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109 ESTUDOS Ormezinda Maria Ribeiro Palavras-chave: pesquisa qualitativa; universidade; ensino. Por que investir em pesquisa qualitativa? Ilustração: Ricardo Martins R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 197, p. 109-115, jan./abr. 2000.

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ESTUDOS

Ormezinda MariaRibeiro

Palavras-chave: pesquisaqualitativa; universidade;ensino.

Por que investir em pesquisa qualitativa?

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R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 197, p. 109-115, jan./abr. 2000.

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... existem certas inovações fertilizantes queé muito útil conhecer porque podem facili-tar o cumprimento das funções universitá-rias específicas e fazê-las desempenhar umpapel de aceleradores intencionais datransformação social.(Ribeiro, 1969, p. 36)

Apresenta uma reflexãosobre a importância da pesquisana e para a universidade, dandoênfase à necessidade de seimplementar, nos centrosuniversitários, a pesquisaqualitativa. Atentando para o fatode que esse tipo de pesquisanem sempre é reconhecido comolegítimo, procura, numa rápidaabordagem sobre as funções dauniversidade no decorrer de suahistória, alertar para a prementenecessidade de se adotar apesquisa, sobretudo a qualitativa,como eixo norteador das demaisatividades acadêmicas,colocando-a como diferenciadorde universidade e colégiossuperiores.

Introdução

Iniciar um texto citando Darcy Ribeiroincita-nos a pensar a educação com umolhar de antropólogo...

Perfazendo os caminhos pelos quaispassou a universidade ao longo de suahistória, estabelecemos uma ponte para

algumas reflexões que têm ocupado nos-so espírito ultimamente: Por que investirem pesquisa qualitativa? Qual o papel dauniversidade nessa questão? O que defato representa a pesquisa, no âmbito dauniversidade?

Dentre as mais diversas funções incor-poradas pela universidade desde o seuadvento, a mais difundida é, sem dúvida, ade responsável pela universalização dosaber. Entretanto, à universidade contem-porânea são atribuídas diversas funções,que se modificam conforme o contexto his-tórico, segundo suas exigências e neces-sidades imediatas.

A princípio, a universidade esteve li-gada à conservação e transmissão do sa-ber acumulado, a serviço da verdadeconstituída e isenta de incorporar novasdescobertas. Hodiernamente, chama a sia obrigação de garantir a universalidadedo saber, por meio de uma organizaçãointegrada, que deve se fundamentar embases epistemológicas sólidas, com vis-tas à criação de centros de excelência oude especialização, que não primem porlimitar o conhecimento a uma especiali-dade, mas que agreguem também a arti-culação de outros saberes. Assim, semdeixar de lado o ensino, sua vocação ori-ginal, a universidade incorporou nessafunção as demais funções que lhe são atu-almente inerentes, a extensão e a pesqui-sa. Além de guardar e repassar o saberproduzido fora de seu âmbito, a universi-dade passou a produzir o conhecimentopor meio de pesquisas, que são devolvi-das à sociedade, quer em forma de for-mação de novos profissionais, quer emforma de extensão universitária, cujainterlocução com a sociedade deve ser ofator preponderante.

Conforme destaca Guimarães (2000,p. 81): ''a extensão deixa de ser mera pres-tação de serviços à sociedade para ser umórgão vital do preenchimento dos interes-ses e das necessidades do grupo social, oque a torna uma ferramenta de mudançada sociedade''.

Carlos Rodrigues Brandão,1 com muitapertinência, destaca que o trabalho de criarpesquisas, a ação de motivar a pesquisa éque estabelecem o diferencial entre a verda-deira universidade e os colégios superiores.

Uma instituição que almeja o título deuniversidade, ou deseja assegurá-lo, deveatentar para esse aspecto. Paulo Freire(1989, p. 45) já dizia que "não há pesquisasem ensino e nem ensino sem pesquisa".

1 Em palestra proferida no en-contro com professores deMetodologia Científica da Uni-versidade de Uberaba, parti-cipantes do grupo Aprendera Aprender Pesquisando, nodia 19/6/2000.

R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 197, p. 109-115, jan./abr. 2000.

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Devemos seguir a trilha desses sábioseducadores, se quisermos alçar vôos mai-ores, no sentido de sairmos da condiçãode país subdesenvolvido e alcançar a pla-taforma de primeiro mundo. Sem pesquisanão há ação que se sustente. É na universi-dade que se desenvolvem pesquisas. E éa partir das descobertas, ou dos resulta-dos dessas pesquisas que se eleva o pa-drão de vida da sociedade, quer no planoda educação, da saúde, da tecnologia oudo meio ambiente. Silva (2000, p. 62), res-salta que ''a pesquisa é o esforço humanopara descobrir os meandros da realidadecomo natureza e como organização histó-rica dos homens em sociedade''.

Quando se fala em pesquisa, fala-seem sociedade e não há como pensar emsociedade sem considerar os seus aspec-tos, dinâmico e interacional. O homem,parte integrante dessa sociedade, encon-tra seu hábitat entre outros homens, seussemelhantes, que guardam em si a indivi-dualidade e a alteridade inerentes à con-dição humana. Portanto, cada um é umser individual, dentro de um coletivo quese altera constantemente. Pesquisa-separa aplicar nessa sociedade e pesquisa-se dentro dessa sociedade.

A universidade, que se apresenta nes-sa sociedade, que não é mais tão-somen-te a guardiã do saber institucionalizado,que pretende se firmar, enquanto espaçode produção e difusão do conhecimento,deve adotar a pesquisa como atividadefundamental em seu seio, pois, como res-salta Demo (1997, p. 6), ''o que melhor dis-tingue a educação escolar de outros tipose espaços educativos é o fazer-se e refa-zer-se na pesquisa''.

Silva corrobora essa asserção, quan-do afirma que a pesquisa se situa no cernedefinidor da educação escolar e que, aosustentar e acompanhar o desenvolvimen-to do conhecimento, evita que este se es-vazie na reprodução iterativa sem forçatransformadora. Esse educador observaque não há conhecimento que não envol-va, de alguma forma, o ato da pesquisa,ponderando que:

Se historicamente o ato da pesquisa foise recolhendo aos átrios de grupos sele-tos de pesquisadores, também historica-mente hoje a pesquisa tem seu espaçoampliado pela presença, não apenas noslaboratórios ou no recôndito de algunsintelectuais, mas no cotidiano das salasde aula, na árdua tarefa docente do trato

do conhecimento entre os professores ealunos (Silva, 2000, p. 64).

Em face dos novos paradigmas emer-gentes numa sociedade em mudança con-tínua, há que se pensar também em novasabordagens de pesquisa. Há de fazer-se umexercício contínuo para uma concepçãomais elástica das concepções cartesianassobre "método", uma vez que a segurançadas compreensões obtidas nas investiga-ções qualitativas radica-se no pesquisadore no diálogo pesquisador/comunidade.

As ciências sociais chamam a si a ne-cessidade de firmar um caráter científico,considerando o embate que travam com asciências naturais, no sentido de mereceremo estatuto de ciência. Seu objeto, sendo his-tórico e determinado por um conjunto defatores, que se confundem com a própriasociedade, têm, na provisoriedade e no di-namismo, características fundamentais.

Assim, se pensarmos consoante aprópria natureza dessas ciências, não po-deremos conceber uma definição decientificidade tal qual se pensa para asciências da natureza; contudo, não po-demos negar caráter científico das Ciên-cias Sociais sob a alegação de que nãoé neutra, de que encerram um compro-metimento ideológico que não pode serignorado, posto que a visão de mundotanto do observador quanto do objetoestão intrinsecamente interligadas. Mashá de se compreender que as CiênciasSociais possuem instrumentos e teoriascapazes de estabelecer "uma aproxima-ção da suntuosidade que é a vida dosseres humanos em sociedades, aindaque de forma imperfeita e insatisfatória",conforme assegura Minayo (1994, p. 15).

O objeto das Ciências Sociais é essen-cialmente qualitativo. A realidade social é opróprio dinamismo da vida individual e co-letiva. Existe uma identidade entre sujeito eobjeto. Observador e objeto são de nature-za idêntica. O investigador também faz par-te da observação por ele mesmo realizada.

Na pesquisa qualitativa quem estabele-ce os parâmetros de rigor não é o método,mas o pesquisador e a comunidade que vaiconsumir e gerar a pesquisa.

Há que se repensar a concepçãopositivista, cuja tendência básica é a sus-tentação de que aquilo que não se contanão se escreve, pois, entender que a me-dida é uma coisa boa é diferente de afir-mar que só é bom aquilo que se pode

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medir. O próprio Descartes, embora posi-tivista, dá-nos a liberdade de interpretar seusmétodos, sem, contudo, empregá-los deuma maneira absoluta, quando afirma: ''Semeus escritos valem alguma coisa, possamos que os tiverem (...) utilizá-los do melhormodo que entenderem'' (Descartes, 1965,p. 42).

Nossa concepção de ciência temsuas origens na concepção clássica deciência, que, em nome da objetividade edo caráter científico, difunde a idéia deque não pode haver afinidade entre pes-quisador e pesquisado. Essa mentalida-de preconiza o distanciamento. Hoje apesquisa qualitativa oferece oportunida-des de novas interpretações. O investi-gador e o investigado gozam de parida-de no contexto da pesquisa. Todavia, nãose rompe com os dados quantitativos,mas abrem-se caminhos para os senti-mentos, as emoções e as interações. Osdados qualitativos e os dados quantitati-vos são coadjuvantes da mesma cena.Não se pode negar totalmente o quanti-tativo. Contudo, não se pode tratar doassunto apenas como um aspecto se-mântico, a questão não é somente desubstituição de números por palavras.

Na pesquisa sociolingüística inter-acional, por exemplo, a descrição etno-gráfica, cujo objetivo central é documen-tar e analisar aspectos específicos do pro-cesso comunicativo (verbal e não-verbal)e contextualizar esse processo no gruposocial em que ele ocorre, caracteriza-sepor ser uma metodologia qualitativa porexcelência, conforme afirma Bortone(1996a, p. 390):

O argumento central da pesquisa resideno fato de a identidade social e étnicaser em grande parte estabelecida emantida pela linguagem. Isto se deve nãosó às características históricas e ideoló-gicas através das quais os grupos sãoestruturados, como também pelos sím-bolos e identidades criados que mode-lam e direcionam as formas discursivasque estão sendo analisadas.

A focalização da análise etnográficaestá na situação de uso, nos hábitos diári-os e sistematizados e na organização ló-gica e comportamental desse uso. Assim,a coleta de dados e sua análise secomplementam mutuamente (Bortone,1996b, p. 24).

Tanto a sociedade para a qual se pes-quisa quanto a universidade, na qual sedesenvolve a pesquisa, são formadas porseres humanos, que não são números es-tatísticos simplesmente, mas seres que seinteragem e se modificam a despeito de umquociente frio. Ao contrário do que pensamos positivistas, cartesianos mais ortodoxos,a pesquisa qualitativa não acaba com a ve-racidade dos fatos, contudo, ao evidenciaras emoções, descortina novos rumos, apon-tando para o mais próximo possível da rea-lidade. O lugar dos resultados da pesquisanão é mais o gráfico e a tabela, mas o pró-prio homem. Aquele que desencadeia, rea-liza e serve-se da pesquisa.

O ser humano não é um ser compar-timentado e não pode estar enquadradoem simples dados com comprovação arit-mética ou tabulado como um elementoneutro.

Silva enfatiza que a sociedade atual, emcontínuo processo de transformação e do-minada pela força globalizante, cuja neces-sidade está voltada para a atividade de pes-quisa marcada pela práxis humana plenade significados e de interpretações teóricas,exige que se repense os caminhos da pes-quisa, para que se estabeleça também anatureza e a função social da EducaçãoSuperior no Brasil. Para esse educador, éfundamental que o conhecimento teorica-mente elaborado se interponha à práticaempírica, pois ''a pesquisa puramenteempírica, que se volta e se esgota nos da-dos, não tem condições de se afirmar nouniverso científico'' (Silva, 2000, p. 62).

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Segundo Thiollent (1996, p. 31), apesquisa-ação é um tipo de pesquisasocial, com base empírica, organizadade modo participativo, com a colabora-ção de pesquisadores e de membros dogrupo, implicados em determinada situ-ação ou prática social, de modo a iden-tificar os problemas e buscar soluções.Destaca, ainda, que a pesquisa-ação(PA) é uma forma de pesquisa participan-te (PP), mas que nem todas as pesqui-sas participantes são pesquisa-ação,embora muitas vezes sejam tomadascomo sinônimas. Para esse autor, na PPa preocupação participativa está maisconcentrada no pólo pesquisador do queno pólo pesquisado e não desencadeiauma ação propriamente dita, uma vezque os grupos pesquisados não sãomobilizados em torno de objetivos espe-cíficos, mas deixados às suas atividadescomuns, e o fato de os pesquisadoresparticiparem das situações observadasnão caracteriza, por si só, uma PA.

Para Thiollent (1985, p. 83), a idéia ésimples: esse tipo de pesquisa visa mobi-lizar pesquisa à ação apontando seus efei-tos para pesquisador e pesquisado, poisalém da participação dos investigadores,a PA supõe também uma participação dosinteressados na própria pesquisa, que éorganizada em torno de uma ação plane-jada e de uma intervenção com mudan-ças dentro da situação investigada. Assim,rompe com o behaviorismo e incita o pes-quisador a sair do laboratório, a buscaroutros campos.

Thiollent2 enfatiza que, para a pesqui-sa-ação acontecer deve haver uma inten-ção de pesquisar e uma vontade de mu-dar, devendo ter um objetivo duplo: resol-ver problemas dos usuários e fazer progre-dir os conhecimentos fundamentais. Seusresultados devem estar voltados para osmodos de resolução de problemas concre-tos, encontrados no decorrer da realizaçãodo projeto; os conhecimentos devem estarvalidados pela experimentação durante apesquisa-ação e voltados para a formaçãode uma comunidade com capacidade deformular novos questionamentos para pes-quisa e estudos.

Há de se salientar que a pesquisa qua-litativa encontra respaldo na comunidadecientífica internacional e encontra apoio nosnovos paradigmas de ciência, além de ofe-recer soluções mais adequadas aos usuá-rios nas áreas técnicas, destacando-se o

fato de que, por meio da pesquisa, é possí-vel rever o novo papel da universidade. Poroutro lado, os críticos da pesquisa-ação sali-entam que falta rigor e precisão de método,que existe a possibilidade de se confundirciência com cultura popular, de criar uma fal-sa expectativa e ainda que se corre o riscode veicular a ideologia do pesquisador.

É possível que esses temores venhama se concretizar, se não existir uma éticaque conduza os rumos da pesquisa enorteie as ações do pesquisador. Entre-tanto, é mister observar que essas ressal-vas também cabem em uma pesquisa deconcepção positivista. Se falta ética a umpesquisador cartesiano, também essepode adulterar ou manipular resultados aosabor de sua ideologia.

O que ocorre de fato é que a pesqui-sa-ação incomoda a um grupo. Incomodaao grupo que monopoliza o saber, que nãotem interesse em dividir o conhecimentocom os atores. Incomoda àqueles que sóentendem como ciência o que é feito emum laboratório, isolando e quantificandodados.

Se pensarmos a educação como umprocesso que promove a mudança dementalidade, compreenderemos a neces-sidade de participarmos como sujeitosdessa mudança, não como um númerotabulado, mas como agente de transforma-ção, pois ''nada se faz entre os homens sema consciência e o trabalho dos homens, etudo o que tem o poder de alterar a quali-dade da consciência e do trabalho, tem opoder de participar de sua práxis e de serparte dela'' (Brandão, 1986, p. 82).

Uma universidade que faz jus ao títulonão pode tão-somente adotar o ensinocomo função preponderante, mas devechamar a si a responsabilidade de desen-volver e estimular a pesquisa não só juntoao seu corpo docente e de pesquisado-res, mas, sobretudo, com seu corpo dis-cente, abrindo espaços para a pesquisaqualitativa, pois é a partir da pesquisa par-ticipante que o ensino superior adota umaforça pedagógica capaz de superar a meratransmissão de conhecimentos, fazendocom que o aluno seja protagonista de seusaber.

Há que se concluir com Brandão(1986, p. 78), concordando que:

A idéia de que a educação não serve ape-nas à sociedade, ou à pessoa na socieda-de, mas à mudança social e à formação

2 Palestra de abertura do 2ºFórum de Investigação Qua-litativa (FIQ), em 8/6/2000, naUniversidade Federal de Juizde Fora (MG).

R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 197, p. 109-115, jan./abr. 2000.

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conseqüente de sujeitos e agentes na/damudança social, pode não estar escritade maneira direta nas ''leis do ensino''. Afi-nal, as leis quase sempre são escritas porquem pensa que nem elas nem o mundovão mudar um dia.

Daí a grande importância de se es-timular a pesquisa qualitativa na univer-sidade. Daí a urgente necessidade de seimplementar a ação de ''aprender aaprender pesquisando'',3 entre docentese discentes.

Encerrar este texto citando outro an-tropólogo instiga-nos a pensar a educa-ção como um caminhar do homem, so-bre o qual este traça o seu futuro, tendocomo bússola a pesquisa da qual é par-ticipante e sem a qual a universidade seperderia. E, assim, ousamos parodiarBrandão4 afirmando que: as pesquisasnão mudam o mundo. As pesquisas mu-dam as pessoas. As pessoas mudam omundo.

Referências bibliográficasBORTONE, Marcia Elizabeth. Comunicação interdialetal: um retrato de diversidades

culturais. In: MAGALHÃES, I. (Org.). As múltiplas faces da linguagem. Brasília: UnB,1996a. p. 387-399.

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BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 18. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 1997.

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______. Notas para o debate sobre pesquisa-ação. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues(Org.). Repensando a pesquisa participante. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.

Recebido em 25 de abril de 2001.

Ormezinda Maria Ribeiro, doutoranda em Lingüística pela Universidade EstadualPaulista (Unesp/Araraquara), é professora do Instituto de Formação de Educadores daUniversidade de Uberaba (Uniube).

3 Proposta de trabalho do Gru-po de Apoio Pedagógico ePesquisa (Gapp), do Institu-to de Formação de Educa-dores da Universidade deUberaba, para o Encontro deProfessores de MetodologiaCientífica, durante a Sema-na de Seminários, nos dias16, 17 e 18/5/2000.

4 "Os livros não mudam o mun-do. Os livros mudam as pes-soas. As pessoas mudam omundo." (Carlos RodriguesBrandão).

R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 197, p. 109-115, jan./abr. 2000.

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Abstract

In this text, a reflection on the importance of the research in and for the university ismade, giving emphasis on the necessity of implementing, in the university centers, thequalitative research. Being attentive by the fact that this type of research is not alwaysrecognized as legitimate, it tries, as an approach on the functions of the university duringits history, to alert for the pressing necessity of adopting the research, specially thequalitative one, as an axle of other academic activities, placing it in the position of universitydifferentiator and upper colleges.

Keywords: qualitative research; university; education.

R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 197, p. 109-115, jan./abr. 2000.