poluição marinha em ambientes recifais na baía de todos os...

113
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS E MÉTODOS Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os Santos: composição, síndromes ecológicas e aspectos conservacionistas GUSTAVO FREIRE DE CARVALHO-SOUZA Orientador Prof. M.Sc./Biólogo Moacir Santos Tinôco Ph.D. Candidate SALVADOR BAHIA BRASIL 2009 ® Designer: Froes, P. & Carvalho-Souza, G. F..

Upload: nguyendan

Post on 11-Nov-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS E MÉTODOS

Poluição Marinha em ambientes recifais na

Baía de Todos os Santos:

composição, síndromes ecológicas e aspectos conservacionistas

GUSTAVO FREIRE DE CARVALHO-SOUZA

Orientador

Prof. M.Sc./Biólogo Moacir Santos Tinôco Ph.D. Candidate

SALVADOR – BAHIA – BRASIL 2009

®

Des

ign

er: F

roes

, P. &

Car

valh

o-S

ou

za, G

. F..

Page 2: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

GUSTAVO FREIRE DE CARVALHO-SOUZA

Poluição Marinha em ambientes recifais na

Baía de Todos os Santos:

composição, síndromes ecológicas e aspectos conservacionistas

Monografia de conclusão de disciplina apresentada ao Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Católica do Salvador como parte das exigências para a obtenção dos créditos totais da disciplina BIO375 – Ciências Ambientais.

Orientador

Prof. M.Sc./Biólogo Moacir Santos Tinôco Ph.D. Candidate

Universidade Católica do Salvador / University of Kent (U.K.)

SALVADOR – BAHIA – BRASIL 2009

O co

rpo

deste d

ocu

men

to fo

i imp

resso

utilizan

do

pap

el de reflo

restam

ento

.

pág. ii

Page 3: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

GUSTAVO FREIRE DE CARVALHO-SOUZA

Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os Santos: composição, síndromes ecológicas e aspectos conservacionistas

Este trabalho monográfico foi julgado e aprovado para a obtenção de crédito total na

disciplina BIO375 Ciências do Ambiente do Curso de Licenciatura Plena em Ciências

Biológicas do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Católica do Salvador.

Salvador, 17 de dezembro de 2009.

Profº. M. Sc. Moacir Santos Tinôco

Coordenador

BANCA EXAMINADORA DO TRABALHO MONOGRÁFICO:

___________________________________________________________________

Profª. Drª. Alina Sá Nunes

Graduada em Ciências Biológicas/ UCSal, Mestre e Doutora em Geologia Marinha, Costeira e

Sedimentar/UFBA, Professora adjunta de Zoologia do Departamento de Zoologia do Instituto de

Ciências Biológicas/UCSal/UNIME.

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Cláudio Luis Santos Sampaio

Graduado em Ciências Biológicas/ UFBA, Mestre e Doutor em Zoologia/UFPB, Professor adjunto do

Departamento de Biologia do Instituto de Ciências Biológicas/UFBA. Pesquisador Colaborador do

Museu de Zoologia/UFBA.

___________________________________________________________________

Prof. M.Sc. Henrique Colombini Browne Ribeiro

Licenciado em Ciências Biológicas/ UCSal, Mestre em Ecologia e Biomonitoramento/UFBA, Professor

do Departamento de Biologia do Instituto de Ciências Biológicas/UNIME/FIB. Pesquisador

Colaborador do Centro de Ecologia e Conservação Animal (ECOA / ICB / UCSal).

Orientador do Trabalho Monográfico:

___________________________________________________________________

Prof. M.Sc./Biólogo Moacir Santos Tinôco Ph.D. Candidate

Doutorando em Manejo da Biodiversidade – Universidade de Kent – DICE (U.K.), Coordenador do Centro de Ecologia e Conservação Animal (ECOA / ICB / UCSal).

pág. iii

Page 4: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

UCSAL. Sistema de Bibliotecas.

Setor de Cadastramento.

S729 Carvalho-Souza, Gustavo Freire de

Poluição marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os Santos: composição, síndromes ecológi-

cas e aspectos conservacionistas/ Gustavo Freire de Carvalho Souza .___ Salvador: Universidade Católica

do Salvador, 2009.

113p.

Monografia apresentada a disciplina BIO 375 – Ciências do Ambiente da Universidade Católica do

Salvador, sendo Professor e Orientador Especialista Msc. Moacir Santos Tinoco,como requisito para

obtenção da licenciatura em Ciências Biológicas.

1 1.Resíduos Sólidos 2.Gestão Costeira 3.Biodiversidade Marinha 4.Bahia 5.Nordeste do Brasil I. Autor 2 II.Universidade Católica do Salvador III. Tinoco, Moacir Santos - Professor IV. Tinoco, Moacir Santos

3 Orientador V.Título.

CDU: 574.5:628.4 (812/813)

pág. iv

Page 5: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

"Quando a bordo do H.M.S. Beagle,

como naturalista eu fui abalado pelas belas

paisagens do Atlântico Sul na costa da América do Sul.

Aquelas terras pareceram para mim que lançavam alguma

luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

por aquelas paisagens" (Charles Darwin)

MEN

SAG

EM

pág.

v

Page 6: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

“Eu dedico esta obra a memória do eterno amigo Fellipe Freitas Nascimento”

DED

ICA

TÓR

IA

pág.

vi

Page 7: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

AGRADECIMENTOS

A Deus e todas as forças e energias superiores transmitidas nos momentos de solidão e

tempestades, por todos os momentos necessários. Muito obrigado por estar sempre ao

meu lado, e trazer bons ventos e águas claras e calmas.

Aos meus pais, dinda e família pela oportunidade concedida, apoio, “porto seguro” e ao

meu vô (in memorian) a quem me fez enxergar o mar...

Ao “Sir” Moacir S. Tinôco, primeiro por acreditar em mim, por todos os momentos

compartilhados, conversas, sabedoria, cervejas, amizade... um grande amigo, paizão e

irmão, além de orientador, mestre, coordenador, patrão, verdadeiramente um modelo

ecológico a ser seguido. “Estar sempre presente é orientar pra vida”. Lhe serei

eternamente grato por tudo “melhor orientador do Brasil” (IEL/CNI/BRA).

Aos amigos “irmãos” Yuri Watanabe, pelas idéias, realidades e vitorias compartilhadas, e

Luciano “Tchatcha M.Sc.” Pataro pelos momentos de alegria (que bom!), sonhos,

conquistas, ansiedade e expectativa pré-monografia, este me ergueu a mão, quando eu

mais precisei.

Aos amigos (as) “irmãos (ãs)” e colegas de todo e sempre, Rodrigo Maia Nogueira, Diego

Medeiros, Rodrigo Cerqueira, Itaquaracy Nascimento, Marcelo Gazar, Gilvana Barreto,

Ayumi “Tchatcha”, Raissa Frazão, Kelly Fuchs, Luciano Souto, Janete Abrão, Ricardo

Silva, Danilo Couto, Tércio Melo, e Vinicius “Mendus”.

A Henrique Browne-Ribeiro pela confiança depositada, amizade, conhecimentos e

momentos de descontração em meio a seriedade.

Aos amigos (as) extra-acadêmicos Bill, Lalay, Dedé, Juninho, Dri, Anderson, Felipe

Maluco, Mentex, Renatinho, Luan, Davi pela eterna juventude compartilhada.

Aos docentes, a “linda” Alina Sá Nunes, Paulo Portela, Marcelo Peres, Anderson

Abehussen, Christiano Menezes e Bernadete pelo apoio e contribuição a minha formação

profissional.

Aos revisores e banca examinadora do presente trabalho pelo aceite ao convite e

contribuição ao crescimento desta pesquisa, Dra. Alina Sá Nunes, Dr. Claudio L. S.

Sampaio e M.Sc. Henrique C. Browne-Ribeiro.

Ao formigueiro que tanto contribuiu para a semente SEMEIA ser um sucesso, muito

obrigado por compartilharem este sonho e espero que acreditem sempre nele.

AG

RA

DEC

IMEN

TOS

pág.

vii

Page 8: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

A Lacerta Ambiental pela oportunidade de trabalho com capacitação de excelência

técnica e profissional. Tenho muito orgulho das amizades construída e em fazer parte

desta família e “Dream Team” comandado pelos “Coaches” Moacir e Henrique.

Ao Instituto Euvaldo Lodi pela parceria, iniciativa, premiação (ajudou muito!) e

reconhecimento referente às melhores práticas de estágio, nas pessoas de Edneide e

Glaucia.

Ao Centro de Ecologia e Conservação Animal, e todos os Ecoantes pelo apoio constante,

prestatividade, e o diferencial que esta “casa verde” proporciona a universidade.

Ao Centro Biota Aquática e companheiros de sonho pela ajuda, momentos compartilhados

e muitas conquistas futuras.

Ao Instituto Mamíferos Aquáticos, Underwater Escola de Mergulho pelas oportunidades

concedidas durante o período acadêmico.

Ao Manu Chao, Nação Zumbi, Natiruts, Chico, Raul e Lenine pela companhia e sonoridade.

A todos que contribuíram direta e indiretamente durante a minha formação acadêmica e

não estão aqui citados e são tão importantes quanto.

A minha especial companheira pelo amor, dedicação, crescimento e carinho.

E em especial a vida marinha, tão exuberante e tão frágil. Muito Obrigado!

AG

RA

DEC

IMEN

TOS

pág.

viii

Page 9: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS...................................................................................................11

LISTA DE TABELAS..................................................................................................14

LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................................16

RESUMO....................................................................................................................17

ABSTRACT................................................................................................................18

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................19

2. OBJETIVO GERAL.................................................................................................22

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................22

3. REFERÊNCIAS......................................................................................................24

4. CAPÍTULO I – COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM

AMBIENTES RECIFAIS NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA, BRASIL.....28

4.1 INTRODUÇÃO....................................................................................................29

4.2 MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................31

4.2.1 ÁREA DE ESTUDO...........................................................................................31

4.2.2 APLICAÇÃO DE MÉTODOS.............................................................................36

4.2.3 ANÁLISE DE DADOS........................................................................................41

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................42

4.4 REFERÊNCIAS....................................................................................................56

5. CAPÍTULO II – UMA NOVA SÍNDROME ECOLÓGICA NOS AMBIENTES

RECIFAIS? ASSOCIAÇÃO DA BIOTA E O LIXO MARINHO NO NORDESTE DO

BRASIL..........................................................................................................61

5.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................62

5.2 MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................64

SUM

ÁR

IO

pág.

ix

Page 10: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

5.2.1 ÁREA DE ESTUDO...........................................................................................64

5.2.2 APLICAÇÃO DE MÉTODOS.............................................................................64

5.2.3 ANÁLISE DE DADOS........................................................................................65

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................66

5.4 REFERÊNCIAS....................................................................................................86

6. CAPÍTULO III – O MAR ESTA PARA PEIXE OU PARA O LIXO? SITUAÇÃO

ATUAL E ESTRATÉGIAS PARA A CONSERVAÇÃO.............................................92

6.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................93

6.2 MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................95

6.2.1 APLICAÇÃO DE MÉTODOS.............................................................................95

6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................96

6.4 REFERÊNCIAS..................................................................................................102

7. CONCLUSÃO GERAL..........................................................................................105

8. ANEXOS...............................................................................................................107

SUM

ÁR

IO

pág.

x

Page 11: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa de localização da Baia de Todos os Santos, incluindo contorno

geral de batimetria e marcação das áreas amostradas

Figura 2 – Foto aérea da região metropolitana de Salvador e entrada da Baía de

Todos os Santos, sendo amostrada a área do presente estudo.

Figura 3 – Delimitação da área de estudo e marcações dos locais de amostragem

subaquática (de baixo para cima: Farol da Barra – P1, Porto da Barra – P2 e

Yacht/Marco Polo – P3).

Figura 4 – Batimetria Média da Baía de Todos os Santos, reconstituída a partir dos

valores de profundidade dados nos nóis da malha de discretização

Figura 5 – Vista da praia do Farol da Barra, entrada da Baía de Todos os Santos.

Figura 6 – Vista da praia do Porto da Barra, em especial o constante fluxo de

freqüentadores (banhistas, turistas, mergulhadores, trabalhadores, etc) no local e

atracamento de pequenas embarcações.

Figura 7 – Vista da área 3, Yacht/Marco Pólo, em especial o fluxo da pesca no local

e atracamento de pequenas embarcações em seu entorno.

Figura 8 – Método de amostragem em transecto percorrendo uma área de 60m2 por

censo visual.

Figura 9 – Busca intensiva aleatória em toda delimitação do ambiente recifal.

Figura 10 – Prancha de amostragem das técnicas e métodos empregados no

presente trabalho: censo visual e anotações em prancheta de PVC (1, 3), colocação

de transecto em linha (2), caracterização do meio físico e biótico (4), busca intensiva

(5), coleta de resíduos (6).

Figura 11 – Prancha de resíduos sólidos encontrados no presente trabalho:

descarte, restos de pescarias e perdas de materiais plásticos (1, 6), de vidro (2),

LIST

A D

E FI

GU

RA

S

pág.

xi

Page 12: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

madeira, metal (3), apetrecho de pesca (4) evidenciando o enroscamento no

substrato biótico, tecido, papel e outros (5).

Figura 12 – Prancha de resíduos sólidos encontrados no presente trabalho:

descarte, restos de pescarias e perdas de materiais de metal (1), outros (2, 4, 5, 6) e

papel (3).

Figura 13 – Distribuição dos resíduos sólidos amostrados por categoria no Farol da

Barra (P1) em escala logarítmica: 1-10 (verde); 10-100 (vermelho); 100-1000

(amarelo), e box splot do desvio padrão. Legenda: Plástico (PLA), vidro (VID),

madeira (MAD), metal (MET), tecido (TEC), apetrecho de pesca (APE), outros

(OUT).

Figura 14 – Distribuição dos resíduos sólidos amostrados por categoria no Porto da

Barra (P2) em escala logarítmica: 10-100 (vermelho); 100-1000 (amarelo), e box

splot do desvio padrão. Legenda: Plástico (PLA), vidro (VID), madeira (MAD), metal

(MET), tecido (TEC), apetrecho de pesca (APE), outros (OUT).

Figura 15 – Distribuição dos resíduos sólidos amostrados por categoria no

Yacht/Marco Polo (P3) em escala logarítmica: 10-100 (vermelho); 100-1000

(amarelo), e box splot do desvio padrão. Legenda: Plástico (PLA), vidro (VID),

madeira (MAD), metal (MET), tecido (TEC), apetrecho de pesca (APE), outros

(OUT).

Figura 16 – Coeficiente de Importância Relativa a partir dos valores atribuídos às

categorias de resíduos sólidos de acordo com o grau de risco de impacto ambiental

destes no ambiente marinho.

Figura 17. Prancha de espécies associadas aos resíduos sólidos encontrados no

presente trabalho: Demospongiae associado a plástico (1), Cirripedia a plástico (2),

Ischnochiton sp. com garrafa de plástico (3), Gastropoda associado a borracha, (4)

Octopus sp. a metal (5), Equinaster sp. associado a metal (6).

Figura 18. Prancha de espécies associadas aos resíduos sólidos encontrados no

presente trabalho: Equinometra locunter utilizando resíduo para cobertura (1),

Eucidaris tribuloides associado a apetrecho de pesca (2), Millepora alcicornis

LIST

A D

E FI

GU

RA

S

pág.

xii

Page 13: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

associado a resíduos (3), Replica de Astrapogon puncticulatus utilizando lata de

metal como refugio (4) Octopus sp. associado a pote de vidro (5), Epinephelus

adscensionis e Malacoctenus sp. (6). Fotos: Carvalho-Souza, 2009.

Figura 19. Polvo Octopus sp. associado a resíduo sólido (vidro), como refugio e

denotando-se a deposição de seus ovos.

Figura 20. Dendograma de Cluster definindo o agrupamento das interações entre os

organismos e resíduos sólidos no Farol da Barra (P1).

Figura 21. Dendograma de Cluster definindo o agrupamento das interações entre os

organismos e resíduos sólidos no Porto da Barra (P2).

Figura 22. Dendograma de Cluster definindo o agrupamento das interações entre os

organismos e resíduos sólidos no Yacht/Marco Polo (P3).

Figura 23 e 24. Associação de peixes e águas-vivas, e no segundo caso com sacos

plásticos flutuantes.

Figura 25. Petrel, Puffinus gravis, enroscado a apetrecho de pesca (anzol e linha de

nylon), ao largo da costa da Bahia.

LIST

A D

E FI

GU

RA

S

pág.

xiii

Page 14: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Descrição dos resíduos encontrados por categoria nos ambientes recifais

da BTS.

Tabela 2 – Quali-Quantificação e numero total por itens e por área dos resíduos

sólidos encontrados em cada categoria nos ambientes recifais da BTS.

Tabela 3 – Resultados da média de resíduos encontrados e desvio padrão (±2) nos

três ambientes recifais da BTS amostrados no presente estudo.

Tabela 4 – Matriz Sociométrica de Avaliação de Risco de Impacto Ambiental dos

resíduos sólidos no ambiente marinho. Os itens foram categorizados como plástico

(V1), vidro (V2), madeira (V3), metal (V4), tecido (V5), apetrecho de pesca (V6),

papel (V7) e outros (V8), com a inclusão da variável nominal.

Tabela 5 – Riqueza de espécies associadas aos resíduos solidos em cada uma das

áreas analisadas no presente estudo. Legenda = N Ponto – Numero total de

Espécimes associados por local. N ind. – Abundância dos organismos associados;

TRIVEN – Tripneustes ventricosus; EQUSP – Equinaster sp.; ASTPUN – Astrapogon

pucticularia; CIRRIP – Cirripedia; ISCSP – Ischnochiton sp.; LYTVAR – Lytechinus

variegatus; DEMOSP – Demospongiae; ASCIDI – Ascidiaceae; MAJIDA – Majidae;

GASTRO –Gastropoda; EPIADS – Ephinephelus adscensiones; MALSP –

Malacoctenus sp.; EUCTRI – Eucidaris tribuloide; NEOATL Neospongodes atlantica;

EQULOC – Equinometra locunter; PALCAR Palythoa caribaeorum; MILALC –

Millepora alcicornis; STESET – Stenorhynchus seticornis; STEHIS –Stenopus

hispidus; PSEMAC – Pseudopeneus maculatus; OPHICIN - Ophioderma cinereum.

Tabela 6 – Tabela 6. Numero de associações dos resíduos sólidos com a biota,

registradas no presente trabalho em cada uma das áreas recifais da BTS.

Tabela 7 – Check-list de espécies associadas à poluição marinha encontradas no

presente estudo e registradas no litoral brasileiro de acordo com uma revisão de

literatura especializa e consulta a pesquisadores ligados a conservação dos

ambientes recifais marinhos no litoral da Bahia. Estão evidenciados o grupo

taxonômico (menor taxa), numero de organismos (N), tipo de associação (captura

LIST

A D

E TA

BEL

AS

pág.

xiv

Page 15: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

acidental, cobertura, ingestão, utilização e adesão ao substrato, enroscado, refugio)

resíduo associado (plástico, vidro, madeira, metal, tecido, apetrecho de pesca,

papel, outros), local (estado) e literatura especializa, quando necessário.

LIST

A D

E TA

BEL

AS

pág.

xv

Page 16: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

APA – Área de Proteção Ambiental

APE – Apetrecho de pesca

AMP – Área Marinha Protegida

AGRRA – Atlantic Gulf Reef Rapid Assessment

BTS – Baia de Todos os Santos

CIR – Coeficiente de Importância Relativa

DDE – Dichloroethylene

DDT – Diphenyl-Trichloroethane

ENCOGERCO – Encontro Nacional de Gerenciamento Costeiro

ICMPE – International Conference on Marine Pollution and Ecotoxicology

NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration

MAD – Madeira

MARPOL – International Convention for the Prevention of Pollution from Ships

MET – Metal

OUT – Outros

PAP – Papel

PBDE – Polybrominated diphenyl ethers

PCB – Polychlorinated Biphenyls

PLA – Plástico

PRV – Peso Relativo das Variáveis

RDC – Rover Diving Census

RMS – Região Metropolitana de Salvador

TEC - Tecido

VID – Vidro

LIST

A D

E A

BR

EVIA

ÇÕ

ES

pág.

xvi

Page 17: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

RESUMO

Mar de luxo ou de lixo. Os oceanos são conhecidos por sua grandeza, esplendor e

contemplação, sendo o berço da vida e de síndromes ecológicas extremamente

intrínsecas para a manutenção dos sistemas, no entanto, em virtude das atividades

humanas atuais, este majestoso ecossistema vem sofrendo uma ameaça silenciosa

e crescente em todo o mundo. A poluição dos oceanos foi omitida por um longo

tempo devido à falta de conhecimento e políticas de gerenciamento, havendo

atualmente esforços esparsos para suprir estes diagnósticos, permanecendo muitas

lacunas sobre o conhecimento dos impactos no ecossistema marinho,

principalmente associados a habitats complexos como os ambientes recifais, sendo

de fundamental importância para a consolidação do estado da Bahia como um ponto

de referência nos estudos de poluição marinha no Brasil. Nesta obra são abordadas

questões em três capítulos avaliando os resíduos sólidos em três ambientes recifais

na Baía de Todos os Santos, suas associações com a biodiversidade e uma análise

global destes poluentes, subsidiando estratégias e recomendações para a gestão e

conservação do ecossistema costeiro e marinho. A partir da utilização de métodos

não destrutivos foram realizados censos visuais subaquáticos a fim de verificar a

dinâmica dos resíduos sólidos nos costões rochosos, como se desenvolvem as

associações com a biota e uma revisão sobre os impactos atuais. Os resultados

apresentados mostram a necessidade de executar programas de gestão costeira e

integração dos diferentes atores direta ou indiretamente responsáveis como também

os interessados na conservação. E afinal, até quando os mares e oceanos serão a

lixeira do mundo?

Palavras-chave: resíduos sólidos, gestão costeira, biodiversidade marinha, Bahia,

Nordeste do Brasil

RES

UM

O

RES

UM

O

pág.

xvii

Page 18: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

ABSTRACT

Luxury seas or litter seas? Oceans are known for their magnanimity, splendor and

reflection, they are, therefore, considered the beginning of life and ecological

syndromes where they are an intrinsic part for the maintenance of natural systems,

however, due to actual human activities, these magnificent ecosystems are suffering

from a silent and growing threat along the whole of the planet. Ocean pollution was

for long periods missed out of the general knowledge and management policies, and

nowadays it shows some scattered efforts to fulfill this requirement There are still

vast gaps on the marine ecosystems impacts learning, specially when we consider

special and complex habitats such as the reef environments, for all that the Bahia

State becomes a reference point on the marine debris studies in Brazil. Throughout

this study it I covered three separate chapters, issues evaluating the marine debris in

three different reef habitats in the Todos os Santos Bay, and their associations with

the local biodiversity as well as a comprehensive analysis towards its pollutants,

which may lend support for recommendations and policies for the local marine and

coastal management and conservation. Starting from non destructive methods, I

performed visual subaquatic census in order to verify the marine debris dynamics on

the rocky sea beds, and observed how the associations with the local biota

developed and on the final chapter I offer a literature review over the impacts in this

ecosystem throughout the world. The results here presented illustrate the critical

need for the development of coastal management programs and the integration of

the main actors and stakeholders, directly or indirectly involved and also the ones

responsible for conservation. Finally, for how long the seas and oceans are going to

be the garbage can of the world?

Key-words: marine debris, coastal management, marine biodiversity, Bahia state,

north-eastern Brazil

AB

STR

AC

T

pág.

xviii

Page 19: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

1.

INTRODUÇÃO GERAL

A palavra poluição deriva do latim (polluere – sujar), sendo a poluição marinha

definida como a introdução, pelo homem, de substâncias ou energia no ambiente

marinho (incluindo estuários), acarretando em efeitos deletérios, como danos aos

recursos vivos, à saúde humana, e obstáculos às atividades marinhas incluindo

pesca e lazer, ocasionando uma redução da qualidade de vida (MARQUES JR. et

al., 2009).

Estes efeitos podem estar associados aos principais poluentes conhecidos no

ambiente marinho como metais pesados, hidrocarbonetos (derivados de petróleo),

esgotos, pesticidas, compostos orgânicos sintéticos, sedimentos antrópicos e

resíduos sólidos (WINDOW, 1992).

Dentre estes componentes os resíduos sólidos nos mares e oceanos também

conhecidos como lixo marinho, do inglês, marine debris, pollution ou garbage, vem

se tornando uma ameaça por seus diversos impactos nestes ambientes e outros

associados. Podem ser evidenciados como efeitos destes agentes, a contaminação

(principalmente por agentes externos, como Nonilfenois e PCBs, pesca fantasma

(ghost fishing), ingestão, introdução de espécies exóticas, prejuízos a navegação e

ao turismo (SANTOS, 2005; TOURINHO, 2007; SZLINDER-RICHERT et al., 2009).

Os impactos causados a indústria do turismo, de grande potencial econômico

principalmente aos países tropicais como o Brasil, leva a possíveis restrições destes

efeitos no valor cênico e atividades recreativas em áreas com registros de poluentes

(NOLLKAEMPER, 1994)

Segundo a ABNT (2004) e os conceitos acima, os resíduos sólidos são todo

resíduo nos estados sólido e semi-sólido resultando de atividades de origem

industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição,

sendo classificados em função de suas propriedades físico-químicas e por meio da

identificação dos contaminantes presentes.

INTR

OD

ÃO

GER

AL

pág.

1

Page 20: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Ecologicamente persistentes, a acumulação destes resíduos contaminantes é

generalizada em todo o mundo havendo quantidades representativas destes

poluentes que podem ser encontrados nos mais diversos ecossistemas marinhos

(LAIST, 1987; DUFAULT e WHITEHEAD, 1994). Estipula-se que milhões de

toneladas de lixo como o plástico, cheguem aos oceanos com o passar de cada ano

(DERRAIK, 2002). Contudo, a ameaça desse material e demais resíduos sólidos não

biodegradáveis para o ambiente marinho foi ignorada por muito tempo, e sua

gravidade só recentemente foi reconhecida (STEFATOS et al., 1999).

Em meio a esta gama de ameaças apontadas pela poluição no bioma costeiro

e marinho, por sua vez, a vida que nela habita, é sem duvida um dos elementos

principais e mais frágeis desse sistema. Além do que estes poluentes afetam a

respiração dos organismos marinhos pelo bloqueio de suas via respiratórias, a

alimentação e causam uma diminuição da atividade fotossintética do fitoplâncton

devido à redução da penetração de luz na coluna d‟água (MARQUES JR. et al.,

2009).

De acordo com estas ameaças, diversas atividades vêm sendo realizadas por

inúmeras organizações para elencar e findar a problemática da poluição marinha em

todo o mundo. São reconhecidas ações como a International Convention for

Prevention of Pollution from Ships (MARPOL), o Dia Mundial de Limpeza de praias e

oceanos (Clean up Day), Conferências e Simpósios (ICMPE, ENCOGERCO, etc) e

Programas Educativos e de Monitoramento do Lixo Marinho em escala local a global

(NOAA Marine Debris Program, Global Garbage, Programa Lixus humanus, dentre

outros). Todas estas com intuitos de diagnosticar os impactos causados, instituir

protocolos de prevenção, regulamentação e controle, mitigar o descarte de resíduos

e óleos e principalmente sensibilizar as populações das regiões costeiras.

Dessa forma, atualmente a presença de lixo nos oceanos e zonas costeiras

vem chamando a atenção de diversos pesquisadores pelo mundo (LAIST, 1987;

DUFAULT e WHITEHEAD, 1994; DERRAIK, 2002; IVAR DO SUL e COSTA, 2007;

SPENGLER, 2009). Ivar do Sul e Costa (2007) realizaram uma revisão sobre os

trabalhos realizados em praias na América do Sul e região do Caribe sinalizando 38

estudos ate então, enquanto que foram encontrados apenas 26 estudos realizados

INTR

OD

ÃO

GER

AL

INTR

OD

ÃO

GER

AL

pág.

2

Page 21: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

em todo o mundo, avaliando os resíduos sólidos nas regiões bentônicas dos

oceanos (SPENGLER e COSTA, 2008).

Nesse contexto no Brasil, com uma extensão de costa de aproximadamente

7.000 km, os estudos com relação ao lixo no ambiente marinho ou correlatos, foram

realizados no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de

Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Pará (FIGUEIREDO Jr. et al., 2001;

SANTOS et al., 2001; KATSUMITI, 2003; ARAUJO e COSTA, 2004; WETZEL et al.,

2004; MACHADO, 2006; MASCARENHAS et al., 2008; NUNES et al., 2008;

FIGUEIREDO e SOARES, 2008; BARBIERI, 2009), sendo alguns estudos pontuais

no litoral da Bahia, (MAIA-NOGUEIRA, 2000, IVAR DO SUL, 2005; SAMPAIO, 2006;

SANTOS et al., 2005; SANTOS et al., 2009; SANTANA NETO, 2009), no entanto

ainda existem muitas lacunas a serem exploradas com relação a poluição marinha, e

principalmente envoltos aos ambientes submersos, seus efeitos e interações em

locais de grande importância ecológica e potencial turístico no estado.

O conhecimento sobre o lixo marinho bem como a compreensão dos

processos que estes promovem na costa baiana e mais especificamente nos

ambientes recifais surgem como uma iniciativa promissora e de fundamental

importância para reforçar a consolidação do estado da Bahia como um ponto de

referência nos estudos de poluição marinha no Brasil.

A partir destes fatos, este trabalho teve como pretensão avaliar a atual

situação dos resíduos sólidos em três ambientes recifais costeiros da Baía de Todos

os Santos, verificando a composição e estrutura, os possíveis efeitos de impacto

desta contaminação, associações com a biota e uma análise em escala global

oferecendo subsídios para a gestão costeira, principalmente em áreas intensamente

exploradas em maior ou menor grau de influência por usuários de praia (locais e

turistas), navegação, pesca e atividades subaquáticas (recreacional e científico).

INTR

OD

ÃO

GER

AL

pág.

3

Page 22: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

2.

OBJETIVO GERAL

Avaliar a atual situação da poluição marinha por resíduos sólidos em três ambientes

recifais costeiros da Baía de Todos os Santos, Bahia, nordeste do Brasil, verificando

os possíveis efeitos de impacto desta contaminação, sua composição e estrutura,

síndromes ecológicas, uma análise em escala global e subsídios para a gestão

dessas áreas.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Quali-quantificar os resíduos sólidos em três ambientes recifais;

Respondendo as seguintes perguntas:

- Quais tipos de lixo submerso são encontrados nos costões rochosos estudados?

- Qual a quantidade de resíduos em cada um dos costões estudados?

Avaliar as variações encontradas na composição e estrutura dos resíduos sólidos

entre as áreas amostradas;

Respondendo as seguintes perguntas:

- Existe diferença nos tipos de resíduos encontrados nos costões amostrados da

Baía de Todos os Santos?

- A abundância do lixo submerso se diferencia nos costões estudados?

- Em qual tipo de substrato (consolidado e inconsolidado) o lixo submerso pode se

alojar?

Discutir os efeitos da contaminação por resíduos sólidos nos ambientes recifais

Respondendo as seguintes perguntas:

- Qual a situação atual do lixo submerso nos recifes estudados?

- Como esse efeito de contaminação poderá afetar e de quais formas no ambiente?

pág.

4

OB

JETI

VO

S

pág.

4

Page 23: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Descrever as espécies envolvidas e suas associações com o lixo submerso;

Respondendo as seguintes perguntas:

- Quais grupos taxonômicos e espécies se associam ao lixo submerso?

- Quais tipo(s) de resíduo(s) mais envolvido(s) na síndrome?

- Como ocorrem estas síndromes?

- Quais os possíveis efeitos deletérios sobre a biodiversidade marinha?

Analisar a situação atual dos resíduos sólidos e propor estratégias para a gestão

Respondendo as seguintes perguntas:

- Qual situação atual do lixo marinho em escala global e local?

- Quais subsídios e recomendações para a gestão costeira podem ser

evidenciados?

Os três capítulos que compõem o corpo principal deste trabalho monográfico

responderão às questões acima propostas. O primeiro manuscrito abordará o atual

estado de contaminação dos resíduos sólidos em três ambientes recifais costeiros

da Baía de Todos os Santos, e pretende responder às questões um a sete. O

segundo manuscrito visa verificar a associação da biota com o lixo submerso nos

ambientes recifais citados e pretende responder às questões de oito a dez, e o

terceiro capitulo trará uma avaliação da situação atual do lixo submerso em escala

global utilizando dados primários e secundários, pretendendo responder as questões

onze e doze. Conclusões e sugestões gerais, relativas ao objetivo geral do trabalho,

encontrar-se-ão após o terceiro capítulo.

pág.

5

OB

JETI

VO

S

pág.

5

Page 24: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

3.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, M. C. B. & COSTA, M. F. 2004. Quali-quantitative analysis of the solid

wastes at Tamandare Bay, Pernambuco, Brazil. Tropical Oceanography, Recife, v.

32, n. 2, p. 159-170.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004. 2004. Resíduos

sólidos: classificação. Rio de Janeiro.

BARBIERI, E. 2009. Occurrence of Plastic Particles in Procellariiforms, South of São

Paulo State (Brazil). Brazilian Archives of Biology and Technology

vol.52 no.2 Curitiba Mar./Apr.

DERRAIK, J. G. B. 2002. The pollution of the marine environment by plastic debris: a

review. Marine Pollution Bulletin, 44: 842-852.

DUFAULT, S. & WHITEHEAD, H. 1994. Floating marine pollution in ´the Gully´ on

the continental slope, Nova Scotia, Canada, Marine Pollution Bulletin, 28: 489-493.

FIGUEIREDO, M. S. & SOARES, T. S. 2008. Correlacionando turismo e resíduos

sólidos: Uma análise da vila de Algodoal, Pará, Brasil. Anais do II Seminário

Internacional de Turismo Sustentável, Fortaleza-CE.

FIGUEIREDO Jr., A. G.; LYRA, A. C.; MOREDO, M. L. & SANTOS, R. H. 2001. Lixo

flutuante na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, Brasil. Gerenciamento Costeiro

Integrado, Edição nº01 - ano 1 - p. 13.

IVAR DO SUL, J. A. 2005. Lixo Marinho na Área de Desova de Tartarugas Marinhas

do Litoral Norte da Bahia: conseqüências para o meio ambiente e moradores locais.

Fundação Universidade Federal do Rio Grande.

REF

ERÊN

CIA

S

pág.

6

Page 25: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

IVAR DO SUL, J. A. & COSTA, M. F. 2007. Marine debris review for Latin America

and the Wider Caribbean Region: From the 1970s until now, and where do we go

from here? Marine Pollution Bulletin Volume 54, Issue 8, August Pages 1087-1104.

LAIST, D. W. 1987. Overview of the biological effects of lost and discarded plastic

debris in the marine environment. Marine Pollution Bulletin, 18(6B):319-326.

KATSUMITI, A. K. F. 2003. Análise da geração do lixo marinho e seus impactos na

APA de Guaraqueçaba, Paraná, Brasil e seu entorno. Pontifícia Universidade

Católica do Paraná.

MACHADO, A. A. 2006. Estudo da Contaminação por Resíduos Sólidos na Ilha do

Arvoredo: Principal Ilha da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (RBMA), SC.

Fundação Universidade Federal do Rio Grande.

MAIA-NOGUEIRA, R. 2000. Primeiro registro de golfinho-de-risso (Grampus griseus)

G.Cuvier, 1812 (Cetacea, Delphinidae) para o litoral do estado da Bahia com dados

osteológicos e biométricos e revisão das citações para a espécie em águas

brasileiras. Bioikos, v. 14, n. 1, p. 34-43.

MASCARENHAS, R.; BATISTA, C. P.; MOURA, I. F.; CALDAS, A. R.; NETO J. M.

C.; VASCONCELOS, M. Q.; ROSA, S. S. & BARROS, T. V. S. 2008. Lixo marinho

em área de reprodução de tartarugas marinhas no Estado da Paraíba (Nordeste do

Brasil). Revista da Gestão Costeira Integrada 8(2):221-231.

MARQUES JUNIOR, A. N.; MORAES, R. B. C. & MAURAT, M. C. 2009. Poluição

marinha. In: PEREIRA, R.C. & SOARES-GOMES, A. (orgs). Biologia Marinha. Rio de

Janeiro: Interciência.

NOLLKAEMPER, A. 1994. Land-based dicharges of marine debris: from local

to global regulation. Marine Pollution Bulletin, 28(11): 649-652.

NUNES, J. L. S.; COELHO, J. G.; TAROUCO, J. E. F. 2008. Um estudo sobre

produção, acondicionamento, coleta dos resíduos sólidos nas praias de São Marcos

REF

ERÊN

CIA

S

pág.

7

Page 26: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

e Calhau, São Luís – MA: Uma abordagem sócio-econômica. Revista Trópica –

Ciências Agrárias e Biológicas, v. 2, n. 2, p. 22.

SAMPAIO, C. L. S. 2006. Monitoramento da Atividade de Coleta de Organismos

Ornamentais Marinhos na Cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Doutorado em Ciências

Biológicas (Zoologia). Universidade Federal da Paraíba, UFPB, Brasil.

SANTANA NETO, S. P. 2009. Resíduos sólidos em ambiente praial (Porto da Barra

– Salvador – Bahia) – subsidio para práticas de sensibilização em escolas.

Universidade Católica do Salvador. Bahia, Brasil. P. 117.

SANTOS, I. R.; FRIEDRICH, A. C.; MARIANO, C. V.; ABSALONSEN, L. & DUARTE,

E. 2001. Os problemas causados pelo lixo marinho sob o ponto de vista dos

usuários da Praia do Cassino – RS. REMEA - Revista Eletrônica do Mestrado em

Educação Ambiental pp. 251-266.

SANTOS, I. R. 2005. Naves flutuantes de plástico. Ciência Hoje. Outubro. Vol. 37, nº

220. p. 64-65.

SANTOS, I. R.; FRIEDRICH, A. C. & BARRETTO, F. P. 2005. Overseas garbage

pollution on beaches of northeast Brazil. Marine Pollution Bulletin, 50(7), 783–786.

SANTOS, I. R.; FRIEDRICH, A. C. & IVAR DO SUL, J. A. 2009. Marine debris

contamination along undeveloped tropical beaches from northeast Brazil Environ

Monit Assess. 148:455–462 Volume 148, Numbers 1-4 / Januar 2009, Pages 455-

462.

SPENGLER, A. & COSTA, M. F. 2008. Methods applied in the studies of benthic

marine debris. Marine Pollution Bulletin 56: 226-230.

SPENGLER, A. 2009. Resíduos sólidos bentônicos em ambientes recifais de

Pernambuco e na abordagem das operadoras de mergulho. Universidade Federal de

Pernambuco. p. 74.

REF

ERÊN

CIA

S

pág.

8

Page 27: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

STEFATOS, A.; CHARALAMPAKIS, M.; PAPATHEODOROU, G. & FERENTINOS,

G. 1999. Marine debris on the seafloor of the Mediterranean Sea: Examples from

Two enclosed gulfs in Western Greece, Marine Pollution Bulletin. 36: 389-393.

SZLINDER-RICHERT, J.; BARSKA, I.; MAZERSKI, J. & USYDUS, Z. 2009. PCBs in

fish from the southern Baltic Sea: Levels, bioaccumulation features and temporal

trends during the period from 1997 to 2006. Marine Pollution Bulletin 58, 85–92.

TOURINHO, P. 2007. Ingestão de resíduos sólidos por juvenis de tartaruga-verde

(Chelonia mydas) na costa do Rio Grande do Sul, Brasil. Trabalho de Conclusão de

Curso. Universidade Federal do Rio Grande. p. 44.

WETZEL, L.; FILLMANN, G. & NIENCHESKI, L. F. H. 2004. Litter contamination

processes and management perspectives on the southern Brazilian coast.

International Journal of Environment and Pollution, Vol. 21, No.2 pp. 153 – 165

WINDOW, H. L. 1992. Contamination of marine environment from land-based

sources. Marine Pollution Bulletin, v. 25, p. 32-36.

REF

ERÊN

CIA

S

pág.

9

Page 28: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

4.

CAPÍTULO I

Composição e estrutura dos resíduos sólidos em ambientes

recifais na Baía de Todos os Santos, Bahia, Brasil

Structure and composition of marine debris in reef habitats in the Todos os

Santos bay, Bahia, Brazil

*Este capitulo encontra-se em conformidade para submissão ao periódico Revista de Gestão

Costeira Integrada (Journal of Integrated Coastal Zone Management).

Carvalho-Souza, G. F. 2009

Page 29: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

4.1 INTRODUÇÃO

A poluição dos oceanos foi omitida por um longo tempo devido à falta de

conhecimento e políticas de gerenciamento, em se tratando de uma ameaça séria e

crescente em todo o mundo (LAIST, 1987; NAGELKERKEN et al., 2001).

A partir da revolução industrial, a produção de materiais não degradáveis foi

intensificada e substitutiva aos materiais degradáveis, em detrimento as atividades

humanas, sendo crescente nos últimos 50 anos, esta contaminação por resíduos

sólidos sobretudo aos ecossistemas costeiros e marinhos (GOLIK & GERTNER,

1992).

Os resíduos sólidos e demais poluentes por sua vez atuam como agentes

contaminantes nos oceanos e regiões costeiras, através da emissão por usuários de

praia, canais, emissários e sistemas de tratamento das cidades litorâneas, e/ou

descarte direto no mar por embarcações e plataformas de petróleo (SPENGLER,

2009).

Estes resíduos sólidos, em especial, os materiais plásticos (uma das

principais matérias primas da indústria atual), apresentam capacidade de flutuar,

podendo ser transportados a grandes distâncias, como também podem se alojar no

fundo dos oceanos e com isso permanecer por períodos inestimáveis devido a sua

insolubilidade, baixa degradabilidade e assoreamento (KUBOTA, 1994; DERRAIK,

2002).

Dentre as suas inúmeras ameaças listadas para o ambiente marinho e a

biota, os resíduos sólidos também podem promover impactos sobre as atividades

humanas, através de impedimentos e prejuízos a navegação, enredamento,

restrições as atividades recreativas e comerciais, propiciando até perdas

econômicas, e modificação da paisagem (OFIARA e SENECA, 2006; SPENGLER,

2009).

Estudos utilizando os resíduos sólidos como modelo de avaliação nos fundos

oceânicos em todo o mundo são incipientes (GALIL et al., 1995; STEFATOS et al.,

INTR

OD

ÃO

pág.

11

Page 30: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

1999; GALGANI et al., 2000), e ainda mais raros os que empregam o mergulho

como método de amostragem destes resíduos sólidos (RIBIC, 1992; DONOHUE et

al., 2001; KATSANEVAKIS e KATSAROU, 2004; SAMPAIO, 2006; MACHADO,

2006; SPENGLER, 2009).

Em virtude dessa atual degradação de habitats, perda de biodiversidade, e

estoques marinhos praticamente exauridos e sobre efeitos da sobre-explotação

pesqueira, são de fundamental importância o conhecimento dos processos de

intervenção e impactos ocorrentes no ecossistema marinho, principalmente

associados a habitats de complexidade como os ambientes recifais costeiros, nos

quais se localizam enquadrados em grandes metrópoles, servindo de base para a

manutenção dos sistemas ecológicos.

Frente às questões expostas, este capítulo se propõe a avaliar a composição

e estrutura dos resíduos sólidos em três ambientes recifais costeiros da Baía de

Todos os Santos, nordeste do Brasil, e verificar os possíveis efeitos impactantes

desta contaminação nos ambientes recifais.

INTR

OD

ÃO

pág.

12

Page 31: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

4.2 MATERIAL E MÉTODOS

4.2.1 Área de Estudo:

A Baía de Todos os Santos (BTS) é o segundo maior acidente geográfico da

costa do Brasil com uma área de 1223 km² (GENS, LESSA e CIRANO, 2004),

resultante de uma longa cadeia de eventos, iniciados na separação dos continentes,

efeitos do progressivo resfriamento do planeta (durante o Cenozóico), e variações

na amplitude das marés em repetidos episódios de inundação e esvaziamento da

baía, sendo determinados por esta história geológica (DOMINGUEZ &

BITTENCOURT, 2009), no qual permitiram dessa forma em seu contorno e

fisiografia, uma série de enseadas, ilhas, canais, sub-baias, penínsulas, recifes de

corais, costões rochosos e praias (Figura 1).

Figura 1. Mapa de localização da Baia de Todos os Santos, incluindo contorno geral de

batimetria e marcação das áreas amostradas (Adaptado de LESSA, 2001).

pág.

13

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

13

Page 32: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Localizada na região do Recôncavo baiano, esta inserida sobre as rochas

sedimentares que preenchem a sub-bacia sedimentar do Recôncavo (DOMINGUEZ

& BITTENCOURT, 2009), apresentando um mosaico de paisagens de relativa

importância biogeomorfológica, histórica e econômica, envolvendo 12 municípios

com concentração demográfica elevada, como Salvador (maior aglomerado urbano

do Nordeste), e estando enquadrada como Área de Proteção Ambiental (APA)

desde sua criação pelo decreto estadual n° 7.595 de 05 de junho de 1999, sendo

esta uma das menos restritivas categorias de proteção de unidades de conservação,

e até então, esta unidade de conservação (UC) ainda não possui plano de manejo, e

a elaboração deste só vem sendo discutido recentemente (Figura 2).

Figura 2. Foto aérea da região metropolitana de Salvador e entrada da Baía de Todos os Santos,

estando inserida a área do presente estudo. Foto: Souza, N., 2009 (http://www.niltonsouza.com.br).

Na entrada da baía (canal de Salvador), onde está aproximada a localização

dos habitats da área de estudo, predominam os sedimentos marinhos de natureza

arenosa e composição siliciclástica, como também pela ação das correntes de maré

(DOMINGUEZ & BITTENCOURT, 2009).

Os costões rochosos da área de estudo, centrados nas intermediações do

Farol da Barra (13°00‟32.05” S e 38°00‟32.20” O), Porto da Barra (13°00‟13.85” S e

38°32‟01.19” O) e Yacht Clube (12°59‟57.04” S e 38°31‟52.92” O), localizam-se na

porção sudeste da BTS, (Figura 3) sendo constituídos por rochas ígneas e

metamórficas originadas do Pré-Cambriano (LESSA, 2000), possuindo sua extensão

rochosa uniforme e com formação de paredes em suas extremidades, além de

possuírem águas rasas (cerca de 5 a 15 m de profundidade), sendo que as maiores

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

14

Page 33: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

profundidades são encontradas no canal de Salvador e apresentam uma circulação

hidrodinâmica e oceanográfica diretamente influenciadas pelas correntes marinhas

com características semi-diurnas e amplitude máxima de 2,7 m em suas porções

mais internas (LESSA, 2001) (Figura 4). Sua variação de salinidade na porção

principal da BTS está entre 33,0 e 36,7, sendo que estuários se restringem as áreas

de influência do rio Paraguaçu. As temperaturas variam de 24° e 30° C, se tratando

de características de ambientes abertos de mar (NUNES, 2002).

Figura 3. Delimitação da área de estudo e marcações dos locais de amostragem

subaquática (de baixo para cima: Farol da Barra – P1, Porto da Barra – P2 e Yacht/Marco

Polo – P3). Adaptado por Carvalho-Souza, G. F. de Google Earth, 2009.

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

15

Page 34: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Figura 4. Batimetria Média da Baía de Todos os Santos, reconstituída a partir dos valores de

profundidade dados nos nóis da malha de discretização (LESSA, 2000).

O substrato é composto predominantemente por fácies arenosas na região

inconsolidada e por algas marinhas (Chlorophyta, Rhodophyta e Phaeophyta) e

zoantídeos, Palythoa caribaeorum (Duchassaing & Michelotti 1860) e Zoanthus cf.

sociatus, como também ouriços do mar, Lytechinus variegatus (Lamarck, 1816) e

Echinometra lucunter (Linnaeus, 1758), Ascidiacea como Phallusia nigra Savigny,

1816, e colônias de corais como Millepora alcicornis Linnaeus 1758, Neospongodes

atlantica Kukenthal 1903, Favia sp., Montastrea cavernosa (Linnaeus 1767),

Mussismilia spp. e Siderastrea spp. são encontrados nas regiões consolidadas.

O primeiro ponto de amostragem conhecido como Farol da Barra (P1) é uma

área onde se localiza o Forte de Santo Antônio da Barra e encontra-se a entrada da

BTS, sendo significativamente exposta à ação de ondas e utilizada por banhistas e

diversos esportes e atividades náuticas, como o surf, natação, vela, caça submarina,

coleta de organismos ornamentais, alem do mergulho recreativo e científico, devido

também à presença de diversos naufrágios como Maraldi, Bretagne e Germânia

(Naufrágios do Brasil, 2009) (Figura 5).

0 – 30 m

31 – 60 m

61 – 1000 m

> 1000 m

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

16

Page 35: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Figura 5. Vista da praia do Farol da Barra (P1), entrada da Baía de Todos os Santos. Foto:

Maia-Nogueira, R., 2009.

O Porto da Barra (P2) é um local onde situa-se o Forte de Santa Maria,

concentrando-se em uma reentrância de águas calmas e claras durante grande

período do ano, servindo de sítio de atracamento para pequenas embarcações,

desde pesca e lazer, e constitui-se um dos pontos de apelo turístico mais famosos

do município, como também altamente frequentada pela população local, e devido a

estes fatores concentra-se uma área de intenso impacto (Figura 5).

Figura 6. Vista da praia do Porto da Barra, em especial o constante fluxo de freqüentadores

no local, e atracamento de pequenas embarcações. Foto: Carvalho-Souza, G. F., 2009.

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

17

Page 36: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

A área conhecida como Yacht/Marco Polo (P3) possui forte pressão antrópica

desde o seu histórico com a construção do Yacht Clube da Bahia em 1935 e demais

construções a beira-mar, apresenta uma comunidade local, e também é um ponto de

atracamento de embarcações, sendo ainda utilizada para a pesca, lazer, coleta de

organismos ornamentais e mergulho recreativo e cientifico (Figura 6).

Figura 7. Vista de P3, Yacht/Marco Polo, em especial o fluxo da pesca no local e

atracamento de pequenas embarcações em seu entorno. Foto: Maia-Nogueira, R., 2009.

Os costões rochosos da Barra e demais áreas de influência direta ou indireta,

possuem usos múltiplos em todo seu entorno, constituindo uma área com elevada

pressão antrópica evidenciando a alta produção de resíduos, porém possui um

enorme potencial biológico, econômico, turístico e histórico (SAMPAIO, 2006).

4.2.2 Aplicação de Métodos:

As observações de campo ocorreram nos meses de agosto a outubro de

2009, no período matutino (06h00min as 12h00min) e período vespertino (12h01min

as 18h00min) em todas as áreas analisadas. Um único mergulhador realizou as

contagens para evitar o viés relacionado ao desempenho do mergulhador

(WILLIANS et al., 2006). Os dados coletados em campo foram registrados em

placas de PVC, as áreas de estudo georeferenciadas por um GPS Garmim™ eTrex

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

18

Page 37: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

e observadas suas características físicas, além de registros fotográficos utilizando

uma câmera digital Sony™ Cybershot W-170.

As amostragens estão de acordo com as fases da lua e o ciclo das marés,

baseado na Tábua de Maré da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do

Brasil, conforme as previsões de marés do Porto de Salvador - Bahia (12º57,9 S ;

38º31',0 W – carta 1102), distante cerca de 4 a 5 km das áreas de estudo

respectivamente (Disponível em http://www.mar.mil.br/dhn/chm/tabuas/index.htm).

Foram realizados 105 censos visuais utilizando dois métodos de amostragem

em mergulho livre, onde esta técnica apresenta um baixo custo e torna-se aplicável

a ambientes recifais costeiros como os três costões rochosos amostrados, Farol da

Barra (P1), Porto da Barra (P2) e Yacht/Marco Polo (P3). Realizou-se 30 censos nos

períodos matutino (n= 15) e vespertino (n= 15) em cada área, totalizando 90 censos

subaquáticos utilizando uma adaptação do protocolo AGRRA (Atlantic Gulf Reef

Rapid Assessment), visto a sua eficiência comprovada em amostragens de

comunidades bióticas. Os transectos em linha de cabo com multifilamentos de

polipropileno e chumbo de 30 x 4 metros (totalizando 120m2) foram estendidos

aleatoriamente em profundidades entre 0,5 e 10 m, nas intermediações de todo o

ambiente recifal, mantendo uma velocidade constante de natação, durante toda a

coleta de dados, com uma duração média de 12 minutos cada (Figura 8).

Figura 8. Método de amostragem em transecto percorrendo uma área de 60m2 por censo visual.

Imagem: Carvalho-Souza, G. F., 2009.

Adicionado nas amostragens qualitativas, foram realizados 15 censos visuais

subaquáticos (5 por localidade) utilizando o método adaptado do Rover Diving

Census (RDC), consistindo em uma busca intensiva aleatória durante 30 minutos,

30 m

2 m

Protocolo AGRRA (Atlantic Gul Reef Rapid Assessment)

Transecto em Linha

Madeira - 6, plast , Vidro, 7 Papel – 12

Lytechinus

variegatus - 7

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

19

Page 38: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

em toda a delimitação do ambiente recifal, mantendo uma velocidade constante de

natação durante toda a coleta de dados verificando a composição dos resíduos

sólidos bentônicos, estrutura física do local e as possíveis associações e o tipo de

comportamento da biota com o lixo submerso, este ultimo detalhado no segundo

capítulo do presente trabalho (Figura 9).

Figura 9. Busca intensiva aleatória em toda delimitação do ambiente recifal. Imagem:

Carvalho-Souza, G. F., 2009.

Foram coletados durante os censos visuais dados quali-quantitativos dos

resíduos sólidos encontrados, sua relação com o meio biótico e de que forma

estavam dispostos, sendo realizados em substratos consolidados ou inconsolidados

(Figura 10.1 a 10.6).

Todo o resíduo submerso com tamanho a partir de 2 cm foi registrado e

removido manualmente para evitar re-amostragens quantitativas e posteriormente

acondicionados em sacos de tela (Figura 10). Todos os resíduos sólidos coletados

foram encaminhados ao sistema de coleta pública de resíduos do município devido

principalmente ao estado de deterioração que passam no ambiente marinho e desta

forma, em sua maioria, encontram-se indisponíveis para reutilização e/ou sujeitos a

processos de reciclagem.

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

20

Page 39: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Figura 10. Prancha de amostragem das técnicas e métodos empregados no presente trabalho: censo

visual e anotações em prancheta de PVC (1, 3), colocação de transecto em linha (2), caracterização

do meio físico e biótico (4), busca intensiva (5), coleta de resíduos (6). Fotos: Aguiar, L. G. P. A.,

2009.

Os resíduos encontrados foram classificados e quantificados categoricamente

da seguinte forma: plástico, vidro, madeira, papel, metal, tecido, restos de artefatos

de pesca e outros (borracha, óculos, calçados, isopor e afins).

1

3

2

5 6

4

pág.

21

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

21

Page 40: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

O item plástico foi removido em qualquer nível de incrustação devido à

liberação de Nonilfenóis, DDE (dichloroethylene), PCB (Polychlorinated Biphenyls),

PBDE (Polybrominated diphenyl ethers) e DDT (Diphenyl-Trichloroethane), que são

liberados pelo plástico e absorvidos pelo ambiente (LIU et al., 2005; DENTON et al.,

2006; SZLINDER-RICHERT et al., 2009). E o item madeira foi considerado quando

somente de origem antropogênica.

Materiais como pneus ou objetos de tamanho e peso elevado não foram

removidos devido às condições logísticas e quando houveram bioincrustação, de

forma a tornarem-se recifes artificiais e sua remoção causaria mais impactos ao

ambiente, devido a sua reconhecida importância para a biodiversidade marinha

(SANTOS e PASSAVANTE, 2007), no entanto estes foram marcados com uma fita

de seda na cor branca e ao final das atividades de campo, estas foram removidas.

Naufrágios não foram incorporados como resíduos sólidos no presente trabalho

devido a questões estruturais e de amostragem, e sua reconhecida importância

biológica, turística, histórica e econômica, onde estudos específicos a estes

ambientes se tornam necessários.

A partir da categorização dos resíduos sólidos foi elaborada uma matriz

sociométrica de avaliação de risco de impacto ambiental, de acordo com uma

adaptação de Sanchez, (2006) e Tinoco (2005), com a finalidade de identificar a

partir da valoração de indicadores as que seriam mais importantes e que poderiam

possuir maior risco ao ambiente. Entre todas as variáveis, cada uma destas foi

comparada com as demais, par a par, afim de obter como resultado o peso relativo

das variáveis (PRV), e após somados determinar seu Coeficiente de Importância

Relativa (CIR), que indica o ordenamento dos produtos obtidos, ou seja,

evidenciando as categorias de resíduos com maior risco de impacto.

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

22

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

Page 41: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

4.2.3 Análise de dados:

Para o tratamento estatístico foram utilizadas matrizes da plataforma Microsoft

Office 2007® para tabulação e armazenamento de dados, sendo realizada uma

descrição estatística, e os testes de Kruskal-Wallis - ANOVA não paramétrica e

Comparação Múltipla de Dunn, quando houve diferença estatística significativa, para

verificar a existência de diferença estatística significativa, entre argumentos

explicando a organização dos objetos, principalmente quando considerados os tipos

de resíduos e a distribuição destes entre os pontos e sua associação com a biota.

Para estas respostas foi aplicado o pacote estatístico Graphpad Instat©.

Com o objetivo de verificar a formação de grupos similares quanto às classes

de resíduos encontrados e entre estes e a biota a estes associada, foi aplicada a

análise de agrupamento de Cluster, com a utilização da distância Euclidiana e

método de ligação de Ward, considerando uma amostragem aleatória simples,

probabilística e com dados quantitativos contínuos (MCCUNE & GRACE, 2002).

Para estas análises foi aplicado o pacote estatístico PCord© para plataforma

Windows.

Com o objetivo de discutir a importância e riscos de impacto ambiental, por

parte das diferentes classes de resíduos, foi aplicada a técnica de avaliação de risco

proposta por Sanchez (2006) e adaptada por Tinoco (2007). Esta técnica consiste da

atribuição de peso para as diferentes variáveis de risco, neste caso, cada tipo de

resíduo encontrado, considerando sua magnitude, escala espacial e temporal,

capacidade de gerenciamento e danos físicos ao ambiente analisado. Após a

atribuição de valores é então calculado o coeficiente de importância relativa (C.I.R.),

o qual determina segundo estes critérios, qual resíduo se apresenta como mais

importante neste contexto.

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

23

Page 42: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo traz um diagnóstico dos resíduos sólidos em três ambientes

recifais costeiros da Baía de Todos os Santos, sendo levantado um total de 1.428

objetos divididos em oito categorias de resíduos sólidos. Dentre os objetos

encontrados em cada categoria foram identificados desde fragmentos como dos

mais diversos tipos de itens (Tabela 1).

Tipo de Resíduo DESCRIÇÃO DOS RESIDUOS ENCONTRADOS

Plástico

barbeador, colher, copo, embalagens, espelho, fragmentos, garfo, garrafa, interruptor de tomada, pente

Vidro copo, garrafas, fragmentos, perfume

Madeira fragmentos, de embarcações, palitos de picolé, churrasco e queijo coalho

Metal cesta, colher, fragmentos, lata de bebida e tinta

Tecido

biquíni, camisa, cordões, fragmentos, fitas, lençol, meia, prendedor de cabelo, short, toalhas

Apetrecho de pesca anzol, chumbada, fragmentos de rede e muzuá, monofilamento, nylon

Papel cartaz, flyer, fragmentos,embalagem, papelão

Outros

acento sanitário, bateria alcalina, borracha, cartão telefônico, celular, concreto, corda, embalagem, espuma, fiação, fibra, gude, moeda, óculos, pincel, pneu, preservativo, sandália, solado, tênis, tubo, tralha

Tabela 1. Descrição detalhada dos resíduos sólidos encontrados por categoria nos três ambientes

recifais da Baía de Todos os Santos - BTS.

Percebe-se a partir dos tipos de itens encontrados nas áreas, que estes estão

intimamente associados a descarte, pesca e perdas (Figura 11 e 12), e evidenciam

um completo descuido por parte da população que freqüenta, trabalha e habita

nestas localidades. Este fato esta vinculado aos registros do presente estudo, onde

não foi encontrado nenhum indicio até então de serem originários de países

estrangeiros, nos fazendo perceber que o lixo produzido nestas regiões da BTS tem

uma origem local, ao contrario de resultados encontrados por outros estudos que

diagnosticaram fontes externas, como advindos de embarcações e flutuantes

dispersores (SANTOS, 2005).

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

24

Page 43: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Outro fator verificado quanto à composição do lixo é a presença de materiais

advindos de festejos populares e culturais em nosso estado como a festa de

Yemanjá e festividades de final de ano que acarretam a uma série de resíduos como

cestas, frascos de perfume, espelho e afins, onde alternativas a estes itens se fazem

necessárias, e estudos específicos poderiam proporcionar uma integração da cultura

aliada à conservação do ambiente como um todo.

1

3

2

5 6

4

Figura 11. Prancha de resíduos sólidos encontrados no presente trabalho: descarte, restos de

pescarias e perdas de materiais plásticos (1, 6), de vidro (2), madeira, metal (3), apetrecho de pesca

(4) evidenciando o enroscamento no substrato biótico, tecido, papel e outros (5). Fotos: Carvalho-

Souza, 2009.

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

25

Page 44: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Figura 12. Prancha de resíduos sólidos encontrados no presente trabalho: descarte, restos de

pescarias e perdas de materiais de metal (1), outros (2, 4, 5, 6) e papel (3). Fotos: Carvalho-Souza,

2009 e Maia-Nogueira, 2008 (5).

O plástico foi o item mais encontrado em todas as áreas (n: 477) seguido de

madeira (n: 298), e metal (n: 221), sendo os mais representativos (Tabela 2). Este

fato é corroborado com outros estudos que avaliaram o lixo marinho tanto em

ambiente praial como em fundos oceânicos, dos quais evidenciam o plástico, dentre

1

3

2

5 6

4

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

26

Page 45: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

os resíduos, como a maior problemática dos ambientes costeiros, marinhos e

associados (PIANOWSKI, 1997, DERRAIK, 2002; ARAÚJO & COSTA, 2004;

WETZEL et al., 2004; IVAR DO SUL, 2005; SAMPAIO, 2006; SANTANA NETO,

2009; SPENGLER, 2009).

O plástico já é reconhecido cientificamente por sua predominância e

superioridade dentre as categorias de resíduos (DERRAIK, 2002), em virtude

principalmente do atual sistema de consumo das ultimas décadas ao qual este

produto é de elevado e fácil descarte, onde sua durabilidade no meio marinho ainda

é incerta, mas eles parecem durar cerca de três a dez anos, e provavelmente os

aditivos podem prorrogar esse prazo de 30 a 50 anos (GREGORY, 1978), e

possuindo uma alta mobilidade de dispersão e liberação de substancias como

Nonilfenóis, DDE, PCB (Polychlorinated Biphenyls) e DDT, já evidenciados

anteriormente.

Tipo de Resíduo FAROL PORTO YACHT/MARCOPOLO N TOTAL/ITEM

Plástico 138 204 135 477

Vidro 08 32 26 66

Madeira 05 274 19 298

Metal 69 76 76 221

Tecido 30 33 16 79

Apetrecho de pesca 06 18 49 73

Papel 13 45 13 71

Outros 35 29 79 143

N TOTAL/ÁREA 304 711 413 1428

Tabela 2. Quali-Quantificação e numero total por itens e por área dos resíduos sólidos encontrados

em cada categoria nos ambientes recifais da BTS.

Os resíduos sólidos amostrados nos censos visuais em todas as áreas

apresentavam-se na região bentônica embora fosse comumente observada à

presença de objetos flutuantes, inclusive associados à biota (descrito com maiores

detalhes no capitulo 2), e conseqüentemente através da dinâmica das correntes

podem estar se dispersando e poluindo outras localidades, ou ainda causando

problemas graves como possíveis introduções de espécies exóticas (SANTOS,

2005).

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

27

Page 46: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Foi verificada a ocorrência de variações entre as áreas tanto nas categorias

mais representativas quanto entre o tipo de item encontrado. Na área do Farol da

Barra (P1), foi encontrada uma média de 38 objetos e teve um desvio padrão (±2) de

45,78209257, enquanto que no Porto da Barra (P2) obteve-se uma média de 88,875

objetos e desvio padrão de 96,05123261 e na região do Yacht/Marco Polo (P3)

apresentou uma média de 51,625 objetos e um desvio padrão de 42,7348553

(Tabela 3).

FAROL (P1) PORTO (P2) YACHT/MARCO POLO (P3)

Média 38 88,875 51,625

Desvio Padrão (±2) 45,78209257 96,05123261 42,7348553

Tabela 3. Resultados da média de resíduos encontrados e desvio padrão (±2) nos três ambientes

recifais da BTS amostrados no presente estudo.

No Farol da Barra, local com menor intensidade de resíduos encontrados

predominou o plástico (n= 138), metal (n= 69) e outros (n= 35) (Figura 13). Já na

região do Porto da Barra (P2), os itens mais encontrados foram madeira (n= 274),

plástico (n= 204) e metal (n= 76) (Figura 14). O terceiro local amostrado, o

Yacht/Marco Polo (P3), teve o plástico (n= 135) como resíduo mais encontrado

seguido de outros (n= 79) e metal (n= 76) (Figura 15).

Figura 13. Distribuição dos resíduos sólidos amostrados por categoria no Farol da Barra (P1) em

escala logarítmica: 1-10 (verde); 10-100 (vermelho); 100-1000 (amarelo), e box splot do desvio

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

28

Page 47: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

padrão. Legenda: Plástico (PLA), vidro (VID), madeira (MAD), metal (MET), tecido (TEC), apetrecho

de pesca (APE), outros (OUT).

Figura 14. Distribuição dos resíduos sólidos amostrados por categoria no Porto da Barra (P2) em

escala logarítmica: 10-100 (vermelho); 100-1000 (amarelo), e box splot do desvio padrão. Legenda:

Plástico (PLA), vidro (VID), madeira (MAD), metal (MET), tecido (TEC), apetrecho de pesca (APE),

outros (OUT).

Figura 15. Distribuição dos resíduos sólidos amostrados por categoria no Yacht/Marco Polo (P3) em

escala logarítmica: 10-100 (vermelho); 100-1000 (amarelo), e box splot do desvio padrão. Legenda:

Plástico (PLA), vidro (VID), madeira (MAD), metal (MET), tecido (TEC), apetrecho de pesca (APE),

outros (OUT).

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

29

Page 48: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Após analisar os gráficos acima (Figuras 11, 12 e 13) nota-se que o Farol da

Barra foi à única localidade que apresentou três escalas de grandeza, para as

diferentes classes de resíduos encontrados, sendo representado em ordem

decrescente pelo plástico (100-1000), seguido de metal, tecido, papel e outros (10-

100), e por ultimo agrupados na escala 1-10, encontra-se o vidro, madeira e

apetrecho de pesca. No Porto da Barra e Yacht/Marco Polo o escalonamento

observou duas grandezas presentes apresentando como itens de maior grandeza a

madeira e o plástico (100-1000), enquanto que vidro, metal, tecido, apetrecho de

pesca, papel e outros se concentraram na grandeza 10-100.

Foram encontradas diferenças significativas através do teste de Kruskal-

Wallis - ANOVA não paramétrica, entre cinco categorias de resíduos e nas áreas de

amostragem, sendo estas encontradas no Farol da Barra com o vidro (p = 0,0129),

no Porto da Barra, com a madeira (p = 0,0001) e papel (p = 0,0246), e no

Yacht/Marco Polo, encontrado com apetrecho de pesca (p = 0,0001) e papel (p =

0,0246).

Com base nestas informações foi realizada uma comparação múltipla de

Dunn para as diferenças estatísticas significativas percebendo que o que elevou a

diferença do Farol da Barra entre seus resíduos encontrados foi o vidro (p < 0,05),

devido, sobretudo a sua baixa freqüência de ocorrência naquele ponto. Já o Porto da

Barra se diferenciou devido aos itens plástico e madeira (p < 0,05), onde foi

constatada uma elevada concentração destes resíduos no local. O Yacht/Marco Polo

apresentou diferenças significativas nos seus resíduos, apetrecho de pesca, papel e

outros (p < 0,05).

Baseado nestes registros pôde-se atribuir os resultados encontrados

provavelmente as seguintes questões:

O Farol da Barra se apresenta a partir de sua caracterização como um local

com menor fluxo de freqüentadores devido a sua estreita fácie arenosa emersa

(somente exposta em baixa-mar), e assim apresenta uma proximidade de sua

balaustrada da orla marítima da cidade, facilitando o direcionamento de resíduos

diretamente ao mar, que por sua vez, possui uma ampla dinâmica e influência das

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

30

Page 49: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

correntes em relação às demais áreas, por sua fisiografia, com isso os resíduos

podem estar sendo carreados em deposição a ambientes mais profundos, onde são

evidenciados desde já a necessidade de estudos com maior escala de espaço e

tempo.

O Porto da Barra apresenta um intenso e contínuo fluxo de frequentadores

das mais diversas atuações, atividades e segmentos, sendo o local com maior

quantidade de resíduos encontrados, e em sua grande maioria quando comparados

todos os itens (par a par) entre as áreas, a exceção de apetrecho de pesca e outros

na área do Yacht/Marco Polo.

Além de uma elevada geração de resíduos P2 apresenta uma região de baía

mais protegida e por isso denota-se que os resíduos encontrados são depositados

na própria localidade. Este foi o único local dentre os demais avaliados que teve

como resíduo mais encontrado a madeira, este fato ocorreu em virtude de um

elevado consumo de gêneros alimentícios que utilizam palito para “churrasquinho”,

queijo coalho, camarão e picolé. Este item é apontado também por banhistas e

freqüentadores em entrevistas realizadas como um resíduo que pode causar danos

à saúde em virtude do seu teor perfurante (CARVALHO-SOUZA comm. Pess.).

Em P3, Yacht/Marco Polo foram registradas categorias iguais às encontradas

no Farol da Barra, apesar de apresentarem áreas fisicamente heterogêneas, no

entanto merecem atenção especial aos registros apontados nas categorias outros e

apetrecho de pesca devido a sua proporção em relação às outras localidades

apontando com isso, uma elevada concentração de pesca artesanal no local. Outro

fator que merece destaque é que este item pode continuar a capturar inúmeros

organismos através da “pesca fantasma”.

Além disso, nesta mesma área, através das observações de composição dos

resíduos, percebeu-se que a grande quantidade de itens da categoria outros como

fraldas, pincel, latas de tinta, restos de roupa, fragmentos de embarcações diversos

e afins, esta associada ao mal direcionamento dos resíduos gerados pela

comunidade que vive no local e pescadores que a utilizam, sendo necessários

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

31

Page 50: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

também estudos de sensibilização ambiental e gerenciamento sócio-ambiental desta

área.

A presença de plástico e metal entre as três categorias mais representativas

em todas as áreas representa um padrão de homogeneidade na deposição de

resíduos entre as áreas analisadas, indicado também pela conectividade entre

estas. Estes itens também estão intimamente relacionados ao exacerbado consumo

de bebidas e alimentos principalmente resultantes das atividades de lazer nas praias

e oceanos.

Apesar de a escala temporal do presente trabalho não se apresentar

longínqua os padrões de composição e estrutura dos resíduos foram semelhantes a

outros trabalhos realizados com o lixo marinho tanto em praias como no ambiente

bentônico utilizando os mais diversos métodos pelo mundo e na costa brasileira

(PIANOWSKI, 1997, IVAR DO SUL, 2003; KATSANEVAKIS e KATSAROU, 2004;

ARAÚJO & COSTA, 2004; SAMPAIO, 2006; SPENGLER, 2009).

Os níveis de ocupação dos locais refletiram diretamente na abundância e

diversidade de resíduos sólidos, como encontrado em outros estudos

(IOC/FAO/UNEP, 1989; IVAR DO SUL, 2005), onde na área de maior fluxo de

freqüentadores houve uma maior proporção de lixo relacionado ao consumo, e na

área onde ocorre habitação e pesca os itens foram relativos a estas atividades.

Fragmentos de resíduos sólidos foram comumente encontrados no presente

trabalho em todas as áreas analisadas e representam uma ameaça, pois são

facilmente ingeridos pela biota (BUGONI et al. 2001). Em locais menos habitados,

no entanto com uma pressão pesqueira o item mais encontrado foi artefatos de

pesca (SCHARER, 2004), como visto parcialmente em sítio (P3) no presente estudo,

embora neste caso não houvesse somente esta influência e este item não foi o mais

encontrado, e sim representativo.

Na mesma localidade Sampaio (2006) verificou o impacto dos resíduos

sólidos sobre organismos de importância ornamental encontrando dados similares

quanto à composição o lixo submerso e diferindo somente no local com maiores

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

32

Page 51: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

densidades sendo este o Farol da Barra, seguido do Porto da Barra e por fim o

Yacht Clube. Com isso, observou que armadilhas de pesca associadas as correntes

marinhas refletem os resultados encontrados.

Santana Neto (2009) estudando o ambiente praial do Porto da Barra, área

emersa de um dos pontos do presente trabalho, encontrou um significativa

quantidade de resíduos sólidos, como os amostrados nos ambientes submersos,

entretanto uma menor quantidade de categorias o que indica que muitos dos

resíduos estão sendo diretamente carreados e depositados nos ambientes recifais

por múltiplos fatores evidenciados, ou ainda podendo servir de núcleos de dispersão

a outros locais onde existe um menor fluxo de freqüentadores no entanto os indícios

de poluição são registrados como as praias do sul da Bahia recebendo aporte da

deriva litorânea (SANTOS, et al., 2009).

Contudo ainda se torna difícil mensurar os reais impactos dos resíduos

sólidos e demais poluentes no ambiente marinho, visto sua dinâmica e processos

oceanográficos envolvidos onde seus efeitos transbordam escalas locais e são

necessários integrar monitoramentos a longo prazo de forma padronizada passiveis

de comparação, devido a grande quantidade de métodos aplicados e a integração

de diversos avaliadores para um diagnóstico mais representativo.

Baseado nestes pontos foi acrescentado às informações encontradas,

resultados propostos através da confecção da matriz sociométrica de avaliação de

risco de impacto ambiental (Tabela 4) e sendo gerado seu coeficiente de importância

relativa (C.I.R.) (Figura 16), onde definem o plástico como o item de maior risco, pois

a integração dos seus diversos polímeros apresentando estruturas moleculares não

encontradas no ambiente natural, e assim não sofrendo os efeitos da foto-

degradação, o que leva a baixas taxas de biodegradação, condicionadas justamente

pelo alto aporte produzido pela industria atual, e seu longo prazo de degradação aos

habitats (UNESCO, 1994), já sendo elencado acima suas diversificadas e intensas

problemáticas no ambiente marinho.

Apetrecho de pesca foi também indicado como um item estressor aos habitats

marinhos devido ao seu conhecido impacto de causar danos a vida marinha (LAIST,

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

33

Page 52: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

1987), como também o baixo potencial de degradabilidade de seus componentes.

Os principais itens encontrados nesta categoria foram fragmentos de redes, linhas

de nylon, anzóis e chumbada. Observações registraram que redes e linhas de nylon

constantemente encontravam-se enroscadas as ramificações das colônias do

hidrocoral Millepora spp. Outro ponto a ser considerado é o da chumbada, um metal

cumulativo e tóxico no ambiente e sua contaminação representa uma séria ameaça

não só a questão ambiental, como também de saúde pública.

O vidro apesar de ser um resíduo com fácil bioincrustação recebeu esta

importância pelo elevado período que leva para se degradar no ambiente e seus

fragmentos causarem danos a saúde. Os objetos mais observados foram

fragmentos, frascos de perfume, garrafas e potes, onde muitos organismos

encontravam-se alojados.

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

R

ESU

LTA

DO

S E

DIS

CU

SSÃ

O

pág.

34

Page 53: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Resíduo V1 V2 V3 V4 V5 V6 V7 V8 C.I.R.

Plástico 0,9 0,9 0,9 0,9 0,8 0,9 0,8 1 0,197222

Vidro 0,1 0,7 0,5 0,6 0,4 0,8 0,6 1 0,130556

Madeira 0,1 0,3 0,3 0,3 0,1 0,5 0,2 1 0,077778

Metal 0,1 0,5 0,7 0,6 0,2 0,8 0,6 1 0,125

Tecido 0,1 0,4 0,7 0,4 0,2 0,7 0,3 1 0,105556

Apetrecho de pesca 0,2 0,6 0,9 0,8 0,8 0,9 0,7 1 0,163889

Papel 0,1 0,2 0,5 0,2 0,3 0,1 0,2 1 0,072222

Outros 0,2 0,4 0,8 0,4 0,7 0,3 0,8 1 0,127778

Variável Nominal 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Tabela 4. Matriz Sociométrica de Avaliação de Risco de Impacto Ambiental dos resíduos sólidos no ambiente marinho. Os itens foram categorizados como

plástico (V1), vidro (V2), madeira (V3), metal (V4), tecido (V5), apetrecho de pesca (V6), papel (V7) e outros (V8), com a inclusão da variável nominal.

Figura 16. Coeficiente de Importância Relativa a partir dos valores atribuídos às categorias de resíduos sólidos de acordo com o grau de risco de impacto

ambiental destes no ambiente marinho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

pa

g.

35

Page 54: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

A categoria outros foi indicada pelo principio da precaução, devido a sua

infinidade de matérias que poderiam estar enquadrados e seus efeitos são

desconhecidos. Esta categoria apresentou itens como pneu, preservativo, calçados,

tubo e tralha e alguns bem incomuns como acento sanitário, bateria alcalina, cartão

telefônico, celular, fiação.

O item metal apesar de apresentar maior degradabilidade quanto em contato

ao ambiente marinho devido, sobretudo a salinidade, apresenta importância

econômica atual na indústria da reciclagem e um grande mercado informal, embora

também possa representar uma ameaça a saúde publica. Seus itens mais

registrados foram fragmentos, latas e lacres.

O tecido se enquadrou como potencial impacto por pode provocar danos a

vida marinha sobretudo ao enroscamento e cobertura impedindo até a passagem

luminosa. Nesta categoria foi representativo o numero de fragmentos e roupas.

O item madeira apresentou risco pelas elevadas quantidades encontradas no

local através principalmente de resíduos alimentares e provocar danos devido a sua

característica perfurante. Os itens mais encontrados foram palitos e fragmentos de

embarcações.

Apesar de o papel apresentar uma elevada degradabilidade pode apresentar

riscos e efeitos em grandes concentrações por se tratar de um material não natural.

Os registros maiores foram para fragmentos e embalagens.

Estes dados evidenciam que os ambientes recifais costeiros da Baía de

Todos os Santos encontram-se contaminados por resíduos sólidos e provavelmente

este seja um padrão para ambientes recifais urbanos de toda a costa da Bahia,

tendo como principais e preocupantes poluentes o plástico, madeira, metal,

apetrechos de pesca e outros onde estes estão afetando diretamente o ambiente, a

biota, paisagem submarina, as atividades recreacionais, o comércio, e com isso

podendo acarretar a perdas ecossocioculturais e econômicas para o estado. Os

dados obtidos no presente trabalho servirão como informações pretéritas acerca

desta problemática e a futuros planos de gerenciamento e manejo destas áreas de

R

ESU

LTA

DO

S E

DIS

CU

SSÃ

O

pág.

36

Page 55: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

importância biogeomorfológica, turística, histórica e econômica. Assim, o presente

capítulo diagnosticou a composição e estrutura dos resíduos sólidos em três

ambientes recifais costeiros da Baia de Todos os Santos, identificando padrões dos

resíduos sólidos e avaliando seus efeitos e possíveis impactos nestes ambientes.

Para uma melhor compreensão da dinâmica destes padrões e processos

envolvendo os resíduos sólidos na Baía de Todos os Santos se evidenciam

necessários maiores estudos de escala espaço-temporal, identificando o estado de

conservação das áreas e efeitos da poluição marinha, dispersão destes resíduos a

outras localidades através de correntes, os locais de deposição no substrato,

monitoramento das diversas atividades comerciais e pescaria artesanal como

também dos festejos sócio-culturais, envoltas a área de influência e sensibilização

ambiental aos diferentes atores que estão envolvidos direta ou indiretamente acerca

desta problemática.

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

37

Page 56: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

4.4 REFERÊNCIAS

ARAÚJO, M. C. B. & COSTA, M. F. 2004. Quali-quantitative analysis of the solid

wastes at Tamandare Bay, Pernambuco, Brazil. Tropical Oceanography, Recife, v.

32, n. 2, p. 159-170.

BUGONI, L.; KRAUSE, L. & PETRY, M. V. 2001. Marine debris and human impacts

on sea turtles in southern Brazil. Marine Pollution Bulletin, vol. 42, n°12, pp. 1330-

1334.

DENTON, G. R. W. CONCEPCION, L. P. WOOD, H. R. MORRISON, R. J. 2006.

Polychlorinated biphenyls (PCBs) in marine organisms from four harbours in Guam.

Marine Pollution Bulletin 52, 214–238

DERRAIK, J.G.B. 2002. The pollution of the marine environment by plastic debris: a

review. Marine Pollution Bulletin, 44: 842-852.

DOMINGUEZ, J. M. L.; BITTENCOURT, A. C. S. P. 2009. Geologia – cap. II. In:

HATGE, V.; ANDRADE, J. B. Baía de Todos os Santos – aspectos oceanográficos.

EDUFBA, Salvador. p. 42.

DONOHUE, M. J.; BOLAND, R. C., SRAMEK, C. M. & ANTONELIS, G. A. 2001.

Derelict Fishing Gear in the Northwestern Hawaiian Islands: Diving Surveys and

Debris Removal in 1999 Confirm Threat to Coral Reef Ecosystems. Marine Pollution

Bulletin, 42: 1301-1312.

GALIL, B.S.; GOLIK, A. & TURKAY, M. 1995. Litter at the bottom of the sea: A Sea

bed survey in the Eastern Mediterranean, Marine Pollution Bulletin. 30: 22-24.

GALGANI, F.; LEAUTE, J.P.; MOGUEDET, P.; SOUPLET, A.; VERIN, Y.;

CARPENTIER, A.; GORAGUER, H.; LATROUITE, D.; ANDRAL,B.; CADIOU,

Y.;MAHE, J.C.; POULARD, J.C. & NERISSON, P. 2000. Litter on the sea floor along

European coasts. Marine Pollution Bulletin. 40: 516- 527.

R

EFER

ÊNC

IAS

R

EFER

ÊNC

IAS

pág.

38

Page 57: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

GENZ, F.; LESSA, G.C. & CIRANO, M., 2004. The Impact of an Extreme Flood upon

the Mixing zone of the Todos os Santos Bay, Northeastern Brazil. Journal of Coastal

Research, Special Issue 39

GOLIK, A.; GERTNER, Y. 1992. Litter on Israeli coastline. Marine Environmental

Research, 33:1-15.

GREGORY, M. R. 1978. Accumulation and distribution of virgin plastic granules on

New Zealand beaches. New Zealand Journal of Marine and Freshwater Research

12, 399–414.

IOC/FAO/UNEP 1989. Report of the IOC/FAO/UNEP review meeting on the

persistent synthetic materials pilot survey. Athens, 46p.

IVAR DO SUL, J. A. 2005. Lixo Marinho na Área de Desova de Tartarugas Marinhas

do Litoral Norte da Bahia: conseqüências para o meio ambiente e moradores locais.

Fundação Universidade Federal do Rio Grande

KATSANEVAKIS, S. & KATSAROU, A. 2004. Influences on the distribution of marine

debris on the seafloor of shallow coastal areas in Greece (Eastern Mediterranean).

Water, Air, and Soil Pollution, 159: 325-337.

KUBOTA, M. 1994. A mechanism for accumulation of floating marine debris north of

Hawaii. Journal of Physical Oceanography, 24(5):1059-1064.

LAIST, D.W. 1987. Overview of the biological effects of lost and discarded plastic

debris in the marine environment. Marine Pollution Bulletin, 18(6B):319-326.

LESSA, G.; BITTENCOURT, A. C. S. P.; BRICHTA, A. & DOMINGUEZ, J. M. L.

2000. A Reevaluation of the Late Quaternary Sedimentation in Todos os Santos Bay

(BA), BrazilAn. Acad. Bras. Ci., 72 (4)

REF

ERÊN

CIA

S

pág.

38

R

EFER

ÊNC

IAS

pág.

39

Page 58: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

LESSA, G.; DOMINGUEZ, J. M. L.; BITTENCOURT, A. C. S. P.; BRICHTA, A. 2001.

The Tides and Tidal Circulation of Todos os Santos Bay, Northeast Brazil: a general

characterization. An. Acad. Bras. Cienc., (2001) 73 (2)

LIU Y.; ZHENG G. J.; YU H.; MARTIN, M.; RICHARDSON, B. J.; LAM M. H. W.;

LAM, P. K. S. 2005. Polybrominated diphenyl ethers (PBDEs) in sediments and

mussel tissues from Hong Kong marine Waters. Marine Pollution Bulletin 50, 1173–

1184.

MACHADO, A. A. 2006. Estudo da Contaminação por Resíduos Sólidos na Ilha do

Arvoredo: Principal Ilha da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (RBMA), SC.

Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Rio Grande. p. 50.

MCCUNE, B. & GRACE, J. B. 2002. Analysis of Ecological Communities. MJM,

Software, Oregon.

NAGELKERKEN, I; WILTJER, G. A. M. T.; DEBROT, A. O.; PORS, L. P. J. J. 2001.

Baseline study of submerged marine debris at beaches in Curacão, West Indies.

Marine Pollution Bulletim, 42:9, p. 786-789.

NUNES, A. S. 2003. Habitats essenciais para os peixes explorados pela frota

“linheira” do Porto de Santana, Rio Vermelho, Salvador – Bahia. Dissertação de

Mestrado. Universidade Federal da Bahia. p. 163.

OFIARA, D. D.; SENECA, J. J. 2006. Biological effects and subsequent economic

effects and losses from marine pollution and degradations in marine environments:

Implications from the literature. Marine Pollution Bulletin 52, 844–864.

PIANOWSKI, F. 1997. Resíduos sólidos e esférulas plásticas nas praias do Rio

Grande do Sul – Brasil. Monografia apresentada à Fundação Universidade Federal

do Rio Grande. Rio Grande – RS, Brasil. 78p.

RIBIC, C.A.; DIXON, T.R. & VINING, I. 1992. Marine debris survey manual. NOAA

Technical Report NMFS 108. 93p.

R

EFER

ÊNC

IAS

pág.

40

Page 59: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

SAMPAIO, C. L. S. 2006. Monitoramento da Atividade de Coleta de Organismos

Ornamentais Marinhos na Cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Doutorado em Ciências

Biológicas (Zoologia). Universidade Federal da Paraíba, UFPB, Brasil.

SÁNCHEZ, L. E. 2006. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São

Paulo: Oficina de Textos.

SANTANA NETO, S. P.. 2009. Resíduos sólidos em ambiente praial (Porto da Barra

– Salvador – Bahia) – subsidio para práticas de sensibilização em escolas.

Universidade Católica do Salvador. Bahia, Brasil. P. 117.

SANTOS, I. R. 2005. Naves flutuantes de plástico. Ciência hoje, vol. 37, Outubro, nº

220.

SANTOS, I. R., FRIEDRICH, A. C.; BARRETTO, F. P. 2005. Overseas garbage

pollution on beaches of northeast Brazil. Marine Pollution Bulletin, 50(7), 783–786.

SANTOS, D. C.; PASSAVANTE, J. Z. O. 2007. Recifes Artificiais Marinhos: modelos

e utilizações no Brasil e no mundo. Bol. Téc. Cient. CEPENE, Tamandaré, v. 15, n.

1, p. 113-124, 2007

SANTOS, I. R., FRIEDRICH, A. C.; IVAR DO SUL, J. A. 2009. Marine debris

contamination along undeveloped tropical beaches from northeast Brazil. Environ

Monit Assess,148:455–462

SCHÄRER, M.T. 2004. Mona Channel marine debris removal, Puerto Rico.

Final Report to Amigos de Amoná, Inc. 37 p.

SPENGLER, A. 2009. Resíduos sólidos bentônicos em ambientes recifais de

pernambuco e na abordagem das operadoras de mergulho. Dissertação de

Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco. p. 74.

REF

ERÊN

CIA

S

REF

ERÊN

CIA

S

pág.

41

Page 60: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

STEFATOS, A.; CHARALAMPAKIS, M.; PAPATHEODOROU, G. & FERENTINOS,

G. 1999. Marine debris on the seafloor of the Mediterranean Sea: Examples from

Two enclosed gulfs in Western Greece, Marine Pollution Bulletin. 36: 389-393.

SZLINDER-RICHERT, J.; BARSKA, I.; MAZERSKI, J.; USYDUS, Z. 2009. PCBs in

fish from the southern Baltic Sea: Levels, bioaccumulation features and temporal

trends during the period from 1997 to 2006. Marine Pollution Bulletin 58, 85–92

TINOCO, M. S. 2007. Avaliação de Risco de Impacto Ambiental: O processo de

seleção de indicadores e variáveis de risco. Universidade Católica do Salvador.

Instituto de Ciências Biológicas. Departamento de Fundamentos e Métodos. BIO 375

– Ciências Ambientais. Salvador. 7p.

UNESCO. 1994. Marine debris: Solid waste management action plan for the Wider

Caribbean. IOC Technical Series 41, UNESCO, Paris.

WILLIANS, I. D.; WALSH, W. J.; TISSOT, B. N.; HALLACHER, L. E. 2006. Impact of

observers experience level on counts of fishes in underwater visual surveys. Marine

Ecology Progress Series. 310:185-191.

WETZEL, L.; FILLMANN, G.; NIENCHESKI, L. F. H. 2004. Litter contamination

processes and management perspectives on the southern Brazilian coast.

International Journal of Environment and Pollution, Vol. 21, No.2 pp. 153 – 165

R

EFER

ÊNC

IAS

pág.

42

Page 61: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

5.

CAPÍTULO II

Uma nova síndrome ecológica nos ambientes recifais?

Associação da biota com o lixo marinho no Nordeste do Brasil

A new ecological syndrome in reef environments? Association of biota and marine debris in the Northeast of Brazil

*Este capitulo encontra-se em conformidade para submissão ao periódico Marine Pollution

Bulletim.

Sampaio, C. L. S. 2007

Page 62: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

5.1 INTRODUÇÃO

Os ambientes recifais representam a maior biodiversidade e complexidade

estrutural dos ecossistemas marinhos tropicais (PAULAY, 1997). Esses ambientes

formam os habitats de uma infinidade de organismos, os quais utilizam estas áreas

para alimentação, interações, moradia, esconderijo e reprodução (KREBS, 1994).

Dentre estes fatores necessários para a vida dos organismos no planeta, as

síndromes ecológicas podem ser evidenciadas como as relações entre os

organismos nos seus habitats ocorrendo de diversas formas como comensais,

mutualísticas, de protocoperação ou parasitárias (BEGON et al., 2006).

Estas síndromes ecológicas compõem parte do repertório comportamental

das espécies e ocorre interligado a uma diversidade de interações inter-específicas,

principalmente associadas aos seus hábitos alimentares atuando em seu

crescimento e reprodução, (DARWIN, 1859; RICKLEFS, 2003).

Atualmente a poluição marinha vem protagonizando uma das mais novas e

ainda desconhecidas associações nas assembléias dos recifes de todo o mundo,

devido à crescente disposição destes resíduos nestes ambientes. Estes resíduos

dentro da teoria e dos processos ecológicos tornam-se uma condição para as

espécies e assim estas respondem de acordo com sua necessidade de recursos

para realização de seu ciclo natural (RICKLEFS, 2003; BEGON et al., 2006).

O lixo marinho é conhecido por afetar ao menos 267 espécies de animais

marinhos em todo o mundo, incluindo 86% de todas as espécies de répteis

marinhos, 44% de todas as espécies de aves marinhas e 43% de todas as espécies

de mamíferos marinhos, além de muitas espécies de peixes, corais, moluscos e

crustáceos. (LAIST, 1997).

Alterações promovidas pelos poluentes na produtividade do ecossistema

marinho, representados por uma diminuição dos nutrientes, degradação do substrato

e na qualidade da água, podem provocar danos a todo um ecossistema, resultando

INTR

OD

ÃO

pág.

44

Page 63: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

em inúmeras perdas biológicas e econômicas, e afetando diretamente o habitat e

cadeia trófica, além de prejudicar uma serie de elos envolvidos (OFIARA e SENECA,

2006).

Estas mudanças na estrutura do ecossistema e perda de habitat por uma

longa escala temporal ou espacial pode resultar em declínio na distribuição e riqueza

de organismos em ecossistemas costeiros, marinhos e associados como

manguezais e restingas, já que altera toda cadeia produtiva adjacente.

Diversos estudos vem registrando a problemática do lixo e a biota marinha

(MAIA-NOGUEIRA, 2000; BUGONI et al., 2001; SAZIMA et al., 2002; MEIRELLES e

BARROS, 2007; BARREIROS e LUIZ JR, 2008), no entanto se faz necessária a

realização de diagnósticos do estado dessas associações visto o seu caráter

particular entre os tipos de associações, espécies e materiais sólidos envolvidos.

Neste capítulo, uma das mais novas associações nas assembléias dos recifes

de todo o mundo é descrita em três ambientes recifais costeiros da Baía de Todos

os Santos. É discutida a apresentação de um diagnóstico do estado da síndrome da

biota com o lixo submerso dentre os possíveis tipos de associações, espécies e

materiais sólidos envolvidos.

INTR

OD

ÃO

pág.

45

Page 64: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

5.2 MATERIAL E MÉTODOS

5.2.1 Área de Estudo:

A área utilizada para realização do presente estudo é descrita

detalhadamente em Carvalho-Souza, 2009 (Capítulo I). Em síntese, trata-se de

costões rochosos localizados na entrada da Baía de Todos os Santos sendo estes:

Farol da Barra (P1), Porto da Barra (P2) e Yacht Clube (P3), possuindo uma elevada

biodiversidade, intensa pressão antrópica e de degradação dos habitats, sendo

explorada pelos mais diversos setores, evidenciando uma elevada produção de

resíduos, no entanto possui um enorme potencial biológico, econômico, turístico e

histórico (SAMPAIO, 2006).

5.2.2 Aplicação de Métodos:

As observações de campo ocorreram nos meses de agosto a outubro de

2009, observado ciclo das marés e a utilização do protocolo AGRRA (Atlantic Gul

Reef Rapid Assessment) como descrito em Carvalho-Souza, 2009 (Capítulo I).

Durante a coleta de dados e após a triagem dos resíduos foi verificada, quando

existiu, a presença de organismos marinhos associados, sendo verificado os tipo(s)

e respectivas quantidade(s) de resíduo(s) envolvido(s) (plástico, vidro, madeira,

metal, tecido, apetrecho de pesca, papel e outros) e a forma desta associação

(captura acidental, cobertura, ingestão, utilização e adesão ao substrato, enroscado,

refugio).

Para a determinação dos taxa, neste estudo, utilizou-se a literatura

especializada (CARVALHO-FILHO, 1999; HUMMAN & DELOACH, 2002; HUMMAN

& DELOACH, 2003; SAMPAIO & NOTTINGHAM, 2008).

Além das associações registradas in situ foi realizada uma revisão na

literatura especializada e consulta a pesquisadores relacionados com o ambiente

marinho no estado da Bahia para a confecção de uma listagem de espécies que

constituíram algum tipo de síndrome com os resíduos sólidos no litoral brasileiro.

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

46

Page 65: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

5.2.3 Análise de dados:

As associações foram analisadas com base em um agrupamento de cluster

(MCCUNE e GRACE, 2002). As matrizes foram organizadas de forma a revelar a

similaridade entre argumentos e objetos, ao longo das três unidades amostrais.

Foi utilizada a distância Euclidiana e o método de ligação de Ward com

padronização padrão, para dados quantitativos discretos em amostragens

probabilísticas aleatórias simples.

Foram também organizadas matrizes, quadros e tabelas, a fim de apresentar

um resumo estatístico descritivo, onde foram abordadas as freqüências globais

reveladas ao longo do estudo.

Todas as matrizes foram organizadas em banco de dados do pacote Excel™

e as análises desenvolvidas no pacote PCOrd™ para a plataforma Windows, com

aplicação de planilhas em formato Lotus©.

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

47

Page 66: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo o presente estudo traz evidencias de uma das mais novas

associações nas assembléias dos recifes de todo o mundo, diagnosticando os

possíveis impactos deletérios causados pela poluição na biota marinha em

ambientes recifais. Foram encontradas síndromes ecológicas da biota com os

resíduos sólidos, sendo representadas por 21 espécies dos mais diversos taxa como

Porifera (n= 1), Cnidaria (n= 3), Mollusca (n= 2), Equinodermata (n= 6), Crustacea

(n= 4), Ascidiaceae (n= 1) e Pisces (n= 4), associadas a resíduos sólidos nos três

ambientes recifais costeiros da BTS (Tabela 1).

FAROL (P1) PORTO (P2) Yacht/Marco Polo (P3) N Ind.

TRIVEN 2 3 0 3

EQUSP 0 1 0 1

ASTPUN 0 2 0 2

CIRRIP 0 60 3 63

ISCSP 2 14 0 16

LYTVAR 37 49 37 123

DEMOSP 0 4 1 5

ASCIDI 0 2 0 2

MAJIDA 0 5 0 5

GASTRO 0 1 2 3

EPHADS 0 1 0 1

MALSP 0 1 0 1

EUCTRI 0 1 0 1

NEOATL 0 1 0 1

EQULOC 10 0 0 10

PALCAR 1 0 0 1

MILALC 4 0 16 20

STESET 0 0 1 1

STEHIS 0 0 1 1

PSEMAC 0 0 1 1

OPHCIN 0 0 1 1

N Ponto 54 145 63 262

Tabela 5. Riqueza de espécies associadas aos resíduos solidos em cada uma das áreas analisadas

no presente estudo. Legenda = N Ponto – Numero total de Espécimes associados por local. N ind. –

Abundância dos organismos associados; TRIVEN – Tripneustes ventricosus; EQUSP – Equinaster

sp.; ASTPUN – Astrapogon puncticulatus; CIRRIP – Cirripedia; ISCSP – Ischnochiton sp.; LYTVAR –

Lytechinus variegatus; DEMOSP – Demospongiae; ASCIDI – Ascidiaceae; MAJIDA – Majidae;

GASTRO – Gastropoda; EPIADS – Ephinephelus adscensiones; MALSP – Malacoctenus sp.;

EUCTRI – Eucidaris tribuloide; NEOATL Neospongodes atlantica; EQULOC – Equinometra locunter;

PALCAR – Palythoa caribaeorum; MILALC – Millepora alcicornis; STESET – Stenorhynchus

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

48

Page 67: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

seticornis; STEHIS –Stenopus hispidus; PSEMAC – Pseudopeneus maculatus; OPHICIN -

Ophioderma cinereum.

Entre os resultados encontrados nas três unidades espaciais, o Porto da

Barra foi à que apresentou o maior número de espécies (n= 14) e organismos (n=

145) associados aos resíduos sólidos, seguida do Yacht/Marco Polo com nove

espécies e 63 organismos e por último o Farol da Barra com uma menor

representatividade de espécies (n= 5) e organismos (n= 54), estando estes

resultados diretamente conectados aos de composição e estrutura encontrados para

as áreas estudadas (CARVALHO-SOUZA, 2009 – Capítulo I) (Tabela 1). Isto denota

claramente que quanto maior o nível de contaminação da área, maior a possibilidade

de ocorrência de síndromes, tanto em diversidade como em abundância nos

ambientes recifais (Figura 17 e 18).

Em virtude da atual degradação de habitats e efeitos antropogênicos cada vez

mais evidentes no ambiente, as espécies vêm buscando se adaptar a esta nova

realidade e cada vez mais são reportados indícios deletérios da biota a poluição

marinha (LAIST, 1987). No entanto estes impactos ocorrem de maneira cíclica e se

torna muito mais prejudicial à biota do que se fossem contínuos (SANTOS, 2004).

Inúmeros são os registros das associações da biota com o lixo, e estas

podem estar promovendo grandes conseqüências ao ambiente marinho como

efeitos letais a populações, desde ingestão a enroscamento, diminuição do recurso e

capacidade de forrageio, mudanças de habito, bloqueio do trato digestivo e

introdução de espécies exóticas (LAIST, 1987; IOC/FAO/UNEP, 1989; BUGONI et

al., 2001; SANTOS, 2005).

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

49

Page 68: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Figura 17. Prancha de espécies associadas aos resíduos sólidos encontrados no presente trabalho:

Demospongiae associado a plástico (1), Cirripedia a plástico (2), Ischnochiton sp. com garrafa de

plástico (3), Gastropoda associado a borracha, (4) Octopus sp. a metal (5), Equinaster sp. associado

a metal (6). Fotos: Carvalho-Souza, 2009 e Sampaio, 2007 (5).

1

3

2

5 6

4

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

R

ESU

LTA

DO

S E

DIS

CU

SSÃ

O

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

50

Page 69: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Figura 18. Prancha de espécies associadas aos resíduos sólidos encontrados no presente trabalho:

Equinometra locunter utilizando resíduo para cobertura (1), Eucidaris tribuloides associado a

apetrecho de pesca (2), Millepora alcicornis associado a resíduos (3), Demonstração de Astrapogon

puncticulatus utilizando lata de metal como refugio (4) Octopus sp. associado a pote de vidro (5),

Epinephelus adscensionis e Malacoctenus sp. (6). Fotos: Carvalho-Souza, 2009.

No presente estudo foram registradas diversas associações da biota ao lixo

submerso, sendo cobertura a mais freqüente (n= 119), sendo esta carreada pela

elevada abundância dos ouriços-do-mar, principalmente a Lytechinus variegatus,

1

3

2

5 6

4

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

51

Page 70: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

que apresentaram uma singular associação, descrita posteriormente. Após utilização

ou adesão ao substrato foi à síndrome mais registrada (n= 33), sendo que este fato

pode ser corroborado nas discussões sobre o lixo marinho como um possível

introdutor de espécies exóticas (SANTOS, 2005), e apesar do registro comum de

algumas espécies invasoras na BTS, inclusive sendo predadas por espécies nativas

(SAMPAIO e ROSA, 2005) não foi registrada nenhuma destas espécies nas

observações do presente trabalho. Resíduos enroscados a biota foi uma associação

também registrada (n= 29), onde foi evidenciada, sobretudo aos cnidários e

apetrecho de pesca. Por ultimo refúgio foi à síndrome registrada nos censos visuais

(n= 14), onde diversos resíduos sólidos apresentam formas que possibilitam a sua

utilização por inúmeras espécies, entretanto este material apresenta uma dinâmica

de dispersão e degradabilidade em função do tempo (Tabela 6).

Tipo de Associação FAROL (P1) PORTO (P2) Yacht/Marco Polo (P3)

Cobertura 39 42 38

Substrato 5 24 4

Refugio 0 10 4

Enroscado 13 0 16

Tabela 6. Numero de associações dos resíduos sólidos com a biota, registradas no presente trabalho

em cada uma das áreas recifais da BTS.

Dentre as espécies associadas, Lytechinus variegatus foi à espécie mais

representativa (n= 123) em associações com o lixo submerso nos ambientes recifais

da BTS. Esta associação como dos demais ouriços-do-mar encontrados,

Tripneustes ventricosus e Equinometra locunter, esteve muito ligada à cobertura

para proteção da luz UV e em menor proporção ao substrato. Fierce e Lapin (2004)

realizaram um experimento utilizando as espécies L. variegatus e T. ventricosus,

com relação ao uso de materiais naturais ou não como cobertura para se proteger

da radiação ultravioleta. Estes autores encontraram evidencias de seletividade para

T. ventricosus em materiais de cor escura (tiras pretas), que reduz a luz solar em

sua superfície aboral, e nenhuma distinção para L. variegatus, onde este pode ter

rejeitado o material plástico simplesmente por ser um material estranho e

introduzido, ou escolher materiais que lhe permitam misturar-se no substrato natural

(“faixas de grama”, do inglês, grass strips). Além disso, L. variegatus apresentou

aqui uma intrínseca associação com resíduos sólidos principalmente materiais

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

52

Page 71: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

plásticos (n= 89), utilizando-os para cobertura. No entanto, é observado que ouriços-

do-mar em ambientes menos contaminados mantêm, com condições propicias e

continuamente equilibradas, utilizam restos de diversos materiais naturais como

conchas, corais, algas e pedras, também registrados no presente estudo

(CARVALHO-SOUZA obs. pess.).

As conhecidas cracas (Cirripedia) também foram comuns em associação com

os resíduos sólidos, mais especificamente plástico (n= 52) e vidro (n= 11), no

entanto estas foram evidenciadas em fragmentos ou materiais aproximadamente

maiores que 20 cm, onde este fato esta relacionado à fixação das larvas, onde as

cracas evitam se fixar em superfícies pequenas que poderiam limitar seu

crescimento (LEVINGTON, 1995). O poliplacóforo Ischnochiton sp. foi outra espécie

também registrada com freqüência relacionadas ao lixo através de sua agregação

ao substrato, no entanto foram encontrados somente em materiais plásticos (n= 9) e

de vidro (n= 6).

Contudo nestes casos, animais sésseis ou que fiquem agregados a

substratos móveis podem apresentar problemáticas, já citadas como perda de

habitat devido ao tempo de deterioração do substrato e a dispersão e invasão de

espécies através da flutuação e transporte ao longo de grandes distâncias, pois se

encontram associados a estes materiais (MARTINEZ et al., 2007; MARTINEZ et al.,

2009).

Outras espécies em menor abundância foram registradas utilizando ou

aderindo aos substratos dos resíduos sólidos como Palythoa caribaeorum (n= 1),

Neospongodes atlantica (n= 1), moluscos gastrópodes (n= 3), Equinaster sp. (n = 1)

e ascídias (n= 1). Este fato esta relacionado à intensa disputa por espaço de uma

gama de espécies no ambiente marinho, utilizando feições métricas diminutas (cm)

de relevo, apresentando uma grande complexidade levando-se em consideração, o

espaço intersticial do substrato (WATLING & NORSE 1998).

Uma associação bem representativa também foi a de enroscamento de

artefatos de pesca (n= 14) e em menor frequência, tecido (n= 5) em Millepora

alcicornis, como também em outro cnidário, Zoanthus cf. sociatus (n= 1), onde estes

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

53

Page 72: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

por apresentar estruturas ramificadas e/ou em colônias apresentam características

propicias a sofrerem conseqüências nesta associação pelos danos causados aos

seus pólipos e obstrução da passagem de luminosidade.

O emalhamento por restos marinhos ou pesca-fantasma, do inglês ghost

fishing, de golfinhos, tartarugas, peixes, corais e outros organismos marinhos em

redes e apetrechos de pesca é uma das principais causas de danos ou mortalidade

em todo o mundo (SICILIANO, 1994; BUGONI et al., 2001; REEVES et al., 2003;

CARVALHO-SOUZA, 2009 – Capitulo II). Estes danos a depender da forma e

tamanho do resíduo causam mortes por asfixia, restrições no crescimento, na

capacidade reprodutiva e má alimentação (FARIS E HART, 1995). E estes

problemas, no entanto, segundo diversos especialistas, continua sem solução

(CREMER, 2007). Outros fatores importantes a se considerar são pela atual matéria-

prima destes artefatos, ocorrendo pela mudança de materiais naturais por fibras

sintéticas e cada vez mais resistentes nos artefatos de pesca ao longo do tempo,

como também a própria danificação dos artefatos por grandes resíduos levando a

prejuízos da indústria pesqueira e artesanal além de causar perdas nas capturas,

onde no caso de pescadores de subsistência, uma diminuição deste rendimento

pode levar até seu abandono completo da profissão (NASH, 1992; WILLIANS et al.,

2005).

Algumas espécies estiveram associadas aos resíduos sólidos bentônicos

como carangueijos da família Majidae, camarões-palhaço Stenopus hispidus,

carangueijos-aranha Stenorhynchus seticornis, polvos Octopus sp., Octopus

insularis,e peixes recifais Astrapogon puncticulatus, Rypticus bistrispinus Sparisoma

frondosum, Malacoctenus sp., Epinephelus adscensionis, Pseudopeneus maculatus,

onde estes utilizaram estes materiais como refúgio para proteção contra possíveis

predadores e até para fins reprodutivos (Figura 19). Esta possível condição seria

devido às espécies estarem cada vez mais, buscando alternativas para o seu

substrato em virtude do que pode se denotar uma evidente degradação dos habitats

naturais, de forma que esta síndrome se torna uma ameaça às espécies, pois são

prejudicados em termo de ciclagem de nutrientes e oxigenação, e principalmente por

perdê-los a qualquer momento e tornarem-se vulneráveis aos processos ambientais.

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

54

Page 73: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Figura 19. Polvo Octopus sp. associado a resíduo sólido (vidro), como refugio, denotando-se a

deposição de seus ovos. Foto: Carvalho-Souza, 2009.

Foi verificada uma similaridade entre as espécies associadas aos resíduos

sólidos e entre cada uma das unidades espaciais sendo verificado que no Farol da

Barra ocorreu um agrupamento definindo os dois grandes grupos onde um

apresentou exclusivamente L. variegatus devida a sua elevada abundância e

número de associações com os resíduos sólidos, plástico (n=25), vidro (n= 3), metal

(n= 4), tecido (n= 3), papel (n= 3) e outros (n= 3). No outro grupo E. locunter se

diferenciou das demais apesar de todas apresentarem uma baixa abundancia pela

sua elevada diversidade de registros de associações com os resíduos sólidos

(plástico, metal, tecido, apetrecho de pesca e outros). Em seguida dentro de outra

sub-divisão estiveram Palythoa caribaeorum e Millepora alcicornis por sua

semelhança em associar-se ao tecido, e T. ventricosus e Ischnochiton sp. por sua

associação exclusiva ao plástico (Figura 20).

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

55

Page 74: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Agrupamento das interações dos organismos com os resíduos - Farol da Barra

Distance (Objective Function)

Information Remaining (%)

0

100

1,3E+02

75

2,6E+02

50

3,9E+02

25

5,2E+02

0

TRIVEN

ISCSP

PALCAR

MILALC

EQULOC

LYTVAR

Figura 20. Dendograma de Cluster definindo o agrupamento das interações entre os organismos e

resíduos sólidos no Farol da Barra (P1).

Na área do Porto da Barra o agrupamento teve uma divisão em dois grandes

grupos, devido as suas abundâncias no local e associação com diversos resíduos

onde um esteve representando por L. variegatus (n = 49) e Cirripedia (n = 60), e

outro, através de uma junção das demais espécies registradas. Neste cluster foram

definidas diversas sub-divisões (> 80% de similaridade), sendo evidenciadas por

uma separação de T. ventricosus e Demospongiae que estiveram associados a

praticamente os mesmos resíduos (plástico e madeira). Equinaster sp. e Astrapogon

puncticulatus se agruparam também devido a associação em único resíduo (metal),

como também Neospongodes atlantica, Gastropoda e Ascidiaceae exclusivamente

ao plástico. Malacoctenus sp., Epinephelus adscensionis e Eucidaris tribuloides

também se agruparam devido a associações com os mesmos resíduos (tecido e

apetrecho de pesca) e bem próximo estiveram os carangueijos Majidae,

diferenciando-se apenas pelo plástico (Figura 21).

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

56

Page 75: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Agrupamento das interações dos organismos com os resíduos - Porto da Barra

Distance (Objective Function)

Information Remaining (%)

0

100

1,1E+03

75

2,1E+03

50

3,2E+03

25

4,2E+03

0

TRIVEN

DEMOSP

EQUSP

ASTPUN

ASCIDI

GASTRO

NEOATL

MAJIDA

EPHADS

MALSP

EUCTRI

ISCSP

CIRRIP

LYTVAR

Figura 21. Dendograma de Cluster definindo o agrupamento das interações entre os organismos e

resíduos sólidos no Porto da Barra (P2).

Para a unidade espacial do Yacht/Marco Polo o agrupamento associativo

entre as espécies e resíduos sólidos (Figura 21) foi dividido em dois grandes grupos

(> 75% de similaridade) e novamente um apresentou-se exclusivamente com a

contribuição de L. variegatus devida a sua elevada abundância e número de

associações com os resíduos sólidos, plástico (n= 25), madeira (n= 2), metal (n= 3),

tecido (n= 4), apetrecho de pesca (n= 3) e papel (n= 11). Já o segundo grupo a

subdivisão aconteceu em um novo sub-grupo e outro com Millepora alcicornis devido

a sua abundância em associações com apetrecho de pesca (n= 13) e tecido (n= 2).

Em seguida houve mais uma divisão e formado mais um grupo de espécies e

Cirripedia associado exclusivamente ao vidro (n= 3). Neste novo grupo

Demospongiae e Ophioderma cinereum também se agruparam devido a associação

exclusiva com o plástico. Ainda em outra divisão com um sub-grupo formado por

gastrópodes e camarões penaeídeos associados por sua abundancia similar e com

exclusividade ao item outros, como também estiveram agrupados Stenopus

hispidus, Stenorhynchus seticornis e Pseudopeneus maculatus a este item porem

com abundancias menores (Figura 22).

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

57

Page 76: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Agrupamento das interações dos organismos com os resíduos - Yacht/Marco Polo

Distance (Objective Function)

Information Remaining (%)

0

100

2,1E+02

75

4,3E+02

50

6,4E+02

25

8,6E+02

0

CIRRIP

DEMOSP

OPHCIN

GASTRO

PENAEI

STESET

STEHIS

PSEMAC

MILALC

LYTVAR

Figura 22. Dendograma de Cluster definindo o agrupamento das interações entre os organismos e

resíduos sólidos no Yacht/Marco Polo (P3).

Os agrupamentos das interações da biota aos resíduos sólidos mostraram

algumas particularidades como:

L. variegatus se diferencia das demais espécies por estar presente em todas

as áreas e devido a sua elevada abundância e diversidade de resíduos associados,

evidenciados anteriormente para a proteção contra a radiação ultravioleta. Este

organismo é considerado um bom modelo para realização de ensaios avaliando a

qualidade do ambiente (CETESB, 1999), e desta forma podendo também ser

aplicado indicadores de poluição marinha por resíduos sólidos.

Cirripédios ocorreram em duas áreas e apresentaram uma elevada

abundância no Porto da Barra (n= 60) e baixa no Yacht/Marco Polo (n= 3), sendo

registrados apenas associados com plástico e vidro onde estes fatos podem ser

indicados pela distribuição dos resíduos nos locais. Esta situação é similar ao

poliplacofóro Ischnochiton sp. com a exceção deste ser encontrado no Porto da

Barra (n= 14) e Farol da Barra (n= 2).

Este padrão também apareceu para Millepora alcicornis com a presença de

associação aos resíduos em duas áreas, sendo mais encontrada no Yacht/Marco

Polo (n= 16) e em menor freqüência no Farol da Barra (n= 4), principalmente

associados a apetrechos de pesca, como já descrito anteriormente.

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

58

Page 77: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Gastrópodes e esponjas foram semelhantes quanto a sua distribuição nos

locais ocorrendo no Porto da Barra (n= 1 e n= 4) e Yacht/Marco Polo (n= 2 e n= 1),

respectivamente, no entanto se diferenciam as suas associações devido as suas

próprias características bioecológicas.

Algumas espécies (vide Tabela 1) foram registradas em um único local ou

com baixa abundância sendo importantes registros de associação e possivelmente

em alguns casos não registrados até então pela ciência, contudo não se apresentam

consistentes a fim de enfatizar e estabelecer sua real associação com resíduos

sólidos nos ambientes recifais nesta área de estudo.

Adicionado a estes resultados foram compilados registros de síndromes

ecológicas da biota marinha a poluição marinha na costa brasileira através de

trabalhos científicos gerados e comunicações de cientistas em ambientes marinhos

resultando em uma meta análise apresentada a seguir (Tabela 7).

Esta listagem apresenta 12 taxa dos mais diversos grupos da nomenclatura

zoológica (LINNAEUS, 1758), como Filos, Sub-Filos, Super-classes e Classes, e

estão descritos 50 registros documentados e/ou comentados de associações destas

espécies com a poluição marinha dentre o presente trabalho e procedentes da

literatura cientifica com ocorrência na costa brasileira. Informações adicionais do

numero de indivíduos, grau de associação, tipo de resíduo, local, e autores foram

incluídos.

Em virtude de esta problemática vir a ser registrada somente nas ultimas

décadas (LAIST, 1987, BUGONI et al., 2001), e ainda serem desconhecidos os

estudos voltados as associações em ambientes recifais, algumas destas

observações tratam-se do primeiro registro documentado de algumas espécies e

suas associações a resíduos sólidos na Bahia e na costa brasileira. Além disto, esta

pesquisa ainda fornece uma atualização dos esforços e como se encontra o estado

da arte sobre o conhecimento desta síndrome ecológica no Brasil, disponibilizada

em uma única fonte.

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

59

Page 78: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Taxa / Espécie N Tipo de associação Resíduo(s) encontrado (s) Local Referencia

DEMOSPONGIAE 4 aderido ao substrato Plástico, madeira BA presente trabalho

CNIDARIA

Zoanthus cf. sociatus 1 enroscado tecido BA presente trabalho

Palythoa caribaeorum (Duchassaing & Michelotti, 1860) 1 utilização como substrato tecido BA presente trabalho

Millepora alcicornis Linnaeus, 1758 20 enroscado apetrecho de pesca, tecido BA presente trabalho, Sampaio 2006

Neospongodes atlantica Kukenthal, 1903 1 utilização como substrato plástico BA presente trabalho, Sampaio 2006

POLYPLACOPHORA

Ischnochiton sp. 16 utilização como substrato plástico, vidro BA presente trabalho

MOLLUSCA

Mitridae 1 utilização como substrato plástico BA presente trabalho

Gastropoda 3 utilização como substrato plástico BA presente trabalho

CRUSTACEA

Penaeidae 2 refugio pneu (outros) BA presente trabalho

Cirripedia 63 utilização como substrato plástico, vidro BA presente trabalho

Majidae 5 refugio plástico BA presente trabalho

Stenopus hispidus (Olivier, 1811) 1 refugio pneu (outros) BA presente trabalho

Stenorhynchus seticornis (Herbst, 1788) 1 refugio pneu (outros) BA presente trabalho

EQUINODERMATA

Diadema antillarum (Philippi, 1845) 1 enroscado plástico BA Sampaio comm. pess.

Equinometra locunter (Lamarck, 1816) 10 cobertura, utilização como substrato, enroscado plástico, metal, tecido, apetrecho de pesca, outros BA presente trabalho

Tripneustes ventricosus (Lamarck, 1816) 3 cobertura plástico, madeira, papel BA presente trabalho

Lytechinus variegatus (Lamarck, 1816) 123

cobertura, utilização como substrato plástico, vidro, madeira, metal, tecido, apetrecho de BA presente trabalho

RESULTADOS E DISCUSSÃO

pa

g.

60

Page 79: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

pesca, papel, outros

Eucidaris tribuloides (Lamarck, 1816) 1 enroscado apetrecho de pesca, tecido BA presente trabalho

Equinaster sp. 1 utilização como substrato metal BA presente trabalho

Ophioderma cinereum Müller & Troschel, 1842 1 enroscado outros BA presente trabalho

CEPHALOPODA

Octopus sp. 3 refugio metal, plástico e vidro BA presente trabalho, Sampaio comm. pess.

Octopus insularis Leite & Haimovici, 2008 1 refugio plástico, vidro BA Sampaio comm. pess.

ASCIDIACEA 2 utilização como substrato plástico BA presente trabalho

PISCES

Rhizoprionodon lalandii (Müller & Henle, 1839) 3 enroscado plástico SP Sazima et al., 2002

Carcharhinus falciformis (Müller & Henle, 1839) 1 enroscado apetrecho de pesca RS Schreiner, 2009

Prionace glauca (Linnaeus, 1758) 1 ingestão vidro BA Sampaio comm. pess.

Ophistonema oglinum (Lesueur, 1818) 1 enroscado plástico BA presente trabalho

Astrapogon puncticulatus (Poey, 1867) 4 refugio lata de metal, vidro, tecido BA presente trabalho, Sampaio comm. pess.

Rypticus bistrispinus (Mitchill, 1818) 1 refugio plástico BA presente trabalho

Sparisoma frondosum (Agassiz, 1831) 1 refugio apetrecho de pesca, tecido BA presente trabalho

Malacoctenus sp. 1 refugio apetrecho de pesca, tecido BA presente trabalho

Epinephelus adscensionis (Osbeck, 1765) 1 refugio apetrecho de pesca, tecido BA presente trabalho

Pseudopeneus maculatus (Bloch, 1793) 1 refugio pneu BA presente trabalho

REPTILIA

Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) 56 ingestão plástico, apetrecho de pesca RS / BA Bugoni et al., 2001, Sampaio comm. pess.

Caretta caretta (Linnaeus, 1758) 16 ingestão plástico, apetrecho de pesca RS Bugoni et al., 2001

Dermochelys coriacea (Vandelli, 1761) 2 ingestão plástico, apetrecho de pesca RS Bugoni et al., 2001

Lepidochelys olivacea (Eschscholtz, 1829) - ingestão plástico PB Mascarenhas, 2004

AVES

Puffinus gravis (O'Reilly, 1818) 1 ingestão apetrecho de pesca BA Maia-Nogueira comm. pess.

RESULTADOS E DISCUSSÃO RESULTADOS E DISCUSSÃO

pa

g.

61

Page 80: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Puffinus griseus (Gmelin, 1789) 1 ingestão apetrecho de pesca BA Maia-Nogueira comm. pess.

Spheniscus magellanicus (Forster, 1781) 1 ingestão plástico, apetrecho de pesca BA Maia-Nogueira comm. pess.

MAMMALIA

Arctocephalus tropicalis (Gray, 1872) 1 ingestão plástico BA Maia-Nogueira comm. pess.

Megaptera novaengliae (Borowski, 1781) 1 captura acidental apetrecho de pesca ES Netto e Barbosa, 2003

Grampus griseus (Cuvier, 1812) 1 ingestão plástico e orgânico BA Maia-Nogueira, 2000

Steno bredanensis (G. Cuvier in Lesson 1828) 4 ingestão, captura acidental plástico, apetrecho de pesca CE / ES Meirelles e Barros, 2007, Netto e Barbosa, 2003

Sotalia guianensis (Van Bénéden, 1864) 9 ingestão, captura acidental plástico, apetrecho de pesca SP / ES Geise and Gomes, 1992, Netto e Barbosa, 2003

Physeter macrocephalus (Linnaeus, 1758) 1 captura acidental apetrecho de pesca ES Netto e Barbosa, 2003

Pontoporia blainvillei (Gervais & d'Orbigny, 1844) 14 ingestão, captura acidental plástico, apetrecho de pesca RS / ES Pinedo, 1982, Netto e Barbosa, 2003

Globicephala macrorhynchus Gray, 1846 1 captura acidental apetrecho de pesca ES Netto e Barbosa, 2003, Barros et al., 1997

Mesoplodon densirostris (Blainville, 1817) 1 ingestão plástico RS Secchi e Zarzur, 1999

Tursiops truncatus (Montagu, 1821). 1 captura acidental apetrecho de pesca ES Netto e Barbosa, 2003

Ziphius cavirostris Cuvier, 1823 1 ingestão plástico BA Maia-Nogueira comm. pess.

Tabela 7. Check-list de espécies associadas à poluição marinha encontradas no presente estudo e registradas no litoral brasileiro de acordo com uma

revisão de literatura especializa e consulta a pesquisadores ligados a conservação dos ambientes recifais marinhos no litoral da Bahia. Estão evidenciados o

grupo taxonômico (menor taxa), numero de organismos (N), tipo de associação (captura acidental, cobertura, ingestão, utilização e adesão ao substrato,

enroscado, refugio) resíduo associado (plástico, vidro, madeira, metal, tecido, apetrecho de pesca, papel, outros), local (estado) e literatura especializa,

quando necessário.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

pa

g.

62

Page 81: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Os registros encontrados apesar de pontuais, em diversas localidades da

costa brasileira denotam que esta ameaça é aparentemente comum a toda a costa

brasileira, do norte ao sul, em seus mais diversos habitats costeiros e marinhos, e

estas áreas apesar de apresentarem características diferenciadas tanto em clima e

relevo, existem semelhanças quanto à falta de uma gestão costeira integrada, o que

leva a uma ameaça a toda a biota (COSTA, et al., 2004). Este fato cada vez mais

freqüentemente reportado nos leva a crer ainda que mesmo que sejam veiculadas

estimativas destas perdas, estas já possam estar subestimadas.

São conhecidos amplamente pelo mundo, os registros de impactos da

poluição marinha em espécies, sendo em maior proporção para cetáceos, repteis e

aves marinhas, embora também se tenha registro de outros organismos marinhos

(LAIST, 1987).

Foram realizados registros documentados de associação entre o lixo marinho

e peixes cartilaginosos, como o tubarão Carcharhinus falciformis que foi capturado

com um pedaço de rede de monofilamento de polietileno, e ao crescer incorporou

este material em sua cabeça, ficando somente resquícios da linha fora da epiderme,

e marcas de cicatrização ao redor do focinho, denotando-se evidências de uma

curiosa capacidade regenerativa devido ao processo de interiorização da linha

(SCHREINER, 2009). Outro registro ocorreu em três jovens espécimes do cação-

frango Rhizoprionodon lalandii que encontravam-se com anéis de detritos de plástico

na região branquial e bucal, o que dificultou as atividades alimentares do animal

(SAZIMA et al., 2002). Outra informação conhecida é de um tubarão Prionace glauca

onde foi registrado em seu estômago uma garrafa de cerveja, (vidro) ao largo da

costa de Ilhéus – BA (SAMPAIO, comm. Pess.).

Outros registros com peixes recifais foram realizados pelo presente trabalho

onde um indivíduo de sardinha, O. oglinum encontrava-se com um pedaço de

plástico oriundo de copos descartáveis envolto ao seu corpo e enquanto o individuo

permaneceu observado apresentava dificuldades de natação, o que facilitaria sua

predação. Também foram registrados no presente estudo a utilização de resíduos

sólidos diversos (plástico, metal, vidro, apetrecho de pesca, tecido e outros) como

refugio para Astrapogon puncticulatus, Rypticus bistrispinus, Sparisoma frondosum,

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

63

Page 82: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Malacoctenus sp., Epinephelus adscensionis e Pseudopeneus maculatus onde já

tenham sido apontadas as causas e conseqüências desta síndrome.

Uma observação interessante durante as expedições a campo foi realizada

entre a interação de águas-vivas (Cnidaria) e pequenos peixes (Carangidae), onde

esta mesma espécie foi registrada também se associando com sacos plásticos

(Figura 23 e 24). Isso demonstra que para as espécies não esta havendo distinção

para esta associação, onde são atraídas escolas residentes de peixes, e por sua

vez, predadores marinhos de topo. No entanto em sacos plásticos estes organismos

acabarão possivelmente ingerindo itens de plástico e os associados não terão a

mesma função de proteção e possibilitando uma dispersão de espécies por sua

propriedade flutuante a longas distâncias devido aos processos de circulação

oceânica (WILLIANS, et al., 2005; MARTINEZ et al., 2009) (Figura 23 e 24). Este

registro ainda informa uma necessidade de conhecer os processos relacionados aos

impactos desta dispersão, visto que a corrente de deriva litorânea na Bahia

predomina para o sul (BITTENCOURT et al. 2002), e de acordo com Santos et al.

(2005), esta pode ser uma fonte significativa de detritos flutuantes para esta

localidade.

Figura 23 e 24. Associação de peixes e águas-vivas, e no segundo caso com sacos plásticos

flutuantes. Foto: Carvalho-Souza, 2009.

É evidenciado ainda que estes detritos flutuantes de plástico e a formação de ilhas

podem em algum momento se depositar em fundos oceânicos trazendo diversas

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

64

Page 83: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

problemáticas discutidas no presente contexto e passivamente tornam-se vetores

para a dispersão local, regional e trans-oceânica de espécies marinhas, quiçá

algumas terrestres (GREGORY e RYAN, 1997).

Bugoni et al., (2001) realizou uma analise dos estômagos e esôfagos de três

espécies de tartarugas marinhas, Chelonia mydas, Caretta caretta e Dermochelys

coriacea, e registrou a presença de mais de 60% de resíduos sólidos, sendo este o

maior registro já encontrado na literatura de acordo com os autores, além de

apresentar o plástico como o item mais freqüente. Também foi registrada a presença

de pedaços de plástico para a tartaruga-oliva, Lepidochelys olivacea em seu

estómago na costa da Paraíba (MASCARENHAS, et al., 2004).

Ao largo da região costeira do baixo sul da Bahia, metropolitana de Salvador

(RMS) e BTS, é conhecido o registro de ingestão de apetrechos de pesca como

anzóis e pedaços de linha (nylon) em três espécies de aves marinhas, os petréis

Puffinus gravis (Figura 25) e Puffinus griseus e o pingüim-de-magalhães Spheniscus

magellanicus (MAIA-NOGUEIRA comm. pess ), não sendo encontrado nenhum

registro sistematizado e documentado até então sobre estas associações no estado.

Um exemplar de P. gravis foi registrado em Massachussets (EUA) por ingestão de

plástico, obstrução e inanição subseqüente, ocorrendo o óbito do mesmo. Em outras

localidades da costa brasileira também já são bem conhecidos estas associações,

onde foram encontrados fragmentos de plásticos em espécime de S. magellanicus

na costa de Santa Catarina (AZEVEDO E SCHILLER, 1991), como também anzóis,

fragmentos de plástico e outros apetrechos de pesca, madeira e isopor no conteúdo

estomacal de aves marinhas da praia do Cassino - RS (PEDROSO et al., 2004).

R

ESU

LTA

DO

S E

DIS

CU

SSÃ

O

pág.

65

Page 84: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Figura 25. Petrel, Puffinus gravis, enroscado a apetrecho de pesca (anzol e linha de nylon), ao largo

da costa da Bahia. Foto: Maia-Nogueira, 2008.

Em algumas localidades da costa brasileira, mamíferos marinhos são

reportados com algum tipo de associação aos resíduos sólidos marinhos

principalmente voltados a enroscamento e ingestão. Um pinípede, o lobo-marinho,

Arctocephalus tropicalis, apresentou em seu estomago material plástico na costa da

Bahia (MAIA-NOGUEIRA, comm. Pess.). Diversas espécies de cetáceos são

conhecidas pela captura acidental da indústria pesqueira e/ou artesanal como

Megaptera novaengliae, Steno bredanensis Sotalia guianensis Physeter

macrocephalus Pontoporia blainvillei Globicephala macrorhynchus Tursiops

truncatus, (NETTO e BARBOSA, 2003; MEIRELLES e BARROS, 2007) sendo

observadas marcas e cicatrizes dos apetrechos de pesca, principalmente redes nas

carcaças coletadas. Como nas aves e tartarugas marinhas os cetáceos também

sofrem regurlamente com a ingestão de resíduos sólidos, principalmente pedaços de

plástico como Grampus griseus, Steno bredanensis, Sotalia guianensis, Pontoporia

blainvillei, Mesoplodon densirostris e Ziphius cavirostris (PINEDO, 1982; GEISE e

GOMES, 1992, SECCHI e ZARZUR, 1999; MAIA-NOGUEIRA, 2000; NETTO E

BARBOSA, 2003; MAIA-NOGUEIRA comm. Pess.).

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

66

Page 85: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Ivar do Sul e Costa (2007) realizaram um dispendioso levantamento dos

esforços até então realizados ao conhecimento existente sobre o lixo marinho na

região da America Latina e Caribe, mostrando que as informações sobre a biota

associada à poluição marinha têm registros com apenas as aves marinhas, repteis,

mamíferos (ingestão), tubarões e crustáceos (enroscamento). Dessa forma muitos

dos registros apresentados no presente trabalho tratam-se do primeiro esforço em

mensurar as associações de organismos recifais como corais, diversos peixes e

invertebrados, principalmente em áreas de elevada importância como a BTS.

As síndromes registradas com os resíduos sólidos nos ambientes recifais da

BTS demonstram que as espécies dentro do seu processo habitual de ciclo de vida

estão procurando se adaptar a esta nova realidade apresentada pelos atuais

processos antropogênicos nas regiões costeiras e marinhas. No entanto as

conseqüências deste processo e ameaças ao ambiente marinho são ainda pouco

mensuradas e assim é necessário diagnosticar e monitorar diretamente sua

influência às populações marinhas.

O estudo apresentado no presente capítulo descreve as associações

estabelecidas por esta nova síndrome ecológica nos ambientes recifais, sendo

alguns caracterizados como novos registros documentados entre resíduos sólidos

bentônicos e organismos recifais, trazendo discussões sobre os impactos deletérios

destes materiais e suas conseqüências a todo o ambiente. Foram ainda compiladas

as informações sobre estas associações no litoral brasileiro, trazendo os resultados

alcançados pelos estudos realizados, onde estas informações poderão proporcionar

a estruturação de planos de gestão e manejo dos resíduos sólidos descartados e da

pesca além de monitoramentos de longo prazo destas áreas identificando focos e

meios de gerenciamento para sua conservação.

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

67

Page 86: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

5.4 REFERÊNCIAS

AZEVEDO, T.R. & SCHILLER, A. 1991. Notes on the diet and the ingestion of plastic

material by the megellanic penguin Spheniscus magellanicus on Santa Catarina

Island and mainland (Brazil). Unit. Doc. Zoologie. Seru. Ethol. Psichol. Anim.

University of Lie`ge, Belgium. Rapport 457, pp. 1–8.

BARREIROS, J. P. & LUIS Jr. O. J. 2008. Use of plastic debris as shelter by an

unidentified species of hermit crab from the Maldives. JMBA2 - Biodiversity Records.

p. 2.

BARROS, N. B.; GASPARINI, J. L.; BARBOSA, L. A.; NETTO, R. F. & MORAES, C.

S. 1997. Ingestão de plástico como provável causa mortis de uma baleia-piloto-de-

peitorais-curtas, Globicephala macrorhynchus Gray, 1846, no litoral do estado do

Espírito Santo. Anais do 7o Congresso Nordestino de Ecologia, Ilhéus, Bahia, Brazil,

p.336.

BEGON, M.; TOWSEND, C. R. & HARPER, J. L. Ecologia: de indivíduos a

ecossistemas. 4. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2007. 740 p.

BITTENCOURT, A. C. S. P.; MARTIN, L.; DOMINGUEZ, J. M. L.; SILVA, I. R. &

SOUZA, D. L. 2002. A significant longshore transport divergence zone at the

Northeastern Brazilian coast: Implications on coastal quaternary evolution. Annals of

the Brazilian Academy of Sciences, 74 (3), 505–518.

BUGONI, L.; KRAUSE, L. & PETRY, M. V. 2001. Marine debris and human impacts

on sea turtles in southern Brazil. Marine Pollution Bulletin, vol. 42, n°12, pp. 1330-

1334.

CARVALHO-FILHO, A. 1999. Peixes, Costa Brasileira. 3ª Edição. Editora Melro, São

Paulo, 320pp.

R

EFER

ÊNC

IAS

pág.

68

Page 87: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

CARVALHO-SOUZA, G. F. 2009. Composição e estrutura dos resíduos sólidos em

ambientes recifais na Baía de Todos os Santos, Bahia, Brasil. Trabalho de

Conclusão de Curso. Universidade Católica do Salvador. Capitulo I, pp. 32.

CETESB, 1999, Água do mar – teste de toxicidade crônica de curta duração com

Lytechinus variegatus Lamarck, 1816 (Echinodermata: Echinoidea). L5.250, Cia. de

Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo, Brasil, 22p.

COSTA, M.; ARAÚJO, M. C. B.; CHAGAS, A. C. O.; SANT‟ANNA JR., N.; SOUZA,

S.T. 2004. Poluição Marinha. In: Ezkinazi-Lessa, E.; Neumann- Leitão, S., Costa,

M.F. (Eds.), Oceanografia, um cena´rio tropical. Bagaco, Recife-PE, pp. 287–317.

CREMER, M. J. 2007. Ecologia e conservação de populações simpátricas de

pequenos cetáceos em ambiente estuarino no sul do Brasil. Tese de Doutorado.

Universidade Federal do Paraná. P. 232.

CRESPO, E. & NOTARBARTOLO DI SCIARA, G. 2003. Dolphins, whales and

porpoises. 2002 – 2010 Conservation Action Plan for the world‟s cetaceans.

International Union for the Conservation of Nature. Gland.

DARWIN, C. 1859. On the Origin of Species by Means of Natural Selection.

Preservation of Favored Races in the Struggle for Life. First Edition.

FARIS, J.; HART, K., 1995. Seas of debris: A summary of the Third International

Conference on marine debris. North Carolina Sea Grant. UNC-SG-95-01.

GEISE, L.; GOMES, N. 1992. Ocorrência de plástico no estômago de um golfinho,

Sotalia guianensis (Cetacea, Delphinidae). Anais da 3ª Reunião de Trabalho de

Especialistas em Mamíferos Aquáticos da América do Sul, Montevideo, Uruguay,

p.26-28.

GREGORY, M. R. 1991. The hazards of persistent marine pollution: drift plastics and

conservation islands. Journal of the Royal Society of New Zealand 21 (2): 83-100.

R

EFER

ÊNC

IAS

pág.

69

Page 88: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

GREGORY, M. R.; RYAN, P. G. 1997. Pelagic plastics and other persistent synthetic

debris: a review of Southern Hemisphere perspectives. In: Coe, J.M. e Rogers, D.B.

(eds.), Marine debris: sources, impacts, and solutions. New York, Springer. Pp 49-

66.

HUMANN, P., DELOACH, N.. 2002. Reef fish identification: Florida, Caribbean,

Bahamas. Jacksonville, New World Publications.

HUMANN, P., DELOACH, N.. 2003. Reef Creatures identification: Florida,

Caribbean, Bahamas. Jacksonville, New World Publications.

IOC/FAO/UNEP 1989. Report of the IOC/FAO/UNEP review meeting on the

persistent synthetic materials pilot survey. Athens, 46p.

IVAR DO SUL, J. A.; COSTA, M. F. 2007. Marine debris review for Latin America and

the Wider Caribbean Region: From the 1970s until now, and where do we go from

here? Marine Pollution Bulletin Volume 54, Issue 8, August Pages 1087-1104.

KREBS, C.J. 1994. Ecology: the experimental analysis of distribution and

abundance. New York: Addison Wesley Longman Educational Publishers.

LAIST, D.W. 1987. Overview of the biological effects of lost and discarded plastic

debris in the marine environment. Marine Pollution Bulletin, 18(6B):319-326.

LEVINTON, J.S. 1995. Marine biology: function, biodiversity, ecology. New York:

Oxford University Press.

LINNAEUS, C. 1758. Systema Naturae. 10° edition.

MAIA-NOGUEIRA, R. 2000. Primeiro registro de golfinho-de-risso (Grampus griseus)

G.Cuvier, 1812 (Cetacea, Delphinidae) para o litoral do estado da Bahia com dados

osteológicos e biométricos e revisão das citações para a espécie em águas

brasileiras. Bioikos, v. 14, n. 1, p. 34-43.

REF

ERÊN

CIA

S

REF

ERÊN

CIA

S

pág.

70

Page 89: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

MARTINEZ, E.; MAAMAATUAIAHUTAPU, K.; PAYRI, C.; GANACHAUD, A., 2007.

Turbinaria ornata invasion in the Tuamotu Archipelago, French Polynesia: ocean drift

connectivity. Coral Reefs 26 (1).

MARTINEZ, E.; MAAMAATUAIAHUTAPU, K.; Taillandier, V. 2009. Floating marine

debris surface drift: Convergence and accumulation toward the South Pacific

subtropical gyre. Marine Pollution Bulletin 58, 1347–1355.

MASCARENHAS, R.; SANTOS, R.; ZEPPELINI, D. 2004. Plastic debris ingestion by

sea turtle in Paraíba, Brazil. Marine Pollution Bulletin, 49: 354-355.

MCCUNE, B.; GRACE, J.B. 2002. Analysis of Ecological Communities. MJM,

Software, Oregon.

MEIRELLES, A. C. O.; BARROS, H. M. D. R. 2007. Plastic debris ingested by a

rough-toothed dolphin, Steno bredanensis, stranded alive in northeastern Brazil

Biotemas, 20 (1): 127-131.

NASH, A.1992. Impacts of marine debris on subsistence fishermen - An exploratory

study. Marine Pollution Bulletin. 24, 3, 150-156.

NETTO, R. F.; BARBOSA, L. A. 2003. Cetaceans and fishery interactions along the

Espirito Santo state southeastern Brazil during 1994-2001. LAJAM 2(1):57-60,

January/June.

OFIARA, D. D.; SENECA, J. J. 2006. Biological effects and subsequent economic

effects and losses from marine pollution and degradations in marine environments:

Implications from the literature. Marine Pollution Bulletin 52, 844–864.

PAULAY, G. 1997. Diversity and distribuition of reef organisms. In: Birkeland, C.

(Ed.). Life and death of Coral Reefs. New York. Chapman & Hall, p. 298-345.

PEDROSO, C. C., IVAR DO SUL, J. A., MACHADO, A. A., FILLMANN, G., 2004.

Ocorrência de resíduos sólidos no conteúdo estomacal de aves na praia do Cassino

R

EFER

ÊNC

IAS

pág.

71

Page 90: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

RS em 2003/2004. In: Proceedings of the Second Simpósio Brasileiro de

Oceanografia, São Paulo, SP, Brasil.

PINEDO, M. C. 1982. Análises dos conteúdos estomacias de Pontoporia blainvillei

(Gervais & D'Orbigny, 1844) e Tursiops gephyreus (Lahille, 1908) (Cetacea,

Platanistidae e Delphinidae) na zona estuarial e costeira do Rio Grande, RS, Brazil.

Dissertação de Mestrado, Universidade do Rio Grande, Brazil, 95pp. Oceanografia,

São Paulo, SP, Brasil.

REEVES, R. R.; SMITH, B. D.; CRESPO, E.; NOTARBARTOLO DI SCIARA, G.

2003. Dolphins, whales and porpoises. 2002 – 2010 Conservation Action Plan for the

world‟s cetaceans. International Union for the Conservation of Nature. Gland.

Reeves, R.R.; Smith, B.D.

RICKLEFS, R. E. 2003. (ed.) A economia da natureza. Rio de Janeiro, Guanabara

Koogan, 501p.

SAZIMA, I., GADIG, O. B. F., NAMORA, R. C., MOTTA, F. S., 2002. Plastic debris

collars on juvenile carcharhinid sharks (Rhizoprionodon lalandii) insouthwest Atlantic.

Marine Pollution Bulletin 44, 1147–1149.

SAMPAIO, C. L. S. & NOTTINGHAM, M. C. 2008. Guia para Identificação

de Peixes Ornamentais Brasileiros. Vol. I. Brasília: Ibama, 205 p.

SANTOS, R. F. 2004. Planejamento Ambiental. Teoria e Prática. São Paulo, Oficina

de Textos, 184p.

SANTOS, I. R. 2005. Naves flutuantes de plástico. Ciência hoje, vol. 37, Outubro, nº

220.

SANTOS, I. R., FRIEDRICH, A. C.; BARRETTO, F. P. 2005. Overseas garbage

pollution on beaches of northeast Brazil. Marine Pollution Bulletin, 50(7), 783–786.

R

EFER

ÊNC

IAS

pág.

72

Page 91: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

SECCHI, E.; ZARZUR, S. 1999. Plastic debris ingested by a Blainville's beaked

whale, Mesoplodon densirostris, washed ashore in Brazil. Aquatic Mammals, 25: 21-

24.

SICILIANO, S. 1994. Review of small cetaceans and fishery interactions in coastal

waters of Brazil. Report of the International Whaling Commission (Special Issue 15):

241-250.

SCHREINER, G. M. 2009. Os Tubarões e o lixo flutuante. Elasmovisor, 21.

WATLING,L. & NORSE, E. 1998. Disturbance of the seabed by mobile fishing gear:

A comparison to forest clearcutting. Conservation biology Vol.12 n6 1180-1197p.

WILLIAMS, A. T.; GREGORY, M.; TUDOR, D. T. 2005. Marine Debris – Onshore,

Offshore, Seafloor Litter. In: Encyclopedia of coastal processes, (ed.), M Schwartz,

623-628, Springer.

R

EFER

ÊNC

IAS

pág.

73

Page 92: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

6.

CAPÍTULO III

O mar esta para peixe ou para o lixo? Situação atual e estratégias

para a conservação

Is the sea for fishing or for garbaging? Status and strategies for conservation

*Este capitulo encontra-se em conformidade para submissão ao periódico Revista de Gestão

Costeira Integrada (Journal of Integrated Coastal Zone Management).

Page 93: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

6.1 INTRODUÇÃO

O ecossistema marinho detém uma elevada importância para a manutenção

dos processos que permeiam pelo planeta, através de suas funções

biogeomorfológicas e assim condizentes as atividades humanas. Nestas estariam

inseridas, a navegação, trabalho, recreação e transporte de bens para as

comunidades humanas, no entanto estas atividades vêm proporcionalmente

provocando serias ameaças à saúde deste “planeta água”.

Os oceanos e os mares se tornam os derradeiros sorvedouros dos

subprodutos gerados pelas atividades humanas e acolhem de forma direta ou

indireta uma grande variedade de poluentes, rejeitos urbanos, agrícolas e industriais.

Isto se dá pelo fato da grande maioria dos grandes centros urbanos estarem

localizados em regiões costeiras e geralmente próximos a baías e estuários, estas

áreas são, comparativamente aos oceanos, as mais vulneráveis ao impacto da

poluição (MARQUES JR. et al., 2009).

Esta poluição marinha traz uma série de agravantes e problemáticas ao

ambiente e a biota marinha como evidenciado em Carvalho-Souza, 2009 (Capitulo I

e II) e literatura especializada (LAIST, 1987; NASH, 1992; DUFAULT e

WHITEHEAD, 1994; DERRAIK, 2002; SANTOS et al., 2005; IVAR DO SUL e

COSTA, 2007; SZLINDER-RICHERT et al., 2009).

Isto pode acontecer de diversas formas dentro do ecossistema marinho

através do descarte de resíduos sólidos, pesca industrial e de subsistência, turismo,

desastres e derramamento, agentes químicos e sonoros (NASH, 1992; SANTOS et

al., 2005; SZLINDER-RICHERT et al., 2009).

A grande questão é que o escopo desta problemática apresenta um âmbito

muito dinâmico e complexo, apresentando uma escala global, pois até onde não

existem sociedades humanas próximas são evidenciados sinais deste impacto, não

havendo assim quaisquer focos diretivos, de forma que a poluição marinha no

mundo acaba a envolver os mais diversos setores da sociedade atual.

INTR

OD

ÃO

pág.

75

Page 94: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

A extensão dos impactos promovidos pelo lixo marinho no mundo se

entrelaça aos de importância econômica, biológica, paisagística e sócio-cultural,

onde registram-se a presença de poluentes de em regiões costeiras como praias,

recifes, costões rochosos, manguezais e restingas como também em ambientes

pelágicos e até nas regiões polares (LAIST, 1987; NOLLKAEMPER, 1994; OFIARA

e SENECA, 2006).

Graças atualmente aos esforços, apesar de ainda esparsos, de

pesquisadores (IVAR DO SUL e COSTA, 2007) como também agentes preocupados

com a atual situação, esta problemática vendo sendo amplamente discutida, dentro

do espaço acadêmico, público e cível, verificando a necessidade de criar soluções e

estratégias para o controle deste impacto e manutenção do equilíbrio dos processos.

Existe uma necessidade atual apontada para a criação de meios para o

conhecimento e integração destas informações pelo mundo a fim de criar

planejamentos diretivos a esta problemática, pois uma compreensão dos processos

costeiros e dinâmica da poluição marinha, aliados as alternativas da produção de

possíveis resíduos descartáveis é fundamental para intensificar modelos de

gerenciamento destes resíduos e estratégias para a conservação dos ambientes

costeiro e marinho.

Neste capítulo se discutirá a situação atual da poluição marinha em escala

global, seus impactos promovidos, e fomentar a discussão estratégias que

possibilitem a promoção de subsídios e recomendações para a gestão costeira e

políticas publicas de gerenciamento das zonas costeiras e ambiente marinho como

um todo. IN

TRO

DU

ÇÃ

O

pág.

76

Page 95: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

6.2 MATERIAL E MÉTODOS

6.2.1 Aplicação de Métodos

As amostragens foram realizadas através de uma revisão de literatura

utilizando trabalhos publicados em periódicos científicos entre os anos de 1970 a

2009, como também foram inseridos relatórios técnicos, textos em jornais e revistas

ou outros meios de circulação. A busca pelas referências ocorreu em bases de

dados eletrônicas e em referências bibliográficas da literatura que identificaram

grande parte da produção científica envolvendo a poluição marinha no mundo.

Foram também estabelecidos como critérios de inclusão, além do período

acima citado, artigos publicados e indexados em periódicos nacionais e

internacionais como Revista Gestão Costeira Integrada, Marine Pollution Bulletim,

International Journal of Environment and Pollution e demais publicações

amplamente disponíveis. Em segundo lugar aos artigos publicados em jornais,

revistas e outros documentos que também estejam disponíveis nos bancos de

dados, e que trouxessem pelo menos informações acessórias que pudessem ajudar

a interpretar os dados. Foram observados ainda resumos, monografias, dissertações

e teses onde caso os seus conteúdos não são tenham sido publicados, ou textos em

jornais e revistas, através da utilização das seguintes palavras chave: (1) poluição

marinha; (2) lixo marinho; (3) marine debris; (4) garbage; (5) litter; (6) biota marinha (7)

marine biodiversity; (8) gestão costeira; (9) síndromes ecológicas; (10) association; (11)

conservação marinha, e resultando assim em uma completa revisão da literatura

científica e técnica.

Essas estratégias foram necessárias à medida que as pesquisas utilizando os

resíduos sólidos como modelo encontram-se bastante dispersas. Estes dados serão

adicionados aos resultados discutidos nos capítulos anteriores do presente trabalho.

A partir disto foi traçado um panorama da situação atual do lixo marinho e a

formulação de estratégias e recomendações para a gestão costeira e de políticas

publicas voltadas aos resíduos sólidos.

MA

TER

IAL

E M

ÉTO

DO

S

pág.

76

Page 96: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A problemática do lixo no ambiente marinho vem sendo conhecida em todo

mundo, seja através dos seus impactos diretos ou indiretos, no entanto permanece

em parte ignorada e sem solução em grande parte dessa escala local a global.

A poluição marinha apresenta como seus principais agressores divididos em

sólidos: onde se enquadram os resíduos, compostos orgânicos sintéticos e

sedimentos antrópicos; líquidos e químicos: metais pesados, hidrocarbonetos

(derivados de petróleo), esgotos e pesticidas, além de uma outra contaminação tão

perigosa e pouco analisada que seria dos ruídos artificiais gerados em larga escala

por navios comerciais, sonares militares, estudos sísmicos e pesquisas acústicas

nos oceanos, onde estes sons com frequências similares às “canções” e

comunicação dos cetáceos, e embora não sejam percebidos pelo ouvido humano,

atrapalham a comunicação destes animais (WINDOW, 1992; MARQUES, 2002).

A poluição marinha, com especial enfoque aos resíduos sólidos apresentam

duas fontes, advindos de descartes terrestres e descartes marinhos, através de

embarcações de pesca, militares, recreativos e mercantes, onde a primeira se

caracteriza por uma maior e significativa contribuição de poluentes nos oceanos

(FARIS E HART, 1995). Entretanto, realizar esta identificação não uma tarefa fácil,

pois em alguma situações percebe-se claramente a fonte local (WALKER et al.,

1997), mais em outros casos nem todas as fontes as vezes são tão óbvias de

revelar sua origem (DIXON, 1995). Diversos estudos se propuseram a trazer

informações sobre os resíduos sólidos em todos os mares do mundo, sendo os

ambientes praiais os mais estudados (IVAR DO SUL e COSTA, 2007), embora

existam também esforços de investigações em fundos oceânicos, flutuantes e

associados. Desde remotas ilhas oceânicas (BENTON, 1995) aos países de vários

continentes, Europa (VELANDER E MOCOGNI, 1998), Oceania (HAYNES, 1997),

America do Norte (RIBIC, 1998) e do Sul (SANTOS et al., 2009), produziram

informações pretéritas de suma importância sobre este impacto em suas

localidades.

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

77

Page 97: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Outro fator que influência quaisquer iniciativas de discutir efeitos globais é que

o numero de metodologias utilizadas nos trabalhos é diversa, no entanto um padrão

se assemelha muito independente da localidade, área pesquisada e método. O

plástico como descrito em Carvalho-Souza (2009 – Capítulo I) e literatura citada é o

maior item encontrado nas pesquisas sobre lixo marinho ao redor do mundo e se

apresenta como o mais prejudicial contaminante no meio ambiente.

Devido a este resíduo ser amplamente conhecido por suas conseqüências no

ambiente seria interessante atribuir como condicionante aos fabricantes e

distribuidores dos materiais de composição plástica a serem responsáveis pelo

gerenciamento dos seus resíduos ou que busquem alternativas em produtos com

uma maior degradabilidade e causem menos impacto nestes ambientes, e, além

disto, os colocando como possíveis responsáveis por cada resíduo descartado de

maneira inapropriada poderiam estar sendo veiculadas campanhas informativas por

parte destas institucionais que trariam um ganho extraordinário colocando a poluição

marinha em foco de discussão na sociedade como um todo.

O setor privado atuante numa conjuntura ao governo e instituições não

governamentais poderia propiciar mudanças significativas através de suas praticas

e compromisso com as questões ambientais fomentando a introdução de medidas

cabíveis para uma melhor gestão, transporte e destino dos resíduos gerados por

estas, Além disso ao reduzir a poluição proveniente de atividades terrestres, através

de ações governamentais ou não, a qualidade marinha conseqüentemente também

ira melhorar e as possíveis perdas geradas por estes produtos (WILLIANS, et al,

2005)

O problema do lixo no meio ambiente não só leva a potenciais riscos à saúde,

mas também de perdas econômicas. Fragmentos marinhos afetaram diretamente ou

indiretamente a condição social e econômica comunidades nas margens, com as

tensões financeiras impostas por estes detritos, sendo que estas perdas nem

sempre sobre possibilitadas de quantificações. As perdas econômicas no ambiente

marinho podem se dividir em perdas para a industria pesqueira e prejuízos para o

turismo (OFIARA e SENECA, 2006).

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

78

Page 98: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

O impacto econômico dos resíduos sólidos sobre a pesca tem sido reportado

a alguns anos onde estas perdas ocorreram devido a proliferação de redes de

arrasto pelos fundo oceânicos, o bloqueio da saída de emissários e

comprometimento de hélices (JONES, 1995). São verificados ainda danos aos

navios através de colisões em grande artefatos metálicos e de madeira (DIXON E

DIXON, 1981).

A atividade pesqueira também pode ser prejudicada direta ou indiretamente

pela ocorrência de resíduos sólidos no ambiente marinho, através da diminuição da

captura de pescado ou causando danos aos apetrechos de pesca e aos motores de

embarcações, o que torna a atividade mais onerosa (NASH, 1992).

Por outro lado, a atividade pesqueira também pode gerar resíduos muito

perigosos à vida marinha, como é o caso da pesca-fantasma, do inglês ghost fishing,

descrita com detalhes seus impactos em Carvalho-Souza, 2009 (Capitulo II),

ocorrendo quando partes de redes ou outros restos de apetrechos de pesca,

abandonados por pescadores, ficam à deriva e continuam capturando peixes e

outros animais marinhos, provocando um número incalculável de mortes

(MATSUOKA et al., 2005).

Outro potencial risco associado ao lixo nos ecossistemas costeiros é a

dispersão de espécies invasoras. O plástico, como já exposto anteriormente, por

flutuar, pode ser um meio de transporte para diversas espécies de poliquetas,

briozoários, hidróides e moluscos que se fixam em sua estrutura, alem de peixes

que se associam como se estivessem a águas-vivas (descrito em CARVALHO-

SOUZA, 2009 - Capitulo II) e são levadas para outras regiões, onde podem se

instalar, ameaçando os ecossistemas locais (BARNES, 2002).

Mas o lixo marinho não é apenas um risco aos organismos, também

representam um problema de saúde pública, pois pode ser vetor de doenças e

causar acidentes aos banhistas (IVAR DO SUL e COSTA, 2007). A existência de

fragmentos perfuro-cortantes como vidro, madeira, metal e demais itens pontiagudos

como também a presença de substancias tóxicas e produtos hospitalares, constitui

um perigo potencial para os visitantes (WILLIANS, et al., 2005). Despejos de esgoto

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

79

Page 99: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

em um local sugerem que a relação com suas águas adjacentes estariam

contaminadas também, o que significa um risco à saúde dos banhistas, onde estes

expostos a esta água contaminada apresentam maiores risco de infecções

(MCINTYRE, 1990).

Além disso, a ocorrência freqüente de lixo em praias pode diminuir o turismo

na região, o que acarreta prejuízos econômicos ao comércio e aos serviços

(STORRIER e MCGLOSHN, 2006). Este fato está atrelado à forte dependência das

comunidades costeiras frente ao turismo, onde o impacto do lixo marinho pode

provocar perdas em suas rendas de subsistência (CORBIN E SINGH, 1993). O valor

estético das praias pode ser reduzido pela aparência de resíduos sólidos evidentes e

direcionamento de esgoto (JONES, 1995). As pessoas preferem freqüentar praias

limpas, sem foco de lixo, ao invés das que apresentam alta diversidade de resíduos.

Os frequentadores de praia podem vir a evitar alguns destes locais com aparências

inaceitáveis (WILLIAMS et al., 2000). Este efeito estético da paisagem sobre os

ambientes marinhos é definido como: uma diminuição do turismo; danos resultantes

ao lazer e infra-estrutura, danos a atividades comerciais diretamente associadas ao

turismo, danos as atividades pesqueiras e demais dependentes; prejuízos a imagem

do lugar, em nível nacional ou internacional, de um recurso (PHILIPP, 1993). Muitos

desses problemas se manifestam em regiões em desenvolvimento, onde os

recursos naturais se limitam e a economia é em boa parte dependente do turismo

costeiro, como o caso de Salvador.

A atenção pública para os problemas relativos à zona costeira tem sido

baseada mais na percepção sobre o meio em que estão inseridas do que em

qualquer conhecimento científico ou avaliação de fontes, destinos e os efeitos

ambientais (WINDOM, 1992). A partir desta acurada percepção de impactos do lixo

marinho nas zonas costeiras que instituições, pessoas ligadas à conservação e

voluntario em todo o mundo desenvolvem iniciativas de limpeza de praias, estudos

sistemáticos, e coleta de informações dos frequentadores.

Com o intuito de promover uma sensibilização acerca das medidas a serem

tomadas em relação ao gerenciamento da poluição marinha, instituições

governamentais, organizações, não governamentais, setor privado e comunidade

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

80

Page 100: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

em geral realizam atividades anuais como os bem conhecidos e executados em todo

o mundo, Dia Mundial de Limpeza de Praias e Oceanos, dos eventos em inglês,

Clean up the world e International Coastal Clean-Up, ambos com o intuito de

evidenciar a problemática do lixo marinho e contribuir com uma limpeza “simbólica

do local.

Outra ferramenta para alcançar a redução de resíduos são os incentivos

fiscais. Se existe um beneficio as pessoas iniciarão a ação, que será prontamente

realizá-lo ou apoiá-lo. Um estudo de caso que hoje faz parte de um dos maiores

mercados informais é o processo de coleta, venda e reciclagem de latas de alumínio

utilizada na indústria de bebidas.

Campanhas de sensibilização são ferramentas muito úteis nos tempos atuais

e merecem alguns esclarecimentos para serem bem conduzidas. Para qualquer

abordagem que requer que as pessoas mudem seu comportamento a comunicação

eficaz é essencial. Para uma campanha de sensibilização pública ser bem sucedido

existem dois elementos necessários: uma clara mensagem e um meio para entregá-

lo. Como a maioria dos resíduos sólidos é resultado das decisões e comportamentos

humanos, o reforço contínuo das mensagens públicas é necessário. No entanto

pode apresentar uma elevada logística para obter que atinjam um grande publico,

veiculadas na mídia e um abordagem focalizada poderão lhe render melhores

resultados.

Estas iniciativas são a base para a formulação de estratégias baseadas na

cooperação e colaboração entre todas as instancias do governo afim de evitar a

poluição de fontes terrestres e proteger os habitats ligados a costa e/ou zona

costeira.

Dentre estas estratégias e suas abordagens incluem diversas frentes de

atuação como: (1) ações de monitoramento existentes dos padrões e processos da

zona costeira; (2) intensificar e fortalecer as ações já existentes quando estas se

considerarem insuficientes; (3) propor novas ações imediatas, ações preventivas e

corretivas com base no conhecimento existente, recursos e planejamento; (4)

promover a inclusão das comunidades litorâneas e da sociedade civil para a

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

81

Page 101: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

discussão das problemáticas atuais causadas pela poluição marinha; (5) reduzir as

perdas de artefatos de pesca, descarte de grandes objetos e fundeio de barcos sem

diagnostico anterior e monitoramento do local; (6) planos que incluam o ambiente e

sua biodiversidade nos zoneamentos econômicos exclusivos da região costeira e

marinha.

O fator chave e de elementos essenciais para a condição do plano de

gerenciamento alcançar êxito é gerar uma capacitação de sua equipe

multidisciplinar, uma abordagem bem sucedida e com base teórica, monitoramentos

quali-quantitativos e interpolados aos processos da zona costeira, apoio e

participação conjunta das comunidades litorâneas, sensibilização ambiental e

atividades de limpeza de praias são algumas destas questões chave para promover

a discussão em audiências públicas e particulares, com o intuito de gerar

documentos embasados e coerentes com a realidade local e integrados a escala

global de impacto dos resíduos sólidos.

Nesse intuito este capítulo discutiu dentro de um amplo contexto a situação atual

do lixo submerso em escala global e levantou possíveis estratégias que possibilitem

a promoção de subsídios e recomendações para a gestão costeira, sendo de suma

importância incluir todos os atores e tomadores de decisão que de alguma maneira

estejam envolvidos e influenciam com as questões voltadas ao ambiente marinho,

tanto aqueles direta ou indiretamente responsáveis pela poluição, como os

interessados no seu desenvolvimento de maneira sustentável e conseqüentemente

conservação dos oceanos como um todo, e ainda na promoção de discussões e nas

ações que devem ser tomadas para prevenir, resolver ou mitigar as questões de

poluição marinha na costa do Brasil e demais partes do globo. Por fim chega à hora

de questionarmos nosso papel: E afinal, até quando os mares e oceanos serão a

lixeira do mundo?

RES

ULT

AD

OS

E D

ISC

USS

ÃO

pág.

82

Page 102: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

6.4 REFERÊNCIAS

BENTON, T. G. 1995. From castaways to throwaways: marine litter in the Pitcairn

Islands. Biological Journal of the Linnean Society. 56, 415-422.

BINGEL, F.; AVSAR, D. & UNSAL, M. 1987. A note on plastic materials in trawl

catches in the northeastern Mediterranean, Meeresforsch; 31: 227- 233.

CARVALHO-SOUZA, G. F. 2009. Composição e estrutura dos resíduos sólidos em

ambientes recifais na Baía de Todos os Santos, Bahia, Brasil. Trabalho de

Conclusão de Curso. Universidade Católica do Salvador. Capitulo I, pp. 32.

CARVALHO-SOUZA, G. F. 2009. Uma nova síndrome ecológica nos ambientes

recifais: Associação da biota ao lixo marinho no nordeste do Brasil. Trabalho de

Conclusão de Curso. Universidade Católica do Salvador. Capitulo II, pp. 31.

CORBIN, C. J. e SINGH, J. G. 1993. Marine debris contamination of beaches in St.

Lucia and Dominica. Marine Pollution Bulletin. 26, 6, 325-328.

DERRAIK, J.G.B. 2002. The pollution of the marine environment by plastic debris: a

review. Marine Pollution Bulletin, 44: 842-852.

DIXON, T. R. 1995. Temporal trend Assessments of the Sources, Quantities and

Types of Litter Occurring on the Shores of the United Kingdom: Introduction and

methods with Results from Paired Observations 8 and 11 years Apart on 63

Sampling Units in Mainland Scotland and the Western isles. Marine Litter Research

Programme, Stage 7,The Tidy Britain Group, Wigan, UK.

DUFAULT, S. & WHITEHEAD, H. 1994. Floating marine pollution in ´the Gully´ on

the continental slope, Nova Scotia, Canada, Marine Pollution Bulletin, 28: 489-493.

FARIS, J.; HART, K., 1995. Seas of debris: A summary of the Third International

Conference on marine debris. North Carolina Sea Grant. UNC-SG-95-01.

R

EFER

ÊNC

IAS

REF

EREN

CIA

S

pág.

83

Page 103: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

HAYNES, D., 1997. Marine debris on continental islands and sand cays in the far

northern section of the Great Barrier Reef Marine Park, Australia. Marine Pollution

Bulletin. 34, 4, 276-279.

IVAR DO SUL, J.A. & COSTA, M. F. 2007. Marine debris review for Latin América

and the Wider Caribbean Region: From the 1970s until now, and where do w ego

from here? Marine Pollution Bulletin 54: 1087- 1104.

JONES, M. M., 1995. Fishing Debris in the Australian Marine Environment. Marine

Pollution Bulletin. 30, 1, 25-33.

LAIST, D.W. 1997. Impacts of Marine debris: Entanglement of marine life in Marine

Debris including a comprehensive list of species with entanglement and ingestion

records. In: Coe, J.M. & Rogers, D.B. (Eds.). Marine Debris: sources, impacts and

solutions. Springer-Verlag, Nova York, p. 99 139.

MARQUES JUNIOR, A. N.; MORAES, R. B. C. & MAURAT, M. C. 2009. Poluição

marinha. In: PEREIRA, R.C. & SOARES-GOMES, A. (orgs). Biologia Marinha. Rio de

Janeiro: Interciência.

MCINTYRE, A. D. 1990. Sewage in the sea, Annex XII of State of the Marine

Environment, GESAMP Reports and Studies No.39.

NASH, A.1992. Impacts of marine debris on subsistence fishermen - An exploratory

study. Marine Pollution Bulletin. 24, 3, 150-156.

NOLLKAEMPER, A. 1994. Land-based dicharges of marine debris: from local to

global regulation. Marine Pollution Bulletin, 28(11): 649-652.

OFIARA, D. D.; SENECA, J. J. 2006. Biological effects and subsequent economic

effects and losses from marine pollution and degradations in marine environments:

Implications from the literature. Marine Pollution Bulletin 52, 844–864.

REF

EREN

CIA

S

pág.

84

Page 104: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

SANTOS, I. R. FRIEDRICH, A. C.; BARRETTO, F. P. 2005. Overseas garbage

pollution on beaches of northeast Brazil. Marine Pollution Bulletin, 50(7), 783–786.

SPENGLER, A. & COSTA, M.F. 2008. Methods applied in the studies of benthic

marine debris. Marine Pollution Bulletin 56: 226-230.

STEFATOS, A.; CHARALAMPAKIS, M.; PAPATHEODOROU, G. & FERENTINOS,

G. 1999. Marine debris on the seafloor of the Mediterranean Sea: Examples from

Two enclosed gulfs in Western Greece, Marine Pollution Bulletin. 36: 389-393.

SANTOS, I. R.; FRIEDRICH, A. C.; IVAR DO SUL, J. A. 2009. Marine debris

contamination along undeveloped tropical beaches from northeast Brazil Environ

Monit Assess. 148:455–462 Volume 148, Numbers 1-4 / Januar 2009, Pages 455-

462.

SZLINDER-RICHERT, J.; BARSKA, I.; MAZERSKI, J.; USYDUS, Z. 2009. PCBs in

fish from the southern Baltic Sea: Levels, bioaccumulation features and temporal

trends during the period from 1997 to 2006. Marine Pollution Bulletin 58, 85–92

VELANDER, K. A. & MOCOGNI, M, 1998. Maritime litter and sewage contamination

at Cramond beach Edinburgh - a comparative study. Marine Pollution Bulletin. 36, 5,

385-389.

WALKER, T. R., REID, K., ARNOULD, J.P.Y. & CROXALL, J. P., 1997. Marine

debris surveys at Bird Island, South Georgia 1990-1995. Marine Pollution Bulletin.

34, 1, 61-65.

WILLIAMS, A. T.; GREGORY, M.; TUDOR, D. T. 2005. Marine Debris – Onshore,

Offshore, Seafloor Litter. In: Encyclopedia of coastal processes, (ed.), M Schwartz,

623-628, Springer.

WINDOW, H. L. 1992. Contamination of marine environment from land-based

sources. Marine Pollution Bulletin, v. 25, p. 32-36.

REF

EREN

CIA

S

pág.

85

Page 105: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

7.

CONCLUSÃO GERAL

Apresentam-se aqui as principais contribuições desta pesquisa com relação ao

conhecimento dos processos que envolvem os impactos deletérios dos resíduos

sólidos nos ambientes recifais, além de propiciar a utilização deste documento com

fins de elaboração de planos de gerenciamento para as zonas costeiras do estado.

O presente estudo aplicou um método de baixo custo e mostrou-se

relativamente eficiente aos propósitos elencados e atingidos, além de se mostrar

relevante quando se trata de pesquisas em países em desenvolvimento que

possuem poucos recursos disponíveis ou mal alocados.

Os resultados alcançados no primeiro capítulo evidenciam que os ambientes

recifais costeiros da Baía de Todos os Santos encontram-se contaminados por

resíduos sólidos e provavelmente este seja um padrão para todos os ambientes

recifais urbanos da costa da Bahia, tendo como principais e preocupantes poluentes

o plástico, madeira, metal, apetrechos de pesca e outros onde estes estão afetando

diretamente o ambiente, a biota, paisagem submarina, as atividades recreacionais e

comerciais e com isso podendo acarretar a perdas ecossocioculturais e econômicas

para o estado.

Além disso, para uma melhor compreensão da dinâmica destes padrões e

processos envolvendo os resíduos sólidos na Baía de Todos os Santos se

evidenciam necessários maiores estudos de escala espaço-temporal, identificando o

estado de conservação das áreas e efeitos da poluição marinha, dispersão destes

resíduos a outras localidades através de correntes, os locais de deposição no

substrato, monitoramento das diversas atividades comerciais e pescaria artesanal

como também dos festejos sócio-culturais, envoltas a área de influência e

sensibilização ambiental aos diferentes atores que estão envolvidos direta ou

indiretamente acerca desta problemática.

CO

NC

LUSÃ

O G

ERA

L

pág.

86

Page 106: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

O segundo capitulo desta obra apresentou a descrição de associações

estabelecidas por esta nova síndrome ecológica nos ambientes recifais, sendo

alguns caracterizados como novos registros documentados entre resíduos sólidos

bentônicos e organismos recifais na BTS, onde um estudo direcionado a esta

temática não havia sido realizado até então, e assim contribuiu para um maior

conhecimento acerca destas síndromes que permeiam nos ambientes recifais.

Estes resultados ainda nos proporcionaram discussões sobre os impactos

deletérios destes poluentes e suas conseqüências a todo o ambiente, além de

serem compilados numa única base de dados os registros de associação e

evidenciados estes estudos de caso documentados na costa brasileira.

No terceiro capitulo se evidenciou num amplo contexto a atual situação da

poluição marinha, desde seus componentes principais e atuação, suas fontes de

descarte e áreas atingidas, estudos de caso realizados até então, meios de reduzir a

problemática dos resíduos, seus impactos na economia dentre atividade pesqueira,

recreacional, beleza cênica e turismo. Fatores relacionados a saúde publica e da

sociedade também foram discutidos e as formas de atuação e combate ao mal

direcionamento dos resíduos, como também a efetivação de campanhas de

sensibilização e incentivo ao publico e o mercado. Estes resultados trouxeram ainda

uma interessante abordagem sobre possíveis estratégias para direcionar, mitigar e

promover o gerenciamento das zonas costeiras e a promoção de políticas públicas

voltadas à conservação do ambiente como um todo.

CO

NC

LUSÃ

O G

ERA

L

pág.

87

Page 107: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

8.

ANEXOS

1 - Revista Gestão Costeira Integrada

Normas para a submissão de artigos

Submissão de artigos: Os manuscritos devem ser submetidos por via electrónica

para a Comissão Editorial, para um dos endereços seguintes: [email protected],

[email protected], [email protected] ou [email protected]. Toda a correspondência

será efectuada por e-mail.

Língua: São aceites artigos redigidos em português, com resumo alargado em

inglês, ou em inglês, com resumo alargado em português. O título e as legendas

devem ser bi-lingues (português e inglês).

Espaçamento: duplo

Figuras: Devem ser enviadas em arquivos separados com a respectiva

identificação. As legendas, com a numeração das figuras, devem ser enviadas em

folha autónoma no final do texto do artigo. O texto do artigo deve identificar o local

onde se pretende que a figura seja inserida. De preferência, as figuras devem ser

enviadas em formato JPEG, embota também sejam aceitáveis os formatos GIF,

TIFF, BMP, PNG, PCX, PSD.

Tabelas e quadros: Devem ser apresentadas em arquivos separados com a

respectiva identificação. As legendas, com a respectiva numeração, devem ser

enviadas em folha autónoma no final do texto do artigo. O texto do artigo deve

identificar o local onde se pretende que a tabela ou quadro seja inserida.

Unidades: Deve ser utilizado o Sistema Internacional de Unidades (SI). Não deve

haver espaço entre os algarismos e a abreviatura das unidades.

AN

EXO

S

pág.

88

Page 108: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Autores: Devem utilizar-se os nomes científicos dos autores, indicando as

respectivas filiações científicas e endereços. No caso de haver vários autores deve

ser indicado qual é o autor que serve de interlocutor (corresponding author).

Resumos: o artigo deve incluir dois resumos, um em português, com o máximo de

500 palavras, e outro em inglês, que pode ser um pouco mais extenso, com o

máximo de 1000 palavras.

Legendas: As legendas devem ser bi-lingues (português e inglês).

Referências bibliográficas: Pelos padrões internacionais, as teses e relatórios não

publicadas, bem os artigos publicados em revistas sem expressividade internacional,

são considerados literatura cinzenta (gray literature), pelo que, sempre que possível,

se deve evitar fazer-lhes alusão.

Nas “Referências Bibliográficas” os trabalhos devem ser referidos da seguinte forma:

Artigos: Dias, J. A, Boski, T., Rodrigues, A. & Magalhães, F. (2000) – Coast line

Evolution in Portugal since the Last Glacial Maximum until Present – A Synthesis.

Marine Geology, 170(1-2):177-186. (doi:10.1016/S0025-3227(00)00073-6) Silva,

I.R., Costa, R.M. & Pereira, L.C.C. (2006) - Uso e ocupação em uma comunidade

pesqueira na margem do estuário do Rio Caeté (PA, Brasil). Revista

Desenvolvimento e Meio Ambiente, 13:11-18. (disponível em

http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/made/article/view/4781/6743)

Livros: Bruun, P. & Gerritsen, F. (1960) – Stability of Coastal Inlets. 123p., North-

Holland Publishing Company, Amsterdam, Holanda. (ISBN-13: 978-0720416015).

Eskinazi-Lessa, E., Leitao, S.N. & Costa, M. (Orgs.) (2004) - Oceanografia: um

Cenário Tropical. 1ª ed.. 761p., Editora Bargaço, Recife, PE, Brasil.

Capítulos de Livros: Gonzalez, R., Dias, J.A. & Ferreira, Ó. (2005): Analysis of

landcover shifts in time and their significance: An example from the Mouth of the

Guadiana Estuary (SW Iberia). In: FitzGerald, D. & Knight, J. (eds.), High-Resolution

Investigations of the Morphodynamics and Sedimentary Evolution of Estuaries,

pp.95-102, Kluwer Publishing House, Norwell, MA, USA. (ISBN13: 978-1402032950)

AN

EXO

S

pág.

89

Page 109: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Widmer, Walter Martin (2003) - Recreational boats and submerged marine debris in

Sydney Harbour, Australia. In: Narendra K. Saxena. (Org.), Recent Advances in

Marine Science and Technology, 2002, pp.565-575, International, Honolulu, HI, USA.

(disponível em http://nippon.zaidan.info/seikabutsu/2002/00223/contents/142.htm).

Teses: Polette, M. (1997) - Gerenciamento costeiro integrado: Proposta

metodológica para a paisagem da microbacia de Mariscal – Bombinhas (SC). 499p.,

Dissertação de Doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianololis,

SC, Brasil.

Relatórios: Governo do Estado do Pará (2004) - Macrozoneamento Ecológico-

Econômico do Estado do Pará/2004: Proposta para Discussão. 132p., Secretaria

Especial de Estado de Produção / Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e

Meio Ambiente, Belém, PA, Brasil. (file://localhost/disponível em

http/::www.amazonia.org.br:arquivos:148997.zip)

Relatórios não publicados: Costa, C.L. (1994) - Final report of sub-project A “Wind

wave climatology of the Portuguese Coast”, Instituto Hidrográfico/LNEC, Report

6/94-A, 80p. Lisboa, Portugal. (não publicado).

Internet – livros electrónicos (e-books): Dias, J.A. (2004) - A Conquista do

Planeta Azul: o início do reconhecimento do oceano e do mundo. (Versão

Preliminar). http://w3.ualg.pt/~jdias /JAD/e_b_CPAzul.html. Faro, Portugal.

Internet – artigos de revistas electrónicas (e-papers): Rei, A. (2005) - O Gharb al-

Andalus em dois geógrafos árabes do século VII / XIII: Yâqût al-Hamâwî e Ibn Sa„îd

al-Maghribî. Medievalista on line, 1, IEM-Instituto de Estudos Medievais, Lisboa,

Portugal.

http://www.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/MEDIEVALISTA1/PDF/GHARB_AL_ANDAL

US_pdf

Internet – relatórios electrónicos (e-reports): Rodrigues, R. Brandão, C. & Costa,

J.P. da (2004) – A Cheia de 24 de Fevereiro de 2004 no Rio Ardila. 11p., Ministério

AN

EXO

S

pág.

90

Page 110: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, Instituto da Água, Lisboa,

Portugal. http://snirh.pt/snirh/download/relatorios/cheia_pedrogao200402.pdf

Internet –sem autor identificado em portais electrónicos (web sites): Instituto de

Meteorologia (s/d) – Extremos Climatológicos. Instituto de Meteorologia , Lisboa,

Portugal. In: http://www.meteo.pt/pt/oclima/extremos(acedido em Abril 2008)

3.1.1 Sugestões para estruturação de artigos

Os artigos devem ter elevado grau de estruturação, e ser bastante objectivos e

sintéticos. Expressam-se seguidamente algumas sugestões para estruturação dos

artigos.

Título - Deve ser explicativo e sucinto. Deve ser apresentado em português, seguido

do mesmo em inglês, em maiúsculas.

Resumo – Deve, de forma sucinta (máximo: 500 palavras), apresentar o trabalho

realizado e as suas motivações, os métodos utilizados, e as principais conclusões.

Deve ser seguido de um resumo em inglês que pode ser um pouco mais extenso

(máximo: 1000 palavras)

Introdução - Deve incluir breve descrição do problema, abordagens pretéritas,

hipóteses e objectivos, ainda que sejam de um projecto maior. O texto deve ser sub-

dividido por temas. É importante, entretanto, que haja um equilíbrio no tamanho dos

textos.

Material e Métodos – Deve descrever, com o pormenor necessário, os materiais

utilizados e os métodos que foram adoptados. Como é óbvio, devem ter estreita

relação com os objectivos e com as conclusões. Esta parte deve ser sub-dividida por

temas, mantendo, no entanto, equilíbrio na dimensão dos textos. Deve ser evitada a

descrição de trabalhos efectuados e materiais utilizados que não forneceram

resultados relevantes para os objectivos expressos.

Resultados e Discussão - Podem ser apresentados separadamente ou em conjunto,

tendo sempre como base os objectivos expressos.

AN

EXO

S

pág.

91

Page 111: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Conclusões - Devem reflectir os objectivos propostos e ter elevada estruturação.

Figuras – Devem ter elevada qualidade gráfica, ser de fácil leitura e essenciais para

compreensão ou ilustração do artigo. A legenda, sucinta, deve ser bi-lingue

(português e inglês).

Tabelas – Devem ser essenciais para compreensão ou ilustração do artigo. É de

evitar ao máximo a utilização de tabelas extensas. A legenda, sucinta, deve ser bi-

lingue (português e inglês).

Agradecimentos – Devem ser bastante sucintos.

Referências Bibliográficas – Devem ser formatadas de acordo com as normas de

publicação. Todas (e apenas essas) as referencias bibliográficas utilizadas no texto

devem constar da listagem bibliográfica final. Sempre que possível deve-se evitar

referir material bibliográfico publicado na forma de literatura cinzenta (gray literature),

tais como teses não publicadas, artigos em revistas sem ampla circulação

internacional e relatórios não publicados.

Notas de pé de página – Deve-se evitar a utilização de notas de pé de página.

AN

EXO

S

pág.

92

Page 112: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

2 – Marine Pollution Bulletim

Author Artwork Instructions Author Artwork Instructions homepage: www.elsevier.com www.elsevier.com Author Artwork Instructions Welcome Generic information

File formats•

Font information•

File naming•

Artwork guidelines

Sizing of artwork•

Line art images•

Grayscale images•

Color image• s

Combination ar• t

Checklist •

Generic colour information

RGB to Gray conversio• n

RGB to CMYK conversion•

Monitor calibration•

What‟s color?•

Multimedia files

Instruction• s

Specifications•

Support

FAQ•

Glossar• y

Contac• t

Dear Author, Help us reproduce your artwork to the highest possible standards - in both paper and digital formats. Submitting your illustrations, pictures, tables and other artwork (such as multimedia and supplementary files) in an electronic format helps us produce your work to the best possible standards, ensuring accuracy, clarity and a high level of detail. These pages show how to prepare your artwork for electronic submission and include information on common problems, suggestions on how to ensure the best results, and image creation guides for popular applications.

AN

EXO

S

pág.

93

Page 113: Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os ...globalgarbage.org/monografia_gustavo_freire_de_carvalho-souza.pdf · luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido

Figure manipulation Whilst it is accepted that authors sometimes need to manipulate images for clarity, manipulation for purposes of deception or fraud will be seen as scientific ethical abuse and will be dealt with accordingly. For graphical images, journals published by Elsevier apply the following policy: no

specific feature within an image may be enhanced, obscured, moved, removed, or

introduced. Adjustments of brightness, contrast, or color balance are acceptable if

and as long as they do not obscure or eliminate any information present in the

original. Nonlinear adjustments (e.g. changes to gamma settings) must be disclosed

in the figure legend.

AN

EXO

S

pág.

94