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MsC. Méd. Vet. Janaina Braga e Tâmara Borges Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Disciplina: Bem-estar animal Por que necessitamos de mecanismos de controle? Auditoria em transporte e manejo pré-abate de bovinos

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MsC. Méd. Vet. Janaina Braga e Tâmara Borges

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Disciplina: Bem-estar animal

Por que necessitamos de mecanismos de controle?

Auditoria em transporte e manejo pré-abate de bovinos

1. Introdução

2. Transporte

2.1 Embarque

2.2 Viagem

2.3 Desembarque

3. Manejo no frigorífico – currais até o boxe de

atordoamento

4. Insensibilização

Predominância do Rebanho Brasileiro Pasto x Confinamento

Nelore X Pasto X Interação Homem Animal

http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=28256

INTRODUÇÃO

Fazenda

Transporte

Frigorífico Processamento

Consumidor

Bem-estar Animal

Cadeia produtiva de bovinos:

Manejo pré-abate

Mas, como e por que monitorar o bem-estar dos animais durante o manejo pré-abate?

Monitoramento

Riscos de acidentes

Dor e sofrimento

Qualidade e

quantidade de carne

Ausência de Manejo Racional

Lei e fiscalização deficientes

Perda econômica

INTRODUÇÃO

AUDITORIA

Exame prático, fácil, cuidadoso e

sistemático

E QUAL O OBJETIVO? Averiguar se elas

estão em conformidade com os

objetivos.

Monitoramento = Auditoria

-INTERNAS

-EXTERNAS

-ACORDOS COMERCIAIS - Tendências

- IGUAIS COM EXIGÊNCIAS DIFERENTES 2 trunfos

Protocolo de

Auditoria

Animais

Pessoas Instalações

HARMONIA

O que avaliar?

O EMBARQUE

GTA

Nota Fiscal Produtor

Identificação individual

Onde começa o embarque?

Logística – Plano de

Embarque

Separação dos animais

(n)

Oferecer boas condições para os

motoristas

Quantidade de caminhões

Manter caminhos de acesso em

boas condições

Escala de chegada dos caminhões

Embarque

(data / horário)

Fazenda

Logística – Plano de viagem Apartação e formação de lotes

Logística – Plano de viagem Mistura de lotes

Logística – Plano de viagem Mistura de lotes

Logística – Plano de

Embarque

Separação dos animais (n)

Oferecer boas condições para os

motoristas

Quantidade de caminhões

Manter caminhos de acesso em

boas condições

Escala de chegada dos caminhões

Embarque

(data / horário)

Fazenda

Evitar o embarque de animais:

• Debilitados, desnutridos, feridos ou doentes

• Animais severamente mancos

Quem deve embarcar?

Fonte: LABEA

Como conduzir os animais? 1 ponteiro, 2 culatras, SINUELO

Acomodação nos currais

Fonte:www.bienestaranimal.org.uy

EMBARQUE

Um exemplo de embarcadouro

1,80

± 2,00 ± 0,80

Perigo!

Resultados da aplicação das boas práticas durante o embarque

1 2 3

Dia

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Me

an

Ca

rca

ça

2,282,42 2,342,19

1,001,20

Agropecuária Jacarezinho, Valparaíso-SP

O TRANSPORTE

População de bovinos (em milhares)

Transporte

Abates e localização das plantas frigoríficas

Problemas de logística

Transporte

- Intenso movimento de cargas vivas pelas estradas brasileiras

1,6 milhões de Km

1,2 milhões Km Municipais

243 mil de Km Estaduais

76 mil de Km Federais

(CNT, 2011) 13% são pavimentadas

Transporte

Rodovias pavimentadas

47,9% apresentam alguma

deficiência no pavimento da via

(CNT, 2011)

Compromete a qualidade e a segurança dos fluxos de

carga

Transporte

Consequências do transporte inadequado

Riscos de acidentes

http://rotacomando.com.br/Noticia.asp?Noticia=00651&lk=caminhao-boiadeiro-tomba-na-br-365.

Consequências do transporte inadequado

Riscos de animais exaustos

Consequências do transporte inadequado

Rota da viagem Distância

Condições da estrada

Locais de paradas para inspeção dos

animais

Combustível Manter veículos

em boas condições

Documentação Treinamento

Motorista

Logística – Plano de Viagem

Local de parada - sombra

Condição veículo

Rotas Documentação

GTA Rastreabilidade

50% dos motoristas alcançou mais de 120km/h

em algum momento da viagem

Durante a viagem

Velocidade média de 60,5 km/h

Máximo = 149 km/h

Logística do frigorífico

Raio de ação do

frigorífico

Logística

Planta 1 Planta 2

ABATES / 2010

Efeito da distância no pH da carcaça

Cuidados durante o transporte

Tipos de veículos

Disponível: www.google.com

Cuidados durante o transporte

Tipos de veículos

- Não articulado com dois eixos

- Usados esporadicamente - Transportam apenas 3 a 4 animais

Toco

Truck - Não articulado com três eixos

- Geralmente são terceirizados - Transportam em média 18 animais

Cuidados durante o transporte

Tipos de veículos

- Articulado com três eixos e um piso - Transportam em média 23 animais

Carreta

Carreta dois andares

- Articulado com três eixos e dois pisos

- Transportam em média 42 animais

Cuidados durante o transporte

Tipos de veículos

Abertura tipo guilhotina Abertura tipo porta inteira

Cuidados durante o transporte

Tipos de veículos

1

Carreta dois andares

2

Cuidados durante o transporte

Tipos de veículos

1 2

Cuidados durante o transporte

Tipos de veículos

- Dois compartimentos de cargas independentes - Transportam em média 36 animais

- Quatro eixos

Romeu e Julieta

Cuidados durante o transporte

2 andares articulado/bi trem

- Dois compartimentos de cargas independentes - Transportam em média 84 animais - 5 eixos

Cuidados durante o transporte Hematomas

Cuidados durante o transporte Batidas

Cuidados durante o transporte

Tipos de pisos - Grades

Cuidados durante o transporte

Tipos de pisos - Grades

Cuidados durante o transporte

Tipos de pisos - Grades

Cuidados durante o transporte

Tipos de pisos - Borrachão

Disponível em: www.agroipe.com.br/Detalhe.aspx?codProduto=37

Cuidados durante o transporte

Tipos de pisos - Borrachão

Cuidados durante o transporte

Estado de conservação do caminhão - pisos

- Buracos no pisos

- Grades toridas e/ou pontiagudas

Cuidados durante o transporte

Estado de conservação do caminhão - porteiras

Roldanas

Cuidados durante o transporte

Estado de conservação do caminhão

268 caminhões

Bom

74,2%

Regular

5,9%

Ruim

14,9%

Cuidados durante o transporte

Densidade Animal

1 NA=2,35 / 0,51 = 4 animais 2 NA=5,51 / 0,51 = 10 animais 3 NA=2,45 / 0,51 = 4 animais

2,35 5,51 2,45

1 2 3

Cuidados durante o transporte

Animais deitados durante o transporte

Cuidados durante o transporte

Comportamento padrão de

levantar-se e deitar-se para a espécie bovina

Cuidados durante o transporte

Consequência de animais deitados

Dor e sofrimento Perdas quantitativas e qualitativas de carne

Cuidados durante o transporte Animais deitados

- A carga do caminhão está na densidade

adequada?

- Existe separação de animais especiais?

AUDITORIA TRANSPORTE

Critério 1: Densidade e separação

Critério 2: Tempo de chegada e desembarque

- Hora que o veículo chega:

- Hora do início do desembarque:

- Tempo total para início do desembarque:

AUDITORIA TRANSPORTE

Critério 3: Condição do veículo

1. Alinhado com a área de desembarque

2. Piso antiderrapante

3. Porteiras abrem facilmente e

permanecem abertas

4. Rampas internas funcionam

5. Sem estrutura perfuro-cortante

6. Sem dejetos acima da altura do casco

7. Paredes das gaiolas em boas

condições

FRIGORÍFICO

Do desembarque para os currais

• Acesso a água e densidade adequada

• Densidade adequada

• Jejum alimentar: ponto crítico de bem-estar

CURRAIS DE ESPERA

Fonte: LABEA

CURRAIS DE ESPERA

CURRAIS DE ESPERA

Consequências

Manejo dos currais de espera para o tronco de insensibilização

FRIGORÍFICO

Retirada dos currais de espera

Sombras?

Profundidade

CORREDOR DE ABATE

Ralo CHUVEIRO DE ASPERSÃO

Fonte: GRANDIN

CORREDOR DE ABATE

planejadas - Comportamento

monitoradas

bem utilizadas

CHUVEIRO DE ASPERSÃO

Fonte: LABEA

CHUVEIRO DE ASPERSÃO

Comportamento

Funcionário

Bovinos

- 316 (94,6%)

- 1.433 choques

- 17 (5,1%) escorregaram

- 16 (4,8%) caíram

- 85 (25,4%) vocalizaram

334 animais

(BRAGA & MOLENTO, submetido)

RESULTADOS PRELIMINARES

Critério 4: Quedas (1%)

AUDITORIA NO ABATE

Escorregam e/ou caem durante o manejo - currais, chuveiro, seringa, brete e boxe de atordoamento. Escorregão: o joelho ou o jarrete toca o chão

Queda: o corpo toca o chão

X = sem escorregão ou queda F = queda S = escorregão

1_____ 11____ 21____ 31____ 41____ 51____ 61____ 71____ 81____ 91_____ 2_____ 12____ 22____ 32____ 42____ 52____ 62____ 72____ 82____ 92_____ 3_____ 13____ 23____ 33____ 43____ 53____ 63____ 73____ 83____ 93_____ 4_____ 14____ 24____ 34____ 44____ 54____ 64____ 74____ 84____ 94_____ 5_____ 15____ 25____ 35____ 45____ 55____ 65____ 75____ 85____ 95_____ 6_____ 16____ 26____ 36____ 46____ 56____ 66____ 76____ 86____ 96_____ 7_____ 17____ 27____ 37____ 47____ 57____ 67____ 77____ 87____ 97_____

8_____ 18___ 28____ 38____ 48____ 58____ 68____ 78___ 88____ 98_____ 9_____ 19____ 29____ 39____ 49____ 59____ 69____ 79____ 89____ 99_____ 10____ 20____ 30____ 40____ 50____ 60____ 70____ 80____ 90____ 100____

AUDITORIA

Quantos animais eu devo avaliar?

N=100 (>100 an/h); N=50 (50 a 99 an/h); N= n° an/h (<50 an/h)

- Manejo ativo dos animais (Seringa e brete) - Sem manejo (Boxe de atordoamento) Vocalização: qualquer som audível X = não vocalizou

P = choque

S = atordoamento F = queda ou escorregão U = causa desconhecida R = contenção

M = falência da insensibilização

SE = penetração da faca de sangria

UN = sem provocação

Critério 5: Vocalização (3%)

AUDITORIA NO ABATE

- 100 bovinos na entrada no boxe de atordoamento. -Se múltiplos funcionários 100 animais/cada funcionário. Observe porque o choque foi utilizado. X = se move tranquilamente sem choque elétrico P = choque elétrico utilizado sem motive aparente B = choque elétrico utilizado em resposta ao retorno

Critério 6: Uso do choque (25%)

AUDITORIA NO ABATE

Tronco de insensibilização

FRIGORÍFICO

Fonte: GRANDIN

Tronco de insensibilização

Fonte: GRANDIN

Tronco de insensibilização

Dificuldades!

Dscn1549.mov

Abatedouros SIM, SIE e SIF!

Tronco de insensibilização

Pistola de dardo cativo

Penetrante - Choque de dois corpos

- Concussão - Destruição tecido cerebral - Dano físico irreversível **

depende da área

Por segurança, 60 segundos

E ao dardo não penetrante?

30 segundos

Insensibilização

Método mecânico

• Percussivo penetrativo

• Percussivo não penetrativo

POSIÇÃO FRONTAL

Gregory(1998); Brasil(2000)

Insensibilização

PISTOLA

Fonte: GRANDIN

Insensibilização

Garantia de eficácia?

- Falta de manutenção

- Falta de treinamento

-Dimensão do boxe de insensibilização

Insensibilização

Critério 7: Eficácia da insensibilização (95%)

X = insensibilizado corretamente G = falha na insensibilização devido à aparente falta de manutenção A = falha na insensibilização devido ao erro de mira

AUDITORIA NO ABATE

Humanitário?

Choupa? Corte da Medula? Marretadas?

É comum no BRASIL?

Insensibilização

Consciente?

- Cauda relaxada

- Protrusão de língua

- Ausência de respiração rítmica

- Cabeça relaxada

- Sem vocalização

- Movimentos oculares/corneal

- Sem reflexo de endireitamento

Insensibilização

Fonte: GRANDIN

Insensibilização

Insensibilização

SIF SIM

2 a 6% animais

sensíveis 78,5% animais

sensíveis

BRAGA & MOLENTO (submetido)

Figura 1. Ocorrência dos indicadores de insensibilização inadequada em 72, 121 e 132 bovinos

observados durante o abate do dia 09, 10 e 11 de Setembro respectivamente, em um frigorífico da

região sudeste do Brasil, em 2008.

Insensibilização

BRAGA & MOLENTO (submetido)

30 /60 s

Morte – Vasos? Fonte: GRANDIN

Sangria

Sangria

Tolerância 0

X = completamente insensível

E = olhos se movem quando tocados

BL = piscando

RB = respiração rítmica

VO = vocalização

RR = reflexo de endireitamento

ST = língua tensa e dentro da boca (combinado com

outro sinal)

* Mesmo número de animais da eficácia do atordoamento

Critério 8: Insensibilidade na sangria (100%)

AUDITORIA NO ABATE

Consequências após a Esfola

Disponível: http://carneshigienopolis.com.br/tragetoria.html

Perdas por hematoma

(equipe controle de qualidade Friboi, Barra do Garças - MT)

73% traseiro 5% dianteiro

18% ponta de agulha

73% Traseiro

5% Dianteiro

18% Ponta de Agulha

(média de 400g de carne/hematoma)

Perdas por hematoma

Pesquisa realizada em duas plantas frigoríficas com 38.166 carcaças avaliadas

a= Andrade e col. (2008, Ciência Rural, 38: 1991-1996);

b= Andrade e Coelho (2010, Cadernos de Pós-Graduação da FAZU);

c= Equipe de Controle de Qualidade Friboi – Barra do Garças-MT

d= Paranhos da Costa e col. (1998, Relatório Fundepec)

Porcentagens de carcaças de bovinos com hematomas

Perdas por hematoma

Contusões

Perdas por hematoma

Desossa

250g X 800 bois/dias

200kg/dia X 22 dias/mês

4.400 Kg/mês X 12 meses

52.800 Kg/ano (3.520@/ano)

R$ 90,00/@ 3.520 @

R$ 316.800,00/ano

Conhecendo os ganhos

FRIGORÍFICO

Quais são os ganhos?

• Ganhos na esfera ética

• Ganhos na esfera financeira

• Maior segurança no trabalho

CONCLUSÃO

OBRIGADA!!!