por dentro mit

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Por dentro dacidade //// l Especia Edição UNICEF em parceria com o Public Laboratory for Open Technology and Science (PLOTS) realizou um Oworkshop pioneiro na área de tecnologia de mapeamento comunitário com foco na prevenção de desastres, no Rio de Janeiro, entre os dias 22 a 26 de agosto. A comunidade piloto escolhida para a ação foi o Morro dos Prazeres, em Santa Teresa. O workshop “Formação de Treinadores - Mapeamento Digital de Riscos Ambientais Guiado pela Juventude” capacitou lideranças comunitárias e jovens do Morro dos Prazeres, Morro do Urubu, Morro dos Macacos, Morro do Borel e Rocinha, comunidades escolhidas por participarem da Plataforma dos Centros Urbanos e por apresentarem incidências de riscos ambientais. Representantes do poder público que têm ingerência na área de emergência e prevenção de desastres também participaram da capacitação. GeoRio, Rio Águas, Sec. Estadual de Defesa Civil,Sec. Municipal de Saúde e Defesa Civil, Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, Cruz Vermelha, Fundação Abrinq/Save the Children participaram de todo o processo. A atividade promoveu o diálogo entre as instituições públicas e as comunidades, facilitando que o possível processo de implantação do projeto seja construído coletivamente. A tecnologia foi desenvolvida por cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e tem sido replicada pelo PLOTS em diversos lugares do mundo. Este tipo de mapeamento é participativo e oportuniza as próprias lideranças, jovens e população em geral a destacar os riscos ambientais. Nos dois primeiros dias a metodologia foi apresentada e foram discutidas as viabilidades de aplicação do projeto. Uma das maiores preocupações foi sobre o uso e Metodologia Participativa UNICEF, Massachusetts Institute of Tecnology e Public Laboratory for Open Technology and Science para comunidades cariocas transferem tecnologia de mapeamento de riscos ambientais

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Pordentrodacidade

//// l EspeciaEdição

UNICEF em parceria com o Public Laboratory for

Open Technology and Science (PLOTS) realizou um Oworkshop pioneiro na área de tecnologia de

mapeamento comunitário com foco na prevenção de

desastres, no Rio de Janeiro, entre os dias 22 a 26 de

agosto. A comunidade piloto escolhida para a ação foi o

Morro dos Prazeres, em Santa Teresa.

O workshop “Formação de Treinadores - Mapeamento

Digital de Riscos Ambientais Guiado pela Juventude”

capacitou lideranças comunitárias e jovens do Morro dos

Prazeres, Morro do Urubu, Morro dos Macacos, Morro do

Borel e Rocinha, comunidades escolhidas por participarem

da Plataforma dos Centros Urbanos e por apresentarem

incidências de riscos ambientais.

Representantes do poder público que têm ingerência na

área de emergência e prevenção de desastres também

participaram da capacitação. GeoRio, Rio Águas, Sec.

Estadual de Defesa Civil,Sec. Municipal de Saúde e Defesa

Civil, Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos,

Cruz Vermelha, Fundação Abrinq/Save the Children

participaram de todo o processo. A atividade promoveu o

diálogo entre as instituições públicas e as comunidades,

facilitando que o possível processo de implantação do

projeto seja construído coletivamente.

A tecnologia foi desenvolvida por cientistas do

Massachusetts Institute of Technology (MIT) e tem sido

replicada pelo PLOTS em diversos lugares do mundo. Este

tipo de mapeamento é participativo e oportuniza as

próprias lideranças, jovens e população em geral a

destacar os riscos ambientais.

Nos dois primeiros dias a metodologia foi apresentada e

foram discutidas as viabilidades de aplicação do projeto.

Uma das maiores preocupações foi sobre o uso e

Metodologia Participativa

UNICEF, Massachusetts Institute of Tecnology e Public

Laboratory for Open Technology and Science

para comunidades cariocas

transferem tecnologia de mapeamento de riscos ambientais

O balão

A pipa:

A pipa é uma das alternativas para a realização do

mapeamento aéreo. Uma câmera fotográfica digital com

modo contínuo acionado é acoplada à pipa. Ela precisa

de ventos de, no mínimo, 8km/h para realizar o

trabalho. Enquanto a pipa sobe, a câmera vai capturando

as imagens – quanto mais alto ela subir, maior será a

área de abrangência da fotografia. Já de volta ao chão,

essas imagens são baixadas direto para um site público

chamado “Cartagen”, que tem um software parecido

com o Google Earth. Além de mostrarem as imagens mais

atualizadas, elas mostram mais a realidade da

comunidade. O programa possibilita fazer montagens e

colagens das imagens disponíveis, como a montagem de

um quebra-cabeça.

As tecnologias:

O aparelho utiliza um software especial do UNICEF, o

UNICEF GIS, que faz a localização através do GPS, tira

fotos, faz vídeos e tem um espaço para comentários.

Funciona assim: o jovem capacitado observa o problema

dentro de sua comunidade, localiza com o GPS do

aparelho, faz uma foto e/ou um vídeo, uma breve

descrição do problema e estas informações vão

diretamente para o mapa, onde o poder público terá

acesso diretamente.

O celular

divulgação das informações que serão disponibilizadas pelo

mapeamento, quem terá o domínio sobre essas

informações e qual será o filtro utilizado para checagem

das informações. As comunidades discutiram junto com o

poder público, o UNICEF e o PLOTS sobre os cuidados e

precauções a serem tomadas antes da implantação do

piloto.

Marcelo Abelheira, da GeoRio, falou sobre as experiências

que já estão sendo implementadas dentro das

comunidades com mais riscos de desastres. Segundo ele,

já existem pequenos núcleos da Defesa Civil dentro de

comunidades que tem Agentes Comunitários de Saúde

As tecnologias utilizadas

juntas tornam o mapeamento

mais eficaz. Este sistema

também permite importar

mapeamentos já realizados

pela comunidade e inserí-los

na mesma plataforma.

atuando. Eles recebem uma capacitação para alertar e

informar aos moradores sobre os riscos de deslizamento de

encostas em caso de fortes chuvas. Abelheira também citou

a instalação do Sistema Alerta e Alarme Comunitário, que

já foram instaladas no Borel e nos Macacos, por exemplo.

O metodologia permite mapear as especificidades de cada

comunidade, porém o grupo acordou selecionar temas

chaves que devem constar no mapa piloto de todas elas:

problemas de saneamento, perigos de infraestrutura,

espaços sociais (localidades de grande circulação de

pessoas para colocar avisos em caso de emergência),

impedimento de evacuação e atividades de preservação

ambiental realizadas pela comunidade.

O balão tem a mesma função da pipa, sendo mais útil

em dias de pouco vento. É injetado gás Hélio em um

balão de gás e ele sobe para que a câmera faça imagens

aéreas, como a pipa. Esta opção tem um custo superior

ao da pipa, devido ao valor do gás hélio.

Ida ao campo

Os participantes se dividiram em grupos e foram para

campo (Morro dos Prazeres) pesquisar os pontos focais. Os

grupos tiveram que fazer fotos, vídeos e relatos sobre os

problemas encontrados, além de apontar soluções

possíveis. Posteriormente, as informações colhidas foram

transferidas para os mapas.

O workshop proporcionou ainda a visita de alguns

participantes ao Centro de Operações do Rio onde

puderam conversar sobre a viabilidade de importação do

sistema apresentado na oficina para o sistema do Centro.

No último dia de oficina foram discutidos os

desdobramentos e planejada a implantação da iniciativa

nas comunidades.

Joseph Agoada, do UNICEF Nova York, se mostrou muito

otimista. "Eu estou impressionado. É comovente ver, por

exemplo, alguém da Defesa Civil conversando diretamente

com os jovens da comunidade. É incrível a quantidade de

coisas que conseguimos realizar em uma semana. Os

adolescentes se mostraram bastante motivados e ativos.

Agora temos que pensar em ferramentas para tornar o

trabalho ainda melhor, mas acho que vai funcionar muito

bem”, afirmou.

O “Mapeamento Digital de Riscos Ambientais Guiado pela

Juventude” vai ser implantado nas cinco comunidades a

partir de outubro deste ano. 125 jovens serão capacitados

para replicar a tecnologia em cada uma das comunidades.

“Estou extremamente impressionada. Acho que vai

funcionar muito nas comunidades. Se todos forem

iguais aos líderes que participaram aqui, vai ser

muito legal e a tecnologia poderá ser usada para

muitas finalidades diferentes. Eu fiquei muito

tocada com as relações que nós estabelecemos

durante esta semana e quero continuar em contato

com essas pessoas”.

Liz Barry, do PLOTS

“Acho que é possível sim aplicar essa tecnologia

na comunidade. Você pensa em conhecer melhor

a comunidade. A oficina foi bem divertida e a

parte que eu mais gostei foi soltar a pipa. Se

houver mobilização dos moradores, fica mais

fácil de aplicar as técnicas que nós aprendemos

aqui – quando eles vêem que alguma coisa está

realmente sendo feita, eles acabam

colaborando, ficando mais fácil de melhorar”.

Joilson Souza, 18 anos, Morro dos Macacos

“É uma coisa muito nova, nunca imaginei que

uma pipa e um balão pudessem realizar um

trabalho deste tipo. Espero que esta tecnologia

sirva também para apontar principalmente as

coisas legais da comunidade. Acho que a adesão

ao projeto aqui nos Prazeres vai ser grande e nós

provavelmente criaremos uma experiência com

a cara da comunidade”.

Janice Delfim, liderança comunitária do

Morro dos Prazeres

Depoimentos