polÍticas de saÚde no descarte de medicamentos - … · e o veneno é a dose”, esta premissa é...

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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA - EMESCAM MARCUS VINICIUS LOPES GOUVEIA POLÍTICAS DE SAÚDE NO DESCARTE DE MEDICAMENTOS VITÓRIA 2015

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Page 1: POLÍTICAS DE SAÚDE NO DESCARTE DE MEDICAMENTOS - … · e o veneno é a dose”, esta premissa é verdadeira, por isso o objetivo deste trabalho é alertar sobre o descarte de medicamentos

ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA

DE VITÓRIA - EMESCAM

MARCUS VINICIUS LOPES GOUVEIA

POLÍTICAS DE SAÚDE NO DESCARTE DE MEDICAMENTOS

VITÓRIA

2015

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MARCUS VINICIUS LOPES GOUVEIA

POLÍTICAS DE SAÚDE NO DESCARTE DE MEDICAMENTOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de

Misericórdia de Vitória como requisito parcial

para obtenção do grau de bacharel em farmácia.

Orientadora: Prof. Msc. Luiza Maria de Castro

A. Alvarenga

VITÓRIA

2015

MARCUS VINICIUS LOPES GOUVEIA

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POLÍTICAS DE SAÚDE NO DESCARTE DE MEDICAMENTOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola Superior de Ciências da

Santa Casa de Misericórdia de Vitória como requisito parcial para a obtenção do

grau de Bacharel em Farmácia.

Aprovada em ________de ____________ de __________

BANCA EXAMINADORA

Msc. Luiza Maria de Castro Augusto Alvarenga

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – EMESCAM.

Orientadora.

Msc. Josiane de Souza Pereira Daniel

Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL.

Farmacêutico Thiago Ferreira Tavares

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – EMESCAM.

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AGRADECIMENTOS

Minha gratidão a Deus pela oportunidade

de desenvolver-me como profissional e

como pessoa no decorrer desta

experiência denominada faculdade. À

professora Luiza por todo apoio e

orientação, à minha família, meus pais e

minha esposa pelo apoio e torcida

voluntária.

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“Sendo que Deus é infinito, e que nEle estão todos os tesouros da sabedoria, poderemos, durante toda a eternidade, estar sempre buscando, sempre aprendendo, sem nunca esgotar as riquezas de Sua sabedoria, bondade ou poder. Por mais que avancemos no conhecimento da sabedoria e do poder de Deus, há sempre um infinito para além”.

Ellen White.

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RESUMO

Os medicamentos contém substâncias ativas com propriedades terapêuticas

reconhecidas pela ciência, denominadas fármacos, drogas ou princípios ativos,

eles requerem um alto controle desde o início da pesquisa até a comercialização

do novo medicamento. Segundo um ditado popular “a diferença entre o antídoto

e o veneno é a dose”, esta premissa é verdadeira, por isso o objetivo deste

trabalho é alertar sobre o descarte de medicamentos inadequado que expõe a

saúde população e orientar sobre as formas corretas de descarte. Políticas

públicas no descarte de medicamentos, é a exposição de fundamentos e

objetivos que visam orientar os programas de governo quanto aos problemas

relacionados a rejeição de fármacos, drogas ou princípios ativos que possuem

atividade terapêutica, mas encontram-se fora das condições ou prazo de uso.

.

Palavras-chave: Descarte de medicamentos, medicamentos, políticas públicas,

políticas de saúde.

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LISTA DE SIGLAS

SNVS Serviço Nacional de Vigilância sanitária

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

CFF Conselho Federal de Farmácia

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

EMESCAM Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de

Vitória

ANVISA Agência Nacional de Vigilância sanitária

CBN Central Brasileira de Notícias

RSS Resíduos Sólidos de Saúde

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

PLC Projeto de Lei Complementar

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

PLS Projeto de Lei do Senado

PL Projeto de Lei

PGRSS Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde

GTT Grupo Técnico Temático

GTA Grupo Técnico de Assessoramento

ABNT Agência Brasileira de Normas Técnicas

SAMU Serviço de Atendimento Médico de Urgência

TOXEN Centro de Atendimento Toxicológico

SESA Secretaria de Estado da Saúde Espírito Santo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 6

2 OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 8

2.1 OBJETIVOS GERAIS ..................................................................................................................... 8 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................................... 8

3 DESENVOLVIMENTO ..................................................................................................................... 9

3.1 DESCOBERTA DO PROBLEMA .................................................................................................. 9 3.2 DESCARTE DE MEDICAMENTOS: O PROBLEMA .................................................................. 9 3.3 FRAGILIDADE DA LEGISLAÇÃO .............................................................................................. 12

3.3.1 LOGÍSTICA REVERSA ....................................................................................................... 20 3.4 DESCARTE DE MEDICAMENTOS: MEIO AMBIENTE .......................................................... 22 3.5 DESCARTE DE MEDICAMENTOS: DESCARTE ADEQUADO ............................................ 27

4 METODOLOGIA............................................................................................................................. 31

5 ANÁLISE......................................................................................................................................... 32

5.1 IMPORTÂNCIA DO DESCARTE DE MEDICAMENTOS. ....................................................... 32 5.2 SUPORTE DO ESTADO PARA O DESCARTE DE MEDICAMENTOS ................................ 33 5.3 PROTOCOLO PARA O DESCARTE DE MEDICAMENTOS .................................................. 34 5.4 IMPACTOS POSSÍVEIS .............................................................................................................. 34

5.4.1 REPORTAGEM PUBLICADA PELO G1/ES EM SETEMBRO DE 2015: ..................... 35 5.5 LOGÍSTICA REVERSA COMO ALTERNATIVA ....................................................................... 36 5.6 IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO NO DESCARTE DE MEDICAMENTOS ................. 38 5.7 CONHECIMENTO DA LEGISLAÇÃO ........................................................................................ 38

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 39

7 REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 40

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1 INTRODUÇÃO

O descarte de medicamentos deveria ser uma prática consciente por parte da

população, profissionais de saúde, unidades de saúde, farmácias, hospitais e

indústrias, mas devido a faltade leis especificas no âmbito nacional que norteiem

de forma efetiva como rejeitar tais resíduos sem expor a saúde e segurança

biológica tanto de humanos como de animais ou se existem precisam ser tonar

mais conhecidas para serem aplicadas.

Em princípio não se pode atribuir a culpar à população pelo descarte indevido de

medicamentos vencidos ou outros resíduos especiais gerados. Pois, falta uma

eficaz comunicação de risco e informações dos órgãos competentes quanto ao

descarte correto. A ausência de informações ocorre tanto na imprensa quanto

nos rótulos ou bulas dos medicamentos.

No Brasil ainda não se tem uma regulamentação específica no âmbito nacional

relacionada ao gerenciamento e destinação final ambientalmente adequada de

resíduos de medicamentos descartados pela população (ANVISA 2009).

As dúvidas relacionadas à maneira adequada de descartar medicamentos são

frequentes no Serviço Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), pois não existem

critérios definidos e serviços estruturados para devolução ou coleta de

medicamentos. Já existe indício de avanço dentro dessa área, uma vez que a

cada dia surgem mais e mais iniciativas independentes dentro dos estados a fim

de promover a retirada desses medicamentos das mãos da população (ANVISA

2009).

Segundo Fischer e Freitas (2011) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(UFRGS), os medicamentos não utilizados ou vencidos representam um

problema de saúde pública considerado de grande impacto econômico e aponta

para a possibilidade de automedicação, não adesão a um tratamento prescrito,

prescrição além da quantidade necessária e a presença de amostra-grátis na

comunidade. O profissional farmacêutico tem papel fundamental promovendo a

racionalização do uso de medicamentos, a minimização destes resíduos e a

orientação sobre o destino final por parte da população.

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A discussão deste trabalho dará ênfase no problema do descarte de

medicamentos a fim de proporcionar uma reflexão que estimule ideias que sejam

capazes de amenizar os impactos sobre o meio ambiente e os humanos. É um

assunto delicado que precisará de mais debates pela sociedade e autoridades,

mas abaixo segue uma pequena contribuição a um assunto tão vasto.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVOS GERAIS

Revisar e descrever conceitos e informações a respeito das políticas públicas

para descarte de medicamentos entre pacientes, farmácias e hospitais.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Relatar as principais dificuldades na implantação das políticas de saúde

no descarte medicamentos respondendo o porquê descartar é um

problema;

b) Descrever as características de como estabelecimentos de saúde

obedecem às regras de descarte;

c) Relatar as principais complicações no processo de logística reversa do

paciente até o descarte final.

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3 DESENVOLVIMENTO

3.1 DESCOBERTA DO PROBLEMA

A ideia principal deste trabalho de conclusão de curso (TCC), surgiu de uma das

experiências profissionais que o aluno da conceituada Escola Superior de

Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM), Marcus Vinícius

Lopes Gouveia, teve oportunidade de vivenciar, na condição de estagiário, a fim

de aperfeiçoar o desenvolvimento de seu conhecimento da profissão

farmacêutica. No primeiro dia de estágio em um hospital público da Grande

Vitória, o aluno deparou-se com uma situação alarmante. Sua primeira atividade

naquele lugar deveria ser descartar medicamentos vencidos em suas mais

diversas formas farmacêuticas. Estes medicamentos passaram do prazo de

validade, pois não houve demanda para o seu consumo e deveriam ser jogados

fora. Ampola por ampola, comprimido por comprimido, um a um, formavam-se

pilhas de caixas cheias com os produtos que haveriam de ser desprezados, mas

a dúvida que permanecia era a seguinte: para onde vão e qual o fim desses

produtos? A resposta obtida do supervisor do estágio era a de que não havia um

descarte apropriado e esses produtos davam saída do hospital através do lixo

hospitalar que haveria de ser “incinerado” (não sabia ao certo), porém esta não

era a forma apropriada (Informação do autor).

3.2 DESCARTE DE MEDICAMENTOS: O PROBLEMA

O problema do descarte de medicamentos está ligado às políticas públicas que

delimitam e ordenam o que fazer com a sobra dos fármacos. Caso a lei não

esclareça o que deve ser feito, cada pessoa ou usuário, cada comércio ou

estabelecimento de saúde por falta de orientação e determinação legal do poder

público, decide o que fazer com os restos de remédio. Devido a isto, por vezes

vão parar nos lugares errados com impactos diretos ou indiretos na vida da

população. O impacto maior não está no presente, mas no futuro resultado que

a somatória dos anos poderá revelar sobre este problema.

Segundo Alvarenga e Nicoletti (2010) a legislação existente sobre o descarte de

medicamentos é direcionada aos estabelecimentos de saúde e não engloba a

população em geral.

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Este primeiro exposto é um dos mais destacados e apontado como o principal

problema na eliminação de resíduos de origem farmacêutica, caracterizado pela

relação direta com a massa consumidora e alimentadora da indústria

farmacêutica. A população brasileira não foi educada a consumir medicamentos

quando necessário, mesmo os analgésicos são “vítimas” do abuso excessivo,

grande parte da população tem seus “pequenos” estoques de remédios dos que

tratam a dor até os psicotrópicos podem ser encontrados.

Para Jesus (2007): O alto índice de automedicação da população brasileira

também tem forte relação com o mercado ocupado pela indústria farmacêutica.

A indústria utiliza estratégias criativas por meio das ferramentas de marketing e

das propagandas no mercado farmacêutico. A propaganda exerce forte

influência sobre o consumidor, fazendo com que ele adquira produtos ou

serviços sob pressões internas (usos e costumes) e externas (informações

inadequadas), que deformam o contrato de consumo, tornando-o não mais um

ato voluntário, mas sim um ato condicionado.

Gasparini, Gasparini e Frigieri (2011) afirmam que os medicamentos são

essenciais para a manutenção da saúde da população, porém, a mídia dá um

grande incentivo ao consumo excessivo de medicamentos e isso, aliado ao

problema da automedicação, faz aumentar o acúmulo de medicamentos não

utilizados nas residências.

O famoso clichê que diz: “A propaganda é a alma do negócio” não deveria ser

verdadeiro quando o assunto debatido é medicamentos. A vida humana é o bem

mais precioso que possuímos, entretanto fica à mercê das artimanhas do

mercado farmacêutico que influencia a população a consumir cada vez mais e

mais remédios. Pessoas felizes e sorridentes são utilizadas nas campanhas de

marketing passando uma falsa ideia de conforto e segurança depositada,

músicas estimulantes, imagens legais conquistam cada vez mais adeptos do

consumismo, este consumismo desfreado no que tange este setor de negócios

impacta na vida das pessoas dia após dia, praticam e potencializam a

automedicação. Manipular a massa a consumir, este é o negócio da indústria

farmacêutica, descobrir a cura e comercializa-la a um alto preço e tornar o

usuário um dependente.

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De acordo com Alvarenga e Nicoletti (2010) o Brasil está entre os maiores

consumidores mundiais de medicamentos o que contribui para o aumento nas

sobras de medicamentos que terão como destino o lixo comum.

Um mercado farmacêutico tão promissor como o brasileiro consegue fazer do

país um dos campeões mundiais de consumo de remédios, o desfecho disto não

poderia ser outro, quanto mais remédios saindo das farmácias maior a

quantidade de medicamentos sendo desprezados de forma errada. Grandes

quantidades de drogas em circulação, somadas a falta de informação, resultam

em contaminação ao meio ambiente e aos seres humanos.

Gasparini, Gasparini e Frigieri (2011) acrescentam ainda, que o descarte

inadequado é feito pela maioria das pessoas por falta de informação e divulgação

sobre os danos causados pelos medicamentos ao meio ambiente e por carência

de postos de coleta. Dessa forma, a população é a peça chave na solução dos

problemas causados pelos medicamentos quando inadequadamente

descartados.

A afirmação acima ressalta a importância da população no controle final dos

remédios, uma população bem informada e consciente dos graves riscos e

impactos que podem decorrer do simples hábito no descarte doméstico, singelas

mudanças de hábitos seriam o bastante para colaborar com esta nobre causa.

É necessário falar e mostrar os danos causados e como afetam diretamente a

vida das pessoas.

Conforme Rodrigues (2009), “vale ressaltar que a realidade sanitária do país,

com infraestrutura precária, ausência de aterros sanitários, é outro fator que

dificulta o tratamento adequado de resíduos de natureza biológica ou química. ”

Sotoriva (2009) afirma que a falta de informação faz com que as pessoas

descartem esses medicamentos no lixo comum ou em vasos sanitários, porém,

o sistema de esgoto brasileiro não está preparado para fazer o tratamento

adequado de resíduos tóxicos provenientes de medicamentos que são atirados

na pia ou no vaso sanitário.

Quando um medicamento é descartado em casa numa pia, no ralo ou pela

descarga do sanitário não existe uma reflexão sobre como este medicamento

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pode impactar sobre a saúde da população, o fato é que o serviço do sistema de

esgoto sanitário não está preparado para tratar a água de maneira eficaz,

eliminando por completo os resíduos de medicamentos, no retorno da água as

residências retornam também os medicamentos antes descartados.

Nascimento (2008) relata que o descarte inadequado de medicamentos vencidos

pode causar sérias intoxicações no ser humano e também ao meio ambiente,

pois os remédios têm componentes resistentes que se não forem tratados

acabam voltando para as casas e a população pode consumir água com restos

de remédios.

Fica evidente que descartar medicamentos nas vias pluviais não é a melhor

escolha pois podem retornar as residências da população. Se existe a

possibilidade comprovada da população ser atingida por restos de

medicamentos deve-se lembrar que os animais também podem e que os

impactos na vida deles podem ser mais fortes, não estão adaptados para

consumir medicamentos e em grande maioria os medicamentos não são

produzidos para eles. Quando nos sentimos doentes vamos nos consultar com

um profissional médico na expectativa de melhorar do mal que nos aflige, os

animais também precisam de cuidados especiais e de remédios que estejam

adaptados a suas formas de vida.

Insta ressaltar que o descarte inadequado realizado em casa é um grande fator

agravante, os hábitos de criar estoques nas “farmacinhas caseiras” ou em

qualquer outro lugar é um crescente no consumo de medicamentos por parte da

nossa população, estes medicamentos muitas vezes são jogados em lixos

caseiros que não recebem tratamento adequado e contaminam o solo, a água e

os lençóis freáticos os recursos naturais dos quais dispomos para sobreviver.

3.3 FRAGILIDADE DA LEGISLAÇÃO

Segundo Balbino (2010), políticas públicas é a exposição de motivos,

fundamentos e objetivos que visam orientar os programas de governo na

resolução de problemas sociais, ou seja, trata‐se da aproximação da sociedade

à Administração Pública, assim, a participação de toda a sociedade na

formulação, decisão e execução das políticas públicas é fundamental para a

estruturação de políticas públicas mais coesas e eficazes.

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Para a ANVISA, os medicamentos são produtos especiais elaborados com a

finalidade de diagnosticar, prevenir, curar doenças ou aliviar seus sintomas,

sendo produzidos com rigoroso controle técnico para atender às especificações

determinadas pela autoridade sanitária. O efeito do medicamento se deve a uma

ou mais substâncias ativas com propriedades terapêuticas reconhecidas

cientificamente, que fazem parte da composição do produto, denominadas

fármacos, drogas ou princípios ativos. Os medicamentos seguem a normas

rígidas para poderem ser utilizados, desde a sua pesquisa e desenvolvimento,

até a sua produção e comercialização.

Segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa, descarte se define como

ato ou efeito de se deitar fora alguma coisa que não tem mais serventia ou não

se deseja mais qualquer coisa que se encontre à parte, por ter sido rejeitada ou

posta de lado, refugo; rejeição.

Políticas públicas no descarte de medicamentos, logo é entendido como a

exposição de fundamentos e objetivos que visam orientar os programas de

governo quanto aos problemas relacionados a rejeição de fármacos, drogas ou

princípios ativos, mas encontram-se fora das condições ou prazo de uso e que

possuem ou não atividade terapêutica.

Segundo o vice-presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF) Walter da

Silva Jorge João em entrevista a revista Pharmacia Brasileira de 2011, o tema

gerenciamento e destinação final de medicamento, no Brasil, ainda não tem

legislação específica em vigor. Fica evidenciado um grave problema de saúde

no país, uma vez que a legislação não deixa esclarecido os procedimentos

adequados para descartar resíduos ou sobras de origem medicamentosas,

ocorrendo assim, uma destinação inadequada a estes produtos.

Abaixo segue um trecho de uma reportagem produzida pelo gazeta online em

vitória em março de 2012 sobre o problema de descarte.

Você já sarou, mas o remédio sobrou, deixando - sem trocadilhos - uma

enorme dor de cabeça: como e onde descartar medicamentos sem uso

ou com data de validade vencida? A lei não é clara. Nem as secretarias

de Saúde nem as Vigilâncias Sanitárias e muito menos as farmácias

são legalmente responsáveis por pílulas e xaropes que, quando

jogados no lixo comum, contaminam o solo e os rios com substâncias

químicas ironicamente nocivas à saúde.

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Os diálogos a seguir comprovam que não é nada fácil agir

corretamente nesse caso. Diante da dúvida sobre onde e como

descartar remédios vencidos, a resposta de um técnico da Vigilância

Sanitária diante da pergunta "Onde posso descartar medicamentos

usados?" Foi: "boa pergunta".

Diante da ausência de uma regra nacional a ser seguida, nenhum

órgão é responsável por recolher os medicamentos. A Secretaria de

Estado da Saúde (Sesa) se responsabiliza pelo lixo gerado apenas

pelos hospitais, e reforça que o contato para devolver remédios deve

ser com cada Vigilância. As Vigilâncias Sanitárias de cada município,

por sua vez, tentam resolver como podem, caso a caso, o problema

dos moradores. E a Vigilância Sanitária Estadual informa que o assunto

é tratado diretamente com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(Anvisa).

Na Anvisa, a falta de informação continua. Por meio de nota, o órgão

informa que vem discutindo o tema Descarte de Medicamentos desde

2009 e tem se envolvido nas discussões para implementar uma política

para recolhimento de medicamentos domésticos. A agência orienta

que, enquanto não há regulamentação, a população deve procurar as

redes de farmácias e supermercados que possuem iniciativas relativas

a recolher os produtos. “Os consumidores devem tentar localizar

alguns desses serviços disponíveis em suas regiões para realizar o

descarte correto dos medicamentos”, diz a nota.

Enquanto isso, longe da burocracia e dentro de casa, o velho hábito de

descarte de remédios – jogando na privada e dando descarga ou

colocando no lixo comum – continua. A prática pode até parecer

simples, mas está completamente errada, segundo especialistas em

Farmácia e Meio Ambiente. O farmacêutico João Vicente Maggioni

nesta mesma entrevista ao site gazeta online, por exemplo, explica

que, no caso de medicamentos descartados em privadas, o prejuízo

ao meio ambiente é o mesmo do que jogar fora no lixo seco.

Ele garante que remédios líquidos e comprimidos causam os mesmos

danos. “Não há diferença nenhuma. Até porque geralmente o

comprimido se dissolve. A diferença da forma sólida para a líquida é

que a líquida já está dissolvida. Caindo na rede de esgoto, estas

substancias contaminam os mananciais e quando consumidas por

animais, estarão presente em sua carne e consumidas pela população,

refere o autor.

A avaliação é compartilhada pelo consultor ambiental e comentarista

da Rádio CBN Vitória do programa “Meio ambiente e sustentabilidade”,

o professor Marco Bravo. “Medicamentos possuem substâncias

químicas que contaminam o solo, a água e todo o Meio Ambiente.

Materiais desse tipo precisam de cuidados especiais e não devem ser

descartados em lixo comum”, explica.

Enquanto não é definido o futuro dos remédios usados, é o planeta que

paga a conta. E a culpa, segundo Maggioni, está longe de ser da

população. “A população descarta por que a dispensação no Brasil não

é ideal. Você compra uma caixa de remédios que não é exata com o

seu tratamento. O seu tratamento é para 28 comprimidos, mas vêm 30.

Então sobra. Não era para ser assim. Era para comprar quantidade

exata, fracionada. E isso não existe na prática”, critica.

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A reportagem do site Gazeta online sobre descarte de medicamentos corrobora

a entrevista do vice-presidente do CFF Walter João (2011). Os fatos

evidenciados pela reportagem indicaram que o município e o Estado por meio

de suas vigilâncias sanitárias não sabem como proceder ou qual protocolo

seguir, por sua vez a ANVISA indicou que os consumidores procurassem

iniciativas privadas para receberem essas medicações e disse que o tema está

em debate desde o ano de 2009.

O vice-presidente do CFF Walter João ainda destaca em seu artigo na revista

Pharmacia Brasileira (2011) que o gerenciamento desta classe seria

fundamental para manter o controle interno no Brasil. Sabendo-se onde está, a

quem pertence e como gerencia garantir-se-á como este produto, no fim de sua

vida útil ou validade poderá ser descartado precisamente.

“O assunto é abordado pela RDC No 306, de 7 de dezembro de 2004,

que dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de

resíduos de serviços de saúde e pela Resolução Nº 358, do M.A. 2005)

dispondo sobre o tratamento e à disposição final dos resíduos dos

serviços de saúde e dá outras providências. (JOÃO 2011) ”

Segundo BRASIL (2006), “os estabelecimentos de saúde devem atender às

normas e exigências legais, desde o momento que é gerado até a destinação

final. ”

A legislação brasileira aponta que os serviços de saúde são os responsáveis

pelos resíduos produzidos e o gerenciamento dos mesmos, tendo como objetivo

seguir as normas que a lei exige do princípio ao fim da linha de produção

residual. Seguindo estas regras estabelecidas é possível reduzir o grande

volume de resíduos sólidos de saúde (RSS) e evitar acidentes de ordem

ocupacional ou que impactem ao meio ambiente, a Resolução da diretoria

colegiada RDC 306 supracitada abrange as seguintes entidades de saúde:

drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino

e pesquisa na área de saúde e, também, distribuidores de produtos

farmacêuticos. (ANVISA 2004)

“Existe diversidade de regulamentações e iniciativas nos estados e municípios

de recolhimento, devolução, doação e descarte de resíduos de medicamentos

pela população. (ANVISA 2009). ”

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Lei nº 5991/1973 - Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos.

Lei nº 6360/1976 - Dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos ...

Portaria nº 3.916/1998 - Política Nacional de Medicamentos.

Resolução CNS nº 338/2004 - Política Nacional de Assistência Farmacêutica.

Resolução CONAMA nº. 358, de 29 de abril de 2005 - Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.

Lei nº. 11.445, de 05 de janeiro de 2007 - Estabelece as Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico.

Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010 - Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010 - Regulamenta a Lei nº 12.305/2010.

Portaria 344/98 e a Instrução Normativa n°. 6/2009 - Regulamento Técnico de substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.

Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº. 306/2004 - Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº. 56/2008 - Boas Práticas Sanitárias no Gerenciamento de Resíduos Sólidos nas áreas de Portos, Aeroportos, Passagens de Fronteiras e Recintos Alfandegados.

Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº. 81/2008 – Regulamento Técnico de Bens e Produtos Importados.

Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº. 88/2008 - Proíbe em inaladores a presença do gás CFC, um propulsor que danifica a camada protetora de ozônio.

Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº.44/2009 – Dispões sobre Boas Práticas em Farmácias e Drogarias.

PROJETOS DE LEI

PLC N° 595/2011 - Altera o Artigo 6ª à Lei 5.991/1973, para dispor sobre o recolhimento e o descarte consciente de medicamentos

PLS N° 148/2011 - Altera a Lei nº 12.305/2010, para disciplinar o descarte de medicamentos de uso humano ou de uso veterinário.

PL N° 396/2011 -Dispõe sobre o fracionamento de medicamentos.

PLS N° 229/2010 - Altera a Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, para dispor sobre o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde pelos Municípios.

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PLS N° 8044/2010 - Institui a Política Nacional de Medicamentos.

PL N° 5.087/2009 - Obriga as indústrias farmacêuticas e as empresas de distribuição de medicamentos, a dar destinação adequada a medicamentos com prazos de validade vencidos e dá outras providências.

PLS N° 259/2008 - Altera a Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976, para dispor sobre a impressão do número do lote e das datas de fabricação e de validade de medicamentos.

PL N° 718/2007 - Altera o Decreto-Lei nº 467/1969, para dispor sobre a devolução de embalagens vazias de produtos de uso veterinário.

PL N° 7.029/2006 - Acresce dispositivos ao art. 22 da Lei nº 6.360/1976, para dispor sobre registro e fracionamento de medicamentos para dispensação, e dá outras providências.

PL N° 1.564/2003 - PLC61/2006 - Altera a Lei nº 9.787/1999,

dispondo sobre a prescrição de medicamentos pela a Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua falta, a Denominação Comum Internacional (DCI)).

PL N°3.125/2000 - Altera dispositivos da Lei nº 7.802/1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção de agrotóxicos e afins, e dá outras providências.

Afirma Walter João (2011), “Os medicamentos são classificados como resíduos

do grupo B, que engloba substâncias químicas que podem apresentar risco à

saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. ”

Substancias químicas e medicamentos oferecem possuem risco potencial e

agressivo tanto à saúde pública quanto ao meio ambiente, por isso necessitam

de uma política real e consistente que trate o problema e sua causa e que não

se utilize de modos paliativos “permanentes”, dando relevância ao problema em

questão. Já existem muitas cidades despertando para seriedade do problema

apresentado, entretanto não existe uniformidade na conduta adotada e nem

todos os meios são efetivamente eficazes, por vezes estas tentativas

apresentam-se ineficazes, confusas e conflitantes. Na questão da fragilidade da

legislação o modo principal de se adotar princípios uniformes eficientes para a

saúde pública e meio ambiente seria a criação de leis federais que norteiem

especificamente os pontos cruciais desta questão, descartar (adequadamente)

“é preciso! ”.

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“Deve-se ressaltar ainda a problemática de algumas classes de

medicamentos, como os antibióticos, cujo impacto no meio ambiente é

preocupante devido a alguns componentes da fórmula, como descrito

a seguir:

“A legislação torna-se deficiente, por não mencionar a destinação final

adequada para os resíduos líquidos. É direcionada para

estabelecimentos de saúde e não engloba a população no geral.

Dificilmente, existe uma coleta adequada desses resíduos por parte

das prefeituras. Logo, a legislação de nada adianta, se não é aplicada.

E mesmo que a contaminação do meio ambiente por resíduos seja

considerada crime ambiental, não há fiscalização adequada e nem a

aplicação de punição a todos os poluidores. Geralmente, os aterros

especiais são privados, dificultando a utilização por parte da

população”. (Pharmacia Brasileira 2011)

Apesar de tudo o que a legislação determina, não foi possível abordar todas as

tangentes que rondam o tema, pois não cercam todas as tangentes que

abrangem o tema, um exemplo segue abaixo da questão aberta: Embora

farmácias e distribuidores de medicamento sejam obrigados a elaborar o PGRSS

(Programa de gerenciamento de resíduos sólidos de saúde, instituído pela lei

12.305/10) em seus estabelecimentos, estes não possuem obrigação legal de

recolher os fármacos que sobram dos produtos que vendem, nascendo,

portanto, um grande problema, o descarte incorreto de medicamentos pela

população. (Balbino 2010), sendo assim apesar de cada estabelecimento de

saúde ter um PGRSS eles não são obrigados a receberem medicamentos.

Marco Bravo em entrevista à Gazeta online no ano de 2011 orienta a população

para procurar saber se os postos de saúde e hospitais próximos à sua casa

recebem medicamentos. Geralmente esses locais têm parcerias com os

fabricantes e distribuidores de medicamentos, para devolver os que estão

vencidos. Se os remédios estão fora do prazo de validade apontado na

embalagem, devem ser encaminhados a uma unidade hospitalar ou ao

fabricante. Se os medicamentos ainda estiverem no prazo devem ser destinados

a Vigilância Sanitária do município.

As redes de farmácia Farmes e Santa Lúcia (Vitória – ES) recebem os produtos.

Basta ir a qualquer farmácia da rede e entregar as embalagens para destinação.

Outras redes, como a Saúde Farma, não possuem esse tipo de serviço

oficialmente. Mas orientam a procurar os farmacêuticos de cada unidade para

auxiliar no descarte.

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Existem algumas iniciativas de grupos empresariais e algumas leis municipais e

estaduais que obrigam as farmácias a aceitarem devoluções de medicamentos

em desuso, este é um importante passo para o descarte de medicamentos pois

caracteriza a logística reversa de medicamentos.

Segundo Balbino (2010), a RDC n.º 306/04 como a Resolução CONAMA n.º

358/05 e a Lei n.º 12.305/10 estabelecem critérios para o gerenciamento de

resíduos sólidos, a lei em nível global, relacionando todos os tipos de resíduos e

as resoluções com relação aos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), existindo,

portanto, múltiplas legislações acerca da mesma matéria, sendo necessário,

portanto, o estabelecimento de relação entre essas normatizações para a

determinação da melhor forma de gerenciamento desses resíduos,

principalmente em relação ao descarte de medicamento.

Ratifica Balbino (2010), a elaboração de uma legislação eficiente que apresente

alternativas concretas para esse problema socioeconômico e ambiental, tendo

em vista a inexistência de lei específica acerca da coleta de medicamentos a

serem descartados, é uma das alternativas mais sensatas a serem tomadas

pelos governantes, devendo, toda a população atuar em prol dessa realidade.

A legislação demonstra toda a sua fragilidade ao conceder atenção apenas ao

RSS embora também tenhamos resíduos líquidos, outro ponto frágil é que a

mesma dispõe sobre estabelecimentos de saúde entre eles farmácias industrias

e hospitais, contudo, não se apresenta a classe consumidora destes produtos,

que é população em geral. Os medicamentos são adquiridos e conseguidos nos

mais diversos estabelecimentos de saúde enchem as prateleiras das casas, são

encontrados em bolsas, mochilas, nos carros, entretanto, ao perderem a

utilidade devem ser retirados das mãos da população pelo risco potencial que

apresentam.

A outra grande parcela destes medicamentos não consumidos vai parar em

lixões, nas redes pluviais, ao alcance de crianças e adultos leigos. A população

não tem consciência do risco ao qual está exposta, por serem leigos neste

assunto não compreendem a devida importância, a lei deveria levar o

conhecimento com campanhas de alerta. O meio ambiente sofre estes impactos

e apesar de ser de total conhecimento, a fauna e a flora continuam sendo

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agredidas por falta de fiscalização e punição aos agressores, os recursos

naturais estão sendo esgotados e o pouco restante ainda é contaminado.

3.3.1 LOGÍSTICA REVERSA

No artigo 13 da lei 12.305 é apresentado o conceito de logística reversa:

É o instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado pelo

conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a

restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em

seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final

ambientalmente adequada.

A logística reversa pode ser dividida em duas áreas de atuação: logística reversa

pós-venda e logística reversa pós-consumo. Na primeira, o produto retorna à

cadeia de distribuição de produto sem ou com pouco uso, por problemas no

período de garantia, avarias durante o transporte, prazo de validade expirado,

entre outros. A segunda trata dos produtos no final de sua vida útil, dos bens

usados com possibilidade de reutilização e os resíduos industriais (SILVA;

MOITA NETO, 2011).

No entanto, existe o desinteresse de uma parte do setor produtivo em implantar

a logística reversa, pois esta atividade é vista como sendo de alto custo e existe

uma dificuldade das empresas em medir o impacto efetivo do retorno do produto,

visto que, na maioria das vezes, o produto não volta para o mesmo processo

industrial (DEMAJOROVIC, 2012).

A letra da lei deixa expresso o conceito de logística reversa “desenvolvimento

econômico” pois para desenvolver um novo programa é necessário investir

capital sobre esta nova ideia. A princípio seria necessário um bom investimento,

mas com o crescimento da ideia isso poderia gerar lucro para as empresas,

gerando novas fontes de lucro, emprego, diminuindo os impactos sobre o meio

ambiente. Mas é preciso vencer o desinteresse, mostrando que os benefícios

serão mais vantajosos que o possível impacto financeiro inicial.

O Grupo Técnico Temático 01 – GTT 01 trata da logística reversa de resíduos

originados do descarte de medicamentos. Este grupo é coordenado pelo

Ministério da Saúde com o apoio da ANVISA. É constituído por representantes

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do poder público, do setor empresarial da cadeia farmacêutica, das entidades de

classe e da sociedade civil. Tem por objetivo elaborar uma proposta de logística

reversa para os resíduos de medicamentos, dentro dos parâmetros

estabelecidos pela PNRS, para subsidiar a elaboração do Edital de chamamento

para Acordo Setorial pelo Grupo Técnico de Assessoramento (GTA), com

aprovação do Comitê Orientador (BRASIL, 2011).

Em consonância com o edital, o acordo deverá possuir metas de abrangência

geográfica (regional, estadual e municipal), número de pontos de coleta e

quantidade de resíduos a ser recolhidos, financiamento e responsabilidades,

além de plano de comunicação e de educação ambiental (CONSELHO

FEDERAL DE FARMÁCIA, 2013).

Segundo artigo produzido pelo X Fórum ambiental da alta paulista por STOREL

(2014) a Resolução nº 44 de 17 de agosto de 2009, a Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (Anvisa) dispõe no artigo 93 que fica permitido às farmácias

e drogarias participarem de programas de coleta de medicamentos (nos moldes

do que comumente chamamos de Logística Reversa. A logística reversa de

medicamentos apresenta-se como uma possível solução no auxílio para o

problema do descarte de medicamentos, contudo as farmácias, drogarias e

industrias não são obrigadas pela força da lei a desenvolverem programas de

recolhimento dos fármacos que são adquiridos nestes estabelecimentos.

Conforme a legislação brasileira, as farmácias não têm a obrigação de receber

remédios que não serão mais usados, entretanto, conforme o exposto no decreto

7.404/2010 o marco regulatório da logística reversa de medicamentos será

firmado via acordos setoriais partilhando a responsabilidade sobre a vida do

produto.

Sobre os postos de saúde STOREL (2014) os mesmos não podem aceitar os

medicamentos para repasse entre usuários, mesmo dentro da data de validade,

uma vez que não é possível controlar e saber como eles foram armazenados

durante o período que ficaram fora da unidade de saúde.

Os chamados postos de saúde que estão espalhados por todo território brasileiro

seriam uma grande ferramenta na logística reversa de medicamentos pois estão

próximos à população, podendo estes levar tanto o conhecimento como

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desenvolver as campanhas de conhecimento sobre os riscos de ter

medicamentos desnecessariamente em casa, porém o Estado não despertou

ainda para a logística reversa, sendo assim torna-se mais complicado cobrar de

outras fontes o que não foi desenvolvido e nem tornado em política de governo.

Assim, os órgãos de saúde sabem que o problema existe, mas, pouco é feito para solucioná-lo. As normas existentes dizem respeito aos estabelecimentos de serviços de saúde, porém, ainda não foram editadas normas que abranjam o consumidor final com relação ao descarte de medicamentos, pois a Constituição Federal de 1988 atribui, aos estados e municípios, autonomia para criarem as próprias leis que estabeleçam a forma correta de descarte de medicamentos e suas sobras. (STOREL et. al. 2014)

Uma das possíveis soluções para a política de descarte de medicamentos seria

abranger e responsabilizar toda a cadeia de consumo, o consumidor final deveria

ter o dever de cuidar do descarte adequado deste medicamento, ou seja,

entregar de volta ao estabelecimento do qual adquiriu, esta drogaria, farmácia

ou posto de saúde devolveria para a indústria que teria a responsabilidade final

de promover, de acordo com as normas éticas, morais, legislativas e ambientais

de realizar, o descarte adequado dos medicamentos.

A melhor maneira de amenizar os riscos de contaminação ambiental pelo

descarte incorreto de medicamentos é a minimização da geração destes

resíduos, realizada através de prescrições e uso racional de medicamentos,

adequação das embalagens aos tratamentos, dispensa adequada e

cumprimento das prescrições por parte dos usuários. Além disso, certas ações

podem ser elaboradas para resolver o problema, como a formação de programas

de recolhimento de medicamentos em desuso em parceria com o Sistema Único

de Saúde, bem como diagnosticar o padrão de uso de medicamentos pelos

usuários como forma de educá-los (GRACI, 2004).

3.4 DESCARTE DE MEDICAMENTOS: MEIO AMBIENTE

O meio ambiente é a sustentação da vida na terra, dele retiramos os recursos

necessário para desenvolver e melhorar nossa vida moderna. A fauna e a flora

fornecem recursos para desenvolver fármacos que trarão alivio ao sofrimento

humano, entretanto mesmo sabendo que tais recursos são escassos e que

podem acabar, o ser humano tem fechado os olhos para esta realidade

permitindo que a natureza continue sendo agredida. Umas das formas de

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agressão ao meio ambiente é depositando nele aquilo que deveria ser tratado

antes de voltar ao seu estado natural. O descarte de medicamentos tem

contribuído na agressão da biodiversidade. Resíduos químicos de remédios uma

vez não tratados voltam a natureza contaminando fauna e flora.

Segundo BIDONE (2001) além do risco de causarem acidentes e gerar

contaminação ou intoxicação ao simples manuseio, medicamentos vencidos,

ampolas ou injeções representam grandes problemas para meio ambiente pela

sua carga tóxica e potencial de contaminação da água e solo.

Sendo o descarte indevido de medicamentos uma importante causa da contaminação do meio ambiente, é importante discutir sobre o gerenciamento de medicamentos em desuso e apontar propostas para minimizar o problema. A contaminação do meio ambiente por medicamentos preocupa as autoridades, que tem identificado a presença de fármacos, tanto nas águas, como no solo. Essa contaminação resulta do descarte indevido, da excreção de metabólitos, que não são eliminados no processo de tratamento de esgotos, e também do uso veterinário. (JOÃO 2011 )

O solo e a água são contaminados pelos resíduos tóxicos presentes na

composição dos medicamentos, as mais diversas formas farmacêuticas são

descartadas sem tratamento adequado, ampolas, pós, pomadas, seringas,

xaropes, capsulas, comprimidos outros tipos variados são descartados todos os

dias no lixo comum chegando até lixões, aterros sanitários e terrenos baldios.

O descarte aleatório de medicamentos em desuso, vencidos ou sobras atualmente é feito por grande parte das pessoas no lixo comum ou na rede pública de esgoto, podendo trazer como consequências a agressão ao meio ambiente, a contaminação da água, do solo e de animais. Além do risco à saúde de pessoas que possam reutilizá-los por acidente ou mesmo intencionalmente devido a fatores sociais ou circunstanciais diversos, o consumo indevido de medicamentos descartados inadequadamente pode levar ao surgimento de reações adversas graves, intoxicações, entre outros problemas, comprometendo decisivamente a saúde e qualidade de vida dos usuários (ANVISA, 2010).

O material descartado nesses lugares trazendo riscos à saúde humana pois

muitos desses medicamentos que são eliminados ali são reaproveitados por

pessoas humildes, catadores de lixo e pessoas que trabalham na reciclagem,

outra parte deste produto se decompõem e o resíduo químico não tratado

presente nos medicamentos contamina o solo e a água. Devemos discutir mais

sobre como gerenciar este problema em potencial, já existem discussões sobre

o tema que buscam soluções e meios alternativos, contudo é necessário criar

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uma nova mentalidade impactando hábitos e condutas. As autoridades estão

despertando uma real preocupação pela contaminação que acontece pelo

descarte inadequado.

Atualmente há em curso no Brasil um processo virtuoso preocupado com as questões de contaminantes associados à micropoluentes orgânicos e inorgânicos que apresentam risco potencial para saúde e para o meio ambiente, entre os quais se encontram os medicamentos vencidos. Assim, o problema de descarte destes medicamentos passou a entrar na agenda política e sanitária com vistas busca de soluções que envolvam desde a elaboração de normas e procedimentos operacionais que envolva toda a cadeia produtiva, usuários e consumidores. As autoridades responsáveis por regulamentar o descarte de medicamentos vencidos buscam estabelecer políticas, normas e programas que se destinem esses produtos, tentando com isso, atenuar e minimizar danos à saúde da população ou efeitos prejudiciais para o meio ambiente. A destinação correta desses resíduos é alvo de discussão e regulamentação tanto do Congresso Nacional e Ministério da Saúde quanto do Ministério do Meio Ambiente. (BINSFELD, RIBEIRO 2013)

A manutenção de padrões de produção e consumo não sustentáveis impõe um

desafio em busca de estratégias e medidas para enfrentar os efeitos da

degradação do meio ambiente e tornaram-se ao longo desde século, um tema

cada vez mais relevante (LENY BORGHESAN A. ALBERGUINI, 2003).

Além da população em geral, diversos medicamentos vencidos entre eles, os

antibióticos provem de farmácias, redes hospitalares, criatórios de animais,

clínicas veterinárias, entre outros. Todos estes entes apresentam problemas em

comum: o destino dos resíduos de medicamentos e antibióticos vencidos

(GARCIA, 2004).

Apesar de todo o esforço dispensado pelas autoridades tornando este tema cada

vez mais importante ainda não se tornou efetivamente eficaz pois muitos

medicamentos, principalmente vencidos continuam sem um tratamento especial.

Antibióticos e vários outros medicamentos são encontrados na natureza.

Os antimicrobianos representam a terceira classe mais descartada. Este tipo de

descarte é preocupante, pois a liberação no meio ambiente pode resultar em

seleção e indução de resistência bacteriana. Já no grupo dos outros

medicamentos (23,1%), há uma variedade de medicamentos menos frequentes

no seu uso, como também medicamentos fitoterápicos, ou associações que só

existem no Brasil ou por dificuldades de identificar os fármacos, por isso foram

enquadrados neste grupo (ROCHA et al. 2009).

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Pesquisas químicas foram realizadas, em vários países, comprovando a existência de fármacos no meio ambiente.

Foram identificados 36 fármacos diferentes em diversos rios, na Alemanha, dentre os quais estão antilipidêmicos, analgésicos-antipiréticos, anti-inflamatórios e anti-hipertensivos. No Reino Unido, estudos realizados revelaram a presença de fármacos em concentrações maiores que um micrograma por litro no meio aquático.

Na Itália, detectaram a presença de 18 fármacos em oito estações de tratamento de esgoto, ao longo dos rios Po e Lombo; e outro pesquisador observou, em nove estações de tratamento de esgoto, fármacos, como ofloxacino, furosemida, atenolol, hidroclorotiazida, carbamazepina, ibuprofeno, benzafibrato, eritromicina, lincomicina e claritromicina.

As consequências desses fármacos para o meio ambiente ainda não são muito conhecidas. Entretanto, a grande preocupação em relação à sua presença, na água, são os potenciais efeitos adversos para a saúde humana, animal e de organismos aquáticos. Alguns grupos de fármacos merecem uma atenção especial. Entre eles, estão os antibióticos e os estrogênios. (JOÃO 2011)

Na lista dos tipos de medicamentos mais descartados encontra-se os antibióticos

uma classe de medicamentos que a pouco tempo passou a ter receita retida para

efetuação de sua venda, o Estado percebeu que deveria manter um controle

mais rígido nesta classe de drogas ao estudar seu potencial seletivo de bactérias

e microrganismos. As bactérias assim como os microrganismos ao receberem

ataques que não são capazes de destruí-los conseguem tirar proveito

aumentando sua resistência e aumentando sua seletividade, estudos

comprovam a necessidade de manter controle sobre antibióticos.

Muitas classes de medicamentos são persistentes e se acumulam no solo, na

água, em alimentos que são consumidos pelos animais e humanos. Além disso,

há classes de medicamentos como, por exemplo, os antibióticos que podem

selecionar ou induzir resistência bacteriana. (RIBEIRO, BINSFELD 2013)

Os estrogênicos pelo seu potencial de afetar adversamente o sistema

reprodutivo de organismos aquáticos como, por exemplo, a feminização de

peixes machos presentes em rios contaminados com descarte de efluentes de

estações de tratamento de esgoto. Outros produtos que requerem atenção

especial são os antineoplásicos e imunossupressores utilizados em

quimioterapia, os quais são conhecidos como potentes agentes mutagênicos.

(JOÃO 2011)

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Os impactos decorrentes de um descarte inadequado de medicamentos podem

ser sentidos não apenas vida aquáticas como supracitado, mas também bem

perto de nós, o texto abaixo revela 5 pontos de impacto:

Os medicamentos vencidos e descartados são considerados resíduos, que apresentam riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Entre os diversos riscos associados ao descarte incorreto de medicamentos vencidos estão:

a) A contaminação do solo;

b) A contaminação da água;

c) A contaminação dos alimentos;

d) A contaminação e intoxicação dos animais;

e) A contaminação e intoxicação das pessoas, em especial aos grupos de pessoas carentes e crianças mais expostas, como é o caso dos frequentadores de aterros sanitários ou dos lixões que reutilizam medicamentos vencidos e descartados (ANVISA, 2010).

Os frutos de um descarte incorreto dos medicamentos implicam diretamente com

a contaminação do solo devido ao depósito de resíduos químicos que se

assentam sobre ele. Nesta cadeia de contaminação cruzada a água também é

contaminada, ela que é essencial para a vida humana e animal que rega o solo

na produção de alimentos que tem o destino final as mesas de nossas casas

servindo de alimento. Os animais que entram em contato direta ou indiretamente

com estes medicamentos também tem seus organismos impactados pelos

mesmos. Os últimos nesta cadeia são as pessoas que sem saber absorvem esta

grande quantidade de remédios imperceptíveis ou que entram em contato nos

lugares onde são jogados. Em setembro de 2015 na Grande Vitória uma criança

de 3 anos encontrou remédios em um terreno baldio e na sua inocência

consumiu os remédios e veio a óbito.

Descartar medicamentos de forma correta faz bem tanto para o meio ambiente

quanto para as pessoas, a intoxicação por medicamentos é umas das principais

causas de morte no mundo e pode ser evitada pela educação e pequenas

mudanças de hábitos, evitando o descarte inadequado faz-se uma grande

contribuição com esta causa.

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3.5 DESCARTE DE MEDICAMENTOS: DESCARTE ADEQUADO

Dentre as muitas leis que existem sobre o assunto, vale ressaltar as principais

leis e normas que norteiam o país, seguem abaixo a legislação comentada pela

UFRGS:

A Resolução CONAMA n° 358/05: trata do gerenciamento sob o prisma da preservação dos recursos naturais e do meio ambiente. Define a competência aos órgãos ambientais estaduais e municipais para estabelecerem critérios para o licenciamento ambiental dos sistemas de tratamento e destinação final dos RSS.

A RDC ANVISA n° 306/04: concentra sua regulação no controle dos processos de segregação, acondicionamento, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. Estabelece procedimentos operacionais em função dos riscos envolvidos e concentra seu controle na inspeção dos serviços de saúde.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305/10: institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.

Até então ao longo desta discussão falamos a respeito de como é prejudicial o

descarte inadequado de medicamentos e quais as possíveis consequências

podem acarretar sobre a vida de pessoas e animais, neste tópico iremos

abranger as formas corretas de proceder e como cada ator pode desempenhar

sua função na resolução deste problema.

Segundo FALQUETO ET. AL (2011), as indústrias farmacêuticas são geradoras

de uma quantidade considerável de resíduos sólidos devido à devolução e ao

recolhimento de medicamentos do mercado, ao descarte de medicamentos

rejeitados pelo controle de qualidade e perdas inerentes ao processo. As Boas

Práticas de Fabricação instituídas pela RDC nº 210/11 preconizam o tratamento

dos efluentes líquidos e emissões gasosas antes do lançamento, bem como a

destinação adequada dos resíduos sólidos. Assim, a administração correta dos

resíduos abrange uma atividade paralela, que objetiva a proteção simultânea do

ambiente interno e externo.

As indústrias farmacêuticas são disparadamente os maiores produtores de

medicamentos no mundo, por isso sua responsabilidade com tratamentos de

resíduos químicos de origem farmacêutica é muito alta. A RDC 210/11 que dita

diretrizes de boas práticas de fabricação ressalta como deve ser tratado

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efluentes líquidos e gases produzidos neste processo e também orienta sobre

os restos sólidos, todos esses cuidados produzem benefícios para a nossa

qualidade de vida. As distribuidoras, farmácias drogarias e hospitais são

alcançadas por outras legislações como a RDC 306/04 da Anvisa que preconiza

sobre o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde que devem ser

seguidos em toda a extensão do Brasil de ordem pública ou privada, segue a

esta a resolução do Conama n° 358/05 dispondo sobre o tratamento e a

disposição final dos resíduos de saúde.

FALQUETO (et. al 2010) ressalta que são geradores de resíduos de serviços de

saúde todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou

animal, drogarias e farmácias de manipulação e distribuidores de produtos

farmacêuticos. Segundo as legislações citadas, devem, portanto, elaborar o

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), a ser

feito por profissional com registro ativo junto ao seu conselho da classe. A

legislação também determina que as empresas empregadas de origem

terceirizadas para assegurar a qualidade do tratamento ofertado tenham licença

ambiental ou então a disposição final destes resíduos e este regulamento

também inclui os órgãos públicos em todas as etapas. Os responsáveis legais

devem estar atentos a fim de cumprir toda a disposições estabelecidas pela

normativa

Além disso, os estabelecimentos enquadrados pelos regulamentos

citados devem requerer às empresas prestadoras de serviços

terceirizados a apresentação de licença ambiental para o tratamento

ou a disposição final dos resíduos de serviços de saúde, como também

aos órgãos públicos responsáveis pela coleta, pelo transporte, pelo

tratamento ou pela disposição final desses resíduos. De acordo com

as regulamentações sanitária e ambiental, cabe aos responsáveis

legais o gerenciamento dos resíduos desde a geração até a disposição

final, de forma a atender aos requisitos ambientais, de saúde pública e

saúde ocupacional, sem prejuízo de responsabilização solidária de

todos, que direta ou indiretamente causem ou possam causar

degradação ambiental. (FALQUETO ET. AL)

A legislação também aponta que é necessário atuar seguindo em conformidade

com as determinações da Agência Brasileira de normas técnicas (ABNT) e na

falta desta normativa normas e critérios internacionais, a seletividade do material

deve ser realizada na origem não podendo ser realizado posteriormente.

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A segregação dos resíduos em diferentes correntes ou categorias tem como

principal objetivo o de facilitar o seu tratamento e disposição final. Via de regra,

quem determina o número e a natureza das categorias de resíduos dentro de

uma unidade geradora é o destinatário final desses resíduos, ou seja, quase

sempre um incinerador. Assim, antes de se decidir pela segregação interna dos

resíduos, é importante ter em mente qual será o seu destino final.

O estabelecimento gerador de resíduo de serviço de saúde que optar

pelo tratamento térmico de seus resíduos deve fazer constar esta

opção no PGRSS e deverá ser documentado por meio de registro dos

dados da fonte geradora, contendo, no mínimo, informações relativas

à data de recebimento, quantidade e classificação do resíduo. Essa

documentação demonstrará que o gerador tem total controle sobre o

descarte dos resíduos que produz, lembrando que, pela Resolução no

358/2005 do Conama24, ele é o responsável desde a geração até o

descarte desses resíduos. (FALQUETO ET. AL)

O tratamento térmico de resíduos seria por definição qualquer tecnologia

de tratamento de resíduos que envolve altas temperaturas durante o

processamento dos resíduos, sendo que na maior parte dos processos, não

ocorre a combustão do resíduo.

Estes chamados tratamentos térmicos são chamados “completos” pois eliminam

toda a matéria que fora exposta, alcançam temperaturas de 800° á 1200 C°,

exemplos bem marcados desta categoria seriam o incinerador, o queimador

elétrico e a tocha de plasma, seus objetivos são: Esterilizar o fluxo de saída,

destruir moléculas altamente tóxicas e a estabilização de elementos críticos e a

destruição das moléculas responsáveis pelo efeito curativo dos medicamentos

geralmente presentes nos fluxos de saída.

Para FALQUETO (ET. AL 2010), a incineração é um tratamento muito utilizado

e é um processo de redução do peso, volume e das características de

periculosidade dos resíduos, com consequente eliminação da matéria orgânica

e características de patogenicidade, através da combustão controlada. Para a

garantia do meio ambiente, a combustão tem que ser continuamente controlada,

levando-se em consideração que a composição do agente a ser incinerado varia,

umidade, peso específico e poder calorífico. No Brasil, até o momento as

aplicações da incineração se restringem ao processamento de resíduos

perigosos e de alto risco, industriais, hospitalares e aeroportuários.

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Afirma ainda que deve existir interconectado a um sistema de depuração de

gases e de tratamento e recirculação dos líquidos de processo. Os gases

efluentes de um incinerador carregam grandes quantidades de substâncias em

concentrações muito acima dos limites das emissões legalmente permitidas e

necessitam de tratamento físico/químico para remover e neutralizar poluentes

provenientes do processo térmico.

Considerando a Lei de Antoine Lavoisier “Na Natureza nada se cria, nada se

perde, tudo se transforma ”, este é o grande problema da incineração, a queima

dos materiais descartados produzem gases poluentes, a legislação prevê que

sejam utilizados sistemas de depuração de gases, porém é necessário um rígido

controle para não ultrapassar as concentrações estabelecidas, também não

ocorre fiscalização que deem garantias do cumprimento da legislação mas é

evidente que este processo precisa ser realizado por completo.

Outra forma de realizar descarte de medicamentos é através dos processos de

coincineração ou coprocessamento sendo este bem diferenciado dos demais

pois os resíduos são tratados como subprodutos de processos produtivos. Para

isso são tratados nos fornos de clínquer a fim de manter sua estabilidade para

não comprometer a qualidade do cimento produzido, desta forma são misturados

ao cimento contribuindo para o descarte correto de medicamentos.

Sobre aterros sanitários para resíduos perigosos FISCHER E FREITAS (2011)

afirmam que é um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no

solo de forma segura e controlada, garantindo a preservação ambiental e a

saúde pública. O sistema está fundamentado em critérios de engenharia e

normas operacionais específicas. Consiste na compactação dos resíduos em

camada sobre o solo devidamente impermeabilizado e no controle dos efluentes

líquidos e emissões gasosas. Seu recobrimento é feito diariamente com camada

de solo, compactada com espessura de 20 cm, para evitar aparecimento de

roedores, moscas e baratas, espalhamento de papéis e lixo pelos arredores e

poluição das águas superficiais e subterrâneas.

A principal ferramenta para o descarte correto de medicamentos ainda é a

população bem informada e conhecedora da importância do seu papel. Ela

precisa denunciar o que está errado a fim de manter o poder público alerta da

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real situação e pressionar para diminuir os impactos causados, cobrar das

autoridades que sejam realizadas fiscalizações e auditorias nestes

estabelecimentos produtores de resíduos de saúde, conhecer de fato como está

funcionando o PGRSS. Os órgãos sanitários e ambientais podem auxiliar neste

contexto apontado os procedimentos corretos para efetuar descarte de

medicamentos e inibir assim ações contrárias.

Todos os segmentos da saúde mantidos pelos Estado precisam estar atentos

quanto a proteção a nossa saúde e natureza. Municípios, Estado e Federação

precisam alertar suas devidas autoridades para observarem mais precisamente

o cumprimento das leis que foram estabelecidas, são pequenas ações que irão

assegurar segurança e confiança na legislação em vigor.

4 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do estudo optou-se pelo caminho da análise qualitativa

de dados e informações, tendo em vista tratar-se de conhecer e/ou reconhecer

a existência de normas ou fluxos desenvolvidos na rotina dos serviços de saúde,

para o descarte de medicamentos, tendo em vista a não existência de uma

política estadual ou municipal para esta área de intervenção da saúde, revelada

após a revisão bibliográfica deste estudo.

A busca de informações em serviços de saúde e no nível central municipal foi

feita através de conversas ou informações escritas, de profissionais cujos

processos de trabalho são desenvolvidos na assistência farmacêutica, o que deu

legitimidade aos participantes, para expressar as informações sobre o tema que

conhecem e são capazes de analisar o que consideram importante sobre o tema.

Será utilizado como método de interpretação dos resultados a Análise de

Conteúdo, um método muito utilizado na análise de dados qualitativos cujo

objetivo é a busca de sentido ou dos sentidos de um documento ou de falas e

relatos com a finalidade de esclarecer uma situação. Produzir inferências sobre

o texto objetivo é a razão de ser da análise de conteúdo.

Segundo Minayo (2010), a história da análise de conteúdo se encontra muito

bem sistematizada por Bardin (1979) que menciona a análise de conteúdo como

um conjunto de técnicas, indicando que há várias maneiras para analisar

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conteúdos de materiais de pesquisa e neste estudo será utilizada a Análise

temática.

Para interpretação dos textos será feita leitura compreensiva do material

selecionado, isto é apreender as particularidades do material, exploração do

material onde devemos caminhar na direção do que está explícito e revelado

para depois entender o que pode estar implícito e a terceira etapa é a elaboração

de síntese interpretativa.

5 ANÁLISE

Considerando que este trabalho se iniciou com o problema do descarte de

medicamentos e que o profissional mais indicado para tratar o problema é o

farmacêutico, discutimos no decorrer deste sobre como ocorre o problema e

seus devidos impactos tanto no meio ambiente quanto para as pessoas, a

legislação e seus pontos frágeis, como ocorre o descarte adequado ou incorreto,

as possíveis soluções e a implantação da logística reversa no setor de

medicamentos. Nesta etapa vamos discutir sobre como é o descarte de

medicamentos ou a sua ideia dentro do município de Vitória. A cidade de Vitória

é a terceira cidade mais populosa do Espírito santo, em função disso e da sua

infraestrutura de suporte a saúde tanto da rede privada como pública, como se

dá a implantação das políticas de saúde que regem o descarte de

medicamentos, considerando os estabelecimentos de saúde públicos e privados,

quais são as possíveis leis, regras ou protocolos que obedecem e como é vista

a logística reversa.

5.1 IMPORTÂNCIA DO DESCARTE DE MEDICAMENTOS.

Os medicamentos devem ser utilizados de forma racional com acompanhamento

de um profissional capacitado para o ato. Quando o uso racional dos

medicamentos é ignorado pode trazerdanos as pessoas e ao meio ambiente. É

um nobre dever tanto para iniciativa pública como para a privada ensinar e

orientar os princípios de saúde na terapia com medicamentos. Evitar que o

paciente fique com medicamento em casa sobrando é necessário, pois corre o

risco de tomar um medicamento vencido ou sem necessidade, as crianças

podem encontrar e colocar na boca, é importante para a segurança do paciente.

Deve existir todo uma logística, uma forma correta de descarte de medicamentos

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para que não pare em mãos de pessoas que não necessitam do remédio e

venham a consumir desnecessariamente e descarta de forma inadequada no

meio ambiente. É necessário ter consciência que os medicamentos precisam da

destinação correta, pois já houve casos de intoxicação.

Os apontamentos indicaram que o descarte adequado dos medicamentos é

importante para a segurança da população, independente de quem seja a

responsabilidade maior, todos os estabelecimentos de saúde podem colaborar

com meio ambiente e sociedade.

5.2 SUPORTE DO ESTADO PARA O DESCARTE DE MEDICAMENTOS

“O setor privado é diferente do setor público, existe um gerenciamento de

resíduos que toda a empresa pratica, é obrigatório conforme a legislação” (Lei

12.305/10).

Hoje as unidades de saúde recolhem os medicamentos devolvidos e os que

vencem, porém sem suporte para fazer esse descarte, a prefeitura tinha um

contrato com uma empresa que recolhia a sobra, o que acontece é que o

município recolhe periodicamente os medicamentos vencidos da unidade, são

armazenados em uma sala separada onde são identificados por lote, validade,

por quantidade e é encaminhado ao almoxarifado da prefeitura uma cópia. Todo

mês ocorre esse levantamento dos medicamentos, o almoxarifado recolhia com

mais frequência, mas o próprio almoxarifado estava com problema de destinar

esse volume.

A maior parte do setor privado dentro de Vitória realiza apenas o que a legislação

exige, um programa de gerenciamento de resíduos produzidos, mas essa

mesma parcela não aceita receber de volta o que foi vendido por eles, pois não

conseguem encaminhar para um descarte correto e como a legislação não

obriga recusam a retirada dos medicamentos de circulação.

Dentro da rede municipal existe um outro problema, em reportagens de jornais

de grande circulação já foi exposto algumas vezes sobre descarte de

medicamentos. Quando um paciente devolve o medicamento, por iniciativa e não

pela existência de um protocolo formal, os farmacêuticos recebem a medicação,

(os medicamentos ficam estocados em caixas e sacolas aguardando o dia de

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recolhimento) são encaminhados a central de medicamentos do município,

porém segundo as informações não existe um contrato vigente com alguma

empresa que estaria capacitada a fornecer um tratamento adequado aos

resíduos de medicamentos. Não existe nenhum suporte por parte da iniciativa

pública que fomente o descarte adequado.

5.3 PROTOCOLO PARA O DESCARTE DE MEDICAMENTOS

Os farmacêuticos foram unânimes e seguros em afirmar que não existe protocolo

escrito, mas existe um grupo na gerencia municipal que trata a assistência

farmacêutica que está discutindo essa questão, eles seguem uma orientação

verbal de receber os medicamentos e realizar uma segregação até ser recolhido

e destinado a empresa que fará o tratamento.

Conforme consta no site do Vitória Hapart Hospital em novembro de 2014, a

representante da Vigilância Sanitária da Sesa, Sirlete Maria Orletti, apontou que

o impasse, há anos, é o de quem vai assumir o ônus financeiro de adotar as

medidas pertinentes. Ela relatou que a Prefeitura de Vitória já realizou, no

passado, uma campanha orientando a população a levar medicamentos para

descarte às unidades de saúde, e que esta ação resultou num galpão cheio de

produtos, que resultou em uma dificuldade para o município, que não sabia qual

a destinação final dar ao material.

Apesar de não existir ainda um protocolo formal, existe um grupo debatendo esta

importante questão que poderá sugerir proposta de leis e acordos municipais. É

um assunto que começou a despertar a poucos anos até mesmo pela ANVISA

(2009) e ainda serão necessários mais debates e posicionamento

governamental. A matéria supracitada vem corroborar a ideia necessidade

emergente de ter uma política de descarte séria que funcione também fora do

papel somado a exigência do cumprimento da lei.

5.4 IMPACTOS POSSÍVEIS

Intoxicação, ingestão não orientada por profissional da saúde (nos lixões a céu

aberto qualquer pessoa pode encontrar e fazer uso indevido desses remédios),

mal-uso dos medicamentos. Recentemente ocorreu o caso em que uma criança

consumiu medicamento encontrado na rua e veio a falecer, desde então cresceu

muito a devolução de remédios, também a reutilização para outros tratamentos

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de remédios antigos, uso de medicamentos vencidos que não se sabe qual será

a reação das substancias no organismo depois de vencido. A questão da

contaminação do meio ambiente pode causar sérios riscos que prejudicaram a

fauna e a flora, os mananciais ao solo e ao meio ambiente.

Os pacientes acabam recebendo na unidade de saúde um quantitativo maior do

que realmente precisam e acabam estocando estes medicamentos em casa que

é um risco. A indústria farmacêutica deveria fornecer cartelas de medicamentos

fracionáveis, existe normatização, porém parece não estar sendo cumprida a

legislação.

Um profissional capacitado, farmacêutico ou químico precisa acompanhar o

tratamento do pH, fórmula e devolver ao meio ambiente de forma equilibrada.

5.4.1 REPORTAGEM PUBLICADA PELO G1/ES EM SETEMBRO DE 2015:

“Uma criança de dois anos e sete meses morreu após ter uma parada cardíaca

na noite deste domingo (27), na Grande Vitória, Espírito Santo. A família do

menino acredita que ele tenha se intoxicado com medicamentos que encontrou

em um lixão.

Segundo os vizinhos, Fernando Ferreira brincava com outras cinco crianças em

um terreno particular próximo da casa que morava, em Balneário Capaebus,

onde há um lixão.

Vizinhos contaram que uma das crianças que brincava com Fernando viu ele

tomando remédios que encontrou no lixão, e avisou à família do menino.

De acordo com o padrasto de Fernando, Edson Machado, assim que o enteado

começou a se sentir mal, a família ligou para o Serviço de Atendimento Médico

de Urgência (Samu) e o Centro de Atendimento Toxicológico (Toxcen).

"Mandaram aguardar para ver qual seria o efeito do remédio que ele tinha

ingerido", contou o padrasto.

Os familiares levaram o menino para o Pronto Atendimento do município, mas

pouco tempo depois receberam a notícia que ele havia sofrido uma parada

cardíaca. Na ocorrência da Divisão de Homicídios consta que a criança morreu

intoxicada.

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O terreno onde Fernando brincava fica próximo à casa dele, está aberto e pode

ser acessado por qualquer um. O comerciante Bruno Pia mora próximo ao local

e contou que já encontrou cartelas de remédio no meio do lixo.

"Encontrei umas dez ou mais, e eram vários tipos de remédio", contou Bruno,

que destruiu os comprimidos que encontrou.

A prefeitura informou que multou o dono do terreno, mas o lixo ainda não foi

retirado do local.

Já o Centro de Atendimento Toxicológico disse que investigando o que

aconteceu durante o atendimento a criança”.

Os impactos possíveis são inúmeros, não é passível de cálculo o tamanho dos

prejuízos que podem decorrer impactos sobre o meio ambiente, mananciais de

água e nossa própria vida. A tragédia supracitada que ocorreu na serra com a

criança poderia ter sido evitada com políticas públicas que estivessem

orientando o correto descarte, levantando a reflexão de quantos outros casos

como este terão que acontecer para ficar claro que os medicamentos precisam

ter um destino final adequado. Segundo o farmacêutico entrevistado a questão

do fracionamento de medicamentos não é cumprida por parte dos fabricantes,

“não é necessário apenas cartelas fracionadas, mas também vendas fracionadas

para diminuir parte deste problema”.

5.5 LOGÍSTICA REVERSA COMO ALTERNATIVA

Um programa de logística reversa conseguiria atender melhor e abranger mais,

responsabilizando o produtor a recolher e dar o destino correto. As farmácias

comerciais pararam de realizar este serviço por não ter esse apoio por parte da

indústria, eles estavam assumindo esta responsabilidade, mas chegava num

ponto que não era possível devolver.

Seria interessante pois induziria ao descarte final, tendo uma política ou uma

legislação determinando será mais fácil para que todos cumpram as suas partes

também além das leis é necessário cobrar o seu cumprimento. As farmácias

comerciais também deveriam realizar o recolhimento dos medicamentos, a

maioria que é devolvida na unidade não foi adquirido na mesma.

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Quem produz é responsável até o fim da cadeia. As grandes industrias são

responsáveis pela produção e o descarte de medicamentos, por terem produzido

elas têm todo um preparo para poder receber esse medicamento novamente, os

grandes laboratórios recolhem os medicamentos que estão para vencer nas

farmácias comerciais voltando com eles para a central de distribuição onde

ocorre um descarte adequado, mas isso é uma parceria (faz parte do contrato).

Na rede privada os clientes sempre questionam como descartar os

medicamentos vencidos, mas infelizmente a preocupação maior no faturamento,

esquecem dos transtornos e impactos que podem ser causados por todos esses

medicamentos. Existe coleta de medicamentos vencidos ou em desuso na

farmácia popular no centro de Vitória onde acompanhei que eram retornados os

medicamentos, os clientes desta farmácia são orientados a devolverem lá os

medicamentos. É um transtorno que o cidadão passa por tentar proceder de

forma correta, a população tem cobrado, pois compram medicamentos não

fracionados que acabam por sobrar e não sabem como agir com eles.

Na rede pública tem-se a responsabilidade de manter a população segura, por

isso a unidade de saúde recebe todas as devoluções de medicamentos

independentemente do estabelecimento onde foram adquiridos.

A responsabilidade é do fabricante em desenvolver esse fluxo de logística

reversa uma vez que ele coloca o medicamento no mercado também tem a

responsabilidade de recolher, sendo assim ele deve dar o fim adequado. Um

exemplo muito bom sobre responsabilidade do produtor é o caso das baterias de

veículos pois é praticado a logística reversa, o caminho é este de imputar ao

fabricante a responsabilidade do destino final aos medicamentos.

A logística reversa foi a alternativa apontada como melhor forma de enfrentar o

problema ocasionado pelo descarte de medicamentos. A responsabilidade deve

ser compartilhada por todos as entidades que comercializam e lidam com os

medicamentos. A logística reversa foi implantada em outros setores com

sucesso e fazendo os ajustes necessários também dará resultado positivo no

setor farmacêutico. A responsabilidade social deve ser desenvolvida desde a

indústria até o consumidor final, uma relação segura é forma mais indicada para

fazer este fluxo de reverso acontecer.

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5.6 IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO NO DESCARTE DE

MEDICAMENTOS

O farmacêutico é o profissional que tem formação e conhecimento do riscos e

impactos que este problema pode causar tanto na sociedade quanto ao meio

ambiente e é o profissional que tem os instrumentos para dar destinação aos

medicamentos e o desenvolvimento da logística reversa, entendendo a essência

do medicamento e conhece a melhor forma de orientar a população a não

descartar em casa de maneira doméstica. Educação e saúde é o principal, mas

o foco não dever ser apenas o descarte em si, mas sim a orientação que o

tratamento deve ser realizado por completo, a medicação de um não serve para

outro paciente. É importante na questão da conscientização dos usuários para

que eles retornem para a unidade os medicamentos que estão em casa vencidos

ou sem utilidade para que não armazenem em casa.

Primeiro as coisas precisam estar postas de forma clara para todo mundo e

haver uma divulgação ampla sobre a importância do descarte adequado de

medicamentos, é necessário ter um serviço estruturado antes de levar a

informação a população e assim ocorrerá o progresso no processo. Se as

pessoas receberem a orientação correta, agirão de forma correta, mas se não

existir uma estrutura adequada não adianta informar.

Contudo, o profissional qualificado e com experiência direta em controle de

qualidade, consumo, metabolismo, excreção e por fim descarte de

medicamentos - o farmacêutico - é protagonista formador de opinião no assunto

de medicamentos, que trabalha na linha direta entre o paciente e o medicamento,

podendo firmar o pacto de criar um pensamento crítico onde toda a população

está convidada a racionalizar os efeitos e impactos no descarte de

medicamentos.

5.7 CONHECIMENTO DA LEGISLAÇÃO

Todos os farmacêuticos entrevistados também foram categóricos em responder

que não conhecem nenhuma lei municipal ou estadual que conceda diretrizes

para o descarte de medicamentos, mas conhecem a lei federal 12.305/10

(PGRSS). Percebemos com base nas declarações que existe muito a ser feito

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nas aplicações das leis e criação de outras novas para a normatização

especifica.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que relevância desse estudo irá implicar diretamente no uso racional

de medicamentos pois, se o paciente sai da unidade de saúde com a receita, ele

precisa ter apenas a quantidade suficiente para realização do tratamento com

eficiência, assegurando assim, o reestabelecimento de sua saúde e a segurança

de que os riscos serão minimizados pela redução de resíduos medicamentosos.

A maioria da população, por ser leiga e não deter do conhecimento, acredita ser

um exagero tanto rigor quando o assunto é controlar a circulação desnecessária

de medicamentos. Cabe aos profissionais farmacêuticos e demais profissionais

da saúde estabelecer na população informações que conscientizem dos riscos

e problemas inerentes do acúmulo e má utilização de medicamentos.

As políticas públicas de descarte de medicamentos no Brasil têm avançado com

iniciativas particulares, mas ainda precisa de um maior empenho dos

legisladores e governantes na cobrança da legislação existente.

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7 REFERÊNCIAS

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