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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE MESTRADO EM TECNOLOGIA EM SAÚDE DÉBORA SOARES DE OLIVEIRA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE PACIENTES SUBMETIDOS À PRÓTESE DE QUADRIL – AVALIAÇÃO DO BANCO DE DADOS DE UMA OPERADORA DE SAÚDE DO ESTADO DO PARANÁ CURITIBA 2009

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE

MESTRADO EM TECNOLOGIA EM SAÚDE

DÉBORA SOARES DE OLIVEIRA

ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE PACIENTES SUBMETIDOS À PR ÓTESE DE

QUADRIL – AVALIAÇÃO DO BANCO DE DADOS DE UMA OPERAD ORA DE

SAÚDE DO ESTADO DO PARANÁ

CURITIBA

2009

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DÉBORA SOARES DE OLIVEIRA

ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE PACIENTES SUBMETIDOS À PR ÓTESE DE

QUADRIL – AVALIAÇÃO DO BANCO DE DADOS DE UMA OPERAD ORA DE

SAÚDE DO ESTADO DO PARANÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Tecnologia em Saúde da PUCPR como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Tecnologia em Saúde. Linha de Pesquisa: Bioengenharia Orientadora: Drª. Beatriz Luci Fernandes

CURITIBA

2009

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Dedico em memória ao meu pai, Francisco de Assis Soares, pelo incentivo e

esforço na minha formação moral e educacional para que eu pudesse chegar até

esse momento;

Ao meu esposo, Alessandro Augusto de Oliveira e toda minha família, pelo

mais puro sentimento de amor que serviu de impulso para conquista deste objetivo;

Aos meus filhos Leonardo e Luana.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente, a Deus, que me deu vida, saúde e me trouxe até

aqui. Que tem ouvido minhas orações, concedido seu divino auxílio e proteção em

minha vida e tem sido minha força frente aos novos desafios. A Ti, Senhor, seja toda

honra e glória.

De forma muito especial à minha orientadora, Profª Dra. Beatriz Luci

Fernandes, que com muito profissionalismo, carinho e paciência, esteve comigo em

toda esta jornada.

Aos amigos Tania Conte, Giselle Bohn, Marcelo Dallagassa e todos os que

estiveram por perto, que muito contribuíram para esta conquista.

A Unimed Federação do Paraná, que viabilizou esta pesquisa.

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RESUMO

Articulações artificiais substituem articulações naturais degeneradas ou afetadas por doenças e a maioria das substituições acontece no quadril, representando 42% de todos os procedimentos. Apesar da artroplastia total do quadril, ATQ, ser considerada como o grande avanço na área da saúde do século XX, as revisões chegam a ¼ do total de implantações e, devido à sua complexidade, apresentam menor índice de sucesso do que as cirurgias primárias, além de custos mais elevados. Para se identificar os motivos do grande número de revisões das ATQ’s é necessário que os registros das cirurgias forneçam informações relevantes sobre o paciente desde a cirurgia primária até a revisão. Este tipo de registro é extremamente deficiente no Brasil impedindo medidas preventivas e corretivas. A proposta deste trabalho é identificar os fatores de risco para revisão de ATQ e propor indicadores para a tomada de medidas preventivas a fim de adiar ou evitar a cirurgia de revisão. Para tanto, foram selecionados os pacientes que passaram pela ATQ entre janeiro de 2003 e junho de 2009, em um banco de dados contendo 76.000 usuários, disponibilizado por uma operadora de plano de saúde com abrangência no Estado do Paraná. Dentre os pacientes com registro de ATQ, identificados através da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), foram selecionados os que passaram por uma ou mais revisões, que somaram 78 pacientes. As informações coletadas para as análises foram faixa etária, sexo, motivo da ATQ primária, motivo das revisões, tempo entre a ATQ primária e as revisões e procedência da prótese (nacional ou importada). Os resultados mostraram que a taxa de revisão, no período analisado foi de 34,0%, superior aos valores registrados na literatura, chegando a uma taxa anual de 64,7% em 2006. Relacionando o sexo, a idade dos pacientes e os procedimentos, tanto para a ATQ primária quanto para as revisões, prevaleceu o sexo feminino, principalmente acima de 60 anos. As ATQ’s primárias no sexo masculino tiveram maior incidência em adultos jovens, abaixo de 50 anos. Os principais diagnósticos para a ATQ primária foram artroses, 62,2%, fraturas, 20,0%, necroses, 13,6% e artrites, 4,3%. Quando analisada a procedência das próteses em 46 casos, as importadas apresentaram índice de 40,9% de infecção, 22,7% de luxação e nenhuma falha mecânica enquanto que, para as próteses nacionais, os índices foram 20,8% de infecção, 37,5% de luxação e 12,5% de falha mecânica. Analisando todos os dados coletados, foram sugeridos os seguintes indicadores de risco de revisão de ATQ: sexo, idade, índice de massa corpórea, atividade física, diagnóstico para a ATQ primária, técnica cirúrgica, tempo de cirurgia, profilaxia antibiótica, dimensões da prótese, taxa de revisão do cirurgião, taxa de revisão do hospital, materiais de fabricação da prótese, fabricante da prótese e taxa de revisão da prótese. Através destes indicadores, portanto, é possível fazer o planejamento cirúrgico adequado de forma a diminuir os riscos de revisão, bem como elaborar procedimentos de acompanhamento dos pacientes de risco adiando ou até mesmo evitando a revisão.

Palavras-chave : Indicadores de risco para revisão de ATQ. Artroplastia total de quadril. Revisão de prótese de quadril.

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ABSTRACT

Artificial joints replace natural ones degenerate or affected by diseases and the majority of replacements happens at the hip, representing 42% of all replacements. Although the total hip arthroplasty, THA, is considered a breakthrough in health science in the XX century, the revisions reach ¼ of all implantations and, due the ir complexity, present a lower success rate and higher costs than the primary surgery. In order to identify the reasons for the THA revisions, is essential that the protocols provide relevant information about the patient from his primary surgery to the revision. This kind of document is extremely deficient in Brazil avoiding preventive and corrective actions. The purpose of this work is to identify the risk factors of the THA revisions and suggest indicators for preventive actions in order to postpone or avoid the revision surgery. For this, were selected patients registered as THA procedure between January 2003 and June 2009, in a data bank containing 76.000 users, offered by a health insurance agent that covers the Paraná State. Among patients with THA record, identified through the Hierarchical Brazilian Classification of Medical Procedures (CBHPM), were selected the ones with one or more revisions that totaled 78 patients. The information collected for the analysis were age group, gender, reason for the THA, reason for the revisions, period between the primary THA and the revisions and precedence of the prosthesis (national or imported). The results show that the revision rate in the period analyzed was 34.0%, superior to the values registered on the literature, reaching an annual rate of 64.7% in 2004. The female, particularly above 60 years old, prevailed when correlated the gender to the age of the patients and procedures, for the primary THA as well as for the revisions. In males, the primaries THAs presented high incidence in young adults, below 50 years old. The main diagnostics for the primary THA were arthroses, 62.2%, fractures, 20.0%, necrosis, 13.6% e arthritis, 4.3%. Analyzing the precedence of the prosthesis in 46 cases selected, the imported ones presented indexes of 40.9% of infection, 22.7% of displacement and no mechanical failure, while for the national prosthesis, the indexes were 20.8% of infection, 37.5% of displacement and 12.5% of mechanical failure. Analyzing all collected data, the following risk indicators of THA revision were suggested: gender, age, body mass index, physical activity, diagnostic for primary THA, surgical technique, surgery length, antibiotic prophylaxis, prosthesis dimensions, revision rate of the surgeon, revision rate of the hospital, materials of prosthesis fabrication, prosthesis manufacturer and revision rate of the prosthesis. Through these indicators, therefore, is possible to make the appropriate surgical plan in order to reduce the risks of revision as well as to elaborate procedures of patients care, delaying or even avoiding the revision.

Key-words: Risk indicators for THA revision, Total hip arthroplasty, Hip prosthesis revision

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Divisões anatômicas do quadril.........................................................................15

Figura 2. Ilustração da pelve, mostrando a articulação sinfisiana. A: osso ilíaco, B: sacro,

C: acetábulo, D: púbis, E: sínfise púbica, F: ísquio............................................16

Figura 3. Articulação coxofemural (quadril) saudável, mostrando seus componentes......16

Figura 4. Remoção da cabeça do fêmur, preparação do acetábulo e imagem ilustrativa

do procedimento antes e depois da colocação da prótese................................20

Figura 5. Radiografia de uma Prótese total de quadril cimentada posicionada ................21

Figura 6. Radiografia de prótese total de quadril não cimentada .....................................21

Figura 7. Radiografia de prótese total de quadril híbrida..................................................22

Figura 8. Radiografia mostrando uma prótese parcial de quadril .....................................22

Figura 9. Exemplos de próteses totais de quadril não modular desenvolvidas por Moore.

À esquerda haste curta com diâmetros da cabeça de fêmur variando entre 37

e 58 mm. À direita haste longa com 300 mm de comprimento e cabeça de

fêmur também variando entre 37 e 58 mm........................................................24

Figura 10. Prótese total de quadril não modular de Thompson. Projeto melhorado da

prótese de Moore.............................................................................................24

Figura 11. Prótese de Charnley. A esquerda dois comprimentos de haste, sendo

uma modular (sem a cabeça do fêmur a ser fixada sob pressão – cone Morse).

À direita o acetábulo com flange confeccionado em polietileno de alta

densidade (PEAD) ...........................................................................................25

Figura 12. Próteses de Müller ..........................................................................................25

Figura 13. Articulação de uma prótese cerâmica-cerâmica..............................................26

Figura 14. Procedimento de recapeamento, mostrando a manutenção da cabeça de

fêmur natural....................................................................................................27

Figura 15. Sistema de Informação Hospitalar Integrado, mostrando as inter-relações entre

as informações................................................................................................44

Figura 16. Porcentagem de artroplastia primária e de revisão entre janeiro de 2003 e

junho de 2009. ................................................................................................52

Figura 17. Número de artroplastias primárias e de revisões por ano entre janeiro de 2003

e junho de 2009. .............................................................................................54

Figura 18. Distribuição dos custos com artroplastias primárias e revisões por ano

entre janeiro de 2003 e junho de 2009. ...........................................................55

Figura 19. Distribuição das artroplastias primárias e das revisões por sexo entre janeiro

de 2003 e junho de 2009.................................................................................55

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Figura 20. Relação entre o número de artroplastias primárias por faixa etária e sexo

entre janeiro de 2003 e junho de 2009. ...........................................................56

Figura 21. Relação entre o número de revisões por faixa etária e sexo entre janeiro de

2003 e junho de 2009. ....................................................................................57

Quadro 1. Informações relevantes para a análise do motivo das revisões....................... 50

Quadro 2. Motivo das revisões e tempo entre os procedimentos de 22 casos entre janeiro

de 2003 e junho de 2009 (próteses importadas) (d = dias, m = meses,

a = anos)............ 61

Quadro 3. Motivo das revisões e tempo entre os procedimentos de 24 casos entre janeiro

de 2003 e junho de 2009 (próteses nacionais)................................................. 63

Quadro 4. Indicadores para avaliação do motivo da revisão............................................. 71

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM).

Códigos usados para inclusão (I) e de exclusão (E) de indivíduos. ..................49

Tabela 2. População, critérios de inclusão e critérios de exclusão para a formação

da amostra para estudo. ...................................................................................49

Tabela 3. Número e custo de ATQs realizadas entre janeiro de 2003 e junho de 2009. ..53

Tabela 4. Número e custo das revisões realizadas entre janeiro de 2003 e junho de 2009.53

Tabela 5. ATQs e revisões entre janeiro de 2003 e junho de 2009. .................................54

Tabela 6. Média das Idades dos pacientes que realizaram ATQs e revisões entre janeiro

de 2003 e junho de 2009...................................................................................57

Tabela 7. Motivos e suas frequências nas artroplastias primárias de quadril entre janeiro

de 2003 e junho de 2009...................................................................................58

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

AMB - Associação Médica Brasileira

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ASTM - American Society for Testing and Materials

ATQ - Artroplastia Total de Quadril

BI - Business Intelligence

CB-26 - Comitê Brasileiro Odonto Médico Hospitalar – Norma 26

CBHPM - Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos

CID - Código Internacional de Doenças

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INTO - Instituto Nacional de Traumato Ortopedia

ISO - International Standards Organization

KDD - Kowledge Discovery in Databases

OMS - Organização Mundial da Saúde

OPAS - Organização Panamericana da Saúde

PEAD - Polietileno de Alta Densidade

PTQ - Prótese Total de Quadril

PMMA - Polimetilmetacrilato

REMATO - Rede Multicêntrica de Avaliação de Implantes Ortopédicos

SIH - Sistema de Informação Hospitalar

SIS - Sistema de Informação em Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12

2 OBJETIVOS ...........................................................................................................14

2.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................14

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...............................................................................14

3 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................15

3.1 ARTICULAÇÃO DO QUADRIL............................................................................15

3.2 ARTROPLASTIA DE QUADRIL ..........................................................................17

3.2.1 Motivos para substituição da articulação natural do quadril .....................17

3.2.2 Próteses para substituição da articulação do quadri l ................................20

3.2.3 Evolução das próteses de quadril ................................................................23

3.2.4 Requisitos e normas técnicas para fabricação de pró teses de quadril ....27

3.2.5 Complicações e riscos das artroplastias de quadril ...................................29

3.2.6 Sistemas de Informação em Saúde ..............................................................42

3.2.7 Banco de dados para usuários de prótese de quadril ................................45

4 METODOLOGIA ....................................................................................................48

4.1 COLETA DE DADOS ..........................................................................................48

4.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA .....................................................................................51

5 RESULTADOS .......................................................................................................52

6 DISCUSSÃO ..........................................................................................................64

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..................................................73

7 CONCLUSÕES ......................................................................................................74

REFERÊNCIAS.........................................................................................................75

ANEXO A - Parecer Comitê de Ética em Pesquisa...................................................85

ANEXO B - Autorização utilização da Base de Dados ..............................................86

ANEXO C - Termo de compromisso de utilização de dados.....................................87

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1 INTRODUÇÃO

Próteses totais de quadril (PTQ), são usadas para substituir as articulações

naturais degeneradas e nas duas últimas décadas ocorreu um aumento em todo o

mundo no número de inserção de PTQs, chamada de artroplastia total de quadril

(ATQ), explicado pela alteração social da população como aumento da longevidade,

estilo de vida mais sedentário e aumento na frequência de colisões automobilísticas

(LYBÄCK et al., 2006; POHLER, 1986; SKALSKI et al., 2006).

Apesar de várias técnicas cirúrgicas serem dominadas e dos

desenvolvimentos tecnológicos das próteses, o número de revisões dos

procedimentos está aumentando e que chega a ¼ do total de implantações (ULRICH

et al., 2008).

As revisões ocorrem devido às complicações agravadas pelo estado de saúde

do paciente, pela qualidade da prótese, da técnica cirúrgica, entre outras. Nas

articulações de quadril, a perda dos componentes protéticos (acetábulo, haste ou

cabeça de fêmur) é a principal razão de re operações, geralmente caras e

complicadas e estudos demonstram que a perda das próteses não-cimentadas está

fortemente relacionada com o afrouxamento asséptico (instabilidade), osteólise

periprostética (perda de massa óssea em torno da prótese), fraturas ósseas e

infecção. Já para as revisões de ATQ cimentadas, os motivos mais comuns são

soltura da prótese e infecção (ULRICH et al., 2008).

Poucos estudos são realizados relacionando o projeto da prótese com a sua

eficiência clínica devido à falha no acompanhamento dos pacientes durante pelo

menos 10 anos após sua implantação. Além disso, modificações sutis nos projetos

são realizadas com freqüência, o que impede uma avaliação precisa do

desempenho de um determinado produto.

A efetividade clínica de uma prótese, no entanto, pode ser verificada por meio

dos critérios: persistência da dor e imobilidade, porcentagem de próteses que

exigem revisão cirúrgica em um determinado período de tempo (taxa de revisão) e

facilidade com que a revisão é realizada (National Institute for Clinical Excellence,

2000).

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É possível dividir os motivos para a revisão das próteses totais de quadril em

três grupos: fatores relacionados com o paciente, fatores relacionados ao implante e

falhas relacionadas à técnica cirúrgica. Técnicas cirúrgicas, no entanto, são

consideradas como os principais fatores de revisão e incluem deslocamentos

recorrentes, posicionamento inadequado dos componentes ou outros problemas

técnicos (ULRICH et al., 2008).

Para identificar os principais motivos que levam a revisão das próteses totais

de quadril, é necessário que se tenha registros que forneçam informações

suficientes sobre o paciente, a prótese inserida, o hospital e o cirurgião. No entanto,

segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) não existem

registros completos no Brasil. Também segundo a SBOT, Regional Paraná, no

município de Curitiba, em 2006, foram realizadas 312 artroplastias primárias de

quadril sendo que, destas, 71 (22,75%) sofreram revisão sem registros adequados

para o levantamento das causas reais.

O objetivo deste trabalho, portanto, é propor indicadores para monitoramento

de pacientes com PTQ com base em estudo retrospectivo de 76.000 usuários de

uma operadora de plano de saúde com abrangência no Estado do Paraná, entre

janeiro de 2003 e junho de 2009, incluindo na coleta de dados apenas os pacientes

que realizaram cirurgia primária e internações ulteriores devido à troca de um ou

mais componentes protéticos (revisão), com o intuito de identificar o perfil dos

pacientes e os motivos das complicações, correlacionar os dados extraídos e

concluir sobre os principais parâmetros determinantes das revisões a fim de facilitar

a tomada de medidas preventivas e/ou corretivas e melhorar a qualidade de vida da

população.

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14

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar o perfil epidemiológico dos usuários que sofreram revisão da

cirurgia primária de artroplastia total de quadril em banco de dados de uma

operadora de Saúde com abrangência no Estado do Paraná.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos deste trabalho são:

a) identificar a taxa de revisão das próteses de quadril na população

selecionada;

b) identificar os fatores de risco para a revisão da prótese total de quadril,

com base nos dados da população selecionada;

c) sugerir os indicadores que revelam tendência para o paciente sofrer

revisão da prótese total de quadril.

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15

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 ARTICULAÇÃO DO QUADRIL

Tanto os membros inferiores quanto superiores são conectados ao tronco

através de articulações proximais. O quadril é uma articulação poliaxial esferoidal

entre o tronco e os membros inferiores (PARKE et al., 1996). A figura 1 ilustra as

divisões anatômicas do quadril.

Figura 1. Divisões anatômicas do quadril Fonte: Advanced Chiropractic, 2008. Adaptado pela autora.

Existem três articulações principais encontradas nos ossos do quadril,

como ilustram as figuras 2 e 3: a articulação sinfisiana, responsável pela união

anterior das hemipelves (articulação de pouca mobilidade, formada de tecido

conjuntivo elástico); a articulação sacro ilíaca, união entre o osso sacro e os

ossos ilíacos bilaterais; e a articulação coxofemoral (PARKE et al., 1996).

Acetábulo

Cabeça Femoral

Colo

Femoral Fêmur

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16

Figura 2. Ilustração da pelve, mostrando a articulação sinfisiana. A: osso ilíaco, B: sacro, C: acetábulo, D: púbis, E: sínfise púbica, F: ísquio

Fonte: The American Heritage® Dictionary of the English Language, 2000. Adaptado pela autora.

Figura 3. Articulação coxofemural (quadril) saudável, mostrando seus componentes Fonte: PECK e BRUCE, 2004. Adaptado pela autora.

As duas estruturas ósseas que compõem a articulação coxofemoral são o

acetábulo formado pelo encontro de três ossos (Ílio, Ísquio e Púbis) e a cabeça

femoral, esférica em 2/3, localizada na parte proximal do fêmur. O acetábulo,

parte côncava, é envolvido por uma estrutura fibrocartilaginosa que forma o lábio

do acetábulo unindo-se ao ligamento transverso, possibilitando à cabeça do

fêmur, estrutura convexa, um encaixe que favorece a adaptação recíproca dos

ossos. Esta articulação coxofemoral é a mais afetada por lesões e doenças

degenerativas. (PARKE et al., 1996).

Cartilagem

Colo do

fêmur

Cartilagem

Cabeça

do fêmur

Acetábulo

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17

3.2 ARTROPLASTIA DE QUADRIL

3.2.1 Motivos para substituição da articulação natu ral do quadril

São vários os motivos que levam à indicação de uma artroplastia total de

quadril. Alguns são abordados neste tópico com a intenção de mostrar a importância

e a abrangência deste tipo de procedimento.

Implantação de próteses totais de quadril pode ser necessária em fraturas de

acetábulo e de fêmur que ocorrem em adultos jovens devido a traumas e em idosos

devido à fragilidade óssea decorrente da osteoporose (SARKAR et al., 2004)

A ATQ também pode ser indicada nos casos de artrite degenerativa

associada com desordens do sistema nervoso periférico. Diabetes Mellitus é a causa

mais comum para a artroplastia neurológica. A perda do reflexo proprioceptivo é

responsável por microtraumas e fragmentação subcondrial progressiva que leva à

destruição completa da articulação do quadril. Após a ATQ algumas complicações

podem ocorrer e a falha da prótese é devida à reabsorção que causa perda

asséptica e hipotonia muscular, responsável por deslocamento do implante

(CAPONE et al., 2004).

A artrite reumatóide está envolvida em 15 a 28% das ATQs e de 25 a 27%

dos pacientes irão sofrer a cirurgia entre 22 a 25 anos a partir do início da doença

(LYBÄCK et al., 2006).

Osteoartrite ou artrose do quadril é, geralmente, causada pela displasia e

requer a implantação de prótese total de quadril (PAPACHRISTOU et al., 2006).

Necrose avascular, que leva à destruição da articulação do quadril, acomete

pacientes jovens entre 30 e 50 anos onde a ATQ é indicada, mesmo tendo

resultados menos favoráveis do que em outras condições. Revisões de acetábulo

são as mais comuns neste caso em próteses com ou sem cimento. Os motivos para

revisão de acetábulo é o alto nível de atividade e aumento da massa do corpo, além

da qualidade do acetábulo original que, após colapso da cabeça do fêmur aliado ao

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uso de corticóides, suporta o peso e o atrito, levando a defeitos no processo de

mineralização (KOCH et al., 2008).

A artrite juvenil crônica é uma das doenças degenerativas que acometem

crianças e entre 20% e 40% delas sofrem comprometimento da funcionalidade da

articulação do quadril exigindo uma ATQ (LYBÄCK et al., 2004). Um dos desafios da

ATQ, portanto, é a sua aplicação em pacientes jovens, pois a prótese, neste caso,

demanda um alto desempenho biomecânico associado a uma longa duração. Isto

significa que a escolha do modelo e dos materiais da prótese, aliados a uma técnica

cirúrgica adequada são fundamentais para o desempenho apropriado (RAJ et al.,

2008).

Outra doença degenerativa que afeta pacientes jovens e leva à ATQ é a

osteonecrose da cabeça do fêmur, com 20.000 a 30.000 casos diagnosticados

anualmente, correspondendo a 10% do número total de próteses inseridas. Tem-se

considerado o aparecimento da doença como resultado do uso de corticosteróides e

álcool e predisposição genética para polimorfismo. Associada também à

osteonecrose está a presença do HIV, primeiramente registrado em 1990 e com

aumento no número de casos desde então (YOMBI et al., 2009).

O banco de dados do Seguro Nacional de Saúde (NHI) de Taiwan, implantado

em 1995, registra os casos clínicos de 96% da população daquele país. Segundo os

dados coletados a média anual de cirurgias primárias de próteses totais de quadril

era de 4.275, sendo a maioria inserida em homens. A média de idade dos pacientes

era de 64 anos. Entre os diagnósticos mais comuns estavam as fraturas do colo do

fêmur, as necroses avasculares, as artrites reumatóides e as fraturas patológicas.

Entre 1996 e 2004 foram registrados 105.688 casos de intervenção para

implantação de próteses, sendo 38.349 de cirurgias primárias e 11.455 casos de

revisão de próteses totais de quadril, sendo que 1.905 casos de revisão foram

ocasionados por falha da prótese (LAI et al., 2008).

A idade dos pacientes submetidos a ATQ tem diminuído nos últimos anos e

juventude e atividade física são unanimemente considerados fatores de risco para

falhas mecânicas das próteses. Paciente jovem é considerado, pela literatura, com

idade inferior a 50 anos. Apenas 4% dos pacientes registrados têm menos de 45

anos e 15% está acima de 55 anos (DELAUNAY et al., 2008; WANGEN et al., 2008).

As taxas de cirurgia primária aumentam com a idade até os 80 anos onde

começam a cair, sendo que as mulheres são submetidas a mais cirurgias do que os

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homens. No entanto, em relação à faixa etária, um menor número de inserções

ocorre em mulheres mais jovens e mais idosas, quando comparadas com os

homens. Os grupos mais ricos possuem mais acesso às próteses e existe uma

predominância de inserção de próteses em habitantes de áreas rurais. Em relação

ao sexo, mulheres em áreas urbanas recebem mais próteses do que os homens. O

oposto ocorre nas áreas rurais (JUDGE et al., 2009).

Estima-se que o cirurgião seja responsável por 90% dos resultados favoráveis

da ATQ em pacientes jovens, enquanto que a prótese em si responde pelos 10%

restantes (KIM; MUDDU, 2006). Em estudo realizado por Patel e Albrizio (2007) foi

determinada uma relação direta entre o cirurgião e a taxa de complicação pós-

cirúrgica.

Pacientes com pouca qualidade do tecido ósseo são os mais propensos a

serem submetidos à ATQ o que representa um problema na área da ortopedia e do

trauma, pois, se não é possível fornecer uma boa estabilidade à prótese, os

sintomas clínicos de falha logo são sentidos pelo paciente o que leva,

inevitavelmente, à revisão (ANDRESS et al., 1999).

Fraturas no quadril devido à osteoporose são responsáveis por uma alta taxa

de mortalidade em pacientes idosos e pelos altos custos no sistema de saúde. Dois

fatores principais estão ligados a este tipo de fratura: baixa densidade óssea e

queda (SZULC et al., 2006).

Existe a expectativa de que as fraturas de colo de fêmur devido à

osteoporose, conseqüência do envelhecimento da população mundial, passarão de

6 milhões em 2050. Esta população será usuária em potencial de próteses totais de

quadril (SOARES, 2005). Nos últimos 16 anos a expectativa de vida dos brasileiros

passou de 67 para 72,57 anos, de acordo com a pesquisa divulgada em 2007 pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, tornando mais frequente a

substituição da articulação.

Portadores de insuficiência renal crônica também é um grupo indicado para

este tipo de cirurgia, por estarem mais sujeitos à ocorrência de fraturas patológicas

(HOZACK, 1996).

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20

3.2.2 Próteses para substituição da articulação do quadril

Como demonstra a figura 4, a técnica operatória de uma artroplastia total do

quadril é um procedimento cirúrgico complexo durante a qual ocorre a inserção da

prótese total de quadril (PTQ), composta pelo componente femoral e os

componentes acetabulares.

Figura 4. Remoção da cabeça do fêmur, preparação do acetábulo e imagem ilustrativa do procedimento antes e depois da colocação da prótese

Fonte: A.D.A.M., 2007. Adaptado pela autora.

Existem vários projetos diferentes de próteses de quadril sendo

comercializados em todo o mundo agrupados de acordo com o modo de fixação dos

componentes como cimentados e não cimentados (SIBANDA et al., 2008). O

cimento usado para a fixação é o polimetilmetacrilato (PMMA) que sofre cura dentro

do canal medular durante o procedimento cirúrgico, formando uma interface entre o

implante e o tecido ósseo.

Próteses cimentadas, como a ilustrada na figura 5, são especialmente

indicadas em pacientes com incapacidade funcional devida à processos

degenerativos da articulação como: osteoartrose, osteonecrose e processos

reumáticos (AMSTUTZ, 1991).

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21

Figura 5. Radiografia de uma Prótese total de quadril cimentada posicionada Fonte: LEARCH et al., 2007. Adaptado pela autora.

Na prótese total de quadril não cimentada, mostrada na figura 6, os

componentes são fixados ao osso sob pressão, através de encaixe mecânico com a

intenção de evoluir para a fixação biológica, ou seja, crescimento ósseo na

superfície da haste. Neste caso, o paciente deve apresentar um crescimento ósseo

adequado para a estabilização da prótese em curto prazo (AMSTUTZ, 1991).

Figura 6. Radiografia de prótese total de quadril não cimentada Fonte: LEARCH et al., 2007. Adaptado pela autora.

O componente femoral da prótese total de quadril híbrida é cimentado,

enquanto o componente acetabular é impactado (fixação biológica) ou parafusado

(sem inserção de cimento). Suas indicações são: incapacidade funcional progressiva

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causada por processos degenerativos da articulação, como osteoartrose, processos

reumáticos e seqüelas das patologias da infância (AMSTUTZ, 1991). Uma prótese

de quadril híbrida é mostrada na figura 7.

Figura 7. Radiografia de prótese total de quadril híbrida

Fonte: LEARCH et al., 2007. Adaptado pela autora.

Na prótese parcial de quadril, mostrada na figura 8, apenas o componente

femoral é inserido, preservando-se o acetábulo do paciente, que deve estar,

obrigatoriamente, saudável. A indicação mais freqüente é em fraturas do colo do

fêmur em idosos (AMSTUTZ, 1991).

Figura 8. Radiografia mostrando uma prótese parcial de quadril Fonte: OJEDA e BENITEZ, 2007. Adaptado pela autora.

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Implantes que se adaptam à anatomia do quadril possuem uma haste femoral

com curvatura semelhante ao do osso do fêmur, permitindo o contato íntimo da

superfície da prótese com os tecidos ósseos adjacentes e, consequentemente,

melhor distribuição de tensões e transferência de cargas para o osso. Além disso, a

perfeita adaptação da prótese impede que complicações pós cirúrgicas como fratura

de fêmur, migração e dor na região da coxa sejam reduzidas (DENARO;

FORNASIER, 2000).

As condições principais dos implantes destinados a substituir uma articulação

são a resistência mecânica suficiente para que possa substituir temporariamente o

osso em determinado segmento do aparelho locomotor e a biocompatibilidade, a fim

de não provocar qualquer reação adversa no organismo (CHOFI, 1997).

Atualmente, existem no mercado vários modelos de próteses de quadril,

utilizando como materiais básicos os metálicos (ligas de titânio, aço inoxidável

austenítico e liga cromo-cobalto-molibdênio), os cerâmicos (alumina e zircônia) e os

poliméricos (polietileno de ultra-alto peso molecular) (GONÇALVES, 2003).

Componentes acetabulares podem ser metálicos, cerâmicos ou poliméricos.

O componente femoral é metálico, devido aos requisitos mecânicos que, atualmente,

apenas os metais suportam. A cabeça de fêmur pode ser confeccionada em material

cerâmico ou metálico (AMSTUTZ, 1991).

3.2.3 Evolução das próteses de quadril

Acredita-se que White foi o autor da primeira artroplastia de ressecção do

quadril em 1822. No documento “The Art of Total Hip Arthroplasty” publicado por

Willian Thomas Stillwel foi apresentada uma técnica que impossibilitava a

movimentação da articulação coxofemoral.

Em 1940, Stan & Moore desenvolveram um modelo de prótese total de quadril

metálica, ilustrada na figura 9. O projeto da prótese foi melhorado por Thompson em

1950, figura 10, quando passou a ser confeccionada em aço inoxidável (FRANCO,

1995).

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Figura 9. Exemplos de próteses de quadril não modulares Moore. À esquerda haste curta com

diâmetros da cabeça de fêmur variando entre 37 e 58 mm. À direita haste longa com 300 mm de

comprimento e cabeça de fêmur também variando entre 37 e 58 mm.

Fonte: Medicare International, 2008. Adaptado pela autora.

Figura 10. Prótese de quadril não modular Thompson. Projeto melhorado da prótese de Moore.

Fonte: Medicare International, 2008. Adaptado pela autora.

Um grande avanço no projeto das próteses de quadril ocorreu em 1960

quando Charnley desenvolveu a prótese modular com o uso de componente

acetabular de polietileno de alta densidade (PEAD) e a fixação dos implantes com

polimetilmetacrilato (PMMA), conhecido como cimento. Um exemplo das próteses de

Charnley é mostrado na figura 11 (FRANCO, 1995).

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Figura 11. Prótese de Charnley. À esquerda dois comprimentos de haste, sendo uma modular (sem a

cabeça do fêmur a ser fixada sob pressão – cone Morse). À direita o acetábulo com flange

confeccionado em polietileno de alta densidade (PEAD)

Fonte: Ortosíntese e Interhospitalar, 2008. Adaptado pela autora.

Müller, em 1967, aprimorou a prótese desenvolvida por Charnley,

acrescentando ranhuras nas hastes a fim de facilitar a adesão do cimento e,

conseqüentemente, melhorar a fixação da prótese. Próteses de Müller são

mostradas na figura 12. Em 1989, Müller desenvolveu a primeira prótese metal/metal

em cobalto-cromo e, em 1990, Wagner introduziu a prótese metal/metal em titânio.

O revestimento da haste em hidroxiapatita para facilitar a fixação biológica em

próteses não cimentadas foi introduzido em 1991 por McMin (FRANCO, 1995).

Figura 12. Próteses de Müller

Fonte: Ortosíntese, 2008. Adaptado pela autora.

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Apesar das próteses metal-polietileno serem as mais usadas, devido às

preocupações com a liberação de partículas geradas pelo desgaste excessivo,

foram desenvolvidas, na última década do século XX, as próteses cerâmica-

polietileno, cerâmica-cerâmica e metal-metal. Apesar dos resultados em curto prazo

parecerem promissores, existem alguns casos já registrados de falhas e desconforto

para pacientes usuários de próteses cerâmica-cerâmica e de excesso de íons

metálicos liberados nas próteses metal-metal, com sérios efeitos sistêmicos. Estes

casos servem como alerta para que as próteses mencionadas sejam utilizadas com

muito critério (VALE et al, 2002).

A prótese cerâmica-cerâmica, ilustrada na figura 13, induz menor reação

orgânica, é menos susceptível ao desgaste e é indicada para pacientes jovens que

exerçam atividades físicas intensa. O baixo ângulo de molhamento da superfície

cerâmica, o que se traduz em bom molhamento, permite uma melhor absorção de

moléculas orgânicas diminuindo o atrito na articulação e, consequentemente, a taxa

de desgaste (ALVES, et al., 2004)

Figura 13. Articulação de uma prótese cerâmica-cerâmica

Fonte: Orthotec, 2007. Adaptado pela autora.

Uma alternativa à da prótese total de quadril é o recapeamento superficial ou

“resurfacing”. Na ATQ, a cabeça do fêmur é amputada e uma haste é inserida na

medula, a qual suporta uma esfera que é acoplada ao acetábulo. No recapeamento,

a cabeça do fêmur é preservada e a sua superfície é recoberta com um material

metálico que irá se articular com um componente acetabular também metálico. Este

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procedimento, portanto, diminui a perda de tecido ósseo e, por aumentar o diâmetro

da cabeça de fêmur, aumenta a sua estabilidade. Outra vantagem desta técnica é a

preservação do canal medular deixando-o apto para uma futura artroplastia total de

quadril (VALE et al., 2002).

As próteses metal-metal de recapeamento são relativamente novas e

receberam aprovação para comercialização nos EUA a partir de 2006 com

monitoramento pós-comercialização em estudos controlados multicêntricos. No

Brasil, este tipo de prótese conseguiu registro na ANVISA em dezembro de 2004

(VALE et al., 2002). A figura 14 mostra uma ilustração do procedimento.

Figura 14. Procedimento de recapeamento, com manutenção da cabeça de fêmur natural

Fonte: VEJTHANI HOSPITAL, 2010. Adaptado pela autora.

3.2.4 Requisitos e normas técnicas para fabricação de próteses de quadril

Nenhum material conhecido utilizado na fabricação de implantes cirúrgicos

mostra ser completamente livre de reações adversas no corpo humano. Entretanto,

experiências clínicas prolongadas do emprego do material referenciado nas Normas

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Técnicas mostram que pode ser esperado um nível de resposta biológica aceitável

quando o material for empregado em aplicações apropriadas. Os materiais

destinados a aplicações ortopédicas devem exibir um conjunto de propriedades das

quais podem ser destacadas a biocompatibilidade, a resistência à fadiga, à corrosão

e ao desgaste (OLIVEIRA, 2002).

Existem cerca de 200 normas técnicas brasileiras, criadas pelo Comitê

Brasileiro Odonto Médico Hospitalar (CB-26), da Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT), para atender às exigências dos implantes.

As propriedades dos implantes de uma prótese de quadril são normatizadas

pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT ISO 7206-2 – Associação

Brasileira de Normas Técnicas: Implantes para cirurgia - Prótese parcial e total de

articulação de quadril que contempla: Classificação e designação de dimensões

(Parte 1); Superfícies de articulação feitas de materiais metálico, cerâmico e plástico

(Parte 2); Determinação das propriedades de resistência à fadiga dos componentes

de hastes femorais (Parte 4); Determinação de propriedades de fadiga de cabeça e

região de pescoço de hastes femorais (Parte 6); Resistência à fadiga de hastes

femorais com aplicação de torção (Parte 8) e Determinação da resistência à carga

estática de cabeças femorais modulares (Parte 10).

Com o intuito de se fazer cumprir as exigências e certificar as próteses

ortopédicas, em 2006, através da chamada pública MCT/MS/DECIT/FINEP foram

destinados cerca de R$ 7 milhões para instituições que formaram a Rede

Multicêntrica de Avaliação de Implantes Ortopédicos (REMATO) para atuarem em

conjunto com o Instituto Nacional de Traumato Ortopedia (INTO) (SOARES, 2005).

Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA,

existem atualmente 14 fabricantes nacionais de componentes protéticos destinados

à artroplastia e o material mais utilizado é o aço inoxidável 316L, embora as ligas

mais indicadas sejam as de titânio e de cobalto que apresentam, no entanto, a

desvantagem de serem importadas apresentando um custo de cerca de US$ 4.500

contra os US$ 600 das fabricadas em aço inoxidável (SOARES, 2005).

A possibilidade de fraturas de haste femoral em próteses metálicas não pode

ser totalmente descartada na atualidade, mesmo com maior controle de órgãos

regulamentadores. Defeitos de fabricação podem ocorrer e, sob condições

apropriadas, desenvolver fraturas por fadiga. O cirurgião, no entanto, deve também

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estar atento às dimensões da haste femoral de forma que tenha a resistência

adequada ao peso e à atividade física do paciente (CHEN et al., 2008).

Os resultados clínicos das próteses dependem da preparação do canal para a

inserção da haste femoral o qual interfere na transferência de tensões ao osso

adjacente e, portanto, na reabsorção óssea. Algumas pesquisas confirmam que a

fixação inicial, seja por pressão ou por cimentação, está diretamente relacionada a

dores e perda dos componentes protéticos (ILCHMANN et al., 2007; van der WAL et

al., 2008).

3.2.5 Complicações e riscos das artroplastias de qu adril

Os procedimentos cirúrgicos mais realizados no mundo são as revisões de

próteses de quadril e de joelho. Muitos países têm estabelecido um sistema de

registro a fim de identificar o desempenho das próteses para que seja possível uma

intervenção, quando necessário, antes que cheguem ao mercado (SIBANDA et al.,

2008). Dentre os pacientes que inserem uma prótese total de quadril, mais de 20%

necessitará de uma segunda, terceira ou até mais revisões (KIMURA et al., 2008).

Através de levantamento realizado por Stea et al. (2009), na região de Emilia-

Romagna, Itália, que conta com 4,5 milhões de habitantes, foram realizadas entre os

anos de 2000 e 2006, 35.041 cirurgias primárias de próteses totais de quadril, e

destas, 5.878 eram revisões.

O número de revisão de próteses de quadril deve aumentar em 137% em 25

anos nos EUA e porcentagens similares podem ser estimadas para os demais

países (KEELING et al., 2008).

As principais complicações decorrentes da ATQ são infecção, deslocamento,

fratura da prótese, perda de massa óssea e fratura óssea adjacente ao implante,

fragmentação do cimento ósseo, desgaste dos componentes protéticos, em especial

do confeccionado em polietileno e aumento da concentração de íons metálicos no

sangue e em tecidos adjacentes ao implante (SOARES, 2005).

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Uma rotina de acompanhamento pós-cirúrgico é recomendada em vários

países, pois complicações como fraturas e deslocamento da prótese são fáceis de

detectar pelo próprio paciente devido à dor no local. No entanto, as complicações

assintomáticas como infecção e osteólise só podem ser detectadas através do

acompanhamento por profissionais da saúde. Apesar deste acompanhamento

acarretar aumento de custos e tempo dos hospitais, os benefícios causados pela

intervenção em tempo de evitar cirurgias mais complexas, implicam na melhora da

qualidade de vida do paciente. A utilização, em alguns países, de fisioterapeutas

para acompanhamento pré e pós cirúrgico tem mostrado bons resultados em relação

à satisfação dos pacientes e ao diagnóstico precoce de complicações

assintomáticas (BOLTZ et al., 2009).

Em geral, os pacientes de ATQ recebem poucas informações sobre o

procedimento cirúrgico e a reabilitação. Isto leva a uma expectativa irreal de alívio de

dor e funcionalidade que causa grandes frustrações. Alguns estudos confirmam que

os pacientes desejariam obter mais informações sobre o que esperar depois da

cirurgia em relação ao nível de dor e às restrições de movimentos. Tem se mostrado

que os pacientes que receberam informações sobre o procedimento, suas

complicações e o processo de reabilitação antes da cirurgia, apresentam benefícios

fisiológicos em relação aos que não as receberam. Adicionalmente, os pacientes

bem informados permanecem menos tempo no hospital, refletindo na diminuição do

custo total do tratamento pós cirúrgico (McGREGOR et al., 2004).

Efeitos adversos após ATQ, que têm sido fonte de reclamações de má prática

dos cirurgiões são paralisia de nervo, discrepância no comprimento da perna

associada com dor nas costas, paralisia de nervo e marcha anormal, infecção,

lesões vasculares, deslocamento, tromboembolismo venoso, dor crônica e fraturas

periprostéticas. Em estudo realizado por Upadhyay et al. (2007), 90% dos pacientes

declararam não ter recebido informações sobre possíveis reações adversas.

Têm sido registradas fraturas do colo do fêmur durante a cirurgia de inserção

da prótese ou poucos dias após a mesma e os principais motivos são a criação de

chanfros na região superior e inferior do colo do fêmur durante a sua preparação e o

posicionamento da haste na posição varo. Outros fatores incluem sobrecarga com

intensiva osteoporose ou osteonecrose, projeto da prótese, grande osteotomia

trocantérica e efeito de aumento de tensão devido aos furos realizados para a

osteotomia trocantérica. Através do aprimoramento da técnica cirúrgica, do método

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de fixação e dos projetos das próteses, deve se reduzir consideravelmente a

incidência de fratura do colo do fêmur. No entanto, a reabilitação estritamente sem

carga pode ser um fator fundamental para se evitar esta complicação pós cirúrgica

(SHARMA et al., 2005).

Os procedimentos de revisão de próteses de quadril são, em média, 40%

mais caros do que as cirurgias primárias e, embora existam procedimentos padrão

de acompanhamento pós-cirúrgico, não existem documentos destinados a pacientes

que sirvam como guia para cuidados em períodos prolongados. A prática de

esportes, por exemplo, tem sido considerada como causa de perda precoce da

prótese. No entanto, as restrições impostas aos pacientes que sofreram a cirurgia

primária, têm mostrado impacto negativo na qualidade de vida dos mesmos.

Pesquisas realizadas com pacientes, 15 anos após a artroplastia primária mostram

menos energia e estabilidade emocional quando comparados com indivíduos do

grupo controle (sem prótese) com a mesma idade e sexo. Este dado é relevante,

pois é sabido que atividade física frequente é importante para a saúde

cardiovascular, o que aumenta a longevidade em 10% em relação aos indivíduos

sedentários (BEAULE´ et al., 2006).

Protocolos específicos para diminuir o risco de deslocamento das PTQ’s

devem guiar o paciente para carregamento progressivo incluindo: até 6 semanas

utilização de travesseiro de abdução durante o sono, acentos mais altos do toalete

e cadeiras altas, flexão da articulação após 8 semanas, subida de ladeiras somente

após 12 semanas, direção automotiva após 50 semanas, posicionamento em

escrivaninhas após 60 semanas e carregamento de malas após 70 semanas (YOUM

et al., 2005).

Em estudo realizado por Ulrich et al. (2008), com 225 pacientes que sofreram

cirurgia primária, com idade média de 59 anos, 51,9% foi submetido à revisão devido

à perda asséptica, 16,9% devido à instabilidade e 15,6% devido à infecção. Ainda

8,0% das próteses foram revisadas devido a dores na articulação, 5,5% devido à

fratura periprotética e 2,1% devido à falha mecânica dos componentes. Perda

asséptica foi a causa de 18,0% das revisões que ocorreram em menos de 2 anos

após a implantação e este percentual aumenta para 90,0% nas falhas que

ocorreram após 10 anos. As falhas que ocorreram em até 2 anos após a

implantação podem ser atribuídas à instabilidade e infecção. Aproximadamente

metade das próteses sofreu revisão antes de completar cinco anos de implantação.

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O tempo até a falha da prótese esteve relacionada com a idade dos pacientes: 25

meses para pacientes com menos de 30 anos, 65 meses para pacientes entre 30 e

50 anos, 82 meses para pacientes entre 50 e 70 anos e 99 meses para pacientes

com mais de 70 anos.

O procedimento de revisão é bastante complexo, pois o sucesso depende da

adaptação adequada da prótese à qualidade óssea existente no paciente. A

remoção de tecido ósseo durante a cirurgia primária de inserção da haste femoral, a

reabsorção óssea causada pela falha da prótese e a remoção de mais tecido

durante o procedimento de revisão, deixa pouco osso esponjoso disponível para

ancoragem da nova haste. Por isso, a revisão com cimento pode ser atrativa por

promover a fixação imediata da prótese e tem mostrado sucesso quando a técnica

adotada é adequada. Mulheres com idade superior a 60 anos são as que obtêm

melhores resultados com cimentação no procedimento de revisão (NOURI et al.,

2008).

No entanto, é possível conseguir estabilidade da nova haste na revisão com

ou sem cimento. A desvantagem da revisão com cimento é a dificuldade na

compactação adequada do mesmo devido ao alargamento do canal femoral

causado pela retirada da primeira haste. Este alargamento causa uma resistência do

cimento em escoar da ordem de 79,0% quando comparado à cirurgia primária (FINK

et al., 2009).

Uma das complicações do procedimento cirúrgico de revisão é a remoção do

cimento inserido na cirurgia primária que pode levar a hemorragia, perfuração do

córtex femoral e fratura do fêmur. Perda de massa óssea pode ocorrer com o

procedimento de raspagem. Além disso, a remoção do cimento prolonga o tempo da

cirurgia em 2 h ou mais, aumentando, consequentemente, o risco de morte e os

custos do procedimento (KEELING et al., 2008).

A maior causa de revisão de próteses totais de quadril é a perda asséptica

que ocorre em maior quantidade no componente acetabular quando comparado com

o componente femoral em próteses cimentadas e não cimentadas com maior taxa

de osteólise a partir do quinto ano após a cirurgia primária. A perda do componente

acetabular responde por 27,0% das revisões das próteses totais de quadril. A

revisão combinada de acetábulo e haste femoral aumentam as possibilidades de

complicações pós cirúrgicas, o tempo de cirurgia, a perda de sangue e o custo

(CHEN et al., 2005).

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33

Até o final dos anos 1960, a perda asséptica da prótese não era considerada.

Apenas mais tarde é que se verificou que a prótese era perdida não apenas devido a

processos inflamatórios, mas também por outros fatores como excessivo desgaste

de componentes protéticos, reações dos tecidos adjacentes ao implante e devido a

erros cometidos durante o procedimento na cirurgia primária (SKALSKI et al., 2006).

Trinta e nove pacientes em que foram inseridas próteses totais de quadril no

Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, entre 1988 a 1990, foram

acompanhados durante cerca de 10 anos após a cirurgia primária. Com uma média

de idade de 49 anos, foi detectada osteólise em 45,5% dos acetábulos e em 15,9%

dos fêmures (BOSCHIN; ALENCAR, 2007).

Devido às ATQ’s terem se tornado mais freqüentes em pacientes jovens e

mais ativos, as perdas assépticas das próteses estão relacionadas à osteólise nos

tecidos adjacentes provocada pelas partículas de desgaste e aos micromovimentos

na interface osso-implante, que não deve exceder 100 µm. A reabsorção óssea faz

com que o procedimento de revisão seja dificultado, pois a ancoragem da prótese

fica deficiente acarretando maiores concentrações de tensão na interface osso-

implante (CAMPBELL et al., 2008; DAN et al., 2006; FRITSCHE, 2008).

A técnica mais antiga de cimentação consistia apenas na abertura do canal

medular e inserção do cimento com compactação realizada com os dedos, sem

nenhuma preparação do osso. As técnicas mais recentes incluem oclusão distal do

canal femoral com rolha óssea, limpeza e lavagem do canal, cimentação retrógrada

com pistola injetora com mistura do cimento à vácuo para evitar bolhas e uso de

centralizador distal e proximal permitindo o alinhamento adequado além de manter

um manto de cimento homogêneo com 2 mm de espessura ao redor do componente

femoral. Durante a polimerização do PMMA, a temperatura na interface cimento-

osso varia entre 50 e 95oC, suficiente para causar necrose no tecido ósseo e este foi

considerado, durante muitos anos, o fator principal de soltura asséptica das

próteses. No entanto, estudos atuais em tecidos humanos logo após a inserção da

prótese mostram pouca ou nenhuma necrose no osso adjacente ao cimento

(HORNE et al., 2002).

A qualidade da cimentação também tem sido associada ao desempenho

inferior das próteses totais de quadril em pacientes com idade inferior a 50 anos,

pois sucesso da ATQ depende, fundamentalmente, da estabilidade da prótese e, em

próteses cimentadas, fica claro que esta estabilidade está diretamente vinculada à

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qualidade da cimentação. Com as novas técnicas de cimentação e os novos projetos

de próteses, a taxa de perda do componente femoral diminuiu de 40,0% em 10 anos

de uso para 10,0 a 15,0% (CAMARA et al., 2007; LEWTHWAITE et al., 2008;

NOURI et al., 2008).

Uma classificação amplamente aceita para a qualificação da cimentação

correlaciona o padrão de cimentação do componente femoral por análise

radiográfica e a sua taxa de revisão. Segundo tal classificação, o padrão A indica

completo preenchimento da cavidade medular pelo cimento, B indica leve

radioluscência na interface osso-implante, C caracteriza envolvimento insuficiente do

cimento na haste femoral com radioluscência entre 50,0 e 99,0% e, finalmente, D

onde se verifica 100% de radioluscência indicando uma falha grave no

preenchimento do canal com o cimento. Alguns estudos clínicos mostram indicações

radiográficas de osteólise de 20,0% em 5 anos após implantação e entre 30,0% e

40,0% após 10 anos. Apesar da porcentagem de osteólise elevada, existem

evidências de que o uso de PMMA na fixação da haste femoral oferece melhores

resultados do que as hastes não cimentadas para a maioria da população (CAMARA

et al., 2007; HUO; OSIER, 2008).

Em 1995, Healy et al. relataram uma tentativa de padronização de seleção de

implantes de quadril de acordo com a demanda, a fim de reduzir custos sem

comprometer a qualidade de vida do paciente. Foram usadas cinco variáveis

consideradas importantes na escolha da prótese: idade, peso, atividade física, saúde

geral e qualidade óssea. Pacientes mais jovens, com menos de 55 anos, exigem

maior resistência mecânica da prótese devido às suas atividades físicas. As forças

atuantes no quadril são determinadas pelo peso do corpo, pelas forças de reação na

articulação e pelas atividades específicas. Pacientes que se submetem a trabalhos

pesados e atividades atléticas exigem mais de suas próteses do que aqueles

sedentários. A saúde geral é importante, pois pacientes com doenças graves são

menos propensos a serem ativos e têm menor expectativa de vida após a cirurgia. A

qualidade óssea, correlacionada com a presença ou não de osteoartrite e

osteoporose, interfere diretamente na fixação da prótese. No entanto, a decisão

sobre o nível de exigência da prótese e o tipo de implante a ser usado, deve ser do

cirurgião.

Com o propósito de determinar se os cirurgiões controlavam a seleção dos

implantes e de avaliar os fatores que determinavam a escolha, em fevereiro de

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1998, nos EUA, Sharkey et al.(1999), enviaram um formulário com 10 questões para

650 cirurgiões ortopédicos ativos, dos quais apenas 364 responderam (56,0%). A

maioria dos cirurgiões, 93,4%, confirmou estar apta a selecionar os implantes,

porém, sem a certeza de manter esta habilidade por muito tempo devido à variedade

crescente de próteses. A razão mais freqüente para a seleção do implante foi o

melhor resultado clínico, seguido do custo. Teoricamente, a necessidade de

procedimentos de revisão diminuiria se os cirurgiões escolhessem implantes com

base na qualidade dos mesmos. Pacientes que tiveram próteses de quadril e de

joelho implantadas também foram questionados e 97,1% respondeu que o principal

determinante para a escolha de uma prótese é a sua qualidade e 93,1% achou que

o cirurgião deve escolher o implante. O restante, 5,9%, preferia ser consultado e

compartilhar da escolha com o cirurgião.

Pesquisas recentes mostram que uma das principais causas de falha das

próteses metal-metal, é a grande quantidade de partículas liberadas que leva à

reabsorção óssea e perda do implante. Alguns estudos em próteses que falharam

concluíram que a destruição do osso foi consistente com a osteólise induzida pelas

partículas. Os modos de fratura mais comuns nestas próteses é a perda do

acetábulo devido à excessiva retirada de massa óssea para acomodação do novo

componente e fratura do colo da prótese (GIANNINI et al., 2007).

Portanto, o desgaste dos materiais ocasiona problemas ainda mais

complexos que não apenas afetam a estabilidade do implante, mas também podem

causar metalose e inflamação periprostética. Qualquer partícula liberada pela

prótese causa reação a corpo estranho e cada tipo de material estimula uma

resposta inflamatória distinta e o tamanho, a forma e concentração das partículas

são os parâmetros mais determinantes da bioreatividade. O tipo de metal também

afeta a extensão da osteólise. Partículas da liga CoCr, por exemplo, causam a morte

de macrófagos diminuindo a atuação dos mediadores de inflamação e,

consequentemente, favorecendo a osteólise, o que não acontece com as partículas

de titânio que são pouco tóxicas aos macrófagos (GUPTA et al., 2007; de PALMA et

al., 2007).

Considera-se que os macrófagos ativados principalmente pelas partículas de

desgaste de polietileno, têm uma atuação importante no desencadeamento do

processo de osteólise. Embora o mecanismo não seja ainda claro, pode se afirmar

que a perda óssea é reduzida com a redução da taxa de desgaste para valores

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inferiores a 0,1 mm/ano. A literatura mostra que a osteólise é ausente quando a taxa

desgaste é inferior a 0,05 mm/ano (DUMBLETON et al., 2002).

A maioria dos estudos clínicos confirma uma taxa de perda asséptica maior

em pacientes que tiveram implantação de próteses totais de quadril que possuíam a

superfície da haste femoral revestida ou rugosa para o favorecimento da união

mecânica entre a prótese e o cimento. Isto ocorre devido ao micromovimento e

consequente atrito entre o cimento e o implante que libera partículas metálicas e de

cimento. Estas partículas causam reações adversas nos tecidos adjacentes levando

a reabsorção óssea e afrouxamento da prótese e a sua perda (GROSE et al., 2006).

Fatores hidrodinâmicos localizados também são considerados como

colaboradores no processo de osteólise. Os gradientes de pressão no local do

implante forçam fluidos e partículas para a região ao redor da prótese e, durante os

movimentos, causam altas pressões intraarticulares que podem induzir absorção

óssea pelos osteoclastos (GUPTA el al., 2007).

Perdas assépticas da haste femoral entre 3 e 4 anos após revisão de

próteses totais de quadril cimentadas ocorrem entre 25,0 e 51,0% dos casos contra

2,0 a 7,0% de perda após revisão e implantação de hastes não cimentadas, sendo

que homens possuem maior risco de perda asséptica do que mulheres (EL-DEEN et

al., 2006). Deslocamento da prótese na fase pós-operatória é uma complicação que

responde por até 10,0% dos casos de falha da cirurgia primária (WILLIAMS et al.,

2007).

Deslocamentos ou luxações após a ATQ é um problema que acarreta grande

tensão no paciente, má reputação para o cirurgião e custos extras para o sistema de

saúde. Os fatores cirúrgicos incluem mal posicionamento dos componentes, falha ao

restaurar o comprimento da perna, preservação do mecanismo abdutor e

aproximação posterior para a implantação. Para pacientes com alto risco para

deslocamento, nos quais não se inclui idade e sexo, o cirurgião deve optar pela

aproximação lateral, ter cuidado na restauração do comprimento da perna e do

tamanho da cabeça do fêmur e utilizar componentes que maximizem a amplitude de

movimento. São considerados pacientes de risco para luxação os que apresentam

osteoartrite, fratura do colo do fêmur, artrite reumatóide e necrose avascular

(BOURNE; MEHIN, 2004; CONROY et al., 2008).

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Uma técnica cirúrgica meticulosa, no entanto, minimiza o risco de falhas

poucos meses após a cirurgia que são mais traumáticas ao paciente do que aquelas

que ocorrem 15 anos após uma excelente cirurgia primária (ULRICH et al., 2008).

A luxação é uma das complicações precoces da ATQ primária e a sua

incidência pode atingir 27,0% nas cirurgias de revisão. Entre 60,0 e 70,0% das

luxações ocorre nas primeiras seis semanas de pós operatório, sendo que cerca de

30,0% tornam-se recorrentes. Após cinco anos da cirurgia, as chamadas luxações

tardias ocorrem em uma pequena porcentagem, 1,0%. Os fatores de risco que

levam á luxação podem ser classificados em pré operatórios vinculados ao paciente

e vinculados ao procedimento cirúrgico e pós operatórios vinculados ao paciente e

aos profissionais da saúde. Os pré operatórios que dependem do paciente incluem

cirurgias prévias no quadril, doenças psiquiátricas e neuromusculares, alcoolismo,

fratura do colo femoral e idade avançada, enquanto que os que dependem do

procedimento incluem o mau posicionamento do paciente na mesa operatória

(principalmente quando em decúbito lateral), via de acesso posterior, tensionamento

deficiente de partes moles, mau posicionamento dos componentes acetabular e

femoral, ressecção excessiva do colo femoral e dimensões e características

inadequadas da prótese em relação às do paciente. No pós operatório os fatores

incidem na falta de colaboração do paciente em relação às instruções no pós

operatório imediato, pseudartrose da osteotomia do grande trocanter com

desequilíbrio muscular e orientação inadequada ao paciente e aos familiares em

relação aos cuidados com a prótese (OSORIO et al., 1998).

Segundo Conroy et al. (2008), o mal alinhamento da prótese é um fator de

risco cumulativo que pode levar à luxação tardia e o posicionamento do acetábulo

cimentado é mais preciso do que o não cimentado, podendo ser este a causa do

aumento do risco de luxação. Durante a cura do cimento, é possível fazer ajustes no

acetábulo para o acerto do alinhamento, o que não acontece com o acetábulo não

cimentado que pode sair da posição no final do procedimento. Como vários estudos

mostram que a diminuição da cabeça de fêmur aumenta o risco de luxação, deve-se

evitar a inserção de acetábulo não cimentado com diâmetro da cabeça de fêmur

inferior a 28 mm.

Uma complicação devastadora que leva a revisão é a infecção que requer a

retirada de todos os componentes protéticos, limpeza e inserção de uma nova

prótese, quando possível, fixada com cimento contendo antibióticos. A remoção da

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prótese, procedimento comum para a eliminação da infecção, pode causar

encurtamento da perna e problemas severos na marcha (GANSE et al., 2008;

TATTEVIN et al., 1999).

A incidência de infecção em próteses de quadril aumenta juntamente com o

número de artroplastias realizadas anualmente. Os agentes etiológicos, identificados

em 50,0% dos casos, são o Staphylococcus aureus e o Staphylococcus epidermidis

(TATTEVIN et al., 1999).

Vários trabalhos observacionais vêm sendo realizados a fim de identificar os

fatores de risco para infecções protéticas e tem se concluído sobre fatores

relacionados ao paciente que são idade avançada, deficiência nutricional, artrite

reumatóide, obesidade, Diabete Mellitus, tumores malignos e HIV e fatores

relacionados aos procedimentos cirúrgicos. Dentre estes fatores, a obesidade é o de

maior risco, pois um índice de massa corpórea, IMC, elevado aumenta o grau de

dificuldade do procedimento e, portanto, aumenta o tempo de cirurgia e a variedade

de instrumental. Alguns estudos consideram um aumento de 18 vezes no risco de

infecção em pacientes com IMC acima de 50, além de maior risco de deslocamento

da prótese (MALINZAK et al., 2009; ZIMMERLI, 2006).

Implantes têm alto risco de serem colonizados por bactérias e fungos e a

presença de um corpo estranho no organismo diminui em 100.000 vezes a dose

mínima de infecção do Staphylococcus aureus um dos microorganismos mais

encontrados em próteses infectadas. Portanto, uma pequena quantidade desta

bactéria proveniente da pele, por exemplo, pode colonizar todo o implante

(ZIMMERLI, 2006).

As infecções piogênicas são resultantes da colonização do implante pelas

bactérias que ficam protegidas sobre o biofilme, normalmente formado quando um

biomaterial entra em contato com os fluidos corpóreos. O biofilme impede o acesso

dos fagócitos e tornam as bactérias altamente resistentes aos antibióticos,

explicando a dificuldade da erradicação deste tipo de infecção, a menos que a

prótese seja removida (GOLDENBERG, 1998).

Idade, sexo e raça têm influência significativa na determinação dos riscos de

infecção após ATQ. Mulheres apresentam maior incidência de infecção do que

homens, assim como negros e hispânicos em relação aos asiáticos. Pacientes com

idade superior a 85 anos possuem alto risco para infecção quando comparados com

pacientes entre 55 e 74 anos. No entanto, negros e hispânicos possuem menor

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funcionalidade da articulação do quadril na avaliação pré operatória do que brancos,

assim como as mulheres apresentam menores características funcionais desta

articulação do que os homens. Este pode ser um indicador para se criar um sistema

de informação adequado para que estas pessoas, com maior risco, procurem

precocemente tratamentos (KURTZ et al., 2008; SLOVER et al., 2009).

Em relação aos fatores clínicos são considerados como agravantes ao risco

de infecção na ATQ: ausência de profilaxia de antibióticos incluindo doses pré e pós

operatórias e drenagem pós cirúrgica da região lesada por mais de 48 h (MALINZAK

et al., 2009).

Alguns sintomas clínicos podem ser usados como suspeita de infecção em

próteses de quadril. Em infecções inferiores a três meses após a cirurgia, o paciente

apresenta sintomas sistêmicos como febre, tremores e taquicardia e sinais locais

como eritema, aquecimento e secreções na região da cicatriz. Estas infecções

precoces são causadas principalmente por Staphylococcus aureus e bacilos gram-

negativos. As infecções que ocorrem entre 3 e 24 meses acarretam sintomas súbitos

que, em algumas vezes, não são diagnosticados e tratados como infecção, no

entanto, o paciente tem dor persistente na região de implantação e os agentes

patogênicos são menos agressivos do que o Staphylococcus aureus. Infecções

tardias, em mais de dois anos, são quase sempre associadas com disseminação

pelo sangue a partir de fontes bacterianas como a pele, o trato respiratório, dentes e

trato urinário. Nestes casos, ocorre dor local repentina. Apesar de poder ocorrer em

qualquer momento após a implantação, os riscos de infecções são maiores no pós

operatório (ZIMMERLI, 2006).

Quanto mais cedo a infecção é detectada, menos invasivo é o tratamento.

Achados radiográficos como radioluscência, osteólise e migração podem ser usados

para o diagnóstico da infecção. Embora estes achados sejam os mesmos

encontrados na perda asséptica, as alterações nas imagens são muito rápidas nos

pacientes com infecção e, portanto, radiografias em série são importantes. Ocorre

migração de, no mínimo, 2 mm entre 6 e 12 meses e a osteolíse periprostética é

progressiva e rápida. Esta técnica, no entanto, deve ser complementada por outras

técnicas como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética (AUSTIN

et al., 2008; ZIMMERLI, 2006).

Fraturas periprostéticas também têm sido registradas como complicações

após ATQ cimentada de 0,4 a 1,8% dos pacientes. Esta porcentagem aumenta,

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entre 3,0 e 13,0%, em próteses inseridas sob pressão, não cimentadas, devido aos

esforços que devem ser feitos para a sua adequada fixação durante o procedimento.

Estas fraturas comprometem a estabilidade da prótese podendo acarretar em uma

cirurgia de revisão mais cedo do que a esperada, além de serem responsáveis por

uma altíssima taxa de mortalidade. Os fatores de risco de incidência deste tipo de

fratura incluem o sexo feminino, artroplastia com próteses não cimentadas e cirurgia

de revisão (FERNANDEZ-FERNANDEZ, 2008).

Muitos estudos têm confirmado que a cirurgia de revisão é, por si, um risco de

fratura periprostética, chegando a 4,0% contra 1,0% de risco após a ATQ primária. O

risco de fratura parece estar diretamente relacionado ao número de procedimentos

de revisão. O tempo entre a cirurgia e a ocorrência da fratura é, em média, 7,4 anos

após a ATQ primária, 3,9 anos após uma revisão, 3,8 anos após duas revisões e 2,3

anos após três revisões (FRANKLIN; MALCHAU, 2007).

A degeneração severa da articulação do quadril com perda progressiva da

cartilagem leva à migração da cabeça de fêmur com discrepância no comprimento

da perna. As forças anormais às quais é submetida a articulação nestas condições,

podem levar a alterações estruturais na coluna que devem ser consideradas durante

o planejamento cirúrgico de inserção da PTQ. Uma complicação comum após a ATQ

é o alongamento da perna que sofreu intervenção, causando uma diferença entre 3

e 70 mm em relação à perna contralateral. As sequelas clínicas são dor na região

lombar, necessidade de sapatos especiais para ajustar a altura, instabilidade do

quadril e efeitos neurológicos que culminam no procedimento de revisão

(SATHAPPAN et al., 2008).

O aumento no número de artroplastias tem criado problemas de recursos

financeiros para os procedimentos cirúrgicos, particularmente aqueles relacionados

aos de revisão. Para superar o aumento da demanda das artroplastias, os cirurgiões

devem aumentar a eficiência dos procedimentos, pois o aumento de volume requer

uma diminuição do tempo. Além disto, novos cirurgiões devem ser treinados e

devem ser desenvolvidos programas de esclarecimento à população sobre cuidados

a serem tomados com a saúde a fim de protelar a artroplastia (ONG et al., 2009).

O custo do implante representa 34,0% do custo total da cirurgia, a anestesia e

a ocupação da sala representam 25,0% e os trabalhos de enfermagem 19,0%.

Portanto, a redução de custos também deve estar vinculada à prótese em si, através

de ações como reciclagem de próteses que foram abertas mas não implantadas e

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exigência aos representantes de oferta de próteses com preços mais competitivos.

Como exemplo, um mesmo modelo de prótese de um mesmo fabricante pode

apresentar uma variação de preço de 700% (METZ; FRIEBERG, 1998).

Estudos recentes indicam que 2,0% das próteses são perdidas durante o

procedimento cirúrgico sendo que algumas causas são a falha da definição do

tamanho ou modelo antes de abrir a embalagem e queda da prótese. Os

procedimentos de revisão levam a uma perda maior de implantes devido a maior

variedade destes em relação aos usados na cirurgia primária. Sendo os cirurgiões

os principais responsáveis pela perda da prótese durante o procedimento, o seu

envolvimento na elaboração de estratégias de controle de custos é fundamental

(ZYWIEL et al., 2009).

No Brasil, em 2004, foi registrado pelo SUS 10 mil internações para o

procedimento de ATQ com um gasto de R$ 30 milhões para compra de próteses

apenas. Foram registradas ainda 1.500 revisões com um gasto adicional de R$ 7

milhões em componentes protéticos (SOARES, 2005).

O longo tempo de cirurgia tem sido considerado como um agravante para

complicações da ATQ primária que pode levar à revisão. A redução do tempo de

cirurgia pode ser conseguida pela utilização de instrumental mais apropriado e pelo

aprimoramento das técnicas cirúrgicas. Esta redução traz, também, benefícios

clínicos, pois este é um dos fatores de complicações como infecção, tromboebolismo

venoso e disfunções neurológicas. Adicionalmente, tem se registrado que a

longevidade da prótese está associada com a duração do procedimento (ONG et al.,

2009).

Existem registros de taxa de revisão duas vezes maior para ATQs cimentadas

com procedimentos com tempo maiores do que 90 min.,quando comparada com

aqueles com duração entre 71 e 90 min. Pacientes com operações que duraram

mais de 150 min. tiveram 3 vezes e meia mais chance de necessitarem de revisão

devido à infecção em relação aos com tiveram entre 71 e 90 min. de duração. Em

geral, cada minuto de acréscimo no tempo de cirurgia, aumenta em 3,0% o risco de

complicações. Algumas pesquisas, no entanto, registram um aumento do risco de

perda asséptica da prótese quando a cirurgia dura menos do que 51 min.,

provavelmente devido à má adaptação da prótese ou realocação inadequada do

tecido mole (ONG et al., 2009).

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Hospitais com alto volume de procedimentos e com um grande número de

cirurgiões tendem a apresentar redução no tempo de cirurgia o que reflete o

aumento da eficiência devido à equipe cirúrgica mais experiente e aos programas

padronizados de atendimento aos pacientes. O tempo de cirurgia, no entanto, é

significantemente afetado pelo sexo e idade do paciente, diagnóstico de osteoartrite,

tamanho e localização do hospital. Pacientes mais jovens e mulheres, por exemplo,

estão associados a procedimentos mais longos (ONG et al., 2009; SHARKEY et al.,

2004).

3.2.6 Sistemas de Informação em Saúde

O desenvolvimento dos sistemas de informações ocorreu devido a sua

importância para a tomada de decisões nas organizações. Na área médica, os

sistemas de informação em saúde, SIS, podem melhorar a qualidade do

atendimento e auxiliar os processos de decisão na terapia ou procedimento médico

direcionado ao paciente. Muitos estudos tem sido direcionados para o

desenvolvimento de sistemas de arquivos médicos nos quais os prontuários possam

ser criados, armazenados e acessados, formando um sistema de informação

hospitalar, SIH. As informações sobre o paciente, em conjunto com pesquisa de

literatura e com estratégias de diagnóstico, fará com que o profissional da saúde

decida sobre o melhor tratamento disponível em curto espaço de tempo o que

acarretará em uma melhor qualidade de atendimento (DEGOULET et al., 1997;

RODRIGUES et al., 2001; SHORTLIFFE et al., 2001).

O conjunto das informações relevantes coletadas é inter-relacionado

formando um Banco de Dados gerenciado por um Sistema Gerenciador de Bancos

de Dados, SGBD, responsável pelo armazenamento e pela manipulação das

informações (DEGOULET et al., 1997; SHORTLIFFE et al., 2001).

Os SIS’s foram desenvolvidos originalmente para atender as necessidades

administrativas dos hospitais. Após certo tempo de utilização, percebeu-se a

necessidade e a possibilidade de inclusão de dados médicos-técnicos como: dados

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pessoais do paciente; sintomas; resultados de exames; sinais de monitoração dos

pacientes; dados de prescrições, de procedimentos cirúrgicos, de evoluções clínicas

e de diagnósticos; dados de ordens para a farmácia, almoxarifado; informações

sobre planos e seguros de saúde; conta do paciente; pagamento de funcionários,

fornecedores e prestadores de serviços; informações para as secretarias municipais

e estaduais de saúde e demais órgãos relacionados ao atendimento e planejamento

de saúde; cadastro de médicos, enfermeiros e funcionários, etc. Estes dados são

gerados, adquiridos, armazenados e manipulados de diversas formas por diferentes

profissionais e devem ser integrados, como ilustra a figura 15 (Van BEMMEL, 1997;

DAVIDSON, 2000).

A figura 15 mostra a complexidade do sistema do SIH. Para a sua

implantação, portanto, é necessário um esforço de toda a comunidade ligada ao

atendimento do paciente, seja de ordem legal, organizacional, médica ou técnica.

Depois de implantado e funcional, o sistema fornecerá subsídios importantes não

apenas para a equipe hospitalar, mas também para as equipes de vigilância

epidemiológica, pois possibilitará a análise da situação de saúde e as condições de

vida da população de forma a contribuir na verificação do processo saúde-doença

(RODRIGUES et al., 2001; MEDRONHO, 2003).

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Figura 15. Sistema de Informação Hospitalar Integrado, mostrando as inter-relações entre as

informações

Fonte: RODRIGUES et al., 2001. Adaptado pela autora.

Infelizmente, no Brasil, diversos sistemas são projetados com o foco no

armazenamento dos dados e não na utilização das informações, fazendo com sejam

subutilizados ou abandonados. Portanto, é fundamental que os sistemas sejam

elaborados baseando-se no ciclo de vida de desenvolvimento de softwares e

utilizando-se metodologias que considerem a funcionalidade dos mesmos. As fases

de levantamento de requisitos e especificação do sistema são essenciais e,

geralmente, são as que demandam mais tempo durante o desenvolvimento

(PRESSMAN, 2006; ZHANG, 2005).

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3.2.7 Banco de dados para usuários de prótese de quadril

O primeiro país no mundo, que se tem registro, a desenvolver um banco de

dados específico para controle de pacientes com prótese de quadril foi a Suécia em

1979, cujo modelo foi reproduzido pela Dinamarca, em 1995, quando foi

estabelecido o registro de artroplastias de quadril (LUCHT, 2000).

Registro nacional de artroplastias com uma estrutura diferente dos anteriores,

também é encontrado na Alemanha, onde a participação dos Hospitais não é

obrigatória. Neste registro, os dados armazenados são: identificação do paciente,

gênero, idade, diagnóstico, lado da cirurgia, data da cirurgia, primária ou revisão,

identificação do implante, tipo de cimento aplicado e hospital que foi realizado o

procedimento (MEEK et al., 2006; PITTO et al., 2002).

Dentre os países que possuem registros de artroplastia de quadril, o que

parece obter melhores resultados é o da Noruega, estabelecido em 1985, com início

efetivo em 1994, pela Associação Noruegana de Ortopedia e, por este motivo, será

o mais referenciado neste tópico. A equipe responsável pelo registro é formada por

seis profissionais: três cirurgiões ortopedistas, um estatístico, duas secretárias e um

pesquisador de estatística médica da Universidade de Bergen. O procedimento

utilizado para manutenção do Registro segue as etapas de preenchimento, pelo

cirurgião ortopedista, de um formulário simples de uma página, contendo questões

sobre a artroplastia primária. Este formulário conterá informações importantes como

a indicação cirúrgica, a técnica cirúrgica utilizada, tipo de prótese, tipo de cimento,

duração da cirurgia, tipo de sala cirúrgica, a descrição dos materiais dos implantes e

o tipo de antibiótico profilático prescrito. Os dados referentes às revisões também

são coletados e acrescentados aos dados do paciente registrados na cirurgia

primária (HAVELIN et al., 2000).

Dados importantes sobre óbitos e migrações provenientes do registro

populacional norueguês, são também armazenados e relatórios anuais são

encaminhados para os membros da Associação Noruegana de Ortopedia, assim

como para os hospitais que realizam cirurgias de artroplastias e para as autoridades

sanitárias (HAVELIN et al., 2000).

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Com a finalidade de motivar o cirurgião ortopedista a cooperar no

preenchimento do formulário, a Associação relata para cada hospital suas

estatísticas descritivas com análise de sobrevida das próteses implantadas naquele

serviço. Os resultados do desempenho das marcas das próteses e dos tipos de

cimentos são publicados em jornais internacionais e apresentados em Congressos

de ortopedia. A validação dos dados recebidos é realizada através da comparação

com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Hospitalares. Quando acontece

alguma discrepância nos dados o Hospital é contatado imediatamente para elucidar

o ocorrido (HAVELIN et al., 2000).

O principal propósito do Registro Nacional de Artroplastia da Noruega é o

controle de qualidade das próteses disponíveis no mercado, identificando implantes

inferiores de forma rápida e eficiente. O sistema utiliza vários indicadores, dentre os

quais: a sobrevida de próteses cimentadas e não cimentadas; os efeitos sistêmicos

dos cimentos; os efeitos dos antibióticos profiláticos; a relação entre as categorias

dos hospitais, o volume de cirurgias e a sobrevida da prótese; a relação entre os

fatores de risco do paciente com as revisões de prótese de quadril; o impacto

econômico de um implante inferior; a satisfação e a funcionalidade da prótese e a

mortalidade pós cirúrgica (HAVELIN et al., 2000).

No Brasil, a Portaria nº. 893 de 12 de novembro de 2002 introduziu o

formulário do Registro Brasileiro de Próteses Articulares Ortopédicas com o objetivo

de formar base de dados sólida para o acompanhamento dos pacientes submetidos

à artroplastia de quadril, a fim de garantir a qualidade dos produtos implantados e

orientar os investimentos na área da Saúde. Estes dados deveriam ser de livre

acesso por profissionais da saúde, hospitais e fabricantes ligados à área ortopédica,

por meio de consulta a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

O formulário contém os dados: identificação do paciente (sexo, raça); dados

clínicos (fatores de risco, cirurgia articular prévia, cirurgia ortopédica prévia);

indicação clínica (sintomas, motivo do procedimento, grupo do procedimento, classe,

exames não invasivos, dados de imagem, etiologia provável, lado tratado); dados

sobre o Implante; informações sobre o procedimento realizado; dados sobre o

resultado da cirurgia (farmacologia conjunta, causas do insucesso, manejo do

insucesso, complicações maiores e dados sobre o fechamento do arquivo). Os

dados coletados deveriam ser digitados no final da internação do paciente e

arquivados em banco de dados. Para tanto, o formulário deveria ser preenchido em

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47

duas vias sendo que, a primeira via ficaria arquivada no prontuário do paciente, e a

segunda seria encaminhada ao Centro de Controle de Próteses Articulares.

No entanto, foram encontradas várias dificuldades para a implantação desta

Portaria, dentre as quais, a falta de adesão dos médicos cirurgiões no

preenchimento do formulário. No ano de 2007, por iniciativa da SBOT, foi formatado

o projeto piloto para implantação do Registro Nacional de Artroplastias de Quadril e

de Joelho o qual, atualmente, está em fase de experimentação apenas nas cidades

brasileiras de Curitiba, Uberlândia e Batatais. Neste piloto, a responsabilidade pelo

armazenamento dos dados é da SBOT - Regional. Uma das propostas é informar os

cirurgiões sobre as suas taxas de revisão e de infecção, bem como sobre o

desempenho das próteses que utilizou. Em comparação com outros cirurgiões que

apresentem melhores resultados, o profissional poderá direcionar sua técnica, os

tratamentos pós-cirúrgicos e o tipo de prótese para obter melhores resultados. Até o

momento, este registro não foi implantado em âmbito nacional.

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48

4 METODOLOGIA

4.1 COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados a partir do cadastro de usuários de Operadora

Plano de Saúde com abrangência no Estado do Paraná.

Para identificar os motivos da internação devido à revisão das ATQs, que é o

objetivo da pesquisa, foi definida uma população de 76.000 usuários com a

característica comum de terem sofrido artroplastia primária, em qualquer articulação,

entre os meses de janeiro de 2003 e junho de 2009.

Os procedimentos relacionados à cirurgia de ATQ foram identificados através

da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM)

publicada pela Associação Médica Brasileira e criada em conjunto pela Associação

Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina, Confederação Médica Brasileira e

Federação Nacional dos Médicos. A classificação é apresentada na tabela 1.

A amostra para o estudo foi definida através dos critérios mostrados na tabela

2.

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49

Tabela 1. Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). Códigos usados para inclusão (I) e de exclusão (E) de indivíduos.

Código Critério Identificação 52110052 I Artroplastia total coxo-femoral 30724058 I Artroplastia (qualquer técnica ou versão de quadril) - tratamento cirúrgico 52110044 I Artroplastia parcial coxo-femoral

30724082 I Artroplastia parcial do quadril (tipo Thompson ou qualquer técnica) - tratamento

52210073 I Próteses de substituição de grandes e médias articulações 52110206 E Artroplastia de ressecção do quadril (Girdlestone) - tratamento cruento 30724074 E Artroplastia de ressecção do quadril (Girdlestone) - tratamento cirúrgico

52110257 I Artroplastia total de quadril infectada (incisão e drenagem atrite séptica) –tratamento cruento

30724090 I Artroplastia total de quadril infectada (incisão e drenagem artrite séptica)

52110265 I Artroplastia de quadril infectada (retirada dos componentes)-tratamento cruento

30724066 I Artroplastia de quadril infectada (retirada dos componentes) - tratamento cirúrgico

30724279 I Revisão de artroplastias de quadril com retirada de componentes e implante de prótese

Fonte: Associação Médica Brasileira

Tabela 2. População, critérios de inclusão e critérios de exclusão para a formação da amostra para estudo.

População Critérios de inclusão Critérios de exclusão

Usuários de Operadora Plano de Saúde com abrangência no Estado do Paraná

1. Artroplastia total coxo-femoral 2. Artroplastia de quadril

infectada 3. Revisão de artroplastia de

quadril 4. Pelo menos duas internações

por motivos relacionados à artroplastia para o mesmo paciente

1. Artroplastia de articulação diferente da de quadril

2. Artroplastia parcial de quadril

Fonte: A autora, 2009

A amostra formada contou com 231 pacientes. Foi realizada uma análise

criteriosa em cada um destes pacientes e as internações, posteriores à cirurgia

primária, com troca de um ou mais componentes protéticos, foram registradas como

revisão. Dos 231 indivíduos, foram identificados 78 que respondiam a este critério.

As informações retiradas do banco de dados, consideradas importantes para

a análise do motivo da revisão, estão apresentadas no quadro 1. Estas informações

foram listadas por usuário, representado por um código genérico e único utilizado

nas análises. Em apenas 46 pacientes dos 78 selecionados, foi possível identificar o

tipo de prótese utilizada, se nacional ou importada.

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50

Quadro 1. Informações relevantes para a análise do motivo das revisões.

Dado Observações Idade Idade do usuário calculada a partir da data do Nascimento com

base na data do atendimento, ou ocorrência do evento Faixa Etária De 0 a 1 ano;

De 1 a 4 anos; De 5 a 19 anos; De 20 a 29 anos; De 30 a 39 anos; De 40 a 49 anos; De 50 a 59 anos; De 60 a 69 anos; De 70 a 79 anos; A partir de 80 anos.

Sexo F – Feminino; M – Masculino.

CID Código Internacional de Doença que identifica o real motivo da ocorrência dos eventos

Data Inclusão Data da Inclusão do usuário no Plano de Saúde (dd/mmm/aaaa) Tipo Serviço Código do tipo do procedimento realizado:

AMB – em regime Ambulatorial; HOS – em regime Hospitalar; MAT – Materiais; MED – Medicamentos.

Data de exclusão Data de saída do usuário do Plano de Saúde (dd/mmm/aaaa) Motivo da Alta

De 10 a 15 – Alta com saída; Igual a 16 – Alta Administrativa; De 17 a 19 – Alta com saída; De 21 a 25 – Permanência; De 31 a 39 – Transferência; De 41 a 54 – Óbito; De 61 a 69 – Reoperação; Igual a 71 – Alta.

Data de Alta Data de finalização do atendimento hospitalar. (dd/mmm/aaaa) Data Internação Data do Início do atendimento hospitalar (dd/mmm/aaaa) Valor Pago Valor total, R$, registrado na Guia. Guia Descrição dos procedimentos realizados. Fonte: A autora, 2009

Embora o levantamento de custos do procedimento não faça parte dos

objetivos deste trabalho, devido à disponibilidade de acesso aos mesmos e à sua

importância na área da saúde, optou-se por apresentar os resultados das despesas

totais da cirurgia primária e da revisão para comparação, como uma informação

adicional às oferecidas pela pesquisa. Os custos totais incluíram: a remuneração do

cirurgião, a internação hospitalar, a anestesia, a fisioterapia, as despesas com banco

de sangue, os materiais, os medicamentos e a próteses.

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51

4.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As análises realizadas compreenderam as apresentações dos dados em

tabelas e gráficos, a exploração de medidas numéricas descritivas, estimativas e

intervalos de confiança.

Para dimensionar e qualificar a análise dos dados para este estudo foram

utilizados dados considerados como categóricos, ou seja, o usuário realizou ou não

o procedimento de artroplastia, e destes se realizou ou não a reoperação para

revisão, filtrando apenas as respostas “sim” descartando, portanto, as respostas

“não”.

A análise foi quantitativa, pois o interesse foi de identificar a quantidade de

usuários, quantidade de artroplastias realizadas, quantidade de revisões e códigos

CID (Código Internacional de Doença) usados com maior frequência.

Cada variável foi também classificada em qualitativa, inserindo uma qualidade

à informação como o Código Internacional de Doença, o procedimento realizado, a

faixa etária e o sexo.

Para descrever a distribuição de freqüência foi utilizada a contagem de

ocorrências dos eventos relacionados.

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52

5 RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados os resultados observando as etapas

propostas.

Entre janeiro de 2003 e junho de 2009 foram realizados 231 procedimentos

de artroplastia de quadril, sendo que 78 destes sofreram revisão a qual, de acordo

com os critérios estabelecidos neste trabalho, foram caracterizadas pela internação

para troca de um ou mais componentes protéticos. Portanto, a taxa de revisão dos

procedimentos na Operadora de Plano de Saúde, neste caso, foi de 34%.

O diagrama da figura 13 destaca a proporção entre ATQ primária e revisão no

período analisado.

Figura 16. Porcentagem de artroplastia primária e de revisão entre janeiro de 2003 e junho de 2009.

Fonte: A autora, 2009

O registro dos procedimentos ano a ano está apresentado nas tabelas 3, 4 e

5. A figura 14 mostra a comparação entre o número de ATQs e de revisões ano a

ano. A maior incidência de cirurgias ocorreu nos anos de 2005 e 2006, justificada

pelo aumento de usuários do Plano de Saúde e voltou a diminuir a partir de 2007

tanto nas artroplastias primárias quanto nas revisões.

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Tabela 3. Número e custo de ATQs realizadas entre janeiro de 2003 e junho de 2009.

Ano atendimento Número de usuários

Custo (R$) Custo médio (R$)

2003 12 239.561,74 24.463,48 2004 25 458.928,64 18.357,15 2005 33 799.518,95 24.227,85 2006 51 898.101,98 17.609,84 2007 17 966.506,37 56.853,32 2008 13 1.103.573,67 84.890,28

2009(*) 2 213.273,94 106.636,97 Total 153 4.733.465,29 333.038,88 Média 25,17 753.365,22 37.733,65

Desvio Padrão 14,95 312.815,01 27.306,52 Intervalo de Confiança 11,96 250.299,54 21.849,37 (*) O ano de 2009 foi desconsiderado nos cálculos estatísticos devido aos dados representarem apenas 6 meses. Fonte: A autora, 2009.

Pode-se observar pelos valores da tabela 3 que a média anual de ATQs é de

25 com um custo médio por evento de R$ 37.733,65 e com um desvio padrão

elevado de R$ 27.306,52.

Observando o intervalo de confiança existe uma probabilidade de 95% da

média anual de ATQs variar de 13 a 37 eventos (média + ou – o Intervalo de

Confiança). Para o custo médio há uma probabilidade de 95,0% de variar entre R$

15.884,29 e R$ 59.583,02 que é um intervalo longo devido a grande variação dos

custos anuais.

Tabela 4. Número e custo das revisões realizadas entre janeiro de 2003 e junho de 2009.

Ano atendimento Número de

usuários Custo (R$) Custo médio (R$)

2003 7 235.325,78 33.617,97 2004 7 461.498,77 65.928,40 2005 14 736.985,72 52.641,84 2006 33 567.933,74 17.210,11 2007 10 894.836,97 89.483,70 2008 6 678.834,51 113.139,08

2009(*) 1 203.570,30 203.570,30 Total 78 3.7778.985,79 575.591,40 Média 12,83 595.902,58 62.003,52

Desvio Padrão 10,30 230.219,98 35.454,87 Intervalo de Confiança 8,24 184.210,96 28.369,29 (*) O ano de 2009 foi desconsiderado nos cálculos estatísticos devido aos dados representarem apenas 6 meses. Fonte: A autora, 2009

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54

Devido ao maior número de ATQs em 2005 e 2006, o número de revisões

também foi mais expressivo do que nos demais anos analisados.

Analisando o Intervalo de Confiança, existe uma probabilidade de 95% da

média anual das revisões variar entre 4 e 21 eventos e o custo médio variar entre R$

33.634,23 e R$ 90.372,80.

A tabela 5 mostra os altos índices de revisão das ATQs, chegando a 64,7%

em 2006.

Tabela 5. ATQs e revisões entre janeiro de 2003 e junho de 2009.

Ano Atendimento

Artroplastias Primárias Revisões

% Revisões

Nº Procedimentos

ao Ano Porcentagem (%)

2003 12 7 58,33 19 8,23 2004 25 7 28,00 32 13,85 2005 33 14 42,42 47 20,35 2006 51 33 64,71 84 36,36 2007 17 10 58,82 27 11,69 2008 13 6 46,15 19 8,23 2009 2 1 50,00 3 1,30

Fonte: A autora, 2009

Figura 17. Número de artroplastias primárias e de revisões por ano entre janeiro de 2003 e junho de

2009. Fonte: A autora, 2009

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A figura 15 mostra os gastos para cada cirurgia por ano no período analisado.

Comparativo entre freqüência e custo das Artroplastias primárias e Revisões de jan/03 a Jun/09

-

200.000,00

400.000,00

600.000,00

800.000,00

1.000.000,00

1.200.000,00

a_2003 a_2004 a_2005 a_2006 a_2007 a_2008 a_2009

0

10

20

30

40

50

60

Ev_Artroplastia Ev_Revisados Custo_Revisados Custo_Artroplastia Figura 18. Distribuição dos custos com artroplastias primárias e revisões por ano entre janeiro de

2003 e junho de 2009. Fonte: A autora, 2009

A incidência por sexo de artroplastia primária e de revisão é apresentada na

figura 16, onde se observa que um maior número de procedimentos, tanto de

artroplastias primárias como de revisões, ocorreu no sexo feminino.

Figura 19. Distribuição das artroplastias primárias e das revisões por sexo entre janeiro de 2003 e

junho de 2009. Fonte: A autora, 2009

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Relacionando o sexo com a idade dos pacientes no procedimento de

artroplastia primária e de revisão, figuras 17 e 18, respectivamente, verifica-se que

para ambos os procedimentos e os sexos, existe uma maior quantidade de

intervenções entre 60 e 69 anos. No entanto, existe uma prevalência do sexo

feminino em ambas as cirurgias e, mais pronunciada, na revisão.

Figura 20. Relação entre o número de artroplastias primárias por faixa etária e sexo entre janeiro de

2003 e junho de 2009. Fonte: A autora, 2009

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Figura 21. Relação entre o número de revisões por faixa etária e sexo entre janeiro de 2003 e junho

de 2009. Fonte: A autora, 2009

A média da idade dos pacientes que foram submetidos a ATQ e a revisão é

apresentada na Tabela 6.

Ocorreu um aumento progressivo na média de idade dos pacientes em ambos

os procedimentos. A variação medida entre as idades é de cerca de 2 anos o que

permite uma projeção da média de idade para os próximos anos.

Tabela 6. Média das Idades dos pacientes que realizaram ATQs e revisões entre janeiro de 2003 e junho de 2009.

Ano atendimento ATQs primárias Revisões 2003 64,88 68,43 2004 67,63 69,67 2005 69,83 72,94 2006 71,93 70,39 2007 70,60 68,79 2008 72,10 70,94

2009 (*) 72,34 74,94 Total 70,41 70,70

(*): 2009 representa apenas 6 meses. Fonte: A autora, 2009

A Tabela 7 apresenta os motivos das artroplastias primárias por agrupamento

das frequências dos CID’s, onde pode ser observada uma frequência elevada de

artroses, seguidas por fraturas, necroses e artrites.

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Tabela 7. Motivos e frequências nas artroplastias primárias de quadril entre janeiro de 2003 e junho

de 2009.

Codigo Cid Cid - Artroplastia Primária Total % CID % Agrupamento CID

S720 FRATURA DO COLO DO FEMUR 48 10,32%

S72 FRATURA DO FEMUR 30 6,45%

S729 FRATURA DO FEMUR, PARTE NAO ESPECIFICADA 4 0,86%

S721 FRATURA PERTROCANTERICA 8 1,72%

S722 FRATURA SUBTROCANTRICA 3 0,65%

M150 (OSTEO)ARTROSE PRIMARIA GENERALIZADA 20 4,30%

M16 COXARTROSE (ARTROSE DO QUADRIL) 70 15,05%

M169 COXARTROSE NÃO ESPECIFICADA 15 3,23%

M160 COXARTROSE PRIMARIA BILATERAL 67 14,41%

M199 ARTROSE NAO ESPECIFICADA 26 5,59%

M19 OUTRAS ARTROSES 23 4,95%

M161 OUTRAS COXARTROSES PRIMARIAS 40 8,60%

M167 OUTRAS COXARTROSES SECUNDARIAS 8 1,72%

M15 POLIARTROSE 20 4,30%

M870 NECROSE ASSÉPTICA IDIOPATICA DO OSSO 10 2,15%

M87 OSTEONECROSE 4 0,86%

M879 OSTEONECROSE, NAO ESPECIFICADA 5 1,08%

M878 OUTRAS OSTEONECROSES 1 0,22%

M139 ARTRITE NAO ESPECIFICADA 7 1,51%

M255 DOR ARTICULAR 54 11,61%

M10 GOTA 2 0,43%

465 100,00% 100,00%

20,00%

62,15%

4,30%

13,55%

TOTAL DE OCORRÊNCIAS DO CID Fonte: A autora, 2009

Por intermédio dos dados apresentados na Tabela 7, pode-se observar a

proporção elevada para problemas relacionados com a prótese nas ocorrências

relacionadas às revisões seguidas das fraturas.

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Tabela 7 – Motivos e frequências nas revisões de quadril entre janeiro/ 2003 e junho/ 2009.

CÓDIGO CID CID REVISÃO QTD % CID % Agrupamento CID

T829

COMPLICACOES NAO ESPECIFICADA DE

DISPOSITIVO PROTÉTICOS 1 1,06%

T84

COMPLICAÇÕES DE DISPOSITIVOS PROTETICOS,

IMPLANTES 8 8,51%

T840

COMPLICACAO MECANICA DE PROTESE

ARTICULAR INTERNA 9 9,57%

T845

INFECCAO E REACAO INFLAMATORIA DEVIDAS A

PROTESE 5 5,32%

S70

TRAUMATISMO SUPERFICIAL DO QUADRIL E DA

COXA 1 1,06%

S700 CONTUSAO DO QUADRIL 1 1,06%

S72 FRATURA DO FEMUR 2 2,13%

S720 FRATURA DO COLO DO FEMUR 3 3,19%

S722 FRATURA SUBTROCANTRICA 2 2,13%

S723 FRATURA DA DIAFISE DO FEMUR 2 2,13%

S729 FRATURA DO FEMUR, PARTE NAO ESPECIFICADA 3 3,19%

S333

LUXACAO DE OUTRAS PARTES E DAS NAO

ESPECIFICADAS 1 1,06%

S73

LUXAÇÃO, ENTORSE E DISTENSAO DA

ARTICULAÇÃO E DOS 2 2,13%

S730 LUXAÇÃO DA ARTICULAÇÃO DO QUADRIL 11 11,70%

A419 SEPTICEMIA NAO ESPECIFICADA 1 1,06%

M009 ARTRITE PIOGENICA, NAO ESPECIFICADA 2 2,13%

M86 OSTEOMIELITE 2 2,13%

M869 OSTEOMIELITE NAO-ESPECIFICADA 7 7,45%

T814

INFECCAO SUBSEQUENTE A PROCEDIMENTO,

NAO CLASSI- 1 1,06%

M15 POLIARTROSE 1 1,06%

M150 (OSTEO)ARTROSE PRIMARIA GENERALIZADA 1 1,06%

M16 COXARTROSE (ARTROSE DO QUADRIL) 6 6,38%

M167 OUTRAS COXARTROSES SECUNDARIAS 1 1,06%

M169 COXARTROSE NÃO ESPECIFICADA 2 2,13%

M19 OUTRAS ARTROSES 2 2,13%

M255 DOR ARTICULAR 10 10,64%

M258

OUTROS TRANSTORNOS ARTICULARES

ESPECIFICADOS 1 1,06%

M259 TRANSTORNO ARTICULAR NAO ESPECIFICADO 1 1,06%

M87 OSTEONECROSE 1 1,06%

M879 OSTEONECROSE, NAO ESPECIFICADA 1 1,06%

Q651 LUXAÇÃO CONGENITA BILATERAL DO QUADRIL 1 1,06%

Q65 MALFORM CONGENITAS DO QUADRIL 1 1,06%

T818

OUTRAS COMPLICACOES DE PROCEDIMENTOS,

NAO CLASSI- 1 1,06%1,06%

94 100,00% 100,00%TOTAL DE OCORRÊNCIAS CID

13,83%

12,77%

14,89%

2,13%

13,83%

2,13%

24,47%

14,89%

Fonte: a autora, 2009

Foram analisados os tempos médios entre uma cirurgia de ATQ e de revisão,

considerando apenas os usuários que realizaram ambos os procedimentos quando

ativo no plano de saúde em análise.

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60

Verificou-se que nos casos de infecção e luxação os intervalos são pequenos,

em média 2 meses. Para os demais diagnósticos o tempo médio foi de 12 meses,

variando entre 9 e 15 meses.

O quadro 2 apresenta os motivos e os tempos entre os procedimentos de

revisão para próteses importadas e o Quadro 3 mostra estes valores para próteses

nacionais. A identificação da procedência das próteses foi possível apenas em 46

pacientes.

O quadro 2 mostra que 9 casos entre os 22, tiveram revisão devido à infecção

representando, portanto, 40,9% dos casos. Cinco dos casos apresentaram luxação

(22,7%). Em nenhum destes casos ocorreu falha mecânica da prótese. O quadro 3,

próteses nacionais, mostra 5 casos de infecção, ou seja, 20,8%. Luxação ocorreu

em 37,5% dos casos e falha mecânica em 12,5%.

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Quadro 2. Motivo das revisões e tempo entre os procedimentos de 22 casos entre janeiro de 2003 e junho de 2009 (próteses importadas) (d = dias, m = meses, a = anos).

Motivo Rev. 1

Entre ATQ

primária e Rev.1

Motivo Rev.2

Entre Rev.1

e Rev.2

Motivo Rev.3

Entre Rev.2

e Rev.3

Motivo Rev.4

Entre Rev.3

e Rev.4

Motivo Rev.5

Entre Rev.4

e Rev.5

Osteomielite (Troca de um componente)

7 d ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----

Dor articular + artrite piogênica

(Troca de prótese)

3 a 5 m

Drenagem cirúrgica 9 m ---- ---- ---- ---- ---- ----

Fratura do fêmur

9 m

---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----

Luxação (Reposiciona-

mento da prótese)

27 d ---- ---- ---- ---- ----

Infecção e reação

inflamatória (Punção)

5 m Troca de prótese (imp.)

24 d ---- ---- ---- ---- ---- ----

Osteomielite + infecção e

reação inflamatória +

artrite piogênica (Antibioticotera-pia e drenagem

cirúrgica)

1 m Troca de prótese (imp.)

4 m Antibiotico- terapia

10 m ---- ---- ---- ----

Luxação (Reposiciona-

mento da prótese)

20 d ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----

Osteomielite (Punção e

antibióticos) 28 d

Troca de acetábulo

(imp.) 23 d ---- ---- ---- ----

Dor articular (Troca de PTQ não cimentada por cerâmica-

cerâmica)

2 a 3 m ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----

Osteomielite (Drenagem cirúrgica)

1 a ---- ---- ---- ----

Osteomielite + infecção e

reação inflamatória (Troca por

haste nacional)

3 m Drenagem cirúrgica 4 m

Troca por PTQ

importada 9 d ---- ---- ---- ----

Malformação congênita do

quadril (Troca de

componente)

1 ano ---- ---- ---- ---

---- ---- ---- ----

Outras artroses (Artroscopia)

1 a 9 m

Punção e antibióticos

1 a Punção e antibióticos

1 a 4 m

Punção e

antibió-ticos

3 m ---- ----

Luxação (Reposiciona-

mento da prótese e redução

incruenta)

1 m ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----

Coxartrose (Troca de prótese)

3 m ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----

Artrite piogênica (Troca de prótese)

3 m ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----

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62

Artrite séptica

(Drenagem cirúrgica)

1 a 4 m ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----

Coxartrose (Troca de prótese)

1 a 2 m ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----

Complicação mecânica +

luxação (Reposiciona-

mento da prótese e redução

incruenta)

3 m

Reposicio-namento da prótese e redução incruenta

53 d

Reposicio-namento da prótese e redução incruenta

1 m

Reposicio-namento

da prótese e redução incruenta

2 m

Reposicio-namento

da prótese e redução incruenta

1 m

Luxação (Reposiciona-

mento da prótese e redução

incruenta)

1 m

Reposicio-namento da prótese e redução incruenta

10 m Troca de prótese 9 d ---- ---- ---- ----

Luxação (Reposiciona-

mento da prótese e redução

incruenta)

3 m ---- ---- ---- --- ---- ---- ---- ----

Fratura do fêmur

(Fixação de placa diafisária

importada)

2 a 9 m

---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----

Fonte: A autora, 2009

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63

Quadro 3. Motivo das revisões e tempo entre os procedimentos de 24 casos entre janeiro de 2003 e junho de 2009 (próteses nacionais).

Motivo Rev. 1 Tempo entre ATQ primária

e Rev.1 Motivo Rev.2

Tempo entre

Rev.1 e Rev. 2

Motivo Rev. 3

Tempo entre Rev.2 e Rev.

3

Luxação (Instalada PTQ cimentada)

10 meses Troca da prótese 2 meses ---- ---- Osteomielite (Troca por prótese importada) 37 dias Septicemia (infecção

geral) 1 mês ---- ----

Falha mecânica da prótese + luxação (Troca da prótese)

5 dias ---- ---- ---- ----

Osteomielite (drenagem cirúrgica)

2 meses Drenagem cirúrgica 4 meses ---- ---- Complicação mecânica da prótese + luxação (reposicionamento da prótese)

9 meses Troca por prótese importada 3 meses ---- ----

Osteonecrose (Troca PTQ cimentada por PTQ híbrida)

9 meses ---- ---- ---- ----

Fratura do colo do fêmur (Tração femoral e reposicionamento da prótese)

1 mês ---- ---- ---- ----

Transtorno articular (Troca por componentes importados)

2 anos 5 meses ---- ---- ---- ----

Falha mecânica da prótese (Troca por componentes importados)

5 meses ---- ---- ---- ----

Luxação (Troca da prótese) 5 meses Troca da prótese por

importada 4 meses ---- ---- Coxartroses secundárias (Punção)

5 meses ---- ---- ---- ---- Luxação + falhas de dispositivos protéticos (Reposicionamento da prótese e redução incruenta)

1 ano Reposicionamento da prótese 1 mês ---- ----

Complicação mecânica da prótese + luxação (Reposicionamento da prótese e redução incruenta)

3 anos Reposicionamento da

prótese e redução incruenta

2 anos 1 mês ---- ----

Coxartrose (Troca de componente)

2 anos 8 meses ---- ---- ---- ----

Luxação (Reposicionamento da prótese e redução incruenta)

9 dias ---- ---- ---- ----

Fratura do fêmur (Troca de PTQ cimentada para bipolar)

3 anos 1 mês

Troca de prótese componente acetabular

importado 16 dias ---- ----

Fratura do fêmur (Troca de prótese)

1 ano 2 meses ---- ---- ---- ----

Artroplastia infectada (Troca de componentes com enxerto

4 meses Troca da prótese 7 meses ---- ----

Infecção (Troca por prótese importada) 15 dias ---- ---- ---- ---- Dor articular (Troca por prótese importada)

2 anos 2 meses ---- ---- ---- ----

Coxartrose pós traumática + luxação (Reposicionamento da prótese e redução incruenta)

49 dias ---- ---- ---- ----

Luxação (Troca da prótese) 5 meses ---- ---- ---- ---- Falha mecânica da prótese + infecção e reação inflamatória devido à prótese + luxação + osteomielite (Troca da prótese)

7 meses Reposicionamento

da prótese e redução incruenta

11 dias Drenagem cirúrgica 3 meses

Fratura do fêmur (Troca por prótese importada)

1 ano 1 mês ---- ---- ---- ----

Fonte: A autora, 2009

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64

6 DISCUSSÃO

Entre 2003 e 2009, de acordo com os dados coletados da operadora de plano

de saúde analisada, foram realizadas 78 revisões em 231 procedimentos de ATQ

com uma taxa de revisão, portanto, de 34,0%. Este valor é superior ao encontrado

por Kimura et al. (2008), de 20,0%, e por Stea et al., 2009, de cerca de 17,0%

também com dados coletados em 6 anos e superior a taxa encontrada por Lai et al.

(2008), de 30,0%, em dados coletados em Taiwan em 8 anos de análise.

A taxa de revisão nacional registrada pelo SUS no ano de 2004 foi de 15,0%.

Neste mesmo ano a taxa de revisão registrada pela operadora de seguro de saúde

analisada foi de 28,0%. Este alto valor é um incentivo para a realização de uma

pesquisa mais aprofundada sobre os motivos que levam às revisões para que seja

possível a tomada de medidas corretivas inclusive em relação à qualidade das

próteses utilizadas, pois um dos fatores que qualificam a efetividade clínica de uma

prótese é a sua taxa de revisão (National Institute for Clinical , 2000).

Quando analisadas as taxas de revisão ano a ano, os índices se mostram

bastante elevados chegando a 64,7% em 2006. Considerando que o procedimento

de revisão causa danos maiores do que a cirurgia primária, o ideal é não ocorrer

revisão até o final da vida útil da prótese que, atualmente, pode superar 15 anos

(NOURI et al., 2008).

O custo médio encontrado por procedimento de ATQ no período analisado foi

de R$ 37.733,65, com um desvio padrão elevado de R$ 27.306,52, justificado pela

grande variação entre os custos anuais e pelo número limitado de anos analisados.

É visível, no entanto, a elevação de custos dos componentes protéticos decorrentes

da maior facilidade de inserção, no mercado brasileiro, de próteses importadas

fabricadas com materiais também mais caros como as ligas de titânio. Entre 2006 e

2009, por exemplo, pode-se notar que o custo médio saltou de R$ 17.609,84 no

primeiro ano para R$ 106.636,97 no segundo.

Analisando os custos dos procedimentos no período, o custo médio das

ATQ’s variou entre R$ 15.884,29 e R$ 59.583,02 enquanto que o custo médio das

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65

revisões variou entre R$ 33.634,23 e R$ 90.372,80. Os custos contemplam o tipo de

prótese inserida, os componentes e próteses importadas ou nacionais. No entanto, é

possível notar os altos custos da revisão, comparados com a artroplastia primária.

Como comparação, em 2004, o SUS gastou R$ 30 milhões com 10.000 ATQ’s e R$

7 milhões com apenas 1.500 revisões (SOARES, 2005).

A complexidade do procedimento de revisão é um dos fatores do seu maior

custo. Quando a inserção na cirurgia primária é realizada com cimento, a sua

remoção durante a revisão pode levar a hemorragia, perfuração do córtex femoral e

fratura do fêmur aumentando o tempo da cirurgia em 2 h ou mais e aumentando,

também, o risco de morte. Os mesmos riscos ocorrem quando a revisão deve ser

feita com a troca de acetábulo e haste femoral (KEELING et al., 2008) (CHEN et al.,

2005). Aliado a estes fatores, o custo dos componentes protéticos para revisão são

superiores àqueles da cirurgia primária.

Relacionando o sexo com a idade dos pacientes apenas no procedimento de

artroplastia primária, prevaleceu o sexo masculino com idade inferior a 60 anos e o

sexo feminino para pacientes com idade superior a 60 anos, o que concorda com o

trabalho de Judge et al., 2009, onde um menor número de inserções ocorreu em

mulheres mais jovens quando comparadas com os homens.

Adultos jovens, abaixo dos 50 anos, são mais propensos a fraturas de

acetábulo e de fêmur devido a traumas, principalmente decorrentes de acidentes

automobilísticos mais freqüentes com homens, e em idosos devido à fragilidade

óssea decorrente da osteoporose (SARKAR et al., 2004). As mulheres são mais

suscetíveis à osteoporose do que os homens e estudos clínicos demonstram que

uma em cada duas mulheres aos 70 anos apresentará fraturas de fêmur, e aos 80

anos, duas em três sofrerão o mesmo problema (COSTA-PAIVA et al., 2003).

Quando analisada a incidência de artroplastia primária e de revisão por sexo,

observou-se que um maior número de procedimentos, tanto de artroplastias

primárias como de revisões, esteve relacionada ao sexo feminino, principalmente em

pacientes acima dos 60 anos. Segundo Fernandez-Fernandez, 2008, o sexo

feminino é considerado um dos fatores de risco para revisão devido à fragilização do

osso do fêmur resultante do procedimento da artroplastia primária. A diminuição da

densidade óssea decorrente da alteração hormonal em mulheres acima dos 60 anos

é a causa da fragilização.

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66

Ocorreu um aumento progressivo na média de idade dos pacientes em ambos

os procedimentos, de 65 anos em 2003 para cerca de 70 anos, justificado pelo

aumento da longevidade e estilo de vida mais sedentário da sociedade (LYBÄCK et

al., 2006; SKALSKI et al., 2006). Esta média de idade também está de acordo com o

aumento da expectativa de vida atual dos brasileiros de 72,57 anos segundo dados

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os diagnósticos que levaram os pacientes a ATQ foram artroses (62,2%)

seguidas por fraturas (20,0%), necroses (13,6%) e artrites (4,3%). Segundo Lybäck

et al. (2006), a artrite reumatóide está envolvida em 15,0 a 28,0% das ATQs e de

25,0 a 27,0% dos pacientes irão sofrer a cirurgia entre 22 a 25 anos a partir do início

da doença. Artrites podem evoluir para artroses e nem todos os casos de artrites

necessitam de intervenção cirúrgica. Isso explica a alta taxa de artroses no

diagnóstico de ATQ.

Uma porcentagem elevada para as artroses (40,4%) foi verificada nas

revisões seguidas das fraturas ósseas (29,8%). No entanto, novas complicações

referentes a infecções ou falhas tanto de procedimento quanto de prótese, com uma

porcentagem relativamente alta (26,6%), aparecem como fatores de revisão. Este

valor é superior ao reportado por Urich et al. (2008), de 15,6% em 225 pacientes que

sofreram revisão. Dores articulares que corresponderam a 10,7% dos casos, embora

sejam incluídas neste estudo na porcentagem de artroses, são consideradas como

fatores que também determinam a qualidade da prótese (National Institute for

Clinical Excellence, 2000).

Os deslocamentos ou luxações que neste estudo corresponderam a cerca de

2%, esteve abaixo do valor reportado por Williams et al. (2007), de 10,0% dos casos

de falha da ATQ. No entanto, luxações causam traumas psicológicos para o

paciente, pois a maior porcentagem ocorre nas primeiras semanas após a cirurgia.

Duas cirurgias consecutivas, de grande porte e com longo período de reabilitação,

causam desconfiança no paciente em relação aos resultados positivos do

procedimento e em relação ao cirurgião o que influencia o processo de reabilitação e

nas chances de sucesso (OSORIO et al., 1998).

Os fatores de risco relacionados com o paciente, osteoartrite, artrite

reumatóide, fratura do colo do fêmur e necrose avascular, devem ser analisados

através de exames pré operatórios e, sendo identificados, cabe ao cirurgião tomar

os devidos cuidados com a escolha da prótese e do procedimento cirúrgico, pois

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67

estudos clínicos identificaram aumento do risco de luxação quando o acesso

cirúrgico é posterior, o acetábulo é não cimentado e a cabeça do fêmur tem diâmetro

inferior a 28 mm (BOURNE ET al., 2004; CONROY et al., 2008). Estes dados, os

quais não foram possíveis de serem coletados neste estudo, são indicadores

importantes para decisões preventivas e devem fazer parte das informações

contidas nos prontuários e em formulários específicos para a alimentação de banco

de dados.

Além destes fatores, medidas pós operatórias como melhor orientação aos

usuários com relação aos cuidados com a prótese podem diminuir o risco de

luxação, pois pacientes que recebem informações sobre o procedimento, suas

complicações e o processo de reabilitação apresentam benefícios fisiológicos e

diminuem consideravelmente o risco (McGREGOR et al., 2004; YOUM et al., 2005).

Esta orientação pode ser dada através de folhetos explicativos, vídeos e conversas

com o paciente e seus familiares realizadas pelo cirurgião, fisioterapeutas e

enfermagem.

Tanto para infecção como para luxação, o intervalo entre a ATQ e a revisão

foi, em média, de 2 meses o que concorda com o intervalo preconizado por Lai et al.,

2008, de até 2 anos entre as cirurgias. Segundo Ulrich et al., 2008, uma técnica

cirúrgica meticulosa minimiza o risco deste tipo de falha poucos meses após a

cirurgia, diminuindo os riscos de morte para o paciente.

A porcentagem de revisão devido à infecção (6,4%), apesar de parecer baixa,

é uma complicação que necessita de atenção especial, pois requer, na maioria das

vezes, a retirada de todos os componentes protéticos, procedimento de alto risco e

que pode deixar graves sequelas (GANSE et al., 2008; TATTEVIN et al., 1999).

Portanto, a identificação dos fatores de risco relacionados com o paciente, por meio

de exames pré-operatórios, fornece conhecimento das possíveis dificuldades a

serem encontradas durante o procedimento cirúrgico. Por exemplo, a obesidade que

segundo Malinzak et al. (2009), é um dos principais fatores de complicações da

ATQ, indica dificuldades durante o procedimento cirúrgico que podem ser previstas

com antecedência e medidas preventivas podem ser tomadas a fim de diminuir

substancialmente o risco de infecção.

Como estudos observacionais realizados por Kurtz et al. (2008), e Slover et

al. (2009), mostraram que a idade superior a 85 anos, o sexo feminino e as raças

negra e hispânica são considerados fatores de risco para infecção, estes indicadores

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68

devem ser monitorados nos planejamentos cirúrgicos. Além disso, o conhecimento

de que a presença de um corpo estranho no organismo, como é o caso da prótese,

aumenta consideravelmente a probabilidade do desenvolvimento de colônias de

bactérias (ZIMMERLI, 2006), o cuidado com a assepsia da sala de operação e a

prescrição de doses adequadas de antibióticos nos períodos pré e pós-cirúrgicos

deve ser redobrado.

Um indicador importante que também deve ser considerado é o tempo da

cirurgia. Segundo Ong et al. (2009), procedimentos que duraram mais de 150 min.

tem três vezes e meia mais chance de infecção do que os com duração entre 71 e

90 min. O tempo da cirurgia não é contemplado no dados registrados pela operadora

de saúde e nem consta nos prontuários e, no entanto, é um fator importante para a

tomada de medidas preventivas a fim de evitar complicações, principalmente,

infecção.

A taxa de 18,1% referente às falhas mecânicas da prótese mostra que é

necessária uma maior fiscalização dos produtos junto aos fabricantes para que

respeitem os requisitos exigidos pelas normas técnicas. A literatura internacional

registra taxas de falhas mecânicas bem inferiores à encontrada neste estudo como a

de 2,0% por Lai et al. (2008). Este alto valor pode estar relacionado com defeitos de

fabricação ou desrespeito às exigências das normas técnicas pertinentes. No

entanto, o cirurgião deve assegurar que a prótese inserida tenha as dimensões

adequadas ao peso e a atividade física do paciente (CHEN et al., 2008).

Apesar de, tradicionalmente, o cirurgião ser o responsável pela escolha da

prótese e a maioria se sentir apta a esta tarefa, segundo Sharkey et al. (1999),

devido a evolução tecnológica que tem oferecido várias opções de materiais e

projetos de prótese, seria adequado o desenvolvimento de protocolos de escolha de

próteses voltados aos cirurgiões onde fossem apresentadas todas as opções, suas

vantagens de acordo com resultados clínicos, análises das variáveis idade, peso,

atividade física, saúde geral e qualidade óssea, consideradas importantes na

escolha da prótese como sugerido por Healy et al. (1995), além das técnicas mais

adequados para a inserção da mesma. O acompanhamento da escolha da prótese

pelo paciente deveria se tornar um procedimento comum, pois aumentaria a sua

confiança no cirurgião, aumentando as chances de sucesso do procedimento.

Em 46 casos foi possível identificar a procedência da prótese implantada

(nacional ou importada). Dos pacientes que receberam próteses importadas, 40,9%

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69

dos casos sofreram revisão devido à infecção e 22,7% apresentaram luxação. Não

ocorreram falhas mecânicas das próteses, embora a reação inflamatória relatada em

3 dos casos possa estar relacionada ao excesso de partículas de desgaste

produzidas pelos componentes protéticos ou a uma reação alérgica aos seus

materiais. Este pode ser um indicativo da baixa qualidade da prótese, no entanto,

uma conclusão somente seria possível com um número representativo de casos, o

que não foi possível de se obter neste trabalho devido à falta de informações

registradas no banco de dados da operadora.

O quadro 3 mostra o registro das próteses nacionais onde aparecem 5 casos

de infecção, ou seja, 20,8%. Como a infecção não tem relação com a prótese e sim

com o procedimento cirúrgico, para uma melhor discussão sobre as causas do maior

número de casos de infecção nas próteses importadas, seriam necessários dados

sobre os hospitais onde foram realizadas as cirurgias e sobre os cirurgiões. Luxação

ocorreu em 37,5% dos casos e falha mecânica em 12,5%, valores superiores aos

encontrados nas próteses importadas. Embora a luxação esteja relacionada a vários

fatores, a falha mecânica está relacionada apenas com a qualidade da prótese e à

escolha pelo cirurgião, da prótese correta. Também, neste caso, informações sobre

a experiência do cirurgião, dos materiais de fabricação das próteses e dos seus

fabricantes, são fundamentais para a conclusão sobre as causas destes índices. No

entanto, o fato de ter ocorrido falha mecânica apenas nas próteses nacionais, serve

como alerta para a fiscalização da qualidade dos materiais e dos processos de

fabricação destas próteses.

Um dado que também chama a atenção, neste trabalho, é o dobro de

ocorrência de fratura do colo do fêmur nos procedimentos com próteses nacionais

em relação às importadas. Segundo Sharma et al. (2005), a técnica cirúrgica, o

método de fixação e o projeto da prótese influenciam nas taxas de fratura de colo de

fêmur após a artroplastia. Este pode ser um indício de projetos inadequados das

próteses nacionais.

De modo geral, os motivos para a revisão das próteses totais de quadril

podem ser divididos em três grupos: fatores relacionados com o paciente, fatores

relacionados ao implante e falhas relacionadas à técnica cirúrgica (ULRICH et al.,

2008). Portanto, os indicadores para a avaliação do motivo das revisões devem

contemplar estes três grupos.

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70

O agrupamento dos CID’s que tiveram fatores como “não identificados”, foram

assim denominados pela dúvida que geraram na interpretação, pois artrose não

poderia ser um CID de revisão, uma vez que a parte óssea foi removida e agora

existe uma articulação artificial. Um fato constatado na pesquisa foi de que nestes

casos em que os motivos das cirurgias não foram identificados, o cirurgião repetiu o

CID da cirurgia primária, deixando dúvidas sobre o real motivo da troca de prótese

no segundo procedimento. Este fato, que pode ter sido o motivo da alta taxa de

revisão, alerta para um problema que deve ser resolvido para a criação de um banco

de dados confiável em relação às informações fornecidas.

Justamente devido a este problema, a Portaria nº. 893 de 12 de novembro de

2002 estabeleceu o formulário do Registro Brasileiro de Próteses Articulares

Ortopédicas com o objetivo de formar base de dados sólida para acompanhamento

dos pacientes submetidos ao implante, validar a garantia dos produtos implantados

e orientar os investimentos na área da Saúde. Estes dados deveriam ser acessados

por profissionais da saúde, hospitais e fabricantes ligados à área ortopédica, por

meio de consulta a SBOT. No entanto, a falta de comprometimento por parte dos

médicos cirurgiões no preenchimento do formulário impediu a implantação desta

Portaria.

No procedimento de ATQ primária e de revisão, deve-se considerar que o

Brasil é um país envelhecido, pois possui mais de 18 milhões de pessoas com idade

superior a 60 anos, correspondendo a 10,0% da população. Segundo a Organização

Mundial de Saúde (OMS), um país em desenvolvimento é considerado envelhecido

quando mais de 7,0% da sua população está acima dos 60 anos. Este indicador

implica em índices elevados de agravos e procedimentos médicos e, em geral,

aumento da incidência de doenças crônicas que exigem acompanhamento

constante e medicação continuada. Portanto, existe atualmente no Brasil, um país

com uma cultura ainda voltada aos jovens, a necessidade do desenvolvimento de

estratégias que possibilitem o monitoramento de indicadores para a avaliação a

qualidade de vida dos idosos e de suas famílias. Existe ainda, uma predominância

de mulheres idosas no Brasil, o que caracteriza a “feminização da terceira idade”. A

maior longevidade das mulheres se deve, entre outros fatores, à sua menor

exposição aos fatores de risco como cigarros e bebidas, além de seu maior cuidado

com a saúde com busca de auxílio médico (VICTOR et al., 2009).

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71

De acordo com os resultados obtidos e com o suporte da literatura é possível

sugerir indicadores para o controle e a avaliação dos procedimentos cirúrgicos e das

próteses totais de quadril. Os indicadores foram sugeridos levando em consideração

as definições fornecidas pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e

OMS, 2002.

Segundo a OPAS, os indicadores devem conter informações relevantes de

forma a, quando vistos em conjunto, refletirem a situação e o desempenho do que

se quer analisar. No presente estudo, o objetivo é sugerir um sistema de indicadores

que permitam avaliar os motivos das revisões das próteses totais de quadril.

Duas características importantes qualificam um indicador: validade ou

capacidade de medir o que se pretende e confiabilidade ou capacidade de

reproduzir os resultados quando aplicados em situações semelhantes. Além disto,

devem ser específicos e facilmente mensuráveis (Organização Pan-Americana da

Saúde; Organização Mundial da Saúde, 2002).

Considerando, portanto, a importância de se evitar o procedimento de revisão

fora do tempo de expectativa de vida útil da prótese, os indicadores considerados

relevantes por sinalizarem para risco de revisão, são apresentados no Quadro 4. Os

indicadores devem ser respondidos antes da ATQ primária e da revisão.

Quadro 4. Indicadores para avaliação do motivo da revisão.

Denominação Justificativa Apresentação Fontes Fatores relacionados com o paciente

Sexo O sexo feminino apresenta

maior risco de revisão, principalmente após os 60 anos

Feminino ou masculino

Operadora de saúde, hospital,

cirurgião

Idade

Idades superiores a 60 anos apresentam maior risco de

revisão e, especialmente devido à infecção após os 85 anos

Valor absoluto Operadora de

saúde, hospital, cirurgião

Indice de Massa

Corpórea (IMC)

Obesos (IMC > 50) aumentam o tempo de cirurgia e,

consequentemente, o risco de infecção e de luxação

Massa (Kg)/altura(m) Cirurgião

Atividade física cotidiana

Pacientes com atividades físicas que acarretam em impactos

oferecem risco de revisão devido à osteólise e luxação

Identificar as atividades

cotidianas do paciente

Cirurgião

Diagnóstico para a ATQ

primária

Osteoartrite, artrite reumatóide, fratura do pescoço do fêmur e necrose avascular são fatores

de risco para a revisão

Descrição completa da (s) doença (s) Cirurgião

Fatores relacionados com o procedimento

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72

Cirurgião

Cirurgiões com alto índice de complicações pós

cirúrgicas podem necessitar de treinamento para novas

técnicas cirúrgicas

Identificação completa Cirurgião

Hospital

Hospitais com grande volume de cirurgias e em

regiões urbanas apresentam menores taxas

de revisão devido à infecção e à equipe melhor

treinada

Identificação do Hospital incluindo

seu posicionamento geográfico

Hospital

Técnica cirúrgica

A técnica cirúrgica está vinculada à taxa de revisão,

especialmente a relacionada com luxação.

Descrição completa da técnica utilizada Cirurgião

Tempo da cirurgia

O tempo da cirurgia está relacionado com a taxa de revisão devido à infecção

Início da cirurgia contado a partir da entrada do paciente da sala de cirurgia até a sua saída.

Cirurgião e equipe

Profilaxia (antibióticos)

Antibióticos para prevenção de infecção

Doses nos períodos pré e pós cirúrgicos Cirurgião

Dimensões da prótese

Dimensões inadequadas podem levar à discrepância no comprimento da perna,

excesso de desgaste e luxação

Comprimento da haste, do pescoço (após colocação da cabeça de fêmur) e diâmetro da cabeça

de fêmur

Cirurgião, fabricante

Taxa de revisão do cirurgião

Identifica possíveis problemas com a técnica cirúrgica ou especificação

da prótese

(Número de próteses inseridas/numero de

revisões) x 100 Valores para o

mesmo cirurgião

Operadora de saúde

Taxa de revisão do

hospital

Identifica possíveis problemas com a sala de

cirurgia, cuidados pré e pós operatórios ou inexperiência

da equipe

(Número de próteses inseridas/numero de

revisões) x 100 Valores para o mesmo hospital

Operadora de saúde

Fatores relacionados com a prótese

Materiais da prótese

Os materiais de confecção da prótese podem provocar

excesso de partículas de desgaste e osteólise

Identificar os materiais de

fabricação da haste, cabeça de fêmur e

acetábulo

Cirurgião, fabricante

Fabricante da prótese

Próteses com alta taxa de revisão por falha mecânica ou osteólise podem possuir defeitos de fabricação ou

má qualidade

Identificar o fabricante Cirurgião

Taxa de revisão da

prótese

Indica a qualidade da prótese

(Número de próteses inseridas/numero de

revisões por falha mecânica) x 100 Valores para a mesma prótese

Operadora de saúde

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6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Com os indicadores propostos, pode se desenvolver um painel de indicadores

para pacientes com prótese total de quadril com alimentação de dados monitorados

mês a mês, utilizando-se ferramentas de BI (Business Intelligence) e KDD

(Knowledge Discovery in Databases).

Indicadores para outros tipos de próteses e implantes podem ser sugeridos

utilizando o mesmo método deste trabalho e, com os dados coletados e analisados,

poderá ser proposto um formulário a ser preenchido por cada um dos agentes, para

a identificação dos pacientes com risco de revisão.

Trabalhos futuros, realizados com o auxílio de cirurgiões, enfermeiros,

fisioterapeutas e assistentes sociais, podem ser realizados com o intuito de elaborar

protocolos de cuidados pré e pós-operatórios para os pacientes de risco e seus

familiares, incluindo visitas nas residências para vistorias e auxílio na adequação do

ambiente para a garantia da reabilitação adequada e diminuição do risco de revisão.

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7 CONCLUSÕES

De acordo com os objetivos específicos e o critério estabelecido neste

trabalho, onde uma ou mais internações, posteriores à cirurgia primária, com troca

de um ou mais componentes protéticos, foram registradas como revisão, pode-se

concluir que a taxa de revisão foi de 34%.

Para a população estudada, ficaram evidentes os seguintes fatores de risco

de revisão da prótese total de quadril: sexo feminino; idades superiores a 60 anos;

obesidade (IMC > 50); atividades físicas que acarretam em impactos; osteoartrite,

artrite reumatóide, fratura do colo do fêmur e necrose avascular; cirurgiões com alto

índice de complicações pós cirúrgicas; hospitais com baixo volume de cirurgias;

hospitais de regiões; técnica cirúrgica; tempo da cirurgia; profilaxia antibiótica e pós-

cirúrgica; dimensões da prótese; taxa de revisão do cirurgião; taxa de revisão do

hospital; materiais de confecção da prótese; fabricante de dispositivos com alta taxa

de falha; alta taxa de revisão da prótese.

Com base nos resultados obtidos e nos fatores de risco identificados, os

indicadores sugeridos que revelam tendência para o paciente sofrer revisão de

prótese total de quadril são: sexo; idade; índice de Massa Corpórea (IMC); atividade

física cotidiana; diagnóstico para a ATQ primária; cirurgião; hospital; técnica

cirúrgica; tempo da cirurgia; profilaxia antibiótica; dimensões da prótese; taxa de

revisão do cirurgião; taxa de revisão do hospital; materiais da prótese; fabricante da

prótese; taxa de revisão da prótese.

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ANEXO A - PARECER COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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ANEXO B - AUTORIZAÇÃO UTILIZAÇÃO DA BASE DE DADOS

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ANEXO C - TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DAD OS