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XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 XI Salão de Iniciação Científica PUCRS Pool de Patentes: uma solução para a tragédia dos anticomuns no âmbito das inovações ou um instrumento para o aumento no poder dos proprietários das patentes? Giordano Catucci Boza 1 , Gustavo Brendler 2 , Luciano Benetti Timm 1 (orientador) 1 Faculdade de Direito, PUCRS, 2 Bolsista de Iniciação Científica da FAPERGS. Resumo Introdução A propriedade intelectual visa eliminar a falha de mercado que existe para o inovador apropriar-se do valor social de sua inovação, neutralizando a tragédia dos comuns no âmbito das inovações. Por outro lado, quando a inovação é sequencial, o agente inovador necessita negociar com proprietários de patentes para, dessa forma, introduzir a sua inovação no mercado. Essa necessidade pode gerar a tragédia dos anticomuns, esta entendida como a subutilização de um bem pela existência de diversos proprietários com poderes de veto. Para impedir essa subutilização, foram criados diversos pools de patentes, que são uma espécie de consórcio em que diversas patentes necessárias para a criação de um determinado produto são disponibilizadas através de uma única licença. No entanto, para alguns juristas brasileiros, como Calixto Salomão Filho e Denis Borges Barbosa, esse instrumento deve ser tratado como abuso de patentes, porque ele aumenta o poder de quem deposita a sua patente nele, devendo ele ser proibido pelos órgãos de defesa da concorrência. Esse trabalho tem como objetivo analisar se o pool de patentes ou é um instrumento que visa a cartelização e, portanto, prejudica a inovação, conforme os autores citados ou é uma forma na qual os agentes econômicos encontraram para diminuir a incidência da tragédia dos anticomuns em inovações seqüenciais. 2319

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Page 1: Pool de Patentes: uma solução para a tragédia dos ... · facilitar o acesso, por parte de inovadores, de licenças necessárias para criar e comercializar um novo produto, diminuindo,

XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010

XI Salão de

Iniciação Científica PUCRS

Pool de Patentes: uma solução para a tragédia dos anticomuns no

âmbito das inovações ou um instrumento para o aumento no poder

dos proprietários das patentes?

Giordano Catucci Boza1, Gustavo Brendler

2, Luciano Benetti Timm

1 (orientador)

1Faculdade de Direito, PUCRS, 2 Bolsista de Iniciação Científica da FAPERGS.

Resumo

Introdução

A propriedade intelectual visa eliminar a falha de mercado que existe para o inovador

apropriar-se do valor social de sua inovação, neutralizando a tragédia dos comuns no âmbito

das inovações. Por outro lado, quando a inovação é sequencial, o agente inovador necessita

negociar com proprietários de patentes para, dessa forma, introduzir a sua inovação no

mercado. Essa necessidade pode gerar a tragédia dos anticomuns, esta entendida como a

subutilização de um bem pela existência de diversos proprietários com poderes de veto.

Para impedir essa subutilização, foram criados diversos pools de patentes, que são uma

espécie de consórcio em que diversas patentes necessárias para a criação de um determinado

produto são disponibilizadas através de uma única licença. No entanto, para alguns juristas

brasileiros, como Calixto Salomão Filho e Denis Borges Barbosa, esse instrumento deve ser

tratado como abuso de patentes, porque ele aumenta o poder de quem deposita a sua patente

nele, devendo ele ser proibido pelos órgãos de defesa da concorrência.

Esse trabalho tem como objetivo analisar se o pool de patentes ou é um instrumento

que visa a cartelização e, portanto, prejudica a inovação, conforme os autores citados ou é

uma forma na qual os agentes econômicos encontraram para diminuir a incidência da tragédia

dos anticomuns em inovações seqüenciais.

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Page 2: Pool de Patentes: uma solução para a tragédia dos ... · facilitar o acesso, por parte de inovadores, de licenças necessárias para criar e comercializar um novo produto, diminuindo,

XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010

Metodologia

Como metodologia, foi utilizada a análise econômica do direito, teoria que utiliza

conceitos econômicos para analisar as instituições jurídicas. O principal ferramental

econômico utilizado nessa pesquisa foi a teoria dos custos de transação, nas definições de

Ronald Coase, Douglass North e Oliver Williamson.

Resultados

Observamos que a aglomeração de patentes em pools consegue, de modo eficiente,

facilitar o acesso, por parte de inovadores, de licenças necessárias para criar e comercializar

um novo produto, diminuindo, dessa forma, os custos de transação. A indústria de DVDs, por

exemplo, teria diversas barreiras a sua criação se não houvesse a criação de um pool de

patentes para a criação do padrão de vídeo MPEG-2. Também, a Central Internacional para a

Compra de Medicamentos contra Aids, possui um projeto para a criação de um pool de

patentes para facilitar o acesso a medicamentos para tratar portadores do vírus HIV.

As figuras abaixo demonstram as diferenças entre um inovador que necessita negociar

com diversos proprietários de patentes e um inovador que negocia diretamente com o pool:

Figura 1.1. Negociação das licenças das patentes entre o inovador e os diversos proprietários das patentes.

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Figura 1.2 Negociação entre o inovador e o pool de patentes.

Conclusão

Concluímos que o pool de patentes, quando abrange apenas patentes essenciais a

criação de um determinado produto, facilita a criação de novos produtos pela diminuição dos

custos de transação na obtenção de licenças, evitando a tragédia dos anticomuns. Para isso, os

órgãos do sistema brasileiro da concorrência, tal como o CADE, devem, ao menos, evitar a

criação de pool de patentes que englobam patentes substitutas, patentes com validades

duvidosas ou com validades expiradas, pela razão de que a existência destas indica a intenção

de abuso por parte dos integrantes do pool.

Referências: HELLER, Michael A., The Tragedy of Anticommons – Property in the Transition from Marx to Markets.

Harvard Law Review. Vol. 111. nº. 3 (1997), pp. 621- 688.

GILBERT, R. G., Antitrust for Patent Pools: A Century of Policy Evolution. Stanford Technology Law

Review. Vol. 80, nº. 3 (2004), pp. 359 – 393.

BARBOSA, D. B. Uma introdução à propriedade intelectual. 2 edição. Rio de Janeiro: Ed. Lúmen Júris,

2003.

COOTER, Robert; ULEN, Thomas. Law and Economics. Massachusetts: Addison Wesley Longman, 2000.

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