pontamentos fiscal ii (teórico-prático) - joaquim lopes

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 Direito Fiscal II)  Apontamentos Direito 3º Ano ( pós laboral 20 12/2013 ) Aula de 17-10-2012 Tipo de aula : Teórico/Prática Turno : TP1 Título : As garantias dos contribuintes Sumário : As garantias dos contribuintes: - garantias administrativas - garantias contenciosas. Os procedimentos de 2.º grau (breve referência).   Actos tributários em sentido amplo abrangem todos os actos praticados pela AT, que configurem a aplicação de normas tributarias, visando produzir efeitos jurídicos externos. Em sentido restritivo, com referencia ao acto central do procedimento tributário, o acto de liquidação é o acto tributário em sentido restrito. O acto de liquidação não se limita à quantificação do tributo a pagar, é necessário também determinar quem é em concreto o sujeito passivo, isto é, aquela pessoa que tem uma ligação com o facto tributário. As garantias dos contribuintes Refere-se a realidades diversas, a mecanismos, meios que visam permitir aos contribuintes conhecer as acções administrativas, exercer influencia relativamente às decisões que possam vir a ser tomadas e que a eles digam respeito, e a colocar em causa actos praticados pela administraçã o tributaria. Distinguem-se: Garantais administrativa s Mecanismos que existem e que se efectivam perante órgãos da administração. Nestas distinguem-se: oGarantias administrativas impugnatórias, dizem respeito a um conjunto de meios procedimentais que tem por objectivo obter a sindicância de um acto praticado pela  AT junto de um órgão administrativo, é o órgão administrativo a apreciar um acto administrativo efectuado por si ou por órgão diverso. Temos: § Reclamação: A apreciação distingue-se do recurso uma vez que configura um pedido de reapreciação de um acto dirigido ao órgão que o praticou. Quanto à motivação, terá fundamento na sua ilegalidad e. § Recurso: É um pedido de reapreciação de um acto dirigido a um órgão diverso daquele que o praticou, o que tornou usual a designação de recurso hierárquico. Motivação com fundamento em questões de mérito, de oportunidade ou de conveniência do acto.  A apreciação da garantia distingue-se por dois critérios: O orgânico e o critério da motivação. O legislador não respeitou nenhuma destas classificações. Podemos encontrar na LGT e no CPPT, reclamações dirigid as a órgãos diversos dos que praticaram os actos, como a reclamação graciosa, primeiro critério, no recurso hierárquico, 66.º e 67.º CPPT, em que é possível invocar questões de fundamento relativos à legalidade do acto. Pelo exposto nenhum dos critérios foi seguido pelo legislador. Página 1 a 31 Joaquim Lopes

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Apontamentos Direito Fiscal II

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Aula de 17-10-2012

    Tipo de aula : Terico/Prtica Turno : TP1

    Ttulo : As garantias dos contribuintes

    Sumrio : As garantias dos contribuintes: - garantias administrativas - garantias contenciosas. Os procedimentos de 2. grau (breve referncia).

    Actos tributrios em sentido amplo abrangem todos os actos praticados pela AT, que configurem a aplicao de normas tributarias, visando produzir efeitos jurdicos externos.

    Em sentido restritivo, com referencia ao acto central do procedimento tributrio, o acto de liquidao o acto tributrio em sentido restrito.

    O acto de liquidao no se limita quantificao do tributo a pagar, necessrio tambm determinar quem em concreto o sujeito passivo, isto , aquela pessoa que tem uma ligao com o facto tributrio.

    As garantias dos contribuintes

    Refere-se a realidades diversas, a mecanismos, meios que visam permitir aos contribuintes conhecer as aces administrativas, exercer influencia relativamente s decises que possam vir a ser tomadas e que a eles digam respeito, e a colocar em causa actos praticados pela administrao tributaria.

    Distinguem-se:

    Garantais administrativas

    Mecanismos que existem e que se efectivam perante rgos da administrao. Nestas distinguem-se:

    oGarantias administrativas impugnatrias, dizem respeito a um conjunto de meios procedimentais que tem por objectivo obter a sindicncia de um acto praticado pela AT junto de um rgo administrativo, o rgo administrativo a apreciar um acto administrativo efectuado por si ou por rgo diverso. Temos:

    Reclamao: A apreciao distingue-se do recurso uma vez que configura um pedido de reapreciao de um acto dirigido ao rgo que o praticou. Quanto motivao, ter fundamento na sua ilegalidade.

    Recurso: um pedido de reapreciao de um acto dirigido a um rgo diverso daquele que o praticou, o que tornou usual a designao de recurso hierrquico. Motivao com fundamento em questes de mrito, de oportunidade ou de convenincia do acto.

    A apreciao da garantia distingue-se por dois critrios: O orgnico e o critrio da motivao. O legislador no respeitou nenhuma destas classificaes. Podemos encontrar na LGT e no CPPT, reclamaes dirigidas a rgos diversos dos que praticaram os actos, como a reclamao graciosa, primeiro critrio, no recurso hierrquico, 66. e 67. CPPT, em que possvel invocar questes de fundamento relativos legalidade do acto. Pelo exposto nenhum dos critrios foi seguido pelo legislador.

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    o No impugnatrias, respeitam a outras realidades, no tem por objetivo sindicar qualquer actuao administrativa anterior. So: O direito informao, previsto CRP art. 268.. Na LGT est no art. 67.,

    conhecer o estado de um determinado procedimento, obter informao quanto sua situao tributaria, data provvel de concluso, conhecer o teor de denncias dolosas efectuadas assim como a identidade do denunciante, art. 70..

    Direito de participao, CRP art. 267. , consagrado no art. 60. da LGT, efectua-se atravs do exerccio do direito de audio, similar a audincia dos interessados em DA. A AT tem de permitir ao SP exercer o seu direito de audio, os casos so vrios, antes de um acto de liquidao sem ter sido com base da declarao do contribuinte, entre outros. A relevncia deste direito afere-se, sempre que por fora do art. 60. LGT o contribuinte tenha o direito a ser ouvido antes da deciso e a AT no o permita, estaremos perante um vcio que vai inquinar o acto final do procedimento, preterio de formalidades legais, que origina a anulabilidade do acto.

    Garantias contenciosas

    Mecanismos e meios que tem a sua aplicao em sede jurisdicional, junto dos tribunais tributrios. Por fora do disposto nos art. 20. e 268. da CRP, todos os cidados, tem direito tutela jurisdicional efectiva e aos tribunais. Integram as dimenses do direito de acesso aos tribunais, 3 realidades:

    o Direito de aco: meno ao direito de todos os contribuintes levarem uma pretenso ao conhecimento de um rgo jurisdicional, sendo que pode ser apresentada independentemente de ter sido praticado um acto pela administrao. A pretenso apresentada ex-novo ao tribunal tributrio, no existe ainda uma deciso anterior para sindicar nesta sede, como exemplo temos a aco para reconhecimento de direitos.oDireito de oposio: Possibilidade da entidade demandada contestar, opor-se pretenso do autor, a dimenso do processo equitativo. Este direito enquanto garantia, refere-se essencialmente ao processo de execuo fiscal, faz sentido porque o executado, aps ter sido citado, vai exercer o direito de oposio. Art. 203. CPPT, 1 - A oposio deve ser deduzida no prazo de 30 dias a contar: a) Da citao pessoal ou, no a tendo havido, da primeira penhora; b) Da data em que tiver ocorrido o facto superveniente ou do seu conhecimento pelo executado.Oposio execuo. Existem tambm outras situaes, como o caso dos processos cautelares de arresto e de arrolo, quando a AT o pretende, tem de intentar uma aco cautelar, no tribunal tributrio o sujeito passivo pode opor-se

    oDireito de recurso jurisdicional: respeita ao direito do contribuinte de impugnar a deciso do tribunal inferior junto de um tribunal superior.

    Meios impugnatrios administrativos

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Reclamao graciosa, art. 68. ss CPPT, 1- O procedimento de reclamao graciosa visa a anulao total ou parcial dos actos tributrios por iniciativa do contribuinte, incluindo, nos termos da lei, os substitutos e responsveis. 2 - Nao pode ser deduzida reclamao graciosa quando tiver sido apresentada impugnao judicial com o mesmo fundamento.

    Reviso de actos tributrios, art. 78 LGT, 1 - A reviso dos actos tributrios pela entidade que os praticou pode ser efectuada por iniciativa do sujeito passivo, no prazo de reclamao administrativa e com fundamento em qualquer ilegalidade, ou, por iniciativa da administrao tributria, no prazo de quatro anos aps a liquidao ou a todo o tempo se o tributo ainda no tiver sido pago, com fundamento em erro imputvel aos servios.

    Reviso da matria tributvel fixada por mtodos indirectos, 91. e ss LGT 1 - O sujeito passivo pode, salvo nos casos de aplicao do regime simplificado de tributao em que no sejam efectuadas correces com base noutro mtodo indirecto, solicitar a reviso da matria tributvel fixada por mtodos indirectos em requerimento fundamentado dirigido ao rgo da administrao tributria da rea do seu domicilio fiscal, a apresentar no prazo de 30 dias contados a partir da data da notificao da deciso e contendo a indicao do perito que o representa.

    Procedimento de recurso hierrquico, art. 66. 1 - Sem prejuzo do principio do duplo grau de deciso, as decises dos rgos da administrao tributaria so susceptiveis de recurso hierrquico.67. CPPT, 1 - Os recursos hierrquicos, salvo disposio em contrrio das leis tributrias, tm natureza meramente facultativa e efeito devolutivo.

    possvel distingui-los em abstracto quanto aos seus efeitos e quanto sua natureza:

    Existem meios impugnatrios graciosos ou administrativos cuja utilizao facultativa, perante a prtica de um acto lesivo pela AT, o contribuinte pode escolher reagir impugnando administrativamente ou contenciosamente, no est obrigado ao primeiro.Em regra tem natureza facultativa.

    Existem situaes em que o contribuinte no pode de imediato reagir em sede contenciosa. A lei impe que previamente esgote a as vias administrativas, nestes casos falamos dos procedimento impugnatrios ou de 2. grau necessrios. A regra que tem efeitos meramente devolutivos, com excepo do pedido de reviso da matria colectvel, que tem efeitos suspensivos da liquidao.

    Procedimento impugnatrios ou de 2. grau necessrios

    As previstas nos art. 131., 132., 133. CPPT, que dizem respeito impugnao de autoliquidao, reteno na fonte e pagamentos por conta, em todos estes casos, o contribuinte deve previamente esgotar a via administrativa. Art. 131. n. 1. Em caso de erro na autoliquidao, a impugnao ser obrigatoriamente precedida de reclamao graciosa dirigida ao dirigente do rgo perifrico regional da administrao tributria, no prazo de 2 anos aps a apresentao da declarao.Temos tambm art. 117. CPPT, Impugnao com base em mero erro na quantificao da matria tributvel ou nos pressupostos de aplicao de mtodos indirectos e 86. da LGT.

    Temos que atender aos efeitos destes mecanismos, podem ter efeito suspensivo ou efeito meramente devolutivo. A AT goza do privilegio da execuo prvia, um acto presume-se legal, em conformidade com o ordenamento jurdico, presuno de legalidade, pelo que ainda que contribuinte considere o acto lesivo e o impugne, o acto vai poder ser executado, como o exemplo da reclamao graciosa.

    Reclamao graciosa, art. 68. ss CPPT

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Reclamao graciosa, art. 68. ss CPPT, 1- O procedimento de reclamao graciosa visa a anulao total ou parcial dos actos tributrios por iniciativa do contribuinte, incluindo, nos termos da lei, os substitutos e responsveis. 2 - Nao pode ser deduzida reclamao graciosa quando tiver sido apresentada impugnao judicial com o mesmo fundamento.

    O meio impugnatrio administrativo por excelncia, que advm do seu objecto, que exclusivamente a liquidao, o acto tributrio em sentido restrito. O objeto da reclamao graciosa a anulao total ou parcial do acto tributrio. Estamo-nos a referir do ponto de vista dos fundamentos em questes de legalidade. Este conceito deve ser encarado numa perspectiva muito ampla, o que se designa por conformidade ou desconformidade com o ordenamento jurdico, CRP; DI, DUE, Lei, DL, regulamentos e ainda em relao desconformidade com outros actos administrativos.

    A reclamao graciosa respeita legalidade do acto de liquidao, art. 70. CPPT. 1 - A reclamao graciosa pode ser deduzida com os mesmos fundamentos previstos para a impugnao judicial e ser apresentada no prazo de 120 dias contados a partir dos factos previstos no n. 1 do artigo 102.Quanto tempestividade, saber de que prazo dispe ao contribuinte para a reclamao graciosa, tambm neste art. 70., 120 dias. Sempre que da liquidao resulte um tributo, os prazos previstos pelos art. 70. e 102., devem ser contados a partir do termo do prazo para o pagamento do tributo. Se o sujeito passivo no pagar o tributo e depois reclamar, pela execuo prvia, a AT pode instaurar uma execuo fiscal. A execuo do acto que est a ser impugnado.

    A competncia para decidir a reclamao graciosa pertence a um rgo diverso do que praticou o acto, ser o rgo perifrico regional, salvo nos casos em que o valor da liquidao no exceda o quntuplo da alada do tribunal tributrio. Alada 1250,00, em que pode ser o rgo perifrico local. rgos perifricos: art. 6. Dec. Lei 433/99Os meios probatrios em sede de reclamao graciosa so uma excepo ao principio da plenitude dos meios probatrios. Determina o art. 69. CPPT, que apenas pode ser usada prova documental. e) Limitao dos meios probatrios a forma documental e aos elementos oficiais de que os servios disponham, sem prejuzo do direito de o rgo instrutor ordenar outras diligncias complementares manifestamente indispensveis a descoberta da verdade material;

    Quanto deciso, pode ser de um dos rgos referidos, pode ser proferida dentro de um determinado prazo. No havendo um prazo especifico para a concluso do procedimento, vigora o prazo regra, quatro meses, art. 57. LGT. 1 - O procedimento tributrio deve ser concludo no prazo de quatro meses, devendo a administrao tributria e os contribuintes abster-se da prtica de actos inteis ou dilatrios.

    Nos casos em que a deciso seja desfavorvel ao SP, por indeferimento expresso ou tcito, resultar a manuteno do acto impugnado, se for dada razo total ou parcialmente ao SP, o acto ser anulado, cujos efeitos so a restituio de tudo quanto tenha sido prestado, podendo haver lugar ao pagamento de juros moratrios LGT 43., CPPT 61..

    Aula de 24-10-2012

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Tipo de aula : Terico/Prtica Turno : TP1

    Ttulo : Os procedimentos impugnatrios (cont.).

    Sumrio : Os procedimentos impugnatrios (cont.).

    Procedimento Reviso matria tributvel

    Reviso de actos tributrios, art. 78 LGT, 1 - A reviso dos actos tributrios pela entidade que os praticou pode ser efectuada por iniciativa do sujeito passivo, no prazo de reclamao administrativa e com fundamento em qualquer ilegalidade, ou, por iniciativa da administrao tributria, no prazo de quatro anos aps a liquidao ou a todo o tempo se o tributo ainda no tiver sido pago, com fundamento em erro imputvel aos servios.

    A matria tributvel fixada atravs de mtodos directos, avaliao directa. Esta tem por objectivo determinar o valor exacto, real, dos rendimentos auferidos. Existem situaes nas quais a lei permite AT que determine a matria tributvel atravs de mtodos indirectos, atravs de indcios ou presunes. J no estamos a prosseguir um objetivo de encontrar o valor real dos rendimentos mas estamos a procurar um valor aproximado.A doutrina distingue entre verdade material exacta, objectivo da avaliao directa, e verdade material aproximada, objectivo de avaliao indirecta.Na avaliao indirecta, que so casos excepcionais, a utilizao destes mtodos apenas ser permitida nos casos em que seja impossvel determinar a matria tributvel com base em mtodos directos.Existe uma situao em que tal possvel por via de mtodos directos, mas so usados os mtodos indirectos, como o caso do regime simplificado de tributao, 87. n.1 a) LGT. Designa-se pela doutrina como um situao no patolgica, advm da lei, as restantes situaes a doutrina designa por uma situao patolgica, uma falha do SP que faz com que a AT actue.Enquanto for possvel determinar a MT em mtodos directos, a AT dever faze-lo.

    importante nos casos do art. 87. da LGT:

    b) Impossibilidade de comprovao e quantificao directa e exacta dos elementos indispensveis a correcta determinao da matria tributvel de qualquer imposto;

    c) A matria tributvel do sujeito passivo se afastar, sem razo justificada, mais de 30% para menos ou, durante trs anos seguidos, mais de 15% para menos, da que resultaria da aplicao dos indicadores objectivos da actividade de base tecnico-cientifica referidos na presente lei.

    d) Os rendimentos declarados em sede de IRS se afastarem significativamente para menos, sem razo justificada, dos padres de rendimento que razoavelmente possam permitir as manifestaes de fortuna evidenciadas pelo sujeito passivo nos termos do artigo 89.o-A;

    e) Os sujeitos passivos apresentarem, sem razo justificada, resultados tributveis nulos ou prejuzos fiscais durante trs anos consecutivos, salvo nos casos de incio de actividade, em que a contagem deste prazo se faz do termo do terceiro ano, ou em trs anos durante um perodo de cinco.

    Do ponto de vista da AT existe o nus provar a existncia dos pressupostos para o recurso a mtodos indirectos.

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Determinando o valor da matria tributvel o sujeito passivo notificado, sendo-lhe reservada forma de reao.O acto de avaliao indirecta da matria tributvel no passvel de reao contenciosa directa.A lei indica que a reaco contenciosa directa ao acto em si, no possvel. O sujeito passivo no o pode impugnar contenciosamente, de forma directa.

    A impugnao contenciosa directa diria respeito impugnao do acto, a indirecta consiste na impugnao do acto final com base em ilegalidades existentes no procedimento. Art. 86. n. 3, LGTA impugnao imediata, 86. 5, LGT, temos de atender aos fundamentos da impugnao, se quisermos impugnar indicando que o valor apurado exagerado, o nus da prova do sujeito passivo. Em primeiro lugar temos de reagir administrativamente e depois podemos impugnar o acto final contenciosamente.Se invocar-mos a circunstncias de no estrem preenchidos os requisitos, temos de esgotar as vias administrativas. Importante no confundir impugnao directa, com imediata.

    Imediata quando no necessrio o recurso administrativo.

    O pedido de reviso da matria tributvel pode ter efeitos suspensivos, uma vez notificado o SP do acto de avaliao indirecta, e uma vez apresentado o pedido de reviso da matria tributvel junto do rgo da AT, a AT fica impedida de praticar o acto de liquidao que se segue ao acto de avaliao.

    Pretende-se a obteno de uma cordo entre a AT e o SP, isto , o valor da matria tributvel ser o que resultar deste acordo entre os dois peritos. Eventualmente pode participar um perito independente, convocado por qualquer das partes. Temos um procedimento que visa terminar com um acordo, no sendo possvel, quem fixa o valor da matria tributvel a AT.Nas situaes de acordo, o sujeito passivo fica impedido de impugnar esse mesmo valor, evitando o venire contra factum proprium. No verdade afirmar que todos os actos da avaliao indirecta so passiveis de recurso por esta via procedimental, a lei exclui duas situaes:

    - Regime simplificado de tributao, art. 91. LGT. Neste a regra, no h o que discutir.

    - Determinao da matria tributvel com base em manifestaes de fortuna. No mbito do art. 89.-A, no possvel pedir a reviso da matria tributvel, nesse caso nem sequer possvel impugnar o acto administrativamente, deve o SP lanar mo de um processo urgente directamente nos tribunais tributrios

    Reviso de actos tributrios, art. 78 LGT remir para art. 205.

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Reviso de actos tributrios, art. 78 LGT, 1 - A reviso dos actos tributrios pela entidade que os praticou pode ser efectuada por iniciativa do sujeito passivo, no prazo de reclamao administrativa e com fundamento em qualquer ilegalidade, ou, por iniciativa da administrao tributria, no prazo de quatro anos aps a liquidao ou a todo o tempo se o tributo ainda no tiver sido pago, com fundamento em erro imputvel aos servios.

    Coloca em confronto dois importantes princpios do procedimento tributrios. O da verdade material e o da segurana jurdica.Este procedimento, pode ser usado com as mesmas finalidades da reclamao graciosa. Quanto a AT inicia oficiosamente a reviso de actos tributrios, temos trs (3) casos:

    1. Verifica-se a existncia de erro imputvel aos servios, ainda que o resultado da reviso seja menos favorvel para a AT, uma manifestao do principio da verdade material. Os prazos previstos:

    a. Se o tributo j foi pago, o prazo de 4 anosb. Se no foi pago, o prazo a todo o tempo. ( a todo o tempo relativo,

    atendendo ao prazo de prescrio, art. 40. LGT)2. Injustia grave e notria, art. 78. n. 4 e 5 LGT. Parece-nos estarmos perante

    situaes de carcter de ilegalidade, do desrespeito pela norma ou desrespeito da norma pelos princpios constitucionais. O prazo de 3 anos.

    3. Duplicao da colecta, art. 205.. A AT verificando que ocorreu, deve no prazo e 4 anos dar inicio a um procedimento do acto tributrio.

    O sujeito passivo dispe do prazo de 120 dias, para alm deste prazo possvel? possvel pedir a AT para dar inicio a este procedimento, mas nunca com fundamento na legalidade, s com os fundamentos que serviriam de base AT, os 3 casos inumerados. Este procedimento pode ser favorvel ou desfavorvel ao SP. Neste ltimo caso, o que faz a AT? Neste caso o procedimento culmina com um acto de liquidao adicional.

    Procedimento de recurso hierrquico, art. 66. e 67. CPPT

    Procedimento de recurso hierrquico, art. 66. 1 - Sem prejuzo do principio do duplo grau de deciso, as decises dos rgos da administrao tributaria so susceptiveis de recurso hierrquico.67. CPPT, 1 - Os recursos hierrquicos, salvo disposio em contrrio das leis tributrias, tm natureza meramente facultativa e efeito devolutivo.

    Pode ser usado nos casos previstos na LGT e CPPT e demais cdigos e demais situaes a que no estejam previstos meios impugnatrios administrativos. A lei indica que o recurso hierrquico o meio para tal, nomeadamente o pedido de reconhecimento de benefcios fiscais, art. 65 n .4 CPPT. Nas situaes de indeferimento, o meio adequado para por em causa a deciso o recurso hierrquico. De igual modo, temos art. 76. do mesmo cdigo. A questo de ilegalidade tambm pode ser suscitada, assim como as questes de mrito.

    Aula de 31-10-2012

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Tipo de aula : Terico/Prtica Turno : TP1

    Ttulo : Introduo ao processo tributrio

    Sumrio : O processo tributrio.mbito da jurisdio administrativa e fiscal.A organizao judiciria administrativa e fiscal.A competncia dos tribunais tributrios.

    Os tribunais judicias tem competncia para julgar casos tributriosSero os tribunais administrativos e fiscais os nicos competentes para apreciar o litgios de questes administrativas e fiscais, e apenas podero conhecer desses litgios e no e outros?

    Reserva relativa de jurisdioDevemos considerar que o art. 212. n. 3 da CRP, como fixando uma reserva absoluta de jurisdio, por vezes so chamados a pronunciar-se a propsito de questes que no emergem de RJ administrativas e fiscais, nomeadamente questo e RC e de natureza contratual.O tribunais comuns so tambm por vezes chamados a resolver litgios emergentes de RJ administrativas e fiscais, art. 4. do ETAF.

    Organizao jurisdicional administrativa e fiscal 1

    Supremo Tribunal Administrativo, STA em Lisboa e jurisdio em todo o territrio, art. 11. e ss Etaf.

    a) Plenrio: composto pelo presidente, pelos 3 vices presidentes e pelos 3 juzes mais antigos de cada uma das seces, sendo que o qurum de 4/5

    b) Seces: (duas)a. Seco contencioso administrativo

    i.Pode funcionar em pleno, composto por todos os juzes da seco respectiva, tem qurum 2/3

    ii.Em seco propriamente dita, funciona em formao de 3 juzesb. Seco contencioso tributrio

    i.Pode funcionar em pleno, composto por todos os juzes da seco respectiva, tem qurum 2/3

    ii.Em seco propriamente dita, funciona em formao de 3 juzes

    Tribunal Central Administrativo TCA ( 2) Art. 31. e ss Etafc. Norte

    i. Seco contencioso administrativoii.Seco contencioso tributrio

    d. Suli. Seco contencioso administrativoii.Seco contencioso tributrio

    Tribunais administrativos de circulo e tribunais tributrios Art. 45. e ss Etaf

    1 Completar com leitura de Lies de Procedimento e Processo Tributrio, Joaquim Freitas Rocha, Pg.: 255 a 259

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    O tribunal administrativo e fiscal, resulta da lei permitir a congregao destes dois, sempre que no se justifique a sua separao. Procede-se sua agregao, denominado TAF. Por via de regra, os tribunais de 1 instancia, so TAF. (16)

    Determinao do tribunal competente depende de 4 critrios: 2

    Competncia em razo a matria:

    uma s jurisdio, no existe uma administrativa e uma fiscal, quando falamos em competncia em razo da matria estamos a distinguir a RJ administrativa e RJ tributria. Para determinar o tribunal competente deve-se saber se a questo administrativa ou tributria, na administrativa, o tribunal competente ser o tribunal administrativo de crculo, e a assim consecutivamente at ao STA, numa relao jurdica tributaria, ser o tribunal tributrio para:- Reconhecimento de direitos e interesses legalmente protegidos em matria tributria.- Pedido de declarao de ilegalidade de normas administrativas em matria fiscal de

    mbito regional ou local- Recursos de actos de liquidao de tributos- Recursos de actos de fixao de valores patrimoniais e de determinao da matria

    tributvel - Recursos e actos praticados no processo de execuo fiscal.

    Competncia em razo da hierarquia:

    Qualquer dos tribunais, pode ser tribunal de primeira instancia, motivo pelo qual errado chamar primeira instancia quando falamos na base da hierarquia dos tribunais administrativos e fiscais. Os tribunais superiores tem competncia em sede de recurso jurisdicional, tendo ao lado competncias para apreciar litgios em primeiro grau de jurisdio.

    Competncia:

    Supremo Tribunal Administrativo STA

    a. Plenrio: a) Competncia para apreciar conflitos de competncia e de jurisdio entre

    os tribunais administrativos de circulo e os tribunais tributrios, ou entre as seces de Contencioso Administrativo e Contencioso Tributrio. (art. 28. Etaf).

    b. Seces: (duas)

    i.Pode funcionar em pleno, composto por todos os juzes da seco respectiva, tem qurum 2/3.

    Tem 3 tipos de competncia, 3 situaes em que competente, art. 27. Etaf:

    1. Recursos de uniformizao de jurisprudncia.2. Apreciar em sede de recurso, as decises que tenham sido proferidas

    pelo STA (seces) em primeiro grau de jurisdio.3. Apreciar e a pronunciar-se sempre que seja colocada perante os

    tribunais tributrios uma questo de direito nova.

    2 Completar com leitura de Lies de Procedimento e Processo Tributrio, Joaquim Freitas Rocha, Pg.: 259 a 269

    Pgina 9 a 31Joaquim Lopes

  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    b) Seco contencioso administrativoc) Seco contencioso tributrio. Em seco propriamente dita, funciona em

    formao de 3 juzes: ( art. 26. Etaf)

    i. Seco contencioso tributrioi.Competncia em primeira instncia, nas aces que visem impugnar actos administrativos em matria tributaria praticados pelo conselho de ministros. O recurso dirigido ao pleno.

    ii.Conhecer dos processos cautelares e dos pedidos de produo antecipada de prova, sendo a aco principal da competncia do supremo e da seco.

    iii. Competncia em 2 grau de jurisdio das aces que visam impugnar jurisdicionalmente os acrdos proferidos pelo TCA em primeiro grau de jurisdio.

    iv. Situaes de recurso per saltum ( nos casos em que o recurso seja exclusivamente em matria de direito)v.Competncia para se pronunciar sobre os conflitos de competncia entre tribunais tributrios ou entre seces.

    Tribunal Central Administrativo ( 2)

    Norte e Sula) Seco contencioso administrativo ( no releva para a UC)b) Seco contencioso tributrio: Art. 38. Etaf

    a. Impugnao de actos praticados pelos membros do governo relativos a questes fiscais.

    b. As aces que visem a declarao de nulidade de normas emanadas ao abrigo do poder do direito administrativo em matria fiscal, normas de mbito nacional, por exemplo regulamentos.

    c. Pedidos de adopo de providencias cautelares relativas a processos da sua competncia, bem como os pedidos de produo antecipada de prova.

    d. Competncia em segundo grau de jurisdio, de aces do tribunal administrativo e fiscal, recursos das decises dos tribunais tributrios, por via de regra, o recurso dirigido ao TCA, nesta seco.

    Tribunal administrativo e fiscal ( TAF) art. 45. Etaf

    a) Todos os litgios relativamente aos quais a lei no reserve competncia para os tribunais superiores. Matrias administrativas. Art. 44. ETAF

    b) Em matrias tributrias, as constantes do art. 49. ETAFc) A legalidade de normas, regulamentos, se no tiverem mbito nacional.

    Os Tribunais Tributrios so competentes tara executar as suas prprias decises.26. 38. 49.

    Competncia em razo do territrio:

    S faz sentido quando no conclumos que o tribunal competente no o STA. RG Dec. Lei 325/2003 ( alguns autores chamam ETAF II, contem as reas de jurisdio de cada um dos tribunais). Contem as sedes e os municpios em que cada um deles exerce a jurisdio. Necessrio consultar o Dec. Lei e o mapa anexo. ( almedina, procedimento e processo administrativo, Casalta Nabais, comprar). O CPPT no art. 12. estabelece as regras de competncia em razo do territrio. Nos casos em que a aco vise impugnar um acto do rgo perifrico local, o tribunal competente o a da rea desse mesmo rgo. Sempre que o acto foi praticado por um rgo diverso, um regional, central ou distrital, o

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    tribunal competente ser o tribunal do domicilio do autor, ora o tribunal da situao dos bens, ora o tribunal do local de transmisso, conforme o tipo de tributo em causa. No caso da execuo discal, art. 151. do CPPT, o tribunal competente o do domicilio ou sede do devedor. O CPPT, art. 12. insuficiente para a jurisdio competente. Quando o CPPT nada disser, aplicam-se as regras do CPTA. A rea de jurisdio encontra-se no Dec. Lei 325/ 2003 .

    Competncia em razo do valor

    O valor no um factor que permita atribuir competncia a um tribunal. No significa que o valor da causa seja irrelevante, tem relevncia em sede e recurso jurisdicional. Serve para saber se ou no possvel recorrer, e no para saber qual o tribunal. O valor da causa atribudo com base no art. 97-A do CPPT. No caso de impugnao de acto de liquidao, o valor da causa o valor do acto, estando em causa um BF, o valor da causa o mesmo. Quando no possvel, quem fixa o valor o juiz em funo da complexidade da questo, com limite mximo estabelecida na lei, Art. 97-A, n. 2, um quarto do valor da alada de 1 instncia dos tribunais judiciais, TAF, 1250,00). A alada do TCA igual fixada para o tribunal da relao, 30.000,00, os casos de apreciao em primeira instancia, a dos tribunais inferiores. Art. 6. ETAF.

    Aula de 07-11-2012Ttulo : O processo tributrio

    Sumrio : A incompetncia dos tribunais tributrios.Os restantes actores processuais:- Os sujeitos passivos;- A Administrao Tributria (Fazenda Pblica);- O Ministrio Pblico.O contencioso tributrio como contencioso pleno.O contencioso tributrio como contencioso de legalidade.Os princpios enformadores do processo tributrio.

    Incompetncia dos tribunais tributrios

    A violao das regras que permitem determinar o tribunal competente, determina a incompetncia, em razo de:

    1. Matria: Se considerarmos estar perante uma relao jurdica administrativa quando estamos perante uma relao jurdica tributaria, ocorremos numa situao de incompetncia do tribunal em razo da matria.

    2. Hierarquia, art. 26. 38. e 49., ETAF: Se ns propomos uma aco junto do tribunal tributrio e o tribunal competente o TCA, configura-se uma violao do disposto, originando uma incompetncia absoluta.

    3. Territrio: Se disser respeito ao art. 12. do CPPT, que nos permite aferir da competncia territorial, temos uma situao de incompetncia relativa.

    Pode tratar-se de uma competncia absoluta sempre que forem violadas regras relativas competncia em razo da matria ou da hierarquia, ser incompetncia relativa quando so violadas regras relativas competncia em razo do territrio.

    Incompetncia relativa ( art. 17. n. 1 CPPT)

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    Existem, conforme o processo, momentos definidos para que seja arguida ou invocada pelas partes. No do conhecimento oficioso. Estando em causa um processo de impugnao, a incompetncia vai ser arguida pela AT, devendo ser invocada at ao momento do inicio da produo de prova. Estado em causa um processo de execuo fiscal, quem vai arguir ou invocar a incompetncia relativa ser o contribuinte executado, podendo faze-lo at ao final do prazo para se opor execuo. Regime e consequncias: A remessa do processo para o tribunal competente. Considera-se:- A petio apresentada na data do primeiro registo do processo, de modo a acautelar a

    tempestividade dos pedidos. ( art. 18. n. 4 CPPT)- A declarao de incompetncia dever indicar o tribunal considerado competente. ( art.

    18. n. 3 CPPT)

    Incompetncia absoluta

    Ser do conhecimento oficioso e esse conhecimento poder ter lugar at ao transito em julgado da deciso. O tribunal tributrio ser absolutamente incompetente quando violadas as regras de atribuio de competncia em rezo da matria e em razo de hierarquia. (art. 16. Etaf). A no apreciao da competncia pelo tribunal causa de nulidade da sentena, art. 125. CPPT.Regime e consequncias: a absolvio da instncia da entidade demandada. Pode existir a remessa para tribunal competente, aps a notificao do autor, pode esse mesmo autor no prazo de 14 dias, solicitar ao tribunal para que remeta para o tribunal com competncia, fazendo-o a aco considera-se proposta na data em que a petio inicial deu entrada no tribunal incompetente. Art. 16. 17. e 18. CPPT.

    Ex.: Antnio prope no TAF Braga, uma aco administrativa especial na qual visava que o tribunal declarasse ilegal um regulamento aplicvel a todo o territrio nacional. Art. 26. ETAF, STA no competente. Art. 38., TCA competente. O TAF de braga incompetente, incompetncia absoluta, absolvio da instancia

    Casos prticos:II

    B props no TAF de Braga uma aco relativa impugnao de um acto de liquidao, de imposto municipal sobre imveis, que diz respeito a um prdio urbano, situado em Lisboa. Est em causa o critrio de territrio, um bem imvel, a regra de todos os domnios, vale o critrio da rea da situao do bem, este est em Lisboa, o tribunal competente ser em Lisboa, incompetncia relativa, pelo que haver remessa oficiosa para o tribunal tributrio e administrativo de Lisboa.

    III

    Carolina intentou no tribunal tributrio de Lisboa, uma aco, tendo em vista a impugnao de um acto administrativo praticado pela CML, que determinou a demolio de uma moradia ilegalmente construda no concelho de Lisboa.Trata-se de uma incompetncia em razo da matria, no estamos perante um RJ tributaria, mas sim administrativa, o tribunal tributrio no competente, originando uma incompetncia absoluta do tribunal com a consequente absolvio da instancia.

    Actores processuais

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Este conceito no se pode confundir com o conceito de parte processual. Actor processual ser toda a pessoa ou entidade que tenha uma interveno no decurso de uma aco, por sua vez, parte processual a pessoa que relativamente ao objeto do litgio, ou pretenso, tem um interesse directo e pessoal. Normalmente, referimo-nos, em funo da pretenso, as partes so quem a deduz e contra quem deduzida a pretenso em juzo.O tribunal, no sendo parte, um actor processual.

    As partes processuais

    Sujeitos passivos

    Sujeito passivo originrio ou sujeitos passivos no originrios. O primeiro, a pessoa singular ou colectiva que tem uma relao directa com o facto tributrio, os segundos, sero os que por fora da lei, so chamadas a cumprir determinadas obrigaes em matria tributaria, como as situaes de substituio tributria e responsabilidade tributria.

    A administrao tributria

    representada em juzo pela fazenda publica. A lei diz-nos que o seu representante vai variar consoante o tipo de tribunal em causa. Assim:

    STA ou TCA: representa a fazenda o director geral da AT, podendo ser representado pelos subdirectores ou por funcionrios licenciados em direito. art. 53./54. ETAF.

    Tribunais tributrios: ser o director geral da AT, sendo certo que, na prtica a representao do director geral da AT feita pelos directores de finanas da rea em causa, ou por funcionrio licenciado em direito.

    Taxas cobradas pelas Autarquias: Sendo estas demandadas, o representante ser um funcionrio licenciado em direito ou um advogado designado pela autarquia.

    Ministrio publico

    Tem a funo de defensor da legalidade e promoo do interesse publico, assim como funes de representao (art. 51. Etaf). No contencioso tributrio chamado, antes de ser proferida a sentena, a pronunciar-se sobre as questes de legalidade suscitadas durante o processo, atravs de uma figura chamada vista, se tal no acontecer, teremos uma situao de nulidade que vai poder ser arguida e uma vez reconhecida implica a anulao de todos os actos praticados a partir do momento em que a vista deveria ser concedida. Tambm o ministrio publico representado por entidades diversas consoante o tribunal em causa:

    STA: Procurador geral da repblica, que pode ser substitudo pelos procuradores gerais adjuntos. Art. 52. n. 1 a)

    TCA: Representado pelos procuradores gerais adjuntos. Art. 52. n. 1 b) TAF ou TT: Representados pelos procuradores de repblica. Art. 52. n. 1 c)

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    Caractersticas do contenciosos tributrio. As mais importantes: 3

    Plenitude do contencioso tributrio ou tutela jurisdicional efectiva

    Em primeiro lugar, o contencioso tributrio um contenciosos pleno, que resulta de uma imposio constitucional prevista no art. 20. e no art. 268. n. 4, CRP, que constitui uma imposio legiferante para que o legislador d concretizao a um conjunto de exigncias plasmadas na CRP, exigncias essas que cominam no dever do legislador consagrar mecanismos que permitam aos administrados:

    1. Meios de reconhecimento de direitos ou interesses legalmente protegidos em matria tributria. Obter o reconhecimento de direitos em sede de justia administrativa e fiscal.

    2. Meios impugnatrios de actos lesivos: Diz-nos o mesmo art. que o legislador deve consagrar a existncia de meios processuais que tenham por objetivo permitir aos administrados a impugnao de actos praticados pela AT e que sejam potencialmente lesivos dos seus direitos legalmente protegidos.

    3.Meios que obriguem a administrao a agir: Exige tambm que o legislador crie mecanismos jurisdicionais que permitam obter a condenao da administrao prtica de actos legalmente devidos.

    4.Meios cautelares adequados: Que aos administrados deve ser possvel solicitar jurisdicionalmente o decretamento de providencias cautelares.

    Estas 4 exigncias foram respeitadas:

    1. O art. 145. CPPT consagra um meio processual, aco para reconhecimento de direitos e interesses em matria tributria, que concretiza a primeira exigncia constitucional. Ex.: necessidade de reconhecimento do estatuto de grau de deficincia que confere determinada iseno.

    2. O contribuinte tenha meios processuais que permitam a impugnao de actos lesivos. Existe uma ampla considerao, como o processo de impugnao judicial para os actos tributrios, no processo especial e derrogao do segredo bancrio, na aco administrativa especial que permite os contribuintes impugnar judicialmente os actos administrativos em matria tributaria. Processo de impugnao judicial, art. 99. e ss CPPT; processo de derrogao do sigilo bancrio, art. 146. - B, CPPT; oposio execuo fiscal, art. 203. CPPT; reclamao de actos do rgo de execuo fiscal. Processos recursivos ou de segundo grau, na medida em que apenas se recorre a tribunal aps ter sido praticado uma acto lesivo anterior pela AT.

    3. Mecanismos que permitam obter a condenao da AT pratica de um acto legalmente devido, o legislador consagrou no art. 147. CPPT, intimao para um comportamento, no qual pode o contribuinte solicitar que condene a AT a praticar um acto. Ex.: A AT recusa-se, ou mantem-se em silencio, quanto devoluo de um determinado tributo, legalmente devido e perfeitamente reconhecido.

    4. Processos cautelares, que possam ser instaurados pelo contribuinte tendo em vista o decretamento de providencias cautelares. A AT, em caso de fundado receio de que o contribuinte possa alienar os bens para impedir uma eventual execuo, pode solicitar ao tribunal o decretamento de providencias cautelares, como o arresto e o arrolamento, que pode ser contestado pelo contribuinte nos termos do art. 144. CPPT. Por outro lado, aos contribuintes, a eles se refere o art. 268. CRP, tambm o podem pedir, ainda que de forma escondida, essa possibilidade esta consagrada no n. 6 do art. 147. do CPPT. 6 - O disposto no presente artigo aplica-se, com as adaptaes necessrias, s providencias cautelares

    3 Completar com leitura de Lies de Procedimento e Processo Tributrio, Joaquim Freitas Rocha, Pg.: 233 a 240

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    a favor do contribuinte ou demais obrigados tributrios, devendo o requerente invocar e provar o fundado receio de uma leso irreparvel do requerente a causar pela actuao da administrao tributaria e a providncia requerida.

    Pelo exposto o contencioso tributrio um contencioso pleno, a cada direito constitucionalmente protegido corresponde um mecanismo jurisdicional para o fazer valer em juzo. Principio da plenitude dos meios processuais.

    Contencioso de legalidade

    Se a actuao administrativa vinculada, temos um controlo amplo do acto praticado pela administrao, porque a soluo prevista na lei apenas uma, da que o tribunal possa controlar essa actuao em todos os seus domnios. Quando a actuao no vinculada, a aplicao estrutural da norma, por via da discricionariedade, o controlo do tribunal no incide sobre o mrito da deciso mas sim sobre a legalidade. Perante a indeterminao legal, ..pode,.., se no o faz, o tribunal no pode obrigar a decidir, sob pena de exercer a funo administrativa e no a jurisdicional. O controlo de legalidade significa que o tribunal apenas se pronuncia sobre aspectos vinculados e nunca sobre aspectos discricionrios. Nestes, existem alguns aspectos que o tribunal pode conhecer, como por exemplo a competncia.

    Princpios contencioso tributrio (alguns) 4

    Principio da reserva da funo jurisdicional

    Art. 202. CRP, quando esteja em causa a tarefa de dirimir um litgio, a ultima palavra est reservada a um tribunal. Este principio ser violado, se existir uma norma que determine que um acto administrativo pode ser impugnado administrativamente mas no pode ser impugnado jurisdicionalmente. Nestes casos est-se a reservar a resoluo de um litgio para a administrao e no para o tribunal, como exige o art. 202., estaremos perante uma inconstitucionalidade da norma.

    Principio da celeridade

    Importante em matria tributria, porque se encontra consagrado no art. 20. CRP. As partes de um processo devem obter uma deciso de mrito que ponha fim ao litgio num prazo razovel. O legislador consagrou uma norma sem paralelo noutros domnios do direito processual, a norma do art. 96. do CPPT, prazo mximo de dois anos, 90 dias em alguns casos indicados no art. 97. CPPT. Art. 96.1- O processo judicial tributrio tem por funo a tutela plena, efectiva e em tempo til dos direitos e interesses legalmente protegidos em matria tributria2 - Para cumprir em tempo til a funo que lhe e cometida pelo nmero anterior, o processo judicial tributrio no deve ter durao acumulada superior a dois anos contados entre a data da respectiva instaurao e a da deciso proferida em 1.a instncia que lhe ponha termo.3 - O prazo referido no nmero anterior devera ser de 90 dias relativamente aosprocessos a que se referem as alneas g), i), j), l) e m) do artigo seguinte.

    O art. 177. CCPT, um ano para que o processo de execuo fiscal se extinga.

    Principio duplo grau de jurisdio

    4 Completar com leitura de Lies de Procedimento e Processo Tributrio, Joaquim Freitas Rocha, Pg.: 240 a 248

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Significa que a mesma pretenso apenas pode ser conhecida por dois rgos jurisdicionais. Se a aco intentada no TAF, pode-se recorrer, admitindo a causa recurso, recorre-se para o STA, recurso per saltum (quando o fundamento do recurso reside exclusivamente em matria de direito), ou para o TCA ( quando o fundamento do recurso reside em matria de facto acompanhada ou no de matria de direito). Art. 279. e ss CPPTA

    Princpio do inquisitrio

    Rege o principio da verdade material descobrir a verdade material. Nessa medida, o juiz, apesar de estar vinculado aos factos alegados pelas partes, no est vinculado aos elementos probatrios que as partes levam para o processo, pode determinar que sejam realizadas outras diligncias no sentido de apurar a verdade material sempre que considere essas diligncias teis para encontrar a verdade.

    Aula de 14-11-2012

    Tipo de aula : Terico/Prtica Turno : TP1

    Ttulo : O processo tributrio

    Sumrio : Os princpios enformadores do processo tributrio (cont.).Os meios processuais (elenco).O processo de impugnao judicial.

    Meios processuais do contencioso tributrio 5

    O leque de meios processuais extenso e alargado, a melhor anlise que podemos fazer deste leque de mecanismos jurdico-processuais passa por fazer o seu elenco e depois os distinguir com base no critrio da finalidade e do objecto.

    Elenco dos meios processuais

    1. Processo de impugnao judicial, art. 99. e ss do CPPT2. Recurso contencioso, ou aco administrativa especial3. Aco para reconhecimento de um direito protegido em matria tributria, previsto

    no art. 145. CPPT4. Processo especial de derrogao do sigilo bancrio, 146. - A, 146. - B, 146. - C

    e 146. - D5. Impugnao que visa colocar em crise os actos de determinao da matria

    tributvel com base em manifestaes de fortuna. Processo urgente 89. - A LGT. No so impugnveis administrativamente pelo pedido de reviso da matria tributvel. Art. 91. exclui o regime simplificado, exclui tambm a manifestaes de fortuna.

    6. Processo de execuo fiscal, art. 148. e ss CPPT, a 278. CPPT7. Processos cautelares que visam garantir o crdito tributrio, arresto e arrolamento,

    135. e ss.8. Intimao para comportamento, art. 147. 9. Processos cautelares que o sujeito passivo pode utilizar. Para suspenso da

    eficcia de uma deciso administrativa, 147. n. 6.

    5 Completar com leitura de Lies de Procedimento e Processo Tributrio, Joaquim Freitas Rocha, Pg.: 273 a 277

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Existem outros mecanismos que so comuns ao processo administrativo. Art. 146. CPPT.

    A determinao do meio processual adequado deve atender finalidade e objecto 6

    Finalidade: verificamos que grande parte destes mecanismos tem por finalidade a impugnao de uma actuao administrativa, assim como do decretamento de providencias cautelares, de condenao da administrao a uma aco ou omisso, um mecanismo que visa obter a cobrana coerciva dos tributos.

    Objecto: que tipo de actuao administrativa pretendemos impugnar, vai permitir excluir meios processuais que no se podem aplicar ao caso concreto, se pretendermos impugnar uma acto praticado pelo Dir. Geral da AT e que visa permitir o acesso s informaes bancarias do SP; no vamos lanar mo de impugnao, para este caso h um mecanismo prprio previsto no art. 146. a e ss.

    A distino coloca-se entre o processo de impugnao judicial e aco administrativa especial, a aco AE tem por objeto actos administrativos em matria tributria, o processo de impugnao judicial tem por objecto actos tributrios.

    Se o mecanismo escolhido no foi o adequado, diz-nos o art. 98. CPPT, que h lugar a convolao, o tribunal, oficiosamente, vai aplicar o mecanismo correcto (aplicao do dever de cooperao). No um dever que existe em todos os casos, como por exemplo no caso do meio processual com um determinado prazo, e outro com prazo superior, sendo que o do prazo inferior o adequado, se o SP lana mo do meio errado, para alm do prazo, o tribunal no deve convolar, na medida em que poderia o SP usar um mecanismo cuja utilizao j havia precludido.

    Processo de impugnao judicial, art. 99. e ss do CPPT 7

    Tem algumas semelhanas com a reclamao graciosa. A sua natureza reveste e forma de uma verdadeira aco, no um continuao do procedimento administrativo. Visa a anulao ou a declarao de nulidade de actos tributrios. O seu objecto so actos tributrios, aqui no apenas ao acto em sentido restrito, a liquidao, alm destes, pode ser usado para impugnar actos de avaliao nos casos em que sejam passiveis de impugnao contenciosa directa. No art. 70. do CPPT, regula-se a reclamao graciosa, refere-se que poderia ser intentada no prazo de 120 dias, contados a partir dos factos previstos no art. 102. e com fundamentos do art. 99., estes fundamentos no art. 99. constam tambm do regime deste mecanismo, processo de impugnao judicial por qualquer ilegalidade.O conceito de ilegalidade para este efeito dado no art. 99 com alguns exemplos de ilegalidade, no sendo exaustivo, qualquer, designadamente.

    a) A AT considera que o SP auferiu determinado rendimento quando auferiu na realidade outro. Assim como a qualificao, a interpretao e a aplicao de normas por parte da administrao, qualificar rendimento da categoria A quando so B

    b) A incompetncia, um dos elementos obrigatoriamente fixados na lei, sempre que violada, temos uma ilegalidade.

    c) O dever de fundamentao, que consta da CRP, tem assento em sede de procedimento tributrio, sempre que no exista ou insuficiente, tambm uma ilegalidade.

    6 Completar com leitura de Lies de Procedimento e Processo Tributrio, Joaquim Freitas Rocha, Pg.: 2777 Completar com leitura de Lies de Procedimento e Processo Tributrio, Joaquim Freitas Rocha, Pg.: 278 a 303

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    d) Preterio de formalidades legais, no domnio do procedimento tributrio a lei consagra um conjunto de formalidades, sempre que no o sejam, estamos perante uma ilegalidade. A mais grave o dever de audio art. 60. LGT.

    Existem outras ilegalidades, como a inexistncia de facto tributrio, o SP diz que no auferiu determinado rendimento. Da mesma forma, o acto da liquidao ser praticado para alm do prazo de caducidade, 4 anos, previsto no art. 45. LGT. Pelo exposto, h varias semelhanas com a reclamao graciosa.

    Diferenas:

    1. Provas, reclamao graciosa s admite a prova documental, so admitidas todas para processo de impugnao judicial.

    2. O processo de impugnao judicial muito formalizado, ao passo que reclamao graciosa se caracteriza pela simplicidade e brevidade dos seus termos, tem o prazo de quatro meses para ser concludo, no processo de impugnao judicial, tem 2 anos.

    3. As decises preferidas: no processo de impugnao judicial termina no momento da sentena, a sentena, nos casos em que no passvel de recurso e nos no recorridos, produz efeitos de caso julgado, a reclamao graciosa, no produz esse efeito, um acto administrativo.

    4. O processo acarreta custas judiciais, o procedimento de reclamao graciosa no. ( iseno de custas)

    O regime processo de impugnao judicial

    Prazos para que o SP, com fundamento em ilegalidade, dirigir uma petio inicial ao TT.

    Estamos falar de um mecanismo ab initio ou na sequncia do indeferimento de uma impugnao administrativa. O tipo de impugnao releva para a determinao dos prazos a aplicar. Em regra o SP perante um acto tributrio pode reagir por qualquer dos mecanismos, com excepo dos casos em que a reclamao contenciosa necessria. Considerando os casos mais simples, os que o SP optou pela via contenciosa ab initio, o prazo para impugnar os actos de 90 dias, aplica-se o n. 1 do art. 102. CPPT, contados a partir dos factos previstos neste artigo. No que diz respeito ao acto de liquidao, conta-se a partir do ultimo dia do termo do prazo para pagamento voluntrio ou a partir dos dias indicados no art. 102..

    Por indeferimento de reclamao graciosa, os prazos so diferentes, se for indeferimento expresso, o prazo e de 15 dias aps a notificao, 102. n. 2, ( remir para 279. Ccv), num indeferimento tcito, ocorre aps 4 meses, 57. LGT, presume-se o indeferimento para efeitos de impugnao judicial, 106. CPPT. Nestes casos, o prazo passa a ser de 90 dias a partir do momento em que se formou o acto tcito, 102. 1, b), CPPT. Os prazos referidos vigoram na generalidade dos casos, nas casos de reclamao necessria, art. 131. 132. 133. remir para 279. Ccv, o prazo de 30 dias. No pagamento por conta no h indeferimento tcito, o silencio corresponde a deferimento.

    O prazo para reclamar graciosamente de 120 dias, judicialmente de 90 dias. Se indeferida a reclamao graciosa, o SP passa a poder usar o prazo do art. 102., prazo que j tinha precludido. No estamos a referir prazos processuais, so prazos extra-processuais, s podemos falar em processo aps a entrega da petio inicial, por isso aplicamos as regras para contagem dos prazos, so contnuos e contam-se nos termos do

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    cdigo civil, no h relevncia das frias judiciais, art. 279. Ccv.

    Tramitao processo de impugnao judicial 8

    Apresentao da petio inicial devidamente articulada, na qual se identifique o acto impugnado e o seu autor, petio que pode ser entregue no tribunal tributrio ou no servio perifrico local. Nos casos em que o SP opte por entregar a petio inicial no servio de finanas, este tem o prazo de 5 dias para o remeter ao tribunal competente, prazo que se conta a partir do momento em que se faz prova do pagamento da taxa de justia. Art. 102. a 109. CPPT.

    E se o servio as finanas no remeter o processo ao tribunal? O SP pode intentar uma aco de intimao para um comportamento. Art. 147. CPPT.

    Aps a apresentao da petio inicial no tribunal tributrio, o juiz pode, desde logo, se verificar que existe alguma deficincia, efectuar um despacho de aperfeioamento, um sinal do principio da cooperao, dar valor s questes materiais e no s questes formais. No caso de serem corrigidas ou no havendo despacho de aperfeioamento, notificado o representante da fazenda publica, quem representa a AT, que no tem a posse do processo administrativo que deu origem ao acto impugnado, o rgo perifrico local vai remeter esse processo administrativo para o representante da fazenda publica, para que este possa contestar, o que no acontece quando demandamos uma determinada entidade administrativa.Pode acontecer que o rgo perifrico local ou regional, decida revogar o acto, a lei permite que, aps a entrega da petio e a notificao, a revogao possa acontecer. Nos termos do art. 6. ETAF, o valor da alada 1/4 da alada do tribunal judicial, 1250.00, para efeitos de revogao do acto impugnado, o critrio o quntuplo da alada do tribunal tributrio, 6250,00, se o valor da causa for at este, a competncia para revogar pertence ao rgo perifrico local, acima deste valor, a competncia do rgo perifrico regional.A revogao pode ser total ou parcial Se no satisfaz totalmente a pretenso do SP, este pede a anulao total, a lei determina que o rgo perifrico local notifique o SP para que este diga se pretende prosseguir a aco. Se:

    O SP responde afirmativamente, remetido o processo administrativo ao representante da fazenda publica.

    O SP diz que no pretende prosseguir, o representante da fazenda publica informado, extinguindo-se a instancia.

    O SP fica em silencio, por fora da lei, o silencio corresponde manifestao de vontade na prossecuo da aco.

    A falta de contestao no implica a confisso dos factos articulados pelo autor na petio inicial. Justificando-se no interesse publico e em funo do principio da indisponibilidade do crdito tributrio, por outro lado, a contestao especificada pode no existir, ou seja, no obrigatrio que a contestao seja feita artigo a artigo, o art. 110. CPPT, indica que o juiz aprecia livremente a falta de impugnao especificada.Nos termos deste artigo, quando se diz que o juiz aprecia livremente, no se pode considerar que os factos se consideram provados, se a falta de contestao no implica a confisso dos factos, na falta de contestao especificada tambm no pode implicar que os factos no contestados se considerem provados.

    Aula de 28-11-2012Tipo de aula : Terico/Prtica Turno : TP1

    8 Completar com leitura de Lies de Procedimento e Processo Tributrio, Joaquim Freitas Rocha, Pg.: 285 a 309

    Pgina 19 a 31Joaquim Lopes

  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Ttulo : O processo tributrio (cont.)

    Sumrio : O processo de impugnao judicial (cont.).Breve referncia a outros meios processuais.

    Aps a fase anterior, pode verifica-se uma de trs situaes:

    1. Absolvio: A fazenda publica invoca um facto que obsta ao conhecimento do mrito da causa, determinado a lei que o autor se pronuncie sobre esse facto, aps essa pronuncia haver lugar a absolvio da instancia.

    2. Vista: Sendo a questo de direito e de facto, considera o tribunal ter todos os e elementos para proferir a deciso de mrito, h no entanto, uma formalidade a cumprir, a vista do ministrio publico. Art. 121., para o MP se pronunciar sobre questes de legalidade que tenham sido suscitadas no processo ou suscitar outras nos termos das suas competncias legais.

    3. Instruo: Vo ser produzidas as provas requeridas pelas partes, ainda que o tribunal, pelo principio do inquisitrio, possa indeferir os requerimentos de prova, ou solicitar novas, norteado pelo principio da verdade material. possvel usar todos os meios de prova existentes em direito.

    a. Prova testemunhal, com limite de 3 por cada facto, 10 por acto impugnado.

    Fase das alegaes

    Art. 120. CPPTAs partes vo fazer uma apreciao da prova produzida e do direito que consideram ser aplicado, formulando as necessrias concluses. Estas alegaes so escritas, no h alegaes verbais em processo tributrio, no prazo mximo de 30 dias.

    Depois da fase de alegaes, temos de novo a vista do MP, que pode levar a que o tribunal tenha de realizar novas diligncias. Se o MP suscitar vcios de legalidade ou outros, fica por saber se aps feitas, deve ou no ser dada nova vista ao MP. Qualquer desvio ao formalismo processual implica uma nulidade processual, que determina que sejam anulados os actos praticados a partir do momento em que se praticou essa invalidade, podendo at considerar-se a sentena nula. Apesar da lei nada dizer, pode-se retirar do art. 120. que o legislador quis que a vista do MP fosse o ultimo acto antes da sentena.

    Deciso / Sentena

    Tem uma estrutura que o tribunal deve seguir, identificar as partes, o objeto do litgio, as questes apreciadas pelo tribunal, os factos provados e no provados e da extrair a deciso.Quando sejam suscitados vrios vcios do acto, devem ser apreciados em primeiro lugar os que possam conduzir sua nulidade, em segundo lugar os que possam conduzir anulabilidade.A sentena pode ser nula nos casos em que no esteja assinada pelo juiz, assim como se no estiver fundamentada, se estes estiverem em contradio com a deciso, se houver uma omisso de pronuncia, ou seja, omisso de pronuncia sobre questes que deva oficiosamente conhecer, ou ainda nos casos de excesso de pronuncia, ou seja, pronunciar-se sobre questes que no deva conhecer. A jurisprudncia tem defendido que as nulidades da sentena devem ser resolvidas em sede de recurso, para o tribunal ad quem ( o tribunal ao qual dirigido o recurso).Recurso contencioso ou aco administrativa especial

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Art. 97. n. 2 CPPT. O SP pretende impugnar um acto administrativo em matria tributria, nesses casos o recurso contencioso segue os termos do processo administrativo. A aco administrativa especial consta do art. 46. e ss do CPTA, aplica-se nos casos de litgio emergente da prtica ou omisso de actos ou normas de direito administrativo.Tambm usada para impugnar normas administrativas em matria tributaria. Art. 46. CPTA.

    Impugnao de acto administrativo em matria tributaria. Condenao pratica de acto administrativo em matria tributaria. Impugnao de norma de acto administrativo em matria tributaria. Condenao emanao de norma de acto administrativo em matria tributaria.

    O objeto o acto administrativo em mataria tributaria, assim como a impugnao de normas.

    Processo especial de derrogao do sigilo bancrio art. 146. A, art. 146. B, art. 146. C do CPPT.

    Acesso a informaes bancarias

    Por regra, a informao protegida por sigilo profissional carece de autorizao judicial, art. 63. LGT. So excepo do segredo bancrio, as situaes que preenchem os requisitos art. 63. - B, n. 1. Quando a AT pretende aceder s informaes de familiares e/ou terceiros, imprescindvel que se verifiquem na pessoa do SP os requisitos do art. 63. B, n. 1. Ainda necessrio que se exera o direito de audio em relao ao familiar ou terceiro.

    Como pode o SP ou familiar ou terceiro reagir a esta deciso?

    O meio adequado seria a aco administrativa especial, no entanto, estando em causa um acto de pode colidir com o direito reserva da vida privada, exige a CRP que existem meio processual de natureza urgente para salvaguardar esses direitos.

    Existe o processo especial de derrogao do sigilo bancrio, art. 146. A B e C do CPPT

    O regime do art. 63. da LGT tem vindo a ser alterado, tendo j sido exigida a aco judicial. Foi alterado o regime deste artigo, no tendo sido alterado o art. 146. C, tendo deixado de ser aplicado. usado o art. 146. A, art. 146. B, art. 146. D do CPPT.

    A impugnao feita pelo SP no tem efeitos suspensivos. Existem meios processuais que podem ser utilizados previamente, em simultneo ou na pendncia, que so os processos cautelares, em que faz sentido falar em suspenso da eficcia do acto at ser proferida a deciso num processo urgente, que tem um prazo de 90 dias.A impugnao feita pelo familiar ou terceiro tem efeitos suspensivos.

    Aco de reconhecimento de um direito

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Tem um carcter subsidirio. Art. 145. CPPT

    Uma aco cujo mbito de aplicao restrito, art. 145. CPTA.Um SP tem uma incapacidade, a AT desconsidera a incapacidade, refletindo-se no acto de e liquidao do IRS. Se o tribunal deferir a impugnao a liquidao anulada, devendo a as partes devolver tudo o que for prestado. A aco de reconhecimento de um direito tem um prazo de 4 anos a contar da constituio do direito. Tendo a aco provimento, a AT fica vinculada e no pode praticar novo acto, sob pena de violar o caso julgado.

    Notas distintivas:

    1. uma aco instaurada ex novum, no tem natureza recursiva. Assume as caractersticas de uma verdadeira aco declarativa de simples apreciao.

    2. Tem por trs um no reconhecimento de um direito.3. Tem por finalidade a definio de futuras situaes jurdicas semelhantes.

    Intimao para um comportamento, art. 147. CPTA

    Tem tambm um carcter subsidirio.Este meio o adequado para obrigar a AT a ter comportamentos que decorram da lei.

    Intimao para prestao de informaes, consulta de documentos e passagem de certides, art. 146. CPPT

    Produo antecipada de prova

    Ver artigos dos cdigos

    Processos cautelares

    Pretendem garantir que a deciso a ser proferida na aco principal seja passvel de ser efectuada.Pretende-se obter com este processo uma previdncia cautelar. As providencias podem ser de natureza:

    5. Antecipatria, quando a providncia requerida tenha um contedo idntico providencia requerida na aco principal.

    6. Conservatria, manter a situaes que existe, visam obstar que o decurso do tempo da aco principal possa produzir alteraes que venham a obstar que a deciso da aco principal produza os seus efeitos. Visam garantir que o SP no aliena, destri ou dissipa o seu patrimnio.

    Dois regimes:

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    O art. 147. CPPT interpreta-se como um dos regimes

    Quanto s providencias queridas para AT, o regime bem mais explcito, podendo ser decretado o arresto e o arrolamento. Do lado do SP, no so identificados o tipo de providencias, do lado da AT, so-no:

    - O requerente tem de demonstrar a existncia de periculum in mora, o perigo de que a durao do processo principal pode provocar um dano irreparvel.

    - Demonstrar a aparncia do direito, fumus bonus iuris, um fumo de direito- Proporcionalidade, a providncia decretada no deve implicar a produo de um dano

    superior.

    No caso de arresto, estando o tributo j liquidado ou em fase de liquidao, havendo a um fumus bnus iuris.

    Aula de 05-12-2012

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Tipo de aula : Terico/Prtica Turno : TP1

    Ttulo : O processo de execuo fiscal

    Sumrio : O processo de execuo fiscal:- noo;- pressupostos materiais;- pressupostos formais;- competncia;- legitimidade.

    Processo de execuo fiscal 9

    Os actos que interfiram num procedimento podem ter variadas origens, podem no ser exclusivamente praticados pela AT, como a apresentao de rendimentos que integra o conceito amplo de liquidao, sendo praticado pelo prprio SP.

    Uma vez determinado o quantitativo de tributo a pagar e identificado o SP, torna-se necessrio dar conhecimento deste acto ao seu destinatrio, pessoa que na sua esfera jurdica vai sentir os efeitos desse mesmo acto. Esta operao pela qual se d conhecimento os destinatrio, faz parte da fase de integrao da eficcia. Esta fase assume relevncia na medida em que podemos ter um acto vlido, mas ineficaz enquanto no se realizar a notificao ou publicao. Conhecendo o SP o acto que foi praticado, comeam-se a produzir efeitos jurdicos, o que significa o incio do prazo para pagamento voluntrio. Sendo a obrigao paga dentro do prazo, extingue-se a obrigao, nos casos em que o SP no paga voluntariamente, aqui, deixamos o domnio da cobrana volutaria e avanamos para a cobrana coerciva, que se faz atravs do processo de execuo fiscal. Estamos perante uma verdadeira aco, que instaurada com base num ttulo formal ( ttulo executivo), dotados de coactividade e definitividade que declara de forma fundamentada o valor da dvida em causa. necessrio que exista uma dvida, e que preencha 3 requisitos:

    1. Certa: Divida certa quando no h duvidas quanto sua existncia, a partir do momento do acto de liquidao, a divida existe, sem prejuzo de pode ser impugnada. No h dvidas quanto aos sujeitos devedores nem quanto natureza das prestaes.

    2. Liquida: Quando o seu quantitativo esteja determinado. No existam dvidas quanto ao seu montante.

    3. Exigvel: Aps o termo do pagamento voluntrio. Antes no possvel instaurar o processo de execuo fiscal. No existam duvidas quanto legalidade das mesmas, aferido atravs do ttulo executivo em causa. Em principio, neste processo no se discutem questes sobre a validade, presumindo-se j resolvidas.

    Alm deste 3 requisitos, teremos os pressupostos materiais e formais, responder a questo de quais as dvidas que podem ser cobradas atravs deste processo. O processo de execuo fiscal serve para cobrar dividas a outras entidades de direito publico e nem todas as dividas ao estado podem ser cobradas atravs da execuo fiscal.

    Dividas passiveis de cobrana deste meio processual, pressupostos materiais: (art. 148. CPPT)

    9 Completar com leitura de Lies de Procedimento e Processo Tributrio, Joaquim Freitas Rocha, Pg.: 309 a 360

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    - Tributos, uma prestao coactiva que visa satisfazer necessidades financeiras. Coactiva, de uma dupla coactividade, quanto origem e quanto ao contedo, quer o tributo quer o quantitativo resultam sempre de determinao legal, est afastada qualquer possibilidade de prtica de actos fora desse mbito. Os tributos visam satisfazer necessidades financeiras, na medida em que a receita no tem como objectivo sancionar comportamentos, como as coimas. Inclui impostos aduaneiros, especiais e extrafiscais como as taxas e demeias contribuies a favor do estado.

    - Dividas relativas a coimas de processo de contraordenao tributria, salvo quando aplicadas pelos tribunais comuns. Coimas e outras sanes decorrentes de responsabilidade civil determinada pelo RGIT.

    - Outras dividas ao estado e a outras pessoas colectivas de direito publico que devam ser pagas por fora de acto administrativo. Nestes casos, o diploma que criou essas entidades deve considerar a possibilidade de recurso execuo fiscal.

    - Reembolsos ou reposies.

    Em termos formais, necessrio tambm a necessidade da existncia de ttulo executivo, um documento que conter, entre outros elementos, obrigatoriamente a meno entidade que o emitiu, o credor, a identificao do devedor, a indicao da origem da divida, o quantitativo da divida, bem como do quantitativo sobre o qual incidem os juros, entre outros elementos.

    Ttulos executivos: art. 162. CPPT

    - Certido de divida, quando o SP no paga a divida no prazo voluntrio, resulta imediatamente a extraco de certido de divida, o titulo executivo que o credor vai remeter, comeando a contar juros de mora.

    - Certido da deciso e aplicao de coima no casos da execuo de dividas relativas a coimas.

    - Certido de acto administrativo, quando se aplique.- Qualquer outro ttulo a que, por lei especial, seja atribuda fora executiva.

    As certides devero, nos termos do art. 88. n. 2, ser assinadas e autenticadas e contero, sempre que possvel e sem prejuzo do disposto no presente Cdigo, os seguintes elementos:a) Identificao do devedor, incluindo o nmero fiscal de contribuinte;b) Descrio sucinta, situaes e artigos matriciais dos prdios que originaram as colectas;c) Estabelecimento, local e objecto da actividade tributada; d) Nmero dos processos;e) Provenincia da dvida e seu montante;f) Nmero do processo de liquidao do tributo sobre a transmisso, identificao do transmitente, nmero e data do termo da declarao prestada para a liquidao;g) Rendimentos que serviram de base a liquidao, com indicao das fontes, nos termos das alneas b) e c);h) Nomes e moradas dos administradores ou gerentes da empresa ou sociedade executada;i) Nomes e moradas das entidades garantes da dvida e tipo e montante da garantia prestada;j) Nomes e moradas de outras pessoas solidaria ou subsidiariamente responsveis;k) Quaisquer outras indicaes teis para o eficaz seguimento da execuo.

    Os ttulos executivos devero conter, sob pena de ineficcia do ttulo o nulidade do processo, nos termos do art. 165. n. 1 b):

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    - b) A falta de requisitos essenciais do ttulo executivo, quando no puder ser suprida por prova documental.

    Requisitos essenciais dos ttulos executivos: ( art. 163.)1. Identificao da entidade emissora ou promotora da execuo e respectiva

    assinatura.2. Data em que foi emitido3. Nome e domicilio do ou dos devedores4. Natureza e provenincia da dvida e indicao, por extenso, do seu montante.5. Data a partir da qual so devidos os juros de mora e a importncia sobe que

    incidem.

    Competncia/Legitimidade

    Este processo de execuo fiscal um processo atpico, que resulta da circunstncia de nele a maior parte dos actos no serem praticados pelo tribunal, podemos at ter um processo no qual o tribunal no pratica um nico acto. Pratica-os a AT.

    Do ponto de vista subjetivo, podemos identificar 4 actores principais:

    1. O credor: a pessoa ou entidade a favor da qual vai reverter o produto da venda dos bens do executado para satisfao do crdito exequendo.

    2. O devedor3. Tribunal tributrio4. rgo da execuo fiscal

    comum fazer-se a distino entre exequente e executado, neste mbito, o exequente pode ser entendido, por um lado, em sentido imprprio, que diz respeito ao credor, a pessoa ou entidade a favor da qual vai reverter o produto da venda dos bens do executado para satisfao do crdito exequendo. Quem vai conduzir o processo no o credor, o rgo da execuo fiscal que o vai conduzir, em bom rigor, o rgo de execuo o exequente em sentido prprio.O tribunal aprecia a oposio execuo quando deduzida, em geral pronuncia-se sobre litgios entre as partes.

    O devedor, pessoa que figura no ttulo executivo nessa qualidade, sendo no processo de execuo fiscal o executado. Nas dividas tributarias, o devedor o:

    - SP originrio, a pessoa na qual se manifestou a capacidade contributiva, a pessoa que tem uma conexo com o facto tributrio e que, dentro do prazo, no pagou.

    - SP no originrio, os responsveis tributrios, cujo patrimnio chamado a responder pelas dividas tributrios de um determinado SP. Uma fiana legal, porque se procede a uma juno de um patrimnio, legal porque exige previso normativa.

    o Art. 24. LGT, os administradores, gerentes, directores de sociedades podem responder com o seu patrimnios pelas dividas dessas sociedades. A lei no exige que uma pessoa seja um administrador de direito, basta que o seja de facto.

    o EIRL, nestes casos, j em desuso, em matria tributria pode ser desconsiderada, sempre que se prove que o titular do estabelecimento, ele prprio no respeitou a separao de patrimnios.

    o Liquidatrios das sociedades, nas situaes em que no paguem as dividas tributrias em primeiro lugar, salvo nos casos em que a lei indique noutro sentido.

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    o Substituio tributaria, como o exemplo do reteno da fonte do IRS. No mbito desta relao, uma cobrana mediata do tributo, podem acontecer situaes contra legen, nomeadamente fazer a reteno dos rendimentos e no os entregar AT. Se no houve reteno e deveria ter havido, em primeiro lugar ao substitudo, em segundo lugar ao substituto.

    o No sendo responsabilidade tributaria, possvel penhorar bens que no pertencem ao SP originrio, como as situaes de bens que foram adquiridos por terceiros e em que exista direito de sequela, como o caso da existncia de uma dvida de um imvel, no paga, tendo o imvel sido adquirido por um terceiro. A AT pode tornar esse terceiro executado, alterao subjectiva da instncia. Esta circunstncia no significa que a AT possa executar todos os seus bens. Nos termos dos art. 751. e 754. ccv, pode executar unicamente o bem seguido. O terceiro pode indicar outros bens para penhora.

    No basta preencher os requisitos do art. 24. e ss, LGT, e 157.e ss do CPPT, para AT praticar o acto de reverso da execuo fiscal, torna-se necessrio o preenchimento de outros requisitos:

    - Constatar a inexistncia de bens penhorveis, ou fundada insuficincia dos bens do executado.

    - Necessrio que se respeite o beneficio da excusso prvia, enquanto existirem bens do SP originrio, devem esses ser penhorados

    - No pode haver acto de reverso sem prvio exerccio do direito de audio.

    Pagando, os substitutos no pagam juros nem custas, pagam unicamente a divida.Ver art. 23. LGT

    Aula de 12-12-2012Tipo de aula : Terico/Prtica Turno : TP1

    Ttulo : O processo de execuo fiscal (cont.)

    Sumrio : A tramitao do processo de execuo fiscal.

    Tramitao de execuo fiscal

    Instaurao

    Quando falamos na primeira fase, no processo de execuo fiscal, falamos da a instaurao. O titulo executivo enviado ao rgo de execuo fiscal, no um acto administrativo, um simples acto material. Tem um carcter no contencioso. Verifica-se a remessa do ttulo executivo ao rgo da execuo.

    Fase da citao

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Art. 35. CPPT n. 2, o acto comunicativo citao o acto pelo qual se d conhecimento a uma pessoa que contra si foi instaurada uma execuo fiscal, ou o acto pelo qual se chama um interessado a essa mesma execuo ( por exemplo os responsveis subsidirios). Esta citao deve respeitar requisitos formais e materiais. A citao interrompe os prazos de prescrio dos tributos, art. 49. n. 1 LGT, a sua falta constitui uma nulidade insanvel no processo, art. 165. n. 1, CPPT.

    Requisitos formais, trs tipos de citao:

    1. Citao por via postal, que abrange a citao por via postal simples e por via postal registada. Por vista postal simples quando a quantia exequenda no exceda 10 unidades de conta, art. 191. n. 2 CPPT, por via postal registado, quando exceder as 10 unidades de conta e at s 250 unidades de conta, art. 191. n. 1. Tambm possvel a citao por via de transmisso electrnica de dados, art. 191. n. 4 e 5.

    2. Citao pessoal, pode ser efectuada quer por contacto directo com o executado, quer por via postal registada com aviso de recepo. Dever ser feita nos termos do CPC, conforme remisso do art. 192.. Trata-se da citao para os casos em que a divida exequenda ultrapassa as 250 unidades de conta, e sempre para os casos de responsveis subsidirios, independentemente do valor.

    3. Citao edital, tem um carcter excepcional, art. 192. n. 7 CPPT.

    O critrio do tipo de citao a adoptar, foi um critrio quantitativo, vais variar consoante o valor da execuo. Desta forma deve-se adotar a via postal registada quando o valor no exceda as 250 unidades de conta, porem ressalvar-se os casos em que o valor da causa no excede as 10 unidades de conta, nestes a citao ser por via postal simples. Excedendo o valor da causa as 250 unidades de conta, e sempre que esteja em causa a citao de responsveis tributrios, estaremos perante citao pessoal, normalmente por correio registado com aviso de recepo.A citao por edital, muito pontual, designadamente nos casos em que no se conhece o domicilio do executado.

    Requisitos materiais,

    1. A citao do executado deve ser acompanhada por uma cpia do ttulo executivo. Deve conter a meno entidade que a emitiu, a identificao do executado, da provenincia e do montante em dvida, bem como do montante sobre o qual incidem os juros entre outras referncias. Alm desta cpia a citao deve tambm comunicar ao executado as formas de reaco execuo e respectivos prazos.

    Reaco do executado

    1. Pagamento integral da divida e do acrescido, extingue-se a execuo.2. Dao em pagamento, consiste na realizao de uma prestao diversa da que

    executado estava adstrito, entregar bens mveis ou imveis em substituio de uma prestao pecuniria. Art. 201. CPPT. Deve respeitar alguns requisitos:

    a. Deve o executado apresentar um requerimento dirigido ao ministro das finanas, sem prejuzo dos actos de delegao de competncias, descrevendo pormenorizadamente os bens que pretende entregar.

    b. O valor dos bens a entregar no exceder o montante em dvida, na medida em que a AT pretende obter uma prestao pecuniria, da a competncia pertencer ao Ministro das Finanas. Sendo-o, o despacho de autorizao constituir um crdito a favor do devedor.

    3. Pedido de pagamento em prestaes, para que tal seja possvel, torna-se necessrio que:

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    a. O SP executado provar que no capaz de uma s vez realizar integralmente a prestao. Art. 196. n. 1 CPPT.

    b. Em principio no h lugar a pagamento em prestaes sem prvia garantia, com a excepo de quando se demonstre um prejuzo irreparvel do SP. A lei estabelece requisitos apertados, quanto ao numero e quanto ao valor das prestaes:

    i. Limite mximo de 36 prestaes mensaisii.No pode ser inferior a uma unidade de conta.

    Em casos excepcionais a lei admite que o prazo de 3 anos seja alargado para 5 anos, passando o quantitativo das prestaes a no ser inferior a 10 Unidades de conta. Uma competncia do rgo de execuo fiscal, no caso de incumprimento, 3 prestaes de forma sucessiva, ou 6 interpoladas, o rgo notifica o executado para que no prazo de 30 dia regularize a situao, se o no fizer este cita o entidade que prestou a garantia, para esta efectuar o pagamento, sobe pena de ela mesma passar a ser executada no mesmo processo. Art. 200. n. 1 e 2 CPPT.Estamos a falar de actos discricionrios, nem o ministro nem o rgo de execuo fiscal so obrigados a aceitar estas formas de extino da divida tributria, a lei utiliza a tcnica de indeterminao estrutural da norma para atribuir discricionariedade AT. Esta verifica se deve ou no permitir o pagamento em prestaes ou a dao em pagamento, independentemente do preenchimento dos requisitos. O prazo para pedir o pagamento em prestaes foi alterado pela lei do oramento do estado para 2012, CPPT, art. 196., o prazo e 30 dias para oposio execuo, vale para esta, art. 203., vale para a dao em pagamento, deixou de valer para o pagamento em prestaes, o pedido pode ser feito at ao momento da venda dos bens penhorados.

    4. Oposio execuo, tipicidade fechada art. 204. CPPT, contem todos os fundamentos que podem ser invocados na oposio. Na alnea d) e g), estamos perante fundamentos do conhecimento oficioso, art. 175.. Na alnea h), faz-se referencia ilegalidade da liquidao da dvida, estamos perante uma clusula de salvaguarda, uma vez eu esse fundamento s pode ser invocado na oposio quando anteriormente a lei no considerou outra forma de impugnao. Sabemos que tal no acontece, portanto consideramos que esta alnea no tem aplicabilidade prtica. A oposio tem efeitos suspensivos, art. 212. CPPT, desde que seja prestada garantia, nos termos do art. 169. n. 1 e 5 CPPT, art. 52. n. 1 e 2 LGT. A oposio dever acontecer no prazo de 30 dias da citao, art. 203. CPPT

    a. Efeito da oposio: a lei indica que esta suspende a execuo nos termos do presente cdigo, art. 212.. por si s no tem efeitos suspensivos, faz-se uma remisso para o art. 169., verifica a prestao de garantia ou iseno, nos termos do art. 52. LGT.

    b. Indeferimento liminar da oposio:i. Sempre que a oposio for intempestivaii.Fundamentos que no os do art. 204.iii. Manifesta improcedncia do pedido. ( sem prova)

    Os responsveis tributrios podem reagir nos mesmo termos do SP originrio, alm disso, pode reagir tambm ao acto de liquidao, art. 22. 4. LGT. Reclamao graciosa ou impugnao judicial 169. CPPT.

    Fase da penhora art. 215. CPPT

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    Realiza-se nas situaes em que findo o prazo para oposio, no tenha sido realizado o pagamento.Penhora o acto de apreenso judicial dos bens do executado tendo em vista a sua venda para realizao de dinheiro para pagamento da divida. Deve preencher dois requisitos:

    Principio da proporcionalidade, s devem ser penhorados os bens previsivelmente suficientes para o pagamento da divida e do acrescido

    Preferncia a determinado tipo de bens, em primeiro lugar os bens cujo valor pecunirio seja de mais fcil realizao.

    Regras no CPPT e no CPC, podendo as regras no serem observadas. Como pode o executado reagir?

    Reclamao dos actos praticados pelo rgo de execuo fiscal, art. 276. e ss Quando est em causa um direito de um terceiro, nos termos do art. 237., h

    lugar a embargos de terceiros. Ser o dono do bem penhorado a reagir.

    Convocao de credores

    So convocados os credores, pelo menos os que tem obrigao de saber, os que tem garantia real sobre os bens penhorados, porque no registo. Os credores desconhecidos so chamados atravs dos editais. Alm destes, chamado, se existir, o cnjuge do executado.

    necessrio verificar se as pessoas que se apresentaram so de facto credores, e posteriormente graduar crditos, privilgios creditrios, garantias reais, etc. Se houver erro na graduao, o mecanismo para reagir est previsto no art. 276. e ss..

    Venda dos bens penhorados

    Preferencialmente efectuado por leilo electrnico ou atravs de apresentao de propostas em carta fechada, art. 248. n. 1 CPPT, por regra, 70% do valor do bem. terceira tentativa, possvel vender pela melhor proposta. Efectuada a venda e sendo o produto suficiente para pagamento da divida, extingue-se a execuo.

    Se no momento da penhora, o SP no tem bens, e no existirem responsveis tributrios, h a afigura de execuo em falhas, suspendendo-se a execuo, prosseguido imediatamente se na esfera jurdica do executado surgirem bens penhorveis, salvo nos casos de prescrio. A citao interrompe o prazo para a prescrio. Art. 48. e 49..

    Se o SP no originrio no quiser opor-se execuo mas questionar o acto de reverso, no caso de ser gerente de direito e no de facto, nunca exercer em momento algum essas funes, ou exerceu e no houve direito de audio, ou existem bens no SP originrio. Trata-se de um acto administrativo no mbito de uma execuo fiscal, oposio, art. 203. versus art. 276.. Neste regime, por regra, quando h reclamao, esta apreciada aps a venda dos bens, excepes previstas no art. 278., a reclamao conhecida imediatamente. Em todos os demais casos, a apreciao da reclamao feita no final. Pode optar-se pela oposio, art. 204. n. 1 b) ilegitimidade da pessoa citada. H divergncia na doutrina e na jurisprudncia. Quem defende o art. 276. indica que h um acto ilegal, sendo a melhor forma para anulao do acto a reclamao prevista no art. 276., a posio defendida pelo professor Joaquim Freitas Rocha, outra posio, a do professor Cludio, defende que o elemento literal, no art. 276 e ss, indica que a reclamao dever ser apresentada aps a notificao do acto, 10 dias, o responsvel tributrio, art. 23. LGT, no notificado do acto de reverso, nem citado, neste caso o elemento literal indica que o legislador no quis este regime para a ilegalidade dos actos

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  • Direito Fiscal II)Apontamentos Direito 3 Ano ( ps laboral 2012/2013 )

    de reverso, em segundo lugar, o prprio regime do mecanismo do art. 276., faz com que o tribunal apenas aprecie a reclamao no final, aps a venda dos bens, afigura-se manifestamente desajustada para os casos em que o responsvel tributrio pretende colocar em crise o acto que o torna executado, no faz sentido que num acto de citao que se baseie numa reverso ilegal, que tenhamos de aguardar pela prtica de todos os actos subsequentes e pela realizao da venda, para que o tribunal venha apreciar a reclamao apresentada. Por isso, maioritariamente, a jurisprudncia vem considerando que o meio adequado a oposio execuo com fundamento em ilegitimidade da pessoa citada.

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