitor. Movendo-
se o menos possível deverão dar a
mão direita ao colega que estava à
sua direita anteriormente, formando
assim um grande nó humano. O
monitor lançará então o desafio:
voltarem ao círculo inicial sem soltar
as mãos de uma maneira não
violenta. Discussão sobre os
sentimentos durante a técnica, a
semelhança deste nó com as relações
humanas e as diferentes posturas
durante o desarme do nó.
SENSIBILIZAÇÃO - sentados em
círculo, cada aluno deve escrever
numa ficha uma situação de violência.
As fichas serão misturadas e
redistribuídas entre os participantes.
Cada um lerá a ficha do colega e
deverá fazer algum comentário sobre
a situação ( se é comum, se já
aconteceu com alguém que ele
conhece, etc).
APROFUNDAMENTO - no centro
do círculo o facilitador coloca folhas
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com situações de violência direta e
indireta descritas, sendo uma situação
em cada folha. Alguns voluntários
serão convidados a separar as
situações violentas das não violentas.
Serão estimulados a discutir sobre as
situações até chegarem a conclusão
de que todas representam algum tipo
de violência. Pontualizações do
monitor sobre os diferentes tipos de
violência existentes e suas
conseqüências. Questionamentos para
o grupo sobre o tipo de violência que
comumente reconhecemos e é
apresentado pela mídia e se somente
este é causador de prejuízos para a
humanidade.
SÍNTESE - os alunos em
pequenos grupos deverão escrever
uma breve síntese do que
aprenderam durante a oficina a
respeito da violência, paz e das
formas de se lutar pela paz.
FONTE: WWW.educapaz.org.br
MURAL DA NÃO-VIOLÊNCIA
Este é um trabalho para ser
mantido em exposição. Assim outras
pessoas poderão receber mensagens
de paz. Uma opção que gera inclusão
é convidar grafiteiros da comunidade
para fazer o mural da paz... nas
paredes da escola.
MATERIAL
Folhas de papel grande para
forrar a parede
Tintas e outros materiais que se
deseje utilizar na montagem
Cola ou durex
COMO SE FAZ
Os alunos fazem um painel para
desenhar ou preparam uma parede a
ser pintada.
Tudo o que se tem a fazer é
representar, cada um do seu jeito, o
que entende por uma cultura de paz e
de não-violência.Sugestão de temas:
Respeitar a vida; Rejeitar a violência;
Ser generoso; Redescobrir a
solidariedade; Preservar o Planeta e
Ouvir para compreender( contidos no
Manifesto 2000).
Cada participante começa
trabalhando em um pedaço do mural
e, depois, todos podem interagir e
completar os desenhos feitos por
todos. Ao final, cada um pode
completar o desenho com uma frase
sobre o que acha necessário fazer
para atingir a paz.
Este pode ser um ótimo exercício
para trabalhar a questão dos conflitos
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de território. Outro ponto importante
desta atividade é o próprio resultado.
Como as pessoas enxergam a questão
da paz? Quais foram os elementos
que mais apareceram? O que falta na
nossa vida pessoal e coletiva para
atingir essa paz?
EDITANDO PUBLICAÇÕES
Produções sobre Cultura da paz e
da Não-violência, assim como
trabalhos manuais, grafites, mosaicos,
poemas, contos, cordel, letras de
músicas, crônicas, versos. Todas
essas formas de expressão ganham
um novo olhar quando organizadas
em uma publicação, por mais simples
que seja. Pode ser um livreto, um
gibi, um jornal, uma coletânea,
revistas, um site na internet. Essa
produções podem ser organizadas e
produzidas coletivamente no interior
da escola Cada aluno fica responsável
por uma etapa da produção (
pesquisa, texto, diagramação,
ilustração, edição, impressão,
distribuição).
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Referências
Bibliográficas AQUINO, J.G. Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São
Paulo: Summus, 1996.
AQUINO, J.G. Indisciplina: o contraponto das escolas democráticas. São
Paulo: Moderna, 2003.
BOULOS Jr, Alfredo. História, sociedade e cidadania: material de apoio ao
professor. São Paulo: FTD.
DISKIN,Lia e ROIZMAN, Laura G. Paz como se faz?: semeando cultura de paz
nas escolas.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FRITZEN,Silvino José. Exercícios práticos. Rio de Janeiro: Vozes, 1981.
GONÇALVES, M.A.S. Violência na escola, práticas educativas e formação
do professor. Cadernos de pesquisa, v.35, n.126. São Leopoldo, 2005.
MESQUITA,M.F.N. Valores humanos na educação: uma nova prática na sala
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MIGLIORI,R.F.de.../et al/. Ética, valores humanos e transformação. São
Paulo: Peirópolis, 1998.
Revista Cláudia, Denúncia- jovens perversos e sem limites, agosto, 2007.