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Pólo Agro-Industrial de Capanda – PAC

Capítulo 1

CONTEXTUALIZAÇÃO - ANGOLA HOJE

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ÍNDICE

1. CONTEXTUALIZAÇÃO – ANGOLA HOJE .......................................................................... 7 1.1. HISTÓRICO ................................................................................................................ 7

1.2. POPULAÇÃO ............................................................................................................. 13

1.3. ECONOMIA ............................................................................................................... 17

1.3.1. Agricultura ............................................................................................................... 37

1.3.2. Indústria .................................................................................................................. 51

1.3.3. Petróleo ................................................................................................................... 57

1.3.4. Mineração ................................................................................................................ 64

1.3.5. Transporte ............................................................................................................... 68

1.3.6. Energia .................................................................................................................... 73

1.3.7. Turismo ................................................................................................................... 75

1.3.8. Comercialização ........................................................................................................ 77

1.3.9. Correios e telecomunicações ...................................................................................... 79

1.4. ASPECTOS SOCIAIS ................................................................................................... 81

1.4.1. Saúde ...................................................................................................................... 81

1.4.2. Educação ................................................................................................................. 83

FIGURAS .......................................................................................................................... 89

GRÁFICOS ....................................................................................................................... 89

MAPAS ............................................................................................................................. 89

QUADROS ........................................................................................................................ 90

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 91

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ABREVIAÇÕES AIA Associação Industrial de Angola

AIDA Plan of Action for the Accelerated Industrial Development of Africa

AIE Agência Internacional de Energia

ANGOFERRO Programa de Recuperação das Ferrovias

ANGOP Agência Angola Press

ANIP Agência Nacional para o Investimento Privado

BAD Banco Africano de Desenvolvimento

BDA Banco de Desenvolvimento de Angola

BFA Banco de Fomento de Angola

BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento (Brasil)

BVDA Bolsa de Valores e Derivados de Angola

CAMT Conferência dos Ministros Africanos dos Transportes

CIA Central Intelligence Agency (Estados Unidos)

CNA Comissão da União Africana

CNO Construtora Norberto Odebrecht

CONSAN Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

CUA Comissão da União Africana

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Brasil)

ENSAN Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (Food and Agriculture

Organization)

FMI Fundo Monetário Internacional

FNLA Frente Nacional de Libertação de Angola

GEM Global Entrepreneurship Monitor

GESTERRA Gestão de Terras Aráveis

GNR Gabinete de Reconstrução Nacional

IBEP Inquérito Integrado sobre o Bem-Estar da População

IDF Instituto do Desenvolvimento Florestal

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

INCFA Instituto Nacional dos Caminhos-de-Ferro

INE Instituto Nacional de Estatística

INEA Instituto de Estradas de Angola

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JBIC Japan Bank for International Cooperation (Japão)

Kz Kwanzas

MAPESS Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social

MED Ministério da Educação

MINADERP Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas

MPLA Movimento Popular de Libertação de Angola

NEPAD New Partnership for Africa’s Development

OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico

OGE Orçamento Geral do Estado

ONU Organização das Nações Unidas

PAC Pólo Agro-industrial de Capanda

PASAN Plano de Acção de Segurança Alimentar e Nutricional

PEDLP 2015 Programa Estratégico de Desenvolvimento de Longo Prazo

PIB Produto Interno Bruto

PMIDRCP Programas Municipais Integrados de Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza

PPCR Programa de Promoção do Comércio Rural

PPP Parcerias Público-Privadas

PRESILD Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e de Distribuição de Produtos

Essenciais à População

RNSAN Rede Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (Southern África Development

Community)

SNIA Sistema Nacional de Investigação Agrária de Angola

TAAG Linhas Aéreas de Angola

UNACA União Nacional de Camponeses Angolanos

PNUD/UNDP Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (United Nations Development

Programme)

UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância (United Nations Children´s Fund)

UNITA União Nacional para a Independência Total de Angola

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO – ANGOLA HOJE

O presente capítulo tem por objectivo desenhar o contexto geral do ambiente onde se

desenvolverá o Pólo Agro-industrial de Capanda – PAC e procura apresentar a base económica e

social do País.

1.1. Histórico1

Angola é um país da costa ocidental de África (Sudoeste), localizando-se ao sul do Equador e

ao norte do Trópico de Capricórnio. Apresenta como coordenadas geográficas limítrofes os paralelos

4° 22’ e 18° 02’ sul e os meridianos 11º 41’ e 24º 05’ leste, com uma superfície total de

1.246.700km2, sexto país de maior dimensão da África. A sua capital e maior cidade é Luanda.

O seu território é limitado a norte pela República do Congo, ainda a norte e a leste pela

República Democrática do Congo e pela Zâmbia, ao sul pela Namíbia e a oeste pelo Oceano

Atlântico. Apresenta 1.650km de litoral e 4.837km de fronteiras secas.

O clima é semi-árido no litoral sul, numa faixa contínua à Namíbia e ao longo da costa até

Luanda; no norte apresenta uma estação fria e seca (Maio a Setembro, com alguns nevoeiros) e uma

estação quente e chuvosa, de Outubro a Abril. O terreno apresenta uma faixa costeira plana, que se

eleva abruptamente para um vasto planalto interior, onde eventuais chuvas pesadas causam

inundações. Aproximadamente 65% do território estão situados numa altitude entre 1.000 e 1.600m,

sendo o seu ponto culminante o Morro de Moco, com 2.620m.

A moeda oficial é o Kwanza. A língua oficial é o português, sendo as principais línguas

nacionais o Kikongo, Kimbundo, Tchokwe, Umbundo, Mbunda, Kwanyama, Nhaneca, Fiote e o

Nganguela.

Angola foi uma colónia de Portugal, com o início da colonização datando do século XV e

perdurando até à independência em 1975. Portugal marcou continuamente presença no Reino do

Congo, por intermédio de padres que promoveram uma lenta cristianização e introduziram elementos

da cultura europeia. Por outro lado estabeleceu em 1575 uma feitoria em Luanda, num ponto de fácil

acesso pelo mar e próximo dos reinos do Congo e de Ndongo. Gradualmente tomaram o controlo,

1 Cf. REPÚBLICA DE ANGOLA, MINISTÉRIO DO URBANISMO E AMBIENTE (MINUA): Relatório do Estado Geral do Ambiente em Angola, 2006. E por https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook acessado em 2011/11/07. Informações complementares são incorporadas, sendo mencionadas as suas FONTEs específicas.

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através de uma série de tratados e guerras, de uma faixa que se estendeu de Luanda em direcção ao

Reino do Ndongo. Os holandeses ocuparam Angola entre 1641 e 1648, quando Portugal retomou

Luanda e iniciou um processo de conquista militar dos reinos do Congo e Ndongo que terminou com

a vitória dos portugueses em 1671, redundando num controlo sobre aqueles reinos.

Esforços sérios de penetração no interior apenas começaram nas primeiras décadas do século

XIX. Estes avanços eram em parte militares, visando o estabelecimento de um domínio duradouro

sobre determinadas regiões. Os colonizadores tiveram geralmente que vencer, pelas armas, uma

resistência maior ou menor das respectivas populações. Em outros casos tratou-se, no entanto,

apenas de criar postos avançados destinados a facilitar a extensão de redes comerciais. Finalmente,

houve neste século a implantação das primeiras missões católicas para lá dos perímetros controlados

por Luanda e Benguela.

No momento em que se realizou a Conferência de Berlim (1884/85), destinada a acertar a

distribuição de África entre as potências coloniais, Portugal pôde, portanto, fazer valer uma presença

secular em dois pontos do litoral, e uma presença mais recente (administrativa/militar, comercial e

missionária) numa série de pontos do interior, mas estava muito longe de uma "ocupação efectiva"

do território hoje abrangido por Angola. Ante a ameaça das outras potências coloniais de se

apropriarem de partes do território reclamado por Portugal, este país iniciou finalmente, na sequência

da Conferência de Berlim, um esforço que visava à ocupação de todo o território da Angola actual.

Dados os seus recursos limitados, os progressos neste sentido foram, no entanto, lentos. Só em

meados do ano de 1926 estava alcançado um domínio integral do território, muito embora houvesse

ainda em 1941 surtos de uma resistência da parte da etnia Vakuval, entre outros. Embora lento, esse

esforço de ocupação não deixou de provocar novas dinâmicas sociais, económicas e políticas.

Alcançada a ocupação efectiva, Portugal concentrou-se na consolidação do Estado colonial.

Num lapso de tempo relativamente curto foi edificada uma máquina administrativa dotada de uma

capacidade significativa que garantiu o funcionamento de uma economia assente em dois pilares:

uma imigração portuguesa para cerca de 100.000 pessoas, e uma população africana sem direito à

cidadania, na sua maioria remetida para uma pequena agricultura orientada para os produtos

exigidos pelo colonizador (café, milho, sisal), pagando impostos e taxas de porte e muitas vezes

obrigados, por circunstâncias económicas e/ou pressão administrativa, a aceitar trabalhos

assalariados mal pagos.

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Nos anos 1950 começou a articular-se uma resistência multifacetada contra a dominação

colonial, impulsionada pela descolonização que se havia iniciado no continente africano em 1945.

Esta resistência, que visava à transformação da colónia de Angola em país independente,

desembocou a partir de 1961 num combate armado contra Portugal que durou 14 anos, e teve três

protagonistas: o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a Frente Nacional de Libertação

de Angola (FNLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

Logo depois do início do conflito armado e face à pressão internacional, uma "ala liberal" no

seio da política portuguesa impôs uma reorientação incisiva da política colonial. Revogando em 1962

o Estatuto do Indigenato e outras disposições discriminatórias, Portugal concedeu direitos de cidadão

a todos os habitantes de Angola. Ao mesmo tempo expandiu enormemente o sistema de ensino,

dando à população possibilidades inteiramente novas de mobilidade social – pela escolarização e a

seguir por empregos na função pública e na economia privada.

Esta opção e seus objectivos políticos foram rejeitados pelos três movimentos de libertação,

que continuaram a sua luta. Dissidências profundas entre os nacionalistas levaram a uma série de

medidas de segurança coloniais, das quais algumas – como controlos de circulação ou o

estabelecimento de "aldeias concentradas" em zonas como o Planalto Central, no Kwanza-Norte e no

Kwanza-Sul – afectaram a população. A situação alterou-se quando, em 25 de Abril de 1974,

aconteceu a Revolução dos Cravos, golpe militar que pôs fim à ditadura salazarista em Portugal. Os

novos detentores do poder proclamaram de imediato a sua intenção de permitir sem demora a

independência das colónias portuguesas. Em Angola, esta nova perspectiva levou – com a derrocada

da estrutura colonial, e expressão de interesses globais e regionais geoestratégicos – a uma acirrada

luta armada entre os três movimentos e os seus aliados.

No dia 11 de Novembro de 1975 foi proclamada a independência de Portugal pelo MPLA em

Luanda, e, na sequência da violenta guerra, pela FNLA e UNITA, em conjunto, no Huambo. Esta

guerra durou até 2002. Assumindo por vezes o carácter de uma guerra "regular", ela consistiu no

essencial numa guerra de guerrilha com apoios externos que nos anos 1990 envolveu praticamente o

país inteiro, custando milhares de mortos e feridos e destruições de vulto em aldeias, cidades e infra-

estruturas (rodovias, caminhos e ferro, pontes) bem como vastas áreas minadas. Uma parte

considerável da população rural, especialmente a do planalto central e de algumas regiões do leste,

fugiu para as cidades ou para outras regiões, inclusive países vizinhos.

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Após 1990, o MPLA decidiu-se por um sistema de democracia multipartidária e uma economia

de mercado. A UNITA e a FNLA aceitaram participar do novo regime e concorreram às primeiras

eleições realizadas em Angola, em 1992, das quais o MPLA saiu como vencedor. Não aceitando os

resultados destas eleições, a UNITA retomou a guerra, integrando-se ao mesmo tempo no sistema

político.

Logo a seguir a morte do seu líder histórico a UNITA abandonou as armas, sendo os seus

militares desmobilizados ou integrados às forças armadas angolanas. Tal como a FNLA, passou a

concentrar-se na participação, como partido, no parlamento e outras instâncias políticas. Na situação

de paz, depois de quatro décadas de conflito armado, começou a reconstrução do país graças a um

notável crescimento da economia e um desenvolvimento globalmente bastante acentuado, mas ainda

com fortes disparidades regionais e desigualdades sociais. A paz está também a favorecer a

consolidação de uma identidade social abrangente, "nacional", que começou a formar-se a partir dos

anos 1950.

O Mapa 1.1. a seguir apresenta a localização geográfica de Angola no contexto africano.

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Mapa 1.1. Angola – Localização geográfica

FONTE: GOOGLE Maps

No decurso dos acordos de paz em 2002, Angola aproveitou para definir várias políticas e

planos de desenvolvimento que assegurassem que todos os angolanos pudessem beneficiar de uma

forma equitativa do processo de reconstrução nacional. Os aspectos destas políticas e planos mais

directamente relacionados com este Master Plan (Plano Director) são sintetizados no Capítulo 9.

Quadro Legal e Políticas Públicas de Interesse do PAC, deste documento.

A configuração actual de Angola, com a sua divisão político-administrativa, é apresentada no

Mapa 1.2. a seguir.

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Mapa 1.2. Angola – Divisão político-administrativa

FONTE: PORTO Editora.

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1.2. População

Neste tópico, como nos demais integrantes da caracterização económica e social de Angola, a

principal dificuldade reside na escassez de dados confiáveis: a despeito do grande esforço

desenvolvido pelo Governo nos anos pós-guerra, o pouco tempo decorrido ainda dificulta uma

recomposição mais completa das estruturas administrativas do país. Um economista angolano

confirma: “a inexistência de dados estatísticos exactos e confiáveis causa interferências no

desempenho do executivo e, consequentemente, no desenvolvimento de Angola, pelo que é urgente

realizar o censo populacional2”. Afirma ser impossível governar-se bem ignorando o número real da

população e a sua distribuição por localidades, sectores empresariais, faixa etária, sexo, entre outros

itens. Desta forma, argumentou, “não se consegue desenhar políticas exequíveis de combate ao

desemprego, pobreza e fome, razão pela qual o governo deve resolver o mais rápido possível esse

problema.

Os dados disponíveis são provisórios, aguardando-se o censo populacional anunciado para

2013. Segundo o Ministério do Planeamento3, a população em 2010 seria de 18,1 milhões de

habitantes, enquanto o INE – Instituto Nacional de Estatística – estimou, em 2011, a população

angolana em 16,3 milhões, com base no registo eleitoral, em projecções e no último recenseamento

realizado em 19704. Outro estudo, apresentado por um conceituado demógrafo angolano5, apresenta

para 2009 a estimativa de 18,5 milhões (contra 6,3 milhões em 1975) com base em dados das

Nações Unidas6, explosão populacional explicada por aumento da natalidade, diminuição da

mortalidade infantil e maior esperança de vida. Uma consequência é o considerável rejuvenescimento

da população, onde as crianças com menos de 14 anos – segundo suas estimativas – constituem

46% da população total. O autor informa que em 1970 a população residente era de 5,6 milhões de

habitantes com uma taxa de crescimento de 2,4% ao ano. A população urbana passou de 29,7% do

total em 1970/75 para 56% em 2000/2005, induzindo uma melhoria das condições de vida das

populações migrantes do campo, sobretudo no tempo da guerra. A esperança de vida subiu de 38

anos (1970/75) para 46,8 anos (2005/2010) havendo a expectativa de atingir 51,1 anos no

quinquénio 2015/2020. Outra FONTE7 aponta, para 2010, uma população de 18,4 milhões de

2 ANGOLA PRESS: Falta de estatística dificulta desenvolvimento do País. Carlos Rosado de Carvalho (Economista). 25-10-2011, acessado em 15/11/2011. 3 MINISTÉRIO DO PLANEAMENTO (MINPLAN), Direcção Nacional de Planeamento: Principais indicadores de Angola (2007 – 2010). Novembro, 2011, citando ine, boletim demográfico no 9. 4 cf. Informação estatística em Debate. Economia e Mercado, Nov. 2011. 5 Prof. Dr. COLAÇO, Luís Filipe: De 1975 a 2009: quantos éramos e quantos somos. O País, 13/11/2009. http://www.opais.net/pt/opais/?det=7192, acessado em 15/11/2011. 6 population division of the department of economics and social affairs of the united nations secretariat. http://www.un.org/en/, acessado em 12/11/2011. 7 cf. BANCO MUNDIAL, citado em http://www.macauhub.com.mo/pt/ acessado em 15/11/2011.

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habitantes, enquanto o BPI8 aponta 17,3 milhões para 2009, estudo elaborado pela Deloitte

Consultores para a Construtora Norberto Odebrecht – CNO9 apresenta dados próximos dos

anteriores, porém também apresentando algumas diferenças, conforme pode ser visualizado no

Gráfico 1.1. a seguir.

Gráfico 1.1. Angola – Evolução da população e projecções (em milhões pessoas)

FONTE: Deloitte op. cit.

Esses dados divergem daqueles informados pela FAO10que informa a população total de

Angola em 2007 sendo de 16,5 milhões de habitantes, evoluindo para 18,1 em 2010. Desses, estima

que 47,6% habitavam as cidades e 52,4% no campo. A densidade demográfica é baixa, com 15

habitantes por km2, mas extremamente desigual: às áreas urbanas, em constante expansão,

contrapõem-se grandes extensões pouco habitadas, particularmente nas províncias situadas a leste e

ao sul do país.

Luanda é a maior cidade de Angola e também a sua capital11. Localizada na costa do Oceano

Atlântico, é o principal porto e centro administrativo do País. Tem uma população de

aproximadamente 4,5 milhões de habitantes12, o que a torna a terceira maior cidade lusófona do

mundo, após São Paulo e Rio de Janeiro. Huambo é a segunda maior cidade do País, com população

próxima de 1 milhão em 2009.

8 CASALINHO, Cristina v. e Susana de Jesus Santos: Angola – Estudos económicos e financeiros. Banco BPI, Set. 2011. 9 DELOITTE CONSULTORES, S.A: 8º Outlook – Indicadores Socioeconómicos e Legislação Fiscal. Fev. 2012. 10 Cf. FAO: http://www.countrystat.org/ago/cont/inctables/pageid/2_sub_national_statistics/a production/pt. acessado em 11/11/2011. 11 Luanda comemora hoje 435 anos da sua fundação. http://www.portalangop.co.ao/motix/pt pt/noticias/sociedade/2011/0/4/Luanda-comemora-hoje-435-anos-sua-fundacao,76e67bf3-2c9f-4385-8b5b-f48881e5c27a.html, 25-01-2011. Acessado em 11/11/2011. 12 Estimativa da ONU em 2004, porém há estimativas que variam de 3 a 5 milhões de habitantes.

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Um aspecto da controvérsia nas estatísticas afecta directamente a elaboração do Master Plan

(Plano Director), dificultando a avaliação do impacto do PAC na população e na economia de Angola

– aspecto a ser tratado no Capítulo 8. Impacto Macroeconómico do PAC. Aí serão elaboradas

estimativas do seu efeito, pelo que necessitar-se-á utilizar dados da população e da renda tendo em

vista uma avaliação da contribuição do PAC na oferta de alimentos e na dieta da população.

Quanto às condições de vida dessa população, há importantes dados obtidos pelo INE13

através de amostra entrevistando 58.123 pessoas. Alguns dos principais resultados obtidos foram:

- Coeficiente de Gini: 0,55;

- 33,6% da população vivem abaixo da linha de pobreza, sendo que no campo este número

sobe para 56,2, o que – juntamente com o histórico de migrações do período de guerra civil

– explica a concentração da população nos centros urbanos;

- 55% da população vive nas cidades e 45% no campo;

- 90% da população urbana vive em condições não apropriadas;

- 23,9% das famílias são chefiadas por mulheres.

- Crianças de 6 a 17 anos que nunca frequentaram a escola: 20,3%, sendo que no campo esta

percentagem sobe para 32,5%.

- 92% da população rural utiliza combustíveis sólidos para cozinhar.

Este último indicador é de particular interesse para este estudo: o uso de madeira ou carvão

como combustível para cozinhar é uma importante agressão ao meio ambiente se o estoque florestal

não é reposto adequadamente. A respeito da matéria, o Vice Ministro da Agricultura para as Florestas

manifestou-se14 contra a produção excessiva de carvão vegetal por levar ao abate indiscriminado de

árvores, atingindo actualmente níveis preocupantes. Esta actividade da população rural e áreas

periféricas das principais cidades do país sinaliza para um produto a ser gerado pelo Projecto, o

reflorestamento. Note-se que o problema é focado nas preocupações governamentais, manifestas a

partir de documentos como a Estratégia Nacional de Povoamento e Repovoamento Florestal15.

Há ainda que se considerar a evolução recente dos ganhos sociais: embora Angola ainda

apresente os indicadores de um país pobre, a evolução na década de 2000 é significativa, como pode

13 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA (INE): Inquérito integrado sobre o Bem-Estar da População (IBEP). Maio de 2008 a julho de 2009. 14 Cf. Vice Ministro André de Jesus Moda, in Semanário Económico, 22/03/2012. 15 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL (IDF), Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural: Estratégia nacional de povoamento e repovoamento florestal. Luanda, Julho de 2011.

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ser visualizado no Quadro 1.1. note-se que a melhora do índice no período foi de 27%, tendo

inclusive saído de uma posição inferior à média dos países subsaharianos para vantagem em 2011.

Quadro 1.1. Angola – Evolução do índice de desenvolvimento humano – IDH

FONTE: UNDP – Human Development Index

Outro importante indicador é o atendimento às metas da Declaração do Milénio, estabelecidas

durante a Cimeira do Milénio da Organização das Nações Unidas em Setembro de 2000. A situação de

Angola é retratada a seguir16:

Quadro 1.2. Angola – Atendimento às metas do milénio

FONTE: Exame Angola, op. cit.

Ainda quanto às condições de vida no País, foi recentemente divulgada a absorção de cerca

de 400 mil jovens pelo mercado de trabalho nos últimos três anos17, saídos dos centros de formação

16 Angola e ONU mais unidas. Março 2012, em www.exameangola.com. acessado em 15/03/2012. 17 Cf. CARVALHO, Leonel – Director Nacional do Emprego e Formação Profissional. Mercado de trabalho absorveu cerca de 400 mil jovens em três anos. Economia e Mercado, Janeiro 2012.

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profissional do Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MAPESS). Os jovens

formaram-se em todo o país em artes e ofícios, num período médio de duração dos cursos de nove

meses. Em 2011, os centros do MAPESS capacitaram em todo o país 22 mil jovens. Por outro lado a

inclusão e formação de trabalhadores nas novas actividades de infra-estruturas, do tecido industrial,

nas actividades agro-pecuárias, pescas e serviços, tem exigido e desenvolvido novas competências.

1.3. Economia18

A economia de Angola debilitou-se nas quatro décadas de conflito. Segundo Alves da Rocha19,

“os quatro problemas nevrálgicos para o terceiro milénio são a consolidação da paz, a construção da

Nação, a reestruturação do Estado e a transformação duma economia de guerra numa economia

para o desenvolvimento”. Afirma que não existe uma economia nacional, mas mercados atomizados

associados a um divórcio entre o sector petrolífero e o resto da economia. Entretanto, nos últimos

anos Angola procedeu a um impressionante programa de reconstrução nacional, contemplando a

dotação ao País de uma estrutura legal e administrativa, de apaziguamento das tensões pós-conflitos

e de forte recuperação da infra-estruturas e na base produtiva, permitindo um avanço sustentável do

desenvolvimento e da economia. Note-se que estes diagnósticos são essenciais para o conhecimento

adequado do ambiente no qual será inserido o PAC, condicionando decisivamente a sua estratégia de

implantação.

Há que se mencionar o esforço realizado pelo Executivo de Angola no sentido de atrair

investimentos consideráveis complementados pela transferência de “know how”, bem como reter a

riqueza e os conhecimentos adquiridos no País. É o chamado “princípio da angolanização” que, como

objectivo explícito do Executivo, perpassa todo o arcabouço legal que rege a matéria (ver Capítulo 9.

Quadro Legal e Políticas Públicas de Interesse do PAC).

O potencial económico de Angola é elevado e diversificado20. Constitui-se numa das

economias em mais rápido crescimento no mundo, com evolução recente marcada por fortes

aumentos do PIB e queda significativa da inflação, alcançando patamares ainda não ideais mas

altamente promissores. A sua quantificação, entretanto, é problemática, pelos mesmos motivos

aventados no que toca à demografia: as suas bases de dados ainda são insuficientes e imprecisas, a

18 Cf. CIA, op. cit., complementado por informações assinaladas. 19 ALVES DA ROCHA, Manoel José: Por onde vai a economia Angolana? Interrogações essenciais sobre os caminhos da economia Angolana. Mauamiba Editora, Luanda, 2011. 20 Cf. http://www.angola.or.jp/index.php/about_angola/geography (2004), acessado em 18/11/2011.

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18

despeito dos esforços engendrados principalmente pelo INE para a sua construção e/ou depuração. O

exemplo desta dificuldade vem do seu principal indicador económico: o PIB. Dependendo da FONTE

utilizada, os valores apresentam fortes diferenças, dificultando sua análise. O Quadro 1.3. apresenta

exemplos de informações relativas ao PIB recente de Angola e algumas estimativas do seu valor

futuro

Quadro 1.3. Angola – evolução do PIB (em milhões US$)

Independentemente da FONTE considerada, a economia de Angola é uma das mais dinâmicas

do mundo, evoluindo a uma taxa superior a 10% no período 2001-2010, taxa fortemente alavancada

por preços favoráveis do petróleo num período de forte crescimento da produção. Outra FONTE

apresenta como evolução do PIB no período 1998-201021 a curva apresentada no Gráfico 1.2 a

seguir.

21 Cf. ROCHA, Alves da: Apresentação do relatório económico 2010. Centro de Estudos e Investigação Científica, Universidade Católica de Angola, 2011.  

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19

Gráfico 1.2. Angola - Evolução do PIB 1998-2010 (%)

FONTE: ROCHA op.cit.

As peculiaridades da economia angolana – notadamente a sua dependência da produção e

dos preços do petróleo – dificultam sobremaneira qualquer visão prospectiva em relação ao

desempenho do seu PIB. Assim, segundo o BPI22, o Fundo Monetário Internacional antecipa uma

aceleração do PIB em 10,5% em 2012, oriunda principalmente dos sectores não petrolíferos. No

entanto, há que se registar que o crescimento do PIB de 2011, esperado pelo Orçamento Geral do

Estado OGE como sendo originalmente de 7,6% e posteriormente reduzido para 3,6%, não teria

crescido mais que 1,3%23. Também para 2010, quando se esperava um crescimento de 6,7%, o

resultado final foi de 3,4%.

Para 2012, a expectativa é de crescimento de 12,8% da economia, segundo o OGE aprovado

na Assembleia Nacional. Por outro lado, o Banco Mundial tem a perspectiva de que este crescimento

seja de 8,1%, reflexo de um esperado decréscimo das taxas da economia global24. Os economistas

antecipam ainda que o crescimento económico deverá acelerar até 2013 na África subsahariana e

nos países africanos lusófonos, sobretudo Angola e Moçambique, mas é vulnerável à crise na zona

Euro. O estudo admite ainda para Angola um crescimento de 8,5% em 2013. Já a Deloitte prevê um

crescimento de 8,0%, com tendência cadente até 2016 quando a taxa seria da ordem de 5,7%.

Repete-se aqui o problema mencionado no Tópico 1.2. a multiplicidade de estimativas do PIB

e a sua evolução tornam difíceis e imprecisas as estimativas da sua evolução futura, eventual

22 Cf. CASALINHO, Cristina V. e S. J. Santos: Angola – estudos económicos e financeiros. Banco BPI, Lisboa, Set. 2011. 23 Cf. ECONOMIA & MERCADO: OGE DE 2012 confirma que Angola terá crescido apenas 1,3% em 2011. ECONOMIA & MERCVADO, JAN. 2012. 24 Cf. BANCO MUNDIAL: Perspectivas Económicas Globais 2012. Washington, D.C., 2011.

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parâmetro para a avaliação do impacto da produção esperada do PAC na economia e na sociedade

angolana.

O principal acelerador do crescimento recente da economia angolana – estimado em 12,1%

a.a. entre 2002 e 200925 – é o alto preço do petróleo, o que será comentado mais adiante neste

diagnóstico. A produção de petróleo e gás respondem por perto de 50% do PIB, daí que o peso

desses produtos faz com que a economia angolana seja proporcionalmente pouco diversificada.

Entretanto, não menos importante, é o afluxo de capitais externos: Angola foi o País africano que

mais recebeu investimentos externos privados em 2010 (US$ 2,3 mil milhões). O investimento directo

estrangeiro situou-se, segundo a Deloitte (op. cit.) como se visualiza no Gráfico 1.3, a seguir.

Gráfico 1.3. Angola – Evolução do investimento directo estrangeiro 2007-2016p (em mil milhões de US$)

FONTE: Deloitte, op. cit.

As estimativas de composição do PIB apresentam participações distintas dependendo da

FONTE utilizada, mantendo, entretanto, forte predomínio do sector industrial (que inclui o petróleo),

seguido do sector terciário (serviços) e, com menor participação, a agricultura. A força de trabalho,

estimada em cerca de oito milhões de pessoas, ocupa-se predominantemente da agricultura (85%).

Os dados apresentados a seguir apresentam, segundo várias FONTEs, as participações

relativas dos diversos sectores de actividade no PIB.

25 Cf. FARRAJOTA, Miguel: Investment opportunities in agriculture, agro food and agro industry in Angola. Agritec id – EMRC, International Business Forum, Banco BPI, 2011. Acessado em 25/11/2011.

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21

Gráfico 1.4. Angola – Evolução do peso relativo dos sectores de actividade no PIB – 2007-2016 (%)

O Quadro 1.4. a seguir apresenta a evolução da participação relativa dos diversos sectores da

economia angolana no PIB:

Quadro 1.4. Angola – Participação de sectores seleccionados no PIB (1) (em %)

Os dados mais recentes acima (2008, 2009 e 2010) divergem ligeiramente dos apresentados

pelo Ministério do Planeamento, conforme pode ser visualizado no Quadro 1.5. a seguir.

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22

Quadro 1.5. Angola – Participação percentual de sectores seleccionados no PIB (2)

FONTE: Ministério do Planeamento, Principais indicadores de Angola (2007-2010).

Outra fonte26 apresenta padrão distinto de evolução do PIB, conforme o Gráfico 1.5. a seguir.

Gráfico 1.5. Angola – Comparação do peso relativo dos sectores de actividade

no PIB 2002-2009 (em %)

FONTE: Farrajota, op. cit.

Em termos prospectivos, o Banco Mundial aponta para 2012 um crescimento económico

global de 2,5 % este ano e 3,1 % no próximo27, bem como um crescimento de 5,4 % nos países

em desenvolvimento, abaixo dos 6,2 % previstos em Junho. O Relatório prevê um crescimento

sobretudo em Angola e Moçambique, mas pode ser comprometido por factores ligados à crise na

zona Euro: "as exportações de mercadorias, receitas do turismo, preços dos produtos básicos,

investimento estrangeiro directo e remessas na África subsahariana são todos susceptíveis a uma

recessão na Área do Euro". Prevê ainda que Angola deverá crescer 8,1 % em 2011 e 8,5 % em

2012, acelerando em relação aos 7 % de 2010. A impulsionar este dinamismo estão "maiores

influxos de investimento, maiores gastos dos consumidores e o surgimento de novas exportações

de minérios em vários países", refere o relatório. Aponta, entretanto, como ameaça ao crescimento

africano, sobretudo em economias como a de Angola, altamente dependente do petróleo, que uma

26 FARRAJOTA, Miguel: op. cit. 27 BANCO MUNDIAL: Perspectivas Económicas Globais 2012. Washington, Jan. 2012.

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quebra de preço se traduziria em menores receitas e, consequentemente, queda do investimento.

Em Angola, refere o relatório, uma redução de 10 % nos preços petrolíferos causaria uma quebra

de 2,7 % do PIB.

O Executivo de Angola tem uma visão mais optimista. Segundo o Orçamento Geral do Estado

– OGE para 2012, no valor de 4,4 mil biliões de Kz, a expectativa de crescimento do PIB é de 12,8%

em 2012, aproximadamente 9,8 mil biliões de Kz, ou 98 mil milhões de US$. O sector petrolífero

deverá crescer 13,4% e o não petrolífero 12,5%. A produção de petróleo deverá atingir 584,4

milhões de barris, média diária de 1,6 milhões – inferior aos 1,9 milhões originalmente projectados.

As estimativas adoptam como valor de referência US$ 95 e como valor esperado US$ 105/bbl. A

produção de diamantes brutos deverá aumentar para 11,3 mil quilates, contra 8,3 mil em 2011.

Espera-se um crescimento de 10% na produção de diamantes brutos, de 13,9% da agricultura e

11,8% da energia. Segundo o OGE, Angola deve gastar 1,96% no Programa de Reabilitação e

Construção de Infra-estruturas Económicas Básicas.

Conforme se vê, diferentes fontes apresentam diferentes dados para a composição do PIB.

Todas, entretanto, apresentam dinâmica similar, com crescimento significativamente maior nos

sectores de agricultura e de serviços, com a indústria perdendo peso relativo. Entretanto, essa

percepção é “mascarada” pelo peso do petróleo e mineração: nos dados mais desagregados do

Gráfico 3.6. acima percebe-se que o componente “manufacturas” – ou seja, o sector fabril expurgado

dos sectores petrolífero e diamantífero – apresenta notável desempenho, o que é desejável para uma

perspectiva de crescimento económico sustentável no mais longo prazo e no que toca à geração de

empregos de qualidade, característicos do sector industrial. Igual dinamismo ocorre nos sectores

primário e terciário, diversificando a economia – factor certamente positivo para a saúde económica

do país.

As discrepâncias de valores entre os dados apresentados acima podem ser atribuídas a

divergências metodológicas de contagem ou a diferentes FONTEs de dados. No entanto, é de se

notar que a utilização destas estatísticas tem por objectivo uma visualização macro da economia

angolana, e estas variações não invalidam as conclusões evidentes: a economia é fortemente

dependente do segmento “petróleo e refinados”, cujo desempenho, é subordinado aos preços

internacionais, ou seja, as decisões governamentais relativas ao sector restringem-se a actuar no que

respeita à forma de explorar, às quantidades a produzir e aos volumes a exportar. Por outro lado, é

ainda de se salientar que, mesmo com participação relativamente modesta no PIB, os sectores de

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comércio, agrícola e da indústria de transformação têm apresentado ganhos significativos, gerando

uma resposta satisfatória aos esforços e incentivos governamentais.

Entretanto, os analistas do Rand Merchant Bank28 consideram que os esforços que têm vindo

a ser feitos ao nível da diversificação da economia ainda não são suficientes para minguarem os

efeitos adversos da volatilidade do preço do petróleo. Salientam, porém, que “Angola apenas explora

40% do seu potencial total”. Na mesma publicação, em entrevista, a Economista Chefe do Banco BPI

afirma: “O maior desafio a médio prazo é a diversificação da actividade fora do sector extractivo,

recuperando sectores com expressão em Angola como agricultura, pescas e pecuária. Assim, poder-

se-á tornar a economia menos dependente de importações, da volatilidade do ciclo do preço do

petróleo e, sobretudo, estaremos a criar oportunidades de emprego e geração de rendimento

sustentável para uma população jovem em crescimento”. Todos esses são objectivos explícitos do

PAC, os quais serão comentados no Capítulo 2. O Pólo Agro-industrial de Capanda - PAC. Este

contexto leva às decisões de governo quanto às definições de sectores prioritários de investimento,

buscando o atendimento dos seus principais objectivos. Estes são apresentados esquematicamente

por Farrajota como segue:

Figura 1.1. Sectores prioritários de investimento – O sector agrícola definido como prioritário pelo Governo

FONTE: Farrajota, op. cit.

28 Cf.EXAME ANGOLA: Radiografia da economia angolana – especial tendências 2012, Fev. 2012.

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25

Embora a agricultura de subsistência ocupe a maioria da população, mais da metade dos

alimentos consumidos no país ainda é importada, sendo mesmo comentário geral que a contribuição

externa à alimentação chega a 80%, sendo o país auto-suficiente apenas em mandioca e banana.

Assim sendo, a projecção apresentada pela Deloitte é alvissareira: crescer a agricultura a uma taxa

maior que a do PIB significa menor dependência de importações, ou seja, maior segurança alimentar.

Angola dispõe, além das importantes reservas de petróleo, gás natural e diamantes, de outros

valiosos recursos minerais, grande potencial hidroeléctrico, terras de bom potencial agrícola e

grandes possibilidades com a pesca, já que nos 1.650 km de costa marítima angolana habitam

importantes espécies piscícolas. O País possui grandes extensões de terras aptas para agricultura e

pecuária, estimados em 88 milhões de hectares29, dos quais apenas 4% são utilizados. O seu clima é

favorável a uma grande variedade de culturas tropicais e semi-tropicais, bem como os seus

numerosos cursos de água oferecem possibilidades de irrigação e de relevante potencial

hidroeléctrico, com potencial de extensão para a rede energética da África Austral. Possui ainda

recursos florestais e cenários ecológicos, ambientais e paisagísticos favoráveis ao turismo. Todos

estes argumentos são suficientemente fortes para contribuir para uma perspectiva favorável de

desenvolvimento sustentado.

Um problema ainda permanece: a concentração em Luanda do PIB (70% do total angolano) e

das actividades produtivas económicas, principais causas das assimetrias entre a capital e as

restantes províncias do país30. Espera-se, entretanto – baseado tanto nos factos quanto nas

declarações das autoridades do país – que nos próximos anos se verifique um forte processo de

descentralização. Particularmente no que respeita à área de interesse deste Master Plan (Plano

Director), comenta o Professor Alves da Rocha: “A região Centro/Leste (Malanje, Lunda Norte, Lunda

Sul, Moxico e Kuando Kubango) reúne as províncias produtoras de diamantes e energia eléctrica –

dois recursos essenciais para o seu desenvolvimento e do país. É a região com a maior extensão

territorial, onde a província de Malanje pode exercer um papel de polarizador e difusor do

crescimento económico e área de ligação entre o litoral norte e o leste do País”.

29 Cf. FAO/AGL – TERRASTAT. http://www.fao.org/ag/agl/agll/terrastat/wsrout1.asp? countrysel=AGO&search2=Show+all+statistics+%21, acessado em 25/03/2012. 30 Cf. ALVES DA ROCHA, Manoel J., Director do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola: Economista aponta causas das assimetrias no país. Lançamento do livro “Desigualdades e assimetrias regionais”, ANGOP, 18/09/2011, acessado em 15/12/2011.  

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O “boom” de reconstrução e reassentamento de populações dispersas pela guerra após 2003

levou a altas taxas de crescimento principalmente na construção civil. Grande parte dessa

reconstrução foi financiada externamente, principalmente com linhas de crédito providas pela China,

Brasil, Portugal, Alemanha, Espanha e Estados Unidos. O processo foi fortemente prejudicado pela

recessão mundial a partir de 2009, tanto pela escassez de novos créditos quanto pela queda dos

preços do petróleo e dos diamantes. Estes efeitos explicam a queda recente da taxa de crescimento

do PIB. Aspecto positivo é que a taxa de inflação caiu de 325% em 2000 para menos de 14% em

2010, embora o país encontre dificuldades para manter este indicador em nível inferior a 10%. O

Gráfico 1.6. a seguir apresenta a tendência da taxa de inflação observada na década.

Gráfico 1.6. Angola - Evolução da taxa de inflação (em %)

FONTE: INE, IPC de Luanda, 2010.

Entretanto, segundo a Deloitte Angola31, a economia angolana tem trilhado um caminho de

grande vitalidade, com sinais exteriores particularmente visíveis em indicadores como o PIB e o

investimento estrangeiro e, principalmente, criando caminhos que vêm dar corpo às políticas que se

dirigem à afirmação de níveis superiores de bem-estar social, além de apresentar uma classe gestora

concomitante com um vasto leque de empresários e profissionais qualificados que constituem

verdadeiros agentes de dinamização e de criação de riqueza. Isto é corroborado pelas agências

internacionais de notação de risco (rating), que unanimemente reconhecem que a economia

angolana segue robusta e no caminho certo32. As três principais agências notaram o país com BB, BB

e Ba3 respectivamente, sendo esta última notação equivalente a um BB- das outras agências. Esta

classificação apresenta o país como apto a um “investimento predominantemente especulativo”, ou

31 Cf. SILVA, Rui Santos – CEO Deloitte Angola: Economia nacional trilha caminhos de grande vitalidade. ANGOP – Agência Angola Press, 19/10/2011, acessada em 15/12/2011. 32 Cf. MINISTÉRIO DAS FINANÇAS, República de Angola, Comunicado à imprensa, Luanda, 13/06/2011.

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seja, uma classificação ligeiramente acima da média. O Quadro 1.6. a seguir apresenta a escala de

“ratings” das agências.

Quadro 1.6. Agências de avaliação de risco – Escala de “ratings” globais das agências

FONTE: Standard & Poor´s, Moody´s e Fitch Ratingos.

O investimento externo directo privado tem apresentado um forte crescimento, evoluindo de

US$ 380 milhões em 2008 para US$ 1,2 mil milhões em 2009 US$ 1,6 mil milhões em 2010. Em

2011, até 30/11, os investimentos externos não passaram de US$ 13,3 milhões, consequência da

crise financeira internacional. Malanje beneficiou de US$ 369 milhões desse total33. Segundo a ANIP –

Agência Nacional de Investimento Privado34 – importante nesse processo foram as instituições

arbitrais e os tribunais existentes para garantir os direitos do investidor. O sector mais beneficiado

pelo capital externo foi a indústria transformadora (principalmente petrolífera), com US$ 2,03 mil

milhões no período, seguida de comércio. Estes investimentos colocaram Angola, Egipto, Nigéria e

Líbia no topo dos países africanos em termos de investimentos directos estrangeiros. O impacto do

investimento privado externo no país gerou mais de 80.000 novos empregos, dos quais 80 a 90%

preenchidos por trabalhadores nacionais35. O entrevistado da ANIP mencionou a necessidade de

substituição das importações, especialmente na indústria de materiais de construção e na agro-

pecuária. Essas assertivas são de importância para o PAC, na medida em que contribuem para a

segurança dos seus investimentos e apontam como prioridade exactamente a área de actuação

proposta pelo PAC.

33 Cf. Entrevista da Presidente da ANIP Maria Luísa Abrantes à Revista Rumo, Fev. 2012. 34 JAIME, Aguinaldo – coordenador da ANIP. Políticas públicas centrais. MALANJE MAGAZINE, Jul./Set. 2010, ANO 1 No2. 35 Cf. Revista Expansão, 27/01/2012.

Moody´s Fitch Ratings Standard & Poor´s Significado

Aaa AAA AAA Mais alta qualidade

A AA AA Alta qualidade

Baa A A Qualidade média (alta)

Ba BBB BBB Qualidade média

B BB BB Predominantemente especulativo

Caa B B Especulativo, baixo classificação

C CCC CCC Inadimplemento próximo

C C Mais baixa qualidade, sem interesse

DDD DDD Inadimplente, em atraso, questionável

DD DD Inadimplente, em atraso, questionável

D D Inadimplente, em atraso, questionável

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28

As perspectivas de continuidade do apoio externo são favoráveis. Assim é que o Banco

Africano de Desenvolvimento BAD anunciou a predisposição de disponibilizar US$ 400 milhões para

apoiar projectos públicos e privados durante o quinquénio 2011 – 201536. Entretanto, o coordenador

para a reforma de seguros e fundo de pensões, Aguinaldo Jaime, afirmou que a fraca qualidade dos

projectos de investimento do sector privado em Angola tem sido o maior obstáculo à obtenção de

financiamento junto ao BAD por parte do empresariado nacional.

O bom desempenho da economia nos anos recentes contribuiu de forma decisiva para a

geração de empregos. Em decorrência, a taxa de desemprego apresenta tendência cadente em toda

a década de 2000, como pode ser visualizado no Gráfico 1.7. a seguir.

Gráfico 1.7. Angola – Evolução da taxa de desemprego (em %)

FONTE: Relatório Econômico... op. cit.

O bom desempenho recente de Angola é reconhecido pelo FMI37. Segundo o artigo, as

despesas públicas caíram, entre 2008 e 2011, de 42% para 35,4%; a inflação caiu de 15,3% em

2010 para 11,2% em 2011. De um modo geral, quase todos os indicadores considerados pelo FMI

tiveram performance superior à meta estabelecida na Carta de Intenções, sendo os aspectos que não

atingiram as suas metas considerados de menor relevância.

Em 2011 o valor total das mercadorias importadas cifrou-se em US$ 20,7 mil milhões, valor

superior em 8,3% comparativamente ao valor aduaneiro obtido em 2010. A Região Aduaneira de

36 Declarações de MARTIN, Septime – Representante do BAD em Angola: Projectos públicos ganham 400 milhões de dólares do BAD. Economia e mercado, Janeiro 2012. 37 Passamos direito no exame do FMI. EXAME ANGOLA, Fev. 2012.

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Luanda detém liderança do peso e do valor das mercadorias importadas com 84,4% do valor total

das importações, tendo registado uma variação percentual positiva de 10,7% relativamente ao ano

anterior.

Dentre os produtos mais importados, destacam-se os equipamentos ligados à exploração de

petróleo, combustíveis e produtos alimentícios. Luciano Lins38, director executivo da Associação

Industrial de Angola, afirma que o país importa 80% do que consome, porém enfatiza que o

Executivo traçou políticas para que o país possa, em curto prazo, alimentar-se somente da produção

interna. “Manteremos as importações, mas não para os produtos básicos alimentares”. Note-se que

essa é uma das preocupações na estratégia de implantação do PAC, conforme será comentado no

Capítulo 10. Planeamento Estratégico, desse Master Plan (Plano Director).

O Quadro 1.7. a seguir apresenta os principais itens de importação por Angola em 2011.

Quadro 1.7. Angola – Principais produtos importados em 2011 (em US$)

FONTE: Direcção Nacional das Alfândegas: Relatório 2011 das Alfândegas de Angola.

38 LINS, Luciano: Director executivo da AIA, entrevista a Andre Samuel, Comércio Externo, 24/02/2012.

N/O Código Mercadoria 2011 %

1 8905.20.10 Novas plataformas de perfuração ou de exploração, flutuantes ou submersíveis 2.066.433.526 10,0

2 2710.19.69 Gasóleo destinado a outros usos 1.342.427.257 6,5

3 2710.11.29 Outras gasolinas para motor 697.172.421 3,4

4 0207.14.00 Pedaços e miudezas congelados de galos e galinhas 267.061.412 1,3

5 8431.43.00 Partes das máquinas de sondagem ou de perfuração (...) 236.147.608 1,1

6 1101.00.90 Outras farinhas de trigo ou de mistura de trigo com centeio 211.267.726 1,0

7 2710.11.25 Gasolinas de aviões 193.432.441 0,9

8 8704.21.10 Outros veículos automóveis para transporte de mercadorias novos (...) 165.646.697 0,8

9 8481.80.00 Outros dispositivos - torneiras, válvulas e dispositivos semelhantes (...) 165.133.919 0,8

10 2203.00.00 Cervejas de malte 159.922.168 0,8

11 1507.90.00 Outros óleos de soja e respectivas fracções, mesmo refinados (...) 149.057.690 0,7

12 7214.20.00 Barras de ferro ou aço não ligado dentadas, com nervuras, sulcos (...) 144.182.220 0,7

13 8481.90.00 Partes de torneiras, válvulas e dispositivos semelhantes para canalizações (...) 142.197.936 0,7

14 1511.90.00 Outros óleos de plama e respectivas fracções, mesmo refinados (...) 137.847.561 0,7

15 1006.30.10 Arroz semi-branqueado ou branqueado, mesmo polido ou glaceado (...) 133.150.543 0,6

16 7326.90.00 Outras obras de ferro ou aço 125.688.409 0,6

17 0202.30.00 Carnes desossadas congeladas de animais da espécie bovina (...) 117.799.228 0,6

18 8703.24.15 Novos veículos utilitários desportivos de cilindrada superior a 3000 cm³ 117.506.862 0,6

19 1601.00.00 Enchidos e produtos semelhantes, de carne, miudezas ou sangue (...) 111.306.910 0,5

20 0402.21.00 Leite a nata, em pó, sem adição de açúcar ou de outros educlorantes 108.089.661 0,5

Sub-total 6.791.472.194 32,9

13.876.583.673 67,1

Total 20.668.055.867 100

Outros

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30

O Director Executivo da Associação Industrial de Angola39 comenta, com respeito ao perfil das

importações do país: “O actual quadro de exportações para Angola ainda é necessário para contrapor

a realidade de falta de produção nacional. Refiro-me principalmente aos alimentos básicos. Estes são

indispensáveis, não se pode abdicar da importação por mero capricho até a realidade nacional

conhecer a inversão até ao médio prazo”. Segundo o entrevistado, o Executivo traçou políticas para

que o país possa, em curto prazo, alimentar-se somente da produção interna. “Angola ainda vive sob

o processo de importação massiva, ou seja, 80% do que consome deriva da importação. Isso face a

inúmeros problemas que todos nós bem conhecemos. O entrevistado salienta que “antes do 25 de

Abril, Angola já tinha o terceiro maior parque industrial ao sul do Saara, atrás da África do Sul e da

Nigéria”.

O comércio internacional é centrado nas exportações de petróleo e diamantes, com alguma

contribuição de café, sisal, pescados e algodão, sendo os maiores clientes a China, a Índia e a

França. Os principais itens de importação são maquinaria e equipamentos, eléctricos, veículos e peças

de reposição, remédios, alimentos, têxteis e material bélico. As exportações são estimadas em US$

66,0 mil milhões em 2011 e as importações em US$ 18,3 mil milhões. O Quadro 1.8. a seguir

apresenta os principais destinos das exportações do País.

39 LUÍS, Luciano: Manteremos as importações, mas não para os produtos básicos alimentares. Entrevista a Expansão, 24/02/2012.

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31

Quadro 1.8. Angola – Principais destinos das exportações em 2011 (em US$)

FONTE: Direcção Nacional das Alfândegas: Relatório 2011 das Alfândegas de Angola.

Por sectores da economia, o comércio internacional de Angola comportou-se conforme

apresentado no Quadro 1.9. a seguir. Note-se haver pequenas discrepâncias com os Quadros

anteriores que, porém, não obscurecem a análise.

Quadro 1.9. Angola – Comércio internacional (em mil milhões de US$)

FONTE: Ministério do Planeamento, Principais Indicadores op.cit.

Perpassa, ainda, na economia Angolana – como, de resto, em toda a África – a questão

logística. Relatório da Comissão da União Africana (CUA), preparado para a II Sessão da Conferência

N/O Código País 2011 %

1 CN China 23.946.105.154 36,3

2 US E.U.A 12.193.785.470 18,5

3 IN Índia 6.964.425.329 10,6

4 TW Taiwan 5.278.269.945 8,0

5 CA Canadá 3.885.185.360 5,9

6 FR França 2.082.705.239 3,2

7 IT Itália 1.898.180.232 2,9

8 ZA África do Sul 1.451.939.527 2,2

9 NL Holanda 1.398.605.715 2,1

10 PT Portugal 1.304.163.472 2,0

11 ES Espanha 697.121.996 1,1

12 GB Reino Unido 643.611.174 1,0

13 AE Emirates Árabes Unidos 548.574.072 0,8

14 PE Peru 524.833.467 0,8

15 BR Brasil 511.050.728 0,8

16 MY Malásia 362.724.289 0,5

17 IL Israel 328.771.344 0,5

18 CH Suíça 300.442.712 0,5

19 SE Suécia 294.532.853 0,4

20 CD Republica Democrática do Congo 203.204.381 0,3

Sub - Total 64.818.232.460 98,2

1.171.734.350 1,8

Total 65.989.966.810 100 Outros

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dos Ministros Africanos dos Transportes (CAMT II) indica que os transportes e alguns serviços afins

colocam os produtos “Made in África” entre os mais caros do mundo, minando a sua competitividade

nos mercados nacionais e internacionais. O custo dos transportes, como parte do valor das

exportações em África, oscila entre 30% e 50%, contra uma média de 17% nos demais países em

desenvolvimento. “As potências coloniais na África construíram apenas infra-estruturas mínimas para

lhes permitir explorar os seus recursos naturais, deixando grande parte do continente sem redes de

transportes confiáveis” 40. Ainda: “Mais de 60 por cento da rede rodoviária continental existente não é

asfaltada e é maioritariamente de baixa qualidade, enquanto a parte asfaltada que está em boas

condições é de menos de 40 por cento”. Por outro lado, prossegue, “as redes ferroviárias são

maioritariamente constituídas por uma única linha que liga o interior ao litoral, com interligações

reduzidas, enquanto o trabalho de engenharia das redes data de quase um século, no tempo das

locomotivas a vapor. Estas redes conheceram desde então muito poucas reabilitações para suportar

comboios mais longos, movidos a diesel ou eléctricos, pelo que na sua maioria estão hoje obsoletas”.

Por causa dessa situação, os caminho-de-ferro, que deviam idealmente constituir a espinha dorsal

dos transportes no continente africano, estão relegados para segundo plano e o seu lugar tradicional

é ocupado pelo transporte rodoviário, que é “mais caro e propenso a congestionamentos”.

Aqui há que se tecer algumas considerações de ordem sociológica e histórica para um pleno

entendimento da problemática, a qual é componente essencial da estratégia de implantação do PAC –

notadamente na sua componente “cadeias produtivas”.

Enquanto colónia portuguesa, e seguindo a tradição daquela matriz (e de outros

colonizadores), não houve, nos primórdios da colonização, um esforço significativo de estruturação da

produção para um mercado interno ou mesmo a criação de um: as acções encetadas no sector de

produção eram fundamentalmente direccionadas para produzir para a metrópole, restando às

colónias produções de subsistência a serem complementadas por importações da mesma

metrópole41. Datam desse período os primeiros esforços de implantação de uma malha viária

integrando o país, principalmente num sentido interior – litoral, facilitando a exportação.

Este cenário foi parcialmente alterado a partir de 1926 quando o território angolano passou a

ser considerado como totalmente ocupado pelos portugueses. A par de algumas transformações

significativas na administração da colónia, uma rede de infra-estruturas foi iniciada, porém ainda

40 Cf. REVISTA EXPANSÃO : Custos de transporte agravam preços dos produtos africanos. 25/11/2011. 41 Ou dos seus aliados, como nos séculos XVIII e XIX quando a Inglaterra apresentava grande influência sobre Portugal.

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visando prioritariamente à produção de excedentes comercializáveis pela metrópole, principalmente

de minerais e monoculturas. A criação de um mercado interno mais sofisticado ou integrado se

constituía com prioridade apenas parcial da matriz. A partir daí até o início dos anos 1960 consolida-

se um razoável grau de organização da produção, notadamente a partir de actividades de nível

intermediário indispensáveis à fluidez da economia e, principalmente, à integração dos mercados.

Esta incipiente organização sofre um duro golpe com a eclosão da guerra da independência (1961) e

a sua continuidade após a independência em 1975, com a guerra civil até 2002. Observou-se a

destruição não apenas dos incipientes canais de comercialização, mas também de praticamente toda

a base física da logística – rodovias, pontes, caminhos-de-ferro, unidades de processamento e

armazenagem, etc.

Note-se que esta trajectória perpassa grande parte da história de Angola até ao início do

Século XXI, contaminando a sua cultura pelo contingenciamento do comércio ao simples mercado

local, a partir de pequenos excedentes de lavouras familiares e não desenvolvendo mecanismos de

integração e comercialização de excedentes, cristalizando o processo. Finalmente, há ainda a

considerar o fortíssimo processo de urbanização – consequência tanto da guerra quanto da falta de

oportunidades no “hinterland”, deslocando populações que param de prover a sua subsistência,

passando, a depender exactamente destas estruturas inexistentes, potenciando a problemática social

do País. Este quadro começa a se reverter a partir de 2002.

Importante aspecto mais recente foi a reformulação da pauta aduaneira, em vigor por cinco

anos a partir de Janeiro de 2012. Nela, foram eliminadas taxas para cerca de 350 códigos para apoio

à produção nacional, bem como 55 reduções. Foi beneficiada principalmente a agricultura,

procurando a sustentabilidade alimentar do País.

O sistema financeiro angolano está estruturado nas vertentes do Banco Central e dos bancos

comerciais, de direito angolano e comerciais privados estrangeiros, como escritórios de

representação, e de Instituições Especiais de Crédito (fundos sectoriais ou regionais de apoio ao

investimento)42. Problema relevante é a escassez da poupança privada e a fraqueza do sector

bancário como intermediário financeiro, sendo o binómio poupança/investimento basicamente estatal.

Em decorrência, assume particular importância para o País em geral e para este Master Plan (Plano

Director) em particular o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), instituição financeira pública

criada em 2006 com o objectivo de apoiar o crescimento económico sustentado do país. O BDA está

42 Cf. http://www.angola.or.jp/index.php/about_angola/geography.

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orientado para o aumento da riqueza nacional, a melhoria contínua do bem-estar das populações e a

construção e consolidação da economia do país. Nesta perspectiva, constitui-se num instrumento

privilegiado para o financiamento do desenvolvimento da economia nacional à luz do Programa de

Desenvolvimento Económico e Social do Governo e da Estratégia Nacional de Desenvolvimento de

Longo Prazo.

O BDA desenvolve preferencialmente as suas actividades tendo como objectivo o estímulo da

iniciativa privada, visando nomeadamente à dotação de bens e equipamentos, à capacitação e o

acesso a novas tecnologias necessárias para a actividade produtiva das pequenas, médias e grandes

empresas. Tem como objectivos gerais:

a) Financiar programas, projectos, obras e serviços que estejam inseridos no Programa de

Desenvolvimento Económico e Social do País;

b) Mobilizar recursos financeiros e outros, do sector público e privado, nacional e internacional,

destinados a financiar projectos de desenvolvimento económico e social;

c) Avaliar, planear e monitorar a implementação de projectos de investimento integrados em

programas de desenvolvimento;

d) Facilitar a participação do sector privado e de organizações comunitárias em projectos e

programas de desenvolvimento;

e) Prover assistência técnica, especialmente na formação e desenvolvimento dos recursos

humanos com vista à identificação, preparação, avaliação, financiamento, implementação e

gestão de projectos e programas de desenvolvimento;

f) Prover ou mobilizar fundos para financiamento de iniciativas que visem minimizar o impacto

ambiental nos projectos e programas de desenvolvimento;

g) Prestar serviços de consultoria, incluindo acções de formação e capacitação de empresários

angolanos; e

h) Colaborar na realização de auditorias técnicas.

Dentre os Programas do BDA de interesse específico para este Master Plan (Plano Director), podem-

se citar:

- Agricultura: programas de financiamento para a produção de sementes de cereais e

leguminosas de qualidade, para a produção em escala de cereais e leguminosas, para

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produção, descaroçamento e prensagem de algodão, para a mecanização agrícola, para a

produção e transformação de mandioca;

- Agro-indústria: Programas de Financiamento para a Industrialização de Produtos Agrícolas,

para a Indústria de Produtos Pecuários e Serviços de Apoio à Pecuária;

- Pecuária: programas de financiamento para a caprinicultura e a ovinicultura, para a

suinicultura, para avicultura de corte e de postura, e para a bovinicultura de corte e de leite.

- Comércio e Distribuição: Programas de Financiamento para a Revitalização do Comércio

Rural e para o Fornecimento de Inputs (Insumos) Agrícolas.

Em 2011, no âmbito do Programa de Fortalecimento dos Pequenos e Médios Produtores Agro-

pecuários, de forma singular ou colectiva (cooperativas/associações), o governo angolano aprovou

um programa para o crédito agrícola de investimento, destinado a apoiar estes produtores, e o

Ministério das Finanças atribuiu ao BDA o papel de banco gestor do capital a ele destinado43. Essa

linha de crédito tem como objectivo facilitar o acesso ao financiamento por parte das cooperativas e

dos pequenos e médios produtores agro-pecuários, actuando como catalisador da promoção de uma

agricultura comercial moderna, competitiva e próspera. O programa foi desenhado para financiar

prioritariamente a cadeia produtiva dos cereais (milho, massambala/sorgo, massango/milheto e

arroz), das leguminosas e oleaginosas (feijões e amendoim) e a cadeia produtiva de raízes e

tubérculos (mandioca, batata-doce) dentro de um conceito de projectos padronizados. Relativamente

a projectos não padronizados, o BDA está a conceder financiamentos que visem satisfazer um

conjunto de empresários cujas necessidades não são contempladas nos Módulos Tipo de Produção

propostos. Para obter este tipo de financiamento, os beneficiários têm que apresentar um estudo de

viabilidade técnico-económico elaborado por uma empresa de consultoria cadastrada no BDA.

A concessão do crédito para projectos padronizados e não padronizados está a ser feita de

duas formas: directamente pelo BDA e através dos bancos comerciais (Banco de Poupança de Crédito

BPC; Banco Sol, Banco BAI Micro Finanças BMF; Banco de Comércio e Industria BCI). No caso destes

últimos, o crédito é concedido nas mesmas condições financeiras em que é atribuído directamente

pelo BDA.

O BDA pretende ainda ter uma maior participação na promoção dos projectos de maior

dimensão. Com a criação do BDA Participadas, o banco poderá assumir um papel mais activo no

43 Chegou a hora de crescer. BDA – Banco de Desenvolvimento de Angola: Uma visão de futuro. MALANJE MAGAZINE Abr./Jun. 2010 ANP 1 No 1.

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segmento empresarial, não se limitando apenas ao financiamento, mas também promovendo o

empreendedorismo, através da participação accionaria, da aquisição de obrigações e da subscrição de

quotas de fundos, entre outras actividades. Segundo Bonifácio Sessa44, Chefe de Programas Rurais e

de Agricultura do BDA, sempre que identificado que alguma actividade importante não está

contemplada na lista de financiamento, pode ser criada uma nova rubrica para enquadra-la.

Ademais do BDA, Angola conta com diversas outras instituições financeiras estabelecidas,

sendo que várias possuem linhas de crédito para o agronegócio. Dentre elas, podem-se citar o BPC; o

BCI Banco SOL, BIC de Angola e o Banco Angolano de Investimentos BAI.

Outra FONTE importante de recursos para investimentos, são as organizações multilaterais de

crédito, como Banco Mundial e Banco Africano de Desenvolvimento.

Em termos bilaterais, vários países, entre eles a China (Banco de Exportação e Importação

Eximbank), o Brasil (Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social BNDES), Portugal,

Estados Unidos (Banco de Exportação e Importação Eximbank), Espanha, Alemanha (Kreditanstalt für

Wiederaufbau KfW ou Banco de Desenvolvimento) e Japão (Banco de Exportação e Importação

Eximbank) dispõem de programas específicos para financiar aquisições de bens e serviços para

exportação a terceiros países, de que Angola pode beneficiar. Vale ainda lembrar que projectos de

grande porte alavancam, com frequência, recursos junto à banca privada e fundos de investimentos

internacionais.

Em relação ao Brasil, o presidente do principal financiador de investimentos no Brasil, o

BNDES – Luciano Coutinho – afirmou que, por orientação da Presidente do Brasil, a África está

incluída nas prioridades do Banco, que deverá contribuir significativamente nos sectores de segurança

alimentar, infra-estruturas, energia e mineração. Ainda desta instituição há que ser mencionado o

recente evento45, contando com a presença do ex Presidente da República Lula da Silva, directores do

Banco Africano de Desenvolvimento e do Banco Mundial, vários ministros de estado do Brasil e do

exterior, diplomatas da África e outras autoridades e empresários, onde o apoio do BNDES à África foi

explicitado como prioridade daquele banco.

44 Cf. Entrevista aos consultores, 08/02/2012. 45 Seminário Investindo na África: oportunidades, desafios e instrumentos para a cooperação económica. Rio de Janeiro, Brasil, Maio 2012.

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No que respeita ao sector de seguros, a actual legislação autorizou a abertura da actividade

seguradora à iniciativa privada, criando um marco decisivo na nova arquitectura do sistema financeiro

interno. As novas empresas seguradoras passam a estar sob a supervisão do Instituto de Supervisão

de Seguros, tutelado pelo Ministério das Finanças. Entretanto, Angola carece ainda de um eficiente

sistema de seguro agrícola que proteja o produtor principalmente das incertezas climáticas.

A criação do Mercado de Capitais, com suporte na Bolsa de Valores e Derivados de Angola

(BVDA), representa uma valência adicional para o financiamento da economia pública, em acréscimo

das capacidades limitadas do crédito bancário e facilitador da atracção de fluxos de investimento

estrangeiro (incremento dos factores de liquidez).

1.3.1. Agricultura

Em Angola, um dos efeitos do período de conflitos foi a acentuada queda da produção

agrícola e da capacidade do País de se auto-sustentar em termos alimentares. Em decorrência, o País

passou de activo participante nas exportações agro-pecuárias – na década de 70 posicionava-se

como 4o maior exportador mundial de café e sisal, além de outros produtos – para forte importador.

Actualmente Angola depende do mercado internacional para cerca de 80% de seu abastecimento de

alimentos, sendo auto-suficiente apenas na produção de mandioca e banana.

A importância a ser dada pelo sector agrícola no processo de reconstrução do País é bem

retratada pelo economista João Ferreira46: “O que nós somos capazes de construir a partir de hoje

tem necessariamente de estar alicerçado sobre o que já fomos capazes de fazer no passado, mesmo

quando aspiramos caminhar a uma velocidade cada vez maior. O que já fomos capazes de aprender

no passado tem que ser o nosso ponto de partida, tem de constituir as alavancas da nossa rampa de

lançamento para os voos cada vez mais altos a que aspiramos. O que a maioria das pessoas

aprendeu a fazer em Angola ao longo dos anos até muito recentemente foi trabalhar a terra e dela

tirar os meios indispensáveis à satisfação das necessidades, mesmo porque um grande número de

regiões do território nacional está dotado de uma diversidade de condições edafo-climáticas

favoráveis para o efeito”. A economista Cristina Casalinho47 explicita, o problema de forma distinta:

“O maior desafio a médio prazo é a diversificação da actividade fora do sector extractivo,

recuperando sectores com expressão em Angola como agricultura, pescas e pecuária. Assim, poder-

46 FERREIRA, João – Economista e vice-decano da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto para a área científica: Entrevista a EXAME ANGOLA, Fev. 2012. 47 CASALINHO, Cristina – Economista-chefe do BPI, accionista maioritário do BFA: Entrevista a EXAME ANGOLA, Fev. 2012.

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se-á tornar a economia menos dependente de importações, da volatilidade do ciclo do preço do

petróleo e, sobretudo, estaremos a criar oportunidades de emprego e geração de rendimento

sustentável para uma população jovem em crescimento”.

Já o presidente da Empresa Nacional de Mecanização Agrícola – MECANAGRO confia na

produção agrícola do País48. Comenta que Angola definiu para 2013 a produção de 15 milhões de

toneladas de cereais, projecção frustrada pelos constrangimentos financeiros em 2009, com a crise

internacional. “A grande aposta é conseguir um volume de cereais que consiga de uma forma directa

concorrer para a produção de ração animal, a partir da qual poderemos, sem sobressaltos, fazer uma

produção no ramo do sector avícola e a bovinicultura. A meta é diminuir a importação de carne. A

chuva e a seca são grandes problemas, mas face à grande potencialidade hídrica que tem o País

precisamos investir numa agricultura irrigada, principalmente pela produção de hortaliças que são

necessárias no dia-a-dia. Com isso, teremos capacidade de não só não depender das chuvas, mas

também ter uma política de conservação dos alimentos e uma reserva alimentar que já começa a

fazer falta no País (estoques reguladores). O desenvolvimento da agricultura depende também do

crescimento das capacidades produtivas, quer a nível individual dos agricultores, quer a nível

colectivo, das empresas vocacionadas para o efeito, e ter ainda uma política de seguro ao crédito.

Precisamos que estes créditos sejam assegurados através das garantias reais, a partir das quais o

nível de confiança aumenta”.

A implantação das brigadas especiais de engenharia rural – que custam em torno de US$ 300

milhões – vai obedecer principalmente ao recurso de financiamento externo, principalmente com

aqueles países que têm uma tecnologia adequada aos propósitos para o desenvolvimento da

agricultura em Angola (inclusive o Brasil). Conforme se verifica, todos esses depoimentos convergem

para os objectivos colimados pelo Pólo Agro-industrial de Capanda.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação FAO49 (Food and

Agriculture Organization), Angola tem um potencial inestimável em terras agrárias que ainda são

insuficientemente aproveitadas. “O potencial de terras aráveis que o país possui está muito aquém de

ser valorizado, o que quer dizer que só uma terça parte deste potencial está a ser utilizada”. Não

obstante, a evolução da ocupação das terras aráveis do País evoluiu em ritmo compatível com o

acelerado processo de desenvolvimento verificado na década de 2000, como demonstra o Quadro

48 JAIME, Carlos Alberto, Presidente da MECANAGRO. Entrevista a EXPANSÃO, 02/03/2012. 49 Cf. http://www.angola.or.jp/index.php/about_angola/geography (2004), acessado em 25/11/2011.

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1.10. a seguir. Também a quantidade produzida anualmente apresentou ganhos significativos, como

apresentado no Quadro 1.11.

Quadro 1.10. Angola – Área cultivada, produtos seleccionados (em ha)

FONTE: FAO Countrystat, http://www.countrystat.org/ago/cont/inctables/pageid/1_core/a_production/pt acessado em 28/03/2012.

Quadro 1.11. Angola – Produção, produtos seleccionados (em toneladas)

FONTE: FAO Countrystat, op.cit.

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Milho 745.169 815.429 818.448 1.067.773 1.090.249 1.122.458 1.209.857 883.943 1.544.096 1.568.226

Massango 233.349 298.293 242.861 305.650 352.711 371.903 170.698 117.998 202.322 204.612

Massambala - - - - - - 207.194 144.471 40.348 175.004

Arroz 3.894 3.706 7.873 11.174 12.398 7.744 9.012 16.551 14.291 25.163

Trigo - - - - - - - - - -

Mandioca 573.428 592.596 720.430 683.741 748.646 771.072 843.271 679.168 994.422 1.046.610

Batata–Rena 37.222 41.957 59.542 120.072 123.957 54.742 79.053 47.272 103.440 104.597

Batata-doce 95.858 100.295 142.116 131.350 143.803 154.785 161.262 125.277 160.666 170.211

Feijão 222.371 226.468 232.409 332.333 351.560 320.689 340.096 375.005 710.260 723.923

Amendoim 81.483 75.867 150.279 173.249 162.607 197.646 231.741 259.083 289.347 297.174

Soja - - - - - - 10.691 17.871 13.897 14.260

Hortícolas - - - - - - 41.792 235.914 391.874 400.365

Banana - - - - - - 66.389 97.748 108.547 110.959

Citrinos - - - - - - 12.109 9.244 20.093 21.677

Manga - - - - - - 12.710 .. 8.584 8.731

Ananás - - - - - - 7.600 9.891 26.639 26.681

Abacate - - - - - - 11.410 2.588 4.703 4.958

Café - - - - - - 23.046 .. 47.567 47.791

DISCRIMINAÇÃOANO

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Milho 458 659 546 859 618 684 530 601 720 273 526 084 615 894 702 385 970 231 1 072 737

Massango 144 162 161 068 83 089 112 115 137 864 144 390 77 089 14 396 27 974 40 723

Massambala - - - - - - 79 345 12 757 40 348 46 787

Arroz 5.335 4.890 10.697 10.057 8.650 3.831 4.635 8.416 14.291 17.697

Trigo - - - - - - - - - -

Mandioca 5.394.322 6.522.765 6.892.162 8.586.874 8.806.209 9.037.024 9.730.261 10.057.376 12.827.580 13.858.681

Batata-Rena 158.389 179.385 269.204 241.945 307.296 295.033 481.216 401.208 823.266 841.279

Batata-doce 353.228 423.140 543.320 629.574 659.452 684.756 949.104 819.771 982.588 986.563

Feijão 89.032 90.887 93.185 75.965 108.116 85.081 103.698 124.157 247.314 250.117

Amendoim - 31.447 58.850 49.978 66.001 70.540 66.660 91.924 110.828 115.164

Soja - - - - - - 7.064 14.711 5.936 6.087

Hortícolas - - - - - - 306.908 2.749.324 4.614.910 4.729.267

Banana - - - - - - 1.397.652 1.722.507 1.985.263 2.047.955

Citrinos - - - - - - 91.406 106.419 232.345 247.599

Manga - - - - - - 173.932 .. 100.639 102.295

Ananás - - - - - - 82.361 95.422 291.943 313.365

Abacate - - - - - - 159.770 25.723 43.959 46.307

Café - - - - - - 11.523 4000 11.892 9.951

DISCRIMINAÇÃOANO

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O problema que emerge directamente do exame dos Quadros acima é a baixa produtividade

de todas as produções descritas, a qual pode ser explicada por 3 factores: a falta de escala de

produção, o auto-consumo e a baixa tecnologia empregada. A falta de escala é evidenciada pelo

próprio perfil do sector na economia angolana, onde a maioria das lavouras é desenvolvida por micro

propriedades familiares, fundamentalmente para auto-consumo, utilizando técnicas pouco

comprometidas com a produtividade e em áreas nem sempre ideais para o tipo de cultura

desenvolvida. O auto-consumo pode, ainda, responder por alguma subestimação do volume

produzido na medida em que frequentemente não é capturado pelas estatísticas oficiais. Pode ainda

ser considerado o aspecto da dificuldade de comercialização como factor complementar a este

quadro.

Ainda pertinente ao tema, tem-se as considerações de Paulo Wime50. Parte do problema viria

do facto de os inputs (insumos) serem fornecidos como kits que já vêm completos, e o agricultor tem

que receber o pacote total – havendo com frequência peças que não interessam. Complementa:

“Falta resolver a componente de comercialização, apesar de já ter sido lançado o projecto Comércio

Rural Permanente. O problema passa pela recuperação das estradas secundárias e terciárias,

preparar as condições para que os carros possam percorrer as zonas de produção. Enquanto não

houver estradas que vão ao encontro da última aldeia onde estão os produtores, não vamos poder

avaliar quantas toneladas produzimos durante o ano”.

Há, entretanto, recomendação51 para a realização de estudos sobre o perfil agro-ecológico de

cada município, tendo em vista um melhor direccionamento das zonas tradicionais e mais favoráveis

a determinadas culturas. A recomendação foi apresentada pelos participantes do encontro sobre

avaliação do progresso dos Programas Municipais Integrados de Desenvolvimento Rural e Combate à

Pobreza (PMIDRCP), ocorrido em Huambo a 30/09/2011. Os participantes recomendaram ainda

proceder-se à revisão dos mecanismos e critérios de concessão de crédito agrícola, tendo em conta o

calendário agrícola e a flexibilidade dos reembolsos.

No seu total, de uma área total de 124,67 milhões de ha apenas 3,44% são utilizados na

agricultura, como apresentado no Quadro 1.12. a seguir.

50 WIME, Paulo, membro fundador da UNACA – União Nacional de Camponeses Angolanos. Entrevista ao NOVO JORNAL, 24/02/2012. 51 Participantes recomendam estudos sobre perfil agro-ecológico. ANGOP, 03/10/2011, acessado em 15/12/2011.

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Quadro 1.12. Angola – Evolução do uso da terra (em milhões ha)

FONTE: FAOSTAT, op. cit.

Em decorrência do pouco desenvolvimento da agricultura, Angola somente é auto-suficiente

na produção de mandioca, batata-doce e banana52. O Ministro reconheceu haver dificuldades no

escoamento e comercialização destes produtos nos grandes centros de consumo devido às vias de

acesso em muitas localidades ainda se encontrarem degradadas e também pela falta de algumas

infra-estruturas para a sua comercialização. Em termos de mandioca e batata-doce, dada a sua

importância na dieta nacional, as perspectivas de geração de excedentes exportáveis – salvo,

eventualmente, pequenos excedentes – não são fortes. Já a banana é objecto de optimismo

generalizado, explicitado por dois depoimentos: do Ministro da Economia Abraão Gurgel53 – “Face aos

indicadores do crescimento da produção agrícola, Angola poderá, nos próximos dois anos, começar a

exportar banana” – e do repórter Alberto Sampaio54: “Angola possui capacidade de produção para

começar a exportar banana. O que é preciso, dizem produtores e governantes, é investir na

‘excelência’, nomeadamente em termos de qualidade, canais de distribuição, embalagem e imagem,

ou seja, numa estratégia de marketing adequada”.

Os solos mais férteis para a agricultura encontram-se junto aos rios, as extensas áreas de

pasto situam-se no planalto Sudoeste e enormes extensões de florestas tropicais existem a Norte e

Leste do país, com algumas espécies raras como o ébano, o sândalo e o pau-rosa e a Sul onde

subsistem plantações de eucaliptos e pinheiros (Benguela, Huambo, Huíla)55. Já existiu uma indústria

de celulose em Angola, na zona do Alto Catumbela, próximo a Benguela56. A Companhia de Celulose

e Papel de Angola foi parcialmente destruída em 1983, tendo paralisado completamente a produção.

Mais tarde, em Agosto de 2004 um grande incêndio pôs fim a qualquer hipótese de recuperação da

fábrica. Nos últimos anos, parte dos seus trabalhadores depende do corte de eucaliptos para madeira

e da produção agrícola de auto-sustento.

52 Cf. CANGA, Afonso Pedro – Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas. Angola é auto-suficiente em alguns produtos agrícolas. ANGOP, 14/11/11, citando o programa “Espaço Público da Televisão Pública de Angola. Acessado em 18/11/2011. 53 GURGEL, Abraão F, Ministro da Economia: Banana – um orgulho nacional. EXAMEANGOLA, Mar/2012. 54 Reportagem de SAMPAIO, Alberto: Em breve, bananas made in Angola. ÁFRICA 21, Abril 2012. 55 Cf. http://www.angola.or.jp/index.php/about_angola/geography (2004), acessado em 25/11/2011. 56 Cf. http://www.cpires.com/alto_2006_fabrica.html, acessado em 15/03/2012.

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O sector agrícola tem potencialidades comprovadas no passado colonial para as culturas de

açúcar, algodão, borracha, café, milho, sisal, amendoim, batata-doce, batata-rena, feijão, mandioca,

massambala/sorgo, horticultura, fruticultura, etc. Em 1970 Angola era o 4o maior exportador mundial

de café e sisal, além de outros produtos como milho, feijão, banana, cana-de-açúcar, óleo de palma,

algodão, tabaco e amendoim. Hoje, a sua área cultivada em explorações empresariais representa

menos de 4% da área total explorada57. Note-se que em 2011 Angola exportou 7.575 sacas de café,

e que o principal dinamismo da agricultura vem de pequenos produtores, resultado do

reassentamento de estimados quatro milhões de refugiados da guerra a partir de 2002.

A questão da segurança alimentar está a ser enfrentada pelo Executivo de Angola também a

partir da implantação de grandes complexos agro-industriais, principalmente a partir da actuação da

Empresa de Terras Aráveis – Gesterra58. O seu presidente do conselho de Administração, Carlos

Alberto Jaime, garantiu que Angola poderá ter auto-suficiência alimentar antes da próxima década.

Falando por ocasião dos cinco anos de existência da Gesterra afirmou que os 18 projectos

aprovados pelo governo angolano para a criação de fazendas agrícolas e pólos agro-industriais

avaliados em cerca 800 milhões de dólares americanos vão suprir o défice na produção cereais, de

leguminosas, raízes e tubérculos. “O objectivo da Gesterra é contribuir para que exista uma Angola

sem fome, nós acreditamos e levamos esse lema e acreditamos que no médio prazo Angola será

auto-suficiente, tendo em conta os projectos aprovados e também a necessidade de surgir no

nosso meio o empresariado nacional, o privado. Nós estamos a alavancar como empresa pública e

julgamos nós que, dentro de mais oito ou nove anos, vamos atingir a auto-suficiência alimentar.

Até 2013 vamos atingir cerca de 75 a 100 mil toneladas de produtos diversos, principalmente

cereais. Há um grande défice com relação aos cereais, leguminosas e raízes e tubérculos”.

O Presidente confirmou que a participação dos aldeões na produção agrícola vai desenvolver

a região (de Malanje): “É uma população que tem condições para participar e comparticipar na

grande cruzada contra a fome. Temos aqui condições para a produção de mandioca, de milho, para

comparticipar também na cana-de-açúcar. É preciso que as populações acreditem que eles próprios

podem dar muito por essa zona, que é uma área muito importante, é uma das mais importantes do

ponto de vista do país, tendo em conta as potencialidades que existem neste momento aqui. Há

projectos como a BIOCOM, Fazenda Pungo-Andongo, Fazenda Pedras Negras, é um potencial muito

57 Cf.VICENTE, Paulo – Assistente do representante da FAO: País tem potencial em terras aráveis. Cf. ANGOP – Agência Angola Press, Luanda, 21/10/2011, acessado em 20/03/2012. 58 Auto-suficiência alimentar em Angola dentro de oito anos. http://www.voanews.com/portuguese/news/08_15_2011_angola_food-127760678.html, 15/08/2011. Acessado em 20/03/2012.

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grande, são cerca de 300 mil hectares aqui adormecidos que com o desenvolvimento e com a

acção do pólo agro-industrial de Capanda, pensamos nós que esta zona será uma zona potencial”.

É de se salientar, ademais, o significativo avanço em termos de aplicação da tecnologia no

sector. O valor adicionado por trabalhador no produto agrícola evoluiu, de pouco mais de US$ 100

em 1999, para aproximadamente US$ 175 em 2004 – imediatamente após o fim dos conflitos

internos – e quase dobrou deste ano até 2009, quando passou de US$ 310 por trabalhador, como

mostra o Gráfico 1.8. a seguir59.

Gráfico 1.8. Angola – valor adicionado por trabalhador na agricultura (em US$/trabalhador)

FONTE: FAOSTAT, op. cit.

Observa-se, entretanto, que o processamento da produção é bastante restrito, como pode ser

visualizado no Quadro 1.13. a seguir.

Quadro 1.13. Angola – Produção de produtos vegetais derivados (em toneladas)

FONTE: FAO countrystat, op.cit.

A despeito da sua rápida evolução, o sector agrícola ainda é incapaz de atender às

necessidades do País, fazendo com que as importações de alimentos sejam um forte dreno de

59 Cf. FAOSTAT, http://faostat.fao.org/site/666/default.aspx, dez. 2011, acessado em 01/03/2012.

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divisas. O Quadro 1.14 apresenta, para anos recentes, o volume importado e os gastos com divisas

de produtos alimentares.

Quadro 1.14. Angola – Importação segundo secções e capítulos do sistema harmonizado (em US$)

FONTE: INE – Estatísticas de Comércio Externo 2011.

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Os efectivos bovinos do país estão estimados em mais de três milhões de cabeças de gado,

estando a maior parte delas em mãos dos criadores tradicionais (em especial nas províncias da Huíla

e do Cunene), seguindo-se em importância os gados caprinos, ovino e suíno. O Quadro 1.15. mostra

o rebanho angolano. Nele, observa-se que apenas suínos e galináceos apresentaram ganho de monta

na série apresentada, o que demonstra o grande potencial de desenvolvimento da pecuária no país.

Quadro 1.15. Angola – Número de animais vivos

FONTE: FAO Countrystat, op. cit.

As estatísticas disponíveis permitem uma inferência, “por indução”, do grau de informalidade

do sector em Angola. A mera comparação dos rebanhos de bovino e de galináceos (ver as estatísticas

de abate no Quadro 1.16. abaixo) apresentam taxas de desfrute de, respectivamente, 1,18% e 43%,

evidentemente irreais. Assume-se assim que o abate dos animais se dá em mercado altamente

informal, não capturado pelas estatísticas oficiais60.

Quadro 1.16. Angola – Número de animais abatidos

FONTE: FAO Countrystat, op. cit.

Por outro lado, a tecnificação da pecuária bovina de Angola pode melhorar, como se pode

concluir da afirmação de Paulo Wime61: “A nível pecuário, a nossa raça (bovina) é muito pequena e

não produz muita carne. O nosso gado não pesa mais de 200 kg, ao passo que o cruzamento

melhora a qualidade e a quantidade de carne”. Note-se que esta preocupação é contemplada no PAC,

60 Obs. Os dados publicados pela FAO apresentam, como FONTE primária de informações, o Ministério da Agricultura de Angola. 61 WIME, Paulo – op. cit.

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na medida em que a bovinicultura tecnificada – principalmente a partir da introdução de matrizes e

reprodutores de especificações mais produtivas – é uma das actividades analisadas como passíveis de

introdução a partir do Pólo, conforme descrito no Capítulo 2 – Pólo Agro-industrial de Capanda PAC,

desse Master Plan (Plano Director).

Segundo os dados disponíveis, estes rebanhos geram, para consumo final, os quantitativos de

carne, leite e ovos apresentados nos Quadros 1.17. a 1.19. a seguir.

Quadro 1.17. Angola – produção de carne (em toneladas)

FONTE: FAO Countrystat, op. cit.

Quadro 1.18. Angola – Produção de leite (em toneladas)

FONTE: FAO Countrystat, op. cit.

Quadro 1.19. Angola – Produção de ovos (em toneladas)

FONTE: FAO Countrystat, op. cit.

Importante comentário relativo à produção e consumo de ovos, elemento básico de uma dieta

balanceada: “Em 2010, Angola produziu 400.000 ovos por dia e importou 1,1 milhões. Ou seja,

apenas produzimos 27% das necessidades de consumo de ovos. O objectivo do Governo é triplicar a

produção até 2015. O consumo, por sua vez, está abaixo da média internacional. Em Angola, cada

pessoa consome 1 kg de ovos por ano, a média mundial é de 8,6 kg e a africana, 2,2 kg62”.

62 CONTREIRAS, Licínio (Assessor do Ministro da Economia): Ovos – produção abaixo da média. EXAME ANGOLA, Mar/2012.

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Outro aspecto importante associado à tecnificação da agro-pecuária de Angola vem da

disponibilidade de inputs (insumos), notadamente fertilizantes e calcário. No Tópico 1.3.2 Indústria –

este aspecto, crucial para o desenvolvimento agrícola do País, é tratado.

A costa marítima angolana estende-se por 1.650 quilómetros e figura entre as mais ricas em

pescado do continente africano. Até 1972, Angola foi o primeiro produtor mundial de farinha de

peixe, estando hoje paralisadas todas as fábricas especializadas neste tipo de produto. No país

existem três sectores de pesca: industrial, semi-industrial e artesanal. Dada a abundância dos seus

recursos hidrográficos, a pesca é praticada em quase toda a extensão do território, constituindo uma

actividade complementar à agricultura. A produção de pescado está concentrada na zona Sul, nas

províncias do Kwanza-Sul, Benguela e Namibe. A zona Norte (Cabinda, Zaire, Bengo e Luanda) detém

produções pesqueiras muito aquém das potencialidades das suas costas marítimas e da procura dos

mercados locais e dos países vizinhos. Recentemente, foram interrompidas as negociações de

concessões pesqueiras com a União Europeia e promovidas medidas de fomento do empresariado

nacional (incluindo parcerias com operadores estrangeiros) para o sector.

Em termos de evolução da agricultura, os resultados obtidos não destoam do cenário geral de

rápida expansão económica. A agro-pecuária, visando retomar a posição que Angola detinha antes da

guerra civil como grande produtor, principalmente no que respeita à segurança alimentar e à

substituição de importações de alimentos são claras as prioridades do Executivo central. Neste

sentido, Angola vai avançar com uma nova estratégia de desenvolvimento da agricultura, usando

recursos da exploração petrolífera, entre outros, para aumentar a contribuição do sector primário

para a criação de riqueza e emprego no país63. A iniciativa decorre da identificação da necessidade de

um esforço do Estado para valorizar o sector agrícola e agro-industrial com a aplicação de recursos

petrolíferos. O Governo tem como objectivo que o sector primário volte a ter a importância passada

no panorama da economia angolana. O impulso da agricultura é visto também como de importância

estratégica para compensar a futura diminuição das reservas de petróleo.

O fortalecimento do sector é também visto como uma via para atacar problemas sociais e

económicos como o desemprego e satisfazer necessidades básicas da população, garantindo a

segurança alimentar e uma distribuição mais equitativa da riqueza do país, bem como substituir

importações e poupar divisas para o País.

63 Cf. ANGOP – Angola Press, 03/10/2011.

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Igualmente importante, são as cooperações internacionais para o desenvolvimento do sector

agrícola, principalmente quando os componentes são de transferência de tecnologia e treinamento.

Essas cooperações, com ênfases nesses componentes, possibilitam acelerar e ganhar etapas,

maximizando recursos, já que as tecnologias estão validadas, necessitando de pouco tempo para

adaptá-las às condições dos locais de onde serão implantadas. Estas premissas são potencializadas

quando as tecnologias são desenvolvidas para a agricultura onde as condições edafo-climáticas são

similares às de Angola.

Diante disso, o acordo de cooperação técnica firmado entre o Executivo de Angola e a

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA em 23/11/201164 é um instrumento de

grande importância do sector agro-produtivo no cenário do País, devido a que EMBRAPA é uma

referência mundial no desenvolvimento de tecnologia para a agricultura tropical. O projecto faz parte

de um programa do governo angolano para incrementar a pesquisa agro-pecuária e melhorar os

níveis e a qualidade da produção no país. A iniciativa prevê o investimento de US$ 1,27 milhão pelo

MINADERP e US$ 770 mil da EMBRAPA, a título de horas técnicas dos seus pesquisadores.

Com a duração de dois anos, a proposta irá actuar em três frentes: pesquisa, institucional e

infra-estruturas. A primeira pretende melhorar o planeamento e a execução dos projectos de

pesquisa. Para isso, a EMBRAPA vai propor um novo modelo de inovação, que irá definir também a

estrutura jurídica, administrativa e financeira do Sistema Nacional de Investigação Agrária de Angola

– SNIA. A implantação de um novo modelo institucional, com planeamento participativo e gestão

integrada, é a finalidade do segundo componente do projecto. Nele estão previstas actividades de

melhoria da gestão e capacitação dos recursos humanos. O terceiro componente trata da melhoria

das infra-estruturas, que prevê a elaboração de projectos para a criação de quatro centros de

pesquisa, com equipamentos e recursos humanos. O modelo a ser seguido baseia-se nas “Unidades

Ecorregionais” da EMBRAPA, que tem como foco de pesquisa os diversos biomas do País. Ao final do

projecto, está prevista a assinatura de mais dois acordos de cooperação, para a construção dos

quatro centros de pesquisa em Angola.

Igualmente importantes são os outros acordos de cooperação bilaterais, com Portugal, China,

Cuba, Brasil, entre vários outros, aportando apoio institucional, técnico e financeiro. Efeitos positivos

dos mesmos para Angola acham-se descritos ao longo deste Master Plan (Plano Director).

64 EXECUTIVO DE ANGOLA: Estratégia nacional de segurança alimentar e nutricional. Luanda, 2009.

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No que diz respeito à segurança alimentar, o principal instrumento em elaboração é a

Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (ENSAN), instrumentada pelo Plano de

Acção de Segurança Alimentar e Nutricional (PASAN), em gestação pelo Governo65. Esta estratégia

tem enquadramento no Programa Estratégico de Desenvolvimento de Longo Prazo (PEDLP-2025) e

no seu Plano de Desenvolvimento a Médio Prazo 2009-2013 bem como nas várias políticas sectoriais.

O PASAN faz parte desta estratégia e nele se descrevem as acções e o quadro institucional

que irão orientar os diferentes sectores do governo na sua implementação. Os seguintes objectivos

específicos constituem a base das acções a desenvolver:

Objectivo 1 – Aumentar e diversificar a produção agro-pecuária e pesqueira de forma sustentável

para melhorar os níveis de abastecimento alimentar da população e as suas

condições de vida.

Objectivo 2 – Garantir a disponibilidade, a estabilidade e sustentabilidade da oferta de produtos

alimentares, favorecendo a interligação entre as zonas com excedentes e as de maior

poder de consumo de modo a restaurar o mercado interno.

Objectivo 3 – Melhorar as condições de acesso aos alimentos através de garantias de protecção

social, principalmente para os grupos mais desfavorecidos.

Objectivo 4 – Diminuir os níveis de desnutrição da população através da melhoria das condições de

acesso à alimentação, aos serviços primários de saúde, educação e saneamento

básico.

Objectivo 5 – Garantir a segurança sanitária, a qualidade dos alimentos e da água para consumo

com vista à protecção da saúde pública e do consumidor.

Objectivo 6 – Criar e implementar sistemas nacionais e locais de alerta rápido, sistemas de

monitoria da segurança alimentar e nutricional, bem como mecanismos de

comunicação e informação às famílias.

Objectivo 7 – Criar uma plataforma Inter-sectorial de coordenação das políticas e acções em

matéria de segurança alimentar e nutricional com participação da sociedade civil.

O PASAN refere-se a um conjunto de intervenções que directa ou indirectamente permitem a

promoção de actividades que vão desde a produção alimentar, funcionamento do mercado,

informação sobre a oscilação dos preços e stocks, armazenamento dos alimentos, estradas, uso e

65ESTEVES, Marcos: EMBRAPA assina acordo de cooperação técnica com o Executivo de Angola. EMBRAPA, Secretaria de Comunicação, 23/11/2011.

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utilização dos alimentos, o acesso aos rendimentos monetários, aos serviços básicos de saúde,

priorizando a atenção para a saúde materno-infantil e de educação.

O PAC posiciona-se como perfeitamente compatível com os objectivos colimados pelo PASAN,

na medida em que a sua acção dinamizadora numa região em franco desenvolvimento da agro-

pecuária coincide plenamente com os mesmos. A avaliação dessa contribuição é apresentada no

Capítulo 8. Impacto Macroeconómico do PAC, deste Master Plan (Plano Director), onde é tratado o

impacto social dele esperado.

Para a implementação do PASAN contribuem o sector público através de diversos Ministérios,

instituições públicas, sector privado, sociedade civil, parceiros de cooperação, entre outros. A inter-

sectorialidade e a transversalidade da ENSAN passarão pela criação do Conselho Nacional de

Segurança Alimentar e Nutricional (CONSAN) e da Rede Nacional de Segurança Alimentar e

Nutricional (RNSAN) como órgãos de planificação e assessoria. O tema é abordado pelo Vice-Ministro

do Comércio, Archer Mangueira66: “Estamos perante um paradoxo. Por um lado, importa-se para

abastecer as populações em produtos alimentares maioritariamente através do circuito formal e, por

outro, a rede comercial formal não escoa regularmente os excedentes comerciais das explorações

agrícolas familiares”. A inexistência de redes de distribuição com implantação em todo o país, capazes

de assegurar a eficiência necessária aos operadores comerciais, faz com que estes tenham

preferência pelo mercado externo, concretamente o recurso às importações. Parte da solução é

esperada através do Programa de Promoção do Comércio Rural – PPCR, que tem como objectivos

específicos a existência de um sistema de compra dos excedentes de produção das explorações

agrícolas familiares e, consequentemente, o seu fornecimento aos consumidores, à indústria nacional

e à exportação. O Programa planeia a aplicação de US$ 664,7 mil atendendo 1,5 milhões de

explorações em 2011.

Em complementação às acções do Executivo de Angola, várias entidades multinacionais têm

prestado apoio técnico à recuperação da agricultura do país, tais como a FAO (segurança alimentar,

sanidade agrícola e pecuária e capacitação de pessoal)67, Banco Mundial (Projecto orientado para o

mercado para pequenos produtores rurais)68; Banco Africano de Desenvolvimento (Projecto de

66 MANGUEIRA, Archer – Vice-ministro do Comércio: Sector alimentar. Distribuição moderna na consolidação do tecido agrícola e industrial. REVISTA EXPANSÃO, 19/12/2011. 67 Cf. http://www.fao.org/countries/55528/en/ago/, acessado em 20/11/2011. 68 Cf. http://web.worldbank.org/external/projects/main?pagePK=64283627&piPK=73230&the SitePK=40941&menuPK=228424&Projectid=P093699//, acessado em 20/11/2011.

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desenvolvimento rural Bom Jesus – Calenga, Projecto de desenvolvimento de pesca artesanal, Apoio

ao sector ambiental)69.

Finalmente, há que se registar a grande ocorrência de investimentos privados em projectos de

desenvolvimento agro-pecuário, como o aqui tratado. A importância social do sector pode ser

retratada pelos seus números. Na safra 2010/2011, o campo empregou 558.885 camponeses e

222.999 cooperativistas, numa área de 1.253.695 ha de terras preparadas. A UNACA – Confederação

das Associações de Camponeses e Cooperativas Agro-pecuárias de Angola – é integrada por 8.302

associações de camponeses e 2.043 cooperativas. (Cf. ANGOP). Segundo o Ministro Afonso Pedro

Canga, Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, “os índices de pobreza do país

baixaram de 68% em 2002 para 36,6% em 2010, como foi referido no Inquérito Integrado sobre o

Bem-estar da População IBEP”. Definiu como prioridades do sector: criação e fomento das pequenas

e micro empresas, agricultura familiar, comércio rural, comercialização de produtos agro-pecuários.

1.3.2. Indústria70

Desde a década de 1960, quando se iniciou o processo de independência dos países africanos

em relação às suas metrópoles europeias, a industrialização é matéria recorrente nas suas políticas

nacionais71. Desde então vários planos e programas foram apresentados, mas embora essas políticas

tivessem certamente a intenção de apresentar efeitos estruturais, a visão generalizada é que elas não

resultaram numa aceleração da industrialização da região.

Várias foram as tentativas regionais de aceleração do processo, tais como o New Partnership

for Africa’s Development (NEPAD), adoptado por líderes africanos em 2001; o Plan of Action for the

Accelerated Industrial Development of Africa (AIDA) em Fevereiro de 2008; o Lagos Plan of Action

(1980), o Abuja Treaty establishing the African Economic Community, adoptado em 1991, e o Alliance

for Africa’s Industrialization (1996), que inclusive ressaltava a necessidade de diversificação e

transformação económica como veículo crítico para que a África restaurasse a sua auto confiança.

Segundo o estudo, embora falhas de políticas e choques externos tenham contribuído para

uma performance industrial insatisfatória, factores estruturais também tiveram um importante papel e

têm de ser encarados para aumentar a probabilidade de sucesso nas próximas etapas do processo. 69 Cf. http://www.afdb.org/en/projects-and-operations/project-portfolio/project/p-a/o-cz0-001// acessado em 20/11/2011 70 Cf. http://www.angola.org.jp/index.php/about_angola/geography// (2004), acessado em 20/11/2011. 71 Cf. Economic development in Africa – Report 2011: Fostering industrial development in Africa in the new global environment. United Nations Industrial Development Organization – UNIDO; United Nations Conference on Trade and Development – UNCTAD. United Nations, 2012.

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Dentre eles, destacam-se as infra-estruturas deficiente, escasso capital humano, pequenez dos

mercados domésticos e baixa qualificação empresarial.

De particular interesse para este Master Plan (Plano Director) é a conclusão de que um

eventual conflito de prioridades entre agricultura e indústria deve ser evitado: “a experiência de

industrialização na África mostrou que promover a indústria através da discriminação contra a

agricultura vai, em última instância, levar tanto a agricultura quanto a indústria à estagnação, com

sérias consequências para o crescimento e redução da pobreza”. Mais ainda, e plenamente

consistente com o conceito de integração vertical da produção proposta pelo PAC, o Relatório sugere

que “os países africanos devem dar prioridade à criação ou desenvolvimento de conexões (linkages,

no original) na economia doméstica para assegurar que a promoção do desenvolvimento industrial

gere benefícios externos positivos em outros sectores da economia. Por exemplo, a promoção de

agro-indústrias é uma forma de desenvolver conexões domésticas entre o sector industrial e

agrícola”.

Em Angola, o sector industrial foi dos mais severamente afectados pelos anos de guerra. No

país a actividade industrial quase não se faz sentir e quando existe é, sobretudo, a pequena indústria

que mais sobressai. Os principais bens por ela produzidos servem maioritariamente para o consumo

local. A produção industrial está concentrada nos subsectores de alimentação – principalmente

processamento de pescado, processamento de alimentos, tabaco, açúcar e bebidas – cimento,

alguma metalurgia, têxteis e reparos navais. Os subsectores que demonstraram tendências de

recuperação (ou até de renascimento) mais dinâmicas foram os de alimentação e bebidas, dos

minerais não metálicos, do cimento, do tabaco e dos têxteis. O subsector que mais decresceu foi o

dos metais comuns.

O desenvolvimento deste sector está muito dependente de factores relacionados com a

existência e reabilitação das infra-estruturas, particularmente energéticas e de circulação rodoviária,

ferroviária e fluvial. Ademais, a escassez de matérias-primas e estruturas de comercialização tornam

ainda mais complexa essa retomada principalmente das agro-indústrias. Nas palavras de António

Conceição, economista e docente universitário: “Entender a indústria apenas como um modelo

fornecedor de produtos transformados, desconectada dos outros momentos de produção básica, não

cabe mais. É imperativo adquirir a visão sistémica de produção, transformação e comercialização,

buscar eficácia, de forma a favorecer a relação custo/benefício e permanecer competitivo”.

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A resposta do Executivo deu-se através da criação de infra-estruturas fabris diversas, como a

Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo, onde, em 2011, foram inauguradas oito unidades

fabris ou o Pólo de Desenvolvimento Industrial de Viana (Luanda), entre outros72. Além das unidades

inauguradas, o projecto prevê a construção de 73 fábricas e outros espaços de infra-estruturas.

Também em desenvolvimento, podemos mencionar os Pólos de Catumbela (Benguela), Fútila

(Cabinda) e Lucala (Kwanza Norte). O artigo menciona que o Ministro da Indústria, Joaquim David,

faz um balanço do comportamento do sector, afirmando que os governos provinciais e o

empresariado promoveram a preparação de 492 novos projectos industriais e respectivos estudos de

viabilidade técnica e económica, dos quais 105 já foram analisados e aprovados pela banca para

consequente financiamento, revertendo assim a tendência inferior às expectativas do Plano de Médio

Prazo 2009-2013, do Programa Executivo do Desenvolvimento do ramo industrial.

A indústria transformadora registou um crescimento médio positivo de 12,2% durante o

período 2002 a 2011, tendo contribuído para esta taxa média anual a indústria alimentar (12%), de

bebidas (15%), de embalagens (6%), química (11%), de minerais não metálicos (7%) e de produtos

metálicos (10%). Como informação complementar, informa o Report 2011 da UNIDO/UNCTAD (op.

cit.) que o valor adicionado per capita no sector manufactureiro evoluiu de US$ 26 em 1990 para US$

66 em 2010, num crescimento anual de 4,8%.

Em termos de localização dos investimentos industriais em Angola, Luanda lidera com cerca

de 61%, seguida do Kwanza Sul e Benguela com aproximadamente 14% e 9%, respectivamente73.

Para contrariar esta concentração, a qual também resulta das actuais debilidades das redes viárias do

país e em face do objectivo de diversificação e descentralização da produção nacional, o Secretário

garante que o Executivo está a apostar em deslocar o desenvolvimento para as regiões do interior,

em particular através da construção de pólos ou condomínios industriais. Prossegue o Secretário:

“além da indústria de construção civil, é também prioritária a alimentar, como uma forma de combate

à pobreza e garantia da segurança alimentar das populações. Devemos também instalar fábricas de

equipamentos de apoio à agricultura”.

O Secretário afirma ainda74 que “as políticas de aceleração do programa de industrialização do

país passam pela construção de pólos de desenvolvimento industrial nas 18 Províncias”. Segundo o

Secretário, no país já estão identificados 11 pontos para implementação de pólos de desenvolvimento 72 Cf. VEMBA, Sebastião: Indústria: crescimento abaixo das expectativas. Revista Economia & Mercado, Fevereiro 2012. 73 Cf. Entrevista com Kiala Gabriel, Secretário de Estado para a Indústria. Revista Economia & Mercado, Fevereiro 2012. 74 GABRIEL, Kiala: Governo aposta em pólos industriais para acelerar crescimento. Pronunciamento nas XV Jornadas Técnico-Científicas da Fundação Eduardo dos Santos (FESA). ANGOP, 20/09/2011, acessado em 15/11/2011.

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industrial, o que considerou uma oportunidade de negócios no quadro da Lei das Parcerias Público-

Privadas (PPP).

O estado actual do Pólo de Viana (Luanda) é de funcionamento das primeiras unidades fabris

na sua Zona Económica Especial, enquanto o de Catumbela (Benguela) já tem esgotada a ocupação

dos espaços destinados à 1a fase do Projecto. Já em relação aos Pólos industriais de Futila (Cabinda),

Lucala (Kwanza Norte), Caála (Huambo), Matala (Huíla), Cacuaco (Luanda) e o da região do Icolo e

Bengo (Bengo), estes esperam por financiamento para o arranque da construção.

É clara a preocupação do Executivo para com a recuperação do sector industrial do País.

Assim é que, paralelamente ao esforço de recomposição da estrutura viária destruída e a sua

expansão conforme se relata no Tópico 1.3.5. deste documento – condição sine qua non para a sua

implementação – importantes instrumentos de ordenamento jurídico e Planos e Programas

específicos (ver Capítulo 9. Quadro Legal e Políticas Públicas de Interesse do PAC) integram o

cardápio de apoio ao sector.

Dado o perfil do país, é de grande importância para o desenvolvimento da economia em geral

e do sector industrial em particular a implantação das micro, pequenas e médias empresas – embrião

de organizações de maior porte. Este é um aspecto também contemplado na legislação recente,

através da Lei das Micro, Pequenas e Médias empresas (ver Capítulo 9. Ordenamento Jurídico, Planos

e Programas de Interesse do Master Plan (Plano Director), procurando fomentar novos

empreendimentos e, em particular, beneficiando o empreendedorismo no país.

No que diz respeito ao empreendedorismo, um grande esforço de compreensão da realidade

angolana foi desenvolvido pelo Projecto GEM Angola 200875, complementado pela tese de pós-

doutoramento de Fausto Simões76. Note-se que, segundo o Projecto GEM, Angola encontra-se em

quinto lugar no grupo de países em desenvolvimento com uma taxa de 31,9% em 2010 (contra

22,7% em 2008). Nas análises efectuadas, os principais problemas identificados são nos segmentos

de apoio financeiro, de educação e formação, de transferência de investigação e desenvolvimento

(I&D) e de cadeias logísticas, este talvez a razão de outro problema, apontado por Simões, que os

empreendedores estão exclusivamente virados para um raio de acção local. Por outro lado, o ponto

75 GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR – Projecto GEM Angola 2008, Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica Angolana e a Sociedade Portuguesa de Inovação, com o apoio do Banco de Fomento de Angola. http://www.gemconsortium.org/, acessado em 01/03/2012. 76 SIMÕES, Fausto – Decano da faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto: Temos um longo caminho a percorrer em matéria de empreendedorismo. Expansão, 27/01/2012.

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forte é o facto de os empreendedores angolanos desempenharem maioritariamente as suas

actividades de forma a recuperarem rapidamente o capital investido, o que através de um processo

de reinvestimento permite o crescimento rápido do projecto. A consequência mais importante dos

problemas mencionados – ou seja, o ponto fraco do empreendedorismo – é a muito elevada taxa de

mortalidade. Segundo Simões, 85% dos negócios criados morrem em menos de três meses.

Entretanto, de particular interesse para este Master Plan (Plano Director), além dos efeitos

“para a frente” do complexo de agribusiness – as agro-indústrias – há que se considerar os efeitos

“para trás”, ou seja, a produção de inputs (insumos) para a agricultura. No que toca aos produtos de

elaboração mais sofisticada, como na indústria química, como defensivos, complementos de rações,

etc., e na metalo-mecânica, como tractores e demais equipamentos e implementos, não há

informações com relação a grandes investimentos em curso ou programados. Entretanto, no que

tange aos inputs (insumos) menos elaborados, porém de interesse directo do PAC – notadamente,

calcário e fertilizantes – as perspectivas diferem. Calcário, em particular, é encontrado em quase todo

território angolano, e o seu processamento implica investimentos de pequeno porte – pelo que, não

apresenta qualquer obstáculo ao desenvolvimento agrícola. Especificamente no que concerne ao PAC,

o Tópico 1.3.4. apresenta a localização de jazidas promissoras para processamento e utilização pelo

Projecto.

No que respeita a fertilizantes, vários empreendimentos acham-se em desenvolvimento. Um

mil milhão de dólares norte-americanos deverão ser investidos em breve na construção de uma

fábrica de exploração e transformação de fosfato na bacia de Lucunga, província do Zaire, pela

empresa de direito angolano "Vale Fértil Ltda.", do grupo LR, de Israel77. De acordo com o

representante da referida empresa, Victor Amorim Guerra, estudos de prospecção em curso apontam

para a existência de reservas mínimas avaliadas em 180 milhões de toneladas consideradas

economicamente viáveis para a implementação do projecto. O responsável disse que o valor a

investir será repartido em US$ 60 milhões para a exploração do fosfato e outros US$ 940 milhões que

serão aplicados na instalação de fábricas de transformação deste minério em amoníaco e na

construção de um porto marítimo específico para o transporte de inertes.

Outra unidade de produção de adubo, no município do Longonjo, a 64 quilómetros da cidade

do Huambo, começa a produzir de forma experimental em Março deste ano78. O facto foi mencionado

77 Zaire: Projecto de exploração de fosfato avaliado em um bilhão de dólares. ANGOP, 30-04-2012, acessado em 01/05/2012. 78 Huambo: Fábrica de adubo começa a produzir em Março. ANGOP, 10-02-2012, acessado em 01/05/2012.

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pelo gerente da fábrica, Zacarias Gabriel João Sapato, tendo afirmado que os trabalhos da primeira

fase encontram-se já no fim e que os primeiros testes de produção iniciam em Março. "Posso agora

dizer com mais optimismo que no próximo mês teremos a fábrica pronta, com as máquinas instaladas

e prontas para fazerem os primeiros testes”, sublinhou. A unidade fabril terá como actividade

principal a produção de adubo que será comercializado não só aos camponeses desta circunscrição,

mas também para outras províncias circunvizinhas. Não foi revelada a capacidade instalada.

Ainda numa outra perspectiva79, tem-se que US$ 17,5 milhões vão ser investidos, este ano,

pela Empresa de Fertilizantes do Lubango, na construção de uma fábrica na cidade do Lubango,

província da Huíla. A informação foi dada pelo presidente da firma, Jorge Pinto. Com capacidade para

produzir 4.000t de fertilizantes diversos/mês, adiantou que a fábrica vai, numa primeira fase,

consumir US$ 8,5 milhões na aquisição de equipamentos, máquinas e produtos químicos. A empresa

possui outros projectos similares no interior da Huíla e nas províncias do Huambo, Benguela e Bié.

Todas essas informações convergem para a análise de viabilidade das actividades previstas

para desenvolvimento no PAC, que serão detalhadas no Capítulo 7. Potencial do Agronegócio no PAC

deste Master Plan (Plano Director).

79 Huíla: Empresa de fertilizantes investe mais de USD 17 milhões em nova fábrica. ANGOP, 07/10/2009, acessado em 01/05/2012.

 

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1.3.3. Petróleo

Os principais produtos minerais de Angola são o petróleo, diamantes, minério de ferro,

fosfatos, feldspato, bauxita, urânio e ouro. Face à importância do petróleo para a economia angolana,

há que se produzir alguns comentários sobre as perspectivas futuras do produto, na medida em que

o mesmo se coloca como estratégico para o prosseguimento das políticas públicas do país e,

consequentemente, para o seu desenvolvimento económico e social em geral. Dada a muito grande

participação do petróleo na formação do PIB angolano – quase 50%, situando o país como 17o maior

produtor mundial e 13o maior exportador, bem como respondendo por cerca de 90% da receita

cambial do país, todas as variáveis macroeconómicas dependem, em alguma medida, da evolução do

mercado e dos preços internacionais do produto, além da produção doméstica.

Uma primeira visão do contexto mundial pode ser visualizada a partir da análise do Professor

Aklett80: “Entre 1945 e 1970 a Suécia multiplicou o seu consumo de energia por cinco, ou seja,

cresceu a cerca de 7% ao ano durante 25 anos. A era do petróleo transformou a Suécia de um país

um tanto pobre no terceiro país mais rico do mundo em renda per capita. Hoje a China é um país em

desenvolvimento cujo crescimento médio foi, nos últimos cinco anos, de 8,2%, ao passo que o

crescimento do consumo de petróleo foi de 8,4% a.a. (…) Segundo o professor Pang Xiongqi, da

Universidade do Petróleo de Beijing, a produção chinesa deverá ser mantida nos níveis actuais até

2009 e em seguida começar a decrescer. Uma vez que a China importa cerca de três milhões de

barris por dia, terá que aumentar as suas importações em cerca de 100% nos próximos cinco anos”.

Desde 2001, ano de fundação da sua Associação, o autor tenta demonstrar que será um

problema disponibilizar petróleo para o mundo enquanto cresce a sua procura. O ano de máxima

produção, segundo a Conferência de Upsala de 2002, teria sido em 2010, principalmente em função

dos campos de águas profundas. Segundo o autor, será antes de 2020.

80. ALEKLETT, Kjell – Professor de física da Universidade de Uppsala, Suécia, e presidente da Association for Study of Peak Oil and Gas (ASPO): Petróleo. Um futuro incerto. Upsala, Suécia, 2009.

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Gráfico 1.9. Petróleo – Descobrimentos e seu consumo

FONTE: ALEKLETT, Kjell, op. cit.

Do ponto de vista da oferta mundial, as perspectivas são de se comportar como se segue:

Gráfico 1.10. Petróleo – Previsão de evolução da produção (em milhões de barris/dia)

FONTE: World Energy Outlook 2010.

Ainda segundo a Agência Internacional de Energia (AIE) no seu cenário de base, a previsão é

que, em 2030, a demanda mundial será de 121 mil milhões de barris/ano, o que exigirá aumentar a

produção em 37 milhões de barris/dia durante os próximos 25 anos, dos quais 25 milhões de

barris/dia deverão sair de campos que ainda estão por ser descobertos. Apenas como referência, isto

significa encontrar quatro campos do tamanho do Mar do Norte.

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Nas projecções do International Energy Outlook 2010, o consumo mundial total de energia

comercializada é projectado para crescer 44% entre 2006 e 2030, sendo que o crescimento maior

será nas economias fora da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE),

cujo consumo deverá crescer 73%, comparados com 15% dos países da OCDE em função do

crescimento destas economias – previsto em 4.9% ao ano, contra 2.2% da OCDE. As projecções são

apresentadas no Gráfico 1.11, a seguir.

Gráfico 1.11. Mundo – Consumo projectado de energia OECD, em 100.000 BTU

FONTE: Energy Information Administration (EIA), World Energy Projections, 2010.

Nota: EIA em inglês é o mesmo AIE em português.

O consumo total seria, então, até 2035:

Gráfico 1.12. Mundo – Consumo projectado de energia total, em 100.000 de BTU

FONTE: Energy Information Administration, World Energy Projections, 2010.

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Mesmo com as discussões no contexto ambiental que estão actualmente pautadas, as

projecções não prevêem uma mudança de grande porte no “mix” de provedores de energia, como se

vê no gráfico a seguir.

Gráfico 1.13. Mundo – “MIX” de combustíveis projectados, em 100.000 BTU

FONTE: Energy Information Administration, World Energy Projections, 2010.

No que se refere a preços, o estudo avalia três alternativas: preço alto, preço de referência e

preço baixo (gráfico seguinte).

Gráfico 1.14. Mundo – Previsão de preços do petróleo (em US$ por barril)

FONTE: Energy Information Administration, World Energy Projections, 2010.

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Por fim, em termos mundiais, há que se considerar o estudo do Banco Central Europeu81.

Embora o mercado apresentasse em 2008, ano de elaboração do estudo, características similares às

verificadas em fins dos anos 1970, quando os preços cresceram rapidamente, a análise conclui com a

expectativa de que não haja queda significativa de preços uma vez que não há perspectivas de

maiores mudanças nas taxas de crescimento do consumo, seja por redução, seja por substituição por

outros energéticos. Estas conclusões são perfeitamente consistentes com as alcançadas nos estudos

da Agencia Internacional de Energia.

Os factos, entretanto, desmentiram as previsões. O tipo Brent, extraído no mar do norte, foi

negociado em Março 2012 acima dos US$ 125/barril, sendo que nos últimos cinco anos o aumento

médio do Brent foi de 12,81% a.a82. Segundo estimativas de 36 especialistas consultados pela

agência de notícias Bloomberg, o Brent deverá terminar o ano de 2012 negociado acima dos US$

113. O consumo vai crescer mais que a produção de 87,4 milhões bpd (Barris de petróleo por dia)

contra 82,1 bpd, respectivamente, e a concentração das reservas mundiais no Oriente Médio – região

de permanentes conflitos, internos e externos – agrega uma significativa incerteza em qualquer

especulação de longo prazo.

Note-se que esta incerteza afecta directamente qualquer projecção de PIB que se elabore

para Angola, na medida em que, embora o petróleo esteja a perder peso neste indicador, ainda

responde por 45% do mesmo, bem como 95% das exportações. Tais inseguranças afectam

directamente as estimativas futuras de consumo de alimentos pela população, dificultando a

Avaliação do Impacto Macroeconómico do PAC que se apresentada no Capítulo 8. Impacto

Macroeconómico do PAC desse documento.

Angola tornou-se membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo OPEP em fins

de 2006 e em fins de 2007 foi contemplada com uma quota de produção de 1,9 milhões de barris dia

(bbl/day)83. O petróleo angolano está distribuído ao longo de três principais bacias sedimentares

costeiras: bacia do Congo, bacia do Kwanza e bacia do Namibe, que fazem parte da bacia marginal

do Atlântico Sul. Aproximadamente dois terços das actuais reservas de hidrocarbonetos de Angola,

estimadas para mais de 35 anos, encontram-se na costa marítima da província de Cabinda, estando o

restante disperso na plataforma continental adjacente às províncias do Zaire, Luanda, Benguela e

Namibe. As grandes descobertas em águas profundas a partir de 1993 incrementou a produção ao 81 KAUFMAN, Robert, P. Karadeloglou and Filipo di Mauro. Will oil prices decline over the long run? European Central Bank, Occasional Paper Series No 98, October 2008. 82 Cf. Angola petróleo: peso do petróleo decresce, enquanto a diversificação avança. Exame Angola, Abril 2012. 83 Cf. http://www.angola.or.jp/index.php/about_angola/geography - 2004, acessado em 05/03/2012.

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nível actual próximo de dois milhões de barris/dia. A eventual criação de um novo Pólo petrolífero ao

largo do Lobito, na província de Benguela, pode vir a transformar Angola num produtor ao nível da

Nigéria e com um peso equivalente ao dos Emirados Árabes Unidos na balança petrolífera mundial.

Actualmente, 63% da produção petrolífera de Angola é exportada para os EUA (representando

8% das importações americanas) e para outros mercados, nomeadamente europeus (França,

Portugal, etc.), asiáticos (China, Coreia do Sul, Filipinas, Índia e Japão) e africanos (países da SADC -

Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, conhecida por SADC, do seu nome em inglês,

Southern África Development Community). Alguns projectos em curso prevêem o aproveitamento do

gás natural em Cabinda e no Soyo, e a construção em Cabinda de um pólo petroquímico para a

conversão do gás natural em diesel e outros derivados e para a liquefacção do gás para exportação

(com mercados potenciais da América Latina). A isso há a acrescentar a nova refinaria em construção

no Lobito (província de Benguela).

Todo o petróleo de Angola é subordinado às decisões da Sonangol, a empresa estatal a operar

no petróleo84. A actividade de upstream exercida pela Sonangol compreende a concessão de

exploração de petróleo no território e na costa marítima angolanos, a prospecção e exploração de

petróleo bruto e num futuro próximo incluirá também a exploração das reservas nacionais de gás

natural. A Sonangol criou em 1992 a subsidiária Pesquisa & Produção (P&P), cujo objecto social é a

pesquisa e a exploração de hidrocarbonetos. Com o crescimento e ganho de experiência sobre a

indústria petrolífera pela P&P, o Grupo Sonangol criou duas novas empresas. A subsidiária Sonangol

SGPS, que tem como missão somente a perfuração de poços e a empresa participada Sonasing que

tem como estatuto social a prospecção e exploração de hidrocarbonetos e de gás natural.

Na área de exploração e produção, os objectivos principais da Sonangol para os próximos quatro

(4) anos são:

- Manter a média de produção do petróleo explorado em Angola em cerca de 2,0 milhões bpd;

- Tornar-se o fornecedor de 35% da compra de petróleo pelos Estados Unidos na região

Subsahariana e ser o principal fornecedor para a África Austral; e

- A partir de 2015 ser responsável por 30% da produção total de cru em Angola.

84 Cf http://www.sonangol.co.ao/wps/portal/epNew/atividades/upstream.

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Além da Sonangol, as principais empresas estrangeiras em actividade no sector em Angola são a

Chevron Corporation, Elf Oil, Texaco, Exxon Mobil, ENI-Agip, Petrobras e Britsh Petroleum. O Gráfico

1.15. a seguir apresenta a evolução da produção de petróleo em Angola no período 2001-200

Gráfico 1.15. Angola – Evolução da produção de petróleo no período de 2001 a 2009 (em milhões de barris/dia)

FONTE: http://www.indexmundi.com/g/g.aspx?c=ao&v=88&l=pt

Em números, a produção em milhões de barris por dia comportou-se conforme o Quadro 1.20.

a seguir.

Quadro 1.20. Angola – Evolução da produção de petróleo anos seleccionados (em milhões de barris por dia)

FONTE: http://www.indexmundi.com/g/g.aspx?c=ao&v=88&l=pt

A produção petrolífera de Angola deveria aumentar 16 por cento para 2,2 milhões de

barris/dia em 2011 na sequência de novas descobertas de petróleo, afirmou o Vice-Ministro dos

Petróleos de Angola. No decurso de uma conferência petrolífera, Aníbal Octávio da Silva disse que

vão ficar operacionais novos poços em águas muito profundas e revelou que vão ser concedidas

novas licenças de exploração. Ao final do ano, entretanto, a produção situou-se em torno de 1,66

Anos 2001 2004 2005 2008 2009

Produção (mil mbd) 0,74 0,98 1,60 1,91 1,95

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milhões de barris/dia85. Os lucros ascenderam a 3,3 mil milhões de dólares, fruto dos preços

internacionais.

O outro aspecto relevante do petróleo para o PAC é sua importância para a indústria de

fertilizantes. Note-se que o azoto, ou nitrogénio, derivado do GLP, é o ingrediente essencial na

formulação dos fertilizantes. Há informações que a Sonangol tem a intenção de produzir nitrogenados

para fertilizantes, porém o projecto ainda não foi implementado pelo tamanho reduzido do mercado

actual, o qual não comporta (ainda) uma escala mínima económica de produção.

1.3.4. Mineração86

Assim como o petróleo, a produção de diamantes em Angola é o elemento crucial para o seu

desenvolvimento, na medida em que responde por mais de 7% das exportações do país – e,

consequentemente, na entrada de divisas que permitem, via importações, o abastecimento interno

adequado. Por outro lado, outros jazias minerais já conhecidos devem contribuir tanto para a geração

de divisas quanto para a produção de inputs agrícolas, como comentado no Tópico 1.3.2 – Indústria.

Embora haja informações de diamantes exportados em Angola pelos portugueses desde o

século XVIII, a mineração moderna começou em 1912, quando pedras foram descobertas na região

de Luanda e exploradas de 1917 até 1977 pela Diamang, quando o controlo da companhia passou

para o Executivo de Angola. Em Abril de 1979 foi promulgada a Lei 5/79 que deu ao Estado o direito

exclusivo da prospecção e exploração de minerais. Em 1981 foi criada a Empresa Nacional de

Diamantes – Endiama, a qual adquiriu ao Governo 77% do controlo da Diamang. A Endiama abriu a

exploração mineira a companhias estrangeiras, usando acordos de partilha de produção similares aos

usados no sector petrolífero e, hoje, no sector das Obras Públicas e das Pescas. A nova legislação em

Angola sobre diamantes inclui o certificado de origem legal e estabelece que toda a compra e venda

de diamantes deve passar pela Sodiam, uma participada da Endiama em joint venture com

investidores estrangeiros e já com filiais instaladas nas América, Ásia, Médio Oriente e Europa.

As reservas de diamantes estão separadas em duas categorias: primárias (ou kimberlito) e

secundárias (ou aluvial). Os diamantes em bruto encontrados nos canais de kimberlito, ou próximo

destes, costumam exibir estruturas geométricas, enquanto os diamantes aluviais encontrados em

85 Cf. FARIA, Francisco de Lemos – Presidente do Conselho de Administração da SONANGOL: Produção desce, mas lucros sobem. Exame Angola, Fev./2012. 86 As informações constantes deste tópico são oriundas, principalmente, da Wikipédia, complementadas – quando citado – por FONTEs adicionais de informação.

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leitos sedimentares ou em rios são mais arredondados devido ao desgaste dos ângulos mais

acentuados. A acção da água também destruiu um elevado número de diamantes com impurezas

internas (inclusões) que não foram suficientemente fortes para resistir à exposição constante aos

elementos. Em resultado disso, os depósitos secundários aluviais produzem gemas de maior

qualidade, porque o arredondado dos ângulos permite uma maior retenção de peso durante o

polimento e a mais baixa porção de pedras com inclusões aumenta o seu valor de retalho.

A área com mais elevada concentração de diamantes encontra-se nas províncias das Lunda,

em particular no vale do Kwango, mas os canais de kimberlito estão espalhados por todo o país. A

produção de diamantes em Angola aumentou de oito milhões de quilates, em 2006, para 10 milhões

de quilates em 2008, devido à abertura de duas novas minas de kimberlito em 2006, o que fez

aumentar significativamente a produção de diamantes do país. A produção de diamantes aluvionares

em Angola atingiu, em 2010, um total de 1.119.305 quilates, ligeiramente inferior aos 1.958 mil de

2009, enquantoque os kimberlitos foram de 6.852 mil87. Artigo da revista Economia & Mercado88

aponta que o sector de geologia e minas registou um crescimento médio anual de 11,8%, numa taxa

média anual da produção de diamantes da ordem dos 2,5%. É mencionado que a produção anual de

diamantes em 2010 rondou os 8.360 mil quilates, em 2011 terá baixado para 8.32, gerando uma

receita de US$ 1,16 bilhões89, estando previsto que em 2012 chegue a 11.364 mil quilates.

É amplamente aceite que Angola pode ter alguns dos melhores depósitos de kimberlitos e de

diamantes aluviais a nível mundial. Por exemplo, a Mina Catoca é a 4ª maior mina de kimberlito do

mundo e produziu perto de quatro milhões de quilates em 2005. Apesar da menor qualidade dos

diamantes kimberlito, os canais de kimberlito permitem uma mineração mais rentável, ainda que

requeiram investimentos de capital substanciais. Angola tem mais de 600 canais de kimberlito

conhecidos, dos quais apenas alguns estão confirmados como comercialmente viáveis. Algumas

FONTEs estimam que as reservas de diamantes em depósitos aluviais ascendem a 40 milhões de

quilates, o que alguns geólogos consideram improvável. As estimativas de reservas de diamantes em

condutas de kimberlito variam, consoante as FONTEs, entre 50 milhões de quilates até 400 ou

mesmo 600 milhões de quilates, devido às novas descobertas.

A exploração de diamantes apresenta problemas ambientais. Os dois principais métodos de

exploração são o tubo de mineração (pipe minning) para a kimberlita e mineração aluvial, sendo o 87 Cf. MOISÉS, André – administrador da Endiama: http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/ noticias/economia/2011/8/38/Producao-diamantes-aluvionares-kimbelitos-atingiu-mais-milhao-quilates,de3e17e5-e6a1-42ce-b541-76b4257a3a83.html. 88 Cf. MAURÍCIO, José: Diamantes – a esperada ascensão depois da queda. Economia & Mercado, Janeiro 2012. 89 Endiama com receita de 1,16 mil milhões em 2011. Economia & Mercado, Fevereiro 2012.

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primeiro o de maior impacto. Especial cuidado ambiental foi tomado na mina de Catoca, onde se

supõe haver uma reserva de 60 milhões de quilates (12 toneladas). Em outras minas os cuidados

foram menos intensos. Como indicador da gravidade do problema, o dado usualmente adoptado é de

que a produção de um quilate de diamante implica na remoção de uma tonelada de terra. Na

mineração aluvial, o problema ambiental vem do desvio dos cursos de água de forma a criar secções

do rio onde seja mais fácil a minerar. Além dos depósitos afectarem a qualidade da água, é comum o

abandono das minas sem retornar o rio ao seu leito original, resultando sérios danos ambientais.

Nos anos recentes, o preço do diamante tem oscilado fortemente, com tendência de queda

em função de grandes minas abertas na Rússia e na China. Segundo Maurício (op. cit.) os preços

médios foram da ordem dos US$ 111 por quilate em 2010 e US$ 120 em 2011, havendo a

expectativa de atingir US$ 125 em 2012. O Executivo de Angola tem procurado atrair parceiros

internacionais para explorar jazidas em Bié, Malanje e Uíge.

O subsolo angolano é igualmente rico noutros minerais. A maioria das províncias angolanas,

inclusive Malanje, é detentora de um potencial mineiro expressivo. A avaliação deste potencial

mineiro ainda é incompleta, mas sabe-se, por exemplo, que as reservas de ferro estão estimadas em

mais de um bilhão de toneladas (Huila) e que as reservas de fosfato e potássio se elevam,

respectivamente, a 150 milhões e 20 milhões de toneladas (Cabinda e Zaire). Para além destas,

existem ainda em diversas províncias importantes reservas de minerais valiosos metálicos (ouro,

bauxita, cobre, cromo, manganês, molibdénio, zinco, urânio, etc.) e não metálicos (enxofre,

feldspato, mica, potássio, quartzo, etc.), pedras ornamentais (granito, mármores, etc.), e materiais

de construção (calcário, caulim, gesso, etc.).

O minério de ferro foi – de meados dos anos 1950 a meados dos 1980 – produzido nas

províncias de Malanje, Bié, Huambo e Huíla, atingindo uma média de 5,7 milhões de toneladas

anuais, sendo a produção interrompida em função da guerra civil. Após a independência, foi

estabelecida uma empresa estatal – a Empresa Nacional de Ferro de Angola – a Ferrangol, para

exploração, mineração, processamento e comercialização do minério. A Ferrangol é a concessionária

dos direitos mineiros dos jazigos de Kassinga (em Huíla, reservas já provadas cerca de 600 milhões

toneladas) e Kassala-Kitungo (em Kwanza Norte, reservas provadas com 300 milhões de toneladas de

minério de Ferro e cinco milhões de toneladas de Manganês). Ademais, na Huíla, há que citar as

reservas dos jazigos de Cateruca e o minério remanescente (Mussessa, Osse, Cassongue e Gombe),

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onde estudos revelam a existência de 30 afloramentos com reservas provadas com 4,2 mil milhões de

toneladas de minério de Ferro entre os 100 afloramentos conhecidos.

As empresas angolanas AMR e Ferrangol vão produzir, a partir de 2013, cerca de 3,0 milhões

de toneladas por ano de concentrado de ferro90, bem como consideram construir duas unidades

siderúrgicas na província da Huíla com uma produção conjunta de 400 mil toneladas por ano.

Há ainda que mencionar os Projectos Chipindo, na Huíla, para produção de ouro, e Projecto

de Prospecção MPopo, também na Huíla, de ouro, buscando parceria91. Existem também indícios de

minerais valiosos em Cabinda, Zaire, Benguela e Kwanza Sul. O Presidente afirma ainda que em

breve operadores estrangeiros poderão entrar no sector que, actualmente, apenas conta com

nacionais e direito nacional. Prossegue: “Há uma grande possibilidade de existência de vários tipos de

minerais em quase todas as províncias, mas é preciso realizar um amplo trabalho geológico contínuo

e de longo prazo”. Segundo o Director da FERRANGOL, “estamos mais dedicados ao ferro, ouro e ao

manganês porque anteriormente eram os minerais que já haviam sido prospectados, extraídos e

produzidos e porque há uma actual demanda ao nível do mercado internacional”. Ainda segundo

Diamantino Azevedo, “o conhecimento geológico que existe sobre o País, embora incipiente, indica a

probabilidade de existência de vários tipos de minerais em muitas províncias, mas é preciso realizar

um amplo trabalho de investigação geológica contínuo de longo prazo”. Com apenas 40% do

território do país examinado, Angola permanece um dos países menos explorados e ricos em minerais

em toda a África. The Economist descreve Angola como, “[Um] dos maiores - e menos desenvolvido -

achados de tesouro mineral”.

Desde a independência, a actividade mineira foi limitada aos diamantes e, numa menor

escala, à extracção do mármore e granito. Estes recursos naturais, conjugados com reformas

reguladoras, tornam o sector atraente para o investimento privado. O Governo concedeu uma

prioridade especial a diversos subsectores, com ênfase no desenvolvimento dos seus recursos na

área das pedras ornamentais, e desde 2001, o número de empresas extractivas que exploram este

recurso em Angola mais do que duplicou, passando de quatro (4) para dez (10). A produção mineira

de mármore e granito preto expandiu significativamente. As políticas fiscais foram reformadas para

fomentar o investimento privado no sector da mineração. De acordo com ANIP (Agência Nacional de

Investimento Privado), o Executivo oferece benefícios e incentivos fiscais generosos que incluem a

90 Cf. AZEVEDO, Diamantino – presidente da Ferrangol. http://www.macauhub.com.mo/pt/ 2011/10/14/empresas-angolanas-amr-e-ferrangol-vao-produzir-3-milhoes-de-toneladas-de-concentrado-de-ferro-por-ano/ 14/10/2011. 91 Entrevista com AZEVEDO, Diamantino. Mineração: Angola em busca dos minérios metálicos. EXPANSÃO – 06/04/2012.

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isenção dos direitos de importação sobre todo o equipamento mineiro e demais inputs (insumos)

quando esses materiais não estão disponíveis localmente. A tributação das empresas está limitada a

35% sobre os lucros líquidos, enquanto as taxas de direitos sobre pedras preciosas e metais estão

definidas em 5%.

De particular interesse deste Master Plan (Plano Director), é o facto de Angola dispor de

vastas reservas de calcário – elemento crucial à preparação do solo para a agricultura – disseminadas

em praticamente todo o país, inclusive na área do PAC conforme será mencionado no decorrer deste

Relatório. Igualmente, o país conta com jazidas de minerais básicos para a indústria de fertilizantes

(fósforo e potássio), sendo que estas se elevam, respectivamente, a 150 milhões e 20 milhões de

toneladas encontradas nas Províncias de Cabinda e Zaire92.

1.3.5. Transporte

Componente essencial da recuperação da economia de Angola, esse segmento adquire

particular importância na viabilidade do PAC, na medida em que o custo do transporte é dos mais

importantes componentes do custo final dos produtos agrícolas seja pela sua influência nos custos de

transferência dos inputs (insumos) para a produção, seja nos custos de logística para a colocação

final dos produtos.

É de se notar que, conforme o documento preparado para a segunda sessão da Conferência

dos Ministros Africanos dos Transportes (CAMT II), realizada entre 21 e 25 de Novembro de 2011 em

Luanda93, os custos de transporte na África continuam entre os mais caros do mundo,

comprometendo a competitividade dos produtos africanos nos mercados locais e internacionais. O

relatório aponta que estudos recentes indicam que o custo dos transportes como parte do valor das

exportações em África oscila entre 30 e 50%, podendo atingir até 75% nos países interiores, contra

uma média de 17% nos demais países em desenvolvimento.

Neste sector, as destruições provocadas pela guerra atingiram a quase totalidade do parque

de veículos pesados, 80% do parque ferroviário e 20% do parque de aeronaves. A maior parte das

rodovias ficou inoperante, e de cerca de 2.800 quilómetros de caminhos-de-ferro apenas 12%

continuou operacional. Deste modo, o Executivo elaborou uma Estratégia Nacional dos Transportes

em Angola para o período 2000-2015. Com o Programa de Recuperação de Rodovias destruídas 92 Economia – Recursos minerais. Página Oficial da República de Angola, http://visiteangola.com/recursosminerais.htm. Acessada em 10/02/2012. 93 www. Panapress.com/transporte-em –África-entre-os-mais-caros-do-mundo. Acessado em 05/-1/2012.

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durante o conflito armado, o Executivo fechou 2011 com 16.000 km de estradas pavimentadas e 300

km de arruamentos nas principais cidades do País94.

A Estratégia comporta, entre outras medidas, a construção de uma rede integrada de

transportes, a sua integração na rede dos países membros da SADC (Mapa de localização 1.3.,

abaixo) e, também, a introdução de figuras de parcerias públicas e privadas ou de privatizações, para

a comparticipação do sector privado nas infra-estruturas geridas pelo Estado.

Mapa 1.3. Localização da SADC no mundo

FONTE: SADC, sítio web oficial.

A intenção é relançar e modernizar o sistema de transportes em Angola, em termos de novas

infra-estruturas (incluindo terminais e portos secos), operações, regulamentação e instituições, de

modo que este possa servir de alavanca para expandir as actividades económicas e assegurar o

desenvolvimento sustentável em todo o país, no âmbito da reconstrução nacional.

Particular importância tem sido dada à recuperação dos caminhos-de-ferro. O Programa de

Recuperação das Ferrovias – Programa Angoferro – prevê um investimento total no sector da ordem

de US$ 4,0 mil milhões, parcialmente financiados pela Alemanha e China. Segundo Júlio Bango,

Director do Instituto Nacional dos Caminhos-de-Ferro (INCFA)95, “findo o processo de reabilitação das

linhas férreas do país, dar-se-á início à interconexão das linhas horizontais e verticais. A ligação a

94 Cf. Revista Rumo, Fev. 2012 95 BANGO, Júlio – Director do Instituto Nacional dos Caminhos-de-Ferro. Rede nacional ferroviária vai unir o País de norte a sul. Entrevista ao jornal Expansão, 10/02/2012.

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Zaire, Uíge e Cabinda constitui a próxima etapa do projecto que prevê ligar o norte ao sul e Benguela

ao interior”. Acrescenta: “Nenhum caminho-de-ferro do mundo sobrevive com o transporte de

passageiros, mas sim de mercadorias”. Note-se que esta é uma afirmação de extremo interesse para

este Master Plan (Plano Director): implica que, nas preocupações do Director, está a conversão do

sistema ferroviário na direcção do transporte de cargas, elemento estratégico para o escoamento da

produção prevista para o PAC.

Prossegue a entrevista: “o projecto de fazer cruzamento entre as diferentes linhas férreas

nacionais consta do estudo sobre a Rede Nacional Ferroviária onde, para além dessas linhas

horizontais, temos igualmente as verticais, que poderão unir o país de norte a sul e do litoral ao

interior. Prevê-se ligar a norte as províncias do Zaire e do Uíge e atingir a província de Cabinda,

através do Congo-Brazzaville por meio de uma ponte com mais de 20 km de extensão. Este plano da

RNF já foi aprovado pelo Executivo e para o seu arranque aguarda apenas pela reabilitação das redes

orientais e paralelas, que estão em curso actualmente. Depois desta junção dar-se-á início à

interconexão dos vários pontos com outros países vizinhos, no caso da RDC, Namíbia e Zâmbia. Com

isto teremos o país todo atravessado de linhas”.

De interesse para este Master Plan (Plano Director), têm-se os investimentos já realizados –

da ordem de US$ 600 milhões – na recuperação da conexão Luanda-Malanje, através da aquisição e

instalação de trilhos, material rodante, treino de pessoal, construção de 27 estações ferroviárias e

algumas grandes pontes, ao longo de 427 km96. Os trechos Luanda-Dondo (província de Kwanza

Norte), passando pelo Zenza do Itombe, foram reconstruídos. De Cacuso a Malanje, a linha é

igualmente nova. Do Zenza até Cacuso, o trecho contínua com a antiga linha porque está em estudo

a construção de uma variante que contorne o morro de Binda, a ser comparada com os custos de

reabilitação do trecho actual97. O Director explicita: “embora dando a volta (a construção da variante

no morro do Binda), a vantagem é que permite o comboio andar mais rápido, na medida em que se

reduz as rampas e as curvas. Mesmo no trecho actual, é possível encontrar uma outra solução

técnica de modo a se reduzir os problemas que apresenta, mas triplica ou quadruplica o volume

financeiro a investir. Mas há um outro problema. Caso se construa a variante, o comboio deixa de

passar em N’dalantando, e é sabido que o comboio traz vida. De resto, com a excepção deste trecho,

os objectivos preconizados em relação ao CFL (Caminhos de Ferro de Luanda) já foram

alcançados”.

96 Angola Press, 28/12/2010. Acessado em 15/11/2011. 97 Cf. BANGO, Júlio. Op. cit.

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Além destas obras, o Ministério dos Transportes de Angola prevê interligação com caminhos-

de-ferro do País como completa em 2012, com os Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes e o de

Benguela, com o qual terá a ligação com a rede internacional através da República Democrática do

Congo e a Zâmbia sendo concluídas até 201298.

Em termos de rodovias, a reconstrução também é intensa99. Conforme a FONTE citada, o

Programa de Reabilitação de Infra-estruturas Rodoviárias, nos últimos nove anos, permitiu a

interligação de oito capitais provinciais por estradas asfaltadas, grandes vias que, durante o conflito

armado, sofreram a destruição da maior parte da sua estrutura. Levantamentos efectuados pelo

Instituto de Estradas de Angola – INEA indicam que até ao ano de 2004 mais de 70 por cento dos

estimados 72.300 km (dos quais 8.000 km asfaltados) que compõem a rede de estradas de Angola

encontrava-se em avançado estado de degradação100.

Actualmente o Executivo está engajado num ambicioso programa de restabelecer a rede

fundamental de estradas, ligando todas as capitais de província às regiões produtoras e os principais

pólos industriais e comerciais, como passo fundamental da estratégia para a recuperação da

produção e do crescimento socioeconómico de Angola. Como consequência, a gestão do processo de

recuperação da malha rodoviária está a cargo do INEA e GNR (Gabinete de Reconstrução Nacional),

que as consignaram a várias empreiteiras. Estas têm trabalhado nestes últimos nove anos mais de

6.200 quilómetros de estradas reabilitadas em todo território nacional. Neste quadro, com os recursos

disponibilizados de 2005 e 2006, foram recuperados mais de quatro mil quilómetros de estrada,

sendo 60% do projecto assegurado com recursos do tesouro nacional e 40% com financiamento

externo. Falando propriamente de 2011, realça-se a conclusão dos trechos Quibala/Waku kungo,

Kifangondo/Caxito/Uige/Negaje, Luanda/Sumbe/Benguela, Huambo/Bié, Luanda/Ndalatando/Malanje,

Namibe/Huíla.

Das cerca de 1.500 pontes existentes, aproximadamente 500 encontravam-se parcial ou

totalmente destruídas em 2004. Um levantamento recente aponta que em diversas regiões do país

foram instaladas, nos últimos anos mais de 400 pontes nos principais eixos rodoviários nacionais.

Para o período subsequente (2011/2013) prevê-se a reabilitação adicional de 7.500 km da rede

fundamental e complementar, incluindo 1.400 pontes de diverso porte. Os aspectos viários de

98 Cf. KUVÍNGUA, José João – Vice-ministro para a área ferroviária. Mobilidade. Revista de Transportes e Logísticas Set./Out. 2010. 99 Angola Press, 04/04/2011: Nove anos de paz permitiram interligação de oito capitais de províncias por estrada. Acessada em 15/11/2011. 100Cf. Relatório do Estado Geral do Ambiente em Angola – MINUA 2006 Cap. 1.

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interesse directo do PAC são tratados no Capítulo 2. O Pólo Agro-industrial de Capanda PAC desse

documento.

Em relação ao transporte aéreo de interesse do PAC, o aeroporto de Malanje também foi

reabilitado a partir de 28/12/2010, permitindo o fluxo normal de aviões de grande porte como os

Boeing 737. Entretanto, cabe mencionar que, com a reabertura das vias rodo e ferroviárias, o fluxo

de passageiros diminuiu, sendo que no momento somente a companhia TAAG opera para a

província101.

Uma dificuldade adicional para a eventualidade de uma geração de excedentes exportáveis

será o porto de Luanda, que já se encontra sobrecarregado. Cabe, no entanto, mencionar a previsão

de construção de um novo porto na barra do rio Dande, a 60 km ao norte de Luanda. Já estão

realizados os estudos de impacto ambiental e de topografia e em fase de realização os projectos

executivos. Esses, após concluídos, permitirão a realização de concurso público para a construção da

obra. A previsão de conclusão é de 5 anos, após a realização do concurso público. O novo porto será

o maior de Angola e um dos maiores do continente, dotado de equipamentos de última geração.

Contará com terminais de minérios, de pesca, multiuso e carga geral, de granéis sólidos, contentores,

de cimento, de granéis líquidos, de apoio à actividade petrolífera, estaleiro naval e zona de

armazenamento.

De particular interesse deste Mastern Plan (Plano Director) é o projectado terminal de granéis

sólidos, com capacidade de movimentação anual de oito milhões de toneladas em navios de até 125

DWT. Note-se que a movimentação portuária é preocupação da Comissão da União Africana (CUA),

cujo Relatório de Janeiro de 2012 referente à CAMT II já mencionada102. Sobre a situação portuária,

sublinha que são muito poucos os portos africanos dotados de instalações adequadas e equipados

para manusear os navios de contentores modernos, com uma capacidade média de utilização de 50

por cento e marcada por “demoras consideráveis” no desalfandegamento.

101 Cf. JORNAL DE ANGOLA, Aeroporto local com pouca afluência de passageiros. Edicção especial Malanje, 13/02/2012. 102 ANAIS, Second session of the African Union: conference of ministers responsible for transport. Luanda, Angola, 21-25 de Novembro de 2011. Jornal de Angola, Nov. 2011.

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1.3.6. Energia103

Apesar de o país possuir este elevado potencial, ainda existem grandes insuficiências nas redes de

distribuição da energia eléctrica nas zonas suburbanas e nos pólos indústrias, pois grande parte das

infra-estruturas eléctricas foi destruída ou abandonada durante a guerra. A questão cerca-se de tal

importância que, em Agosto de 2011 o conselho de Ministros aprovou a política e a estratégia para o

sector energético, que estabelece a forma como se vai desenvolver o referido sector, dada a

necessidade de fornecer energia a preços acessíveis a toda a população bem como satisfazer a

crescente demanda de energia eléctrica para a projecção do desenvolvimento industrial, tecnológico,

económico e social do país104.

Dados oficiais apontam que apenas entre 30 e 35% da população angolana tem acesso à

electricidade105. Um dos problemas identificados é a inexistência de infra-estruturas, uma vez que o

sector não acompanhou o desenvolvimento do país desde o alcance da paz, o que faz com que a

oferta seja significativamente inferior às necessidades de consumo, pessoal e comercial. O problema

levou à avaliação de alternativas à geração hidroeléctrica, como energia solar, eólica, biomassa

florestal, gás natural e biocombustíveis. O país programou um investimento de US$ 16,5 mil milhões

para eliminar o défice energético a partir de 1916, ano da estabilização do fornecimento de energia

no país, dos quais US$ 9 mil milhões destinados à geração e US$ 7,5 mil milhões para transmissão e

distribuição.

A produção actual é de 1.300 megawatt (MW) de energia (50% em termoeléctricas e 50% em

hidroeléctricas), para uma demanda de 4.000 MW apenas para consumidores, sem contar a indústria.

Angola tem uma capacidade de produção de electricidade de 3,7 gigawatts-hora (GWh) estimativa de

2007, atendendo uma demanda de 3,2 gWh. Angola garantirá a satisfação das suas necessidades de

desenvolvimento se cumprir o plano de investimentos para 2010-2016 em termos de produção

energética. O aumento substancial na produção de aproximadamente 7.000 MW – será alcançado

apenas com recurso à geração hidroeléctrica, que será complementada com a construção de outras

150 mini-hidroeléctricas, estas principalmente a partir de investimentos privados. A energia

termonuclear não está nos planos do executivo de Angola. O programa prevê um esforço financeiro

da ordem de 20 bilhões de dólares até 2017, a ser suportado por um fundo alimentado com receitas

do petróleo.

103 Esse tópico está baseado em http://www.macauhub.com.mo/pt: Angola aposta em plano energético para garantir o desenvolvimento (declarações da Ministra de Energia e Águas, Emanuela Vieira Lopes) e em PORTALANGOP 17/12/2010: Energia hidroeléctrica vai ter prioridade no investimento público em Angola. 104 Cf. Sector energético sem crescimento no Produto Interno Bruto. EXPANSÃO, 11/05/2012. 105 Cf. ODEBRECHT INFORMA: Da usina para a sala de jantar. No. 157, Nov./dez 2011.

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Entre os novos projectos previstos pelo Ministério da Energia e Águas, cabe destacar o

aproveitamento do potencial hidroeléctrico do rio Kwanza, devido à influência que exerce para o PAC.

Em 2006, entrou em operação a Hidroeléctrica de Capanda que tem capacidade de geração de 520

MW e localiza-se ao sudoeste do perímetro do PAC, sendo o lago e o rio um dos limites do perímetro.

A jusante já se iniciaram as actividades para a construção da Hidroeléctrica de Laúca, que terá

capacidade de geração de 2.067 MW e previsão de entrar em operação no primeiro quadrimestre de

2016. Na sequência, está previsto o aproveitamento hidroeléctrico de Caculo-Cabaça, com capacidade

de geração de 2.053 MW sem, entretanto, uma previsão concreta de início das obras. Ainda no rio

Kwanza, na queda para a faixa costeira plana, está em fase de reabilitação e ampliação a

Hidroeléctrica de Cambambe que, dos actuais 90 MW, passará a gerar em 2 centrais 960 MW,

previstos para 2015.

Em Maio de 2012, a barragem hidroeléctrica da Mabubas, localizada nas proximidades da

cidade Caxito, foi reinaugurada oficialmente, a mesma desde Fevereiro de 2012, vinha gerando

experimentalmente 26,8 MW. A reabilitação do aproveitamento hidroeléctrico da Mabubas, ampliou a

capacidade que era de 17 MW antes de ser destruída durante os conflitos, passando agora para 26,8

MW que atenderá 100% das necessidades energéticas da cidade de Caxito e município de Dembos na

Província de Bengo. Também em Agosto de 2012, a barragem hidroeléctrica do Gove, na Província de

Huambo, foi reinaugurada e está a gerar 60 MW de energia para atender principalmente as cidades

de Huambo, Caála e Kuito, esta última na Província de Bié.

Em um curto prazo, o Executivo prevê aumentar a produção de energia eléctrica para sete mil

megawatts, o que deverá satisfazer a maior parte das necessidades do país, mas os investimentos

vão prosseguir. A rede hidrográfica do território, em especial a bacia do Kwanza, conforme destacado

acima, permite produzir energia hídrica, barata e em abundância capaz de atender a grandes

exigências domésticas de consumo. O estudo sublinha que a maior abundância de electricidade, a

preços mais competitivos, pode desencadear investimentos em sectores descritos como grandes

consumidores de energia, casos das minas, indústria e agro-indústria. Nas zonas rurais, por sua vez,

a maior parte das populações ainda não tem acesso ao abastecimento de electricidade e de

combustíveis comerciais. Não menos importante é o desenvolvimento dos estudos para a interligação

dos sistemas eléctricos Norte, Centro e Sul, para determinar a tensão a utilizar na ligação destes

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sistemas. O estudo da ligação da parte Centro-Sul está finalizado, prevendo-se para Janeiro de 2012

a conclusão dos estudos para a ligação do Norte106.

No que diz respeito à energização do PAC, actualmente há uma rede de transmissão de

média tensão que parte da subestação de Capanda com destino a Cacuso, seguindo para Malanje.

Com a implantação do PAC, para atender a sua futura demanda está previsto a ampliação da rede,

das subestações de Cacuso e Malanje. Esse tema será abordado com maiores detalhes no Capítulo 2.

O Pólo Agro-industrial de Capanda, que trata especificamente do PAC.

1.3.7. Turismo

Angola dispõe de excelentes recursos básicos (cinegéticos e paisagísticos) para o turismo, a exemplo

de outros países africanos, embora ainda não tenha conseguido desenvolver plenamente este enorme

potencial, a despeito do forte incremento que o sector tem apresentado nos anos recentes conforme

pode ser visualizado no Gráfico 1.16, a seguir107.

Gráfico 1.16. Angola – Evolução do número de turistas

FONTE: Ministério da Hotelaria e Turismo, op. cit.

Em termos absolutos, as infra-estruturas de turismo existente em 2009 é apresentada no Quadro

1.21.

106 Cf. REPÚBLICA DE ANGOLA: Síntese do programa de investimentos públicos do Ministério da Energia e Águas. Luanda, Novembro de 2011. 107 Cf. REPÚBLICA DE ANGOLA – Ministério da Hotelaria e Turismo – Gabinete do Ministro: Ponto de Situação dos Investimentos no Sector da Hotelaria e Turismo. Luanda, Maio de 2010.

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Quadro 1.21. Angola – Infra-estrutura de turismo

FONTE: Boletim Estatístico do MINHOTUR, Ministério da Hotelaria e Tursimo 2009.

As políticas promovidas pelo Governo neste sector têm estado a orientar-se para a construção

de infra-estruturas em áreas urbanas, para a definição e promoção de rotas turísticas nacionais com

entrosamento no desenvolvimento provincial e rural e para o fomento de emprego e criação de

microempresas de serviços turísticos. As oportunidades deste mercado podem ser divididas em dois

grandes segmentos. Em primeiro lugar, o do turismo urbano, principalmente na componente

hoteleira, visando o turismo de negócios, congressos e reuniões internacionais, balnear e náutico. O

outro segmento diz respeito ao turismo rural, visando o turismo da natureza e de aventura, e de

manifestações culturais. A este nível o país possui actualmente seis parques Nacionais e Reservas

Especiais, com algumas espécies únicas no mundo, tais como a palanca negra gigante (fauna), a

Norte, e Welwitshia mirabilis (flora), além de aves raras. Vários desses atractivos são encontrados na

área e nas imediações do PAC, conforme será tratado no Capítulo 2. O Pólo Agro-Industrial de

Capanda PAC, deste Master Plan (Plano Director).

São treze (13) as Zonas de Protecção Integral da Natureza em Angola108. Os 82.000 km² que

ocupam correspondem a 6,6 % da superfície do país, distribuídos por seis Parques Nacionais, um

Parque Natural Regional, duas Reservas Naturais Integrais e quatro Reservas Naturais Parciais. Se

considerarmos também 18 Reservas Florestais e diversas coutadas, atingimos 188.650Km². A caça

furtiva e a guerra civil reduziram drasticamente a fauna existente: no Parque Nacional da Quissama:

108 Cf. http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/economia/2011/3/17/Angola-detem-mil-quilometros-quadrados-area-turistica,36ed8544-7c0c-49fa-af52-0d6922407d20.html 26-04-2011. Acessado em 11/02/2012.

Província Hoteís Pensões Ald.

Turistico AparthotelComp.

Tur Pousada Alberg. Hosped. Estal. Rest.Simil

Ag.V.Turismo Total

Bengo 1 12 - - 7 - - - - - 40 60

Benguela 13 42 - 2 1 2 - 44 - 207 - 311

Bié 1 33 - - - - - - - 34 - 68

Cabinda 3 13 - - 2 - - - 2 28 - 48

Cunene 1 28 - - - - - 8 - - 2 39

Huambo 4 22 - 1 - - - 5 - 43 5 80

Huila 6 15 12 - - - - 53 - 487 12 585

Kwanza Norte 1 15 - - - - - - - 38 - 54

Kwanza Sul 14 31 - 1 1 - - - - 102 - 149

K. Kubango - 10 - - - - - 3 - 45 - 58

Luanda 48 90 14 1 - - 5 119 2 815 30 1.124

Lunda Norte - 12 - - - - - - - 59 - 71

Lunda Sul - 10 - - 2 1 - 2 - 24 - 39

Malange 6 8 - - - - - - - 57 - 71

Moxico 3 14 - - - - - 1 - 16 2 36

Namibe 2 14 2 1 - - - 16 - 129 4 168

Uíge 2 5 - - - - - - - 121 - 128

Zaire 6 13 1 1 - - - 9 - 26 - 56

Total 111 387 29 7 13 3 5 260 4 2.231 95 3.145

Rede Hoteleira e similiar em funcionamento por Provínica - Ano 2009

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de 450 leões em 1950, restavam cinco em 1997, enquanto os elefantes tinham passado de 1.200

para 20. Actualmente, com o projecto Arca de Noé estão a ser trazidos animais de outros países

africanos para a Quissama. As Zonas de Protecção são:

- Parque Nacional da Kuissama, a 75 quilómetros de Luanda;

- Parque Nacional da Kangandala na Província de Malanje;

- Reserva do Luando, na Província de Malanje;

- Parque Nacional do Bicuar na Província da Huíla;

- Parque Nacional de lona na Província do Namibe;

- Parque Nacional da Cameia na Província do Moxico;

- Parque Nacional da Mupa na Província do Cunene;

- Parque Regional da Cimalavera a 20 km Benguela, para sudeste;

- Reserva Natural do Ilhéu dos Pássaros situada 8 km a sul de Luanda;

- Reserva Parcial de Luiana na província de Cuando-Cubango;

- Reserva Búfalo A cerca de 30 km de Benguela;

- Parque Natural Regional do Namibe no extremo sul do país, perto da cidade costeira do

Namibe (antiga Moçâmedes);

- Reserva Parcial de Mavinga na Província de Kuando-Kubango.

Outro Projecto de importância para o turismo no País é o Projecto “Okavango/Zambeze!109. A

extensão total da área abrangida pelo projecto turístico é de 278 mil quilómetros quadrados e,

integra cinco países da África Austral, detendo Angola a segunda maior parcela, com 87 mil

quilómetros, incluindo Zâmbia, Zimbabwe, Botsuana e a Namíbia. Nos 87 mil quilómetros do território

angolano, precisamente na localidade de Kaza, no Kuando Kubango, vai abranger, entre outras áreas

de conservação, as reservas parciais de Luina e Mavinga, Coutada Pública do Luina, de Longa

Mavinga, Luengue e de Mucusse.

1.3.8. Comercialização

Outro aspecto que tem ocupado sobremaneira as atenções do Executivo de Angola diz

respeito à reconstrução dos canais de distribuição: a alta concentração de população em Luanda, os

pequenos excedentes gerados pelos pequenos produtores e comercializados apenas em pequenas

feiras locais ou, quando muito, regionais e a desarticulação causada pelos conflitos recentes –

inclusive com a destruição das vias de comunicação – causaram, como comentado, sérios problemas 109 Cf. http://www.cpires.com/angola_parques.html

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de distribuição, factor seguramente inibidor de um maior dinamismo de uma produção agro-pecuária

mais empresarial.

Vários são os empreendimentos em curso no País. Dentre eles destaca-se o PRESILD –

Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à

População110, criado pelo Executivo de Angola com o objectivo de organizar e modernizar a actividade

comercial em todo o território nacional, de forma a ampliar a oferta de produtos essenciais à

população. O Programa abrange mudanças estratégicas, que vão da actualização do quadro legal

vigente no país à construção de novas infra-estruturas para o comércio grossista e retalhista. Inclui

também a criação de incentivos financeiros, fiscais e produtos de seguro, bem como a formação

profissional de comerciantes e trabalhadores.

O Programa contempla a inauguração de mercado retalhista – com as marcas Nosso Super,

Poupa Lá e Nossa Casa, bem como estabelecimentos de pequeno retalho e mercados municipais. Os

boatos relativos à sua privatização foram desmentidos pela Ministra do Comércio, Idalina Valente111.

As 29 lojas da rede Nosso Super estão em vias de ser reabertas, operadas através de concessão de

exploração.

Nos últimos anos presenciou-se o nascimento de vários Projectos, como o do Kero, o

Refriango (Mega Cash & Carry) e o Tenda Atacado (Alimenta Angola). Para 2012, está confirmada a

entrada da marca portuguesa Continente, do grupo Sonae em joint venture com o grupo angolano

Condis e o grupo angolano Score, que anunciou a intenção de construir 60 supermercados da marca

Mel. Outros grupos em operação são o Auchan (hipermercado Jumbo), o Teixeira Duarte (Maxi) e o

Shoprite (Shoprite, USave)112.Há outras especulações, como o espanhol El Corte Inglés e o grupo

Wal-Mart. Várias destas empresas têm políticas activas de venda de produtos locais incentivando os

desenvolvimentos dos produtores angolanos.

Outras iniciativas dão-se na área de intermediação da produção. Exemplo disso foi o anúncio

do Grupo Empresarial Drago, que pretende investir, numa primeira fase, um projecto agrícola orçado

entre US$ 25 e US$ 37 milhões na construção de 6 naves numa área total de 6 ha na cidade do

Dundo, o Lunda-Norte Business Park113. O objectivo é o escoamento dos produtos agrícolas, e terá

110 Cf. http://www.dnci.net/abccomercial/presild/ acessado em 15/05/2012. 111 Cf. Angola vai às compras. Exame Angola, Abril 2012. 112 Cf. Planeta do Retalho. Exame Angola, op. cit. 113 Cf. Expansão, 23/03/2012 e Primeiro Angola Business Park arranca na Lunda Norte. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=706542&page=20, acessado em 15/02/2012.

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lojas quiosques, armazéns, restaurantes, agências bancárias e outros serviços, criando todas as infra-

estruturas necessárias ao desenvolvimento de uma cidade industrial. O projecto prevê a construção

de 100 lojas até 2015, nas 18 províncias do país, num investimento global próximo de US$ 700

milhões.

1.3.9. Correios e telecomunicações

Em Angola os correios têm uma longa tradição e contribuíram para o desenvolvimento do país

e a unidade do território através da sua rede de estações postais, instaladas em todas as localidades

com relevância demográfica. O sector privado nacional dos Correios tinha na regulamentação o seu

maior constrangimento, dado que a legislação anterior dava ao operador público o monopólio da

prestação de serviço postal. Porém, o novo Regulamento sobre o Exercício da Actividade Postal, que

entrou em vigor em 2002, abre esse sector à concorrência. Os Correios de Angola são membros da

União Postal Universal desde 1977, tendo ganho por várias vezes importantes prémios filatélicos

internacionais.

Na última década, o sector das telecomunicações desenvolveu acções no sentido de expandir

e modernizar os seus serviços, através da introdução do sistema digital em áreas urbanas e

periféricas de Luanda e da telefonia móvel. Também foram feitos investimentos para a modernização

da rede telefónica em várias províncias, nomeadamente na extensão da rede digital e aumento de

linhas. Por citar alguns, é o investimento da Net One114, de US$ 6 milhões em novo produto, serviço

de telefonia fixa denominado “Fone Kuia”, orientado para uso individual, residencial e empresarial

através de pacote integrado internet + voz + fax + wi fi.

Outras importantes participantes desse mercado são as operadoras Unitel (telefonia celular e

fixa, operando desde 2003; atende todas as 18 províncias angolanas) e a Movicel, empresa criada em

2001. Essa, contando com mais de 4,5 milhões de clientes, dispõe actualmente de ligação de Terceira

Geração (3G), com o GPRS (General Packet Radio Service, em Português: Serviço de Rádio de Pacote

Geral), EDGE (Enhanced Data Rates for GSM Evolution, tecnologia digital para telefonia celular que

permite melhorar a transmissão de dados e aumentar a confiabilidade) e UMTS (Universal Mobile

Telecommunications Service, em Português Sistema Universal de Telecomunicações Celulares), e do

sistema GSM (Global System for Mobile Communication, em Português Sistema Global para

Comunicação de Telemóvel). O lançamento da tecnologia UMTS, na qual se baseiam os serviços de

114 Cf. Expansão, 23/03/2012.

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3G, possibilitou à Unitel o lançamento de serviços de dados de alta velocidade, dos quais se destacam

a Videochamada e o acesso à internet.

A Movicel prepara-se, no momento, para implantar a tecnologia 4G de telefonia móvel, graças

a um projecto estimado em US$ 100 milhões115 em parceria com a empresa ZTE chinesa, que vai

fornecer os equipamentos - inclusive os aparelhos de comunicação móvel. O chefe de operações da

empresa, António Francisco, afirma que o sector de telecomunicações é estratégico para que Angola

possa continuar a crescer em ritmo acelerado. "Nós não podemos pensar em crescimento na

economia a não ser que as infra-estruturas de telecomunicações sejam bem-feitas. O que estamos a

fazer é trazer uma tecnologia de ponta que nos possa dar a melhor banda larga móvel possível."

A fase inicial do 4G levará a tecnologia a 15 cidades de grande população, incluindo a capital

Luanda e a região de Cabinda, grande produtora de petróleo. A fase seguinte do projecto inclui

outras 30 cidades. A ZTE também terá um papel fundamental na modernização de toda a rede da

Movicel, um projecto estimado em US$ 1 bilhão.

O outro Projecto de grande impacto em desenvolvimento é a instalação, em desenvolvimento,

de uma rede de cabos de fibra óptica que conectará as 18 capitais provinciais com Luanda e, a partir

daí, conectar-se-á ao cabo submarino de fibra óptica recentemente inaugurado que liga a África do

Sul a Portugal e demais países europeus.

Ainda em desenvolvimento está o projecto do cabo submarino para ligar Angola ao Brasil116. A

Angola Cables e Telebrás vão implementar um cabo de 6.000 km que ligará Fortaleza (NE do Brasil) a

Luanda, num prazo de construção de cerca de 18 meses. A alternativa deve diminuir em até 80% o

custo do tráfego de dados entre América do Sul, África e Ásia, que actualmente passa

obrigatoriamente pelos Estados Unidos e Europa. Será o primeiro cabo submarino no Atlântico Sul.

115 Cf. http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/05/120501_angola_4g_celular_dg.shtml , 02/05/2012. Acessado em 05/05/2012. 116 Cabo submarino ligará Angola e o Brasil. O País, 30/03/2012.

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1.4. Aspectos sociais117

1.4.1. Saúde

A exemplo do ocorrido com a economia, o período de pós-guerra em Angola foi altamente

profícuo na reestruturação do seu sistema de apoio social à população. O restabelecimento da paz

em 2002 provocou um aumento efectivo da demanda por serviços públicos mais eficazes e eficientes,

o que, aliado à escassez de recursos, conduz a que as políticas públicas sejam assertivas, os recursos

estrategicamente distribuídos e se dê prioridade às necessidades dos cidadãos. A análise global dos

indicadores sociais mostra claramente o resultado das intervenções do Estado na última década

visando a melhoria da oferta de serviços de saúde, água e educação em todo o país e

particularmente em áreas até muito recentemente inacessíveis. Note-se que isso não significa que

todos os problemas estejam superados, porém que têm sido atacados de forma objectiva e, tanto

quanto possível, com sucesso.

No que respeita aos serviços de saúde, o primeiro constrangimento – já atacado, conforme

descrito no Tópico 1.3.5 deste Master Plan (Plano Director) – refere-se à dificuldade de acesso, pelas

condições das vias de comunicação. Nas zonas rurais, apenas 24% da população tem acesso a postos

ou centros de saúde públicos num raio até 2 km, em contraste com uma percentagem de 63% nas

zonas urbanas. Contudo, 22% dos agregados familiares nas áreas rurais declara não existir qualquer

serviço de saúde nas proximidades das suas residências e 36% declara não haver disponibilidade

regular de medicamentos nos postos ou centros de saúde próximos. A situação do acesso pode

agravar-se face ao facto de não existirem serviços de saúde mais especializados fora das sedes

comunais ou municipais. Apesar dos problemas de acesso descritos, mais de metade (56%) da

população urbana e quase dois terços da população rural considera que os serviços melhoraram nos

últimos oito anos.

Independentemente da percepção individual, o facto é que o acesso aos serviços de saúde é

maior na área urbana, permitindo o acesso a 71% das pessoas que estiveram doentes nos 30 dias

anteriores ao Inquérito, comparativamente à área rural, onde apenas 49% das pessoas nestas

condições frequentaram uma consulta. Nas áreas rurais, cerca de uma em cada quatro pessoas que

esteve doente ou sofreu um acidente não teve uma consulta, por falta de acesso a unidades de

saúde. O aumento no nível de investimentos públicos tem resultado, como visto acima, numa maior

117 Este Tópico é baseado no Relatório do Inquérito integrado sobre o bem-estar da população, realizado pelo INE – Instituto Nacional de Estatística, com apoio da UNICEF e do Banco Mundial. Luanda, Angola, 2011. (Dados de 2010).

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disponibilidade e acesso referentes à área da saúde, mas persistem os problemas de qualidade e

eficiência do serviço. Embora a demora no atendimento tenha sido o factor de insatisfação referido

por 35% das pessoas nas áreas urbanas, uma em cada três pessoas nas áreas rurais indica a falta de

medicamentos como o principal factor de insatisfação.

A falta de médicos e o custo (para o Executivo) da consulta e dos tratamentos também são

factores importantes que contribuem para a insatisfação com os serviços de saúde nas áreas rurais.

Os dados indicam que a proporção de mulheres que efectuaram pelo menos uma consulta pré natal

foi de 69%, tendo 47% efectuadas as quatro recomendadas. Quase dois terços dos atendimentos

foram realizados por um profissional de saúde qualificado, ou seja, médico, enfermeira ou parteira.

Cerca de 82% das mulheres nas áreas urbanas receberam cuidados pré natais de um profissional de

saúde, contra 52% de mulheres nas áreas rurais, o que está muito provavelmente associado ao

menor acesso aos serviços de saúde nas áreas rurais.

Os resultados mostram que 42,3% dos partos tiveram lugar numa instituição de saúde,

principalmente numa instituição pública (41,4%). Mais de metade dos partos ocorreram no domicílio.

Na área rural, a proporção de partos que tiveram lugar no domicílio atingiu 85%, comparativamente

com 32% na área urbana. O acesso a unidades de saúde para efeitos de parto é inversamente

proporcional ao nível de pobreza. Oitenta e seis por cento (86%) das mulheres entre a população

mais pobre (primeiro quintil) fizeram o parto no domicílio e apenas 14% conseguiram ter acesso a

uma unidade de saúde. Deve ser notado, entretanto, que parte dessa condição se deve a opção

decorrente de aspectos culturais, notadamente na população rural. Note-se que mesmo entre a

população mais rica, em que mais de 73% das mulheres tiveram acesso a uma unidade de saúde

para o parto, mas, ainda assim, 27% optou pelo parto no domicílio.

Dentre o pessoal qualificado que realizou os partos, 45% eram enfermeiras/parteiras e

somente 5% dos partos foram assistidos por médicos. Nas áreas urbanas, o nível de participação de

médicos nos partos é seis vezes superior ao das áreas rurais – diferença que é certamente

determinada pelo factor da disponibilidade.

No que diz respeito as condições de saúde e educação do PAC e dos municípios onde está

inserido, tais informações estarão sendo apresentadas detalhadamente no Capítulo 3. Aspectos

Sociais do PAC e Directrizes de Actuação.

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1.4.2. Educação

Este é um aspecto estratégico para o PAC, na medida em que a escassez de mão-de-obra com

qualificação adequada aos diversos ofícios é factor preponderante entre as dificuldades de

reconstrução e desenvolvimento do País.

O sistema de ensino básico oficial do País organiza-se em 4 etapas: Ensino Pré-escolar, Ensino

Primário (que contempla a iniciação até a 6a classe), Ensino Secundário (sendo o 1º ciclo de 7ª a 9ª

classe e o 2º ciclo de 10ª a 13ª classe) e Ensino Superior. A gestão é centralizada no Ministério da

Educação que tem departamentos operacionais, a Repartição Provincial e as Repartições Municipais

de Educação.

O acesso ao ensino primário é relativamente melhor do que o acesso aos serviços básicos de

saúde. Mais famílias urbanas (76%) e rurais (55%) declaram ter acesso à escola até um raio de 2 km

da sua residência. Contudo, ainda existe um número elevado de crianças que tem de percorrer

distâncias maiores para frequentar a escola (29%). Mais de metade dos chefes de família nas áreas

urbanas considera ter havido melhorias na qualidade das infra-estruturas de educação – percepção

partilhada por 47% dos agregados nas áreas rurais, sendo que um terço considera não ter havido

melhorias de porte nos últimos oito anos. Contudo, o acesso não é ainda universal e cerca de 26%

das crianças na faixa dos 6-9 anos nunca frequentou a escola, indicador preocupante de não-

escolarização na idade mais indicada e em que o ensino é obrigatório.

Os dados do IBEP118 (Inquérito Integrado sobre o Bem-Estar da População) revelam que o

acesso à educação pré-escolar a nível nacional é inferior a 10%, muito distante da meta de

obrigatoriedade universal. Nas áreas rurais, onde a disponibilidade de centros infantis é muito

reduzida, o acesso é limitado a apenas 7% das crianças. A escola pública é a que mais alunos integra

de entre os vários tipos (78%). A escola privada é a segunda mais citada, com 17%, e as religiosas

surgem em terceiro lugar com 5%. O recurso à escola pública é quase universal na zona rural (91%),

onde existem muito poucas instituições privadas de ensino. Nas cidades, a percentagem diminui para

69% e o acesso a escolas privadas aumenta (25%).

Há uma fraca disponibilidade de infra-estruturas/meios de ensino e de professores para os

níveis mais elevados de ensino. Por este motivo, nas zonas rurais mais de dois terços da população

118 IBEP – Inquérito Integrado sobre o Bem‐Estar da População, Relatório de 2011 com dados levantados em 2008‐2009.  

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84

que concluiu o ensino primário não continuou os seus estudos. A taxa líquida de frequência do ensino

secundário a nível nacional é de 19%, com valores mais elevados nas áreas urbanas (30%) e apenas

4% nas áreas rurais. Estes dados revelam o número reduzido de instituições do ensino secundário

nas áreas rurais e uma proporção substancialmente alta de alunos dos 12-17 anos que não chega ao

ensino secundário. Por outro lado, o nível de frequência secundária está também associado à

situação de pobreza, na medida em que a proporção de crianças entre a população mais rica a

frequentar o ensino secundário é 16 vezes superior à de crianças pertencentes à população mais

pobre.

A proporção de analfabetos em Angola é de 34% a nível nacional, com grande desvantagem

para as mulheres. Praticamente metade da população feminina é analfabeta. No caso da área de

residência, as diferenças registadas são ainda mais significativas, pois nas áreas rurais mais de 70%

da população é analfabeta, o dobro do que se regista nas cidades. Apenas dois terços da população

com mais de 15 anos sabe ler e escrever, embora a discrepância entre a cidade e o meio rural seja

importante (82% e 45%, respectivamente).

Em termos nacionais, apenas 4% das pessoas concluiu um nível de ensino superior ao

primário. Os dados revelam que as meninas entram na escola na idade correcta em maior

percentagem do que os rapazes (55% e 49%, respectivamente), factor que contribui para uma

incidência maior de escolaridade primária entre as meninas. Esta tendência, entretanto, não se

mantém ao longo de todo o ciclo escolar. Os dados do ensino primário revelam uma proporção

superior de mulheres com este nível concluído (62%) comparativamente aos homens (50%). Esta

divergência inverte-se nos níveis seguintes, sendo maior no Ciclo I (com uma diferença de 7% a

favor dos homens). A taxa de frequência líquida no ensino primário corresponde à percentagem de

crianças entre 6 e 11 anos que estão a frequentar o ensino primário ou secundário. A nível nacional,

a taxa é de 76%, superior entre os rapazes (77%).

O Quadro 1.22. a seguir apresenta os principais indicadores educacionais capturados pela

Pesquisa.

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Quadro 1.22. Angola – Indicadores educacionais – escolaridade

FONTE: IBEP – Inquérito Integrado sobre o Bem-Estar da População, Relatório de 2011 com dados levantados em 2008-2009.

O ensino em Angola sofreu um forte processo de melhoria com a aprovação da Lei N.º 13/01

de 31 de Dezembro de 2001, que foi operacionalizada pelo Decreto nº2/05 de 14 de Janeiro de

2005―Plano de implementação progressiva do Novo Sistema de Educação, que define os

mecanismos para a implementação e a definição do regime de transição119.

119 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO: Balanço da Implementação da 2ª Reforma Educativa em Angola, 2011. http://www.med.gov.ao/VerPublicacao.aspx?id=705 acessado em 15/03/2012.

Descrição Nacional Urbano Rural

1.1 Proporção de crianças com 3 - 5 anos de idade que frequentam programas organizados de educação pré-escolar.

9,3 11 7,3

2.1 Proporção de crianças com 6 - 17 anos de idade que nunca frequentaram a escola

20,3 10,5 32,5

2.2 Taxa de matrícula das crianças com 6 - 17 anos de idade 79,5 85,5 72,2

2.3 Proporção de crianças com 6 - 17 anos de idade que a frequentaram a escola

78,5 84,8 70,8

2.4 Abandono escolar das crianças com 6 - 17 anos de idade 1,3 0,9 2

2.5 Taxa líquida de frequência do ensino primário (proporção de crianças com 6 -11 anos de idade a frequentar o ensino primário)

76,3 84,9 66,8

2.6Índice de desigualdade no género de ensino primário( Razão entre a frequência do ensino primário de raparigas e rapazes com 6 -11 anos de idade)

0,98 0,98 0,95

2.7 Taxa líquida de frequência do ensino secundário (proporção de crianças com 12-17 anos de idade a frequentar o ensino secundário)

18,9 29,7 4,2

2.8Índice de desigualdade no género de ensino secundário (Razão entre a frequência do ensino secundário de raparigas e rapazes com 6 -11 anos de idade)

0,85 0,88 0,27

2.9Razão entre a frequência escolar das crianças com 10 -14 anos de idade órfãs de ambos os pais e a frequência escolar das crianças não órfãs que vivem com pelo menos um dos pais.

0,85 0,78 0,94

3.1 Proporção da população com 15 ou mais anos de idade que sabe ler e escrever

65,6 81,8 44,8

3.2 Proporção da população com 15 - 24 anos de idade que sabe ler e escrever

76 88,5 56,3

3.3 Proporção de mulheres com 15 - 24 anos de idade que sabe ler e escrever

67,8 83,8 40,5

1. Ensino pré – escolar

2. Ensino geral

3. Alfabetismo

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Em decorrência, os indicadores da educação evoluíram como se segue:

Quadro 1.23. Angola – Evolução de salas de aula nos níveis ensino 2001-2010

FONTE: Ministério da Educação, op. cit.

Quadro 1.24. Angola – Evolução do número de alunos por nível de ensino 2001 – 2010

FONTE: Ministério da Educação, op.cit.

Quadro 1.25. Angola – Rendimento interno – taxa de aprovação, reprovação e abandono

FONTE: Ministério da Educação, op.cit.

Quadro 1.26. Angola – Educação: Taxa de acesso à Escola – geral

FONTE: Ministério da Educação, op.cit.

Ano 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Níveis Primário 17.236 25.436 33.950 35.665 37.380 41.343 45.608 46.976 48.386

Secundário, 1º Ciclo 1.225 1.269 1.421 1.809 2.197 2.796 3.467 3.571 3.678

Secundário, 2º Ciclo 551 571 640 814 995 1.194 1.441 1.484 1.529

Total Geral 19.012 27.276 36.011 38.288 40.572 45.333 50.516 52.031 53.592

Novo Sistema de Educação Antigo Sistema

de Educação

Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Níveis

Alfabetização 311.373 321.003 404.000 323.470 334.220 366.200 389.637 502.350 517.421 532.943

Iniciação 237.208 278.347 537.378 678.780 895.145 842.361 938.389 711.025 690.375 663.015

Primário 1.472.874 1.733.549 2.492.274 3.022.461 3.119.184 3.370.079 3.558.605 3.851.622 3.967.886 4.189.853

Iº Ciclo, secundário 102.301 115.475 164.654 197.735 233.698 270.662 316.664 363.210 406.795 507.125

IIº Ciclo, secundário 89.427 109.762 117.853 159.341 171.862 179.249 194.933 212.695 231.695 253.208

Técnico Profis. 31.508 53.018 56.833 67.328 74.235 76.363 85.903 96.635 105.440 115.230

Formação Prof. 37.447 32.461 34.990 61.616 63.185 65.210 67.085 69.014 75.302 82.294

Ensino Especial 4.357 7.406 10.939 11.710 12.661 14.171 16.213 18.439 20.282 22.310

Novo Sistema de Educação Antigo Sistema de Educação

Fases da Reforma

Taxas Aprovado Reprovado Abandonado Aprovado Reprovado Abandonado Aprovado Reprovado Abandonado

Ensino Primário 42,0% 32,0% 26,0% 91,1% 6,1% 2,8% 0,0% 17,8% 15,1%

Iº Ciclo E. Secundário 45,0% 25,0% 30,0% 83,9% 12,8% 3,3% 67,1% 13,3% 15,9%

Iiº Ciclo E. Secundário 44,0% 30,0% 26,0% 77,3% 14,2% 8,5% 70,8% 13,3% 15,9%

Experimentação Generalização Antigo Sistema

de Educação Novo Sistema de Educação

Antigo Sistema de Educação

Novo Sistema de Educação

Indicador

100,0%

95 (77,21)%

0,99 (0,982)

Taxa Bruta de Escolarização

Taxa Liquida de e Escolarização

Índice de Pariedade de Géner (F/M)

74,4%

55,0%

0,79

1 No ano lectivo de 2009 a taxa líquida de escorlarizção no EP (Ensino Primario) é de 77,2%. 2 Refere-se ao índice de paridade no ano lectivo de 2009.

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Quadro 1.27. Angola – Educação: Taxa de rendimento interno – geral

FONTE: Ministério da Educação, op.cit.

A síntese da evolução é apresentada no Gráfico 1.17. a seguir.

Gráfico 1.17. Comparação dos indicadores do antigo e do novo sistema de educação

FONTE: Ministério da Educação, op. cit.

1OGE = Orçamento Geral do Estado.

Taxa de Desistência

Coeficiente de Eficácia

Indicador Antigo Sistema de Educação

Novo Sistema de Educação

Taxa de Promoção 46,7% 80,0%

Taxa de Repetência 26,8% 13,2%

OGE1 % para Educação 5,6% 20% (7%)

27,0%

62,0%

6,9%

90,0%

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FIGURAS

Figura 1.1. Sectores prioritários de investimento – o sector agrícola definido como prioritário pelo

Governo ..................................................................................................................................... 24 

GRÁFICOS

Gráfico 1.1. Angola – Evolução da população e projecções (em milhões pessoas) ........................... 14 

Gráfico 1.2. Angola - Evolução do pib 1998-2010 (%) ................................................................... 19 

Gráfico 1.3. Angola – Evolução do investimento directo estrangeiro 2007-2016p (em mil milhões de

US$) .......................................................................................................................................... 20 

Gráfico 1.4. Angola – Evolução do peso relativo dos sectores de actividade no pib – 2007-2016 (%) 21 

Gráfico 1.5. Angola – Comparação do peso relativo dos sectores de actividade ...................................  

no PIB 2002-2009 (em %) .......................................................................................................... 22 

Gráfico 1.6. Angola - Evolução da taxa de inflação (em %) ............................................................ 26 

Gráfico 1.7. Angola – Evolução da taxa de desemprego (em %) .................................................... 28 

Gráfico 1.8. Angola – Valor adicionado por trabalhador na agricultura (em us$/trabalhador) ........... 43 

Gráfico 1.9. Petróleo – Descobrimentos e seu consumo ................................................................. 58 

Gráfico 1.10. Petróleo – Previsão de evolução da produção (em milhões de barris/dia) ................... 58 

Gráfico 1.11. Mundo – Consumo projectado de energia oecd, em 100.000 btu ............................... 59 

Gráfico 1.12. Mundo – Consumo projectado de energia total, em 100.000 de btu ........................... 59 

Gráfico 1.13. Mundo – “Mix” de combustíveis projectados, em 100.000 btu .................................... 60 

Gráfico 1.14. Mundo – Pevisão de preços do petróleo (em us$ por barril) ....................................... 60 

Gráfico 1.15. Angola – Evolução da produção de petróleo no período de 2001 a 2009 (em milhões de

barris/dia) .................................................................................................................................. 63 

Gráfico 1.16. Angola – Evolução do número de turistas ................................................................. 75 

Gráfico 1.17. Comparação dos indicadores do antigo e do novo sistema de educação ..................... 87

MAPAS

Mapa 1.1. Angola – Localização geográfica ................................................................................... 11 

Mapa 1.2. Angola – Divisão político-administrativa ........................................................................ 12 

Mapa 1.3. Localização da SADC no mundo ................................................................................... 69 

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QUADROS Quadro 1.1. Angola – Evolução do índice de desenvolvimento humano – IDH ................................. 16 

Quadro 1.2. Angola – Atendimento às metas do milénio ................................................................ 16 

Quadro 1.3. Angola – Evolução do PIB (em milhões US$) .............................................................. 18 

Quadro 1.4. Angola – Participação de sectores seleccionados no PIB (1) (em %) ............................ 21 

Quadro 1.5. Angola – Participação percentual de sectores seleccionados no PIB (2) ........................ 22 

Quadro 1.6. Agências de avaliação de risco – escala de “ratings” globais das agências .................... 27 

Quadro 1.7. Angola – Principais produtos importados em 2011 (em US$) ....................................... 29 

Quadro 1.8. Angola – Principais destinos das exportações em 2011 (em US$) ................................ 31 

Quadro 1.9. Angola – Comércio internacional (em mil milhões de US$) .......................................... 31 

Quadro 1.10. Angola – Àrea cultivada, produtos seleccionados (em ha) ......................................... 39 

Quadro 1.11. Angola – Produção, produtos seleccionados (em toneladas) ...................................... 39 

Quadro 1.12. Angola – Evolução do uso da terra (em milhões ha) ................................................. 41 

Quadro 1.13. Angola – Produção de produtos vegetais derivados (em toneladas) ........................... 43 

Quadro 1.14. Angola – Importação segundo secções e capítulos do sistema harmonizado (em US$) 44 

Quadro 1.15. Angola – Número de animais vivos .......................................................................... 45 

Quadro 1.16. Angola – Número de animais abatidos ..................................................................... 45 

Quadro 1.17. Angola – Produção de carne (em toneladas) ............................................................ 46 

Quadro 1.18. Angola – Produção de leite (em toneladas) .............................................................. 46 

Quadro 1.19. Angola – Produção de ovos (em toneladas) .............................................................. 46 

Quadro 1.20. Angola – Evolução da produção de petróleo anos seleccionados (em milhões de barris

por dia) ...................................................................................................................................... 63 

Quadro 1.21. Angola – Infra-estrutura de turismo ......................................................................... 76 

Quadro 1.22. Angola – Indicadores educacionais – escolaridade .................................................... 85 

Quadro 1.23. Angola – Evolução de salas de aula nos níveis ensino 2001-2010 .............................. 86 

Quadro 1.24. Angola – Evolução do número de alunos por nível de ensino 2001 – 2010 ................. 86 

Quadro 1.25. Anogla – Rendimento interno – taxa de aprovação, reprovação e abandono .............. 86 

Quadro 1.26. Angola – Educação: taxa de acesso à escola – geral ................................................. 86 

Quadro 1.27. Angola – Educação: taxa de rendimento interno – geral ............................................ 87 

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