por dentro do metabolismo
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POR DENTRO DO METABOLISMO
É preciso mais do que boca fechada para perder aqueles quilos extras. Esclareça, de
uma vez por todas, suas dúvidas sobre como funciona e o que afeta o ritmo do organismo. E pare de sofrer na hora de
subir na balança.
Já se pegou tentando compreender por que você come um bolo de chocolate inteiro e não engorda, enquanto sua amiga belisca meia fatia e o ponteiro da balança vai lá longe? Sabe dizer o que é esse tal de metabolismo e se ele varia de uma pessoa para outra? Ou qual a importância da ginástica para mantê- lo em dia?
O que é o metabolismo?Imagine a situação: você percebe que não pára de beber água a tarde toda e, ao procurar o motivo da sede, lembra que o almoço estava muito salgado. Eis uma operação metabólica. O sal da comida
elevou sua pressão sanguínea e, a fim de estabiliza-la, o corpo respondeu pedindo líquido, para que
você eliminasse o excesso de sal por meio da urina.
“Metabolismo é esse sistema de trocas químicas responsáveis pelo equilíbrio orgânico”, resume o endocrinologista Tércio Rocha, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia. “Cada órgão tem seu funcionamento específico, embora todos estejam interligados. Quando comemos, o corpo absorve os nutrientes e elimina o que é desnecessário. Nesse caso, o modo como transforma calorias em energia é o que chamamos de metabolismo.”
Por que algumas pessoas comem feito passarinho e engordam como elefante, e outras não?
Quem tem o metabolismo em dia geralmente não mostra problemas para manter o peso, desde que obedecendo à
equação dieta saudável + atividade física. Por outro lado, pessoas que engordam facilmente costumam ter metabolismo lento. Porém, tudo isso é decisão da genética. “Cerca de 80%
da taxa metabólica é determinada geneticamente”, diz o endocrinologista Luiz Alberto Susin, vice- presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Os outros 20% dependem da composição corporal (músculos, gordura, ossos, índice de água no organismo), do sexo (o metabolismo masculino é mais acelerado do que o feminino, pois os homens apresentam proporção maior de massa muscular e menor de gordura do que as mulheres), da idade (a partir dos 30 anos começa a ficar mais lento) e da temperatura ambiente (em países frios, o corpo consome mais energia para se manter aquecido).
O que torna o metabolismo lento?
O excesso de açúcar, especialmente após a refeição, deve ser evitado, como explica Tércio. “Imagine o corpo digerindo a proteína e a gordura do almoço
quando... pimbal, você manda um pedaço de torta de chocolate. Resultado: ele pára o que está fazendo para
absorver o açúcar do doce, que é assimilado mais facilmente, retardando a digestão dos outros alimentos.”
Ele revela ainda que a farinha refinada de pães, bolos e massas faz um mal danado, pois estressa o fígado e “envelhece” o metabolismo, tornando- o mais vagaroso. Por último, é a ingestão insuficiente de água. O líquido é fundamental para transportar hormônios, vitaminas e minerais, além de facilitar o trânsito intestinal e a eliminação de toxinas.
Como é possível acelera- lo?
Reduzindo a taxa de gordura no organismo e aumentando a de massa muscular, já que quanto
mais músculos, maior e mais veloz é o gasto calórico. Para conseguir isso, um caminho certo é praticar atividade física, combinando exercício aeróbico e ginástica localizada ou musculação.
“Além disso, a malhação ajuda a transformar glicose e gordura em energia sem a necessidade de produzir o hormônio insulina, que engorda muito”, avisa Maria Helena César Coral, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Ela ensina que o ideal é fazer do treino um hábito, para acostumar o físico e desencadear uma ação metabólica contínua. “Caso contrário, ocorre o mesmo que com os atletas que se aposentam: em pouco tempo eles acabam perdendo músculos e ganhando gordura.”
Dietas restritivas retraem o metabolismo?
A privação calórica obriga o organismo a trabalhar mais devagar e a gastar menos energia para garantir a sobrevivência. O metabolismo de quem come menos gordura do que o necessário (15g diárias) também corre o risco de se tornar
mais lento, o que é negativo.
“Qualquer pessoa precisa desse nutriente para realizar o processo metabólico”, alerta Marisa. Mas é preciso saber distinguir entre as gorduras boas, como as do azeite de oliva e a das castanhas, e as de origem animal, que são um convite ao colesterol.
Quem não tem tendência para engordar pode comer de tudo,
sem medo?Ganhar peso não é a pior consequência dos hábitos
alimentares ruins. “Se você abusar do açúcar, gordura e alimentos condimentados, por exemplo, pode desenvolver o diabetes, o pior dos males relacionados ao metabolismo do
açúcar”, explica Tércio. Sem falar no aumento do mau colesterol, no entupimento dos vasos sanguíneos e no risco de problemas cardíacos. Afinal, de que adianta ser magro e
ter a saúde precária?
O resultado de um metabolismo desregulado é o ganho de peso?
Nem sempre, uma vez que esse desequilíbrio pode provocar o efeito oposto também. Disfunções da glândula tireóide são as causas mais frequentes do mau funcionamento do
metabolismo. O hipertireoidismo, doença que ocorre quando há uma liberação exagerada de hormônios pela
tireóide, provoca um emagrecimento rápido e anormal, sem que a pessoa mude qualquer atitude nos hábitos
alimentares.
Já o hipotireoidismo (que, ao contrário, inibe ou até anula a produção hormonal) torna o ritmo do organismo excessivamente vagaroso. O resultado é o ganho de peso e a sensação de que o corpo todo está funcionando mais lentamente- daí o cansaço e a falta de disposição. “Os 2 tipos são perigosos e demandam tratamento adequado, que pode ser à base de medicamentos ou pela reposição hormonal”, comenda a médica Marisa.
Fique de olhoQuando o ritmo do
corpo anda alterado, o aumento ou a perda de peso aparecem rapidinho. Se você nunca parou para pensar se está tudo em ordem com o seu metabolismo, mas vem notando algum dos sintomas ao lado, trate de buscar ajuda.
Queda de cabeloSuor na palma das mãosTaquicardia Prisão de ventreDores nas articulaçõesFadigaCabelo e pele ressecadosAlteração na qualidade do sonoDificuldade de concentraçãoIrregularidade no ciclo menstrual
Para maiores informações consulte a revista Corpo a Corpo de outubro de 2005.