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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP FELIPE LOPES TERRÃO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E RAZÕES PARA SUA ESCOLHA MESTRADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE SÃO PAULO 2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

FELIPE LOPES TERRÃO

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E RAZÕES PARA SUA ESCOLHA

MESTRADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE

SÃO PAULO

2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

FELIPE LOPES TERRÃO

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E RAZÕES PARA SUA ESCOLHA

MESTRADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE

Dissertação apresentada à Banca Examinadora

da Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo, como exigência parcial para obtenção

do título de MESTRE em Educação: História,

Política, Sociedade, sob a orientação da

Professora Doutora Leda Maria de Oliveira

Rodrigues.

SÃO PAULO

2016

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BANCA EXAMINADORA

________________________________________

________________________________________

________________________________________

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AGRADECIMENTO À COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE

NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

Inicialmente, quero registrar um agradecimento especial a Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudo,

pois graças a este auxilio foi possível me dedicar à realização desta pesquisa e, ao mesmo

tempo, ampliar o campo de estudo da educação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS por possibilitar a concretização de um sonho.

Ao meu amor Thamires, minha esposa, um agradecimento especial pelo amor, paciência, pelo

apoio nos momentos de angústia e desanimo, principalmente por estar ao meu lado em todos

os momentos desta pesquisa.

A meus pais, Joaquim (in memoriam) e Terezinha, pelo incentivo para estudar educação

física.

À minha nova família pelo apoio e auxilio nos momentos difíceis deste estudo.

À Professora Doutora Leda Maria de Oliveira Rodrigues pela contribuição e dedicação na

elaboração deste estudo.

Aos Professores Doutores Marieta Gouvêa de Oliveira Penna e Daniel Ferraz Chiozzini pelas

contribuições na Banca de Qualificação da dissertação, as quais foram essenciais para a

conclusão deste trabalho.

À Professora Doutora Hanna Karen Moreira Antunes pelas orientações sobre como realizar

este estudo.

A todos os professores do EHPS pelos debates enriquecedores e construtivos realizados

durante as disciplinas do programa.

À Betinha que em todos os momentos sempre esteve pronta a ajudar, orientar e confortar.

À Universidade Federal de São Paulo do campus Baixada Santista pela possibilidade de

pesquisar e contribuir na solidificação da importância do curso de educação física.

E finalmente, para todos que ajudaram de alguma forma para a realização deste estudo.

Page 6: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Lopes Terrao... · uma relação entre a incorporação das práticas culturais e corporais da educação física ... Instrumentos,

“Quando um homem compreende a sua

realidade pode levantar hipóteses sobre

o desafio dessa realidade e procurar

soluções.”

Paulo Freire

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TERRÃO, Felipe Lopes. Curso de educação física e razões para sua escolha. Dissertação

de Mestrado em Educação. Programa de Educação: História, Política, Sociedade.

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2016.

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E RAZÕES PARA SUA ESCOLHA

Resumo

A presente pesquisa teve como objetivo identificar as razões da escolha pelo curso de

educação física da Universidade Federal de São Paulo, utilizando o conceito de capital

cultural proposto por Bourdieu (1998). Para tanto, partiu-se da hipótese de que o contato com

práticas culturais e corporais relacionadas com o universo da educação física na origem

familiar, trajetória social e educacional exercem influência na escolha pelo curso de educação

física. Além disso, as concepções de classificação, reclassificação e desclassificação

(Bourdieu, 1998) foram empregadas para explicar a estratégia educacional dos estudantes no

espaço social. A coleta de dados ocorreu em duas fases. A primeira fase constituiu-se do

emprego de um questionário socioeconômico junto a 40 estudantes do curso para caracterizá-

los e investigar o capital cultural dos mesmos. Destes 40 estudantes, 16 ingressaram pelo

sistema universal e 8 pelo sistema de cotas. Estudamos também 16 concluintes pelo sistema

universal. Na segunda etapa foram realizadas 10 entrevistas com ingressantes e concluintes

para averiguar o modo de transmissão do capital cultural e como este influenciou na escolha

do curso de educação física. As análises dos dados coletados apontam para a existência de

uma relação entre a incorporação das práticas culturais e corporais da educação física

construídas no núcleo familiar de origem e o capital cultural de chegada e a escolha pelo

curso de educação física. O estudo também identificou que a escolha do curso de educação

física da Universidade Federal de São Paulo por parte dos ingressantes e concluintes pelo

sistema universal é uma estratégia para alcançar uma nova classificação social e, ao mesmo

tempo, evitar uma possível desclassificação social do capital herdado anteriormente. Por outro

lado, para os ingressantes pelo sistema de cotas esta estratégia de acesso ao ensino superior

público parece estar apoiada na busca por uma nova reclassificação social.

Palavras-chave: capital cultural; educação física; práticas culturais; classificação;

reclassificação; desclassificação;

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TERRÃO, Felipe Lopes. Physical education program and reasons for its choice.

Dissertation Master in Education. Program Education: History, Polítics, Society.

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2016.

PHYSICAL EDUCATION PROGRAM AND REASONS FOR ITS CHOICE

Abstract

The goal of this research is to identify the reasons for choosing the physical education

program at the Federal University of São Paulo, using the concept of cultural capital proposed

by Bourdieu (1998). For this purpose, it begins with the hypothesis that contact with cultural

and corporal practices related to the universe of physical education within a familiar origin,

and a social and educational background influence in choosing the physical education

program. Moreover, within the same argument, the concept of classification, reclassification

and disqualification (Bourdieu 1998) will be applied to study the strategy of the students in

the social space. The data collection occurred in two phases. The first phase was made by

applying a socioeconomic questionnaire to 40 students of the course to characterize them and

investigate cultural capital. Out of these 40 students, 16 had joined the universal system and 8

the quota system. We will also study 16 graduates by the universal entrance exam. In the

second phase, 10 interviews with students and graduates were made to ascertain the

transmission mode of the cultural capital and its influence when choosing the physical

education program. The analysis of the collected data indicate the existence of a relationship

between the incorporation of cultural and corporal practices of the physical education built

within a familiar origin, the cultural capital of arrival and the choice of the physical education

program. The study also found that the choice of the physical education program at the

Federal University of São Paulo by the students and graduates of the universal system as a

strategy to reach a new social classification, and at the same time, to avoid a possible social

disqualification of the capital previously inherited. On the other hand, for those entering the

quota system, this strategy of accessing a higher level of public education seems to be

supported in the search for a new social reclassification.

Keywords: cultural capital; physical education; cultural practices; classification;

reclassification; disqualification.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 14

CAPÍTULO I - O CAMPO DE PESQUISA 18

1.1. A criação da Universidade Federal de São Paulo 18

1.2. Criação do programa de apoio ao plano de reestruturação e expansão das

universidades federais (REUNI)

19

1.3. Características do campus Baixada Santista 21

1.4. Características do curso de educação física da Universidade Federal de São Paulo 22

1.4.1. Conteúdos curriculares e organização do curso 24

CAPÍTULO II - SOBRE A LEI DE COTAS 25

2.1. A criação da lei de cotas 25

2.2. O sistema de reserva de vagas na Universidade Federal de São Paulo 27

CAPÍTULO III - REFERENCIAL TEÓRICO 30

3.1. A influência do neoliberalismo no campo da educação física 30

3.2. A importância do capital cultural na escolha pelo ensino superior 32

3.3. As concepções de classificação, reclassificação e desclassificação na escolha

pela Universidade Federal de São Paulo

33

CAPITULO IV – PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 35

4.1. Definição do tema e problema 35

4.2. Objetivo geral 36

4.2.1. Objetivos específicos 36

4.3. Hipótese 36

4.4. Instrumentos, sujeitos e campo de pesquisa 37

CAPÍTULO V - A INFLUÊNCIA DO CAPITAL CULTURAL NA

ESCOLHA PELO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

38

5.1. Caracterização dos ingressantes pelo sistema universal e sistema de cotas do

curso de educação física

38

5.2. Análise dos ingressantes pelo sistema universal e sistema de cotas do curso de

educação física

41

5.3. Caracterização dos concluintes pelo sistema universal do curso de educação

física

67

5.4. Análise dos concluintes pelo sistema universal do curso de educação física 68

CONSIDERAÇÕES FINAIS 92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 95

ANEXOS 100

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Quadro 1 Cursos de graduação de graduação da UNIFESP 21

Quadro 2 Caracterização dos entrevistados (ingressantes pelo sistema universal e

sistema de cotas)

39

Tabela 1 Escolaridade dos pais e renda familiar dos ingressantes pelo sistema universal 41

Tabela 2 Escolaridade dos pais e renda familiar dos ingressantes pelo sistema de cotas 41

Tabela 3 Renda familiar e ocupação dos pais de ingressantes pelo sistema universal 42

Tabela 4 Renda familiar e ocupação dos pais de ingressantes pelo sistema de cotas 43

Tabela 5 Renda familiar dos ingressantes pelo sistema universal e trajetória escolar 44

Tabela 6 Renda familiar dos ingressantes pelo sistema de cotas e trajetória escolar 44

Quadro 3 Como era a cobrança dos seus pais ou responsáveis em relação as suas notas? 45

Quadro 4 Você fez algum tipo de curso extra - curricular como, por exemplo, inglês,

dança, futebol, música ou informática?

46

Tabela 7 Práticas culturais dos ingressantes pelo sistema universal e renda familiar 47

Tabela 8 Práticas culturais dos ingressantes pelo sistema de cotas e renda familiar 47

Quadro 5 Quais são as atividades culturais (cinema, teatro, museu, parques, shows) que

você costuma realizar com mais frequência, cite as três ultimas atividades

culturais que você realizou?

48

Tabela 9 Renda familiar dos ingressantes pelo sistema universal e visita a museus 49

Tabela 10 Renda familiar dos ingressantes pelo sistema de cotas e visita a museus 50

Tabela 11 Renda familiar dos ingressantes pelo sistema universal e viagens 50

Tabela 12 Renda familiar dos ingressantes pelo sistema de cotas e viagens 50

Quadro 6 Você já viajou? Para onde e o que mais gostou nas viagens? 51

Quadro 7 Fale dos tipos de leituras e programas de TV que você mais gosta? 54

Quadro 8 Fale dos tipos de leituras e programas de TV que você mais gosta? 54

Tabela 13 Renda familiar dos ingressantes pelo sistema universal e informações sobre o

curso de educação física

55

Tabela 14 Renda familiar dos ingressantes pelo sistema de cotas e informações sobre o

curso de educação física

55

Quadro 9 Quais são as informações que você possuía sobre a educação física? 56

Quadro 10 O que você acha da divisão do curso em licenciatura e bacharelado? 56

Quadro 11 Por que você escolheu o curso da Unifesp? 57

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Tabela 15 Renda familiar dos ingressantes pelo sistema universal e a perspectiva

profissional após terminar o curso de educação física

58

Tabela 16 Renda familiar dos ingressantes pelo sistema de cotas e a perspectiva

profissional após terminar o curso de educação física

59

Quadro 12 Quais são as suas expectativas após terminar o curso? 59

Quadro 13 Qual é a influência da escola na sua escolha pelo curso de educação física? 61

Tabela 17 Renda familiar e as práticas corporais realizadas com mais frequência pelos

ingressantes do sistema universal

62

Tabela 18 Renda familiar e as práticas corporais realizadas com mais frequência pelos

ingressantes do sistema de cotas

63

Quadro 14 Fale sobre os seus esportes favoritos? 65

Quadro 15 Quais foram os seus motivos e razões para a escolha do curso de educação

física?

66

Quadro 16 Caracterização dos entrevistados (concluintes pelo sistema universal) 68

Tabela 19 Renda familiar dos concluintes e escolaridade dos pais 68

Quadro 17 Como era a cobrança dos seus pais ou responsáveis em relação as suas notas? 69

Quadro 18 Você fez algum tipo de curso extra - curricular como, por exemplo, inglês,

dança, futebol, música ou informática?

71

Tabela 20 Renda familiar e ocupação dos pais dos concluintes 72

Tabela 21 Renda familiar dos concluintes e suas principais práticas culturais 73

Quadro 19 Quais são as atividades culturais (cinema, teatro, museu, parques, shows) que

você costuma realizar com mais frequência, cite as três ultimas atividades

culturais que você realizou?

73

Tabela 22 Renda familiar dos concluintes e visita a museus 74

Tabela 23 Renda familiar dos concluintes e viagens 75

Quadro 20 Você já viajou? Para onde e o que mais gostou nas viagens? 75

Quadro 21 Fale dos tipos de leituras e programas de TV que você mais gosta? 77

Tabela 24 Renda familiar dos concluintes e informações sobre o curso de educação

física

78

Quadro 22 Qual é a influência da escola na sua escolha pelo curso de educação física? 79

Quadro 23 Quais são as informações que você possuía sobre a educação física? 80

Quadro 24 O que você acha da divisão do curso em licenciatura e bacharelado? 81

Quadro 25 Por que você escolheu o curso da Unifesp? 82

Tabela 25 Renda familiar dos concluintes pelo sistema universal e a perspectiva

profissional após terminar o curso de educação física

84

Quadro 26 Quais são as suas expectativas após terminar o curso? 85

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Tabela 26 Renda familiar e as práticas corporais realizadas com mais frequência pelos

concluintes do curso de educação física

87

Quadro 27 Fale sobre os seus esportes favoritos? 89

Quadro 28 Quais foram os seus motivos e razões para a escolha do curso de educação

física?

90

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SIGLAS

BNDES - Banco Nacional do Desenvolvimento

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CONFEF - Conselho Federal de Educação Física

CONSU - Conselho Universitário da Universidade Federal de São Paulo

ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio

FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FATEC - Faculdade de Tecnologia

FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos

FUNAI - Fundação Nacional do Índio

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFSP - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira Nacional

MEC – Ministério da Educação

MoMA - Museum of Modern Art

PROGRAD - Pró-reitoria de Graduação

PUC-SP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

REUNI - Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades

Federais

SISU - Sistema de Seleção Unificada

UENF - Universidade Estadual do Norte Fluminense

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto

UNEB - Universidade do Estado da Bahia

UNESP Universidade Estadual Paulista

UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo

UNIMES - Universidade Metropolitana de Santos

UnB - Universidade de Brasília

UNIP - Universidade Paulista

UNISANTA - Universidade Santa Cecília

UNISANTOS - Universidade Católica de Santos

USP - Universidade de São Paulo

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14

INTRODUÇÃO

A escolha pela carreira universitária impõe ao indivíduo decisões que podem

determinar todas as suas relações ao longo da vida, uma vez que esse processo de escolha é

singular para cada indivíduo e possui relação direta com a trajetória de vida familiar, social e

educacional, podendo essa decisão ter como objetivo a manutenção ou superação da posição

social conquistada pela geração anterior. (KOBER, 2008)

Sendo assim, para compreender todo esse processo e os motivos envolvidos na escolha

pela carreira universitária será utilizado como norteador deste trabalho o curso de educação

física, em razão das transformações e reformulações ocorridas na área após a sua

regulamentação como profissão em 1998. (BRASIL, 1998)

A regulamentação da educação física como profissão aconteceu pela Lei nº 9696/98,

com a criação do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), tendo como justificativa o

argumento corporativista de reserva do mercado de trabalho e a necessidade de

desqualificação da ação dos assim denominados “leigos da educação física”. (NOZAKI,

2004).

Além disso, após a regulamentação da profissão e para atender as especificidades de

um novo mercado de trabalho, o conselho federal de educação física homologou a divisão da

formação em educação física em duas profissões distintas, licenciatura e bacharelado.

(STEINHILBER, 2006)

Podemos dizer também que a regulamentação da profissão e a divisão do curso em

licenciatura e bacharelado teve grande impacto no crescimento do número de cursos em

educação física, principalmente no ensino superior privado. Em 1991, o Brasil possuía o

registro de 117 cursos de graduação em educação física, no entanto, com a valorização da área

no mercado de trabalho, essa oferta foi ampliada para 1.031 cursos em 2007, sendo o ensino

privado responsável por 823 cursos, isto é, 79,8% das vagas oferecidas nos cursos de

graduação em educação física pertenciam ao setor privado. (SILVA et al., 2009)

Em relação à Universidade Federal de São Paulo, local desta pesquisa, com base nos

dados fornecidos pela instituição, é importante apresentar o crescimento no número de

candidatos inscritos para o vestibular de educação física. No ano de 2006 foram 311 inscritos

para 36 vagas e no ano de 2014 foram 2.632 candidatos para 50 vagas. Além disso, na

comparação com os outros cursos oferecidos pelo campus da Baixada Santista, como

nutrição, fisioterapia, psicologia e serviço social, o curso de educação física foi a carreira que

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apresentou, proporcionalmente, o maior crescimento no número de candidatos inscritos no

vestibular, entre os anos de 2006 e 2014. Para entender esse aumento na procura pelo curso de

educação física, destacamos alguns fatores como possíveis responsáveis por essa valorização

do curso.

Primeiramente, em relação ao capital econômico, a educação física pode ser apontada

como uma profissão com retorno econômico diversificado. Segundo Neri (2005), 84,16% dos

profissionais formados em educação física está inserido no mercado de trabalho e apresenta

uma rentabilidade financeira mensal de R$ 2.172,26. Apesar disso, lembramos que a

diversidade de profissões existentes no campo da educação física pode modificar esse retorno

econômico, exemplo disso é o professor de tênis com remuneração mensal de R$ 3.512,00.

(CORTELA et al. 2013)

Outro bom exemplo dessa diversidade no retorno econômico da educação física é o

emprego de personal trainer. De acordo com Zica (2010), o personal trainer pode receber uma

renda mensal entre R$ 300,00 e R$ 9.000,00, ou seja, podemos considerar o amplo campo de

trabalho da educação física como principal responsável por esse retorno financeiro

diversificado na profissão.

Outro fator responsável pelo crescimento do curso foi a divisão da profissão em

licenciatura e bacharelado para atender a expansão de um novo padrão corporal associado à

manutenção e promoção da saúde. Concordando com a idéia acima mencionada, segundo

Faria Jr. (2001), o reordenamento da profissão foi necessário em razão do crescimento de um

novo mercado de consumo, baseado na proliferação de academias, clubes, marcas esportivas,

marketing esportivo e mídia esportiva.

Corroborando com o estudo de Faria Jr., Nozaki (2004), também ressalta o

crescimento de um novo mercado de consumo esportivo apoiado na proliferação das práticas

corporais nas academias de ginástica, clubes, condomínios e nos espaços de lazer privados e

públicos como determinante para a regulamentação da educação física como profissão.

Além disso, a mercadorização das práticas corporais também contribuiu para o

surgimento de uma imensa rede de produção industrial de equipamentos, materiais, academias

e eventos esportivos e, consequentemente, possibilitou aos profissionais de educação física

ampliar o seu retorno econômico e o campo de trabalho. (GIOVANNI, 2005)

Ainda de acordo com Giovanni, o mercado capitalista transformou as modalidades da

educação física em esporte espetáculo, convertendo atletas em modelos, seja do ponto de vista

de valores relativos ao corpo, seja do ponto de vista da performance, ou ainda, da perspectiva

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16

da ascensão social por meio do uso institucionalizado do corpo, ou seja, pode-se dizer que a

mercantilização das práticas corporais, mediante o consumo em massa dos diversos tipos de

manifestações corporais por todas as classes sociais contribuiu diretamente para o aumento na

procura pelo curso de educação física. (GIOVANNI, 2005)

Entretanto, esse crescimento na oferta de vagas no curso de educação física pode ter

contribuído para uma possível desvalorização do diploma em razão da massificação no acesso

ao curso. Em relação a massificação e desvalorização do diploma, Bourdieu (1998) lembra

como a inclusão de segmentos sociais até então “estranhos” ao sistema escolar, por meio da

sua ampliação ao acesso, provoca modificações no valor econômico e simbólico dos

diplomas, ou seja, a massificação do acesso a determinadas carreiras contribui para a

desvalorização do diploma.

Além do mais, a massificação de um curso faz aqueles que entram por último no

sistema de ensino, e têm pouco capital cultural para avaliar o seu funcionamento, obterem

diplomas de segunda classe, pois as classes sociais detentoras de maior capital (econômico,

cultural, social) sempre desenvolvem novos meios para manter uma distância entre as classes.

(BOURDIEU, 1998)

Concordando com essa problemática, o estudo de Vivan (2010) pontua a

mercantilização das práticas corporais no setor do fitness/bem-estar e a massificação do

acesso ao ensino como responsáveis pelos efeitos negativos junto à profissão, pois o aumento

do quadro de profissionais no mercado de trabalho resultou em um aumento da jornada de

trabalho para compensar a redução generalizada do valor da força de trabalho dos

profissionais de educação física.

Em relação a esse ponto, Verenguer (2005) também pontua a massificação do acesso

ao curso e a postura do profissional de educação física como responsáveis pelo baixo status

acadêmico da área. Para o autor, o privilégio na preparação para responder as demandas do

mercado de trabalho contribuiu para a descaracterização acadêmica do curso.

Diante desse conjunto de mudanças e transformações ocorridas na educação física,

torna-se interesse deste trabalho compreender os motivos que levam o discente a escolher o

curso. Nesse sentido, lembramos a pesquisa realizada por Santos, Bracht, Almeida (2009). O

estudo em questão apresentou a trajetória e os motivos de três professores de Educação Física

na escolha pela carreira. Deste estudo destacamos o relato de uma das docentes que atribuiu a

sua escolha ao fator financeiro, pois a falta de recursos impossibilitou-a de cursar medicina,

habilitação por ela desejada. Ainda de acordo com os autores, a escolha pela carreira para os

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demais professores estava relacionada ao interesse pelo esporte e o envolvimento com

modalidades esportivas construídas ao longo da sua trajetória.

Outro importante trabalho sobre a influência da trajetória na escolha pela carreira

universitária é o artigo de Hopf e Canfield (2001), “Profissão docente: estudo da trajetória de

professores universitários de educação física”. O estudo tem como objetivo compreender

como um grupo de oito professores aposentados em educação física evoluiu na profissão, por

meio da sua trajetória e percurso profissional. Do estudo em questão, é plausível observar a

influência da trajetória social e educacional na escolha pelo curso de educação física.

Segundo Hopf e Canfield (2001):

Pode-se dizer que o motivo que levou os professores deste estudo a escolherem a

educação física, como campo de trabalho, prendeu-se ao envolvimento esportivo

que possuíam com o esporte. Porém, para dois professores, além do

envolvimento esportivo, outros fatores influenciaram essa escolha, como a

influência do professor de educação física que haviam tido na escola e o gosto

por tornar-se um futuro educador. O que se verificou é que a escolha profissional

foi muito influenciada/guiada pelo sentimento de prazer que tinham de se

envolver com o esporte, sendo que outros aspectos como status profissional e o

fator econômico, no momento da escolha, não receberam grande atenção. (p. 54)

Em suma, o estudo destaca a influência do gosto pelo movimento/esporte

desenvolvido durante a trajetória dos professores como um dos fatores responsáveis pela

escolha da carreira universitária na educação física. (HOPF e CANFIELD, 2001)

Outro bom exemplo de estudo sobre as razões para a escolha pelo curso de educação

física é a pesquisa realizada por Justino, Kocian, Kocian (2013). Os autores trabalharam com

21 profissionais da área de educação física, atuantes no mercado de ensino formal e não

formal ou em ambos. Deste estudo, destaca-se o relato dos profissionais de educação física

sobre a valorização social na carreira devido às relações interpessoais positivas com pessoas

ligadas direta ou indiretamente ao seu ambiente de trabalho. No entanto, também chama

atenção no estudo o relato do sentimento de insatisfação e desvalorização por parte dos

entrevistados com a carreira por causa de fatores externos ao ambiente de trabalho como, por

exemplo, baixos salários.

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Portanto, com base nos estudos apresentados, verifica-se a existência de uma gama de

fatores e circunstâncias presentes na educação física que podem influenciar e direcionar as

estratégias das classes sociais na escolha pelo curso de educação física. Em relação a esse

ponto, segundo Bourdieu (1998), a escolha pelo ensino, principalmente o ensino superior,

possui relação com a necessidade de ascensão ou manutenção das posições econômicas,

sociais e culturais alcançadas.

Desse modo, busca-se com a utilização do conceito de capital cultural, proposto por

Pierre Bourdieu, explicar como a origem familiar, trajetória social e educacional podem

reverter-se em razões para a escolha pelo curso de educação física.

CAPÍTULO I – O CAMPO DE PESQUISA

O foco a ser destacado neste capítulo é a criação da Universidade Federal de São

Paulo e a implementação do programa de apoio ao plano de reestruturação e expansão das

universidades federais (REUNI). Em seguida, serão apresentadas algumas características do

campus Baixada Santista e do curso de educação física da Universidade Federal de São Paulo.

1.1. A criação da Universidade Federal de São Paulo

Segundo Pedrosa e Costa (2015), o campus São Paulo, localizado em uma região mais

central da cidade, abriga a antiga Escola Paulista de Medicina. A escola foi criada, em 1933,

como uma instituição privada por um grupo de médicos que aproveitaram o movimento de

um grupo de candidatos insatisfeitos com as poucas chances de ingresso na carreira de

professor na Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo e mobilizaram recursos sociais,

econômicos e políticos para propor a criação de uma nova escola de medicina, contudo, em

1956, enfrentando sérios problemas financeiros, a instituição passou para as mãos do Estado.

Corroborando com texto acima mencionado, de acordo com a instituição, em 1940, a

Escola Paulista de Medicina inaugurou o Hospital São Paulo, primeiro hospital-escola do

País, localizado no campus São Paulo, no bairro da Vila Clementino, no entanto, apesar de

fundada como uma entidade privada em 1933, a instituição foi federalizada em 1956 e,

posteriormente, a lei nº 8.957 de 1994 transformou a Escola Paulista de Medicina (EPM) na

Universidade Federal de São Paulo. Na ocasião da criação da UNIFESP, a instituição era a

primeira universidade brasileira especializada em Saúde, abrigando em seu currículo de

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graduação os cursos de Medicina, Enfermagem, Biomedicina, Fonoaudiologia, Tecnologia

Oftálmica e Radiológica.

Além disso, com a criação da Universidade Federal de São Paulo, a instituição ganhou

autonomia acadêmica, passou a reconhecer seus diplomas, iniciou um processo de

reformulação e avaliação de seus cinco cursos de graduação e elaborou o seu próprio Estatuto.

Com base no Estatuto manteve-se a estrutura departamental vigente e criou-se quatro Pró-

Reitorias encarregadas de organizar as atividades de ensino, pesquisa e extensão da

Universidade.

Ainda de acordo com a instituição, em 2005 iniciou-se o projeto de expansão da

universidade por meio do programa de apoio ao plano de reestruturação e expansão das

universidades federais (REUNI), coordenado pelo Ministério da Educação (MEC), com a

criação do campus Baixada Santista. Posteriormente, em 2007, foi criado o campus

Guarulhos, seguido pelo campus Diadema e São José dos Campos e pelo campus Osasco em

2011.

1.2. Criação do programa de apoio ao plano de reestruturação e expansão das

universidades federais (REUNI)

Primeiramente, é importante contextualizar o REUNI para entender a sua criação pelo

governo federal. De acordo com Lima (2009), o REUNI é uma face do Projeto Universidade

Nova da Bahia, contudo, apesar do REUNI e do UniNova apresentarem as mesmas

argumentações e a mesma proposta de elaboração de uma “nova arquitetura curricular” para

as universidades públicas por meio da organização de bacharelados interdisciplinares/BI

(ciclos básico - comum a várias áreas de conhecimento - e ciclos profissionalizantes), o

UniNova, na medida em que centralizou sua proposta nesta “nova arquitetura curricular”,

gerou um conjunto de críticas de reitores e demais administradores das universidades federais

que reivindicavam financiamento público para a realização das metas de expansão e

reestruturação destas instituições. Desse modo, o programa REUNI pode ser apontado como

um UniNova com (pouco) financiamento público condicionado ao estabelecimento de metas

expressas em um contrato de gestão. (LIMA, 2009)

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Com base no acima exposto, o programa de apoio ao plano de reestruturação e

expansão das universidades federais (REUNI), empregado no processo de expansão da

Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), foi criado pelo governo Lula da Silva por

meio do Decreto Presidencial (6096/07) como parte do Plano de Desenvolvimento da

Educação/PDE e apresentava os seguintes objetivos: elevar a taxa de conclusão dos cursos de

graduação para 90%; aumentar o número de estudantes de graduação nas universidades

federais; aumentar o número de alunos por professor em cada sala de aula da graduação;

diversificar as modalidades dos cursos de graduação, por meio da flexibilização dos

currículos, estimular a criação dos cursos de curta duração e/ou educação a distância,

incentivar a criação de um novo sistema de títulos e desenvolver a mobilidade estudantil entre

as instituições (públicas e/ou privadas) de ensino. Além disso, as universidades federais ou

institutos federais que aderissem ao REUNI teriam um prazo de cinco anos para realizar todas

as ações previstas no programa. (LIMA, 2009)

Outro ponto interessante sobre o REUNI é a participação voluntária das universidades

e institutos federais, ou seja, a adesão ao programa é uma opção para as instituições federais

que desejam aprimorar a qualidade e a quantidade de sua oferta, contudo, lembramos que o

REUNI não preconiza a adoção de um modelo único para a graduação das universidades

federais, já que ele assume como pressuposto a necessidade de respeitar a autonomia

universitária e a diversidade das instituições. (LIMA, 2009)

Diante disso, com base nesses critérios, a Universidade Federal de São Paulo aderiu ao

REUNI e, consequentemente, novos campus e cursos de graduação foram criados e a

UNIFESP se fez, principalmente, via a criação de cinco novos campi, a partir de 2004, sendo

três deles instalados na região metropolitana de São Paulo. Dois destes campi foram

instalados em áreas vulneráveis da região metropolitana de São Paulo (Guarulhos e Diadema),

um deles em um subúrbio gentrificado (Osasco) e dois foram estabelecidos a menos de 100

km de São Paulo (Campus Baixada Santista e Campus São José dos Campos). A chegada de

uma universidade pública a estas regiões representa uma conquista para a população local, se

considerarmos que o mercado educacional nestas regiões se caracterizou historicamente pela

predominância de cursos de formação técnica e pela presença de faculdades privadas.

(PEDROSA e COSTA, 2015)

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Quadro 1

Cursos de graduação de graduação da UNIFESP

Campus Área

Predominante

Ano de

Fundação

Cursos de Graduação

São Paulo Medicina e

Saúde

1933 Medicina, Enfermagem, Ciências Biomédicas,

Fonoaudiologia, Tecnologia Oftálmica.

Baixada

Santista

Trabalho Social 2004 Educação Física, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, Serviço

Social, Terapia Ocupacional e Ciências do Mar.

Diadema Ciências 2007 Ciências Ambientais, Ciências Biológicas, Engenharia

Química, Farmácia, e Bioquímica, Licenciatura em

Ciências, Química Industrial e Química.

Guarulhos Cultura, artes e

humanidades

2007 Ciências Sociais, Filosofia, História, História da Arte, Letras

e Pedagogia.

São José dos

Campos

Engenharias 2007 Engenharia da Computação, Engenharia de Materiais,

Engenharia Biomédica, Biotecnologia, Ciência da

Computação, Matemática Computacional.

Osasco Economia e

comércio

2011 Administração de Empresas, Ciências Atuariais, Ciências

Contábeis, Ciências Econômicas, Relações Internacionais.

Fonte: Pedrosa e Costa (2015)

1.3. Características do campus Baixada Santista

De acordo com a Universidade Federal de São Paulo, o processo de expansão da

UNIFESP iniciou-se com a adesão ao REUNI e por meio da fundação do Campus Baixada

Santista em setembro de 2004. Ainda de acordo com a instituição, a implementação do

campus Baixada Santista, local desta pesquisa, foi negociado com o Poder Executivo

municipal da cidade de Santos e dos demais municípios da Baixada Santista, por meio da

iniciativa da classe política local.

Em setembro de 2004 foi oficializada a criação do campus Baixada Santista e a

implantação de seus primeiros cursos. Os primeiros cursos foram desenvolvidos como

modalidade sequencial de formação específica, com fornecimento de diploma de nível

superior em áreas das ciências humanas com saúde, por meio dos cursos de Educação e

Comunicação em Saúde e de Gestão em Saúde. Estes cursos, com duração de dois anos

diplomaram suas turmas em outubro de 2006.

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Em outubro de 2005 foi assinada a criação definitiva do campus pelo Ministério da

Educação com o objetivo de suprir a demanda pela instalação de cursos que atendessem aos

interesses da região, aliando a formação de recursos humanos à pesquisa, inovação e

extensão. O campus possui nove cursos de graduação: Fisioterapia, Psicologia, Educação

Física (Bacharelado – modalidade: saúde), Nutrição, Terapia Ocupacional, Serviço Social e

Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia do Mar (BICT-Mar), Engenharia

Ambiental, Engenharia de Petróleo e Recursos Renováveis.

Além disso, em nível de pós-graduação são desenvolvidos no campus Baixada Santista

programas de mestrado e doutorado nas áreas de Interdisciplinar em Ciências da Saúde,

mestrado profissional de Ensino em Ciências da Saúde, mestrado em Alimentos, Nutrição e

Saúde e mestrado em Análise Ambiental Integrada.

Outra informação importante sobre o campus Baixada Santista é o desenvolvimento de

inúmeros projetos de extensão e de pesquisa que fazem do campus um dos mais produtivos da

Universidade Federal de São Paulo e um dos mais ativos na captação de recursos das agências

financiadoras oficiais (Finep, Fapesp, CNPq e Capes) e de instituições privadas. Em 2014, o

campus – que é constituído por quatro unidades (Vila Mathias, Ponta da Praia, Vila Belmiro e

Edifício Central) – completou 10 anos de atividade acadêmica com significativas conquistas

em sua trajetória, consolidando a educação superior pública nessa importante região do

Estado de São Paulo.

1.4. Características do curso de educação física da Universidade Federal de São Paulo

De acordo com a instituição, o contexto regional do ensino superior na Baixada

Santista caracteriza-se pelo ensino privado em cinco universidades, sendo quatro

universidades privadas: Universidade Santa Cecília (Unisanta), Universidade Metropolitana

de Santos (Unimes), Universidade Paulista (Unip), Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp);

e uma comunitária, Universidade Católica de Santos (UniSantos). No ensino superior público

são cinco Universidades, com cursos voltados a Tecnologia, Logística, Saúde e Biologia

Marinha. Três são estaduais: Faculdade de Tecnologia (FATEC), em Santos e Praia Grande;

campus santista de Petróleo e Gás da Universidade de São Paulo (USP); e Universidade

Estadual Paulista (UNESP), em São Vicente. Duas são federais: campus cubatense do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFSP) e Universidade Federal de São

Paulo (UNIFESP).

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Sobre o curso de educação física, é importante pontuar que as únicas instituições de

ensino superior que oferecem o curso de educação física na Baixada Santista são: a Unimes,

Unip e Unaerp com duas formações distintas, licenciatura ou bacharelado, e a Unisanta com a

formação de bacharelado, ou seja, o curso de educação física da Universidade Federal de São

Paulo é o único em Universidades públicas na Baixada Santista.

A Universidade Federal de São Paulo oferece o curso de bacharelado em educação

física na modalidade saúde com o intuito de construir um grande diferencial qualitativo na

educação regional. O curso possui duração de quatro anos e tem como foco a formação

profissional para atuação na saúde, por meio do ensino, extensão e pesquisa. O objetivo do

curso é desenvolver conteúdos e atividades sistematizadas para intervir em serviços de saúde,

possibilitando aos futuros profissionais compor equipes multidisciplinares de diferentes locais

de trabalho voltados à qualidade de vida, prevenção e controle de doenças.

Desse modo, o futuro profissional poderá utilizará o exercício físico como "estratégia

terapêutica não medicamentosa", baseado em prescrição adequada a cada necessidade

especial do indivíduo. O curso enfatiza a interação entre fenômenos biológicos, humanos e

sociais, objetivando uma visão integral da saúde. Para isso, sugere-se um elenco de conteúdos

voltados à formação inter-profissional, porém, resguardando-se as recomendações gerais das

diretrizes curriculares sugeridas pelo CNE/CES 58/2004.

O curso de bacharelado em educação física da Universidade Federal de São Paulo

desenvolve conteúdos que visam sustentar os pressupostos de uma formação acadêmica

voltada predominantemente à atuação em diferentes fases do crescimento e desenvolvimento

normais e também com pessoas portadoras de necessidades especiais (artigo 6º, parágrafo 1º,

CNE/CES 2004).

Desse modo, o futuro bacharel em educação física na modalidade saúde da UNIFESP

estará apto a diagnosticar, planejar, prescrever, orientar, assessorar, supervisionar, controlar e

avaliar projetos e programas de atividades físicas, recreativas e esportivas nas perspectivas da

prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, (artigo 6º, parágrafo 1º, CNE/CES

2004), garantindo uma formação específica conforme artigo 7º (parágrafos 2º, 3º e 4º), e

resguardando-se os princípios norteadores (artigo 5º) a partir da sua interação com os demais

eixos do curso.

Portanto, a ênfase do curso de educação física na modalidade da saúde da

Universidade Federal de São Paulo inclui áreas de concentração nas quais historicamente a

instituição se inscreve. Desse modo, o curso de educação física formará profissionais com

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base em dois núcleos temáticos: a) saúde (prevenção, promoção, proteção e reabilitação da

saúde), articulando as unidades de conhecimentos e de experiências que o caracterizarão com

interfaces aos demais núcleos e; b) pesquisa e produção de conhecimento, prevalecendo então

a vocação e as condições da instituição.

1.4.1. Conteúdos curriculares e organização do curso

Para a formação especifica em bacharel de educação física – modalidade saúde é

necessário a aquisição de conhecimentos integrados e contínuos, evitando-se então a

fragmentação do conhecimento. Para tanto, desenvolveu-se um eixo especifico em módulos

que são desenvolvidos no decorrer dos quatro anos do curso.

Segue abaixo a lista de módulos para o eixo especifico, desenvolvidos durante o curso:

I - Introdução (1º semestre)

II - Estágio Supervisionado Básico (5º e 6º semestres)

III - Estágio Profissionalizante (7º e 8º semestres)

- Ciências do Exercício Físico

I - Crescimento e Desenvolvimento (2º semestre)

II - Bases Fisiológicas e Bioquímicas do Exercício Físico (3º e 4º semestres)

III - Nutrição aplicada (5º semestre)

IV - Psicologia aplicada (5º semestre)

V - Psicobiologia aplicada (6º semestre)

VI - Tópicos em Educação Física e Saúde (7º e 8º semestres)

- Medidas e Avaliações em Educação Física e Saúde

I - Fundamentos (2º semestre)

II - Estudo do Movimento Humano

- EMH I: Cinesiologia (3º semestre)

- EMH II: Biomecânica (4º semestre)

- EMH III: Aprendizagem e controle motor (5º semestre)

III - Princípios do treinamento físico (3º semestre)

IV - Periodização do treinamento físico (4º semestre)

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- Fundamentos das atividades físicas e desportivas

I - Atividades aquáticas (3º e 4º semestres)

II - Atividades coletivas (3º e 4º semestres)

III - Atividades individuais (5º e 6º semestres)

IV - Atividades alternativas (6º semestre)

- Exercício Físico e Saúde

I - Disfunções orgânicas, metabólicas e funcionais (5º e 6º semestres)

II - Prescrição de exercício para populações com necessidades especiais (6º semestre)

- Produção de conhecimento em Educação Física e Saúde

I - Metodologia do trabalho cientifico aplicada (7º semestre)

II - Trabalho de Conclusão de Curso (8º semestre)

CAPÍTULO II – SOBRE A LEI DE COTAS

Neste capítulo busca-se conhecer o surgimento da lei de cotas e o seu

desenvolvimento na Universidade Federal de São Paulo.

2.1. A criação da lei de cotas

A Constituição Federal Brasileira de 1988 (BRASIL, 1988) em seu artigo 206, inciso I

e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira Nacional (LDBEN) de 1996 (BRASIL,

1996), em seu artigo 3°, inciso I estabelecem que o ensino seja ministrado respeitando-se o

princípio da igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Em consonância

com esse preceito constitucional, políticas de inclusão social passaram a ser formuladas e

implementadas com o propósito de reduzir as desigualdades sociais que, ao longo dos séculos,

têm predominado em nossa história, discriminando vários segmentos da sociedade. Neste

contexto, inserem-se as ações afirmativas, entendidas como iniciativas para promover a

igualdade, reduzindo as injustiças sociais. Com base em tal entendimento, alguns Estados

aprovaram leis com o objetivo de garantir a reserva de percentual de vagas nas universidades

públicas aos estudantes com base em critérios socioeconômicos, raça e cor. (BAYMA, 2012)

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Nesse sentido, torna-se importante contextualizar o surgimento do sistema de reserva

de vagas para compreender a sua criação na Universidade Federal de São Paulo. De acordo

com Barbosa e Lima (2013), a efetivação de cotas étnico-raciais nas universidades públicas

brasileiras e a consequente democratização do acesso à educação superior, teve sua

efervescência com as políticas de cotas que foram implementadas nas universidades públicas

do Rio de Janeiro.

Ainda de acordo com as autoras, a adoção de cotas étnico-raciais nas universidades foi

materializada em 2001 por força da lei Estadual nº 3.708, a qual instituiu o sistema de cotas

na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e na Universidade Estadual do Norte

Fluminense (UENF), com reserva de 40% das vagas para estudantes denominados negros ou

pardos. Posteriormente, outras universidades, dentres estas, a Universidade de Brasília (UnB)

e a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), criaram seus próprios sistemas de cotas e

indicadores de seleção. E finalmente, a partir de 2013, com a aprovação do sistema especial

de reserva de vagas ou lei nº 12.711/2012, tornou-se obrigatório a reserva de vagas em todas

as universidades federais e institutos federais de educação, ciência e tecnologia. (BARBOSA

e LIMA, 2013)

Corroborando com Barbosa e Lima, Silva (2007) também pontua o ano de 2001 como

os primeiros passos para a implementação da reserva de vagas em instituições públicas de

ensino superior nas universidades estaduais da Bahia, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul,

sendo a Universidade de Brasília (UnB), em 2004, a primeira universidade federal a adotar

cotas para negros e índios. (SILVA, 2007)

Sobre o sistema especial de reserva de vagas, lembramos que a lei nº 12.711/2012 ou

lei de cotas, regulamentada pelo decreto nº 7.824/2012, é uma modalidade de seleção que

obriga a reserva de 50% das matrículas por curso e turno nas universidades federais e nos

institutos federais de educação, ciência e tecnologia aos estudantes oriundos integralmente do

ensino médio público ou da educação de jovens e adultos, com reserva específica para pretos,

pardos e indígenas. Ainda de acordo com a lei de cotas, a metade desses 50% deverá ser

reservada aos estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salários-

mínimos per capita. (FERES Jr., DAFTON e CAMPOS, 2012)

Outra informação importante sobre a lei nº 12.711/2012 é a implementação

progressiva da reserva de vagas nas instituições federais de educação superior de, no mínimo,

12,5% a cada ano, além disso, cada instituição tem o prazo máximo de quatro anos, a partir da

publicação da lei, para o cumprimento integral do nela disposto, ou seja, até o ano de 2016

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todas as instituições federais de educação superior deverão garantir o percentual mínimo de

50% para a reserva de vagas, conforme previsto em lei. E também, a lei de cotas torna o Poder

Executivo responsável no prazo de 10 (dez) anos, por meio do Ministério da Educação e da

Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da

República, ouvida a Fundação Nacional do Índio (Funai), pela revisão do programa especial

para o acesso de estudantes pretos, pardos e indígenas, bem como daqueles que tenham

cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.

Em relação ao vestibular utilizado para ingressar nas instituições federais, lembramos

que até 2012 as universidades federais, no exercício de sua autonomia, podiam delinear as

políticas afirmativas mais adequadas ao contexto social em que estavam inseridas. Todavia, a

chamada lei de cotas uniformizou o vestibular nas instituições federais, estabelecendo uma

política afirmativa aplicável a todas as universidades e institutos federais, resguardando,

porém, a possibilidade de manutenção ou criação de programas adicionais.

Desse modo, tornou-se obrigatório a utilização do Exame Nacional do Ensino Médio

(ENEM) como parte do processo seletivo, contudo, cada universidade ou instituto federal

possui autonomia para escolher como aproveitar as notas obtidas no exame. Assim, o Exame

Nacional do Ensino Médio pode ser utilizado como primeira fase, para composição da nota

final ou como único critério, o chamado vestibular unificado.

Outro ponto relevante sobre o vestibular federal é a utilização do resultado do Exame

Nacional do Ensino Médio como critério para inscrição no Sistema de Seleção Unificada

(SISU). O SISU é um sistema de seleção que possibilita ao candidato, por meio da sua nota

no ENEM, concorrer em nível nacional às vagas ofertadas em todas as Universidades

Federais e nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

2.2. O sistema de reserva de vagas na Universidade Federal de São Paulo

Segundo Ferraz (2012), no início do ano de 2003, o reitor Ulysses Fagundes Neto e a

pró-reitora de Graduação (PROGRAD) com o pró-reitor professor Edmund Baracat e a

professora Helena Nader e outros professores iniciaram as discussões a respeito de um projeto

de cotas para a UNIFESP. Posteriormente, em 2004, o Conselho Universitário da UNIFESP

(CONSU) apresentou, em conjunto a PROGRAD, uma proposta de cotas para aumentar em

10% o número de vagas para todos os cursos da instituição, sendo essas vagas reservadas para

estudantes negros, pardos e índios provenientes de escolas públicas.

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Posteriormente, o CONSU deliberou pela aprovação da resolução nº 23/2004 e

estabeleceu o aumento de vagas dos cursos de graduação e implantou o sistema de cotas para

população afrodescendente e indígena, oriunda de escolas públicas, no preenchimento de

vagas relativas aos cursos de graduação.

A resolução nº 23/2004, resolve:

Artigo 1º - Aumentar em 10% o número de vagas dos diversos cursos de graduação,

com a finalidade de destiná-las a candidatos afrodescendentes e indígenas, que

cursaram o ensino médio exclusivamente em escolas públicas (municipais, estaduais e

federais):

Parágrafo Primeiro - O preenchimento das vagas relativas aos cursos de graduação

oferecidos pela Universidade Federal de São Paulo, se dará por concurso, na forma de

vestibular.

Parágrafo Segundo – O enquadramento se dará mediante a autodeclaração do

interessado, conforme classificação adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE.

Artigo 2º - Todos os candidatos inscritos serão classificados pela ordem de pontuação

obtida nas provas do processo seletivo.

Artigo 3º - O sistema de cotas deverá ser avaliado anualmente pela Comissão

Permanente de Vestibular e submetido ao Conselho Universitário para a sua

prorrogação. (FERRAZ, 2012)

É preciso também explicar que o processo de cotas na UNIFESP foi estendido para

todos os campi da instituição, por meio da Resolução do CONSU nº. 36 de 22 de junho de

2006. (FERRAZ, 2012)

Sobre o vestibular da Universidade Federal de São Paulo é importante esclarecer que a

instituição realizava seu próprio processo de seleção até 2009, contudo, com a adesão ao novo

sistema de ingresso proposto pelo Ministério da Educação (MEC), a Universidade Federal de

São Paulo começou a utilizar, a partir do vestibular de 2010, as notas do Exame Nacional do

Ensino Médio como parte do processo de seleção. Entretanto, apesar da Universidade aderir

ao Exame Nacional do Ensino Médio, o Conselho Universitário (CONSU) e o Conselho de

Graduação da UNIFESP autorizaram cada comissão de curso escolher entre duas formas de

ingresso, sistema de seleção unificado (vestibular unificado) e sistema misto (primeira fase).

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Nesse sentido, torna-se importante apresentar as principais características dos dois

sistemas para entender o processo seletivo utilizado pela Universidade Federal de São Paulo.

O sistema misto realiza provas especificas para o ingresso nos cursos de Ciências Biológicas

(Bacharelado), Engenharia Química (Bacharelado), Fonoaudiologia (Bacharelado) e Medicina

(Bacharelado), entretanto, a participação no sistema misto é condicionada ao resultado obtido

pelo candidato no Exame Nacional do Ensino Médio. Em relação aos outros cursos de

graduação da Universidade Federal de São Paulo, inclusive educação física, o resultado do

Exame Nacional do Ensino Médio é utilizado como único critério para ingresso, por meio da

inscrição no Sistema de Seleção Unificada.

Em relação ao número de vagas do curso de educação física da Universidade Federal

de São Paulo, lembramos que a lei de cotas, conforme mencionado anteriormente, tem

aumentado progressivamente a reserva de vagas no curso, ou seja, em 2012 foram reservadas

5 vagas, no ano de 2013 destinou-se 8 vagas e no vestibular de 2014 a instituição reservou 13

vagas para a lei de cotas. No vestibular de 2015, a Universidade Federal de São Paulo

ofereceu 50 vagas para o ingresso no curso de educação física, sendo 37 vagas para os alunos

que optaram pelo sistema de ampla concorrência ou universal e 13 vagas para o sistema de

reserva de vagas ou cotas.

Vale acrescentar que a distribuição dessas 13 vagas para os cotistas no vestibular de

2015 para o curso de educação física foi dividida em 4 grupos:

O grupo L1 é constituído por candidatos com renda familiar bruta per capita igual ou

inferior a 1,5 salário mínimo que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas

públicas. Para esse grupo foram oferecidas 4 vagas. (LEI nº 12.711/2012)

O grupo L2 é formado por candidatos auto-declarados pretos, pardos ou indígenas,

com renda familiar bruta per capita igual ou inferior a 1,5 salário mínimo e que tenham

cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. Para esse grupo foram destinadas

3 vagas. (LEI nº 12.711/2012)

O grupo L3 é composto por candidatos que, independentemente da renda (art. 14, II,

Portaria Normativa nº 18/2012), tenham cursado integralmente do ensino médio em escolas

públicas. Para esse grupo são 3 vagas. (LEI nº 12.711/2012)

E o grupo L4 é formado por candidatos auto-declarados pretos, pardos ou indígenas

que, independentemente da renda (art. 14, II, Portaria Normativa nº 18/2012), tenham cursado

integralmente o ensino médio em escolas públicas. Para esse grupo foram disponibilizadas 3

vagas. (LEI nº 12.711/2012)

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Diante deste quadro de vagas ofertadas para cotistas e levando-se em conta as

transformações ocorridas na educação física, perguntamos: as razões para esses sujeitos

escolherem o curso de educação física difere dos demais que adentram pelo vestibular

universal?

CAPÍTULO III – REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo serão apresentados os referenciais teóricos utilizados como norteadores

para análise dos instrumentos, sujeitos e campo de pesquisa.

3.1. A influência do neoliberalismo no campo da educação física.

Primeiramente, é importante conceituar o neoliberalismo para entendermos como o

desenvolvimento econômico brasileiro influenciou e modificou o campo da educação física.

Segundo Harvey (2008):

O neoliberalismo é, em primeira instância, uma teoria sobre práticas de política

econômica que afirma que o bem-estar humano pode ser mais bem promovido

por meio da maximização das liberdades empresariais dentro de um quadro

institucional caracterizado por direitos de propriedade privada, liberdade

individual, mercados livres e livre comércio, tendo o Estado o papel de criar e

preservar um quadro institucional apropriado para tais práticas. (p.12)

No entanto, o neoliberalismo não pode ser compreendido como uma teoria ou doutrina

em razão do seu conjunto de idéias, ou seja, o neoliberalismo é uma ideologia que se

generalizou como “única opção” para uma sociedade, que sem conhecer as suas

consequências foi submetida a uma solução falsa, enganadora, excludente e perversa.

(SOUZA, 1995)

Corroborando com Souza, Boito Jr. (1999) apresenta o neoliberalismo como uma

ideologia pautada no incentivo do livre mercado e na livre iniciativa, tendo como base a

descentralização da administração pública, através da constituição de um Estado Mínimo.

Em relação ao Estado mínimo, Harvey (2008) ressalta:

[...] As intervenções do Estado nos mercados (uma vez criados) devem ser

mantidas num nível mínimo, porque, de acordo com o neoliberalismo, o Estado

não possui informações suficientes para entender devidamente os sinais do

mercado (preços) e porque poderosos grupos de interesse vão inevitavelmente

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distorcer e viciar as intervenções do Estado (particularmente nas democracias)

em seu próprio benefício. (p.12)

Apesar disso, é importante lembrar que na verdade o Estado sempre possui condições

de atender as demandas do bem-estar humano, no entanto, o Estado utiliza a ideologia da

politica neoliberal como justificativa para direcionar as suas ações em setores pontuais da

sociedade como, por exemplo, bancos ou empresas privadas em crises financeiras.

Para explicar essa ação do Estado no sistema financeiro, lembramos o trabalho de

Boito Jr., (2012). No estudo, o autor destaca a forte elevação orçamentária promovida pelo

Estado ao Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) para financiar e apoiar as grandes

empresas nacionais ou multinacionais instaladas no Brasil na exportação de mercadorias ou

capitais, sempre com uma taxa de juros favorável, principalmente nos momentos de crise

econômica.

Em suma, o crescimento da politica neoliberal influenciou no reordenamento do

mercado de trabalho e na abertura de novos espaços, tendo como base a criação de novas

formas de obter lucro e na imposição de uma politica econômica de que nada pode existir fora

da esfera do mercado, incluindo a educação. (ROBERTSON, 2007)

Na educação, principalmente no ensino superior, o neoliberalismo transformou a

educação em mercadoria de transmissão dos ideais do livre mercado e da livre iniciativa e a

Universidade em uma empresa capitalista com objetivo de preparar o individuo para as

demandas do mercado de trabalho, ou seja, no neoliberalismo é necessário fazer com que as

escolas preparem os seus alunos para a competitividade do mercado nacional e internacional.

(LIMA, 2007)

Na educação física, foco deste trabalho, também é possível observar o crescimento das

politicas neoliberais no reordenamento da profissão em bacharelado e licenciatura. Essa nova

configuração do campo da educação física surgiu devido ao aumento de um novo mercado de

trabalho, pautado na expansão de práticas corporais realizadas fora do meio escolar.

(NOZAKI, 2004)

Segundo Bracht (1999), esse crescimento das práticas corporais fora do ambiente

escolar aconteceu devido à revitalização do discurso de promoção da saúde, incentivado pelo

contexto neoliberal, por meio da privatização e individualização da saúde. Logo, esse cenário

colaborou para o crescimento da oferta de serviços ligados às práticas corporais fora do

âmbito escolar como, por exemplo, escolas de natação, academias, escolinhas de futebol,

judô, voleibol, entre outras modalidades.

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32

Essa ampliação nas áreas de atuação do profissional de educação física também pode

ser observada no estudo de Antunes (2007). No estudo em questão, o autor ressalta o aumento

do mercado de trabalho na área escolar da educação infantil, ensino fundamental, médio e

superior. Na área da saúde também surgiram novas oportunidades de mercado em hospitais,

clínicas e centros de tratamento. No lazer é possível observar o desenvolvimento de um novo

campo profissional em parques privados e públicos, clubes, hotéis, empresas, academias e

escolas de iniciação esportiva. (ANTUNES, 2007)

Desse modo, compreender as mudanças e transformações que ocorreram na educação

física após a sua regulamentação em 1998 intriga o nosso trabalho a identificar as razões que

levam o sujeito a escolher o curso de educação física em uma Universidade Federal. Para isso,

optamos pelo conceito de capital cultural na tentativa de explicar como origem familiar,

trajetória social, educacional e bens culturais interferem nessa escolha.

3.2. A importância do capital cultural na escolha pelo ensino superior

Segundo Bourdieu (1998):

O capital cultural é um ter que se tornou ser, uma propriedade que se fez corpo e

tornou-se parte integrante da “pessoa”, um habitus. Aquele que o possui “pagou

com sua própria pessoa” e com aquilo que tem de mais pessoal, seu tempo. Esse

capital não pode ser transmitido instantaneamente (diferentemente do dinheiro,

do título de propriedade ou mesmo do título de nobreza) por doação ou

transmissão hereditária, por compra ou troca. Pode ser adquirido, no essencial de

maneira totalmente dissimulada e inconsciente, e permanece marcado por suas

condições primitivas de aquisição. Não pode ser acumulado para além das

capacidades de apropriação de um agente singular; depaupera e morre com seu

portador (com suas capacidades biológicas, sua memoria, etc). (pp.74-75)

De maneira geral, para Bourdieu (1998):

[...] a noção de capital cultural impôs-se, primeiramente, como uma hipótese

indispensável para dar conta das desigualdades de desempenho escolar de

crianças provenientes das diferentes classes sociais, relacionando o “sucesso

escolar”, ou seja, os benefícios específicos que as crianças das diferentes classes

e frações de classe podem obter no mercado escolar dependem da distribuição do

capital cultural entre as classes e frações de classe. (p.73)

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33

Pode-se dizer, portanto, que o domínio desses saberes assegura ao seu portador a

possibilidade de transformar esse volume cultural em uma moeda de troca no campo

educacional, econômico, simbólico e social, por meio da reconversão social desses capitais.

(BOURDIEU, 1998)

Ainda de acordo com Bourdieu (1998):

O capital cultural pode existir sob três formas: no estado incorporado, ou seja,

sob a forma de disposições duráveis do organismo; no estado objetivado, sob a

forma de bens culturais - quadros, livros, dicionários, instrumentos, máquinas,

que constituem indícios ou a realização de teorias ou de críticas dessas teorias,

de problemáticas, etc.; e, enfim, no estado institucionalizado, forma de

objetivação que é preciso colocar à parte porque, como se observa em relação ao

certificado escolar, ela confere ao capital cultural - de que é, supostamente, a

garantia - propriedades inteiramente originais. (p.74)

Ainda nesse contexto, é importante destacar a influência do capital cultural na escolha

pelo ensino superior. Nesse sentido, para Bourdieu, é legítimo aprender o efeito desses

mecanismos nos graus mais elevados da carreira escolar, pois é nas oportunidades de acesso

ao ensino superior que é possível observar o peso desigual do capital cultural sobre os sujeitos

das diferentes classes e de como o resultado de uma seleção direta ou indireta influência ao

longo da escolaridade. (BOURDIEU, 1998)

Portanto, apoiado nos conceitos de Bourdieu, torna-se evidente como cada indivíduo, a

cada momento, contaria com um volume e uma variedade específica de recursos, trazidos do

“berço” ou acumulados ao longo de sua trajetória social, assegurando determinada posição no

espaço social. (NOGUEIRA e NOGUEIRA, 2004)

3.3. As concepções de classificação, reclassificação e desclassificação na escolha pela

Universidade Federal de São Paulo

Outro referencial utilizado nesta pesquisa são as concepções de classificação,

reclassificação e desclassificação. Segundo Bourdieu, as concepções de classificação,

reclassificação e desclassificação têm como norteador as relações entre as classes ou frações

de classes e os investimentos realizados no sistema de ensino com o intuito de obter o

máximo de rendimento do capital escolar, por meio da obtenção de diplomas ou certificados

escolares. (BOURDIEU, 1998)

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34

Ainda de acordo com Bourdieu, o capital escolar tornou-se uma das principais

ferramentas para certas classes ou frações de classe evitarem uma possível regressão social e,

ao mesmo tempo, melhorar sua posição no espaço social, ou seja, o investimento no capital

escolar tornou-se uma estratégia de reprodução e, em particular, uma estratégia de

reconversão pelas quais os indivíduos ou as famílias visam manter ou melhorar sua posição

no espaço social, por meio da reconversão do seu capital em uma espécie de capital mais

rentável e/ou mais legitima (por exemplo, do capital econômico em capital cultural).

(BOURDIEU, 1998)

Assim, o investimento no sistema de ensino pelas diferentes classes sociais para

modificar a sua posição no espaço social contribuiu para uma “inflação” de diplomas e,

consequentemente, torna o espaço social um campo de luta pela classificação ou

reclassificação dos diplomas e contra a desclassificação social do capital conquistado.

(BOURDIEU, 1998)

Desse modo, as concepções de classificação, reclassificação e desclassificação,

propostas por Bourdieu (1998), permitem ao nosso trabalho identificar os investimentos

educacionais e as estratégias de reconversão adotadas pelos agentes durante a sua trajetória

educacional e social, inclusive na escolha pela carreira universitária.

É importante ressaltar que a luta pela classificação ou reclassificação dos diplomas e

contra a desclassificação social também encontra sua justificativa nas relações por

deslocamentos verticais e deslocamentos transversais entre as classes sociais no espaço social.

Para entender essa luta por deslocamentos no espaço social, Bourdieu (2013a) explica:

[...] o espaço social permite duas formas de deslocamentos que, apesar de não

terem qualquer equivalência e cuja probabilidade de ocorrência é bastante

desigual, são confundidas pelos estudos tradicionais de mobilidade: em primeiro

lugar, os deslocamentos verticais, ascendentes ou descendentes, no mesmo setor

vertical do espaço, ou seja, no mesmo campo [...] em seguida, os deslocamentos

transversais, implicando a passagem de um para outro campo, que podem

operar-se no plano horizontal [...]. Os deslocamentos mais frequentes são as

verticais: pressupõem somente uma modificação do volume da espécie de capital

já dominante na estrutura patrimonial [...], portanto, um deslocamento na

estrutura da distribuição do volume global de capital que assume a forma de um

deslocamento nos limites de um campo especifico [...]. Ao contrário, os

deslocamentos transversais pressupõem a passagem para um outro campo,

portanto, a reconversão de uma espécie de capital para uma outra ou de uma

subespécie de capital econômico ou de capital cultural para uma outra [...]. (pp.

122-123)

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CAPÍTULO IV – PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Neste capítulo procurou-se destacar a definição do tema e problema, os objetivos do

estudo, as hipóteses do trabalho e os instrumentos de pesquisa necessários para explicar as

razões para escolha do curso de educação física da Universidade Federal de São Paulo.

4.1. Definição do tema e problema

Segundo Nogueira e Nogueira (2004), do ponto de vista de Bourdieu, capital cultural

constitui-se (sobretudo, na sua forma incorporada) como um elemento da herança familiar

com grande impacto na definição do destino escolar. Além disso, Bourdieu também pondera o

volume desse capital cultural como responsável por facilitar ou dificultar a aprendizagem dos

conteúdos e códigos (intelectuais, linguísticos, disciplinares) necessários para o sucesso

escolar.

Vale ainda destacar, o volume de capital cultural como fundamental para o indivíduo

formular suas estratégias e decisões ao longo da vida, sobretudo em momentos cruciais como,

por exemplo, a escolha pelo ensino superior. (BOURDIEU, 1998)

Com base em tais pressupostos, o tema central desta investigação é conhecer as razões

para a escolha pelo curso de educação física. Diante disso, formulou-se como problema de

pesquisa os seguintes termos: Qual é a influência da origem familiar, trajetória social,

educacional e bens culturais na escolha pelo curso de educação física? Com o aumento do

número de vagas, na rede pública e privada, no curso de educação física, perguntamos, qual é

o perfil dos ingressantes e concluintes do curso de educação física da Universidade Federal de

São Paulo? O crescimento do número de vagas no curso de educação física ampliou as

possibilidades das classes populares obterem uma nova classificação ou reclassificação

social?

Além disso, com o aumento do acesso das classes populares ao ensino superior pelo

sistema de cotas e com a possibilidade de ascender para carreiras socialmente mais

reconhecidas em sua classe social, é também interesse desta pesquisa identificar os motivos

pelos quais sujeitos que adentram ao ensino superior pelas cotas escolhem o curso de

educação física. Nesse sentido, com a reserva de vagas pela lei de cotas, perguntamos, qual é

o perfil dos sujeitos ingressantes do curso de educação física pelo sistema de cotas? Ainda

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36

nessa linha de raciocínio, questionamos, o sistema de reserva de vagas ou lei de cotas ampliou

o acesso ao ensino superior para alunos oriundos do ensino público?

Sendo assim, para compreendermos essas problemáticas, optamos pelo conceito de

capital cultural para identificar as razões desta escolha e pelas concepções de classificação,

reclassificação e desclassificação, propostos por Bourdieu (1998), para entender qual é a

estratégia adotada pelo discente nessa decisão.

4.2. Objetivo geral

O objetivo geral desta pesquisa é conhecer as razões para escolher o curso de educação

física na Universidade Federal de São Paulo. Queremos investigar os motivos dessa escolha

por estudantes ingressantes pelo sistema universal e pelo sistema de cotas (para negros,

pardos e índios) oriundos do vestibular de 2015. Estudaremos também as razões dessa decisão

por parte dos concluintes pelo sistema universal e sistema de cotas. Para isso, busca-se

identificar a origem familiar, características socioeconômicas, trajetória social, educacional e

bens culturais dos mesmos.

4.2.1. Objetivos específicos

1) Identificar junto aos ingressantes e concluintes do curso de educação física, com base no

sistema universal e de cotas, como as práticas familiares, sociais, escolares e bens

culturais podem reverter-se em razões para a escolha pelo curso de educação física da

Universidade Federal de São Paulo.

2) Conhecer as expectativas dos discentes em relação ao curso de educação física.

3) Descobrir as perspectivas profissionais de ingressantes e concluintes após o termino do

curso de educação física.

4.3. Hipóteses

Esta pesquisa centra-se na hipótese de que o contato com práticas culturais e corporais

relacionadas com o universo da educação física na origem familiar, trajetória social e

trajetória educacional propicia maior influência na escolha pelo curso de educação física.

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A outra hipótese estabelecida para orientar este estudo é a de que a escolha pelo curso

de educação física é uma estratégia das classes populares e das classes médias para obter uma

nova classificação ou reclassificação social e não de todas as classes sociais.

4.4. Instrumentos, sujeitos e campo de pesquisa

Em relação aos procedimentos metodológicos, optou-se pela utilização de um

questionário socioeconômico e uma entrevista semi-estruturada como instrumentos de coleta

de dados. Segundo Thiollent (1981), questionários e entrevistas são considerados técnicas

complementares para uma pesquisa.

Com base na análise do questionário socioeconômico e respostas obtidas nas

entrevistas procuramos apontar mais claramente os motivos da escolha do curso de educação

física e expectativas sobre ele. De acordo com Thiollent (1981), a entrevista semi-estruturada

é um procedimento de pesquisa que permite uma relativa profundidade nas respostas,

possibilitando ao pesquisador obter informações subjetivas dos entrevistados sobre os seus

valores e opiniões. (THIOLLENT, 1981)

O critério para selecionar os entrevistados foi aleatório e teve como justificativa o tipo

de ingresso, universal ou cotas. As respostas dos discentes ao questionário socioeconômico,

sobretudo as que tratam das práticas culturais dos sujeitos foram fundamentais para

aprofundar as razões da escolha pelo curso de educação física e suas expectativas sobre ele.

Alertamos novamente que os dados aqui analisados não podem ser generalizados, já que não

trabalhamos com amostra.

Ainda sobre as entrevistas, apresentamos dois quadros mais aprofundados sobre 10

sujeitos, 5 ingressantes e 5 concluintes, de modo a termos algumas razões e expectativas

apresentadas nos questionários esclarecidas a partir das entrevistas. Desse modo, teremos um

quadro com ingressantes pelo sistema universal e cotas, bem como outro quadro sobre os

egressos que adentraram ao ensino superior pelo sistema universal na Universidade Federal de

São Paulo.

Em relação ao local de pesquisa, optamos pela Universidade Federal de São Paulo no

campus da Baixada em Santos - São Paulo, pois o curso de educação física desta

Universidade tem as seguintes características: a Universidade Federal de São Paulo somente

oferece o curso de educação física no campus da Baixada Santista; o curso é realizado em

período integral; o curso é reconhecido academicamente como um curso de qualidade na área;

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utiliza como vestibular para ingresso o Exame Nacional do Ensino Médio; reserva um número

determinado de vagas para alunos cotistas (negros, pardos, índios e egressos da escola

pública), conforme lei nº 12.711/2012.

Sobre o número de sujeitos desta pesquisa, são 40 voluntários divididos em dois

grupos de sujeitos. O primeiro grupo é formado por 24 estudantes ingressantes no curso de

educação física pelo vestibular de 2015, sendo 16 estudantes do sistema universal e 8 alunos

do sistema de reserva de vagas. Para a entrevista foram escolhidos aleatoriamente 5 sujeitos,

sendo 3 deles do sistema universal e 2 do sistema de cotas. O segundo grupo de voluntários é

composto por 16 concluintes do curso de educação física, oriundos do sistema universal. Para

a entrevista dos concluintes foram selecionados 5 discentes do sistema universal. Sobre os

egressos pelo sistema de cotas, a análise do questionário socioeconômico revelou não haver

estudantes nessa condição no grupo pesquisado.

CAPÍTULO V – A INFLUÊNCIA DO CAPITAL CULTURAL NA ESCOLHA PELO

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Neste capítulo estão os dados obtidos no questionário socioeconômico e nas

entrevistas semi-estruturadas com ingressantes e concluintes do curso de educação física para

identificar o modo de transmissão do capital cultural e como este influenciou na escolha pelo

curso de educação física.

5.1. Caracterização dos ingressantes pelo sistema universal e sistema de cotas do

curso de educação física

Em relação ao objetivo desta pesquisa, é importante lembrar que buscamos identificar

as razões pela escolha do curso de educação física da Universidade Federal de São Paulo.

Para isso, trabalhamos com 40 estudantes do curso divididos em dois grupos: 24 ingressantes

e 16 concluintes.

Posto isso, iniciamos esta caracterização com 24 ingressantes do curso, oriundos do

vestibular de 2015. Nesse sentido, destacamos que o grupo de ingressantes também foi

dividido em 2 subgrupos, conforme critério de reserva de vagas do vestibular das

Universidades Federais (sistema universal e sistema de cotas). Desse modo, formou-se o

primeiro grupo com 16 ingressantes do sistema universal e o segundo grupo com 8

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ingressantes pelos sistema de cotas. Ainda sobre os ingressantes, também é parte desta fase a

análise de 5 entrevistas semi-estruturadas, com ingressantes pelo sistema universal e cotas, a

fim de descobrir a influência do contato com práticas culturais e corporais da educação física

na origem familiar, trajetória social e trajetória educacional com a escolha pelo curso de

educação física.

Em relação a seleção dos ingressantes entrevistados, lembramos que a escolha destes

estudantes teve como base critérios estipulados nos procedimentos de pesquisa, ou seja,

buscamos entrevistar sujeitos selecionados com base no tipo de ingresso, universal ou cotas, a

escolaridade dos pais, ocupação dos pais, renda familiar, cobrança dos pais sobre a escola,

cursos extracurriculares, informações e expectativas sobre o curso de educação física, formas

de lazer, práticas culturais e corporais relacionadas com a educação física, visita a museus e

viagens realizadas são aspectos importantes das características dos sujeitos que podem

interferir de diferentes formas na escolha pelo curso de educação física da Universidade

Federal de São Paulo.

Quadro 2 – Caracterização dos entrevistados (ingressantes pelo sistema universal e sistema de

cotas)

Nome

Situação

no curso

Idade/

Sexo

Renda

Familiar

Escolaridade

Pais

Profissão

do Pai

Profissão

da mãe

Trajetória

Educacional

Willian

Ingressante

universal

17/

Masculino

Acima

de R$

5.793

Ensino

superior

Engenheiro

mecânico

Bióloga

Ensino

privado

Edmar

Ingressante

universal

19/

Masculino

R$ 3.621

até

R$ 4.344

Ensino

superior e

ensino médio

Pastor

evangélico

Não exerce

atividade

remunerada

Ensino

público e

ensino

privado

Osvaldo

Ingressante

universal

25/

Masculino

R$ 1.449

até

R$ 2.172

Ensino

fundamental

Vigilante

Não exerce

atividade

remunerada

Ensino

público

Tábata

Ingressante

cotas

18/

Feminino

R$ 2.173

até

R$ 2.896

Ensino médio

e ensino

fundamental

Autônomo

Não exerce

atividade

remunerada

Ensino

público

Thais

Ingressante

cotas

18/

Feminino

R$ 725

até

R$ 1.448

Ensino

médio

Não

informou

Funcionária

pública

Ensino

público

Sobre a análise dos dados obtidos no questionário socioeconômico dos ingressantes

pelo sistema universal e sistema de cotas constatou-se, em ambos os grupos, a presença dos

pais (pai e mãe) como principais responsáveis pela renda familiar e a predominância de um

percurso escolar com 12 anos de escolarização até o ingresso universitário. Entretanto, as

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diferenças em relação a renda familiar média possibilitam considerar os ingressantes pelo

sistema universal como pertencentes a classe média e os ingressantes pelo sistema de cotas

como classe popular. Isso acontece, pois a maioria dos estudantes pertencentes ao grupo de

ingressantes pelo sistema universal possuem pais com ensino superior e renda média de 5-7

salários mínimos (R$ 3.940,00 a R$ 5.516,00) e o grupo de ingressantes pelo sistema de cotas

tem renda familiar média de 2-4 salários mínimos (R$ 1.576,00 a R$ 3.152,00) e pais com

ensino fundamental I, II ou médio incompleto ou completo.

Assim, os resultados do questionário socioeconômico parecem indicar a presença da

renda familiar e escolaridade dos pais como as principais diferenças entre ingressantes pelo

sistema universal e sistema de cotas. Ainda nesse contexto, um bom exemplo de estudo que

corrobora com as informações apresentadas é a pesquisa de Cruz e Cespedes, “O perfil

socioeconômico e cultural dos estudantes da UNIFESP, com base nos dados de ingressantes

2011”. O estudo em questão tem como objetivo conhecer o perfil de todos os ingressantes da

Universidade Federal de São Paulo no ano de 2011. Neste contexto, destacam-se sobre os

ingressantes do curso de educação física, em 2011, a presença de 54,05% dos estudantes com

trajetória escolar na iniciativa privada, dos quais 40,54% possuía renda superior a cinco

salários mínimos, além disso, a pesquisa também revelou que 56,76% dos ingressantes do

curso de educação física possuíam renda superior a 5 salários mínimos. Outro ponto

investigado foi a etnia dos estudantes. Nesse ponto, os resultados revelaram que 81,08%

apontaram ser brancos, 13,51% relataram ser pardos, 5,41% consideraram-se amarelos e

nenhum estudante denominou-se preto. (CRUZ e CESPEDES, 2013)

Com base nos resultados da pesquisa de Cruz e Cespedes (2013) e na comparação com

a caracterização aqui obtida junto ao questionário socioeconômico de ingressantes pelo

sistema universal e sistema de cotas é possível afirmar que os ingressantes pelo sistema

universal de 2015 e os ingressantes do curso de educação física de 2011 são semelhantes em

relação a renda familiar e a trajetória escolar. Entretanto, com a obrigatoriedade da reserva de

vagas em razão da lei de cotas em 2012, podemos dizer que houve, por meio da

caracterização dos ingressantes pelo sistema de cotas, uma mudança nas características dos

estudantes do curso de educação física da Universidade Federal de São Paulo.

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5.2. Análise dos ingressantes pelo sistema universal e sistema de cotas do curso de

educação física

Primeiramente, lembramos que o salário utilizado como renda nesta pesquisa é o

salário mínimo nacional de 2015 no valor de R$ 788,00, conforme publicação do decreto

presidencial nº 8.381, de 29 de Dezembro de 2014. Posto isso, com base nas respostas obtidas

no questionário socioeconômico, iniciamos esta análise buscando relacionar a renda familiar

dos ingressantes pelo sistema universal e cotas com a escolaridade dos pais, ver Tabelas 1 e 2.

Tabela 1

Escolaridade dos pais e renda familiar dos ingressantes pelo sistema universal.

n = 32 sujeitos

Fonte: questionário.

Tabela 2

Escolaridade dos pais e renda familiar dos ingressantes pelo sistema de cotas

n = 16 sujeitos

Fonte: questionário.

No grupo de ingressantes pelo sistema universal, verificou-se que 19/32 pais possuem

nível superior, entre eles 4 com pós-graduação. Ainda nesse grupo, encontramos 8/32 pais

com educação básica e renda familiar de até R$ 2.364,00. No grupo de ingressantes pelo

sistema de cotas, essa relação de escolaridade dos pais modifica-se, pois a maior parte dos

pais (12/16) possui ensino fundamental I, II ou médio incompleto ou completo, no entanto,

destaca-se nesse grupo a existência de 2/16 pais com nível superior e renda familiar superior a

R$ 7.092,00. Além disso, em ambos os grupos, foi possível constatar que somente os pais

Escolarização

Renda

Educação

Básica

Educação

Superior

Pós-

Graduação

Total

Até R$ 2.364 8 2 10

R$ 2.365 até R$4.728 2 4 6

R$ 4.729 até R$ 6.304 3 5 2 10

Acima de R$ 6.305 4 2 6

Total 13 15 4 32

Escolarização

Renda

Educação

Básica

Educação

Superior

Pós-

Graduação

Total

Até R$ 2.364 5 1 6

R$ 2.365 até R$4.728 7 1 8

R$ 4.729 até R$ 6.304

Acima de R$ 6.305 2 2

Total 12 4 16

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com nível superior conseguiram obter renda familiar superior a 9 salários mínimos, ver

Tabelas 1 e 2.

Desse modo, os resultados acima expostos indicam a existência de diferentes níveis de

escolaridade e renda familiar entre os pais de ingressantes pelo sistema universal e sistema de

cotas. Para entender este resultado, utilizamos a teoria de Bourdieu (1998) para explicar:

[...] o nível de instrução dos membros da família restrita ou extensa ou ainda a

residência são apenas indicadores que permitem situar o nível cultural de cada

família, sem nada informar sobre o conteúdo da herança que as famílias mais

cultas transmitem a seus filhos, nem sobre as vias de transmissão. As pesquisas

sobre os estudantes das faculdades de letras tendem a mostrar que a parte do

capital cultural que é a mais diretamente rentável na vida escolar é constituída

pelas informações sobre o mundo universitário e sobre o cursus, pela facilidade

verbal e pela cultura livre adquirida nas experiências extraescolares. (p.44)

Além do percurso escolar dos pais dos ingressantes pelo sistema universal e sistema de

cotas, também buscou-se relacionar a renda familiar dos ingressantes com as ocupações dos

pais, ver Tabelas 3 e 4.

Tabela 3

Renda familiar e ocupação dos pais de ingressantes pelo sistema universal.

n = 31 sujeitos.

*nota: 1 sujeito mencionou o pai como falecido

Fonte: questionário.

Renda

Ocupação

Até

R$ 2.364

R$ 2.365

até

R$4.728

R$ 4.729

até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

Total

Proprietário ou administrador de

grande ou média empresa.

Proprietário ou administrador de

pequeno negócio.

Profissional liberal, professor

universitário ou técnico de nível

superior.

2 3 5

Professor de educação básica. 1 1 1 3

Técnico de nível médio. 4 2 4 3 13

Operário com pouca qualificação. 2 1 2 5

Não exerce atividade

remunerada.

2 2 4

Aposentado (a) 1 1

Total 9 6 10 6 31

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Dos resultados, destaca-se da Tabela 3 a predominância de ocupações que exigem

alguma escolarização ou pouca qualificação, ou seja, apesar da maioria dos pais possuírem

ensino superior, conforme a Tabela 1, encontramos apenas 8/31 pais com ocupações que

podem ser relacionadas com nível superior: 1 dentista, 2 engenheiros civis, 1 médica e 1

advogada e 3 professores de educação básica.

Tabela 4

Renda familiar e ocupação dos pais de ingressantes pelo sistema de cotas.

n = 15 sujeitos.

*nota: 1 sujeito não mencionou a ocupação do pai.

Fonte: questionário.

No grupo de ingressantes pelo sistema de cotas observou-se a predominância de

ocupações que exigem pouca qualificação, contudo, comparado ao grupo do sistema

universal, encontramos 2/16 pais professores de educação básica. Percebe-se então que neste

grupo existe uma relação entre escolaridade dos pais, renda familiar e ocupação profissional,

pois o fato dos pais deste grupo possuírem, na sua maioria, ensino fundamental I, II ou médio

incompleto ou completo e renda familiar média entre R$ 1.578,00 e R$ 3.152,00 parece

explicar a presença de um número maior de ocupações com pouca qualificação entre os pais

dos ingressantes pelo sistema de cotas, ver Tabelas 2 e 4.

Renda

Ocupação

Até

R$ 2.364

R$ 2.365

até

R$4.728

R$ 4.729

até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

Total

Proprietário ou administrador de

grande ou média empresa.

Proprietário ou administrador de

pequeno negócio.

Profissional liberal, professor

universitário ou técnico de nível

superior.

Professor de educação básica. 1 1 2

Técnico de nível médio. 2 1 2 5

Operário com pouca qualificação. 2 5 7

Não exerce atividade

remunerada. 1 1

Aposentado (a)

Total 5 8 2 15

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44

Outro ponto investigado foi a trajetória educacional de ambos os grupos, conforme

Tabelas 5 e 6, para identificar a relação entre renda familiar e trajetória educacional.

Tabela 5

Renda familiar dos ingressantes pelo sistema universal e trajetória escolar.

Trajetória escolar

Renda

Ensino Fundamental I

Público Privado

Ensino Fundamental II

Público Privado

Ensino Médio

Público Privado

Até R$ 2.364 3 2 4 1 3 2

R$ 2.365 até R$4.728. 3 1 2 1 2

R$ 4.729 até R$ 6.304 5 5 5

Acima de R$ 6.305 3 3 3

Total 3 13 5 11 4 12

n= 16 sujeitos.

Fonte: questionário.

Tabela 6

Renda familiar dos ingressantes pelo sistema de cotas e trajetória escolar.

Trajetória escolar

Renda

Ensino Fundamental I

Público Privado

Ensino Fundamental II

Público Privado

Ensino Médio

Público Privado

Até R$ 2.364 2 1 2 1 3

R$ 2.365 até R$4.728. 4 4 4

R$ 4.729 até R$ 6.304

Acima de R$ 6.305 1 1 1

Total 7 1 7 1 8

n= 8 sujeitos.

Fonte: questionário.

Sobre a trajetória escolar dos ingressantes pelo sistema universal, conforme Tabela 5,

verificou-se que a maioria dos sujeitos deste grupo estudou o ensino fundamental I (13/16),

ensino fundamental II (11/16) e o ensino médio (12/16) em escolas particulares. Além disso,

também constatou-se entre os estudantes com renda familiar superior a R$ 4.788,00 a

predominância da trajetória escolar na iniciativa privada.

No grupo de cotistas observou-se uma trajetória escolar diferente, pois o ensino

fundamental I (7/8), ensino fundamental II (7/8) e o ensino médio (8/8) desse grupo foram

realizados, como esperado, em escolas públicas, ou seja, podemos pontuar que no caso dos

ingressantes pelo sistema de cotas a renda familiar limitou o acesso deste grupo para o ensino

público, ver Tabela 6.

Entretanto, apesar de ingressantes pelo sistema universal e sistema de cotas possuírem,

na sua maioria, trajetória no ensino privado e público, respectivamente, chama atenção nas

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45

entrevistas a cobrança dos pais ou responsáveis em relação as notas escolares, ou seja,

percebe-se nas falas dos ingressantes de ambos os grupos a importância do sistema escolar,

ver Quadro 3.

Quadro 3 - Como era a cobrança dos seus pais ou responsáveis em relação as suas notas?

“Sempre foram muito exigentes e rigorosos ao que cobravam (rs).” (Willian – ingressante pelo sistema

universal)

“Eles eram bem tranquilos, porque eu nunca tive problemas quanto a isso... sempre foram bem tranquilos, se

eu tinha algum problema falava com eles...

Eles sempre davam apoio... não tinha uma cobrança muito grande.” (Edmar – ingressante pelo sistema

universal)

“Sempre exigiam que tivesse notas boas.” (Osvaldo – ingressante pelo sistema universal)

“Ah! Eles queriam que eu estudasse na melhor escola possível, mas como a gente não tinha condições de pagar

cursinho ou escola particular tive que estudar sozinha e como a minha nota foi boa, mas não suficiente para

passar na USP, por exemplo, eu entrei na Unifesp, mas eu estou muito satisfeita com a Unifesp.” (Tábata –

ingressante pelo sistema de cotas)

“Minha mãe sempre exigia bastante do meu desempenho na escola, acompanhava e cobrava um melhor

rendimento quando necessário.” (Thais – ingressante pelo sistema de cotas)

Para entender os motivos pela cobrança do desempenho escolar, sobretudo, em relação

as notas, é necessário recorrer ao conceito de Bourdieu para explicar essa relação entre família

e escola. Segundo Bourdieu, é possível identificar a influência do capital cultural legado do

meio familiar, pautado na renda familiar, escolaridade e ocupação dos pais, diante do

desempenho escolar, ou seja, dentre todas as estratégias educativas, a mais importante (e a

mais dissimulada) é a transmissão doméstica do capital cultural que depende de um

investimento em tempo e em transmissão cultural, e que assegura o mais alto rendimento em

termos de resultado escolar. (NOGUEIRA e NOGUEIRA, 2004)

Ainda nessa linha de raciocínio, para compreender os motivos das cobranças pelo

desempenho escolar e a relação dessas atitudes com o capital cultural. Bourdieu (1998)

explica:

Na realidade, cada família transmite a seus filhos, mais por vias indiretas que

diretas, um certo capital cultural e um certo ethos, sistema de valores implícitos e

profundamente interiorizados, que contribui para definir, entre outras coisas, as

atitudes face ao capital cultural e à instituição escolar. (p. 42)

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46

Tendo ainda em vista as falas sobre a cobrança em relação as notas escolares, também

buscou-se nas entrevistas a influência do capital cultural legado do meio familiar, por meio de

cursos extra-curriculares.

Quadro 4 - Você fez algum tipo de curso extra - curricular como, por exemplo, inglês, dança,

futebol, música ou informática?

Fiz somente Inglês. (Willian – ingressante pelo sistema universal)

Eu fiz tênis e natação por um período. (Edmar – ingressante pelo sistema universal)

Fiz somente curso de informática. (Osvaldo – ingressante pelo sistema universal)

Eu fiz um curso de informática pago pelo meu pai e fiz um de inglês gratuito no Ceú pela secretaria do Estado

de São Paulo. (Tábata – ingressante pelo sistema de cotas)

Fiz dança desde os meus 5 anos de idade, espanhol e informática. Os dois últimos através da escola na qual

estudei. (Thais – ingressante pelo sistema de cotas)

Sobre os cursos extra-curriculares, as falas dos ingressantes pelo sistema universal e

cotas, conforme Quadro 4, revelaram o investimento do tempo livre em práticas corporais

presentes na educação física, como tênis, natação e dança, ou seja, podemos dizer que durante

a trajetória social esses sujeitos incorporaram em seu capital cultural por meio do habitus o

interesse por esportes coletivos e individuais.

Para entender o habitus na constituição do capital cultural incorporado, Setton (2002),

pautada no conceito de Bourdieu, ressalta o habitus como uma noção que auxilia a pensar as

características de uma identidade social, de uma experiência biográfica, um sistema de

orientação ou como uma matriz cultural que predispõe os indivíduos a fazerem suas escolhas.

5.2.1. Práticas culturais dos ingressantes pelo sistema universal e sistema de cotas do

curso de educação física.

Nessa parte da pesquisa, buscamos comparar as principais práticas culturais dos

ingressantes do curso de educação física pelo sistema universal e sistema de cotas. Para isso,

perguntamos sobre algumas práticas culturais como: cinema, teatro, biblioteca, shows, feiras

culturais, eventos esportivos, programas de TV, práticas corporais, visita a museus, hábitos de

leitura e viagens nacionais ou internacionais com o intuito de descobrir o perfil cultural do

ingressante e, posteriormente, relacionar com a escolha pelo curso de educação física.

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47

Seguem as Tabelas 7 e 8 sobre as práticas culturais e renda familiar dos ingressantes

pelo sistema universal e cotas.

Tabela 7

Práticas culturais dos ingressantes pelo sistema universal e renda familiar.

n = número de respostas

Fonte: questionário.

Tabela 8

Práticas culturais dos ingressantes pelo sistema de cotas e renda familiar.

Renda

Práticas culturais

Até

R$ 2.364

R$ 2.365 até

R$4.728

R$ 4.729 até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

Total

Cinema 2 3 1 6

Teatro 1 1 1 3

Biblioteca 2 3 1 6

Shows e feiras culturais 1 3 1 5

Eventos esportivos 3 3 1 7

Total 9 13 5 27

n = número de respostas

Fonte: questionário.

Conforme as Tabelas 7 e 8, verificou-se, em ambos os grupos, como principais

práticas culturais o contato com cinema e eventos esportivos. Além disso, acrescenta-se aos

ingressantes pelo sistema de cotas o interesse por biblioteca. Destes resultados, chama atenção

o fato de ingressantes pelo sistema universal e sistema de cotas apresentarem interesses

semelhantes por práticas culturais, apesar de terem rendas familiares distintas, ou seja, parece

que a renda familiar não influenciou no acesso a essas práticas culturais.

Além disso, destaca-se nas Tabelas 7 e 8, considerando que esta parte do estudo é

sobre ingressantes do curso de educação física, a predominância do gosto por eventos

esportivos, em ambos os grupos. Este gosto justifica-se, segundo Bourdieu (1998), devido as

práticas culturais serem determinadas, em grande parte, pelas trajetórias educativas e

Renda

Práticas culturais

Até

R$ 2.364

R$ 2.365 até

R$4.728

R$ 4.729 até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

Total

Cinema 4 2 4 3 13

Teatro 3 1 3 3 10

Biblioteca 3 2 2 2 9

Shows e feiras culturais 4 1 2 3 10

Eventos esportivos 4 2 5 2 13

Total 18 8 16 13 55

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48

socializadoras dos agentes, ambientado na família, no grupo social e na escola e não fruto de

uma sensibilidade inata.

Em relação ao interesse por eventos esportivos, Bourdieu (2013a) explica:

O universo das práticas e dos espetáculos esportivos apresenta-se como um

conjunto de escolhas previamente determinadas e de possibilidades

objetivamente instituídas – tradições, regras, valores, equipamentos, técnicas,

símbolos – que recebem sua significação social do sistema constituído por elas e

que ficam devendo, em cada momento, uma parcela de suas propriedades à

história. (p.197)

Diante desse quadro de resultados semelhantes sobre práticas culturais, torna-se

fundamental apresentar as falas das entrevistas de ingressantes pelo sistema universal e cotas

para conhecer os seus interesses por práticas culturais.

Quadro 5 - Quais são as atividades culturais (cinema, teatro, museu, parques, shows) que você

costuma realizar com mais frequência, cite as três ultimas atividades culturais que você

realizou?

Gosto de ir à Virada cultural de São Paulo e de shows! (Willian – ingressante pelo sistema universal)

Cinema e livrarias. (Edmar – ingressante pelo sistema universal)

Procuro sempre ir ao parque, em shows e jogos de futebol. (Osvaldo – ingressante pelo sistema universal)

Cinema de vez em quando, tentei semana passada, mas não tinha ingresso...mas de vez em quando eu gosto de

ir, mas não gosto de terror... prefiro comédia.

Também gosto de Teatro, na Praia Grande tem um, mas eu ainda não tive oportunidade de ir, porque as vezes

o ingresso está bastante caro. (Tábata – ingressante pelo sistema de cotas)

Espetáculos de dança, shows e teatro. (Thais – ingressante pelo sistema de cotas)

Desse modo, com base nos resultados das Tabelas 7 e 8 e nas entrevistas realizadas,

conforme Quadro 5, podemos afirmar que ingressantes pelo sistema universal e cotas, apesar

de distintos quanto a questão econômica, apresentam interesses semelhantes por práticas

culturais.

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49

Os dados apresentados em seguida têm como objetivo relacionar a renda familiar dos

ingressantes pelo sistema universal e cotas com o acesso a museus e viagens realizadas, ver

Tabelas 9, 10, 11 e 12.

Tabela 9

Renda familiar dos ingressantes pelo sistema universal e visita a museus

Renda

Visita a museus

Até

R$ 2.364

R$ 2.365

até

R$4.728

R$ 4.729

até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

Total

Museu de Arte moderna

3

2

2

1

8

Museu da língua portuguesa

2

4

2

8

Museu do futebol

2

1

2

1

6

Museu marítimo

1

1

2

Pinacoteca do Estado

3

1

4

1

9

Centro de memória esportiva

Outros museus nacionais

1

1

2

Museus no exterior

1

1

Não visitou museus

1

1

Total

13

5

12

7

37

n= número de respostas

Fonte: questionário.

Quanto ao acesso a museus, conforme Tabela 9, os resultados apontaram a Pinacoteca,

o museu da Língua Portuguesa, o museu de Arte Moderna e o museu do Futebol como os

principais lugares frequentados pelos ingressantes do sistema universal e apenas 1 sujeito

desse grupo visitou outro museu, o museo de la Revolucion em Cuba. Ainda nesse grupo foi

possível encontrar 1 sujeito com renda familiar de até 3 salários que nunca visitou museus.

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Tabela 10

Renda familiar dos ingressantes pelo sistema de cotas e visita a museus.

n = número de respostas

Fonte: questionário.

Nos ingressantes pelo sistema de cotas, os resultados revelaram, conforme Tabela 10,

o museu da Língua Portuguesa como o principal local visitado por esse grupo e 1 sujeito não

respondeu.

Tabela 11

Renda familiar dos ingressantes pelo sistema universal e viagens. Viagens

Renda

Viagens

nacionais

Viagens ao

exterior

Nunca viajou Total

Até R$ 2.364 2 3 5

R$ 2.365 até $4.728 2 1 3

R$ 4.729 até R$ 6.304 3 2 1 6

Acima de R$ 6.305 3 1 4

Total 10 3 5 18

n= número de respostas

Fonte: questionário.

Tabela 12

Renda familiar dos ingressantes pelo sistema de cotas e viagens. Viagens

Renda

Viagens

nacionais

Viagens ao

exterior

Nunca viajou Total

Até R$ 2.364 2 1 3

R$ 2.365 até R$4.728 2 1 2 5

R$ 4.729 até R$ 6.304

Acima de R$ 6.305 1 1

Total 4 1 4 9

n= número de respostas

Fonte: questionário.

Renda

Visita a museus

Até

R$ 2.364

R$ 2.365

até

R$4.728

R$ 4.729

até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

Total

Museu de Arte moderna

1

1

2

Museu da língua portuguesa

3

2

1

6

Museu do futebol

2

2

Museu marítimo

2

2

Pinacoteca do Estado

1

1

1

3

Centro de memória esportiva

Outros museus nacionais

Museus no exterior

Não visitou museus

1

1

Total

7

6

3

16

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51

Sobre as viagens realizadas pelos ingressantes do sistema universal, conforme Tabela

11, verificou-se que 10/16 sujeitos realizaram algum tipo de viagem nacional, além disso,

também encontramos 3/16 sujeitos, com renda familiar superior a 7 salários, que realizaram

viagens ao exterior. Outro ponto importante é o fato de 3 sujeitos com renda familiar de até 3

salários não terem realizado nenhum tipo de viagem. Já entre os ingressantes pelo sistema de

cotas verificou-se que 4/8 sujeitos realizaram algum tipo de viagem nacional, contudo, é

importante pontuar que apenas 1/8 sujeito, por intermédio de bolsa de estudos, viajou para o

exterior, ver Tabela 12.

Em relação às Tabelas 9, 10, 11 e 12, a análise dos dados obtidos revelou um maior

acesso dos ingressantes pelo sistema universal à museus, incluindo os museus relacionados

com esportes, e a viagens nacionais e ao exterior. Por outro lado, no grupo de ingressantes

pelo sistema de cotas observou-se o inverso, ou seja, poucas viagens e baixo interesse por

museus.

Para checar os resultados sobre viagens realizadas, conforme as Tabelas 11 e 12,

buscou-se nas entrevistas verificar se tal investimento é em busca de capital cultural ou não,

por parte dos ingressantes pelo sistema universal e cotas.

Quadro 6 - Você já viajou? Para onde e o que mais gostou nas viagens?

Sim, para Cuba e África do Sul... gosto muito da cultura que eles estão submetidos e das diferentes formas que

uma sociedade pode ser esquematizada, e também da percepção de alteridade de cada ser. (Willian –

ingressante pelo sistema universal)

Sim, para Salvador. (Edmar – ingressante pelo sistema universal)

Sim, viajo sempre para Salvador para rever parentes. (Osvaldo – ingressante pelo sistema universal)

Eu vou anualmente para Minas Gerais porque a minha família é de lá, mas eu fui uma vez para a Inglaterra

pelo Ceú gratuitamente pelo governo do Estado que pagou tudo para mim, porque eu fui uma das melhores

alunas do inglês, ai eu fui para a Inglaterra para um curso de 1 mês. (Tábata – ingressante pelo sistema de

cotas)

Fui para Florianópolis prestar vestibular no final do ano passado e me alegrou ver o interesse de Santa

Catarina por atividade física e preservação da cultura. Artistas de rua em todo o centro antigo e histórico e

também as atividades da Universidade Federal de Santa Catarina podem ser consideradas um verdadeiro

campus aberto a todos e fora as praias paradisíacas.

Digo o mesmo sobre Porto Alegre, aquela tradição linda de se juntar nas ruas e praças para tomar chimarrão

ao final da tarde e depois aproveitar as estruturas de quadras, playgrounds, boliche e todas são públicas. E

também o parque de Farroupilha, com feira artesanal em toda a extensão.

O Sul me encanta! (RS). (Thais – ingressante pelo sistema de cotas)

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52

Com base nas falas sobre viagens realizadas, conforme Quadro 6, é possível identificar

a relação entre renda familiar e investimento do tempo livre, pois constatou-se no ingressante

com maior renda familiar (Willian) o investimento em viagens ao exterior, ou seja, em

práticas culturais relacionadas com o capital cultural e, ao mesmo tempo, observou-se nos

ingressantes pelo sistema de cotas (Tábata e Thais) investimentos pontuais em viagens

relacionadas com estudo e vestibular.

Diante disso, acreditamos que a renda familiar contribuiu para os ingressantes pelo

sistema universal adquirirem um maior volume de práticas culturais relacionadas com visita à

museus e viagens nacionais e ao exterior. Para entender essa relação entre renda familiar e o

acesso a práticas culturais relacionadas com visita a museus e viagens realizadas, Bourdieu

(1998) lembra que o acesso a certas práticas culturais é desigualmente repartido entre

estudantes universitários originários das diferentes classes.

Ainda nesse contexto, os dados das Tabelas 9, 10, 11 e 12 e as entrevistas com os

ingressantes sobre viagens realizadas possibilitam pensar na relação entre capital cultural

incorporado e o investimento do tempo livre em visita a museus e viagens. Nesse ponto, a

teoria de Bourdieu (1998) ajuda a compreender o capital cultural incorporado como uma

forma de disposições duráveis do organismo. A acumulação de capital cultural exige sua

incorporação pressupondo um trabalho de inculcação e de assimilação, o qual custa tempo e

deve ser realizado pessoalmente pelo agente.

Tendo ainda em vista os dados acima mencionados, podemos dizer que o interesse por

museus e o investimento em viagens também pode ser relacionado com as disputas existentes

entre as classes sociais dentro de um campo do poder. Nesse sentido, segundo Bourdieu

(2003):

O campo do poder é o espaço das relações de força entre agentes ou instituições

que têm em comum possuir o capital necessário para ocupar posições

dominantes nos diferentes campos (econômico ou cultural, especialmente). Ele é

o lugar de lutas entre detentores de poderes (ou de espécie de capital) diferentes

que, como as lutas simbólicas entre artistas e os “burgueses” do século XIX, têm

por aposta a transformação ou a conservação do valor relativo das diferentes

espécies de capital que determina, ele próprio, a cada momento, as forças

suscetíveis de ser lançada nessas lutas. (p.244)

O argumento de Bourdieu (2003) é que o interesse pelo “campo da arte” pode ser

definido como um "sistema" ou "espaço" estruturado de posições, que possui regras

instituídas que regem o acesso e o êxito no campo e que determinam a posição ocupada por

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53

seus agentes, que lutam pela apropriação do "capital cultural", ou seja, o interesse por

determinadas práticas culturais torna-se produto de diferenciação entre as classes sociais.

Aqui podemos pensar que os atores sociais fazem uso estratégico do gosto, manejando

sua destreza linguística e estética, como uma maneira de demarcar socialmente os grupos com

menor “capital cultural” e obter reconhecimento simbólico e prestígio. Desse modo, o

consumo cultural e o deleite estético são acionados como forma de distinção, por meio da

familiaridade com bens simbólicos. (BOURDIEU, 2013a)

Em relação aos hábitos de leitura, conforme as respostas mencionadas no questionário

socioeconômico, constatou-se que a renda familiar não exerceu influência no interesse pela

leitura, pois a maior parte dos ingressantes pelo sistema universal (13/16) e pelo sistema de

cotas (7/8) parece possuir hábitos de leitura, no entanto, vale ressaltar nas respostas o

interesse de 4 sujeitos (2 do sistema universal e 2 do sistema de cotas) por temas relacionados

com a educação física: “Neymar - conversa entre pai e filho”, “Os jogos e os homens: A

mascara e a vertigem”, “Diabetes e exercício físico” e “Nutrição no treinamento de força”.

Sobre as respostas acima mencionadas, chama atenção nos ingressantes pelo sistema

de cotas o hábito da leitura e o interesse por biblioteca, ver Tabela 8. Diante destes resultados,

podemos dizer que os ingressantes pelo sistema de cotas do curso de educação física parecem

possuir um capital cultural diferenciado dentro da sua classe social, pois segundo Bourdieu

(1998):

Da mesma forma que os jovens das camadas superiores se distinguem por

diferenças que podem estar ligadas a diferenças de condição social, também os

filhos das classes populares que chegam até o ensino superior parecem pertencer

a famílias que diferem da média de sua categoria, tanto por seu nível cultural

global como por seu tamanho [...]. (p.43)

Desse modo, acreditamos que apesar de possuir um baixo capital econômico,

provavelmente, esse grupo investiu o seu tempo livre nesse tipo de prática cultural e,

consequentemente, esse contato pode ter modificado o volume de capital cultural desses

ingressantes.

Logo especulamos essa estratégia como um dos fatores responsáveis pela escolha pelo

curso de educação física na Universidade Federal de São Paulo por parte dos cotistas, pois

conforme Bourdieu (1998), os agentes aprendem desde cedo, na prática, que determinadas

estratégias ou objetivos são possíveis ou mesmo desejáveis para alguém com sua posição

social e que outros são inalcançáveis.

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54

Outro ponto abordado no questionário foram os programas de TV mais assistidos

pelos ingressantes. No grupo de ingressantes pelo sistema universal com renda familiar média

de 5-7 salários mínimos (R$ 3.940,00 a R$ 5.516,00), observou-se em suas respostas o

interesse por filmes, jornais, seriados, programas esportivos e jogos de futebol, contudo, 2/16

sujeitos desse grupo responderam não assistir TV. Para confirmar os resultados mencionados

anteriormente, apresentamos as falas dos ingressantes pelo sistema universal, ver Quadro 7.

Quadro 7 - Fale dos tipos de leituras e programas de TV que você mais gosta?

Gosto de assistir o Jornal da cultura e de leituras sobre filosofia e literatura. (Willian – ingressante pelo

sistema universal)

Eu gosto de livros de ficção cientifica e fantasia. (Edmar – ingressante pelo sistema universal)

Não costumo ler e gosto de assistir jornal nacional e globo esporte. (Osvaldo – ingressante pelo sistema

universal)

No grupo de ingressantes pelo sistema de cotas com renda familiar média de 2-4

salários mínimos (R$ 1.576,00 a R$ 3.152,00), com base nas respostas obtidas no

questionário socioeconômico, também constatou-se o interesse por filmes, programas

humorísticos, jornal, programas esportivos e jogos de futebol, entretanto, 1/8 sujeito desse

grupo respondeu não assistir TV.

Em relação as entrevistas com os ingressantes pelo sistema de cotas, conforme Quadro

8, chama atenção nas respostas o interesse de uma estudante cotista (Thais) por leituras sobre

educação física, ou seja, podemos dizer que o capital cultural incorporado por este agente

direcionou para o investimento do tempo livre em hábitos de leitura relacionado com o

universo da educação física.

Quadro 8 - Fale dos tipos de leituras e programas de TV que você mais gosta?

Eu não gosto muito de novela, eu curto série de comédia e não gosto de terror. (Tábata – ingressante pelo

sistema de cotas)

Assisto pouca TV, mas gosto de assistir alguns filmes, principalmente comédia romântica e séries como

House aos finais de semana.

E leitura, com a faculdade troquei os romances por livros de bioquímica e biologia molecular. (Thais –

ingressante pelo sistema de cotas)

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5.2.2. Práticas culturais e corporais dos ingressantes pelo sistema universal e sistema de

cotas do curso de educação física

Com relação ao curso de educação física, buscou-se descobrir as formas como os

ingressantes pelo sistema universal e sistema de cotas obtiveram informações sobre o curso e

relacionar com a renda familiar dos mesmos, ver Tabelas 13 e 14.

Tabela 13

Renda familiar dos ingressantes pelo sistema universal e informações sobre o curso de

educação física. Informação

Renda

Por

Jornais

Por leitura

de revistas

Por amigos que

faziam o curso

Pela

Internet

Total

Até R$ 2.364 1 1 5 7

R$ 2.365 até R$4.728. 2 3 2 7

R$ 4.729 até R$ 6.304 1 2 4 7

Acima de R$ 6.305 1 2 3 6

Total 5 8 14 27

n= número de respostas.

Fonte: questionário.

Tabela 14

Renda familiar dos ingressantes pelo sistema de cotas e informações sobre o curso de

educação física. Informação

Renda

Por

Jornais

Por leitura

de revistas

Por amigos que

faziam o curso

Pela

Internet

Total

Até R$ 2.364 3 3

R$ 2.365 até R$4.728. 1 3 4

R$ 4.729 até R$ 6.304

Acima de R$ 6.305 1

Total 2 6 8

n= número de respostas.

Fonte: questionário.

De acordo com os resultados, a maioria dos ingressantes pelo sistema universal

(13/16) ou pelo sistema de cotas (6/8) obteve informações sobre o curso com amigos ou

conhecidos pertencentes à área da educação física ou por meio da leitura de revistas, ver

Tabelas 13 e 14. Nesse sentido, parece que a renda familiar não foi determinante para os

ingressantes conseguirem informações sobre o curso e sim as relações sociais.

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56

Ainda nessa linha de raciocínio, nas entrevistas com os ingressantes também foi

possível reafirmar a influência de amigos ou conhecidos na obtenção de informações sobre a

educação física, ver Quadro 9.

Quadro 9 - Quais são as informações que você possuía sobre a educação física?

Eu sabia que era um curso que lidava e estudava o corpo em si, o funcionamento do esporte no corpo e o que

acarretava de bom ou ruim para a saúde. (Edmar – ingressante pelo sistema universal)

Fiquei sabendo por um professor de filosofia... eu tinha muita amizade com os professores de filosofia e

sociologia e sempre conversei bastante com eles e quando eu falei sobre a minha escolha pelo curso de

educação física, ele me falou sobre o curso da federal!

Ai eu me inscrevi, ai foi mais pelo professor mesmo, mas até o segundo semestre do 3ªano eu não sabia onde

fazer o curso... (Tábata – ingressante pelo sistema de cotas)

Percebe-se que apesar das diferenças de capital cultural e econômico, os resultados

encontrados nas Tabelas 13 e 14 e nas entrevistas com os ingressantes, conforme Quadro 9,

parecem indicar a influência do capital social na escolha pelo curso de educação física.

Segundo Bourdieu (1998), capital social é o conjunto de recursos atuais ou potenciais que

estão ligados à posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de

inter-conhecimento e de inter-reconhecimento ou, em outros termos, à vinculação a um grupo,

como conjunto de agentes que não somente são dotados de propriedades comuns (passíveis de

serem percebidas pelo observador, pelos outros ou por eles mesmos), mas também são unidos

por ligações permanentes e úteis.

Ainda no campo sobre as informações do curso de educação física, também buscou-se

conhecer quais informações os entrevistados possuíam sobre a divisão do curso em

licenciatura e bacharelado. Em relação a este aspecto, lembramos que após a regulamentação

da profissão em 1998, o conselho federal de educação física homologou a divisão da

formação em educação física em duas profissões distintas, licenciatura e bacharelado.

(STEINHILBER, 2006)

Quadro 10 - O que você acha da divisão do curso em licenciatura e bacharelado?

Acho uma divisão considerável e importante, porém deveria haver uma forma de ficar um tempo maior no

curso e sair com os dois diplomas da educação física ao invés de precisar retornar ao curso e fazer mais dois

anos validando matérias em outras faculdades. (Willian – ingressante pelo sistema universal)

Sinceramente... eu não conheço muito... mas acho uma coisa boa, porque quando a pessoa vai trabalhar com

crianças ou adolescentes vai precisar de uma formação diferenciada. (Edmar – ingressante pelo sistema

universal)

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Quando eu descobri fiquei bem chateada, porque você já passa 4 anos estudando, acho que são matérias que

se integram, então poderia ter uma graduação dupla em todos os lugares, porque se você tem condições de

prescrever exercício para um adulto também teria para uma criança... as vezes com uma aula a mais, uma

matéria a mais para ter uma especificação, mas eu acho que deveria ser duplo porque ai quando eu terminar

e quiser trabalhar com recreação eu preciso fazer uma pós e não fazer novamente outra faculdade. (Tábata –

ingressante pelo sistema de cotas)

Ambos são importantes, mas sou absurdamente contra a licenciatura plena, assim, imagino que tecnicamente

sou a favor da divisão. Para melhor entendimento: a grande maioria das faculdades que oferecem a plena é

particulares e levando em consideração que é meio período, me incomoda a ideia de que em 4 anos o

graduando saia formado nas duas áreas com meio período de aula, sendo que somente o bacharel são 4 anos

e licenciatura 3 anos. Me parece ser uma "passada" rápida nos conteúdos e acabou.

As duas são complexas e imprescindíveis, assim merecem uma grade mais próxima do completo. (Thais –

ingressante pelo sistema de cotas)

No que tange a divisão do curso em licenciatura e bacharelado, as falas dos

entrevistados, conforme Quadro 10, sugerem que os ingressantes pelo sistema universal e

cotas, aparentemente, possuem poucas informações sobre a divisão do curso, ou seja, os

entrevistados parecem possuir apenas informações gerais sobre o curso e, ao mesmo tempo,

demonstram pouco conhecimento sobre as transformações ocorridas na educação física após a

sua regulamentação como profissão em 1998.

Outro ponto importante sobre a escolha pelo curso de educação física são os motivos

para escolher a Universidade Federal de São Paulo como instituição de ensino superior. Nesse

ponto, as análises das entrevistas realizadas, conforme Quadro 11, parecem indicar o

reconhecimento acadêmico da instituição e a localização do campus como principais motivos

para escolha pela Universidade Federal de São Paulo.

Quadro 11 - Por que você escolheu o curso da Unifesp?

Por ser uma Universidade de excelência em medicina e como o meu curso tinha a parte biológica, acabei

concretizando a minha escolha pela Unifesp. (Willian – ingressante pelo sistema universal)

Porque é aqui em Santos e é mais perto da minha casa... e também foi mais fácil passar na comparação com

outros vestibulares. (Edmar – ingressante pelo sistema universal)

Porque não é paga e também por causa do reconhecimento que o ensino possui. (Osvaldo – ingressante pelo

sistema universal)

Bom... porque fica muito perto da minha casa e para me deslocar para outro lugar seria um peso financeiro

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muito grande para a minha família... então, aqui eu estou perto e também fico com a minha família e não fico

com saudades.

E também a Unifesp é uma Universidade muito boa é a 7ª do País na educação física... estar aqui é algo

surreal. (Tábata – ingressante pelo sistema de cotas)

Por causa do curso ser voltado para saúde e no estado de São Paulo eu tentei USP e Unifesp...creio que

também sejam as únicas (Rs).

Eu passei na USP, mas a grade da Unifesp tinha me chamado mais a atenção, além disso, a cidade também

foi um dos motivos de escolha. (Thais – ingressante pelo sistema de cotas)

Diante das falas acima mencionadas, podemos dizer que a localização e o prestigio

social da instituição contribuiu para a escolha pela Universidade Federal de São Paulo como

opção de graduação em educação física, ou seja, o capital cultural incorporado e

institucionalizado influenciou e direcionou a escolha destes estudantes pela UNIFESP.

Ainda em relação a esse ponto, é importante lembrar Bourdieu (1998) para explicar

que o capital cultural, “sistema de valores implícitos e profundamente interiorizados”,

contribui na formação de esquemas de percepção, de pensamentos e atitudes perante a cultura

e a escola, principalmente na escolha pelo ensino, sobretudo, o ensino superior.

Em seguida, as Tabelas 15 e 16 mostram a relação entre renda familiar dos

ingressantes pelo sistema universal e cotas e suas perspectivas após o termino do curso.

Tabela 15

Renda familiar dos ingressantes pelo sistema universal e a perspectiva profissional após

terminar o curso de educação física.

Escolarização

Renda

Área

saúde

Área

acadêmica

Área

esportes

Área

lutas

Área

dança

Fazer

licenciatura

Não

sabe

Total

Até R$

2.364

2 1 1 1 5

R$ 2.365

até

R$4.728.

1

2

3

R$ 4.729

até

R$ 6.304

3

2

5

Acima de

R$ 6.305

2 2 4

Total 2 1 9 1 1 3 17

Nota: 1 sujeito apresentou interesse por duas áreas distintas (esportes/saúde)

n = número de respostas

Fonte: questionário.

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59

Tabela 16

Renda familiar dos ingressantes pelo sistema de cotas e a perspectiva profissional após

terminar o curso de educação física.

Escolarização

Renda

Área

saúde

Área

acadêmica

Área

esportes

Área

lutas

Área

dança

Fazer

licenciatura

Não

sabe

Total

Até R$

2.364

1 1 1 3

R$ 2.365

até

R$4.728.

3

1

4

R$ 4.729

até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

1 1

Total 4 2 2 8

n = número de respostas

Fonte: questionário.

No grupo de ingressantes pelo sistema universal com renda familiar média entre R$

3.940,00 e R$ 5.516,00, os resultados revelaram um maior interesse pela área de esportes.

Além disso, em menor número encontramos nesse grupo interesse pela área da saúde (2/16),

pela área de dança ou lutas (2/16) e pela área acadêmica (1/16). Por outro lado, no grupo de

ingressantes pelo sistema de cotas, observou-se interesse pela área da saúde (4/8) e pela área

de esportes (2/8), ver Tabelas 15 e 16.

Ainda neste contexto, as entrevistas com os ingressantes pelo sistema universal e cotas

também confirmam a predominância do interesse pelas áreas de saúde e esportes como

perspectiva profissional, ver Quadro 12.

Quadro 12 - Quais são as suas expectativas após terminar o curso?

Ainda não sei, mas pretendo trabalhar com algo inovador e com isso criar diferenciais proveitoso também

para o curso. (Willian – ingressante pelo sistema universal)

Pretendo ir para a área do atletismo...

É uma área que me interessa, quero conhecer um pouco mais do funcionamento do corpo humano. (Edmar –

ingressante pelo sistema universal)

Após acabar o curso (rs)...

Eu quero trabalhar com academia. (Osvaldo – ingressante pelo sistema universal)

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Para auxiliar na compreensão sobre as razões pela escolha das áreas de esporte e saúde

como perspectiva profissional no grupo de ingressantes, lembramos que o curso de educação

física da Universidade Federal de São Paulo possibilita ao estudante obter o título de bacharel

em educação física. Nesse sentido, segundo Martins, Barros, Tessari (2005), o curso

bacharelado em educação física, com base nas resoluções CNE/CES nº 07 de

2004 e CNE/CES nº 04 de 2009, tem por objetivo formar profissionais com conhecimento

para atuar na manutenção e promoção de saúde, no treinamento e ensinamento esportivo, no

condicionamento físico, elaborando, executando, avaliando e coordenando projetos e

programas de atividades físicas para diferentes populações. Além disso, o bacharel em

educação física pode atuar em clubes, academias, hospitais, condomínios, bem como exercer

a função de "personal trainer". O Bacharel na educação física não é habilitado para

intervenção na Educação Básica.

Diante disso, a partir das entrevistas realizadas, conforme Quadro 12, e com base nos

resultados das Tabelas 15 e 16, podemos apontar a renda familiar e a formação de

bacharelado em educação física oferecido pela UNIFESP como responsáveis pela escolha das

áreas de esportes e saúde para perspectiva profissional. Para entender esses resultados,

utilizamos a teoria de Bourdieu (1998) para explicar como o agente toma suas decisões em

função de um cálculo de lucros passíveis de serem assegurados pelos diferentes mercados, às

práticas de uma classe determinada de agentes dependem não apenas da estrutura das chances

teóricas médias de lucro, mas das chances especificamente ligadas a essa classe, isto é, da

relação, em um momento dado do tempo, entre essa estrutura objetiva (cientificamente

calculável) e a estrutura da distribuição das diferentes espécies de capital (capital econômico,

Se eu tiver dinheiro ou ganhar uma bolsa pretendo fazer a minha pós no exterior e ai ficar por lá, porque tem

países como Estados Unidos, por exemplo, que tem uma estrutura muito legal e um campo muito mais aberto

que o Brasil.

Se não der certo, quero continuar aqui, mas não na Praia Grande porque só tem academia e não quero me

resumir só a academia, a minha paixão é musculação, mas eu não quero ficar só nessa área. (Tábata –

ingressante pelo sistema de cotas)

Hoje, minha maior vontade e expectativa é poder tornar a atuação do educador físico na área da saúde algo

comum e não um estranhamento.

Planejo ao terminar o curso, trabalhar nessa ideia e através do meu trabalho fazer a diferença. Também,

tenho vontade de trabalhar com treinamento funcional e tentar uma junção das duas coisas na medida

do possível. (Thais – ingressante pelo sistema de cotas)

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capital cultural, capital social) entendidas, sob o prisma ora considerado, como instrumento de

apropriação dessas chances.

Outro aspecto investigado a partir das entrevistas foi a influência da escola na escolha

pelo curso de educação física. Nesse ponto, buscamos identificar a importância da escola na

transmissão de práticas culturais e corporais da educação física e sua influência na escolha

pelo curso de educação física.

Quadro 13 - Qual é a influência da escola na sua escolha pelo curso de educação física?

Parcial, pois na escola tive algumas reuniões sobre a escolha do curso superior e foram essas reuniões de

orientação que motivaram essa parte oprimida que eu tinha em mim. (Willian – ingressante pelo sistema

universal)

A minha escola era totalmente voltada para área do conhecimento, eles não davam nenhuma importância

para a educação física, tanto que era só ir na aula assinar a lista com o nome e ir embora... não davam

nenhuma importância para a educação física. (Edmar – ingressante pelo sistema universal)

Influenciou muito, sempre gostei de praticar esporte na escola. (Osvaldo - ingressante pelo sistema universal)

Sempre gostei muito dos meus professores de educação física e mesmo na escola onde estudei as meninas

acabavam não participando tanto da aula e não tinha estrutura e tal...

A escola nem tanto, mas eu acho que a academia é que realmente me aproximou da educação física. (Tábata –

ingressante pelo sistema de cotas)

Infelizmente a educação física no ensino público não serve de influência para nenhum futuro educador... pelo

menos no meu caso! (Rs) (Thais – ingressante pelo sistema de cotas)

A partir das entrevistas sobre a influência da escola na escolha pelo curso de educação

física, acreditamos que a escola contribui para o contato com práticas corporais e culturais da

educação física, contudo, as falas apresentadas parecem indicar que a escola pouco

influenciou na escolha pela educação física, ver Quadro 13.

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Outro aspecto investigado sobre o universo da educação física são as práticas

corporais realizadas com mais frequência pelos ingressantes do sistema universal e sistema de

cotas. As Tabelas 17 e 18 buscam relacionar a renda familiar com as práticas corporais de

ingressantes pelo sistema universal e cotas.

Tabela 17

Renda familiar e as práticas corporais realizadas com mais frequência pelos ingressantes do

sistema universal.

n= número de respostas

Fonte: questionário.

Renda

Práticas Corporais

Até

R$ 2.364

R$ 2.365

até

R$4.728

R$ 4.729

até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

Total

Futebol/Futsal 4 1 4 2 11

Vôlei 2 3 1 6

Basquete 1 1 2

Handebol 3 3

Tênis 1 1 2

Atletismo (corrida, caminhada) 1 1 3 1 6

Ginástica

Artes marciais (Judô, Karatê, etc) 3 1 4

Musculação 3 1 4 3 11

Natação 1 1 1 3

Outros. Ex: Dança, Ballet, etc. 2 2

Não gosto de esportes

Total 20 4 18 8 50

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Tabela 18

Renda familiar e as práticas corporais realizadas com mais frequência pelos ingressantes do

sistema de cotas.

n= número de respostas

Fonte: questionário.

Com base nos dados encontrados, conforme Tabelas 17 e 18, podemos dizer que todos

os ingressantes apresentam interesses semelhantes pelas práticas corporais. Além disso, o fato

de nenhum dos ingressantes pelo sistema universal ou sistema de cotas mencionar não gosto

de esportes possibilita ao nosso trabalho destacar o interesse pelo universo das práticas

corporais como um conjunto de escolhas determinadas e instituídas pelo gosto.

Diante disso, torna-se importante conceitualizar o gosto para compreender como a sua

ação não é inata. De acordo com Bourdieu (1983), o gosto é uma propensão e aptidão à

apropriação (material e/ou simbólica) de uma determinada categoria de objetos ou práticas

classificadas e classificadoras, é a fórmula generativa que está no princípio do estilo de vida.

Além disso, os dados mencionados, conforme Tabelas 17 e 18, parecem mostrar que a

renda familiar não foi determinante para o desenvolvimento do gosto pela prática corporal,

contudo, a familiaridade e o gosto pelas práticas corporais, a qual só pode advir da frequência

Renda

Práticas Corporais

Até

R$ 2.364

R$ 2.365

até

R$4.728

R$ 4.729

até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

Total

Futebol/Futsal 2 2 1 5

Vôlei 2 3 1 6

Basquete 2 1 1 4

Handebol 1 1

Tênis

Atletismo (corrida, caminhada) 1 1

Ginástica

Artes marciais (Judô, Karatê, etc) 1 1

Musculação 2 3 5

Natação

Outros. Ex: Dança, Ballet, etc.

Não gosto de esportes

Total 9 10 4 23

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regular de esportes ou atividades físicas e o fato de nenhum ingressante mencionar não gosto

de esportes reforça a possibilidade da presença da prática corporal no capital cultural

incorporado do indivíduo que escolhe o curso de educação física.

Ainda em relação os resultados das Tabelas 17 e 18, para entender as razões de

ingressantes pelo sistema universal e sistema de cotas apresentarem gostos semelhantes pelas

mesmas práticas corporais, Bourdieu (2013a) explica:

Pelo fato de que os agentes apreendem os objetos através dos esquemas de

percepção e de apreciação de seus habitus, seria ingênuo supor que todos os

praticantes do mesmo esporte - ou de qualquer outra prática - conferem o mesmo

sentido à sua prática ou, até mesmo, praticam, propriamente falando, a mesma

prática. Seria fácil mostrar que as diferentes classes não estão de acordo em

relação aos ganhos esperados da prática do esporte, tratando-se dos ganhos

específicos - propriamente corporais que não são, de modo algum, objeto de

discussão relativamente ao fato de serem reais ou imaginários já que são

realmente visados, tais como os efeitos sabre o corpo externo (por exemplo, a

magreza, a elegância ou uma musculatura visível) ou os efeitos sobre o corpo

interno (por exemplo, a saúde e o equilíbrio psíquico) - sem falar dos ganhos

extrínsecos, tais como as relações sociais que podem ser estabelecidas mediante

a prática do esporte ou as vantagens econômicas e sociais que, em determinados

casos, tal pratica pode garantir. (p.198)

Outra informação importante sobre as práticas corporais realizadas com mais

frequência, conforme as Tabelas 17 e 18, é o gosto de alguns ingressantes pelo sistema

universal pela prática de esportes invidiais, como tênis, atletismo, caminhada, natação, dança,

ballet e corrida. Segundo Bourdieu (2013a), o interesse por práticas ou esportes individuais

encontra sua justificativa no capital cultural, econômico e social do agente e na possibilidade

de distinção em uma classe ou fração de classe. Um bom exemplo de prática ou esporte

individual utilizado como distinção entre as classes é o tênis. O tênis é um esporte individual

clássico com características de distinção, pois a sua prática está associada a uma imagem

“aristocrática” de esporte antigo que necessita de condições socialmente qualificadas para sua

realização (lugar, momento, equipamentos, instrumentos, etc.).

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Ainda nessa direção, para Bourdieu (2013a) a escolha por práticas ou esportes

individuais justifica-se:

[...] na prática em espaços reservados e separados (clubes privados), em horário

determinado pelo praticante, sozinho ou com parceiros escolhidos (ou seja,

outros tantos traços opostos as disciplinas coletivas, aos ritmos obrigatórios e aos

esforços impostos dos esportes coletivos), mediante um dispêndio corporal

relativamente reduzido e, de qualquer modo, livremente determinado, apesar de

exigir um investimento relativamente importante - e tanto mais rentável quanto

mais precoce tiver sido - em tempo e em esforços de aprendizagem especifica (o

que os torna relativamente independentes das variações do capital corporal e do

seu declínio com a idade) [...]. (p.204)

Ainda segundo este autor, “os obstáculos econômicos são insuficientes para explicar a

distribuição das práticas corporais, sendo necessário considerar os mais bem dissimulados

direitos de entrada [...] para explicar a distribuição dessas práticas entre as classes: são os

mais bem dissimulados direitos de entrada, tais como a tradição familiar e a aprendizagem

precoce ou, ainda, a atitude (no duplo sentido de conduta digna e de maneiras corretas) e as

técnicas de sociabilidade de praxe que interditam esses esportes as classes populares e aos

indivíduos em ascensão das classes médias ou superiores e que os classificam entre os

indicadores mais seguros [...].” (BOURDIEU, 2013a, p.205)

Outro bom exemplo da utilização de esportes individuais como mecanismo de

distinção entre as classes sociais são as falas dos ingressantes pelo sistema universal e cotas

sobre os esportes favoritos.

Quadro 14 - Fale sobre os seus esportes favoritos?

Atletismo, Natação, Ginástica Acrobática e Basquete. (Willian – ingressante pelo sistema universal)

Musculação, vôlei e basquete, mas como eu sou muito baixinha é difícil para jogar. (Tábata – ingressante

pelo sistema de cotas)

Pode-se, então, a partir das entrevistas sobre esportes favoritos, conforme Quadro 14,

confirmar a presença de práticas distintivas entre as classes sociais, pois quando questionado

sobre os esportes favoritos o ingressante pelo sistema universal (Willian) com renda familiar

superior a R$ 3.600,00, trajetória escolar na iniciativa privada e pai com ensino superior

apresentou interesse por esportes individuais, como atletismo, natação e ginástica acrobática

que exigem condições socialmente qualificadas para a sua realização. No caso da ingressante

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pelo sistema de cotas (Tábata) com percurso escolar no ensino público, renda familiar entre

R$ 2.100,00 e R$ 2.800,00 e pais com ensino médio contatou-se o gosto por esportes

coletivos, como basquete e vôlei.

Assim, pautado no conceito de Bourdieu, é possível afirmar que o interesse por

esportes coletivos ou individuais está associado às propriedades distribucionais que advêm

das diferentes práticas corporais que somente são aprendidas, consciente ou

inconscientemente, por agentes detentores de um conhecimento prático de sua distribuição

prática em classes hierarquizadas, ou seja, o interesse por determinadas práticas corporais está

diretamente relacionado com o capital cultural incorporado e possui relação com a classe

social do agente.

Outro aspecto abordado nas entrevistas, ponto de partida para esta pesquisa, foram os

motivos e razões pela escolha do curso de educação física por ingressantes pelo sistema

universal e sistema de cotas, ver Quadro 15.

Quadro 15 - Quais foram os seus motivos e razões para a escolha do curso de educação física?

Escolhi o curso de educação física pela possibilidade de diferenciação e inovação enquanto profissional, uma

vez que se trata de um campo muito amplo profissionalmente. (Willian – ingressante pelo sistema universal)

Eu era uma criança gordinha e isso no ensino médio começou acarretar problemas sociais e quando eu

comecei a emagrecer e a desenvolver problemas alimentares, como bulimia, comecei a ter obsessão pela

perda de peso e quando isso ficou muito obsessivo e começou a acarretar problemas fiz um acompanhamento

psicológico, mas também comecei a me interessar por esportes e comecei a praticar corridas e a correr cada

vez mais e isso me levou a escolher a educação física. (Edmar – ingressante pelo sistema universal)

Eu escolhi o curso de educação física por causa do gosto pela prática de esportes e por causa da

musculação... sempre pratiquei futebol na escola e depois que comecei a fazer musculação fiquei fascinado

pela área. (Rs) (Osvaldo – ingressante pelo sistema universal)

Então, eu sempre gostei muito de biologia, de como o corpo humano funciona, de todo esse mecanismo e foi

isso que eu achei mais parecido comigo, por eu gostar de exercício e tudo escolhi a educação física, mas

sempre tive receio por causa do campo, da remuneração e tal... sempre todo mundo fala muito mal do

profissional de educação física e que não faz nada e hoje eu vejo que é totalmente diferente, vejo que não é

assim como falam... A minha faculdade é muito pesada. (Tábata – ingressante pelo sistema de cotas)

Desde muito cedo, eu dançava e na dança eu me encontrei, com 5 anos já queria ser igual minha professora e

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assim foi ao decorrer dos anos... Um pouco mais velha fui criando outros amores, como futebol e toda a área

fitness e funcional.

Mas, à principio a razão da minha escolha foi pela dança, para poder me aprofundar no movimento do

corpo. Em 2013, ano que antecedia meu ano de vestibular, eu me lesionei e precisei me afastar da dança por

tempo indeterminado e quando iniciei meu tratamento conheci outras áreas pela qual me apaixonei: saúde,

em especial a reabilitação, e foi muito fantástico e acolhedor saber e ver o papel do educador físico em

hospitais..

Isso só reafirmou a minha decisão! (Thais – ingressante pelo sistema de cotas)

Assim, verificamos que em termos de motivos e razões para a escolha do curso de

educação física as falas dos ingressantes pelo sistema universal e cotas expressam a presença

de práticas corporais e culturais da educação física no capital cultural incorporado, ou seja,

pautado no conceito de Bourdieu, é possível afirmar que o envolvimento com práticas

corporais e culturais da educação física na origem familiar, trajetória educacional e social

modificou o volume de capital cultural destes estudantes e, consequentemente, a existência

destas práticas no habitus do capital cultural dos ingressantes pelo sistema universal e sistema

de cotas influenciou na escolha pelo curso de educação física.

5.3. Caracterização dos concluintes pelo sistema universal do curso de educação física

Esta segunda parte da pesquisa tem como objetivo analisar os dados obtidos no

questionário socioeconômico respondido por 16 concluintes do curso de educação física pelo

sistema universal. Em seguida, também foram realizadas 5 entrevistas com esses sujeitos a

fim de relacionar o contato com práticas culturais e corporais da educação física com a

escolha pelo curso de educação física da Universidade Federal de São Paulo. Em relação aos

concluintes pelo sistema de cotas, a análise do questionário socioeconômico revelou não

haver estudantes nessa condição no grupo pesquisado.

Com base na escolaridade dos pais, ocupação, renda familiar, cobrança dos pais sobre

a escola, cursos extracurriculares, informações e expectativas sobre o curso de educação

física, formas de lazer, práticas culturais e corporais relacionadas com a educação física, visita

a museus e viagens realizadas pudemos conhecer as razões pelas quais esses concluintes

escolheram o curso de educação física da Universidade Federal de São Paulo.

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Quadro 16 – Caracterização dos entrevistados (concluintes pelo sistema universal)

Nome

Situação

no curso

Idade/

Sexo

Renda

Familiar

Escolaridade

Pais

Profissão do

Pai

Profissão

da mãe

Trajetória

Educacional

Márcia

Concluinte

universal

25/

Feminino

R$ 2.173

até

R$ 2.896

Ensino

médio

Auxiliar de

Almoxarifado

Não exerce

atividade

remunerada

Ensino

público

Isabel

Concluinte

universal

21/

Feminino

R$ 725

até

R$ 1.448

Ensino

médio

Técnico de

Alarme

Diarista

Ensino

público

Igor

Concluinte

universal

22/

Feminino

Acima de

R$ 5.793

Ensino

superior

Engenheiro

Médica

Ensino

privado

Joaquim

Concluinte

universal

25/

Masculino

Acima de

R$ 5.793

Ensino

superior

Professor

Assistente

Social

Ensino

privado

Thamires

Concluinte

universal

22/

Feminino

R$ 5.069

até

R$ 5.792

Ensino

superior

Não exerce

atividade

remunerada

Professora

Ensino

privado

Sobre a escolha dos entrevistados, conforme Quadro 16, apontamos algumas

características desses sujeitos como responsáveis por essa escolha: todos os concluintes são

oriundos do sistema universal; alguns estudantes estão acima da idade considerada normal

para conclusão do ensino superior (20 ou 21 anos); a maioria dos estudantes possui pais com

ensino superior.

5.4. Análise dos concluintes pelo sistema universal do curso de educação física

Posto isso, em seguida a Tabela 19 mostra a relação entre renda familiar dos

concluintes e escolaridade dos pais.

Tabela 19

Renda familiar dos concluintes e escolaridade dos pais. Escolarização

Renda

Educação

Básica

Educação

superior

Pós-

Graduação

Total

Até R$ 2.364

6

6

R$ 2.365 até R$4.728.

4

6

10

R$ 4.729 até R$ 6.304

1

3

4

Acima de R$ 6.305

2

8

2

12

Total 12 15 5 32

n=32 sujeitos

Fonte: questionário

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69

Quanto a escolarização dos pais (pai e mãe), verificou-se que 20/32 pais tem nível

superior, entre eles 5 com pós-graduação. Ainda nesse grupo, temos 12 sujeitos com educação

básica, entretanto, somente 2 pais com educação básica tem renda familiar superior a 9

salários, conforme Tabela 19. Deste resultado, é interessante destacar na comparação dos

concluintes pelo sistema universal com os ingressantes pelo mesmo sistema as semelhanças

existentes em relação à escolaridade dos pais e no nível socioeconômico, ver Tabelas 1 e 19.

Diante dos dados encontrados até aqui, podemos dizer que o curso de educação física

da Universidade Federal de São Paulo é na sua maioria composto por estudantes de classe

média, pois a maioria dos ingressantes e concluintes pelo sistema universal possui renda

familiar superior a R$ 3.940,00 e pais com nível superior, ou seja, apesar de público, o curso é

formado na sua maioria por sujeitos com renda e escolaridade de classe média.

Para entender o motivo dessa predominância de sujeitos das classes médias no curso

de educação física da Universidade Federal de São Paulo utilizaremos o que autores como

Bourdieu (2013b) denominam como pensamento meritocrático. Tal pensamento, que pode ser

concebido como uma ideologia que aparece na valorização, típica dos trabalhadores de classe

média, do diploma e da trajetória escolar e na legitimação dos mecanismos escolares e

universitários de seleção. (BOURDIEU, 2013b)

Neste contexto, para compreender os investimentos nos mecanismos escolares para

valorização da classe média, é importante apresentar as falas dos entrevistados sobre a

cobrança dos pais ou responsáveis em relação ao desempenho escolar para entender a

influência do pensamento meritocrático na trajetória escolar dos concluintes do curso de

educação física, ver Quadro 17.

Quadro 17 - Como era a cobrança dos seus pais ou responsáveis em relação as suas notas?

Ah!... eram tranquilos...

Eu e minha irmã, a gente sempre teve uma boa educação para ter que estudar e buscar um bom futuro...e por

isso a gente sempre foi bem na escola... não lembro de ter tido notas ruins ou queixas que meus pais

precisassem conversar comigo. (Márcia – concluinte pelo sistema universal)

Ah! Eles sempre foram bem rígidos, assim... eles entendiam o esforço que eu tinha com rotina e tudo, mas eles

sempre foram bem rígidos...

A minha mãe sempre cobrou muito da gente porque ela não teve oportunidade de estudar e falava para gente

que ela estava batalhando para que a gente tivesse oportunidade e por isso tínhamos que fazer a nossa parte

também. (Isabel – concluinte pelo sistema universal)

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Bem rígida... bem rígida, eles sempre cobraram ter boas notas o tempo todo. (Igor – concluinte pelo sistema

universal)

Conforme o passar do tempo foi aumentando, mas até a 7ª série foi tranquilo, tipo não tinha problema com

nota... dai, depois na 8ª série começou a bagunça e a cobrança foi um pouco maior do meu pai, mas não foi

nada exagerado... de certa forma foi tranquilo...(rs) (Joaquim – concluinte pelo sistema universal)

Sempre foi grande, embora eu nunca fosse uma ótima aluna, sempre tive muita cobrança.

Os meus pais sempre foram os melhores alunos da turma e fizeram ótimas faculdades e por isso eu sempre fui

muito cobrada. (Thamires – concluinte pelo sistema universal)

Além disso, percebe-se nos concluintes com renda familiar superior a R$ 5.069,00 e

pais com ensino superior, como esperado, muita cobrança sobre o desempenho escolar,

sobretudo, em relação as notas. Isso acontece, segundo Bourdieu, pois as frações com maior

volume de capital cultural seriam propensas a um investimento escolar mais intenso, visando

o acesso às carreiras mais longas e prestigiosas do sistema de ensino. Já as frações mais ricas

em capital econômico tenderiam a buscar na escola, principalmente, uma certificação que

legitimaria o acesso às posições de controle já garantidas pelo capital econômico. Entretanto,

chama atenção a fala de Isabel, concluinte com renda familiar inferior a R$ 1.448,00,

trajetória no ensino público e pais com ensino médio, conforme Quadro 16, a cobrança pelo

desempenho escolar, ou seja, apesar do baixo capital econômico é possível pontuar a

existência de um volume diferenciado de capital cultural, por meio do investimento numa

carreira escolar mais longa, ver Quadro 17.

Nesse sentido, podemos dizer que a transmissão doméstica do capital cultural

contribuiu para Isabel terminar o curso de educação física na idade adequada para conclusão

do ensino superior. Para compreender a trajetória escolar de Isabel, cabe aqui lembrar

Bourdieu (1998) para explicar:

[...] as estratégias de investimento escolar no conjunto das estratégias educativas

e no sistema de estratégias de reprodução, sujeitam-se a deixar escapar, por um

paradoxo necessário, o mais oculto e determinante socialmente dos

investimentos educativos, a saber, a transmissão doméstica do capital cultural.

Suas interrogações sobre a relação entre a "aptidão" (ability) para os estudos e o

investimento nos estudos provam que eles ignoram que a "aptidão" ou o "dom"

são também produtos de um investimento em tempo e em capital cultural. (p.73)

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71

Outra importante informação que corrobora com as respostas mencionadas

anteriormente são os cursos extra-curriculares realizados pelos concluintes do curso de

educação física.

Quadro 18 - Você fez algum tipo de curso extra - curricular como, por exemplo, inglês, dança,

futebol, música ou informática?

Eu Fiz um tempo de informática... idiomas não... fiz bastante esporte, escolinha de futebol e joguei em um time

grande...fiz curso de música com violão e na Universidade comecei a ter contato com a dança, mas antes disso

não. (Márcia – concluinte pelo sistema universal)

Fiz computação, mas faz muito tempo! (Isabel – concluinte pelo sistema universal)

Eu fiz natação, participei de equipe de futebol de campo, futsal, equipe de vôlei... acho que foi isso! (rs) (Igor

– concluinte pelo sistema universal)

Então... fiz tecnólogo de petróleo e gás durante 3 anos e ai... eu fiz o curso porque não queria fazer uma

faculdade particular de educação física e como o mercado é um pouco saturado... achei que tinha que fazer

uma faculdade pública, mas ai na época tinha o curso de petróleo e gás e mesmo o curso de petróleo sendo

menor resolvi fazer, mas nunca me interessei profundamente por isso. (Joaquim – concluinte pelo sistema

universal)

Inglês, sempre fiz desde pequena. (Thamires – concluinte pelo sistema universal)

Nesse ponto, as falas dos entrevistados, conforme Quadro 18, parecem revelar a

presença do investimento do tempo livre em práticas corporais presentes na educação física,

como natação, futebol e vôlei, ou seja, podemos dizer a partir dos dados coletados que durante

a trajetória social esses sujeitos incorporaram em seu capital cultural por meio do habitus o

interesse por esportes coletivos e individuais e, consequentemente, a existência dessas práticas

corporais no habitus parece ter influenciado na escolha pelo curso de educação física.

Para entender o habitus na constituição do capital cultural incorporado, é necessário

retomar o conceito de habitus. Segundo Bourdieu (2007), o habitus é “o princípio unificador e

gerador de todas as práticas e, em particular, destas orientações comumente descritas como

“escolhas” da “vocação”, e muitas vezes consideradas efeitos da “tomada de consciência”,

não é outra coisa senão o habitus, sistema de disposições inconscientes que constitui o

produto da interiorização das estruturas objetivas [...].” (p.201)

Diante disso, acreditamos que o contato com a educação física escolar durante a

trajetória educacional contribuiu para o agente incorporar em seu capital cultural o habitus por

práticas corporais da educação física.

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Outro ponto abordado no questionário socioeconômico dos concluintes pelo sistema

universal foi a relação entre renda familiar e ocupação dos pais, ver Tabela 20.

Tabela 20

Renda familiar e ocupação dos pais dos concluintes

n= 32 sujeitos

Fonte: questionário

Dos resultados acima, conforme a Tabela 20, observou-se a predominância de pais

com ocupações relacionadas ao ensino superior ou educação básica. Assim, no grupo de 32

pais (pai e mãe) obtivemos as seguintes respostas: 2 professores de educação básica, 1

professor universitário, 1 assistente social, 1 empresário do transporte, 1 dono de hotel, 2

bancários, 2 empresários, 1 administrador de empresas, 1 atuário, 1 engenheiro civil e 1

médica.

Na comparação com os ingressantes pelo sistema universal e sistema de cotas,

conforme Tabelas 3 e 4, é possível destacar que os concluintes possuem um maior número de

pais com ocupações relacionadas ao ensino superior. Isto se reflete também na renda desses

grupos, pois os concluintes apresentam uma renda familiar média superior na comparação

com os ingressantes pelo sistema universal ou pelo sistema de cotas, ver Tabela 20.

Renda

Ocupação

Até

R$ 2.364

R$ 2.365

até

R$4.728.

R$ 4.729

até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

Total

Proprietário ou administrador de

grande ou média empresa.

Proprietário ou administrador de

pequeno negócio.

3

3

Profissional liberal, professor

universitário ou técnico de nível

superior.

1

6

7

Professor de educação básica. 1 1 2

Técnico de nível médio. 4 1 5

Operário com pouca qualificação.

2

3

1

6 Não exerce atividade

remunerada.

1

2

1

4

Aposentado (a) 3 1 1 5

Total 6 10 4 12 32

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73

5.4.1. Práticas culturais dos concluintes pelo sistema universal do curso de educação

física.

Nesta parte da pesquisa sobre os concluintes do curso de educação física, buscamos

identificar suas principais práticas culturais. Para isso, perguntamos sobre algumas práticas

culturais como: cinema, teatro, biblioteca, shows, feiras culturais, eventos esportivos,

programas de TV, práticas corporais, visita a museus, hábitos de leitura e viagens nacionais

ou internacionais com o intuito de conhecer o perfil cultural dos concluintes. Desse modo, a

Tabela 21 busca relacionar a renda familiar dos concluintes com as suas principais práticas

culturais.

Tabela 21

Renda familiar dos concluintes e suas principais práticas culturais.

Renda

Práticas culturais

Até

R$ 2.364

R$ 2.365 até

R$4.728

R$ 4.729 até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

Total

Cinema 2 5 2 5 14

Teatro 1 2 1 3 7

Biblioteca 1 3 1 4 9

Shows e feiras culturais 2 4 2 3 11

Eventos esportivos 3 3 2 4 12

Total 9 17 8 19 53

n = número de respostas

Fonte: questionário.

Ainda nessa linha de raciocínio, as falas sobre as atividades culturais realizadas com

mais frequência pelos concluintes, conforme Quadro 19, também corroboram com os

resultados da Tabela 21.

Quadro 19 - Quais são as atividades culturais (cinema, teatro, museu, parques, shows) que

você costuma realizar com mais frequência, cite as três ultimas atividades culturais que você

realizou?

Vou bastante ao cinema...shows de música e cursos de dança. (Márcia – concluinte pelo sistema universal)

Shows é bem difícil, porque na minha cidade é pouco e aqui em Santos tem bem pouco, mas eu queria ir a show

com mais frequência.

Eu tenho ido ao cinema, mas no museu faz tempo que eu não vou! (Isabel – concluinte pelo sistema universal)

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Cinema, teatro, gosto muito de frequentar teatro... adorei assistir o Fantasma da Opera nos Estados Unidos,

foi muito legal...

Eu gosto muito de ir ao cinema, toda semana eu assisto filmes e também gosto de frequentar museus de arte,

futebol, ciências... gosto de todo tipo de museu. (Igor – concluinte pelo sistema universal)

Hoje em dia cinema... gosto bastante de cinema e gosto muito de ler... eu leio bastante, o que eu mais faço é

ler! (Joaquim – concluinte pelo sistema universal)

Costumo ir mais ao cinema e em parques. (Thamires – concluinte pelo sistema universal)

Desse modo, em relação às práticas culturais, as análises do questionário

socioeconômico e as entrevistas com os concluintes parecem confirmar o interesse por

cinema, eventos esportivos, biblioteca, shows, feiras culturais e em menor número por teatro.

Esses resultados permitem observar a influência da renda familiar no investimento em tempo

e em capital cultural pelos concluintes do curso. Além disso, os dados apresentados também

possibilitam pontuar, em ingressantes e concluintes, o gosto por eventos esportivos, ou seja,

independentemente da renda familiar, os grupos investigados apresentam interesses

semelhantes por atividades voltadas para a educação física, ver Tabelas 7, 8 e 21.

Outro ponto abordado na pesquisa foi a relação entre renda familiar dos concluintes e

o acesso a museus e viagens realizadas, ver Tabelas 22 e 23.

Tabela 22

Renda familiar dos concluintes e visita a museus.

n = número de respostas

Fonte: questionário.

Renda

Visita a museus

Até

R$ 2.364

R$ 2.365

até

R$4.728

R$ 4.729

até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

Total

Museu de Arte moderna

1

2

2

4

9

Museu da língua portuguesa

2

2

2

6

Museu do futebol

4

2

6

Museu marítimo

2

3

1

6

Pinacoteca do Estado

1

2

2

5

Centro de memória esportiva

Outros museus nacionais

1

2

1

4

Museus no exterior

1

1

1

3

Não visitou museus

2

2

Total 6 13 8 14 41

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Tabela 23

Renda familiar dos concluintes e viagens.

Viagens

Renda

Viagens

nacionais

Viagens ao

exterior

Nunca

viajou

Total

Até R$ 2.364 3 3

R$ 2.365 até R$4.728 5 5

R$ 4.729 até R$ 6.304 1 1 1 3

Acima de R$ 6.305 4 2 1 7

Total 10 3 5 18

n= número de respostas

Fonte: questionário.

Quanto ao acesso a museus, conforme Tabela 22, os resultados apontaram o museu de

Arte Moderna, museu da Língua Portuguesa, museu Marítimo e o museu do Futebol como os

principais lugares frequentados pelos concluintes do curso de educação física. Além disso, 3

sujeitos desse grupo visitaram museus no exterior, como museu do Louvre, museu Santiago

Bernabeu, museu do Vaticano, Museu Reina Sofia, museu de Picasso de Amsterdã, museu

Anne Frank, Metropolitan, MoMA. Deste universo, é importante ressaltar como práticas

culturais relacionadas com o curso de educação física o interesse por museus relacionados

com esporte, como o museu do Futebol e o museu Santiago Bernabeu.

Em relação às viagens realizadas pelos concluintes do sistema universal, conforme

Tabela 23, verificou-se que 10/16 sujeitos realizaram algum tipo de viagem nacional, além

disso, também encontramos 3/16 sujeitos, com renda familiar superior a 7 salários, que

realizaram algum tipo de viagem ao exterior. Ainda nesse campo, nas entrevistas com os

concluintes pelo sistema universal também buscou-se conhecer as viagens realizadas, ver

Quadro 20.

Quadro 20 - Você já viajou? Para onde e o que mais gostou nas viagens?

Nunca viajei para fora, só dentro do Brasil... as viagens que eu achei mais legal foram para o Rio de Janeiro,

achei a geografia de lá muito bonita e como eu gosto muito de praia foi maravilhoso conhecer o Rio.

Também fui para Recife pela Universidade para um congresso e foi bem legal conhecer a cidade.

Ah! Fui também para São Thomé das Letras em Minas Gerais. (Márcia – concluinte pelo sistema universal)

Já viajei com a faculdade, mas para outras cidades assim não...

Nunca cheguei a sair do Estado. (Isabel – concluinte pelo sistema universal)

Difícil... porque eu já viajei bastante. (rs), mas eu gostei muito de viajar para os Estados Unidos, Uruguai e

Argentina. (Igor ´concluinte pelo sistema universal)

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Sim, as viagens que eu mais gosto é quando vai muita gente da minha família, quanto mais gente melhor...

porque a minha família é muito unida, então a gente faz de tudo para ficar junto... uma vez viajamos de navio

em um cruzeiro para Argentina e Uruguai e foi muito legal por que estava todo mundo junto...

Uma vez a gente viajou para o Tocantins, o meu avô tem uma fazenda lá, foi 2 dias para ir e 2 dias para voltar

de carro, foi super legal...

A gente também já viajou para Minas... e quando eu era menor também ia para colônia de férias, porque a

minha mãe é do serviço público e todo família ficava junto.(Joaquim – concluinte pelo sistema universal)

Foi um passeio que fiz com os meus pais pela Europa em que a gente fez um tour por vários países. A gente já

fez isso duas vezes e foram as viagem que eu mais gostei.

Fui para a França, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Itália, Áustria e Alemanha. (Thamires – concluinte pelo

sistema universal)

Os dados encontrados até esse ponto revelam mais uma vez que os concluintes pelo

sistema universal, na comparação com os ingressantes pelo sistema universal e cotas,

apresentam um maior acesso e volume de práticas culturais relacionadas com visita à museus

e viagens nacionais e ao exterior.

Nesse ponto, acreditamos que o capital cultural incorporado e a renda familiar destes

agentes influenciou no investimento do tempo livre em práticas culturais relacionadas com

museus e viagens, pois as entrevistas realizadas confirmam um maior volume de viagens,

principalmente ao exterior, pelos concluintes com pais de ensino superior e renda familiar

superior a R$ 5. 069,00.

Nesse sentido, a teoria de Bourdieu nos ajuda a compreender a relação entre o capital

cultural incorporado e o investimento do tempo livre. O argumento de Bourdieu (1998) é o de

que “[...] a acumulação inicial do capital cultural – condição da acumulação rápida e fácil de

toda espécie de capital cultural útil – só começa desde a origem, sem atraso, sem perda de

tempo, pelos membros das famílias dotadas de um forte capital cultural; nesse caso, o tempo

de acumulação engloba a totalidade do tempo de socialização. Segue-se que a transmissão do

capital cultural é, sem dúvida, a forma mais dissimulada da transmissão hereditária do capital;

por isso, no sistema das estratégias de reprodução, recebe um peso tanto maior quanto mais as

formas diretas e visíveis de transmissão tendem a ser mais fortemente censuradas e

controladas.” (p.76)

Sobre os hábitos de leitura, conforme as respostas obtidas no questionário

socioeconômico, todos os concluintes (16/16) apresentam interesse pela leitura,

principalmente pela leitura de livros relacionados com educação física: “Surf – 50 anos de

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historia”, “Musculação: desenvolvimento global”, “Manual de avaliação física”, “Ensaios

sobre o trabalho”, “Bases científicas do treinamento resistido”, “Emagrecimento: Quebrando

mitos e mudando paradigmas”, “Fisiologia humana”, “Treinamento resistido na corrida” e

“transformando suor em ouro”.

Além disso, também buscamos conhecer os tipos de programas de TV mais assistidos.

Conforme as respostas do questionário socioeconômico, observou-se nos concluintes o

interesse por filmes, programas de entrevistas, documentários, seriados, programas esportivos

e jogos de futebol, contudo, 2/16 sujeitos desse grupo relataram não assistir TV. Destes

resultados, destaca-se o gosto por programas esportivos e jogos de futebol como práticas

culturais relacionadas com o universo da educação física.

Corroborando com os resultados sobre hábitos de leituras e programas de TV, as

entrevistas com os concluintes parecem confirmar a presença, na maioria dos concluintes, do

hábito de leitura e o interesse por programas esportivos ou jogos de futebol, ver Quadro 21.

Quadro 21 - Fale dos tipos de leituras e programas de TV que você mais gosta?

Eu não assisto muito televisão, posso até dizer que eu não assisto televisão... porque tenho pouco tempo e

também porque na TV não tem coisa boa para assistir, só se for na TV a cabo, por isso prefiro não assistir.

De leitura, não tenho tanto hábito, acho que falta concentração para ler, as últimas leituras que tenho feito

são para o TCC e também tento conciliar com o TCC algumas leituras pessoais como romance ou ficção.

(Márcia – concluinte pelo sistema universal)

Gosto de livros de aventura, romance e dependendo do artigo também gosto de ler.

Assisto pouca TV, eu tenho mais costume de acessar conteúdo da internet, mas gosto de TV. (Isabel –

concluinte pelo sistema universal)

Diversificado! Gosto de ler tudo, desde jornal, revista, geografias, ficção.

Eu gosto de assistir séries, programas de esportivos, séries policiais, séries de ficção e alguns

documentários... (Igor – concluinte pelo sistema universal)

Não assisto TV... a única coisa que eu assisto, as vezes, é futebol e olhe lá! (rs)...

Assisto mais os canais o youtube. (Joaquim – concluinte pelo sistema universal)

Gosto de livro de romance e suspense.

Gosto de ver seriados e filmes e também é o que eu acabo assistindo mais, mas também gosto de assistir

programas de entrevistas. (Thamires – concluinte pelo sistema universal)

De maneira geral, as análises das respostas sobre a escolaridade dos pais, atividades

culturais realizadas com mais frequência, viagens realizadas, hábitos de leitura e programas

de TV mais assistidos, conforme as Tabelas 1, 2, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 19, 21, 22, 23 e as

entrevistas realizadas com ingressantes e concluintes, parecem confirmar a influência da

renda familiar e da escolaridade dos pais no acesso as práticas e bens culturais, pois

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constatou-se nas falas dos ingressantes e concluintes com pais de nível superior e renda

familiar superior a R$ 5.069,00, conforme Quadros 2 e 16, um maior volume de práticas

culturais e acesso a bens culturais e viagens, principalmente ao exterior.

Diante destes resultados, Bourdieu (2013a) lembra que os agentes tendem a investir

mais naquelas áreas em que, em função da composição de seu capital, eles têm maiores

probabilidades de sucesso, ou seja, em determinadas conjunturas, o capital cultural pode ser

uma das condições de acesso ao controle do capital econômico.

Entretanto, Bourdieu (2013a) também ressalta que não basta possuir capital

econômico, pois “[...] as frações mais ricas em capital cultural têm propensão a investir, de

preferência, na educação dos filhos e, ao mesmo tempo, nas práticas culturais próprias a

manter e aumentar sua raridade específica. Por sua vez, as frações mais ricas em capital

econômico relegam os investimentos culturais e educativos em benefício dos investimentos

econômicos [...].” (p. 112)

Portanto, as análises das práticas culturais dos entrevistados confirmam a influência da

renda familiar, escolaridade e ocupação dos pais na constituição do volume de capital cultural.

Para entender a importância do volume de capital cultural no investimento do tempo livre é

necessário retomar Bourdieu para explicar que o volume de capital cultural, apoiado no

capital econômico e capital social, assegura ao seu portador a possibilidade de transformar o

seu volume cultural em uma moeda de troca no campo educacional, econômico, simbólico e

social, através da reconversão social desses capitais. (BOURDIEU, 1998)

5.4.2. Práticas culturais e corporais dos concluintes pelo sistema universal do curso de

educação física

Em seguida a Tabela 24 mostra a relação entre renda familiar e como os concluintes

obtiveram informações sobre o curso de educação física.

Tabela 24

Renda familiar dos concluintes e informações sobre o curso de educação física.

n= número de respostas.

Fonte: questionário.

Informação

Renda

Por

Jornais

Por leitura de

revistas

Por amigos que

faziam o curso

Pela

Internet

Total

Até R$ 2.364 2 2

R$ 2.365 até R$4.728. 4 5

R$ 4.729 até R$ 6.304 1 2 1 3

Acima de R$ 6.305 4 2 6

Total 1 12 3 16

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Conforme a Tabela 24, verificou-se que a maioria dos concluintes conseguiu

informações sobre o curso de educação física com amigos ou conhecidos pertencentes à área

ou por meio da internet. Diante disso, com base nos resultados das Tabelas 13, 14 e 24,

podemos dizer que a renda familiar não foi determinante para ingressantes e concluintes

conseguirem informações sobre o curso de educação física e, ao mesmo tempo, é possível

destacar a influência do capital social para obter informações sobre a área.

Para entender essa relação, Bourdieu lembra que a existência de uma rede de relações

não é um dado natural, nem mesmo um “dado social”, constituído de uma vez por todas e para

sempre por um ato social de instituição (representado, no caso do grupo familiar, pela

definição genealógica das relações de parentesco que é característica de uma formação

social), mas o produto do trabalho de instauração e de manutenção que é necessário para

produzir e reproduzir relações duráveis e úteis, aptas a proporcionar lucros materiais ou

simbólicos. (BOURDIEU, 1998)

Outro dado interessante que corrobora com a situação acima descrita são as falas dos

concluintes sobre a influência da escola na escolha pelo curso de educação física.

Quadro 22 - Qual é a influência da escola na sua escolha pelo curso de educação física?

A educação física sempre fez parte do meu estilo de vida...

Eu sempre fui atleta e joguei futebol por bastante tempo na minha vida... cheguei a jogar profissionalmente.

Então eu acho que foi essa ligação com o esporte que me levou para a educação física, consegui transferir de

certa forma o que gostava de fazer para a minha realidade de vida. (Márcia – concluinte pelo sistema

universal)

De positivo da escola, eu acho que era o incentivo por parte dos professores de educação física de estar

buscando conhecer uma coisa que não é bem reconhecida hoje em dia.

O profissional de educação física é reconhecido só por trabalhar em escolas ou por trabalhar em academia,

mas infelizmente não tem valor o nosso conhecimento, então era um incentivo dela de saber que tinha mais

alguém que queria fazer aquilo que ela estava fazendo, mas por parte dos outros professores teve professor que

meio que fez cara feia quando soube que eu ia fazer educação física. (Isabel – concluinte pelo sistema

universal)

Eu acho que teve uma grande influência, mas não só da escola... o ambiente fora da escola também, porque eu

sempre fui envolvido com esportes e o que eu mais gostava na escola era a parte de educação física e eu estava

sempre jogando e participando do time de futebol da escola... (Igor – concluinte pelo sistema universal)

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Teve influência, mas por causa da prática de esportes... eu sempre pratiquei bastante esporte e sempre fui

aberto a isso... e na educação física tinha futebol, handebol e outros esportes, mas eu discordava de muita

coisa da aula de educação física porque era uma aula meio... tipo... que rebaixava um pouco o nível do curso,

do que é a educação física...

Eu sempre gostei da educação física e fui mais pelo esporte, pela prática e pelo corpo humano... e ai a

faculdade só ampliou e melhorou bastante o meu ponto de vista sobre a educação física. (Joaquim – concluinte

pelo sistema universal)

Foi enorme, porque foi a escola que me fez gostar de exercício, de trabalhar em grupo e de praticar esportes.

(Thamires – concluinte pelo sistema universal)

Em relação as falas do Quadro 22 e os resultados da Tabela 24, as análises das

respostas e dados permitem apontar a influência do capital social e a presença da escola na

escolha pelo curso de educação física. Diante disso, torna-se necessário contextualizar a

escola para entender a sua importância na transmissão do capital cultural. Nesse sentido, de

acordo com Piotto (2009), nos termos de Bourdieu, ao lado da família, a escola é uma das

principais instituições responsáveis pela transmissão do capital cultural e é, também, uma das

principais contribuintes para a manutenção e perpetuação da estrutura social.

Vale ainda destacar nas entrevistas realizadas com os concluintes pelo sistema

universal as falas dos estudantes sobre as informações que possuíam sobre o curso e a opinião

dos discentes sobre a divisão do curso de educação física em duas graduações distintas,

licenciatura e bacharelado, ver Quadros 23 e 24.

Quadro 23 - Quais são as informações que você possuía sobre a educação física?

Então, quando ingressei eu já conhecia a proposta curricular da Unifesp...

A minha primeira opção era a USP devido a ligação do curso com o esporte... mas, depois de ter ingressado

aqui comecei ver a educação física como um meio não medicamentoso de você tratar ou prevenir doenças e

promover saúde.

Sobre o curso, eu sabia que o foco da educação física na Unifesp é a saúde e de forma geral utilizar o esporte e

a atividade física, através de atividades lúdicas para promover a saúde e o bem-estar. (Márcia – concluinte

pelo sistema universal)

Eram mais gerais!

Era de conhecimento das áreas que eu poderia trabalhar, mas depois que eu entrei na faculdade foi outra

coisa... descobri muito mais coisa do que eu achava que era!

Eu até conversei uma vez com um pessoal que estava fazendo reunião para TCC e falei que fiquei surpresa com

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o tanto de coisa que a educação física tinha para oferecer e até acabei descobrindo muita coisa além do que eu

achava. (Isabel – concluinte pelo sistema universal)

Bom... eu tinha que era um curso voltado para o aprendizado dos esportes e com o curso eu poderia aprender a

montar um treinamento legal para uma pessoa, ser treinador ou professor de educação física e trabalhar com

esportes. (Igor – concluinte pelo sistema universal)

Não sabia muita coisa sobre a educação física, eu sabia o popular, assim... fiz musculação um tempo e sempre

fiz esporte e também lia sobre o assunto, então eu sabia umas coisas bem básicas... sabia outras coisas erradas

que achava que sabia, mas que estava completamente diferente da verdade, mas sabia pouco do curso e

procurei saber um pouco quando decidi fazer ENEM e descobri sobre a questão da interdisciplinaridade, de

que era um curso integral, de que você tem algumas aulas junto com os outros cursos, mas é isso... sabia o

básico. (Joaquim – concluinte pelo sistema universal)

O que eu sabia foi conversando com os meus professores do colégio, lendo na internet e em revistas.

Eu tinha como informação que o curso estudava o corpo humano, como ele funcionava, como o exercício

funciona no corpo humano e como melhora. (Thamires – concluinte pelo sistema universal)

Quadro 24 - O que você acha da divisão do curso em licenciatura e bacharelado?

Acho importante, aqui o curso é bacharel voltado para a área da saúde, então tem uma subdivisão digamos

assim... a gente tem aspectos pedagógicos, mas é muito pouco comparado com quem faz 2 ou 3 anos de

licenciatura. (Márcia – concluinte pelo sistema universal)

Eu acho que tinha que estar tudo junto!

Acho que não tem como separar isso, porque tem muita coisa que a gente aprende na faculdade de parte

biológica, só que quando a gente chega no mercado de trabalho falta alguma coisa, falta esse contato com

aluno, didática de ensino, talvez seja uma coisa mais da experiência, mas eu acho que a licenciatura também

poderia dar um respaldo por parte da faculdade...

Então, eu acho que são duas coisas que tinham que andar juntas, mesmo que o curso fosse para 5 ou 6 anos eu

ficaria, por exemplo. (Isabel – concluinte pelo sistema universal)

Eu acho legal ter essa divisão, uma coisa que eu acho é que poderia ser melhor é todas as faculdades ter as

duas opções... tipo a Unifesp só tem bacharelado, eu acho que poderia ter licenciatura também, não só

bacharelado, porque as vezes você acaba passando só em uma faculdade que tem o bacharelado e você

também quer a licenciatura e ai fica complicado, porque você já está numa faculdade e não vai largar mão

daquela faculdade porque quer a licenciatura... você tem que fazer depois...

Então, eu acho uma divisão legal porque a pessoa pode escolher, mas eu acho que todas as faculdades

deveriam ter tanto licenciatura como bacharelado. (Igor – concluinte pelo sistema universal)

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Então...um pouco complexo, por exemplo, o nosso curso tem uma carga horária absurda, a maior do Brasil e

tem curso de licenciatura e bacharelado que tem uma carga horária menor que a nossa, então eu não sei se os

outros cursos não tem a carga horária necessária ou o nosso curso que tem demais, mas eu acho que na

medida do possível bacharelado junto com licenciatura seria bom ou pelo menos ter uma extensão do curso

para 5 ou 6 anos para fazer licenciatura dentro da faculdade ou até 5 anos porque nenhuma faculdade passa

de 5 anos...

Então, eu acho que seria um pouco mais enriquecedor e contemplaria a vontade de algumas pessoas que tem

vontade de fazer licenciatura e não vai para a Unifesp ou sai no meio da faculdade para outro lugar, mas eu

acho que na medida do possível tinha que ter os dois, até porque a faculdade comporta essa carga horária.

(Joaquim – concluinte pelo sistema universal)

Eu acho interessante, mas por só ter bacharelado aqui na Unifesp isso acabou prejudicando um pouco a gente,

eu vejo colegas já formados que acabam indo para alguma particular para completar com mais um ano de

licenciatura pra conseguir o diploma, então eu acho que seria bom se aqui tivesse mais um ano para sair com

os dois diplomas, mas ao mesmo tempo, é bom você poder escolher em qual área você quer seguir, se é

bacharelado ou licenciatura. (Thamires – concluinte pelo sistema universal)

No que tange as informações que o estudante possuía sobre o curso de educação física,

observou-se nas falas que a maioria dos entrevistados possuía poucas informações ou

conhecimento sobre o curso antes do ingresso universitário. Sobre a divisão do curso em

licenciatura e bacharelado, os concluintes entrevistados demonstraram insatisfação com a

ausência do curso de licenciatura na Universidade Federal de São Paulo e, ao mesmo tempo,

ponderaram a importância da presença da licenciatura na Universidade para o estudante obter

os dois tipos de diplomas e ampliar as possibilidades de acesso ao mercado de trabalho, ou

seja, pautado no conceito de capital cultural no estado institucionalizado, acreditamos que os

concluintes entrevistados possuem consciência sobre a importância do diploma de licenciatura

no campo de trabalho.

Apesar desta crítica dos concluintes sobre a ausência da licenciatura em educação

física na Universidade Federal de São Paulo, também buscou-se descobrir nas entrevistas os

motivos da escolha pela Universidade Federal de São Paulo.

Quadro 25 - Por que você escolheu o curso da Unifesp?

Então... é mais uma questão de opção, eu já estava fazendo 2 anos de cursinho e na verdade a minha ultima

opção era a Unifesp por ter menos empatia com a grade, como eu já falei, tive uma trajetória bem presente

de esporte na minha vida e por isso eu decidi prestar educação física e resolvi fazer na USP por causa da

escola de educação física e esporte, mas eu não passei por causa de 1 ponto e para não ter que fazer o

terceiro ano de cursinho e como eu tinha passado na Unifesp que ficava na praia e como eu sempre quis

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morar na praia.

O único problema é que a Unifesp não oferecia alojamento ou moradia como a Ufscar ou a Unicamp, mesmo

assim, eu tinha um pouco de vontade de morar em outro lugar e como eu não aguentava mais morar na casa

dos meus pais com 21 anos...

Acho que foi mais ou menos isso que me fez escolher a Unifesp. (Márcia – concluinte pelo sistema universal)

Pela qualidade dos profissionais, pela cidade que investe muito em qualidade de vida... você pode ver que

Santos é uma cidade que tem um número de pessoas idosas muito grande e mesmo assim você passa na praia

a qualquer hora do dia tem gente fazendo exercício, então é um lugar que tem um investimento na área muito

grande. (Isabel – concluinte pelo sistema universal)

Por ser uma Universidade federal, um dos lugares onde eu passei e ser fora de casa e como eu já queria

morar fora de casa e viver sozinho durante o tempo de faculdade para aprender a me virar sozinho...

E também, eu acho que comparado aos outros currículos o fato da Unifesp ser voltada para a área da saúde

é uma coisa muito nova na comparação com as outras faculdades e isso te abre outras oportunidades, além

das que as outras faculdades já te oferecem. (Igor – concluinte pelo sistema universal)

Então... eu não queria fazer uma faculdade particular, porque eu achei que tinha que fazer uma coisa

diferente...

Eu gosto de educação física, mas não para trabalhar em academia ou ficar fazendo uma coisa banal que um

curso técnico possibilitaria e como hoje o nicho de academia é muito forte e como eu não sou muito fã disso e

como eu queria fazer uma coisa diferente... ai, eu pensei... para ser diferente tem que ser uma pública e como

tinha uma pública aqui em Santos...

E também, se fosse particular eu não faria educação física, porque eu queria uma coisa diferente, mesmo! Me

formar em uma coisa um pouco diferente do comum e ai foi mais nesse sentido... além da qualidade ser

diferente, a proposta da Unifesp também é um pouco diferente. (Joaquim – concluinte pelo sistema universal)

Eu passei em duas, aqui na Unifesp e na Ufscar, mas acabei optando pela Unifesp pelo que eu li que o curso

era da área da saúde e não era só exercício físico em si ou modalidades esportivas, a Unifesp era a que

oferecia uma atenção maior para a área da saúde. (Thamires – concluinte pelo sistema universal)

A partir das entrevistas realizadas, conforme Quadro 25, verificamos que a escolha

pela Universidade Federal de São Paulo parece estar relacionada ao capital cultural

incorporado e institucionalizado destes concluintes. Para entender essa escolha, é interessante

retomar Bourdieu para explicar que a escolha pelo ensino, principalmente o ensino superior,

possui relação com a necessidade de ascensão ou manutenção das posições econômicas,

sociais e culturais alcançadas. Desse modo, busca-se com a utilização do conceito de capital

cultural explicar como a origem familiar, trajetória social, educacional e bens culturais

interferem nessa decisão. (BOURDIEU, 1998)

Sobre o capital cultural incorporado e institucionalizado. Segundo Bonamino et al.

(2010), pautado na teoria de Bourdieu, o capital cultural, no seu estado incorporado, constitui

o componente do contexto familiar que atua de forma mais marcante na definição do futuro

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escolar da prole, uma vez que as referências culturais, os conhecimentos considerados

apropriados e legítimos e o domínio maior ou menor da língua culta trazida de casa (herança

familiar) facilitam o aprendizado dos conteúdos e dos códigos escolares, funcionando como

uma ponte entre o mundo da família e o da escola e o capital cultural institucionalizado está

relacionado com o grau de investimento na carreira escolar e ao retorno provável que se pode

obter com o título escolar, notadamente no mercado de trabalho.

É preciso também ponderar nas análises das respostas a possibilidade de relacionar a

escolha pela Universidade Federal de São Paulo com a busca por uma nova classificação ou

reclassificação social. A partir das falas dos concluintes, acreditamos que a escolha pela

Universidade Federal de São Paulo fundamenta-se no volume de capital cultural incorporado

e institucionalizado e na busca por uma nova classificação ou reclassificação social, pois a

maioria dos entrevistados justificaram a escolha pelo curso com base no reconhecimento

acadêmico da Universidade.

Na Tabela 25, buscou-se relacionar a renda familiar dos concluintes com as suas

perspectivas profissionais após terminar o curso de educação física.

Tabela 25

Renda familiar dos concluintes pelo sistema universal e a perspectiva profissional após

terminar o curso de educação física. Escolarização

Renda

Área

saúde

Área

acadêmica

Área

esportes

Área

lutas

Área

dança

Fazer

licenciatura

Não

sabe

Total

Até R$ 2.364 1 1 1 3

R$ 2.365 até

R$4.728.

4 1 1 1 7

R$ 4.729 até

R$ 6.304

1 1 1 3

Acima de

R$ 6.305

3 2 1 6

Total 4 8 2 1 1 1 2 19

nota: 3 sujeitos apresentaram interesses por três áreas distintas: (área de esportes/acadêmica);

(área de dança/acadêmica) e (área da licenciatura/acadêmica).

n = número de respostas

Fonte: questionário

Com base nos dados socioeconômicos analisados, conforme Tabela 25, verificou-se na

maioria dos concluintes como perspectiva profissional o interesse pela área acadêmica. Ainda

nesse contexto, em menor número encontramos o interesse pela área da saúde, pela área de

esportes e pela área de dança ou lutas. Concordando com as informações acima mencionadas,

nas entrevistas com concluintes, destaca-se, novamente, o interesse pela carreira acadêmica.

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Quadro 26 - Quais são as suas expectativas após terminar o curso?

Então... os estágios que eu fiz aqui na Universidade me levaram para uma área mais educacional, assim

trabalhar com crianças e ai entra um pouco da pedagogia que é a licenciatura que aqui não tem.

Penso em fazer mestrado ou uma pós em licenciatura ou até fazer a própria licenciatura em outra

Universidade ou mesmo trabalhar nas instituições que faço estágio atualmente, isso me agrada bastante.

Sei que em academia tradicional é uma das coisas que não gostaria de trabalhar, não é uma coisa que chama

a minha atenção, mas mesmo assim pode ser uma possibilidade...(rs) (Márcia - concluinte pelo sistema

universal)

Eu quero trabalhar na área, mas eu ainda não sei como... foi um leque tão grande para mim que me fez

gostar de tanta coisa que eu nem decidi o que vou fazer do meu TCC.

Então... eu não sei se quero ir para o mestrado fazer pesquisa, se eu quero entrar no mercado de trabalho,

não sei para onde eu quero ir...

Eu ainda estou passando por várias coisas para tentar descobrir alguma coisa que eu queira mais... (Isabel –

concluinte pelo sistema universal)

Espero conseguir trabalhar na área, eu conheço gente que fez educação física e não trabalha com educação

física... espero trabalhar na área e especialmente na área que eu quero que é futsal e treinamento de

goleiros... Espero ser bem feliz trabalhando assim, fazendo mais cursos e pós-graduação. (Igor – concluinte

pelo sistema universal)

Então... eu pretendo continuar estudando, aprendi a gostar de estudar, aprendi a gostar de pesquisar dentro

da Universidade e por isso pretendo fazer inglês, viajar depois daqui e voltar para o mestrado. (Joaquim –

concluinte pelo sistema universal)

Eu pretendo fazer mestrado ou trabalhar mesmo, mas quero mesmo é seguir para a área acadêmica.

(Thamires – concluinte pelo sistema universal)

Em relação à predominância do interesse pela carreira acadêmica, podemos apontar

alguns pontos como possíveis responsáveis por essa estratégia. Primeiramente, parece que

essa escolha possui relação com a busca por uma área com retorno financeiro e prestigio

social. Nesse sentido, segundo Bourdieu (2013a):

Entre as informações constitutivas do capital cultural herdado, uma das mais

precisas é o conhecimento prático ou erudito das flutuações desse mercado, ou

seja, o sentido do investimento permite obter o melhor rendimento, no mercado

escolar, do capital cultural herdado ou, no mercado de trabalho, do capital

escolar; nesse caso, convém ter argucia para abandonar a tempo, por exemplo, os

ramos de ensino ou as carreiras desvalorizadas para se orientar em direção aos

ramos de ensino ou carreiras do futuro, em vez de agarrar-se aos valores

escolares que, em um estado anterior do mercado, proporcionavam os mais

elevados lucros. (p. 134)

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Ainda de acordo com Bourdieu (1998), o agente toma suas decisões em função de um

cálculo de lucros passíveis de serem assegurados pelos diferentes mercados, as práticas de

uma classe determinada de agentes dependem não apenas da estrutura das chances teóricas

médias de lucro, mas das chances especificamente ligadas a essa classe, isto é, da relação, em

um momento dado do tempo, entre essa estrutura objetiva (cientificamente calculável) e a

estrutura da distribuição das diferentes espécies de capital (capital econômico, capital cultural,

capital social) entendidas, sob o prisma ora considerado, como instrumento de apropriação

dessas chances.

Outro possível fator responsável por essa escolha é a influência do contato social e

educacional construído durante a graduação. Nesse ponto, acreditamos que o concluinte, ao

longo da trajetória universitária, pode ter modificado o seu volume de capital social e capital

cultural, por meio de professores, amigos ou conhecidos e direcionou as suas perspectivas

para a área acadêmica. E finalmente, o fato dos concluintes possuírem uma renda familiar

média superior a R$ 4.728,00 também poderia explicar o interesse pela carreira acadêmica

como perspectiva profissional.

Além disso, pautado na teoria de Bourdieu (1998), também é possível relacionar este

interesse pela carreira acadêmica com o objetivo de investir em uma área que possibilite

alcançar uma nova classificação ou reclassificação social e, ao mesmo tempo, essa escolha

pode evitar uma desclassificação social do capital cultural, capital social e capital econômico

herdado anteriormente (origem familiar).

Isso se explica, segundo Bourdieu (2013a), em razão das classes médias buscarem

profissões diferenciadas, pois pretendem escapar à desclassificação e para isso “[...] podem,

com efeito, ou produzir novas profissões mais ajustadas às suas pretensões [...] ou então

reordenar, em conformidade com suas pretensões, por meio de uma redefinição que implica

uma reavaliação, as profissões às quais seus diplomas dão acesso”. (p.165)

Portanto, os resultados em questão, aparentemente, relacionam os objetivos

profissionais dos concluintes pelo sistema universal com capital cultural incorporado, renda

familiar e as concepções de classificação, reclassificação e desclassificação.

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Os resultados apresentados em seguida tem como objetivo relacionar a renda familiar

com as práticas corporais realizadas com mais frequência pelos concluintes do curso de

educação física, ver Tabela 26.

Tabela 26

Renda familiar e as práticas corporais realizadas com mais frequência pelos concluintes do

curso de educação física.

n= número de respostas

Fonte: questionário.

Em relação às práticas corporais realizadas com mais frequência, observou-se em

todos os concluintes a presença do gosto por algum tipo de prática corporal. Além disso,

nenhum concluinte mencionou não gosto de esportes. Apesar disso, chama atenção a presença

de interesses distintos por práticas corporais entre concluintes do curso de educação física, ver

Tabela 26. Para entender a presença de interesses distintos por práticas corporais entre os

concluintes pelo sistema universal, Bourdieu (2013a) explica:

[...] E apesar de existirem casos em que não há equivoco em designar a função

dominante da prática, não se tem jamais o direito de supor que a expectativa das

diferentes classes esperem a mesma coisa da mesma prática: assim, por exemplo,

pode-se exigir da ginástica – aliás, essa é a demanda popular satisfeita pelo

culturismo – a produção de um corpo forte e que exiba sinais exteriores de sua

Renda

Práticas Corporais

Até

R$ 2.364

R$ 2.365

até

R$4.728

R$ 4.729

até

R$ 6.304

Acima de

R$ 6.305

Total

Futebol/Futsal 1 2 1 4 8

Vôlei 2 1 3 6

Basquete 1 2 2 5

Handebol 1 3 1 1 6

Tênis

Atletismo (corrida, caminhada) 1 1

Ginástica 1 1

Artes marciais (Judô, Karatê, etc) 1 2 1 2 6

Musculação 3 3

Natação 2 2

Outros. Ex: Dança, Ballet, etc. 2 2

Não gosto de esportes

Total 7 13 3 17 40

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força ou, então, um corpo saudável – essa é a demanda burguesa que encontra

satisfação em uma ginástica com função essencialmente higiênica. (p. 198)

Ainda de acordo com Bourdieu (2013a):

De qualquer modo, basta ter consciência de que as variações das práticas

esportivas, segundo as classes, referem-se tanto às variações da percepção e da

apreciação das vantagens, imediatas ou diferidas, que supostamente elas devem

proporcionar, quanto às variações dos custos econômicos, culturais e também, se

é que se pode falar assim, corporais - maior ou menor risco, dispêndio físico

mais ou menos importante, etc. -, para compreender em suas grandes linhas a

distribuição das práticas entre as classes e as frações de classe. Tudo se passa

como se a probabilidade de praticar os diferentes esportes dependesse, nos

limites definidos pelo capital econômico (e cultural), assim como pelo tempo

livre, da percepção e da apreciação dos lucros e custos intrínsecos e extrínsecos

de cada uma das práticas em função das disposições do habitus e, mais

precisamente, da relação com o próprio corpo que é uma de suas dimensões.

(p.200)

Vale lembrar, apesar da constituição do capital cultural incorporado depender de

outros capitais, principalmente do capital econômico e social, é na composição do habitus que

o gosto desenvolve-se. Desse modo, é importante retomar Bourdieu (1983) para explicar:

[...] o habitus é um sistema de disposições duráveis e transponíveis que exprime,

sob a forma de preferências sistemáticas, as necessidades objetivas das quais ele

é o produto: a correspondência que se observa entre o espaço das posições

sociais e o espaço dos estilos de vida resulta do fato de que condições

semelhantes produzem habitus substituíveis que engendram, por sua vez,

segundo sua lógica específica, práticas infinitamente diversas e imprevisíveis em

seu detalhe singular, mas sempre encerradas nos limites inerentes às condições

objetivas das quais elas são o produto e às quais elas estão objetivamente

adaptadas. Constituído num tipo determinado de condições materiais de

existência, esse sistema de esquemas geradores, inseparavelmente éticos ou

estéticos, exprime segundo sua lógica própria a necessidade dessas condições em

sistemas de preferências cujas oposições reproduzem, sob uma forma

transfigurada e muitas vezes irreconhecível, as diferenças ligadas à posição na

estrutura da distribuição dos instrumentos de apropriação, transmutadas, assim,

em distinções simbólicas. (pp 82-83)

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Ainda neste contexto, é importante apresentar as falas dos concluintes entrevistados

para apontar a presença do gosto por práticas corporais na constituição do capital cultural

incorporado, ver Quadro 27.

Quadro 27 - Fale sobre os seus esportes favoritos?

No momento... não é nem no momento, mas sempre o que mais me interessou foi futebol, futsal... já passei por

vôlei também, já joguei handebol em campeonato pela faculdade, mas o futebol sempre foi desde criança,

talvez por causa do meu pai, sempre foi mais forte. (Isabel – concluinte pelo sistema universal)

Futebol, futsal, vôlei, handebol, natação...

Eu sempre pratiquei esporte a minha vida toda! (Igor – concluinte pelo sistema universal)

Futebol e futevôlei...

Hoje em dia eu jogo mais futevôlei do que futebol, mas os dois são disparados os meus esportes favoritos.

(Joaquim – concluinte pelo sistema universal)

Dança, futsal, futebol, andar de bicicleta ou patins, correr (rs) é difícil um esporte que eu não goste, acho que

só vôlei eu não gosto (rs). (Thamires – concluinte pelo sistema universal)

Pode-se dizer, portanto, que a relação entre práticas corporais realizadas com mais

frequência, conforme as Tabelas 17, 18 e 26, e as entrevistas sobre esportes favoritos,

conforme Quadros 14 e 27, observou-se mais uma vez a existência da relação entre capital

cultural incorporado e a prática corporal, pois todos os ingressantes e concluintes, apesar de

possuírem capitais culturais, econômicos e sociais distintos, apresentaram gostos semelhantes

por práticas culturais e corporais relacionadas com a educação física. Diante disso, podemos

dizer que ambos os grupos incorporaram em seu capital cultural, por meio do habitus, o gosto

por práticas corporais relacionadas com a educação física.

Nesse contexto, é importante retomar o conceito de gosto para entender a sua ação.

Segundo Strehlau, pautado no conceito de gosto proposto por Bourdieu, o gosto não é

totalmente originado do livre-arbítrio, mas moldado pelas condições de existência, estilos de

vida, que vão moldar as preferências do indivíduo, ou seja, não existe uma escolha totalmente

livre, pois o gosto é moldado em parte pelas circunstâncias de vida da pessoa, ou seja, as

escolhas são limitadas pelas disposições de um dado habitus em um determinado momento.

(STREHLAU, 2005)

Portanto, com base nos resultados obtidos nas Tabelas 17, 18, 26 e nas respostas sobre

os esportes favoritos, podemos afirmar que o gosto pela prática corporal advém do capital

cultural incorporado pelo agente, ou seja, o capital cultural de origem e o investimento do

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tempo livre em práticas da educação física, aparentemente, tem influência na escolha pelo

curso.

Outra importante informação que corrobora com a presença de práticas culturais e

corporais no capital cultural de concluintes do curso são as falas sobre os motivos e razões

para a escolha pelo curso de educação física, ver Quadro 28.

Quadro 28 - Quais foram os seus motivos e razões para a escolha do curso de educação física?

A educação física sempre fez parte do meu estilo de vida...

Eu sempre fui atleta e joguei futebol por bastante tempo na minha vida... cheguei a jogar profissionalmente.

Então eu acho que foi essa ligação com o esporte que me levou para a educação física, consegui transferir de

certa forma o que gostava de fazer para a minha realidade de vida. (Márcia – concluinte pelo sistema

universal)

Foi uma coisa que eu sempre me interessei, vendo o interesse dos meus pais por esporte, por atividade física

e também eu praticava desde pequena...

Então, era uma coisa que estava em mim e eu não conseguia deixar de lado, então mesmo que eu pensasse:

Ah! Não é isso que eu quero para a minha vida, mas pelo menos vou tentar...

Eu precisava tentar e acabei descobrindo e ficando por aqui... (rs) (Isabel – concluinte pelo sistema

universal)

Eu acho que o principal motivo é que eu sempre me envolvi, principalmente, com futsal e eu queria continuar

trabalhando com isso, só que como eu sabia que para ser jogador é muito mais complicado do que você ir

para os estudos e como eu queria continuar trabalhando com futsal, resolvi ir para os estudos e a única

maneira de continuar com isso seria a educação física...

Então eu acho que esse foi o principal motivo para escolher a educação física! (Igor – concluinte pelo

sistema universal)

Não sei cara...(rs), eu sempre tive facilidade com expressão corporal, com comportamento motor, com

esportes e sempre tive facilidade com o aprender fisicamente... e gostava muito e nunca fui muito bom com a

teoria e sempre com a prática e quando cheguei na Universidade achava que era mais prático e hoje eu gosto

muito também da teoria...

Eu aprendi a gostar de estudar fisiologia, da teoria do movimento, não só do movimento em si, mas de como

ele acontece...

Eu sempre desde pequeno gostei de movimento, não sei direito, mas eu acho que a educação física sempre foi

uma coisa que fez parte da minha vida. (Jaoquim – concluinte pelo sistema universal)

Eu sempre gostei muito de dança, a dança sempre fez parte da minha vida e sempre foi uma área que eu segui

e antes de prestar o vestibular eu estava muito envolvida com a dança e falava assim:

- Ah! vou tentar, quem sabe!

E eu também gostava muito de futsal... acho que como é uma coisa que eu gosto resolvi tentar para ver se

dava certo.(Rs) (Thamires – concluinte pelo sistema universal)

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A partir das falas sobre os motivos e razões para a escolha pelo curso de educação

física, conforme Quadro 28, revela-se mais uma vez, nas entrevistas com os concluintes, a

presença da prática corporal no habitus do capital cultural dos ingressantes e concluintes

entrevistados, pois a maioria das respostas confirmam o envolvimento com práticas corporais

durante a trajetória social e educacional e, ao mesmo tempo, apontam esse contato como

responsável pela escolha do curso de educação física.

Finalizando nosso trabalho, aqui passamos a entender porque o contato com práticas

culturais e corporais da educação física na origem familiar, trajetória educacional e social

exercem influência na escolha pelo curso de educação física, pois as análises dos resultados

obtidos no questionário socioeconômico e nas entrevistas semi-estruturadas com ingressantes

pelo sistema universal, ingressantes pelo sistema de cotas e concluintes pelo sistema universal

revelaram a presença de práticas culturais e corporais da educação física no habitus do capital

cultural destes estudantes e, ao mesmo tempo, parecem confirmam a influência desse capital

cultural incorporado na escolha pelo curso de educação física da Universidade Federal de São

Paulo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa procurou identificar as razões da escolha pelo curso de educação física

da Universidade Federal de São Paulo, utilizando o conceito de capital cultural proposto por

Pierre Bourdieu, como referencial teórico. Para chegar a este objetivo foram selecionados 40

estudantes do curso, divididos em 2 grupos: o primeiro grupo com 24 ingressantes e o

segundo grupo com 16 concluintes. Além disso, o fato do vestibular utilizar sistema universal

e sistema de cotas também possibilitou a esta pesquisa dividir os 24 ingressantes em 2

subgrupos: 16 ingressantes pelo sistema universal e 8 ingressantes pelo sistema de cotas.

Após análise do questionário socioeconômico, foram selecionados 10 estudantes para

entrevistas semi-estruturadas a fim de identificar a influência do contato com práticas

culturais e corporais da educação física na origem familiar, trajetória social e trajetória

educacional com a escolha pelo curso de educação física da Universidade Federal de São

Paulo.

Sobre os objetivos da pesquisa, definiu-se como interesse: identificar junto aos

ingressantes e concluintes como suas práticas familiares, sociais e escolares podem reverter-se

em razões para a escolha pelo curso de educação física da Universidade Federal de São Paulo.

Nesse sentido, as análises dos resultados do questionário socioeconômico e das entrevistas

semi-estruturadas revelaram, como esperado, a influência da relação entre renda familiar,

investimento na trajetória escolar e escolaridade dos pais no acesso a práticas culturais e bens

culturais, pois constatou-se nos sujeitos com renda superior a R$ 5.069,00, percurso escolar

na iniciativa privada e pais com ensino superior um maior volume de respostas sobre práticas

culturais, como cinema, teatro, biblioteca, shows, feiras culturais, eventos esportivos, visita a

museus e viagens realizadas, principalmente ao exterior. Entretanto, chama a atenção nas

análises dos dados e nas falas de ingressantes e concluintes a presença de interesses

semelhantes por práticas culturais e corporais, como esportes favoritos, eventos esportivos,

modalidades esportivas, programas esportivos e jogos de futebol.

Diante disso, segundo a teoria de Bourdieu, podemos afirmar que apesar de distintos

em capital econômico, capital social e capital cultural, estes sujeitos incorporaram em seu

capital cultural por meio do habitus o interesse por esportes coletivos e individuais e,

consequentemente, a constituição dessas práticas corporais e culturais no capital cultural

incorporado influenciou na escolha pelo curso de educação física.

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Sobre as perspectivas profissionais após o termino do curso, os dados analisados e as

entrevistas realizadas permitem apontar o fato do curso ser bacharelado na modalidade de

saúde, a renda familiar, o amplo campo de trabalho e, sobretudo, o capital cultural como

responsáveis por ingressantes pelo sistema universal, ingressantes pelo sistema de cotas e

concluintes pelo sistema universal apresentarem, na sua maioria, objetivos profissionais

distintos, contudo, destaca-se nos concluintes pelo sistema universal o interesse pela carreira

acadêmica como perspectiva profissional.

Ainda nesta questão, respondendo a um dos nossos objetivos, para entender as

diferentes perspectivas profissionais de ingressantes e concluintes, pautado no conceito de

Bourdieu, é possível afirmar que as atitudes a respeito da escola, da cultura escolar e do futuro

oferecido pelos estudos são, em grande parte, a expressão do sistema de valores implícitos ou

explícitos que eles devem a sua posição social.

Em relação ao interesse pela carreira acadêmica por parte dos concluintes pelo sistema

universal, acreditamos que a trajetória universitária em uma instituição reconhecida

academicamente pela pesquisa e por seus programas de pós-graduação modificou o volume

de capital social e capital cultural destes estudantes, por meio de professores, amigos ou

conhecidos, e direcionou as suas perspectivas para a área acadêmica, além disso, o fato dos

concluintes, na sua maioria, apresentarem renda familiar média superior a R$ 4.728,00 e pais

com ensino superior também permite ao nosso trabalho relacionar esta decisão com a busca

por reconversão da posição no espaço social, pois a carreira acadêmica é considerada uma

área com retorno financeiro e prestígio social.

Outra problemática investigada nesta pesquisa é o perfil dos ingressantes e concluintes

do curso de educação física da Universidade Federal de São Paulo. Neste ponto, a

caracterização dos ingressantes e concluintes revelou que o curso de educação física da

Universidade Federal de São Paulo é composto por sujeitos pertencentes à classe média, pois

a maioria dos estudantes, oriundos do sistema universal, possui pais com ensino superior e

renda familiar superior a R$ 3.940,00, no entanto, com a lei de reserva de vagas ou lei de

cotas foi possível constatar que o curso de educação física da Universidade Federal de São

Paulo, a partir do ano de 2010, ampliou o acesso ao ensino superior para alunos das classes

populares provenientes do ensino público.

Quanto à hipótese de que o contato com práticas culturais e corporais relacionadas

com o universo da educação física na origem familiar, trajetória social e educacional exercem

influência na escolha pelo curso de educação física, os dados analisados no questionário

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socioeconômico e nas entrevistas semi-estruturadas direcionam para que esta hipótese seja

confirmada, pois todos os ingressantes e concluintes parecem possuir em seu capital cultural

incorporado o habitus por práticas culturais e corporais relacionadas com a educação física,

ou seja, confirmou-se a hipótese de que a incorporação no habitus de práticas da educação

física construídas entre o núcleo familiar de origem e o capital cultural de chegada influencia

na escolha pelo curso de educação física.

Apesar dos resultados encontrados até aqui demonstrarem que ingressantes e

concluintes apresentam incorporado no capital cultural o habitus por práticas culturais e

corporais da educação física, isto pode não ser suficiente para explicar essa escolha, sendo

necessário utilizar as concepções de classificação, reclassificação e desclassificação para

entender a estratégia adotada pelo estudante na escolha pelo curso de educação física na

Universidade Federal de São Paulo.

Nesse sentido, apoiado no conceito de Bourdieu, acreditamos que no caso dos

ingressantes e concluintes pelo sistema universal a escolha pelo curso de educação física da

Universidade Federal de São Paulo é uma estratégia de reconversão com deslocamentos

verticais para conquistar uma nova classificação social e, ao mesmo tempo, evitar uma

possível desclassificação social do capital cultural, capital social e capital econômico herdado

anteriormente (origem familiar), pois embora os salários não sejam muito altos, sabe-se que o

curso é reconhecido academicamente como um curso de qualidade e a área possui um amplo e

diversificado campo de atuação profissional.

Por outro lado, no caso dos ingressantes pelo sistema de cotas pertencentes na sua

maioria às classes populares, a escolha pelo curso de educação física da Universidade Federal

de São Paulo parece ser uma estratégia de reconversão com deslocamentos transversais com o

intuito de buscar por uma nova classificação ou reclassificação social, pois o fato do grupo

pertencer às classes populares, ter tido sua trajetória escolar em escolas públicas, possuir pais

com ensino fundamental I, II ou médio incompleto ou completo e com ocupações que exigem

alguma escolarização ou pouca qualificação reforça o pensamento de ascensão para essa

classe social. Além disso, pelo quadro até aqui apresentado, podemos afirmar, apoiado na

teoria de Bourdieu, o acesso dos ingressantes pelo sistema de cotas ao ensino superior pode

contribuir para uma translação global da estrutura em razão da reconversão social do capital

cultural, social e econômico desse grupo.

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ANEXOS

Anexo I – Questionário aplicado aos ingressantes pelo sistema universal e sistema de

cotas

Parte I -

1. Nome: ___________________________________________ Idade: _____

e-mail: ___________________________________________

2. Sexo:

( ) Masculino ( ) Feminino

3. Idade: _____

4. Curso: _________________________ Semestre: _______

5. Forma de ingresso no curso:

( ) Sistema universal ( ) Sistema de cotas

6. Tempo total de escolarização até o ingresso no curso universitário:

( ) 12 anos de escolarização;

( ) 13 – 15 de escolarização

( ) 16 – 18 de escolarização

( ) Mais de dezoito anos

7. Cursou o ensino fundamental I:

( ) Ensino Público ( ) Ensino Privado

( ) Com bolsa de estudos integral - fornecida por

________________________________________

( ) Com bolsa de estudos parcial - fornecida por

________________________________________

( ) Sem bolsa

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8. Cursou o ensino fundamental II:

( ) Ensino Público ( ) Ensino Privado

( ) Com bolsa de estudos integral - fornecida por

________________________________________

( ) Com bolsa de estudos parcial - fornecida por

________________________________________

( ) Sem bolsa

9. Cursou o ensino médio:

( ) Ensino Público ( ) Ensino Privado

( ) Com bolsa de estudos integral - fornecida por

________________________________________

( ) Com bolsa de estudos parcial - fornecida por

________________________________________

( ) Sem bolsa

10. Grau de instrução do pai:

( ) Analfabeto;

( ) Ensino fundamental I;

( ) Ensino fundamental II;

( ) Ensino médio;

( ) Ensino superior incompleto; Curso: __________________________

( ) Ensino superior completo; Curso: ___________________________

( ) Pós-graduação

11. Grau de instrução da mãe:

( ) Analfabeta;

( ) Ensino fundamental I;

( ) Ensino fundamental II;

( ) Ensino médio;

( ) Ensino superior incompleto; Curso: __________________________

( ) Ensino superior completo; Curso: ___________________________

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( ) Pós- graduação incompleto; Curso: ___________________________

( ) Pós -graduação completo; Curso: _________________________

11. Escolarização dos avós paternos

( ) Analfabeto;

( ) Ensino fundamental I;

( ) Ensino fundamental II;

( ) Ensino médio;

( ) Ensino superior incompleto; Curso: __________________________

( ) Ensino superior completo; Curso: ___________________________

( ) Pós-graduação incompleto

( ) Pós-graduação completo

12. Escolarização dos avós maternos

( ) Analfabeto;

( ) Ensino fundamental I;

( ) Ensino fundamental II;

( ) Ensino médio;

( ) Ensino superior incompleto; Curso: __________________________

( ) Ensino superior completo; Curso: ___________________________

( ) Pós-graduação incompleto

( ) Pós-graduação completo

13. Ocupação dos pais

13.1. Ocupação atual do pai: __________________________

Caso seja aposentando, ocupação anterior à aposentadoria:__________________

13.2. Ocupação atual da mãe: __________________________

Caso seja aposentando, ocupação anterior à aposentadoria:__________________

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14. Renda familiar mensal?

( ) até R$ 724,00;

( ) R$ 725,00 até R$ 1.448,00

( ) R$ 1.449,00 até R$ 2.172,00

( ) R$ 2.173,00 até R$ 2.896,00

( ) R$ 2.897,00 até R$ 3.620,00

( ) R$ 3.621,00 até R$ 4.344,00

( ) R$ 4.345,00 até R$ 5.068,00

( ) R$ 5.069,00 até R$ 5. 792,00

( ) Acima de R$ 5.793,00

15. Quantas e quais pessoas contribuem para a renda mensal?

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) Pai; ( ) Avós maternos;

( ) Mãe; ( ) Irmão;

( ) Pai e mãe; ( ) Irmã;

( ) Avós paternos; ( ) Você;

Parte II

16. Quais os tipos de atividades culturais você costumava praticar com mais frequência

durante o ensino médio? Especifique a frequência dessas atividades: semanal (S),

quinzenal (Q); mensal (M); anualmente (A).

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) Cinema; ( )

( ) Teatro; ( )

( ) Biblioteca; ( )

( ) Shows e feiras culturais; ( )

( ) Eventos esportivos; ( )

( ) Viagens para o exterior; qual país:___________________ ( )

( ) Viagens nacionais; qual local: _____________________ ( )

( ) Outro tipo de atividade: ________________________ ( )

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17- Se você viajava, especifique:

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) sozinho;

( ) com amigos do colégio;

( ) com outros amigos;

( ) com os pais;

( ) com parentes;

( ) não viajei recentemente;

18. Que tipo de programa de TV você costuma assistir?

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) Jornal ( ) Novelas.

( ) Entrevistas ( ) Filmes.

( ) Programas de Auditório. ( ) Seriados.

( ) Programas Humorísticos. ( ) Reality Show.

( ) Desenho animado. ( ) Programas esportivos;

( ) Documentários. ( ) Outro (s) qual (is)? ________________

( ) Jogos de futebol ( ) Não assisto TV.

19. Quais os tipos de atividades esportivas você costumava praticar com mais frequência

durante o ensino médio?

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) Futebol/futsal;

( ) Vôlei;

( ) Basquete;

( ) Handebol;

( ) Tênis;

( ) Atletismo (corrida, maratona, caminhada).

( ) Ginástica;

( ) Artes marciais (judô, karatê, capoeira);

( ) Musculação;

( ) Natação;

( ) Outro (s) Qual (is) __________________________

( ) Não gosto de nenhum tipo de esporte

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20. Qual estilo de música você ouve com mais frequência?

( ) Pop/Rock Nacional/Internacional. ( ) Brega

( ) Sertanejo Universitário. ( ) Rock Nacional/Internacional.

( ) Blues / Jazz. ( ) MPB.

( ) Romântica. ( ) Reggae.

( ) Clássica. ( ) Eletrônica.

( ) Funk. ( ) Não gosto de música.

21- Quais museus você já visitou?

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) Museu de Arte Moderna (MASP – São Paulo);

( ) Museu da Língua Portuguesa (São Paulo);

( ) Museu do Futebol (Estádio do Pacaembú – São Paulo);

( ) Museu Maritimo – (Santos);

( ) Pinacoteca do Estado (São Paulo);

( ) Centro da Memória Esportiva Museu De Vaney (Santos);

( ) Outros (indique o nome e o local)___________________________________

22 – Quais foram os dois últimos livros que você leu?

23 - O que você conhecia sobre o curso de educação física ao escolhê-lo?

24- Como obteve essa (s) informação (ões) sobre o curso de educação física:

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) Por leituras de jornais;

( ) Por leituras de revistas;

( ) Por amigos que faziam o curso;

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25- Segundo essas informações, o que o curso propiciaria?

26- Quais são as suas expectativas sobre o curso?

27- Qual é o seu objetivo profissional após concluir o curso?

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Anexo II – Questionário aplicado aos concluintes.

Parte I –

1- Nome: ___________________________________________ Idade: _____

e-mail: ___________________________________________

2. Sexo:

( ) Masculino ( ) Feminino

3. Idade: _____

4. Curso: _________________________ Semestre: _______

5. Forma de ingresso no curso:

( ) Sistema universal ( ) Sistema de cotas

6. Tempo total de escolarização até o ingresso no curso universitário:

( ) 12 anos de escolarização;

( ) 13 – 15 de escolarização

( ) 16 – 18 de escolarização

( ) Mais de dezoito anos

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7 – Qual é o nível de escolarização de seus familiares?

Pai

Mãe

Avó

(paterno)

Avô

(materno)

Avó

(materno)

Avô

(materno)

Não alfabetizado

Ensino Fundamental –

ciclo I (até 5ª ano ou 4ª

série)

Ensino Fundamental –

ciclo II (até 9ª ano ou

8ª série)

Ensino Médio

(até 3ª ano)

Ensino superior –

Curso

Incompleto

Completo

Pós- graduação

Incompleto

Completo

*Caso não tenha concluído o ensino fundamental I, ensino fundamental II ou ensino médio,

assinalar ano/série de interrupção dos estudos.

*Assinale o curso de graduação ou pós-graduação.

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8. Ocupação dos pais

8.1. Ocupação atual do pai: __________________________

Caso seja aposentando, ocupação anterior à aposentadoria:__________________

8.2. Ocupação atual da mãe: __________________________

Caso seja aposentando, ocupação anterior à aposentadoria:__________________

9. Renda familiar mensal?

( ) até R$ 724,00;

( ) R$ 725,00 até R$ 1.448,00

( ) R$ 1.449,00 até R$ 2.172,00

( ) R$ 2.173,00 até R$ 2.896,00

( ) R$ 2.897,00 até R$ 3.620,00

( ) R$ 3.621,00 até R$ 4.344,00

( ) R$ 4.345,00 até R$ 5.068,00

( ) R$ 5.069,00 até R$ 5. 792,00

( ) Acima de R$ 5.793,00

10. Quantas e quais pessoas contribuem para a renda mensal?

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) Pai; ( ) Avós maternos;

( ) Mãe; ( ) Irmão;

( ) Pai e mãe; ( ) Irmã;

( ) Avós paternos; ( ) Você;

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Parte II

11. Quais os tipos de atividades culturais você costumava praticar com mais frequência

durante o ensino médio? Especifique a frequência dessas atividades: (S) semanal, (Q)

quinzenal; (M) mensal; (A) anualmente.

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) Cinema; ( )

( ) Teatro; ( )

( ) Biblioteca; ( )

( ) Shows e feiras culturais; ( )

( ) Eventos esportivos; ( )

( ) Viagens para o exterior; qual país:___________________ ( )

( ) Viagens nacionais; qual local: _____________________ ( )

( ) Outro tipo de atividade: ________________________ ( )

12- Se você viajava, especifique:

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) sozinho;

( ) com amigos do colégio;

( ) com outros amigos;

( ) com os pais;

( ) com parentes;

( ) não viajei recentemente;

13. Que tipo de programa de TV você costuma assistir?

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) Jornal ( ) Novelas.

( ) Entrevistas ( ) Filmes.

( ) Programas de Auditório. ( ) Seriados.

( ) Programas Humorísticos. ( ) Reality Show.

( ) Desenho animado. ( ) Programas esportivos;

( ) Documentários. ( ) Outro (s) qual (is)? ________________

( ) Jogos de futebol ( ) Não assisto TV.

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14. Quais os tipos de atividades esportivas você costumava praticar com mais frequência

durante o ensino médio?

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) Futebol/futsal;

( ) Vôlei;

( ) Basquete;

( ) Handebol;

( ) Tênis;

( ) Atletismo (corrida, maratona, caminhada).

( ) Ginástica;

( ) Artes marciais (judô, karatê, capoeira);

( ) Musculação;

( ) Natação;

( ) Outro (s) Qual (is) __________________________

( ) Não gosto de nenhum tipo de esporte

15. Qual estilo de música você mais ouve?

( ) Pop/Rock Nacional/Internacional. ( ) Brega

( ) Sertanejo Universitário. ( ) Rock Nacional/Internacional.

( ) Blues / Jazz. ( ) MPB.

( ) Romântica. ( ) Reggae.

( ) Clássica. ( ) Eletrônica.

( ) Funk. ( ) Não gosto de música.

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16- Quais museus você já visitou?

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) Museu de Arte Moderna (MASP – São Paulo);

( ) Museu da Língua Portuguesa (São Paulo);

( ) Museu do Futebol (Estádio do Pacaembú – São Paulo);

( ) Museu Maritimo – (Santos);

( ) Pinacoteca do Estado (São Paulo);

( ) Centro da Memória Esportiva Museu De Vaney (Santos);

( ) Outros (indique o nome e o local)___________________________________

17 – Quais foram os dois últimos livros que você leu?

18 - O que você conhecia sobre o curso de educação física ao escolhê-lo?

19- Como obteve essa (s) informação (ões) sobre o curso de educação física

*Se necessário, assinale mais de uma alternativa.

( ) Por leituras de jornais;

( ) Por leituras de revistas;

( ) Por amigos que faziam o curso;

20- Segundo essas informações, o que o curso propiciaria?

21- O curso atendeu as suas expectativas?

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_________________________________________________________________

22- Qual é o seu objetivo profissional após concluir o curso?

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Anexo III – Roteiro de entrevistas.

Sobre a sua vida pessoal e escolar

- Você vive com seus pais ou sozinho?

- Em casa própria ou alugada e em que local?

- Durante o seu percurso escolar, você estudou em escola particular ou pública?

- Como era a cobrança dos seus pais ou responsáveis em relação as suas notas?

- Quais eram as expectativas de seus pais ou responsáveis sobre a escola?

- Quais os fatos da sua vida escolar você considera como positivos e negativos?

- Qual é a participação dos seus pais ou responsáveis na escolha pelo curso superior?

- Qual foi à reação dos seus pais ou responsáveis sobre a sua escolha pelo curso de educação

física?

- Qual é a influência da escola na sua escolha pelo curso de educação física?

- Você fez algum tipo de cursinho pré-vestibular? Se sim, qual e aonde?

- Você fez algum tipo de curso extra - curricular como, por exemplo, inglês, dança, futebol,

música ou informática?

Sobre o curso de educação física

- Quais são as informações que você possui sobre a educação física?

- Quais foram os seus motivos e razões para a escolha do curso de educação física?

- Por que você escolheu o curso da Unifesp?

- A educação física sempre foi a sua primeira opção de carreira, porquê?

- O que você acha da divisão do curso em licenciatura e bacharelado?

- Quais são as suas expectativas após terminar o curso?

- Quanto você acha que um professor de educação física ganha no mercado de trabalho? Em

qual área?

Sobre as suas opções de passeios, esportes, lazer

- Quais são as atividades culturais (cinema, teatro, museu, parques, shows) que você costuma

realizar com mais frequência, cite as três ultimas atividades culturais que você realizou?

- Fale sobre os seus esportes favoritos?

- Você já viajou? Para onde e o que mais gostou nas viagens?

- Fale dos tipos de leituras e programas de Tv que você mais gosta?

- Fale das atividades familiares que você realiza com mais frequência?

- Fale da importância dessas atividades?

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Anexo IV – Entrevistas realizadas com ingressantes pelo sistema universal, ingressantes

pelo sistema de cotas e concluintes pelo sistema universal.

Como era a cobrança dos seus pais ou responsáveis em relação as suas notas?

Willian

Sempre foram muito exigentes e rigorosos ao que cobravam (rs).

Edmar

Eles eram bem tranquilos, porque eu nunca tive problemas quanto a isso... sempre foram bem

tranquilos, se eu tinha algum problema falava com eles...

Eles sempre davam apoio... não tinha uma cobrança muito grande.

Osvaldo

Sempre exigiam que tivesse notas boas.

Tábata

Ah! Eles queriam que eu estudasse na melhor escola possível, mas como a gente não tinha condições

de pagar cursinho ou escola particular tive que estudar sozinha e como a minha nota foi boa, mas

não suficiente para passar na USP, por exemplo, eu entrei na Unifesp, mas eu estou muito satisfeita

com a Unifesp.

Thais

Minha mãe sempre exigia bastante do meu desempenho na escola, acompanhava e cobrava um

melhor rendimento quando necessário.

Márcia

Ah!... eram tranquilos...

Eu e minha irmã, a gente sempre teve uma boa educação para ter que estudar e buscar um bom

futuro...e por isso a gente sempre foi bem na escola... não lembro de ter tido notas ruins ou queixas

que meus pais precisassem conversar comigo.

Isabel

Ah! Eles sempre foram bem rígidos, assim... eles entendiam o esforço que eu tinha com rotina e tudo,

mas eles sempre foram bem rígidos...

A minha mãe sempre cobrou muito da gente porque ela não teve oportunidade de estudar e falava

para gente que ela estava batalhando para que a gente tivesse oportunidade e por isso tínhamos que

fazer a nossa parte também.

Igor

Bem rígida... bem rígida, eles sempre cobraram ter boas notas o tempo todo.

Joaquim

Conforme o passar do tempo foi aumentando, mas até a 7ª série foi tranquilo, tipo não tinha

problema com nota... dai, depois na 8ª série começou a bagunça e a cobrança foi um pouco maior

do meu pai, mas não foi nada exagerado... de certa forma foi tranquilo...(rs)

Thamires

Sempre foi grande, embora eu nunca fosse uma ótima aluna, sempre tive muita cobrança.

Os meus pais sempre foram os melhores alunos da turma e fizeram ótimas faculdades e por isso eu

sempre fui muito cobrada.

Qual é a influência da escola na sua escolha pelo curso de educação física?

Willian

Parcial, pois na escola tive algumas reuniões sobre a escolha do curso superior e foram essas

reuniões de orientação que motivaram essa parte oprimida que eu tinha em mim.

Edmar

A minha escola era totalmente voltada para área do conhecimento, eles não davam nenhuma

importância para a educação física, tanto que era só ir na aula assinar a lista com o nome e ir

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embora... não davam nenhuma importância para a educação física.

Osvaldo

Influenciou muito, sempre gostei de praticar esporte na escola.

Tábata

Sempre gostei muito dos meus professores de educação física e mesmo na escola onde estudei as

meninas acabavam não participando tanto da aula e não tinha estrutura e tal...

A escola nem tanto, mas eu acho que a academia é que realmente me aproximou da educação física

Thais

Infelizmente a educação física no ensino público não serve de influência para nenhum futuro

educador... pelo menos no meu caso! (Rs)

Márcia

A educação física sempre fez parte do meu estilo de vida...

Eu sempre fui atleta e joguei futebol por bastante tempo na minha vida... cheguei a jogar

profissionalmente. Então eu acho que foi essa ligação com o esporte que me levou para a educação

física, consegui transferir de certa forma o que gostava de fazer para a minha realidade de vida.

Isabel

De positivo da escola, eu acho que era o incentivo por parte dos professores de educação física de

estar buscando conhecer uma coisa que não é bem reconhecida hoje em dia.

O profissional de educação física é reconhecido só por trabalhar em escolas ou por trabalhar em

academia, mas infelizmente não tem valor o nosso conhecimento, então era um incentivo dela de

saber que tinha mais alguém que queria fazer aquilo que ela estava fazendo, mas por parte dos

outros professores teve professor que meio que fez cara feia quando soube que eu ia fazer

educação física.

Igor

Eu acho que teve uma grande influência, mas não só da escola... o ambiente fora da escola

também, porque eu sempre fui envolvido com esportes e o que eu mais gostava na escola era a

parte de educação física e eu estava sempre jogando e participando do time de futebol da escola...

Joaquim

Teve influência, mas por causa da prática de esportes... eu sempre pratiquei bastante esporte e

sempre fui aberto a isso... e na educação física tinha futebol, handebol e outros esportes, mas eu

discordava de muita coisa da aula de educação física porque era uma aula meio... tipo... que

rebaixava um pouco o nível do curso, do que é a educação física...

Eu sempre gostei da educação física e fui mais pelo esporte, pela prática e pelo corpo humano... e

ai a faculdade só ampliou e melhorou bastante o meu ponto de vista sobre a educação física.

Thamires

Foi enorme, porque foi a escola que me fez gostar de exercício, de trabalhar em grupo e de

praticar esportes.

Você fez algum tipo de curso extra - curricular como, por exemplo, inglês, dança,

futebol, música ou informática?

Willian

Fiz somente Inglês.

Edmar

Eu fiz tênis e natação por um período.

Osvaldo

Fiz somente curso de informática.

Tábata

Eu fiz um curso de informática pago pelo meu pai e fiz um de inglês gratuito no Ceú pela secretaria

do Estado de São Paulo.

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Thais

Fiz dança desde os meus 5 anos de idade, espanhol e informática. Os dois últimos através da

escola na qual estudei.

Márcia

Eu Fiz um tempo de informática... idiomas não... fiz bastante esporte, escolinha de futebol e joguei

em um time grande...fiz curso de música com violão e na Universidade comecei a ter contato com a

dança, mas antes disso não.

Isabel

Fiz computação, mas faz muito tempo!

Igor

Eu fiz natação, participei de equipe de futebol de campo, futsal, equipe de vôlei... acho que foi isso!

(rs)

Joaquim

Então... fiz tecnólogo de petróleo e gás durante 3 anos e ai... eu fiz o curso porque não queria fazer

uma faculdade particular de educação física e como o mercado é um pouco saturado... achei que

tinha que fazer uma faculdade pública, mas ai na época tinha o curso de petróleo e gás e mesmo o

curso de petróleo sendo menor resolvi fazer, mas nunca me interessei profundamente por isso.

Thamires

Inglês, sempre fiz desde pequena.

Fale sobre os seus esportes favoritos?

Edmar Atletismo, Natação, Ginástica Acrobática e Basquete.

Tábata

Musculação, vôlei e basquete, mas como eu sou muito baixinha é difícil para jogar.

Márcia

Futebol, surf e também tenho feito outras atividades como dança e circo.

Isabel

No momento... não é nem no momento, mas sempre o que mais me interessou foi futebol, futsal... já

passei por vôlei também, já joguei handebol em campeonato pela faculdade, mas o futebol sempre

foi desde criança, talvez por causa do meu pai, sempre foi mais forte.

Igor

Futebol, futsal, vôlei, handebol, natação...

Eu sempre pratiquei esporte a minha vida toda!

Joaquim

Futebol e futevôlei...

Hoje em dia eu jogo mais futevôlei do que futebol, mas os dois são disparados os meus esportes

favoritos.

Thamires

Dança, futsal, futebol, andar de bicicleta ou patins, correr (rs) é difícil um esporte que eu não

goste, acho que só vôlei eu não gosto (rs).

Quais foram os seus motivos e razões para a escolha do curso de educação física?

Willian

Escolhi o curso de educação física pela possibilidade de diferenciação e inovação enquanto

profissional, uma vez que se trata de um campo muito amplo profissionalmente.

Edmar

Eu era uma criança gordinha e isso no ensino médio começou acarretar problemas sociais e

quando eu comecei a emagrecer e a desenvolver problemas alimentares, como bulimia, comecei a

ter obsessão pela perda de peso e quando isso ficou muito obsessivo e começou a acarretar

problemas fiz um acompanhamento psicológico, mas também comecei a me interessar por esportes

e comecei a praticar corridas e a correr cada vez mais e isso me levou a escolher a educação

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física.

Osvaldo

Eu escolhi o curso de educação física por causa do gosto pela prática de esportes e por causa da

musculação... sempre pratiquei futebol na escola e depois que comecei a fazer musculação fiquei

fascinado pela área. (Rs)

Tábata

Então, eu sempre gostei muito de biologia, de como o corpo humano funciona, de todo esse

mecanismo e foi isso que eu achei mais parecido comigo, por eu gostar de exercício e tudo escolhi

a educação física, mas sempre tive receio por causa do campo, da remuneração e tal... sempre todo

mundo fala muito mal do profissional de educação física e que não faz nada e hoje eu vejo que é

totalmente diferente, vejo que não é assim como falam... A minha faculdade é muito pesada.

Thais

Desde muito cedo, eu dançava e na dança eu me encontrei, com 5 anos já queria ser igual minha

professora e assim foi ao decorrer dos anos... Um pouco mais velha fui criando outros amores,

como futebol e toda a área fitness e funcional.

Mas, à principio a razão da minha escolha foi pela dança, para poder me aprofundar no

movimento do corpo. Em 2013, ano que antecedia meu ano de vestibular, eu me lesionei e precisei

me afastar da dança por tempo indeterminado e quando iniciei meu tratamento conheci outras

áreas pela qual me apaixonei: saúde, em especial a reabilitação, e foi muito fantástico e acolhedor

saber e ver o papel do educador físico em hospitais..

Isso só reafirmou a minha decisão!

Márcia

A educação física sempre fez parte do meu estilo de vida...

Eu sempre fui atleta e joguei futebol por bastante tempo na minha vida... cheguei a jogar

profissionalmente. Então eu acho que foi essa ligação com o esporte que me levou para a educação

física, consegui transferir de certa forma o que gostava de fazer para a minha realidade de vida..

Isabel

Foi uma coisa que eu sempre me interessei, vendo o interesse dos meus pais por esporte, por

atividade física e também eu praticava desde pequena...

Então, era uma coisa que estava em mim e eu não conseguia deixar de lado, então mesmo que eu

pensasse: Ah! Não é isso que eu quero para a minha vida, mas pelo menos vou tentar...

Eu precisava tentar e acabei descobrindo e ficando por aqui... (rs)

Igor

Eu acho que o principal motivo é que eu sempre me envolvi, principalmente, com futsal e eu queria

continuar trabalhando com isso, só que como eu sabia que para ser jogador é muito mais

complicado do que você ir para os estudos e como eu queria continuar trabalhando com futsal,

resolvi ir para os estudos e a única maneira de continuar com isso seria a educação física...

Então eu acho que esse foi o principal motivo para escolher a educação física!

Joaquim

Não sei cara...(rs), eu sempre tive facilidade com expressão corporal, com comportamento motor,

com esportes e sempre tive facilidade com o aprender fisicamente... e gostava muito e nunca fui

muito bom com a teoria e sempre com a prática e quando cheguei na Universidade achava que era

mais prático e hoje eu gosto muito também da teoria...

Eu aprendi a gostar de estudar fisiologia, da teoria do movimento, não só do movimento em si, mas

de como ele acontece...

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Eu sempre desde pequeno gostei de movimento, não sei direito, mas eu acho que a educação física

sempre foi uma coisa que fez parte da minha vida.

Thamires

Eu sempre gostei muito de dança, a dança sempre fez parte da minha vida e sempre foi uma área

que eu segui e antes de prestar o vestibular eu estava muito envolvida com a dança e falava assim:

- Ah! vou tentar, quem sabe!

E eu também gostava muito de futsal... acho que como é uma coisa que eu gosto resolvi tentar para

ver se dava certo.(Rs)

Por que você escolheu o curso da Unifesp?

Willian

Por ser uma Universidade de excelência em medicina e como o meu curso tinha a parte biológica,

acabei concretizando a minha escolha pela Unifesp.

Edmar

Porque é aqui em Santos e é mais perto da minha casa... e também foi mais fácil passar na

comparação com outros vestibulares.

Osvaldo

Porque não é paga e também por causa do reconhecimento que o ensino possui.

Tábata

Bom... porque fica muito perto da minha casa e para me deslocar para outro lugar seria um peso

financeiro muito grande para a minha família... então, aqui eu estou perto e também fico com a

minha família e não fico com saudades.

E também a Unifesp é uma Universidade muito boa é a 7ª do País na educação física... estar aqui é

algo surreal.

Thais

Por causa do curso ser voltado para saúde e no estado de São Paulo eu tentei USP e

Unifesp...creio que também sejam as únicas (Rs).

Eu passei na USP, mas a grade da Unifesp tinha me chamado mais a atenção, além disso, a cidade

também foi um dos motivos de escolha.

Márcia

Então... é mais uma questão de opção, eu já estava fazendo 2 anos de cursinho e na verdade a

minha ultima opção era a Unifesp por ter menos empatia com a grade, como eu já falei, tive uma

trajetória bem presente de esporte na minha vida e por isso eu decidi prestar educação física e

resolvi fazer na USP por causa da escola de educação física e esporte, mas eu não passei por

causa de 1 ponto e para não ter que fazer o terceiro ano de cursinho e como eu tinha passado na

Unifesp que ficava na praia e como eu sempre quis morar na praia.

O único problema é que a Unifesp não oferecia alojamento ou moradia como a Ufscar ou a

Unicamp, mesmo assim, eu tinha um pouco de vontade de morar em outro lugar e como eu não

aguentava mais morar na casa dos meus pais com 21 anos...

Acho que foi mais ou menos isso que me fez escolher a Unifesp.

Isabel

Pela qualidade dos profissionais, pela cidade que investe muito em qualidade de vida... você pode

ver que Santos é uma cidade que tem um número de pessoas idosas muito grande e mesmo assim

você passa na praia a qualquer hora do dia tem gente fazendo exercício, então é um lugar que tem

um investimento na área muito grande.

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Igor

Por ser uma Universidade federal, um dos lugares onde eu passei e ser fora de casa e como eu já

queria morar fora de casa e viver sozinho durante o tempo de faculdade para aprender a me virar

sozinho...

E também, eu acho que comparado aos outros currículos o fato da Unifesp ser voltada para a área

da saúde é uma coisa muito nova na comparação com as outras faculdades e isso te abre outras

oportunidades, além das que as outras faculdades já te oferecem.

Joaquim

Então... eu não queria fazer uma faculdade particular, porque eu achei que tinha que fazer uma

coisa diferente...

Eu gosto de educação física, mas não para trabalhar em academia ou ficar fazendo uma coisa

banal que um curso técnico possibilitaria e como hoje o nicho de academia é muito forte e como eu

não sou muito fã disso e como eu queria fazer uma coisa diferente... ai, eu pensei... para ser

diferente tem que ser uma pública e como tinha uma pública aqui em Santos...

E também, se fosse particular eu não faria educação física, porque eu queria uma coisa diferente,

mesmo! Me formar em uma coisa um pouco diferente do comum e ai foi mais nesse sentido... além

da qualidade ser diferente, a proposta da Unifesp também é um pouco diferente.

Thamires

Eu passei em duas, aqui na Unifesp e na Ufscar, mas acabei optando pela Unifesp pelo que eu li

que o curso era da área da saúde e não era só exercício físico em si ou modalidades esportivas, a

Unifesp era a que oferecia uma atenção maior para a área da saúde.

Quais são as informações que você possuía sobre a educação física?

Edmar

Eu sabia que era um curso que lidava e estudava o corpo em si, o funcionamento do esporte no

corpo e o que acarretava de bom ou ruim para a saúde.

Tábata

Fiquei sabendo por um professor de filosofia... eu tinha muita amizade com os professores de

filosofia e sociologia e sempre conversei bastante com eles e quando eu falei sobre a minha escolha

pelo curso de educação física, ele me falou sobre o curso da federal!

Ai eu me inscrevi, ai foi mais pelo professor mesmo, mas até o segundo semestre do 3ªano eu não

sabia onde fazer o curso...

Márcia

Então, quando ingressei eu já conhecia a proposta curricular da Unifesp...

A minha primeira opção era a USP devido a ligação do curso com o esporte... mas, depois de ter

ingressado aqui comecei ver a educação física como um meio não medicamentoso de você tratar

ou prevenir doenças e promover saúde.

Sobre o curso, eu sabia que o foco da educação física na Unifesp é a saúde e de forma geral

utilizar o esporte e a atividade física, através de atividades lúdicas para promover a saúde e o bem-

estar.

Isabel

Eram mais gerais!

Era de conhecimento das áreas que eu poderia trabalhar, mas depois que eu entrei na faculdade

foi outra coisa... descobri muito mais coisa do que eu achava que era!

Eu até conversei uma vez com um pessoal que estava fazendo reunião para TCC e falei que fiquei

surpresa com o tanto de coisa que a educação física tinha para oferecer e até acabei descobrindo

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muita coisa além do que eu achava.

Igor

Bom... eu tinha que era um curso voltado para o aprendizado dos esportes e com o curso eu

poderia aprender a montar um treinamento legal para uma pessoa, ser treinador ou professor de

educação física e trabalhar com esportes.

Joaquim

Não sabia muita coisa sobre a educação física, eu sabia o popular, assim... fiz musculação um

tempo e sempre fiz esporte e também lia sobre o assunto, então eu sabia umas coisas bem básicas...

sabia outras coisas erradas que achava que sabia, mas que estava completamente diferente da

verdade, mas sabia pouco do curso e procurei saber um pouco quando decidi fazer ENEM e

descobri sobre a questão da interdisciplinaridade, de que era um curso integral, de que você tem

algumas aulas junto com os outros cursos, mas é isso... sabia o básico.

Thamires

O que eu sabia foi conversando com os meus professores do colégio, lendo na internet e em

revistas.

Eu tinha como informação que o curso estudava o corpo humano, como ele funcionava, como o

exercício funciona no corpo humano e como melhora.

O que você acha da divisão do curso em licenciatura e bacharelado?

Willian

Acho uma divisão considerável e importante, porém deveria haver uma forma de ficar um tempo

maior no curso e sair com os dois diplomas da educação física ao invés de precisar retornar ao

curso e fazer mais dois anos validando matérias em outras faculdades.

Edmar

Sinceramente... eu não conheço muito... mas acho uma coisa boa, porque quando a pessoa vai

trabalhar com crianças ou adolescentes vai precisar de uma formação diferenciada.

Tábata

Quando eu descobri fiquei bem chateada, porque você já passa 4 anos estudando, acho que são

matérias que se integram, então poderia ter uma graduação dupla em todos os lugares, porque se

você tem condições de prescrever exercício para um adulto também teria para uma criança... as

vezes com uma aula a mais, uma matéria a mais para ter uma especificação, mas eu acho que

deveria ser duplo porque ai quando eu terminar e quiser trabalhar com recreação eu preciso fazer

uma pós e não fazer novamente outra faculdade.

Thais

Ambos são importantes, mas sou absurdamente contra a licenciatura plena, assim, imagino que

tecnicamente sou a favor da divisão. Para melhor entendimento: a grande maioria das faculdades

que oferecem a plena é particulares e levando em consideração que é meio período, me incomoda

a ideia de que em 4 anos o graduando saia formado nas duas áreas com meio período de aula,

sendo que somente o bacharel são 4 anos e licenciatura 3 anos. Me parece ser uma "passada"

rápida nos conteúdos e acabou.

As duas são complexas e imprescindíveis, assim merecem uma grade mais próxima do completo.

Márcia

Acho importante, aqui o curso é bacharel voltado para a área da saúde, então tem uma subdivisão

digamos assim... a gente tem aspectos pedagógicos, mas é muito pouco comparado com quem faz 2

ou 3 anos de licenciatura.

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Isabel

Eu acho que tinha que estar tudo junto!

Acho que não tem como separar isso, porque tem muita coisa que a gente aprende na faculdade de

parte biológica, só que quando a gente chega no mercado de trabalho falta alguma coisa, falta esse

contato com aluno, didática de ensino, talvez seja uma coisa mais da experiência, mas eu acho que

a licenciatura também poderia dar um respaldo por parte da faculdade...

Então, eu acho que são duas coisas que tinham que andar juntas, mesmo que o curso fosse para 5

ou 6 anos eu ficaria, por exemplo.

Igor

Eu acho legal ter essa divisão, uma coisa que eu acho é que poderia ser melhor é todas as

faculdades ter as duas opções... tipo a Unifesp só tem bacharelado, eu acho que poderia ter

licenciatura também, não só bacharelado, porque as vezes você acaba passando só em uma

faculdade que tem o bacharelado e você também quer a licenciatura e ai fica complicado, porque

você já está numa faculdade e não vai largar mão daquela faculdade porque quer a licenciatura...

você tem que fazer depois...

Então, eu acho uma divisão legal porque a pessoa pode escolher, mas eu acho que todas as

faculdades deveriam ter tanto licenciatura como bacharelado.

Joaquim

Então...um pouco complexo, por exemplo, o nosso curso tem uma carga horária absurda, a maior

do Brasil e tem curso de licenciatura e bacharelado que tem uma carga horária menor que a nossa,

então eu não sei se os outros cursos não tem a carga horária necessária ou o nosso curso que tem

demais, mas eu acho que na medida do possível bacharelado junto com licenciatura seria bom ou

pelo menos ter uma extensão do curso para 5 ou 6 anos para fazer licenciatura dentro da

faculdade ou até 5 anos porque nenhuma faculdade passa de 5 anos...

Então, eu acho que seria um pouco mais enriquecedor e contemplaria a vontade de algumas

pessoas que tem vontade de fazer licenciatura e não vai para a Unifesp ou sai no meio da

faculdade para outro lugar, mas eu acho que na medida do possível tinha que ter os dois, até

porque a faculdade comporta essa carga horária.

Thamires

Eu acho interessante, mas por só ter bacharelado aqui na Unifesp isso acabou prejudicando um

pouco a gente, eu vejo colegas já formados que acabam indo para alguma particular para

completar com mais um ano de licenciatura pra conseguir o diploma, então eu acho que seria bom

se aqui tivesse mais um ano para sair com os dois diplomas, mas ao mesmo tempo, é bom você

poder escolher em qual área você quer seguir, se é bacharelado ou licenciatura.

Quais são as suas expectativas após terminar o curso?

Willian

Ainda não sei, mas pretendo trabalhar com algo inovador e com isso criar diferenciais proveitoso

também para o curso.

Edmar

Pretendo ir para a área do atletismo...

É uma área que me interessa, quero conhecer um pouco mais do funcionamento do corpo humano.

Osvaldo

Após acabar o curso (rs)...

Eu quero trabalhar com academia.

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Tábata

Se eu tiver dinheiro ou ganhar uma bolsa pretendo fazer a minha pós no exterior e ai ficar por lá,

porque tem países como Estados Unidos, por exemplo, que tem uma estrutura muito legal e um

campo muito mais aberto que o Brasil.

Se não der certo, quero continuar aqui, mas não na Praia Grande porque só tem academia e não

quero me resumir só a academia, a minha paixão é musculação, mas eu não quero ficar só nessa

área.

Thais

Hoje, minha maior vontade e expectativa é poder tornar a atuação do educador físico na área da

saúde algo comum e não um estranhamento.

Planejo ao terminar o curso, trabalhar nessa ideia e através do meu trabalho fazer a diferença.

Também, tenho vontade de trabalhar com treinamento funcional e tentar uma junção das duas

coisas na medida do possível.

Márcia

Então... os estágios que eu fiz aqui na Universidade me levaram para uma área mais educacional,

assim trabalhar com crianças e ai entra um pouco da pedagogia que é a licenciatura que aqui não

tem.

Penso em fazer mestrado ou uma pós em licenciatura ou até fazer a própria licenciatura em outra

Universidade ou mesmo trabalhar nas instituições que faço estágio atualmente, isso me agrada

bastante.

Sei que em academia tradicional é uma das coisas que não gostaria de trabalhar, não é uma coisa

que chama a minha atenção, mas mesmo assim pode ser uma possibilidade... (rs)

Isabel

Eu quero trabalhar na área, mas eu ainda não sei como... foi um leque tão grande para mim que

me fez gostar de tanta coisa que eu nem decidi o que vou fazer do meu TCC.

Então... eu não sei se quero ir para o mestrado fazer pesquisa, se eu quero entrar no mercado de

trabalho, não sei para onde eu quero ir...

Eu ainda estou passando por várias coisas para tentar descobrir alguma coisa que eu queira

mais...

Igor

Espero conseguir trabalhar na área, eu conheço gente que fez educação física e não trabalha com

educação física... espero trabalhar na área e especialmente na área que eu quero que é futsal e

treinamento de goleiros...

Espero ser bem feliz trabalhando assim, fazendo mais cursos e pós-graduação.

Joaquim

Então... eu pretendo continuar estudando, aprendi a gostar de estudar, aprendi a gostar de

pesquisar dentro da Universidade e por isso pretendo fazer inglês, viajar depois daqui e voltar

para o mestrado.

Thamires

Eu pretendo fazer mestrado ou trabalhar mesmo, mas quero mesmo é seguir para a área

acadêmica.

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Quais são as atividades culturais (cinema, teatro, museu, parques, shows) que você

costuma realizar com mais frequência, cite as três ultimas atividades culturais que você

realizou?

Willian

Gosto de ir à Virada cultural de São Paulo e de shows!

Edmar

Cinema e livrarias.

Osvaldo

Procuro sempre ir ao parque, em shows e jogos de futebol.

Tábata

Cinema de vez em quando, tentei semana passada, mas não tinha ingresso...mas de vez em quando

eu gosto de ir, mas não gosto de terror... prefiro comédia.

Também gosto de Teatro, na Praia Grande tem um, mas eu ainda não tive oportunidade de ir,

porque as vezes o ingresso está bastante caro.

Thais

Espetáculos de dança, shows e teatro.

Márcia

Vou bastante ao cinema...shows de música e cursos de dança.

Isabel

Shows é bem difícil, porque na minha cidade é pouco e aqui em Santos tem bem pouco, mas eu

queria ir a show com mais frequência.

Eu tenho ido ao cinema, mas no museu faz tempo que eu não vou!

Igor

Cinema, teatro, gosto muito de frequentar teatro... adorei assistir o Fantasma da Opera nos

Estados Unidos, foi muito legal...

Eu gosto muito de ir ao cinema, toda semana eu assisto filmes e também gosto de frequentar

museus de arte, futebol, ciências... gosto de todo tipo de museu.

Joaquim

Hoje em dia cinema... gosto bastante de cinema e gosto muito de ler... eu leio bastante, o que eu

mais faço é ler!

Thamires

Costumo ir mais ao cinema e em parques.

Você já viajou? Para onde e o que mais gostou nas viagens?

Willian

Sim, para Cuba e África do Sul... gosto muito da cultura que eles estão submetidos e das diferentes

formas que uma sociedade pode ser esquematizada, e também da percepção de alteridade de cada

ser.

Edmar

Sim, para Salvador.

Osvaldo

Sim, viajo sempre para Salvador para rever parentes.

Tábata

Eu vou anualmente para Minas Gerais porque a minha família é de lá, mas eu fui uma vez para a

Inglaterra pelo Ceú gratuitamente pelo governo do Estado que pagou tudo para mim, porque eu fui

uma das melhores alunas do inglês, ai eu fui para a Inglaterra para um curso de 1 mês.

Thais

Fui para Florianópolis prestar vestibular no final do ano passado e me alegrou ver o interesse de

Santa Catarina por atividade física e preservação da cultura. Artistas de rua em todo o centro

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antigo e histórico e também as atividades da Universidade Federal de Santa Catarina podem ser

consideradas um verdadeiro campus aberto a todos e fora as praias paradisíacas.

Digo o mesmo sobre Porto Alegre, aquela tradição linda de se juntar nas ruas e praças para tomar

chimarrão ao final da tarde e depois aproveitar as estruturas de quadras, playgrounds, boliche e

todas são públicas. E também o parque de Farroupilha, com feira artesanal em toda a extensão.

O Sul me encanta! (RS)..

Márcia

Nunca viajei para fora, só dentro do Brasil... as viagens que eu achei mais legal foram para o Rio

de Janeiro, achei a geografia de lá muito bonita e como eu gosto muito de praia foi maravilhoso

conhecer o Rio.

Também fui para Recife pela Universidade para um congresso e foi bem legal conhecer a cidade.

Ah! Fui também para São Thomé das Letras em Minas Gerais.

Isabel

Já viajei com a faculdade, mas para outras cidades assim não...

Nunca cheguei a sair do Estado.

Igor

Difícil... porque eu já viajei bastante. (rs), mas eu gostei muito de viajar para os Estados Unidos,

Uruguai e Argentina.

Joaquim

Sim, as viagens que eu mais gosto é quando vai muita gente da minha família, quanto mais gente

melhor... porque a minha família é muito unida, então a gente faz de tudo para ficar junto... uma

vez viajamos de navio em um cruzeiro para Argentina e Uruguai e foi muito legal por que estava

todo mundo junto...

Uma vez a gente viajou para o Tocantins, o meu avô tem uma fazenda lá, foi 2 dias para ir e 2 dias

para voltar de carro, foi super legal...

A gente também já viajou para Minas... e quando eu era menor também ia para colônia de férias,

porque a minha mãe é do serviço público e todo família ficava junto.

Thamires

Foi um passeio que fiz com os meus pais pela Europa em que a gente fez um tour por vários países.

A gente já fez isso duas vezes e foram as viagem que eu mais gostei.

Fui para a França, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Itália, Áustria e Alemanha.

Fale dos tipos de leituras e programas de TV que você mais gosta?

Willian

Gosto de assistir o Jornal da cultura e de leituras sobre filosofia e literatura.

Edmar

Eu gosto de livros de ficção cientifica e fantasia.

Osvaldo

Não costumo ler e gosto de assistir jornal nacional e globo esporte.

Tábata

Eu não gosto muito de novela, eu curto série de comédia e não gosto de terror.

Thais

Assisto pouca TV, mas gosto de assistir alguns filmes, principalmente comédia romântica e séries

como House aos finais de semana.

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E leitura, com a faculdade troquei os romances por livros de bioquímica e biologia molecular.

Márcia

Eu não assisto muito televisão, posso até dizer que eu não assisto televisão... porque tenho pouco

tempo e também porque na TV não tem coisa boa para assistir, só se for na TV a cabo, por isso

prefiro não assistir.

De leitura, não tenho tanto hábito, acho que falta concentração para ler, as últimas leituras que

tenho feito são para o TCC e também tento conciliar com o TCC algumas leituras pessoais como

romance ou ficção.

Isabel

Gosto de livros de aventura, romance e dependendo do artigo também gosto de ler.

Assisto pouca TV, eu tenho mais costume de acessar conteúdo da internet, mas gosto de TV.

Igor

Diversificado! Gosto de ler tudo, desde jornal, revista, geografias, ficção.

Eu gosto de assistir séries, programas de esportivos, séries policiais, séries de ficção e alguns

documentários...

Joaquim

Não assisto TV... a única coisa que eu assisto, as vezes, é futebol e olhe lá! (rs)...

Assisto mais os canais o youtube.

Thamires

Gosto de livro de romance e suspense.

Gosto de ver seriados e filmes e também é o que eu acabo assistindo mais, mas também gosto de

assistir programas de entrevistas.

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