polÍtica pÚblica para a populaÇÃo em situaÇÃo de rua em curitiba: experiÊncia da repÚblica...

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7/23/2019 POLÍTICA PÚBLICA PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA EM CURITIBA: EXPERIÊNCIA DA REPÚBLICA CONDOMÍ… http://slidepdf.com/reader/full/politica-publica-para-a-populacao-em-situacao-de-rua-em-curitiba-experiencia 1/19 POLÍTICA PÚBLICA PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA EM CURITIBA: EXPERIÊNCIA DA REPÚBLICA CONDOMÍNIO SOCIAL Instituto Municipal de Administração Pública (IMAP) * Fundação de Ação Social (FAS) **  Afinal, rematado j de todo o ju!"o, deu no mais estran#o pensamento em $ue nunca  jamais caiu louco al%um no mundo, e foi& parecer'l#e conin#el e necessrio, assim  para aumento de sua #onra prpria, como para proeito da república, fa"er'se caaleiro andante, e ir'se por todo o mundo, com as suas armas e caalo, cata de aenturas, e e+ercitar'se em tudo em $ue tin#a lido se e+ercitaam os da andante caalaria, desfa"endo todo o %nero de a%raos, e pondo'se em ocasi-es e peri%os, donde, leando'os a cabo, cobrasse perp.tuo nome e fama (/012A340S de SAA2051A, 6789, p:;<) 6= : RESUMO Se na #istrica subserincia das pol!ticas sociais no >rasil aos princ!pios patrimonialistas e clientelistas, os direitos sociais dos beneficiados foram leados em conta de maneira superficial, o objetio deste ensaio . erificar em $ue medida a e+perincia do /ondom!nio Social, em /uritiba, irrompe como uma proposta de pol!tica pública $ue se distancia desta subserincia: ?s procedimentos metodol%icos combinaram anlise documental com incia junto aos seridores e cond@minos entre jul#o e de"embro de <6=: Ao pontuar limites e potencialidades de uma ação espec!fica de %oerno, o ensaio conclui $ue o recon#ecimento do beneficiado não como um BcoitadoC, mas como um sujeito de direitos, al.m de estimul'lo a reinentar sua autonomia como indi!duo, em termos coletios, reela al%uns ind!cios de $ue na perspectia deliberatia . poss!el reinentar a pol!tica: Palavras-cav!: administração pública deliberatia, autonomia, pol!tica social, sujeito de direito: ABSTRACT 4#e #istorical subserience of social policies in >ra"il to patrimonial and clientelistic principles, social ri%#ts of t#e beneficiaries Dere taEen into account in a superficial Da, t#e objectie of t#is test is to c#ecE to D#at e+tent t#e e+perience of Social Gouse, in /uritiba, erupts as a proposal public polic t#at moes aDa t#is subserience: 4#e met#odolo%ical procedures document analsis combined Dit# e+perience Dit# serers and tenants  betDeen Hul and 5ecember <6=: At t#e rate limits and potential of a specific %oernment action, t#e essa concludes t#at t#e reco%nition of no benefit as a poor, but as a subject of ri%#ts, and encoura%e #im to reinent its autonom as an indiidual, in collectie terms, reeals some eidence t#at t#e deliberatie perspectie can reinent t#e polic: "!#$%r&s: deliberatie public administration, autonom, social polic, subject of laD: * Hos. 0dmilson de Sou"a'Jima, Andr. PieEar" Kiobro, Hosiane Isabel StroEa Santana, Maria Am.lia 3atel Lu%ler Mendes: Instituto Municipal de Administração Pública (IMAP): ** Maria 4ere"a onçales, 3iuc.ia de Ftima de ?lieira: Fundação de Ação Social (FAS): 14 /lssico da literatura mundial, escrito pelo espan#ol Mi%uel de /erantes de Saaedra (6N=8'6O6O), $ue pode serir de inspiração para pensar a dimensão tr%ica de um ser #umano condenado a sobreier na rua: -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------  Revista Orbis Latina  , vol.5, nº2, Foz do Iguaçu/ PR (Brasil), Janeiro-Deze!ro de 2"#5. ISSN: 2237-6976  Dis$on%vel no &e!si'e ''$s//revis'as.unila.edu.!r/inde*.$$/or!is e ou ''$s//si'es.google.+o/si'e/or!isla'ina/   Página 80

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7/23/2019 POLÍTICA PÚBLICA PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA EM CURITIBA: EXPERIÊNCIA DA REPÚBLICA CONDOMÍ…

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POLÍTICA PÚBLICA PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUAEM CURITIBA: EXPERIÊNCIA DA REPÚBLICA CONDOMÍNIO

SOCIAL

Instituto Municipal de Administração Pública (IMAP)*

Fundação de Ação Social (FAS)** 

Afinal, rematado j de todo o ju!"o, deu no mais estran#o pensamento em $ue nunca jamais caiu louco al%um no mundo, e foi& parecer'l#e conin#el e necessrio, assim para aumento de sua #onra prpria, como para proeito da república, fa"er'se caaleiroandante, e ir'se por todo o mundo, com as suas armas e caalo, cata de aenturas, ee+ercitar'se em tudo em $ue tin#a lido se e+ercitaam os da andante caalaria,desfa"endo todo o %nero de a%raos, e pondo'se em ocasi-es e peri%os, donde,

leando'os a cabo, cobrasse perp.tuo nome e fama (/012A340S de SAA2051A,6789, p:;<)6=:

RESUMOSe na #istrica subserincia das pol!ticas sociais no >rasil aos princ!pios patrimonialistas e clientelistas, os

direitos sociais dos beneficiados foram leados em conta de maneira superficial, o objetio deste ensaio . erificarem $ue medida a e+perincia do /ondom!nio Social, em /uritiba, irrompe como uma proposta de pol!tica pública$ue se distancia desta subserincia: ?s procedimentos metodol%icos combinaram anlise documental comincia junto aos seridores e cond@minos entre jul#o e de"embro de <6=: Ao pontuar limites e potencialidades deuma ação espec!fica de %oerno, o ensaio conclui $ue o recon#ecimento do beneficiado não como um BcoitadoC,mas como um sujeito de direitos, al.m de estimul'lo a reinentar sua autonomia como indi!duo, em termos

coletios, reela al%uns ind!cios de $ue na perspectia deliberatia . poss!el reinentar a pol!tica:Palavras-cav!: administração pública deliberatia, autonomia, pol!tica social, sujeito de direito:

ABSTRACT

4#e #istorical subserience of social policies in >ra"il to patrimonial and clientelistic principles, socialri%#ts of t#e beneficiaries Dere taEen into account in a superficial Da, t#e objectie of t#is test is to c#ecE to D#ate+tent t#e e+perience of Social Gouse, in /uritiba, erupts as a proposal public polic t#at moes aDa t#issubserience: 4#e met#odolo%ical procedures document analsis combined Dit# e+perience Dit# serers and tenants

 betDeen Hul and 5ecember <6=: At t#e rate limits and potential of a specific %oernment action, t#e essaconcludes t#at t#e reco%nition of no benefit as a poor, but as a subject of ri%#ts, and encoura%e #im to reinent its

autonom as an indiidual, in collectie terms, reeals some eidence t#at t#e deliberatie perspectie can reinentt#e polic:"!#$%r&s: deliberatie public administration, autonom, social polic, subject of laD:

* Hos. 0dmilson de Sou"a'Jima, Andr. PieEar" Kiobro, Hosiane Isabel StroEa Santana, Maria Am.lia 3atel Lu%lerMendes: Instituto Municipal de Administração Pública (IMAP):** Maria 4ere"a onçales, 3iuc.ia de Ftima de ?lieira: Fundação de Ação Social (FAS):14 /lssico da literatura mundial, escrito pelo espan#ol Mi%uel de /erantes de Saaedra (6N=8'6O6O), $ue podeserir de inspiração para pensar a dimensão tr%ica de um ser #umano condenado a sobreier na rua:

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 Revista Orbis Latina , vol.5, nº2, Foz do Iguaçu/ PR (Brasil), Janeiro-Deze!ro de 2"#5. ISSN: 2237-6976  Dis$on%vel no &e!si'e ''$s//revis'as.unila.edu.!r/inde*.$$/or!is e ou ''$s//si'es.google.+o/si'e/or!isla'ina/ 

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INTRODUÇÃO

? aumento dos !ndices de pessoas $ue iem na rua . um dos maiores desafios para o

 poder público e para a sociedade ciil não apenas no >rasil ou em /uritiba, mas no mundo

inteiro: 3o caso espec!fico de /uritiba, a estimatia baseada em dados do Instituto >rasileiro de

eo%rafia e 0stat!stica (I>0) e da Fundação de Ação Social (FAS) de /uritiba . $ue, entre

6779 e <6;, #oue aumento de O<< para cerca de :88O 6N  pessoas em situação de rua, o $ue

e$uiale a uma eleação percentual de =N<: 0ste aumento clama por pol!ticas públicas $ue

sejam capa"es de enfrentar o problema:

0mbora outros estudos j ten#am sido feitos acerca da população em situação de rua, o

enfo$ue tende a se limitar e+plicitação do problema, tal como fa" Ferreira (<<O): G carnciade estudos com propsitos refle+ios acerca das aç-es concretas de %oerno: Q neste conte+to

marcado por esta lacuna $ue se insere este estudo ensa!stico com propsito não de monitorar, em

termos $uantitatios, uma pol!tica pública direcionada população em situação de rua no

Munic!pio de /uritiba, mas de refletir sobre, de identificar noas formas de implementar

 pol!ticas sociais: ? nome desta pol!tica de %oerno . B1epública /ondom!nio SocialC (/S),

inau%urada oficialmente no ms de maio de <6=, coordenada pela FAS, mas administrada

internamente em re%ime de co%estão, e" $ue os moradores participam atiamente de todos os processos referentes ao seu funcionamento:

 3este sentido, o objetio deste ensaio . refletir acerca das potencialidades e dos limites

de uma pol!tica pública $ue pretende se territoriali"ar por meio de estrat.%ias e mecanismos

deliberatios6O  (GA>01MAS, <<R >1Q, <66 e <6=): Para tanto, a territoriali"ação

desta pol!tica pública ser a$ui tomada a partir de $uatro ei+os& social, econ@mico, pol!tico e

.tico: /ada ei+o poder indicar os rebatimentos proocados pela territoriali"ação de uma pol!tica

 pública: /umpre ressaltar $ue a territoriali"ação (A>1AM?2AT, <<O) . tomada a$ui como orepertrio de condiç-es objetias e subjetias $ue possibilita a um plano de %oerno mi%rar do

 papel para o mundo concreto, com istas a transformar a ida das pessoas:

15 5ados col#idos do documento fornecido pela coordenação do /ondom!nio Social (/?35?MU3I? S?/IAJ,<6;, p:=):16 /umpre esclarecer ao leitor $ue esta refle+ão não est leando em conta a forma como foi concebido o /S, isto., se foi ou não de forma deliberatiaR toma como referncia o /S em funcionamento, como ele em funcionando defato:

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Al.m das anlises de documentos fornecidos pela Fundação de Ação Social (FAS), foram

reali"ados $uator"e contatos com o /S durante o ano de <6=, sendo o primeiro com a erente

de Proteção 0special da re%ional68 de Santa FelicidadeR o se%undo, uma isita ao local, ocasião

em $ue con#ecemos a coordenação do /S e al%uns moradoresR e os demais sempre s ;Vs feiras,

com a participação nas reuni-es deliberatias de todo o %rupo (moradores, coordenadores e

seridores públicos), momento oportuno utili"ado, tamb.m, para estreitar laços de conincia e

entreistar os moradores:

'( POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: MARCO LE)AL E TRAÇOS UNDANTES

Para o Minist.rio do 5esenolimento Social e /ombate Fome 69, a referncia jur!dicaest positiada no 5ecreto Presidencial nW 8:<N;, de ; de de"embro de <<767  ,  $ue, em seu

 par%rafo único, considera 

(:::) população em situação de rua o %rupo populacional #etero%neo $ue possui em comuma pobre"a e+trema, os !nculos familiares interrompidos ou fra%ili"ados e a ine+istncia demoradia conencional re%ular, e $ue utili"a os lo%radouros públicos e as reas de%radadascomo espaço de moradia e de sustento, de forma temporria ou permanente, bem como asunidades de acol#imento para pernoite temporrio ou como moradia proisria:

? trec#o recortado do decreto Presidencial confere estatuto jur!dico e isibilidade social  pessoa em situação de rua, o $ue justifica a formulação, implementação e monitoramento de

 pol!ticas públicas, de preferncia, centradas em fundamentos intersetoriais (FQJIX, <6;), com

istas a responder estes imperatios jur!dicos e pol!ticos: Portanto, ao $ue parece, não se trata de

iniciatias BassistencialistasC, mas de necessidades compulsrias de criar espaços $ue

 possibilitem pessoa em situação de rua con$uistar sua di%nidade #umana, tal como pre o

inciso terceiro, do arti%o primeiro da /onstituição Federal<:

A despeito da dificuldade de construir um perfil objetio destas persona%ens $ue #abitam

os principais centros urbanos, . poss!el identificar em outros estudos (2I0I1AR >0K011A e

17 A cidade de /uritiba est diidida em noe Administraç-es 1e%ionais, sendo Santa Felicidade uma delas:5ispon!el em Y#ttp&ZZDDD:imap:curitiba:pr:%o:brZ[pa%e\id]<O9^ Acesso em <9 a%o: <6=:18 5ispon!el em Y#ttp&ZZDDD:mds:%o:brZ^ Acesso em 7 jul: <6=:19 5ispon!el em Y#ttp&ZZDDD:planalto:%o:brZcciil\<;Z\Ato<<8'<6<Z<<7Z5ecretoZ58<N;:#tm^ Acesso em <Na%o: <6=:20 5ispon!el em Y#ttp&ZZDDD:planalto:%o:brZcciil\<;Z/onstituicaoZ/onstituicao:#tm^ Acesso em 7 jul: <6=: 

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1?SA, <<=) al%uns traços sin%ulares e fundantes de um certo tipo de nomadismo& trabal#os

episdicos, ausncia de conincia permanente com parentes e, finalmente, ausncia de

residncia fi+a: ? resultado desta combinação entre bai+a escolaridade, dificuldades familiares e

ausncia de residncia fi+a, acentua as dificuldades de acesso ao mercado formal de trabal#o e

aos seriços de proteção e apoio sociais fornecidos pelo poder público:

+( DESCRIÇÃO DA REPÚBLICA CONDOMÍNIO SOCIAL ,CS

? /S foi inau%urado oficialmente no ms de maio de <6= e se prop-e a acol#er pessoas

em situação de rua $ue concordem em restabelecer !nculos com a sociedade em busca da

recon$uista de autoestima e autonomia6:Sua estrutura tem capacidade para acol#er at. setenta moradores, em 67 de noembro de

<6= cin$uenta e $uatro ocupaam as acomodaç-es dispon!eis: ?s in%ressantes no /S recebem,

al.m de apoio psicol%ico, orientaç-es para se reinte%rarem ao mercado de trabal#o e a outros

%rupos sociais, sejam familiares ou não:

? /S est locali"ado em um anti%o seminrio com apro+imadamente dois mil metros

$uadrados, tem 69 c@modos contendo camas e %uarda'roupas, al.m dos espaços de conincia,

tais como, co"in#a comunitria, laanderia, biblioteca, capela, sala de conincia, sala de !deo,sala de musculação e espaço ao ar lire: 4odos os cuidados em relação ao /S, incluindo limpe"a,

or%ani"ação e etc:, cujas re%ras são deliberadas coletiamente, ficam sob a responsabilidade dos

moradores e a e+ecução das tarefas cotidianas . or%ani"ada por meio de escalas em $ue todos,

sem e+ceção, participam (FI1AS 6 e ):

21 3o sentido de nunca a%ir como um parasita do outro (S0110S, 6777):

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FI1A 6 _ Moradores do condom!nio social durante uma prtica deliberatia:

ONTE& 5ispon!el em Y#ttp&ZZDDD:curitiba:pr:%o:brZnoticiasZmoradores'do'condominio'social'recuperam'controle'sobre'a'propria'idaZ;;<66^ Acesso em 8 jul: <6=:

FI1A _ 0+emplos de Bprinc!pios de moradiaC deliberados:

ONTE& 5ispon!el em Y#ttp&ZZDDD:curitiba:pr:%o:brZfotosZalbum'moradores'do'condominio'social'recuperam'controle'sobre'a'propria'idaZ<=<=^ Acesso em 8 jul: <6=:

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4odo morador tem direito de permanecer no local, a princ!pio, at. um ano e seis meses,

 pois a ideia . $ue cada um bus$ue sua autonomia, tomando por base $ue o /S . apenas um ponto

de apoio intermedirio deste processo de reinte%ração social do morador:

/onforme a 4abela 6, a proposta inicial para a e$uipe de apoio seria formada por inte e

trs profissionais& um coordenador, um assistente social, um psiclo%o, do"e educadores sociais,

dois au+iliares de seriços %erais, um a%ente administratio, um motorista, dois au+iliares de

co"in#a e dois encarre%ados de laanderia:

 3o in!cio de <6=, ao serem iniciados os trabal#os do /S, erificou'se $ue não #aia a

necessidade do motorista, pela não disponibili"ação de e!culosR constatou'se, tamb.m, $ue não

seriam necessrios os encarre%ados de laanderia, e sim, o profissional polialente, para cuidarda manutenção: Gaia uma psiclo%a trabal#ando no primeiro semestre, por.m, ela foi para

outro local da FAS e, at. de"embro de <6=, não #aia sido substitu!da, esta função permanece

no $uadro de seridores e funcionrios do /S (4abela 6):

TABELA ': E./01! &! a1%0% &% c%2&%3420% s%c0al

Pr%50ss0%2a0s Pr%1%s6a D!78+9' Car;a %r<r0a

/oordenador

Assistente SocialPsiclo%o

0ducador Social

Au+iliar de Seriços erais

A%ente Administratio

Motorista

/o"in#eiro

0ncarre%ado de Jaanderia

Profissional Polialente

6

;

6

6

6

'''

6

<

6

6

'''

'''

6

=<#

;<# _ =<#;<#

6 X ;O#

=<#

=<#

0scala

6 X ;O#

=<#

=<#

ONTE: C%2&%3420% s%c0al (<6;, p:6';)

0sta e$uipe foi institu!da no Projeto inicial, mas a e$uipe de trabal#o percebeu a

import`ncia de al%umas modificaç-es $ue permitisse aos moradores maior en%ajamento com as

atiidades dirias e responsabili"ação com seus pertences, a e+emplo da modificação $uanto aos

 profissionais de laanderia e motorista:

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FI1A ;& 4rajetria da população em situação de rua

ONTE: C%2&%3420% S%c0al (<6;, p:6;):

A Fi%ura ; possibilita uma isuali"ação da trajetria de uma pessoa em situação de rua e

dos seriços de assistncia oferecidos pelo Poder Público Municipal: Fica eidente $ue nen#uma

 pessoa em situação de rua pode ser acol#ida de forma direta pelo /S: ? processo de acol#imento

. composto por cinco etapas, sendo a $uinta, a etapa em $ue a pessoa em situação de rua, em

tese, est preparada para cuidar de sua moradia definitia: As etapas indicam os n!eis de apoio

$ue ão desde o seu res%ate, $uando não possui condiç-es de cuidar de si mesma (etapa 6),

condição de se manter em um empre%o e de administrar sua moradia (etapa N):

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/om base na fi%ura ;, apresentamos o si%nificado de /10AS, Aborda%em Social, /entro

P?P e nidade de Acol#imento Institucional 1ebouças&

* CREAS - /entro de 1eferncia 0speciali"ado da Assistncia Social& unidades de seriços de

 proteção social especial (m.dia comple+idade), para atendimento de fam!lias e indi!duos

em situação de risco pessoal e social: Público atendido nos e$uipamentos&

' /rianças, adolescentes e fam!lias !timas de iolncia dom.stica eZou intrafamiliarR

' Adolescentes em cumprimento de medida socioeducatia em meio abertoR

' Mul#eres e pessoas idosas, !timas de iolncia dom.stica Z intrafamiliarR

' Fam!lia e indi!duos em situação de rua:

* A=%r&a;!3 S%c0al: A aborda%em social . um seriço dos /10AS e de outras unidades deProteção Social 0special, como o /entro Pop 1es%ate Social e o /entro de /onincia

/riança uer Futuro: Q reali"ada de forma pro%ramada e continuada, de acordo com

a%endamento e mapeamento, assim como atende a denúncias e solicitaç-es do seriço de

atendimento ao cidadão 6NO:

4em como objetio asse%urar atendimento social de aborda%em e busca atia, para

identificar a ocorrncia de trabal#o infantil, e+ploração se+ual de crianças e adolescentes,

 pessoas em situação de rua, e outras situaç-es de risco e iolaç-es de direitos: 3aaborda%em . prestado atendimento s necessidades imediatas, com acol#imento e

encamin#amento das pessoas para os /10AS, /entro Pop, 1es%ate Social, /entro de

/onincia /riança uer Futuro e outros seriços socioassistenciais ou da rede de proteção

social:

* C!26r% POP - C!26r% &! R!5!r>2c0a Es1!c0al07a&% 1ara P%1/la?@% !3 S06/a?@% &! R/a:

As unidades de /entro P?P de /uritiba reali"am atendimento população de rua e

itinerantes com seriço de aborda%em social, espaço para #i%iene pessoal e alimentação,

oficinas socioeducatias e encamin#amento rede socioassistencial: Aps cadastro e

identificação do atendido, . reali"ado o encamin#amento para tratamento de saúde e

comunidades teraputicas, orientação sobre acesso documentação ciil e oferta de cursos

de capacitação: ? acesso aos seriços acontece por aborda%ens ou busca espont̀ nea,

se%uido de entreista social, com finalidade prioritria de retorno familiar: 4amb.m são

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reali"ados encamin#amentos a recursos sociais, abri%amento e alber%a%em: As atiidades

socioeducatias desenolidas isam inclusão familiar eZou comunitria, capacitação do

cidadão na or%ani"ação de seu cotidiano, encamin#amento para cursos profissionali"antes,

tratamento em /entro de Atendimento Psicossocial (/APS) e %rupos de autoajuda, inserção

na rede formal de ensino e disponibili"ação de atiidades esportias, culturais, de la"er e

ocupacionais, bem como, atiidades reli%iosas e de alori"ação da autoestima,

desenolidas com o apoio de oluntrios:

* U20&a&! &! Ac%l03!26% I2s606/c0%2al R!=%/?as:  Ju%ar de acol#imento de pessoas em

situação de rua, onde não . diul%ado o endereço, isando preserar seus moradores: Q o

lu%ar antecessor da 1epública /ondom!nio Social:

( PERIL DOS MORADORES DO CONDOMÍNIO SOCIAL

Para fins deste ensaio, em 67 de noembro de <6=, recebemos da /oordenação do

/ondom!nio Social uma lista%em contendo informaç-es dos moradores do /S contendo& 3ome e

Idade:

/omo mencionado anteriormente, a população alo trata'se, especificamente, do se+o

masculino: A tabela =, abai+o, apresenta o percentual dos moradores do /S por fai+a etria:

TABELA +& P!rc!26/al &%s 3%ra&%r!s &% CS 1%r 5a0a !6<r0a

I&a&! /a2606a60v%

< a 7 anos 6= O

;< a ;7 anos 69 ;;

=< a =7 anos 6= O

N< a N7 anos O 66

O< anos =

'99ONTES& I2s606/6% M/20c01al &! A&3020s6ra?@% PF=l0ca ,IMAP ! C%2&%3420% S%c0al ,ASG67Z66Z<6=:

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( A AMBIHALÊNCIA DA RUA: SEDUTORA E ASSUSTADORA

A despeito de todas as ima%ens ne%atias acerca da rua, parado+almente, ela se torna

sedutora para muitos seres #umanos com dificuldades de conincia com familiares e outros

%rupos mais pr+imos: ? estudo de Lubota, Pires e 3ees (<<9), baseado em depoimentos de

uma pessoa $ue foi moradora de rua durante um ano em São Paulo, . um e+emplo desta

constatação: 0m um dos relatos da entreistada, ficam e+plicitados os motios $ue a learam a

escol#er a rua como abri%o: Aps afirmar $ue nunca conse%uira adaptar'se s #ipocrisias e

falsidades presentes nos meios familiares, ressaltou $ue, a despeito de ter ienciado momentos

assustadores como estupros e outras formas de iolncia simblica, sentia'se feli" e lire para se

autocon#ecer:0m outro estudo reali"ado em São Paulo e, diferentemente do estudo citado

anteriormente, constru!do a partir de anlise $uantitatia, tamb.m foi constatada a dificuldade

das pessoas em situação de rua de manter relaç-es permanentes com as fam!lias (2I0I1AR

>0K011A e 1?SA, <<=): 3este estudo, N< dos pes$uisados declararam ter familiares em

São Paulo, sendo $ue a metade mant.m contatos mais pr+imos com eles: /umpre ressaltar $ue

este estudo, sem dei+ar de lear em conta as dificuldades familiares (abandono, autoe+clusão

etc:), tem um acento socioecon@mico, pois são apresentados dados associados s dificuldades deinclusão dos moradores de rua no mercado formal de trabal#o: G depoimentos de pessoas $ue

antes de se tornarem moradores de rua, tieram uma ida de pere%rinação e calrio dentro e

fora do >rasilR trabal#aram em todo tipo de seriço braçal, desde o %arimpo a fa+ineiro, passando

tamb.m por diersos seriços de co"in#a e na a%ricultura: 3o conjunto da pes$uisa, não # como

identificar nos dados e nos depoimentos dos entreistados sentimentos de embeecimento pela

rua, mas pelo contrrio, muitos sentimentos de e+clusão e abandono em relação s fam!lias e ao

 poder público: 3esta perspectia, o aumento da população em situação de rua em /uritiba e demais

centros urbanos est associado a diersos fatores, dentre os $uais . poss!el destacar o fator

demo%rfico, pois apro+imadamente mais da metade da população de rua de /uritiba em de

outros munic!pios, estados e at. pa!ses: /ontudo, a busca da rua como abri%o definitio est

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direta ou indiretamente associada a consumo de dro%as, desentendimentos e conse$uente

abandono de familiares, desajustes psicol%icos e sociais, dependncia $u!mica e desempre%o:

? suposto poder sedutor da rua . rompido por ra"-es diersas e a e+perincia do /S

conse%ue captar e re%istrar al%uns relatos de moradores contendo refle+-es muito si%nificatias

$ue podem serir para le%itimar e justificar a continuidade deste tipo de ação de %oerno: 5iante

de rias autoridades públicas, um dos moradores do /S fe" um relato sint.tico de sua

e+perincia na rua e seu recomeço a partir do apoio dado pela ação de %oerno: /om um relato

 pleno de emoção, ele declarou $ue

s e"es ficamos na rua, perambulando, sem lu%ar pra ficar: 0 a%ora temos o/ondom!nio: 3ossa casa, nossa cama fi+a, como procurar nosso trabal#o: Q umrenascimento: 0u nem acredito no $uanto min#a ida mudou em tão pouco tempo:

Q fundamental destacar, do trec#o recortado, a ideia de BrenascimentoC, pois o /S

apareceu na ida deste morador como uma lu" inspiradora para uma noa ida: G um

recon#ecimento elado de $ue ele, por conta prpria, não seria capa" de superar sua condição de

 pessoa em situação de rua:

0m depoimento dado por outro morador do /S;, a rua perde seu encanto e seu poder de

sedução, torna'se BassustadoraC: Para ele, a perda precoce dos pais o indu"iu condição deulnerabilidade: A solução encontrada foi o uso de subst`ncias l!citas e il!citas, e o conse$uente

abandono da prpria fam!lia (esposa e fil#os): 0m seus prprios termos, B(:::) lo%o fi$uei

dependente do lcool e perdi o controle sobre a min#a ida e o contato com todos min#a

oltaC: /ontudo, aps muitos tropeços e desencontros, a olta por cima eio na se$uncia, pois

(:::) em pouco tempo posso contar inúmeras mudanças e+traordinrias na min#a ida:0u não tin#a objetios, tin#a desistido da ida, $ueria apenas ba%unça: A$ui eu ten#ouma base, orientação, apoio = #oras por dia: Isso . muito importante:

Semel#ante ao depoimento do primeiro morador do /S, na fala deste est escondido e

reelado um recon#ecimento de $ue não conse%uiria superar sua condição ulnerel so"in#o:

22  5ispon!el em Y#ttp&ZZDDD:curitiba:pr:%o:brZnoticiasZcuritiba'inau%ura'o'primeiro'condominio'social'do' paisZ;;<6^ Acesso em 8 jul: <6=:23  ?s depoimentos deste morador estão dispon!eis em Y#ttp&ZZDDD:curitiba:pr:%o:brZnoticiasZmoradores'do'condominio'social'recuperam'controle'sobre'a'propria'idaZ;;<66^ Acesso em 8 jul: <6=:

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São dois depoimentos $ue deolem ao poder público e sociedade insumos e elementos para

uma aaliação muito refinada, pois são relatos de $uem recebeu o benef!cio direto da pol!tica

 pública: A disponibili"ação de um espaço f!sico e de pessoas predispostas _ esta combinação .

fundante para o $ue Gabermas (<<) c#amou Bespaço para o uso público da ra"ãoC ' para este

tipo de ação irrompe nos depoimentos como possibilidade objetia de ambos reencontrarem

noos sentidos para sua e+istncia: ? se%undo depoente identifica de forma clara sua e+perincia

no /S como um diisor de %uas em sua ida&

0u nunca trabal#ei assim, certin#o, s fi" bico na min#a ida: At. me perder: A%ora s penso no futuro e estar num lu%ar tão bonito e com pessoas $ue s $uerem uma ida

mel#or ai me ajudar nisso: 4en#o certe"a:

Parece ra"oel caracteri"ar este processo comple+o de reinenção da condição #umana,

escondido e reelado no trec#o, como um processo de construção da autonomia e da

emancipação $ue se complementa com noas perspectias de futuro: 0 ele prosse%ue&

Meu propsito de ida . ter min#a casa e me reapro+imar cada e" mais dos meusfil#os: 0 eu ou conse%uir, di" o morador, $ue depois de anos lon%e de casa, aos

 poucos retomar os contatos com meus fil#os de 69 e 6O anos (rifos nossos):

 3esta mesma perspectia otimista em relação ao futuro, na rpida passa%em pelo /S,

al%uns moradores se or%ani"aram em %rupos de estudos para reali"ar o 0+ame 3acional do

0nsino M.dio (030M), dando proas de $ue conse%uiram instituir espaços para o e+erc!cio do

trip. fundante de uma prtica deliberatia& dilo%o, confiança e mediação (>1Q, <66 e

<6=):

 3as seç-es se%uintes serão indicados como se d a territoriali"ação da pol!tica pública,

tomando como referncias os aspectos .tico, pol!tico, econ@mico e social:

( TERRITORIALIAÇÃO

/omo foi enunciado na introdução, a noção de territoriali"ação est associada ao conceito

sociol%ico de territrio, proposto por Abramoa (<<O): 4rata'se de um espaço $ue não se

redu" ao dom!nio biof!sico, mas ao espaço $ue possibilita a produção de relaç-es interatias e

associatias entre os atores sociais $ue nele constroem suas estrat.%ias de reprodução da ida:

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N:6 ASP0/4? Q4I/?

A e+perincia associatia ienciada pelos moradores institui espaços para formas

diersas de Beducação da ontadeC (S?KA'JIMA e MA/I0J'JIMA, <6;), pois ao aceitar

ier na 1epública /ondom!nio Social (/S), o morador precisa, se não abandonar, aprender a

minimi"ar o #bito de estar no mundo como se não tiesse re%ras, ou seja, o princ!pio do Bfaço o

$ue $uero, na #ora $ue bem entendoC encontra barreiras: 3o /S, a ontade de ser lire ao

e+tremo . minimi"ada ou substitu!da por outro aspecto da liberdade, a arte de fa"er ou inentar o

$ue . poss!el e dentro de condiç-es concretas: As condiç-es objetias são, em si mesmas, freios

capa"es de educar a ontade de aprender a respeitar o coletio, de não coloc'lo em situação derisco: 0ste . o aspecto .tico da territoriali"ação de uma pol!tica pública com pretens-es

deliberatias:

N: ASP0/4? P?JU4I/?

Ao ier no /S, o morador obri%a'se a p@r em prtica um dos elementos fundantes da

 pol!tica, a arte de fa"er concess-es, mas de i%ualmente se impor diante dos conflitos ine+oreis

a $ual$uer e+perincia associatia: 3este sentido, # um processo intenso de educação pol!tica,de dilo%o e de mediação (>1Q, <66): Pelos depoimentos col#idos, at. mesmo desaenças

 pessoais precisam ser resolidas por interm.dio do dilo%o e da mediação:

N:; ASP0/4? 0/?3MI/?

Ao iniciar sua noa ida no /S, o morador . estimulado (eles podem ficar no /S por um

 per!odo, a princ!pio, de um ano e seis meses) a procurar e se fi+ar em empre%os formaisR a

dificuldade . $ue ele estaa acostumado a ier tal como 5om ui+ote de la Manc#a, como umcaaleiro errante, sem !nculos profissionais e materiais: 5os cin$uenta e $uatro moradores (#

espaço para setenta), apenas uns poucos ainda não conse%uiram colocaç-es no mercado de

trabal#o, pois a maioria j conse%uiu contornar esta dificuldade: 0sta inserção no mercado de

trabal#o, a despeito das dificuldades iniciais (no in!cio eles não aceitam $ual$uer imposição ou

c#amada de atenção por parte do empre%ador ou dos c#efes imediatos), aps al%uns tropeços, o

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fato . $ue eles ão construindo tamb.m uma educação econ@mica: Pelos depoimentos, al%uns j

sa!ram do /S para locais prprios, outros estão morando nos locais onde trabal#am=: 0ste . o

aspecto econ@mico da territoriali"ação de uma pol!tica pública, . o rebatimento econ@mico de

uma pol!tica pública cujo acento . no aspecto social:

N:= ASP0/4? S?/IAJ

uando saiu de outras unidades de acol#imento para ier no /S, de forma inconsciente '

uns mais rpido do $ue outros _ o morador estabelece relaç-es afetias, de pertencimento e

recon#ecimento (G?3304G, <<;) em relação a um %rupo de Bsemel#antesC em termos

situacionais: 0sta e+perincia pode não preserar, mas possibilita o fortalecimento do tecidomicrossocial (P?JA3TI, 679<) e, por conse$uncia, de cada um de seus membros: Sem

$ual$uer desejo de ideali"ação desta e+perincia, parece ra"oel admitir $ue o fortalecimento

deste tecido microssocial, ao mesmo tempo em $ue e+erce uma Bi%il`nciaC (F?/AJ4,

6798) permanente sobre eles (i%il̀ ncia $ue inariaelmente se materiali"a em sanç-es

ne%atias e puniç-esN) ajuda a prote%'los da iolncia da rua e das caracter!sticas e+cludentes

da contraditria Bsociedade en%lobanteC (A3501J0T, <<<) $ue tende a despre"'los e

mant'los em situaç-es de abandono e de inisibilidade social: 0ste . um dos aspectos sociais daterritoriali"ação da pol!tica pública:

J( LIMITES DA TERRITORIALIAÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA

Se a seção anterior informa al%umas potencialidades desta e+perincia pioneira de

territoriali"ação de uma pol!tica pública, . imperatio ter presente al%uns limites: 0sta

e+perincia em constituição não pode ser tomada como uma panaceia, pois não # $ual$uer

%arantia, a princ!pio, de $ue não acontecerão reca!das na camin#ada dos rec.m'e%ressos do /S:Q fundamental ter presente $ue as reca!das fa"em parte não apenas da realidade e do dia a dia do

trabal#o social, mas de toda a sociedade, pois esta não se desenole linearmente: 4omado em

uma perspectia comple+a, o desenolimento combina de forma recursia tanto os aanços

24 3o Madeiro, lanc#onete famosa de /uritiba, # alojamentos prprios para os trabal#adores:25 Al%uns foram conidados a dei+ar a casa por não conse%uirem se adaptar s normas i%entes:

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$uanto as reca!das, seja na economia, nas cincias, nos arcabouços jur!dicos, nas pol!ticas sociais

dentre outros: 0ste processo recursio tende a se intensificar medida $ue enole processos de

restituição de filiaç-es ou de mesmo de inenção da cidadania:

5e $ual$uer modo, # de se pensar em estrat.%ias de formação continuada para

educadores, pois a e$uipe $ue coordena o /S se%uramente não ficar l eternamente: ual$uer

e+perincia desta ener%adura não pode estar centrada em uma .tica restrita compai+ão da

e$uipe $ue fundou e $ue em dando materialidade ao /S, pois, se assim for, $uando a e$uipe se

retirar corre'se o risco da e+perincia sucumbir mais rapidamente: A .tica da compai+ão, embora

 possa ser tomada como uma das condiç-es necessrias, não . suficienteR precisa ser alar%ada e

incorporada s bases das pol!ticas de %oerno e, no pra"o mais lon%o, para as pol!ticas de 0stado:A formação continuada dos profissionais $ue atuam nas redes e nas pol!ticas de proteção social .

condição sine ua non para a institucionali"ação e consolidação destas aç-es de %oerno:

? depoimento de uma das coordenadoras ilustra a comple+idade da e+perincia do /S:

Gaia uma crença inicial de $ue o estabelecimento de !nculo dos moradores com o mercado de

trabal#o seria um dos principais passos rumo autonomia e emancipação de cada um deles:

0mbora não #aja nada de errado com esta crença afirmatia em relação condição #umana, na

e+perincia concreta do /S ocorreu o oposto: Ao receber o primeiro salrio, um %rupo demoradores não resistiu tentação e retornou ao mundo das dro%as, leando junto outros $ue não

conse%uiram resistir a este noo c#amado da dependncia $u!mica, contra o $ue cada um delesO 

luta diuturnamente desde sua c#e%ada ao /S: Foi uma reca!da de %rande parte dos moradores e

indicatia de outro limite, tale" incontornel para $ual$uer pol!tica pública disposta a se

territoriali"ar leando sempre em conta este n!el de comple+idade da condição #umana: 0sta

e+perincia tornou eidente $ue uma pol!tica pública com pretens-es deliberatias, em

conformidade s formulaç-es de >ru%u. (<66), nunca est pronta a $riori, precisa estar sempreem i%!lia para escutar e sentir os clamores ditos e não ditos, tan%!eis e intan%!eis, is!eis e

inis!eis da realidade concreta para poder tentar transform'la, na mesma proporção em $ue se

transforma:

26 /umpre ressaltar $ue nem todos, a despeito de suas incias na rua, tieram contato com dro%as:

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?utro limite poss!el desta e+perincia poder ser identificado medida $ue tiermos

outros contatos diretos com os principais prota%onistas da pol!tica pública, os moradores, de

 preferncia, sem a presença do coordenador e dos educadores8: G duas t.cnicas $ue poderemos

fa"er uso, a #istria oral (I/GILAA, <<O) e a entreista semi ou não estruturada (MA44?S,

<<O): 0stes depoimentos nos deolerão insumos para aaliar a pol!tica pública lu" não

apenas das lentes bem intencionadas dos %oernantes, do coordenador e dos educadores, mas dos

 prprios beneficiados pela pol!tica pública: 3este sentido, não se trata apenas de BaplicarC

$uestionrios ou fa"er uso de al%um tipo de so'&are de última %eração9, pois estes recursos

 podem ser necessrios e fundamentais, por.m são sempre insuficientes para captar, sem indu"ir,

sentimentos profundos e sinceros de cada morador acerca das potencialidades, mas i%ualmentede al%uns limites do /S:

/umpre ressaltar $ue ter em conta os limites de uma ação de %oerno não a desacredita

nem des$ualifica, mas ao contrrio, tende a alori"'la, pois identificar limites implica identificar

 possibilidades de mudança de rumo, de redefinição de estrat.%ias em busca não dos acertos em

termos absolutos, mas da minimi"ação de erros: 3os termos de iddens (6776), esta

Brefle+iidadeC necessria _ traço fundante da Modernidade ' . um dos mais importantes

fundamentos de uma ação de %oerno com pretens-es deliberatias, sens!el escuta dasan%ústias profundas de seus cidadãos:

CONSIDERAÇKES INAIS

Se na #istrica subserincia das pol!ticas sociais no >rasil aos princ!pios

 patrimonialistas e clientelistas, os direitos sociais dos beneficiados foram leados em conta de

maneira superficial, o /ondom!nio Social irrompe como uma noa proposta de pol!tica pública:

Ao recon#ecer o beneficiado não como um BcoitadoC, mas como um sujeito de direitos, estimulaa pessoa $ue estaa em situação de rua a reinentar sua autonomia, a retomar as r.deas de sua

ida: ? /S não . s o espaço f!sico dispon!el, ele conta, ainda, com uma e$uipe de seridores

27 0sta medida tem um carter de preenção, e" $ue a presença de coordenadores e educadores pode inibir aespontaneidade dos moradores $ue concordarem em se pronunciar:28 0stas são t.cnicas importantes, por.m insuficientes para aaliar de forma substantia uma e+perincia comoesta:

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$ue, a despeito de suas incerte"as, an%ústias e dificuldades ariadas, est pronta a au+ili'los

nessa etapa da ida:

 3o $ue tan%e e$uipe de educadores, todos escol#eram trabal#ar no /S: 3ão #oue

$ual$uer tipo de imposição ou determinação ertical, foi uma escol#a espont`nea: ?s moradores

tamb.m estão no /S liremente, pois não se trata de um sistema carcerrio com re$uintes de

sistema semiaberto: A construção coletia do 0statuto 1epública /ondom!nio Social7, contendo

as re%ras de funcionamento e de conincia da coletiidade parece ser uma forte eidncia da

 potencialidade de uma ação de %oerno orientada por um fundamento deliberatio:

Portanto, se a ideia'força deste ensaio foi pontuar limites e potencialidades de uma ação

espec!fica de %oerno, com istas a instituir espaços dial%icos e promotores da cidadania, esteobjetio foi alcançado de forma satisfatria: 0ste ensaio, sem pretens-es de ender ilus-es

 populistas, torna is!eis al%uns ind!cios de $ue na perspectia deliberatia . poss!el reinentar

a pol!tica:

REERÊNCIAS

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29 ? 0statuto 1epública /ondom!nio Social foi elaborado por um coletio composto por seridores e cond@minosao lon%o do ano de <6=: As reuni-es aconteceram sempre s terças'feiras e, aps a conclusão, foi encamin#ado ao

 3úcleo de Assessoramento Hur!dico da FAS, para anlise:

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 Revista Orbis Latina , vol.5, nº2, Foz do Iguaçu/ PR (Brasil), Janeiro-Deze!ro de 2"#5. ISSN: 2237-6976  Dis$on%vel no &e!si'e ''$s//revis'as.unila.edu.!r/inde*.$$/or!is e ou ''$s//si'es.google.+o/si'e/or!isla'ina/ 

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7/23/2019 POLÍTICA PÚBLICA PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA EM CURITIBA: EXPERIÊNCIA DA REPÚBLICA CONDOMÍ…

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 Re+e!ido e "/"/2"#5

 $rovado e #0/#"/2"#5

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