por muito tempo eu fiquei calado

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Por Muito Tempo eu Fiquei Calado Não Vou Ficar Tim Maia Há muito tempo eu vivi calado, mas agora resolvi falar [aponta o dedo acusadoramente] Chegou a hora, tem que ser agora, com você não posso mais ficar [(aos seus pés há um círculo que, ao andar, ele/ela vai empurrando contra a/o outra/outro) começa a gritar, a balançar os dedos como os rap negros americanos, os cinco dedos abertos, com extrema violência] Não vou ficar, não Não posso mais ficar, não, não, não [(argumenta para o público) no telão vão passando só coisas ruins, são os argumentos] Toda verdade deve ser falada e não vale nada se enganar [atrás dela/dele num cilindro vai se acumulando um monte de algo que parece merda] Não tem mais jeito tudo está desfeito e com você não posso mais ficar Não vou ficar, não Não posso mais ficar, não, não, não [pega um cichote e começa a bater numa parede de vidro entre ambos] Pensando bem Não vale a pena [parece pensar, duvida, irrita-se] Ficar tentando em vão O nosso amor não tem mais condição, não [a cabeça decai; decide-se] Por isso resolvi agora te deixar de fora do meu coração Com você não dá mais certo e ficar sozinho é minha solução É solução, sim Não tem mais condição, não, não, não [retira metade da vestimenta, de cima abaixo; uma parte fica escura; sai pulando numa perna só] Diz respeito à relação entre os pares polares, por exemplo, esquerda e direita. No final o homem corta de cima abaixo metade do corpo e fica clara só metade, a outra metade estando escura; e vice-versa do outro lado a mulher, simetricamente. Ambos cantam, alternadamente (não importa quem comece, faça sorteio). Serra, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010.

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o vulcão não manda cartas dizendo que vai estourar

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Page 1: por muito tempo eu fiquei calado

Por Muito Tempo eu Fiquei Calado Não Vou Ficar

Tim Maia

Há muito tempo eu vivi calado, mas agora resolvi falar

[aponta o dedo acusadoramente] Chegou a hora, tem que ser agora, com você não posso mais ficar

[(aos seus pés há um círculo que, ao andar, ele/ela vai empurrando contra a/o outra/outro) começa a gritar, a balançar os dedos como os rap negros americanos, os

cinco dedos abertos, com extrema violência] Não vou ficar, não

Não posso mais ficar, não, não, não

[(argumenta para o público) no telão vão passando só coisas ruins, são os argumentos]

Toda verdade deve ser falada e não vale nada se enganar

[atrás dela/dele num cilindro vai se acumulando um monte de algo que parece merda]

Não tem mais jeito tudo está desfeito e com você não posso mais ficar Não vou ficar, não

Não posso mais ficar, não, não, não

[pega um cichote e começa a bater numa parede de vidro entre ambos]

Pensando bem Não vale a pena

[parece pensar, duvida, irrita-se] Ficar tentando em vão

O nosso amor não tem mais condição, não

[a cabeça decai; decide-se] Por isso resolvi agora te deixar de fora do meu coração

Com você não dá mais certo e ficar sozinho é minha solução É solução, sim

Não tem mais condição, não, não, não

[retira metade da vestimenta, de cima abaixo; uma parte fica escura; sai pulando numa perna só] Diz respeito à relação entre os pares polares, por exemplo, esquerda e direita.

No final o homem corta de cima abaixo metade do corpo e fica clara só metade, a outra metade estando escura; e vice-versa do outro lado a mulher, simetricamente.

Ambos cantam, alternadamente (não importa quem comece, faça sorteio). Serra, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010.