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Políticas Públicas e Excelência: Estado, Mercado e Sociedade Civil José Manuel Moreira Lisboa | 28 e 29 Junho 2011 Museu do Oriente PATROCINADORES OURO

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Políticas Públicas e Excelência: Estado, Mercado e Sociedade Civil

José Manuel Moreira

Lisboa | 28 e 29 Junho 2011 Museu do Oriente

PATROCINADORES OURO

Começar por perguntar… • Como funcionam as instituições públicas versus privadas?

• O que entender por “público” e qualidade nos serviços públicos?

• Com base em que interesses e motivações funcionam o

Estado/Governo/APs?

• Competição e/ou colaboração nas organizações públicas?

• Que Políticas Públicas para transformar um País tido como excelente para viver em óptimo para trabalhar, investir e inovar? O que se deverá esperar do Estado/AP?

Das caixas multibanco em tribunais… ao polícia polaco

• Ordens (e sociedades) “abertas” e ordens “fechadas”: valores e fins…

• Funcionários públicos: do Estado ou “civil servants”? Do dever de servir … ao “direito” de se servir dos outros, criando a ilusão de defesa de falsos direitos

• Nova concepção de cidadania social: critica da “sociedade de direitos adquiridos” e incentivo a um clima favorável a um melhor equilíbrio entre direitos e as responsabilidades do Governo (R. Plant)

Mercado e metas desejáveis

• A economia de mercado, se utilizada, em vez de adorada,

é o melhor mecanismo disponível para a busca de

dinamismo económico e das metas sociais desejáveis.”

Adair Turner, vice-chairman, Merrill Lynch Europe

• “A integridade dos políticos e funcionários públicos é um

elemento fundamental na sociedade democrática.” Alice Rivlin, vice chair, Board of Governors, Federal Reserve System, United States; Chair of the

OCDE/PUMA Ministerial Symposium on the Future of Public Services

• “O futuro garantido pelo Estado: a ilusão dos tempos

modernos” (Erhard)

Papel dos Governos

• O debate é agora é mais acerca de quais os (plurais) papéis que o Estado/Governo pode desempenhar, e que plurais reformas deve adoptar e em que contexto.

• O dilema do debate sobre o ´hollowing out the state´ (esvaziamento do Estado) parece ter sido mal interpretado. O mais importante já não é se o Estado permanecerá mais poderoso do que os outros agentes, mas qual o conjunto de normas, estruturas e processos formais (legais) e informais que se necessitarão para que o Estado/Governo, sector comercial e intermédio, cidadãos e outros importantes stakeholders possam exercer poder sobre as decisões de forma a que outros stakeholders possam criar situações win-win (soma positiva) para todas as partes interessadas.

• E se tal não é possível, que mudanças são necessárias nestas normas, estruturas e processos políticos para assegurar resultados minimamente aceitáveis (em termos de qualidade de vida e qualidade dos processos de governação) em especial para os grupos mais vulneráveis da sociedade.

Governos e Sociedade Civil • Papel dos Governo: de intervenção para garantir o pleno

emprego e o desenvolvimento económico… ou antes de promoção, protecção e defesa de uma vida económica verdadeiramente livre que favoreça a iniciativa e criatividade humana num clima de coordenação frutuosa ou, como diria Adam Smith, harmoniosa?

• Numa sociedade bem organizada os indivíduos não devem ser instrumentos do governo, o governo é que deve ser instrumento das pessoas, no sentido de estar encarregue da boa ordem das instituições que permite que as pessoas persigam os ideais que elas próprias escolhem.

• Direito a “procurar a felicidade ou “direito a desfrutá-la”, à custa do erário público.

• “Uma sociedade decente não se baseia em direitos, mas em deveres.” (Tony Blair)

Estado/Governo/APs e espírito de ‘custódia’

• Bem-estar da sua geração e das gerações futuras • Vincular os deveres éticos às ´boas práticas´ das APs: Estado

como “pessoa” de bem • Ordem estatal e ordem pública: códigos de ética e novos

papéis do Estado/Governo/APs • Mas não há código – velho ou novo – nem manual de boas

práticas que possam substituir o carácter e o sentido de responsabilidade e muito menos garantir a qualidade dos serviços públicos…

• Como incentivar uma sociedade civil dinâmica que arrisque, inove e produza?

• E que tal deixar um Planeta melhor aos nossos filhos…!?

Papel principal do Estado? • A importância do Estado para a qualidade das Políticas

Públicas não consistirá, antes de mais, em assegurar o cumprimento das normas em que assenta uma ordem que inclui, para além da organização do governo, os indivíduos e as suas múltiplas e variadas organizações?

• Funções do Estado/Governo/AP: básicas ou de soberania, supletivas ou subsidiárias?

• Fornecimento positivo aos cidadãos de bens e serviços consumíveis, e prestação de serviços negativos, que consistem em impedir a actuação de quem quer prejudicar as trocas que os cidadãos se prestam mutuamente

Ainda em relação às tarefas positivas? • Será que nessas tarefas positivas o Governo deverá

poder usar o seu poder de coerção (e de normas de conveniência) e ter o monopólio de prestação desse serviço?

• Não será importante recuperar uma distinção (cara a Hume) entre interesses privados, públicos e comuns? Até como forma de evitar confundir o que o Governo entende por interesse “público” com o bem comum ou interesse geral.

• É próprio dos regimes totalitários pretendem reduzir o interesse privado e o interesse comum ao interesse “público”

• Problemas públicos e soluções: estatais, privadas, sociais?

Problemas “públicos” e novas soluções: um

novo mundo a desencobrir… Fonte Dowding

Tipos de Provisão de Bens/Serviços Produção Pagamento Consumo

Privado Privado Privado

Privado Público Privado

Privado Privado Público

Privado Público Público

Público Privado Privado

Público Público Privado

Público Privado Público

Público Público Público

Intervencionismo: motivações, restrições e efeitos

• O recurso à intervenção do Estado para garantir uma determinada justiça na distribuição deve ter em conta as motivações e restrições dos que tomam as decisões, bem como os efeitos que tal intervenção estatal terá sobre outros aspectos da vida económica: possível perda de eficiência económica, redução do incentivo a trabalhar, a poupar ou a investir, etc.

• Quando se tem em conta tudo isto a redistribuição compulsiva do rendimento será, no mínimo, mais matizada.

Perguntas indiscretas

• Quem será melhor juiz da qualidade de uma casa ou dos méritos de um jantar?

• Arquitectos, mestres e utilizadores

• Cozinheiros e comensais

• Top-down versus Bottom-up

• O que é um bom bombeiro?

Reinvenção do Estado/Governo/AP Reinvenção da Sociedade Civil

ESTADO/Governo/APs MERCADO

SOCIEDADE CIVIL

Uma nação de ovelhas dará origem a um Governo de lobos

Gestão, Governação e Valores

• Os governos começam a perceber a necessidade de mudar profundamente os processos de governar para garantir a confiança pública e fazer melhor uso dos recursos da sociedade.

• Valores antigos: imparcialidade, legalidade e integridade. E novos: responsabilidade, transparência…

• Gestão (decisões necessárias ao funcionamento e desenvolvimento) e governação (supervisão, fiscalização e sanção) das organizações

• Gerir de acordo com as regras da ética e da legalidade e no interesse de todos os “accionistas” sem privilegiar nem discriminar será exclusivo das organizações públicas?

• Prestar contas a quem? Clientes, consumidores, cidadãos e súbditos ou os chapéus de Mintzberg

• Políticas Públicas incentivadoras de uma sociedade de assistidos ou promotoras da liberdade e responsabilidade das pessoas?

28 ou 29 de Junho de 2011 (Consoante data da s/ intervenção)

Nome da Apresentação (insira os dados no master/modelo global)

- Nome do Orador -

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Sentido de Estado e Sentido de Governo

• Bem comum e bem governamental

• Interesse privados, públicos e comuns

• Estado regulador versus Estado prestador (introduzindo novos métodos de gestão e libertando as autoridades públicas para funções de supervisão e controlo)

Regulação, Auto-regulação e Hetero-regulação

• Estado pele (Ortega y Gasset

• Estado dispensável (A. Sérgio)

• Estado protector, produtor e “benfeitor” (J. M. Buchanan)

Liberdade de acção… Liberdade de escolha...

• Pluralismos: político, económico e social

• Autoridade baseada em ‘ordens’(ou comandos) versus autoridade baseada em regras

• Regular, fiscalizar e penalizar

• Critérios objectivos, controláveis e verificáveis

• Actuar como árbitro ou de forma arbitrária?

• “Economia de interesses”: mina o Estado e o Mercado

Jogo social, económico, político...

• Regras gerais e Resultados particulares • Árbitros, fiscais e juízes versus jogadores, dirigentes

e adeptos • Cultura de isenção e de imparcialidade • Velar por regras e lutar por resultados • Falhas do do mercado e falhas do governo • Mercados imperfeitos e “parcialidade” como bem? • Necessidade de entidades independentes, tanto do

poder político como económico.

Quais os novos e desejáveis papéis do Estado/Governo e da Sociedade Civil

• Crise do Estado e novos desafios para os Governos: entre a politização da AP e a administratização da política

• Visão (não) dualista do comportamento humano: somos confiáveis e/ou inconfiáveis, bons e/ou maus?

• Os nossos dois lados: o oportunista e o cooperante? Mercado económico versus mercado político?

• Reformas tidas como “politicamente impossíveis” que acabam “economicamente inevitáveis”? Porque será que os eleitores tendem a ser maus e corruptos juízes dos seus interesses de longo prazo … até quando continuarão a julgar a política pelos resultados de curto prazo? J. A. Schumpeter, Capitalismo Socialismo e Democracia

Âmbitos da Política. Orientação para:

A legislação O serviço O cidadão

Objectivo conformidade

legal competitividade

qualidade de vida da comunidade

Perspectiva Estado sector público sociedade civil

Mecanismo

de Controle Hierárquico mercado nertworks

Lógica legal económica cívica

Stakeholders- chave na Governação Pública

• Cidadãos, enquanto indivíduos

• Organizações da comunidade, formal ou informalmente organizadas

• Organizações sem fins lucrativos

• Empresas

• Meios de comunicação

• Entidades públicas (em diferentes níveis de governo ou corpos eleitos, incluindo a nível internacional)

Networks e governação pública

• Para alguns académicos, a governação refere-se a redes de auto-organização e inter-organização

• Outros, defendem que embora as redes se tenham tornado um aspecto crescentemente importante da governação pública, são só um modo específico da governação.

• Há outros mecanismos que permanecem importantes nos sectores “governamental”, “comercial” e “intermédio”, incluindo: – Hierarquias – Mercados – Comunidades

• O que significa que a governação, como tudo o que é humano, não só envolve cooperação mas também competição e conflito de gestão

Governação, Globalização e territórios...

• Num mundo globalizado, a par de produtos e serviços, entram também em competição modelos de organização, de gestão e de governação... de continentes, países e regiões a cidades, vilas e aldeias.

• Vantagem competitiva das Nações: a Riqueza (ética-institucional) das suas comunidades…

• Qualidade com que actuam os profissionais, na coerência e consistência do seu quadro institucional, nos valores de referência que configuram as relações sociais e a vida das organizações.

• Daí a importância da excelência como capacidade ou virtude, que incita à liberdade para cada um de nós “se elevar acima de”… do latim excellente que significa também ultrapassar-se, superar-se … (antónimos: afundar-se, perder-se, degradar-se…

• “Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito” Aristóteles

Le Grand e Objectivos da prestação de serviços públicos

• Qualidade

• Eficiência

• Adequação às necessidades e preferências dos utilizadores

• Equidade

Mecanismos de organização da prestação de serviços públicos

• Confiança

• Fixação de objectivos e gestão do desempenho

• “Voice”

• Concorrência e liberdade de escolha

Notas finais

– Incentivos e motivações na prestação de serviços públicos

–O mix dos mecanismos de prestação de serviços públicos: confiança, gestão por objectivos, voz e concorrência e liberdade de escolha

– Estado, mercado e sociedade civil

–Governação e Administração Pública

Bibliografia-1 Principal • Dowding, Keith, “Desafios à Administração Pública: Dar Poder aos

Consumidores” in Moreira, Jalali e Alves (eds.) Estado, Sociedade Civil e Administração Pública: para um novo paradigma do serviço público, Coimbra: Almedina, 2008.

• Le Grand, Julian, The Other Invisible Hand: Delivering Public Services through Choice and Competition. Princeton e Oxford: Princeton University Press, 2007.

• Moreira, José Manuel, Ética, Democracia e Estado. Para uma nova cultura da Administração Pública, Cascais: Principia, 2002.

• Moreira, José M. e Alves, André A. , Gestão Pública e Teoria das Burocracias entre a visão clássica da Administração Pública e o novo paradigma da Governação Pública, INA, Lisboa 2010. “Prefácio” de António Correia de Campos. Caderno nº 47.

Bibliografia-2

Complementar • Alves, André Azevedo e Moreira, José Manuel, O que é a

Escolha Pública? Para uma análise económica da política, Cascais: Principia, 2004.

• _________ Cidadania digital e democratização electrónica, SPI-, Cascais: Principia, 2005.

• __________, Key issues for the training of senior civil servants in the context of public administration reform in Portugal, Oeiras: INA, 2007. Caderno nº 34.

• Le Grand, Julian (2006) Motivation Agency, and Public Policy: Of Knights & Knaves, Pawns & Queens (2.ª ed.), Oxford: Oxford University Press, 2006 (1.ª ed. de 2003).

• Moreira, Jalali e Alves (eds) Estado, Sociedade Civil e Administração Pública. Para um novo Paradigma do Serviço Público, Coimbra: Almedina, 2008.