populações ribeirinhas e sustentabilidade: ilha do combú

1
Populações Ribeirinhas e Sustentabilidade: Ilha do Combú Márcia Joana Souza Monteiro 1 e Hildegard M. Klever Krause 1 Instituto de Estudos Superiores da Amazônia 1 (IESAM) 1. Objetivos Localizada na foz do rio Guamá, no Pará, a ilha do Combú possui uma área de 15 km 2 coberta por matas densas, com uma população de cerca de 586 habitantes, distribuídos em 98 domicílios (casas), ao longo do rio e tributários. Ali se encontram espécies como a palmeira do açaí (Euterpe oleracea) e árvores frutíferas como o cacau (Theobroma cacao). Neste tipo de estuário, os principais sistemas de uso da terra como, extrativismo vegetal, agricultura, criação de animais domésticos, caça e pesca, dependem dos ecossistemas de mata da várzea para a sua manutenção e sustentabilidade. Neste trabalho é feito uma pequena abordagem sobre os aspectos sócio- econômico e ambiental relacionado com a população dessa região. 2. Material e Métodos A extração de produtos da mata, tais como madeira e palmito, requer uma rápida regeneração destes recursos, assim como a caça de animais selvagens. As condições sócio-econômico ambiental das comunidades que habitam estes ecossistemas mostram uma elevada adaptabilidade do uso da terra pelos ribeirinhos. Todavia, este sistema ecológico tem como peça fundamental para a manutenção de sua sustentabilidade, a multiplicação das oportunidades econômicas através do manejo de variados recursos pelos ribeirinhos, ora voltados para a comercialização, ora para a subsistência, apesar destas economias estarem relativamente integradas aos sistemas de mercado urbano. Vale salientar que as informações contidas neste trabalho foram obtidas por visitações e relatos dos integrantes da população local. 3. Resultados Dentre as atividades desenvolvidas para a subsistência da população estão: extrativismo vegetal; agricultura; criação de animais domésticos; caça; pesca, principalmente do camarão e extração do palmito, salientando que sua extração e consequentemente, sua comercialização, não é um objetivo em si mesmo [1]. O palmito aparece mais como um subproduto das técnicas de “limpeza de terreno” ou do desbaste seletivo de touceiras de açaízeiros (Fig.1). Uma outra atividade desenvolvida pelas famílias do Combú é o artesanato, através da confecção de “rasas” (Fig.2), utensílio usado para armazenar e embalar os frutos do açaí para a comercialização, que tem como matéria prima única a fibra da jacitara (palmeiras do gênero Desmonco) e do guarumã (Ischinosiphon koern), plantas que ali nascem naturalmente. Fig.1: Açaízeiros. Fig.2: Artesanato desenvolvido pelos moradores (rasas). 4 Conclusões Os ribeirinhos do Combú possuem um calendário sazonal das atividades produtivas. O extrativismo do açaí é predominante, ocorre durante quase todo o ano. Quanto as demais atividades, estas exercem mais a função de complementar a renda da população no período da entressafra do açaí. 5. Referências Bibliográficas [1] V. B. SANTOS, Alguns aspectos da reprodução ribeirinha: o caso da ilha do Combú. Belém, UFPA/NAEA, 1990. [2] I. CAMPOS, A Sustentabilidade da Agricultura na Amazônia. Belém, UFPA/NAEA, 2000.

Upload: marjoan

Post on 04-Aug-2015

56 views

Category:

Documents


10 download

DESCRIPTION

Márcia Joana Souza Monteiro1 e Hildegard M. Klever Krause1 Instituto de Estudos Superiores da Amazônia1 (IESAM)1. ObjetivosLocalizada na foz do rio Guamá, no Pará, a ilha do Combú possui uma área de 15 km2 coberta por matas densas, com uma população de cerca de 586 habitantes, distribuídos em 98 domicílios (casas), ao longo do rio e tributários. Ali se encontram espécies como a palmeira do açaí (Euterpe oleracea) e árvores frutíferas co

TRANSCRIPT

Page 1: Populações Ribeirinhas e Sustentabilidade: Ilha do Combú

Populações Ribeirinhas e Sustentabilidade: Ilha do Combú

Márcia Joana Souza Monteiro1 e Hildegard M. Klever Krause1

Instituto de Estudos Superiores da Amazônia1 (IESAM)

1. ObjetivosLocalizada na foz do rio Guamá, no Pará, a ilha do Combú possui uma área de 15 km2 coberta por matas densas, com uma população de cerca de 586 habitantes, distribuídos em 98 domicílios (casas), ao longo do rio e tributários. Ali se encontram espécies como a palmeira do açaí (Euterpe oleracea) e árvores frutíferas como o cacau (Theobroma cacao). Neste tipo de estuário, os principais sistemas de uso da terra como, extrativismo vegetal, agricultura, criação de animais domésticos, caça e pesca, dependem dos ecossistemas de mata da várzea para a sua manutenção e sustentabilidade. Neste trabalho é feito uma pequena abordagem sobre os aspectos sócio-econômico e ambiental relacionado com a população dessa região.

2. Material e MétodosA extração de produtos da mata, tais como madeira e palmito, requer uma rápida regeneração destes recursos, assim como a caça de animais selvagens. As condições sócio-econômico ambiental das comunidades que habitam estes ecossistemas mostram uma elevada adaptabilidade do uso da terra pelos ribeirinhos. Todavia, este sistema ecológico tem como peça fundamental para a manutenção de sua sustentabilidade, a multiplicação das oportunidades econômicas através do manejo de variados recursos pelos ribeirinhos, ora voltados para a comercialização, ora para a subsistência, apesar destas economias estarem relativamente integradas aos sistemas de mercado urbano. Vale salientar que as informações contidas neste trabalho foram obtidas por visitações e relatos dos integrantes da população local.

3. ResultadosDentre as atividades desenvolvidas para a subsistência da população estão: extrativismo vegetal; agricultura; criação de animais domésticos; caça; pesca, principalmente do camarão e extração do palmito, salientando que sua extração e consequentemente, sua comercialização, não é um objetivo em si

mesmo [1]. O palmito aparece mais como um subproduto das técnicas de “limpeza de terreno” ou do desbaste seletivo de touceiras de açaízeiros (Fig.1). Uma outra atividade desenvolvida pelas famílias do Combú é o artesanato, através da confecção de “rasas” (Fig.2), utensílio usado para armazenar e embalar os frutos do açaí para a comercialização, que tem como matéria prima única a fibra da jacitara (palmeiras do gênero Desmonco) e do guarumã (Ischinosiphon koern), plantas que ali nascem naturalmente.

Fig.1: Açaízeiros.

Fig.2: Artesanato desenvolvido pelos moradores (rasas).

4 ConclusõesOs ribeirinhos do Combú possuem um calendário sazonal das atividades produtivas. O extrativismo do açaí é predominante, ocorre durante quase todo o ano. Quanto as demais atividades, estas exercem mais a função de complementar a renda da população no período da entressafra do açaí.

5. Referências Bibliográficas

[1] V. B. SANTOS, Alguns aspectos da reprodução ribeirinha: o caso da ilha do Combú. Belém, UFPA/NAEA, 1990.

[2] I. CAMPOS, A Sustentabilidade da Agricultura na Amazônia. Belém, UFPA/NAEA, 2000.